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    Finanças Públicas e LRF para Oficial de Chancelaria

     Aula 02

      Lei de Responsabilidade Fiscal

    Professor Graciano Rocha

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    Saudações, caro aluno!

    No encontro de hoje, falaremos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ela fez

    parte de um contexto em que se procurou mudar a cultura dos administradores

    públicos no Brasil quanto às finanças públicas. Ela envolve um processo

    inclusive  “pedagógico”   sobre a forma de lidar com o dinheiro público, e,

    acompanhada pela Lei de Crimes Fiscais (Lei 10.028/2000), buscou instituir um

    modelo responsável de gestão.Então, vamos lá. Boa aula!

    GRACIANO ROCHA

    Aula 02

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    SUMÁRIO

    LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL ........................................................................... 5 

    Introdução................................................................................................................................ 5 

    Abrangência da LRF .................................................................................................................. 7 

    Receita corrente líquida .......................................................................................................... 10 

    LRF e Lei de Diretrizes Orçamentárias ..................................................................................... 12 

    LRF e Lei Orçamentária Anual ................................................................................................. 17 

    Execução orçamentária ........................................................................................................... 21 

    Cumprimento de metas de resultado ...................................................................................... 23 

    Renúncia de receita ................................................................................................................ 27 

    Geração de despesa ................................................................................................................ 31 

    Despesas obrigatórias de caráter continuado .......................................................................... 34 

    Despesa com pessoal .............................................................................................................. 38 

    Controle da despesa total com pessoal ................................................................................... 43 

    Transferências voluntárias ...................................................................................................... 46 

    Destinação de recursos para o setor privado ........................................................................... 49 

    Dívida e endividamento na LRF ............................................................................................... 55 

    Limites da dívida pública e das operações de crédito ............................................................... 60  

    Condições para contratação de operações de crédito .............................................................. 62 

    Recondução da dívida aos limites ........................................................................................... 63 

    Regra de ouro ......................................................................................................................... 65 

    Das disponibilidades de caixa.................................................................................................. 67 

    Da preservação do patrimônio público .................................................................................... 69 

    Transparência da gestão fiscal ................................................................................................ 72 

    Relatório Resumido da Execução Orçamentária ...................................................................... 75 

    Relatório de Gestão Fiscal ....................................................................................................... 78 

    Prestações de contas .............................................................................................................. 81 

    Fiscalização da gestão fiscal .................................................................................................... 87 

    RESUMO DA AULA ................................................................................................. 91 

    http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/

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    QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA ................................................................. 95 

    QUESTÕES ADICIONAIS ........................................................................................ 115 

    GABARITO ........................................................................................................... 125 

    http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/http://0.0.0.0/

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    LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

    Introdução

    Antes de comentarmos os dispositivos da lei, vamos tratar de algumas

    informações preliminares.

    A LRF foi editada num ambiente de reformas reclamadas por vários setores dasociedade brasileira, após o final dos governos militares. Entretanto, desde a

    redemocratização, o Brasil, como federação, enfrentava problemas econômicos

    graves, dos quais a chamada “inflação galopante” podia ser indicada como o

    principal.

    Num ambiente de alta inflação, o planejamento de receitas a arrecadar e de

    despesas a efetuar durante o exercício financeiro é praticamente inútil. Isso

    porque o índice de preços se altera substancialmente de um período para outro,

    e as previsões feitas vários meses antes não são fonte confiável para a

    gestão. Assim, a administração financeira era afetada por diversos vícios e

    desvios provenientes do ambiente inflacionário.

    Por isso, apenas depois da estabilização da moeda  e do controle da

    inflação, a partir de 1995, principalmente, criou-se o ambiente propício paraum novo (e sério) regramento das finanças públicas. As ideias/necessidades

    principais que levaram à edição da LRF foram:

      controle das contas públicas, de forma a evitar déficits;

      necessidade de planejar a ação governamental, aplicando os recursos

    de forma racional e sustentável;

     

    controle das despesas  com pessoal e do montante da dívida pública,para evitar o “sufocamento” dos entes governamentais num contexto de

    gastos sem desenvolvimento econômico;

      transparência da gestão orçamentária e financeira, com

    disponibilização de demonstrativos e resultados em meios de acesso

    público.

