aumentar a fonte diminuir a fonte · a principal razão para a desaceleração do crescimento da...

4
Censo de 2010 Aumentar a fonte Diminuir a fonte NATALIDADE EM QUEDA - Na praia de Copacabana, no Rio, o Passeio de uma típica família do Brasil de hoje: um casal com apenas um filho Crédito: CELSO PUPO/FOTOARENA O Brasil tem a quinta maior população do mundo, mas seu ritmo de crescimento vem se desacelerando fortemente nas últimas quatro décadas. O país apresenta visível evolução em quesitos como educação, saneamento básico e expectativa de vida, mas ainda continua injusto e com grande concentração de riqueza. Esses são alguns dos grandes traços que surgem do Censo de 2010, cujos resultados foram divulgados em parte, e continuarão sendo no decorrer de 2012. Com data de referência em 1º de agosto de 2010, o censo contou uma população de 190.755.799 pessoas – menor apenas que a da China, da Índia, dos Estados Unidos e da Indonésia, nessa ordem. Em relação ao último censo, de 2000, a população brasileira cresceu 12,3%, o que corresponde a uma expansão de 1,17% ao ano, a menor taxa já observada pelas contagens do IBGE. A maior foi registrada na década de 1950, quando houve um crescimento relativo da população de 34,9%, ou 2,99% ao ano. QUEDA DA FERTILIDADE O retrato do Brasil, casa a casa https://almanaque.abril.com.br/materia/o-retrato-do-brasil-casa-a-casa 1 de 4 31/01/2014 23:36

Upload: lamhanh

Post on 14-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Aumentar a fonte Diminuir a fonte · A principal razão para a desaceleração do crescimento da população é o declínio da taxa de fertilidade entre as ... menor proporção de

Censo de 2010

Aumentar a fonte Diminuir a fonte

NATALIDADE EM QUEDA - Na praia de Copacabana, no Rio, o Passeio de uma típica família do Brasil de hoje: umcasal com apenas um filho

Crédito: CELSO PUPO/FOTOARENA

O Brasil tem a quinta maior população do mundo, mas seu ritmo de crescimento vem se desacelerando fortementenas últimas quatro décadas. O país apresenta visível evolução em quesitos como educação, saneamento básico eexpectativa de vida, mas ainda continua injusto e com grande concentração de riqueza. Esses são alguns dosgrandes traços que surgem do Censo de 2010, cujos resultados foram divulgados em parte, e continuarão sendo nodecorrer de 2012.

Com data de referência em 1º de agosto de 2010, o censo contou uma população de 190.755.799 pessoas –menor apenas que a da China, da Índia, dos Estados Unidos e da Indonésia, nessa ordem. Em relação ao últimocenso, de 2000, a população brasileira cresceu 12,3%, o que corresponde a uma expansão de 1,17% ao ano, amenor taxa já observada pelas contagens do IBGE. A maior foi registrada na década de 1950, quando houve umcrescimento relativo da população de 34,9%, ou 2,99% ao ano.

QUEDA DA FERTILIDADE

O retrato do Brasil, casa a casa https://almanaque.abril.com.br/materia/o-retrato-do-brasil-casa-a-casa

1 de 4 31/01/2014 23:36

Page 2: Aumentar a fonte Diminuir a fonte · A principal razão para a desaceleração do crescimento da população é o declínio da taxa de fertilidade entre as ... menor proporção de

A principal razão para a desaceleração do crescimento da população é o declínio da taxa de fertilidade entre asbrasileiras. Na última década, o número médio de filhos por mulher foi de 1,86, taxa bem inferior à média da décadaanterior, que era de 2,38 filhos. Para ter uma ideia, na década de 1960, a média de fertilidade era de 6,3 filhos porbrasileira.

O padrão de fecundidade também se modificou entre os censos de 2000 e 2010. Os levantamentos anterioresregistravam maior concentração da fecundidade entre as mulheres mais jovens, o que motivou uma preocupaçãogeral com a questão da gravidez na adolescência. Os números do último censo revelam que, atualmente, asmulheres estão tendo filhos mais tarde. Comparando os dados dos dois últimos censos, os grupos de 15 a 19 anose de 20 a 24 anos de idade, que concentravam, respectivamente, 18,8% e 29,3% das mulheres grávidas no país,passaram a concentrar 17, 7% e 27%. Na outra ponta, os grupos de idade acima de 30 anos passaram de 27,6%para 31,3%. Em média, as brasileiras estão tendo filhos mais velhas em relação a uma década atrás.

