auriculoterapia na dependência quimica
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Auriculoterapia como tratamentoTRANSCRIPT
[ ] Prof. Denis Alves
Fundamentos da Auriculoterapia
na
Adição nicotínica
Trabalho elaborado por Vanda Silva
no âmbito do Curso Profissional de Auriculoterapia Chinesa
ministrado pelo Professor Denis Alves
2012 PORTO
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ÍNDICE
I. INTRODUÇÃO _______________________________________________________3
II. MECANISMO DA ADIÇÃO À NICOTINA________________________________3
III. AURICULOTERAPIA NA ADIÇÃO À NICOTINA_________________________5
IV. CONCLUSÃO________________________________________________________ 6
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INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo deve ser encarado como
uma doença, que precisa ser prevenida e tratada.
O conceito de saúde proposto pela OMS é de uma situação de bem-estar que engloba
simultaneamente o âmbito físico, psíquico e social. Desta forma percebemos que a
saúde é incompatível com o hábito de fumar, dado que este é despoletado
frequentemente por estados ansiosos, o que aponta para um distúrbio psicológico e
emocional. Para além disto o fumante tem a sua saúde ameaçada por diversas doenças
provocadas pelo tabaco, para além de desenvolver dependência orgânica do cigarro.
A dependência orgânica da nicotina é uma das razões importantes porque muitos
fumantes não conseguem parar (Correa, 2010).
Para compreender como a Auriculoterapia é eficaz no tratamento da dependência do
tabaco é preciso primeiro compreender a ação do tabaco sobre o individuo.
MECANISMO DA ADIÇÃO À NICOTINA
Fala-se muito das consequências para quem fuma, como por exemplo o enfarte do
miocárdio e cancro do pulmão, mas aqui vamos discorrer sobre a relação que há entre
quem fuma e o cigarro. Quando alguém fuma recorre a duas coisas: uma noção afetiva,
que é o desejo de fumar (vertente psicoemocional); e uma noção de dependência, que é
o que cria toxicomania como é o exemplo da adição a cocaína e heroína (vertente
biológica)
Como é do conhecimento geral o consumo do fumo causa transtornos físicos e
psíquicos e entre os efeitos psíquicos contam-se as consequências da falta da nicotina,
que modifica completamente o equilíbrio do Sistema Nervoso (efeito nicotínico).
Recorde-se que se conta com o Sistema Nervoso Central, voluntário (dependente da
força de vontade do próprio) e o Sistema Nervoso Autónomo (composto pelo Simpático
e Parassimpático) que é involuntário (não dependente da força de vontade do próprio).
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No Sistema Nervoso Autónomo, temos o Simpático que tem por função ativar/aumentar
as funções orgânicas. Já o Parassimpático tem função oposta, ou seja, desativar/reduzir.
Como estes dois trabalham em parceria, têm como objetivo a regulação de todas as
funções orgânicas involuntárias do corpo.
A nicotina estimula o Sistema Nervoso Autónomo (Simpático). Em seguida o
organismo reage com o aumento da pressão arterial, com a aceleração dos batimentos
cardíacos e com o aumento do peristaltismo intestinal. Em geral, o organismo trabalha
mais rápido sob o efeito da nicotina. Nos indivíduos destros, o efeito da nicotina vai
acentuar-se quase exclusivamente no hemisfério esquerdo do Cérebro, que como
sabemos é a parte responsável pelo raciocínio lógico, pela fala e linguagem em geral,
análise de problemas e ações de comunicação. Desta forma podemos entender a razão
pela qual os indivíduos fumadores dizem que se não fumarem não se sentem activos
para trabalhar. Já em pessoas canhotas a estimulação da nicotina será no hemisfério
direito, sendo este responsável pela emotividade, pelos estímulos sensoriais, pela
consciência auditiva e visual e pela criatividade. Quantas vezes não ouvimos fumadores
dizerem que o cigarro lhes estimula a criatividade e os acalma?