    O trecho da LRF que serve como “mapa” da LRF é o § 1º do art. 1º. Os itens

    constantes desse texto são ampliados nas seções da Lei, com a fixação de suas

    regras próprias. Vejamos a lei seca:

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    Art. 1º, § 1º A responsabil idade na gestão f iscal pressupõe a ação planejada e

    transparente, em que se previnem riscos e corr igem desvios capazes de afetar o

    equilíbrio das contas públicas, mediante o cumpr imento de metas de resultados

    entre receitas e despesas e a obediência a l imi tes e condições no que tange arenúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da segur idade social e

    outr as, dívidas consolidada e mobi l iária, operações de crédito, i nclusive por

    antecipação de receita, concessão de gar anti a e inscrição em Restos a Pagar .

    Vamos desdobrar os pontos integrantes desse trecho:

       pressuposto  da gestão fiscal responsável: ação   planejada e

    transparente. A administração dos recursos públicos não pode ser feita

     “de improviso”. Deve levar em conta as necessidades prioritárias dasociedade e a escassez de recursos financeiros, bem como a

    sustentabilidade das finanças públicas no tempo;

      objetivos  da gestão fiscal responsável:  prevenir   riscos  e corrigir  

    desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas. Nesse sentido, a gestão

    responsável envolve o acompanhamento permanente  do

    comportamento das receitas, despesas e dívida pública;

     

    instrumentos da gestão fiscal responsável:  cumprimento de metas de resultado entre receitas e despesas. O

    equilíbrio fiscal depende da manutenção de uma diferença mínima

    entre receitas e despesas, principalmente para controle do montante

    da dívida;

      limites e condições quanto a

      renúncia de receita;

      geração de despesas com pessoal;

      geração de despesas da seguridade social e outras;

      dívidas consolidada e mobiliária;

      operações de crédito, inclusive por antecipação de receita;

      concessão de garantia;

      inscrição de despesas em restos a pagar. 

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    As maiores “dificuldades” criadas pela LRF no tocante a esses pontos justificam-

    se pelo risco de desequilíbrio das contas públicas em caso de descontrole.

    Perceba que todos esses itens que sofrem “limites e condições” estão ligados à

    diminuição de receita ou ao aumento (potencial ou real) de despesa.

    1.  (CESPE/ANALISTA/CORREIOS/2011) A garantia de equilíbrio nas contasmediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e

    despesas, com limites e condições para a renúncia de receita e para a

    geração de despesas, é um dos principais objetivos da Lei de

    Responsabilidade Fiscal.

    2.  (CESPE/AUDITOR/TCDF/2012) As disposições, as proibições, as condições

    e os limites constantes na LRF valem para o DF até que seja aprovada lei

    complementar de âmbito local que disponha sobre a ação planejada e

    transparente, voltada para a prevenção de riscos e correção de desvios

    capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas.

    O primeiro trecho da LRF que destacamos, o § 1º do art. 1º, por sua

    abrangência e importância, serve para fundamentar diversas questões. A nº 1 é

    um exemplo delas, o que a torna CERTA.

    A questão 2 está ERRADA: a LRF tem abrangência nacional, aplicando-se à

    administração direta e indireta de todos os entes federados.

     Abrangência da LRF

    Outra disposição inicial da LRF diz respeito a quem está submetido às suas

    regras e limitações.

    A Lei utilizou um critério amplo para fixar sua “clientela”. Todos os órgãos de

    todos os Poderes, fundações, autarquias, fundos, empresas estatais

    dependentes, de todos os entes da Federação, devem observar as normas

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    estabelecidas na LRF. Ou seja, está abrangida toda a administração direta dos

    entes federados e quase toda a administração indireta.

    Como exceção, apenas as chamadas “empresas estatais independentes” 

    estão fora do alcance da Lei (embora essas empresas tenham, geralmente,suas próprias regras de  governança corporativa, para “sobreviverem” no

    mercado, regras estas que substituem, de certa forma, as regras de

    responsabilidade fiscal).

    Inicialmente, cabe destacar que ambas as espécies de estatais, as

    dependentes e as independentes, são consideradas empresas

    controladas. Isso significa que elas têm a maior parte de seu capital social

    com direito a voto nas mãos de um ente federado (União, Estado, DF,

    Município, conforme o caso). Ou seja, o ente federado é quem detém o

     poder de decidir, ao final, como a empresa controlada se comportará edesenvolverá suas atividades no mercado ou na prestação de serviços

     públicos.