A queda da taxa de fecundidade, juntamente com o aumento da expectativa de vida, aponta para importantesmodificações na estrutura etária da população brasileira, com implicações econômicas e também nos gastospúblicos com educação, saúde e previdência social. Se compararmos a distribuição da população por faixa deidade nas últimas décadas, é possível constatar um progressivo envelhecimento da população do país. Comomostra o gráfico acima, a pirâmide etária brasileira vem apresentando uma base menor a cada década, ou seja,menor proporção de crianças, e um topo cada vez mais ampliado, representando a maior participação de idosos napopulação.

A representatividade de todos os grupos etários com idade até 25 anos caiu na última década, enquanto os demaisgrupos etários tiveram sua presença aumentada. A participação relativa da população com 65 anos ou mais subiude 4,8% em 1991 para 5,9% em 2000 e, finalmente, para 7,4% em 2010. O principal motivo para isso é o aumentoda longevidade do brasileiro. A expectativa de vida de uma criança nascida em 2010 era de 73 anos e meio, trêsanos a mais do que era em 2000. As mulheres têm expectativa de vida maior que os homens: em média, sete anose sete meses a mais, já que para elas é de 77, 3 anos e, para eles, de 69,7.

CRESCE A RENDA

Os resultados do Censo de 2010 mostram uma tendência de redução da concentração de renda no Brasil, emboraa desigualdade ainda seja bastante acentuada. A média nacional de rendimento domiciliar per capita (ou seja, arenda total de cada domicílio dividida pelo número de moradores, incluindo as crianças) era de 668 reais em 2010.Cerca de 32% dos brasileiros tinham renda menor do que 255 reais, e 60% da população, menor do que 510 reais,salário mínimo vigente na data de referência do censo. Uma mostra da concentração de renda no Brasil: a parcelados 10% mais ricos fica com 42,5% do total da renda nacional, enquanto os 10% mais pobres detêm apenas 1,2%do total.

A desigualdade de renda está relacionada ao local de moradia (área rural ou urbana), ao tamanho do município, àregião do país, à cor/raça e ao sexo, entre outras variáveis. Enquanto metade da população rural tinha rendadomiciliar per capita abaixo de 170 reais mensais, segundo o censo, a mesma porcentagem da população urbanaganhava até 415 reais ao mês.

Em termos de regiões, o Centro-Oeste, o Sudeste e o Sul tinham as mais altas médias de rendimento mensais:respectivamente, 1.422, 1.396 e 1.282 reais. As piores médias foram encontradas no Norte (957 reais) e no

O retrato do Brasil, casa a casa https://almanaque.abril.com.br/materia/o-retrato-do-brasil-casa-a-casa

2 de 4 31/01/2014 23:36

Page 3: Aumentar a fonte Diminuir a fonte · A principal razão para a desaceleração do crescimento da população é o declínio da taxa de fertilidade entre as ... menor proporção de

Nordeste (806 reais). Para efeito de comparação, a média encontrada no Nordeste corresponde a 56,7% daverificada no Centro-Oeste. Mas as regiões nas quais o país mais prosperou na última década, econômica esocialmente, foram a Centro-Oeste e a Nordeste. Uma consequência da situação registrada pelo censo é umaimportante mudança nas migrações internas, com o Centro-Oeste se tornando a região com maior número deimigrantes no país, atraídos por sua forte expansão econômica.

Em relação ao tamanho dos municípios, a incidência de pobreza é maior nos de porte médio (10 mil a 50 milhabitantes). Quanto às diferenças por sexo, os homens recebiam em média 42% mais do que as mulheres (1.395reais, contra 984). Outro aspecto da concentração de renda está relacionado à cor da pele. Os rendimentosmédios mensais dos brancos (1.538 reais) e amarelos (1.574 reais) representam cerca do dobro do valor relativoaos pretos (834 reais), pardos (845 reais) e indígenas (735 reais).

BRASILEIROS VIVEM MELHOR

A proporção de domicílios com condições sanitárias adequadas aumentou, mas essa questão continua registrandouma das principais carências nacionais. Se considerarmos apenas o acesso a saneamento adequado, a proporçãode domicílios ligados à rede geral de esgoto ou fossa séptica subiu de 62,2% em 2000 para 67,1% em 2010. Denovo, as diferenças regionais são expressivas. Esse índice subiu em quatro das cinco regiões brasileiras, maspiorou no Norte, onde houve um aumento no número de domicílios urbanos sem acesso a esgoto. O acesso à águatratada experimentou em 2010 um incremento de 5,1 pontos percentuais em relação aos dados do Censo de 2000.Hoje, 82,9% dos domicílios brasileiros são atendidos por rede geral de abastecimento de água. Na área urbana, opercentual passou de 89,8% em 2000 para 91,9% em 2010; na zona rural, a oferta de água tratada subiu de 18,1%para 27,8%. O aumento proporcional foi, portanto, mais acelerado nas áreas rurais do que nas urbanas – o queajuda a entender a significativa melhoria nos índices de mortalidade infantil no Brasil, já que muitos recém-nascidosmorrem por causa de água contaminada.