Após a ação simpática, tem-se a desaceleração pelo parassimpático. Com isto surge uma
fase de carência, quando o indivíduo começa a passar mal e por isso tem a necessidade
de fumar outro cigarro para reacelerar o organismo. Como vemos aqui, a dependência
aparece e estabelece-se.
Pela manhã o individuo encontra-se sob o domínio do parassimpático com pressão
arterial baixa, pulsação lenta, intestino parado, cansado, depressivo, com mal estar, com
o hemisfério direito a dominar (emocional). É quando precisa fumar um cigarro para
acelerar todo o sistema. Quando se tem um desequilíbrio do Sistema Nervoso
Autónomo (no caso dos fumadores), o efeito da nicotina no individuo pode durar muito
tempo e por isso se tem dificuldade em parar de fumar.
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AURICULOTERAPIA NA ADIÇÃO À NICOTINA
Primeiramente realiza-se um minucioso diagnóstico onde se procura investigar que
questões (físicas, psicológicas e emocionais) estão na base da adição. Para isto é
necessário sondar a pessoa para desta forma obter o máximo de informação.
Esta será utilizada para decidir a terapêutica apropriada para o individuo.
A Auriculoterapia não é uma terapia estanque e fixa. Apesar de haver protocolos de
base fixos para patologias, estes não são uma exigência para o terapeuta.
É acima de tudo recomendado que o terapeuta avalie bem cada caso e verifique que
pontos auriculares deverá estimular, não se prendendo a protocolos.
Sabemos que cada individuo é único e desta forma duas pessoas com a mesma patologia
poderão necessitar de estimular pontos auriculares distintos para se tratarem.
É neste ponto que a Auriculoterapia tem vantagem sobre outras terapêuticas, dado que
não vê o ser humano em série mas sim como um Universo em si.
Em relação ao tratamento da adição á nicotina, parte do objetivo é reduzir
significativamente o aparecimento das reações da síndrome de abstinência orgânica
(efeito nicotínico) caracterizada por ansiedade, insónia e nervosismo e a outra parte é
reverter quadros ansiosos de cariz estritamente psiemocional muitas vezes relacionados
com situações traumáticas do passado. É por este motivo que é necessário haver uma
relação de confiança entre paciente e terapeuta.
Sabe-se que a dependência de substâncias está intimamente relacionada com o
Transtorno Ansioso. Este é sem dúvida o mais comum e característico transtorno
emocional de nossos tempos. Como sabemos, ansiedade e medo são parentes próximos,
originários de uma mesma raiz do funcionamento mental. A característica externa
fundamental do transtorno ansioso é a pressa. É a vontade que a pessoa tem que as
coisas acabem rápido, que elas se concluam. Assim os sintomas principais do transtorno
ansioso são a inquietação motora, sensações de angústia (aperto no peito ou na
garganta), sudorese, taquicardia, mal-estar generalizado, etc.
Algumas variantes dos sintomas do transtorno ansioso são as dependências como o
vício de fumar, o vício de comer, o vício do álcool, etc. Os ansiosos de forma não
voluntária buscam o alívio para a sua ansiedade através do uso compulsivo destas e de
outras drogas (cocaína, crack, ópio e morfina também são usadas por pessoas muito
ansiosas). Como vemos, num tratamento para a adição, jamais se deve descurar a
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componente emocional e psicológica, pois geralmente é aqui que está o desequilíbrio
base.
Após cada sessão, que dura em média uma hora e deve ser feita semanalmente, o
paciente volta para casa com os pontos estimulados na orelha com pequenas
microagulhas ou magnetos. A duração do tratamento depende da motivação do paciente
e do grau de dependência a que está o organismo. Nenhuma medicação é aplicada ou
utilizada e não há contra indicação ou efeitos colaterais.
CONCLUSÃO
A Auriculoterapia é assim uma terapia versátil com um imenso potencial de tratamento
de inúmeras doenças e problemas, no entanto cabe ao terapeuta uma boa capacidade de
análise e de estratégia para elaborar um plano de tratamento rápido e eficaz.
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