    Muito bem, o que leva à “dependência” ou não de uma empresa estatal é a

    característica da autossustentabilidade quanto a suas atividades normais de

    manutenção e de investimento. O tipo de recursos que são transferidos 

    pelo ente público às estatais reflete justamente essa característica.

    Nesse sentido, estatais dependentes recebem recursos para cobertura de suas

    despesas correntes, rotineiras, relativas ao pagamento de pessoal e de

    custeio geral, bem como para suas despesas com investimentos. Vale

    dizer, as estatais dependentes não conseguem se manter  sem a

    transferência de recursos do ente controlador. Suas atividades não envolvem,

    como regra, a obtenção de lucro. Por essas características, as empresas

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    estatais dependentes normalmente estão abrangidas pelos orçamentos

    fiscal e da seguridade social.

    Já as estatais independentes, quando recebem recursos do ente controlador, os

    recebem tipicamente como aumento de participação acionária, ou seja,como forma de ampliação do controle, pelo ente público, sobre a

    administração da empresa. Esse “perfil” leva as estatais independentes a serem

    contempladas no orçamento de investimento.

    3.  (FCC/AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO/TCE-SP/2010) Considera-se empresa

    controlada a sociedade

    (A) de capital aberto em que a União detenha mais de 20% e menos de

    50% das ações.

    (B) que presta serviços de qualquer natureza para a União, os Estados e

    Municípios.

    (C) cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta ou

    indiretamente, a ente da Federação.

    (D) que mantém convênio com a União, os Estados ou Municípios.

    (E) cujo capital social pertença à União em sua integralidade.

    4.  (CESGRANRIO/ANALISTA/IBGE/2010) A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei

    Complementar nº 101, de 04/05/2000), que estabelece normas definanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, não se

    aplica

    (A) a entidades da Administração Indireta dotadas de personalidade

     jurídica de direito privado.

    (B) a empresas públicas e sociedades de economia mista.

    (C) a empresas estatais independentes.

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    (D) aos Poderes Judiciário e Legislativo.

    (E) ao Poder Judiciário e ao Ministério Público que se submetem ao controle

    do CNJ e do CNMP.

    Sobre a questão 3, a empresa controlada, seja dependente, seja independente,

    caracteriza-se pela maior parte do capital social com direito a voto pertencente

    ao ente público controlador. Gabarito: C.

    Na questão 4, as entidades que não se sujeitam às regras da LRF são as

    estatais independentes. Gabarito: C.

    Receita corrente líquida

    Outra importante noção trazida nas primeiras linhas da LRF é a “receita

    corrente líquida” (RCL), utilizada como base para vários limites de gastos,

    estabelecidos posteriormente no texto da Lei (lembra-se dessa palavra chave,

     “limites”, juntamente com “condições”?). 

     Já devemos ter uma boa noção sobre receitas correntes, mas é bom

    relembrar: são as receitas arrecadadas normalmente pelos entes

     públicos, geralmente de efeito aumentativo sobre o patrimônio público, e

    que se destinam, tipicamente, ao custeio das atividades e serviços a cargoda Administração Pública.

    O termo “líquida”, em “receita corrente líquida”, significa que, para sua

    definição, haverá algum tipo de dedução ou desconto sobre o total bruto de

    receitas correntes.

    Cada ente federado terá suas próprias deduções, mas, nos prendendo ao caso

    da União, a RCL é calculada da seguinte forma:

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    (=) TOTAL DAS RECEITAS CORRENTES

    ( –) transferências constitucionais ou legais aos Estados/DF e Municípios

    ( –

    ) contribuições sociais do empregador sobre a folha salarial e do trabalhador

    ( –) contribuição social para o Programa de Integração Social (PIS)

    ( –) contribuição previdenciária dos servidores públicos

    ( –) receitas previdenciárias de compensação entre os regimes geral e dos

    servidores públicos

    ( –) compensação financeira aos Estados exportadores (Lei Kandir)

    ( –

    ) complementação financeira ao FUNDEB (Emenda Constitucional 53)

    Da análise do quadro acima, vemos que, do total de receitas correntes

    arrecadadas, a União desconta os recursos obrigatoriamente transferidos 

    aos outros entes federados (ou fundos) e aqueles vinculados a ações da

    seguridade social, principalmente. Portanto, essas deduções tratam de

    parcelas da receita corrente com os quais a União não pode contar, em

    virtude de sua aplicação predefinida.