Outro componente essencial de saúde pública que avançou foi a coleta de lixo: entre 2000 e 2010, cresceu de79% para 87,4% em todo o Brasil. Nas cinco regiões, o serviço de coleta de lixo já se encontra presente em maisde 90% dos domicílios nas áreas urbanas. Nas áreas rurais, a coleta é pequena: 26%.

A mais extensa cobertura de serviços é a oferta de energia elétrica (97,8%), que chega a 99,1% dos domicíliosurbanos e a 89,7% nas áreas rurais. A situação mais precária ocorre nas áreas rurais da Região Norte, onde cercade um em cada quatro domicílios ainda não conta com eletricidade (24,1%).

COMPUTADORES E CELULARES

As casas dos brasileiros estão mais equipadas com bens duráveis, registra também o censo. Houve aumento dapresença dos bens pesquisados pelo IBGE (televisão, máquina de lavar roupa, geladeira, computador, motocicletae automóvel), com exceção apenas do rádio, que, entre 2000 e 2010, diminuiu sua presença, que era de 87,9%,para 81,4%. Enquanto o rádio apresenta sinais de ter chegado ao limite da expansão, a presença de computadoresnas casas dos brasileiros mais que triplicou, chegando a 38,3% dos domicílios em 2010. Desses, 80,21% possuíamacesso à internet, o que representa 30,7% da população. A outra face da moeda: cerca de 61% da populaçãoainda permanecia desplugada da rede mundial de computadores.

Quanto à telefonia, apesar de o Brasil possuir uma das tarifas mais caras do mundo, o mercado de celulares

O retrato do Brasil, casa a casa https://almanaque.abril.com.br/materia/o-retrato-do-brasil-casa-a-casa

3 de 4 31/01/2014 23:36

Page 4: Aumentar a fonte Diminuir a fonte · A principal razão para a desaceleração do crescimento da população é o declínio da taxa de fertilidade entre as ... menor proporção de

continua em progressão. Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mais de 217 milhõesde celulares estavam funcionando no país em junho de 2011, quantidade maior do que toda a população brasileira.A proporção de domicílios só com telefone celular (47,1%) predomina em relação aos que possuem apenastelefone fixo (4,7%) e aos que têm fixo e celular (36,1%).

EDUCAÇÃO

Há boas notícias na área da educação. O percentual de brasileiros de 7 a 14 anos de idade que não vão à escolacaiu de 5,1% em 2000 para 3,1% em 2010. Entre 15 a 17 anos, 22,3% estavam fora da escola em 2000. Em 2011,eram 16,7%, e houve redução em todas as regiões. Na outra ponta da oferta de educação pública, o acesso àescola infantil continua pequeno. De 0 a 5 anos, só 29,3% das crianças estão matriculadas em escola ou creche.

Houve redução do analfabetismo (população acima de 15 anos) de 13,63% em 2000 para 9,6% em 2010. Issosignifica que, apesar de todos os avanços, ainda existem 14,9 milhões de analfabetos no país. Há desigualdadeainda relacionada à cor/raça: a taxa de analfabetismo entre pretos (14,4%) e pardos (13%) é quase o triplo da taxaentre os brancos (5,9%).

O censo também apurou a presença de deficientes, físicos e mentais, na população. Para as deficiências visual,auditiva e motora, havia três graus de severidade. O resultado mostrou que 23,9% dos brasileiros (45,6 milhões)possuem algum grau de deficiência: 3,5% das pessoas declararam não enxergar ou enxergar muito pouco; 2,3%disseram ter deficiência motora severa e 1,1%, deficiência auditiva severa. Os que se declararam com algum tipode deficiência mental somam 1,4% da população, ou seja, 2,6 milhões de pessoas.

Matéria publicada em Janeiro/2012

O retrato do Brasil, casa a casa https://almanaque.abril.com.br/materia/o-retrato-do-brasil-casa-a-casa

4 de 4 31/01/2014 23:36