    Portanto, para resumir, podemos dizer que a RCL representa o montante de

    recursos próprios em que o ente governamental pode “confiar” para realizarseus programas; na esfera pessoal, seria equivalente ao salário líquido 

    recebido pelo trabalhador, com os descontos devidos já efetuados (previdência

    social, vale-transporte etc.).

    A LRF também determina que a RCL seja apurada somando-se as receitasarrecadadas no mês de contabilização e nos onze anteriores, excluídas as

    duplicidades. Assim, o cálculo da RCL é mensal.

    5. 

    (FCC/INSPETOR/TCM-CE/2010) O somatório das receitas municipais

    tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de

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    serviços, transferências correntes e as próprias de autarquias, fundações e

    empresas dependentes, deduzidas das contribuições dos servidores para

    custeio de seu sistema de previdência e assistência social, receita de

    compensação financeira entre regimes previdenciários e Fundef, constitui,

    segundo a LRF, a

    (A) receita corrente líquida.

    (B) renúncia de receita.

    (C) receita de capital.

    (D) receita efetiva.

    (E) receita não efetiva.

    6.  (CESPE/ANALISTA/ANP/2013) A receita corrente líquida engloba todas as

    receitas correntes lançadas no mês de referência e nos onze meses

    anteriores.

    Na questão 5, o enunciado reproduz todos os procedimentos para obtenção do

    valor da receita corrente líquida. Gabarito: A.

    Na questão 6, há um equívoco ao considerar que “todas as receitas correntes”são integradas ao cálculo da RCL, já que, como visto, há diversas deduções a

    fazer. Questão ERRADA.

    LRF e Lei de Diretrizes Orçamentárias

    Na parte dedicada ao planejamento da ação governamental, a LRF traz diversas

    disposições sobre as funções e o conteúdo da Lei de Diretrizes Orçamentárias

    e da Lei Orçamentária Anual.

    No que se refere à LDO, determinou-se que essa lei tratasse dos seguintes

    assuntos:

      equilíbrio entre receitas e despesas;

      critérios e forma de limitação de empenho;

      normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados

    dos programas financiados com recursos dos orçamentos;

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      demais condições e exigências para transferências de recursos  a

    entidades públicas e privadas.

    Portanto, a LDO recebeu da LRF tarefas ligadas ao planejamento

    operacional, a respeito de quais procedimentos seguir diante de desequilíbriosfiscais; tarefas de avaliação, trazendo normas sobre a checagem de custos e

    resultados dos programas; e tarefas “contratuais”, no sentido de estabelecer

    condições para a transferência de recursos.

    Outra determinação da LRF sobre a LDO foi relativa à criação de anexos  a

    esta última lei. Vamos estudá-los agora.

    a) Anexo de Metas Fiscais (AMF). No início da aula, vimos que um dos

    instrumentos da gestão fiscal responsável é o cumprimento de metas deresultado entre receitas e despesas. Assim, o estabelecimento dessas

    metas se dá justamente no AMF, o que o torna um documento importantíssimo

    na vida financeira dos entes públicos.

    Para comprovar esse papel de destaque do Anexo, caso o Chefe do Executivo

    deixe de apresentá-lo, isso será tomado como um crime fiscal, punível com

    multa equivalente a 30% dos vencimentos anuais respectivos.

    O AMF estabelece metas para o período de 3 exercícios  (o de referência daLDO e os dois posteriores), a partir da análise empreendida sobre as

    ocorrências dos 3 exercícios anteriores.

    As metas que compõem o AMF são:

      metas de receita: valores a arrecadar nos próximos exercícios;

      metas de despesa: valores a serem despendidos no mesmo prazo;

     

    metas de resultados nominal e primário: diferença a ser mantida entrea arrecadação e os gastos, ora levando em conta receitas e despesas

    financeiras  (resultado nominal, que reflete os efeitos do endividamento

    público), ora desconsiderando esses componentes financeiros (resultado

    primário);

      metas de dívida: valor referente ao montante da dívida pública a ser

    mantido nos próximos exercícios.

    Outros conteúdos do AMF são:

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      avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior .

    Portanto, o AMF é mais que um documento de projeção de metas; é

    também um documento de avaliação dos resultados das metas traçadas no

    exercício passado;

      demonstrativo das metas anuais , instruído com memória e metodologia

    de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com

    as fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistênciadelas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional.  As

    metas fiscais fixadas pelo Executivo, além de serem estabelecidas no AMF,

    também devem ser explicadas e sustentadas com argumentos técnicos,

    para convencimento do Poder Legislativo e dos outros setores sociais;

      evolução do patrimônio líquido , também nos últimos três exercícios,

    destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de

    ativos. A ideia aqui é manter controle sobre o que o governo realiza com os

    recursos provenientes da alienação, ou seja, da venda, de bens públicos,

    como imóveis e estoques de produtos agropecuários.

      avaliação da situação financeira e atuarial :

    o  dos regimes  geral   de previdência social e  próprio  dos servidores

     públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador ;

    o  dos demais fundos públicos  e programas estatais de natureza

    atuarial ;

      demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da

    margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado.

    b) Anexo de Riscos Fiscais (ARF). Esse Anexo que trata das ocorrências

    possivelmente causadoras de desequilíbrios nos resultados fiscais.

    Os riscos fiscais são classificados como riscos orçamentários (riscos de

    receita e de despesa, relativos à não concretização dos parâmetros planejados)

    e riscos de dívida  (riscos de administração da dívida mobiliária e passivos

    contingentes).

    Os passivos contingentes, que são um tipo de risco de dívida, representam

    situações que podem ocasionar novas obrigações para o ente público.

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    Normalmente, trata-se de causas judiciais  em que o ente pode vir a ser

    condenado a pagar certas quantias questionadas.

    Diante da concretização dos riscos fiscais, pode ser necessário empregar

    recursos para cobrir eventuais gastos. A dotação orçamentária designada paraessas “emergências” é a nossa já conhecida reserva de contingência, que

    estudamos ao tratar de créditos adicionais.

    A reserva de contingência recebe tratamentos diferentes das leis de matéria

    orçamentária:

      a LDO deve definir a forma de utilização  da reserva, bem como seu

    montante, que é calculado com base na receita corrente líquida (olha a

    RCL aí de novo – como vimos, ela serve de parâmetro para diversos limitese cálculos trazidos na LRF);

      por sua vez, a LOA prevê a reserva de contingência como uma dotação

    orçamentária, no montante instituído pela LDO, deixando-a contabilizada,

    com recursos atribuídos, e pronta para eventual execução.

    c) Anexo especial federal: para a União, está previsto um terceiro anexo. A

    mensagem presidencial que encaminhar o PLDO ao Congresso deverá conter

    um anexo que trate dos seguintes pontos, referentes ao exercício subsequente:

      objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial;

      parâmetros e projeções  para os principais agregados e variáveis 

    dessas políticas;

      metas de inflação.

    Assim, quando saem na mídia notícias sobre as “metas de inflação para o ano

    que vem”, repare que o PLDO deve ter entrado em discussão no Congresso. 

    7.  (FCC/ANALISTA/TRT-06/2012) A Lei de Diretrizes Orçamentárias dispõe,

    dentre outras, sobre

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    (A) normas relativas ao controle de custos e avaliação dos resultados dos

     programas financiados com recursos dos orçamentos.

    (B) medidas de compensação a renúncias de receita e aumento de

    despesas obrigatórias de caráter continuado.

    (C) todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, e

    receitas que as atenderão para a finalidade específica.

    (D) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais

    imprevistos detalhados bimestralmente.

    (E) compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e

    metas constantes da Lei Orçamentária Anual.8.  (FCC/ANALISTA/TRT-02/2008) A lei das diretrizes orçamentárias conterá

     Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e

    outros riscos capazes de afetar as contas públicas.

    9.  (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) Metas fiscais são valores projetados para o

    exercício financeiro e que, depois de aprovados pelo Poder Legislativo,

    servem de parâmetro para a elaboração e a execução do orçamento. Para

    obrigar os gestores a ampliar os horizontes do planejamento, as metasdevem ser projetadas para os próximos três anos, isto é, o exercício a que

    se referem e os dois seguintes.

    10.  (CESPE/ECONOMISTA/MIN. SAÚDE/2010) No âmbito da União, a

    mensagem que encaminhar o projeto de lei de diretrizes orçamentárias

    deverá discriminar os objetivos das políticas nacionais de natureza

    monetária, creditícia e cambial, bem como as metas de inflação, para o

    exercício subsequente.

    Das opções da questão 7, conforme a LRF, a LDO deve dispor sobre normas

    relativas ao controle de custos e avaliação de resultados de programas.

    Gabarito: A.

    A questão 8 está CERTA. O ARF é um dos anexos previstos para a LDO, e deve

    conter a avaliação de passivos contingentes e outros riscos.

    A questão 9 reflete bem a intenção da elaboração do AMF, reforçando a questão

    da “ação planejada” que já destacamos. Questão CERTA. 

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    A questão 10 está CERTA, refletindo o conteúdo do anexo específico à

    mensagem que acompanha o PLDO na esfera federal.

    LRF e Lei Orçamentária Anual

    Novamente, vamos destacar alguns dispositivos legais aplicáveis:

    Art. 5º O projeto de lei orçamentária anual, elabor ado de forma compatível com

    o plano plur ianual, com a lei de diretr izes orçamentárias e com as normas desta

    Lei Complementar:

    I - conterá, em anexo, demonstr ativo da compatibi l idade da programação dosorçamentos com os objetivos e metas constantes do documento de que trata o §

    1º do art. 4º;

    I I - será acompanhado do documento a que se refere o § 6º do ar t. 165 da

    Consti tu ição, bem como das medidas de compensação a renúncias de receita e

    ao aumento de despesas obrigatóri as de caráter continuado;

    I I I - conterá reserva de conti ngência, cuja forma de uti l ização e montante,

    defini do com base na r eceita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de

    diretrizes orçamentárias, destinada ao:

    a) (VETADO)

    b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais

    imprevistos.

    (...)

    § 2º O refi nanciamento da dívida públ ica constará separadamente na lei

    orçamentária e nas de crédito adicional .

    (...)

    § 4º É vedado consignar na lei orçamentária crédito com final idade imprecisa

    ou com dotação i l imi tada.

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    A compatibilidade da LOA com a LDO e o PPA não é novidade; já estudamos

    esse assunto na aula sobre os instrumentos orçamentários.

    Entretanto, há uma “compatibilidade adicional” à qual a LOA deve obedecer:

    trata-se da compatibilidade com o Anexo de Metas Fiscais da LDO. Dessaforma, a previsão da receita e a fixação da despesa devem manter os

    resultados fiscais do AMF, e isso deve vir garantido já no próprio texto  do

    projeto de LOA.

    Relativamente ao inciso II, o documento ao qual se refere o § 6º do art. 165 da

    CF/88 é o demonstrativo das renúncias de receita, também já estudado, e

    que integra o PLOA. Por se tratar de  “dinheiro recusado” pelo governo, e em

    nome do princípio da universalidade, o orçamento deve espelhar essa

    arrecadação a menor, para que sejam prestadas as informações corretas ao

    Legislativo.

    O que a LRF acrescenta a essa ordem da Constituição, sobre a elaboração

    de demonstrativo das renúncias, é a necessidade de compensação de

    algumas renúncias de receita. E as informações sobre as medidas

    compensatórias também constarão da Lei Orçamentária.

     Além do que se refere às renúncias de receita, a LOA também será

    acompanhada das medidas de compensação às despesas obrigatórias de

    caráter continuado. Mas isso também é assunto para daqui a pouco.

    Uma preocupação especial com a “rolagem” da dívida pública consta desse art.

    5º da LRF. O refinanciamento da dívida, que já apareceria de qualquer modo no

    orçamento, deve constar de forma separada, em nome da clareza e publicidade

    da informação. É que esse dado representa a continuidade do

    endividamento do ente público, o que limita, entre outras coisas, o

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    montante de recursos que não poderão ser aplicados em despesas que

    beneficiem diretamente a sociedade.

    A respeito do § 4º do art. 5º (vedação a crédito com finalidade imprecisa ou

    com dotação ilimitada), essa ordem legal tem por objetivo tornar a LOA uminstrumento orçamentário tão exato e transparente quanto possível. A

    previsão de despesas sem finalidade precisa ou sem limitação de numerário vai

    contra a necessidade de controle  que deve existir sobre a aplicação do

    dinheiro público.

    O art. 7º da LRF discorre sobre o resultado do Banco Central. O Bacen pode ter

    superávit ou déficit em suas operações, a depender da conformação da política

    monetária que realize. No caso de superávit, os recursos excedentes serãoconsiderados receita do Tesouro Nacional; havendo déficit, o rombo será

    considerado obrigação do Tesouro para com o banco. Vejamos os dispositivos:

    Ar t. 7º O resul tado do Banco Central do Brasil, apurado após a constituição ou

    reversão de reservas, consti tu i receita do Tesouro Nacional, e será transfer ido

    atéo décimo dia úti l subsequente àaprovação dos balanços semestr ai s.

    § 1º O resultado negativo constitu irá obr igação do Tesouro para com o Banco

    Centr al do Brasil e será consignado em dotação específica no orçamento.

    § 2º O impacto e o custo f iscal das operações realizadas pelo Banco Central do

    Br asil serão demonstrados tr imestralmente, nos termos em que dispuser a lei de

    diretr izes orçamentárias da União.

    § 3º Os balanços tr imestrais do Banco Central do Brasil conterão notas

    explicati vas sobre os custos da remuneração das disponibil idades do Tesouro

    Nacional e da manutenção das reservas cambiais e a rentabi l idade de sua

    car tei ra de títu los, destacando os de emissão da União.

    11. 

    (FCC/ANALISTA/TCE-AM/2013) A Lei de Responsabilidade Fiscal criou o

    anexo de riscos fiscais e o demonstrativo da compatibilidade da

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     programação dos orçamentos com os objetivos e metas. Esses documentos

    são agregados, respectivamente,

    (A) ao Plano Plurianual.

    (B) ao Plano Plurianual e à Lei de Diretrizes Orçamentárias.

    (C) ao Plano Plurianual, à Lei de Diretrizes Orçamentárias e à Lei

    Orçamentária Anual.

    (D) à Lei Orçamentária Anual e ao Plano Plurianual.

    (E) à Lei de Diretrizes Orçamentárias e à Lei Orçamentária Anual.

    12. 

    (FCC/TÉCNICO/TJ-PI/2009) A Lei Orçamentária da União compreenderácréditos com finalidade imprecisa ou dotação ilimitada, desde que incluídos

    na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

    13. 

    (FCC/ANALISTA/TRT-GO/2013) O projeto de lei orçamentária anual,

    elaborado de forma compatível com o Plano Plurianual, com a Lei de

    Diretrizes Orçamentárias e com as normas da Lei nº 101/2000,

    (A) conterá comparativo do montante da despesa total com pessoal,

    distinguindo-a com inativos e pensionistas, com os limites estabelecidos pelaLei de Responsabilidade Fiscal.

    (B) disporá sobre equilíbrio entre receitas e despesas.

    (C) disporá sobre normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos

    resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos.

    (D) estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução

    mensal de desembolso.

    (E) conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante,

    definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na Lei de

    Diretrizes Orçamentárias.

    14.  (CESGRANRIO/ANALISTA/FINEP/2011) Considerando que o art. 7º da Lei

    de Responsabilidade Fiscal estabeleceu a regra para transferência dos

    resultados do Banco Central para o Tesouro Nacional, o período máximo

     permitido para a referida transferência é o

    (A) décimo dia útil subsequente à aprovação dos balanços semestrais

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    (B) décimo dia útil subsequente à aprovação dos balanços anuais

    (C) vigésimo dia útil subsequente à aprovação dos balanços semestrais

    (D) vigésimo dia útil subsequente à aprovação dos balanços anuais

    (E) trigésimo dia útil subsequente à aprovação dos balanços anuais

    Na questão 11, o ARF e o demonstrativo da compatibilidade dos programas com

    as metas do AMF acompanham, respectivamente, a LDO e a LOA. Gabarito: E.

    Créditos com finalidade imprecisa ou dotação ilimitada são vedados, sem

    exceção. A questão 12 está ERRADA.

    Na questão 13, o conteúdo concernente à LOA, por influência da LRF, é areserva de contingência, com a forma de utilização e o montante estabelecidos

    na LDO. Gabarito: E.

    Na questão 14, o prazo para transferência dos recursos relativos ao superávit

    do Bacen para o Tesouro é até o décimo dia útil após a aprovação dos balanços

    semestrais, conforme o art. 7º da LRF. Gabarito: A.

    Execução orçamentária

    Os principais trechos da LRF a respeito desse tópico são o art. 8º e o art. 13:

    Art. 8º Atétr inta dias após a publ icação dos orçamentos, nos termos em que

    dispuser a lei de diretrizes orçamentárias (...), o Poder Executivo estabelecerá a

    programação f inanceira e o cronograma de execução mensal de desembolso.

    Ar t. 13. No prazo previsto no ar t. 8º, as receitas previstas serão desdobradas,

    pelo Poder Executi vo, em metas bimestrais de arrecadação, com a

    especif icação, em separado, quando cabível, das medidas de combate àevasão e

     àsonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da

    dívida ativa, bem como da evol ução do montante dos créditos tr ibutários

    passíveis de cobr ança administrati va.

    Assim, logo após a publicação da LOA, num prazo de até 30 dias, faz-se uma

    distribuição das despesas que os órgãos poderão executar mensalmente, ao

    lado da distribuição bimestral  da arrecadação prevista. Com isso, a cada

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    período, checa-se se o andamento da arrecadação poderá suportar o calendário

    da despesa.

    A LRF refere-se apenas ao Executivo, mas, conforme as LDO’s, todos os

    Poderes e o MP devem estabelecer sua própria programação financeira e seucronograma de desembolso:

    Lei 12.017/2009 (LDO 2010), Ar t. 69. Os Poderes e o Mini stério Público da

    União deverão elaborar e publ icar por ato próprio, até30 (tr inta) dias após a

    publ icação da Lei Orçamentária de 2010, cr onograma anual de desembolso

    mensal, por órgão, nos termos do art. 8º da Lei Complementar nº 101, de 2000,

    com vistas ao cumpr imento da meta de resul tado pr imário estabelecida nesta

    Lei.

    Por outro lado, o desdobramento bimestral da arrecadação da receita, bem

    como seu acompanhamento, ficam a cargo do Executivo mesmo, que é o

    grande arrecadador entre os Poderes.

    Já estudamos anteriormente o parágrafo único do art. 8º, mas vamos relembrá-

    lo:

    Ar t. 8º, Parágrafo úni co. Os recursos legalmente vinculados a f inal idade

    específica serão uti l izados exclusivamente para atender ao objeto de sua

    vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocor rer o ingresso.

    Como vimos, esse dispositivo garante que os recursos vinculados a certas

    despesas, por força de lei ou instrumento contratual, somente nelas sejam

    aplicados, mesmo que a execução só ocorra em exercício posterior. Assim,

    é premissa para a execução do orçamento a garantia de vinculação entre os

    recursos arrecadados e suas aplicações predefinidas.

    Portanto, não existe um “zeramento” relativamente aos recursos vinculados,pelo fato de não terem sido aplicados no âmbito do orçamento em que

    porventura tenham sido arrecadados.

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    15.  (FCC/ANALISTA/TRE-RN/2011) A LRF determina que os recursoslegalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados

    exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em

    exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.16.  (CESPE/ANALISTA/TCE-AC/2009) Após o início do exercício financeiro, os

     poderes dispõem de 30 dias para o estabelecimento da programação

    financeira e cronograma de execução mensal de desembolso.

    A questão 15 está CERTA. Trata-se da transcrição do parágrafo único do art. 8º

    da LRF.

    A questão 16 está ERRADA: o prazo de 30 dias para o estabelecimento da

    programação financeira e do cronograma de desembolso é contado a partir dapublicação da LOA, e não do início do exercício.

    Cumprimento de metas de resultado

    Sobre o cumprimento de metas, o Manual Técnico de Orçamento traz os

    seguintes comentários a respeito:

    Em 1964, a edição da Lei nº 4.320 já evidenciava a preocupação do

    legislador quanto ao fiel cumprimento do equilíbrio entre receitas e

    despesas no orçamento, permitindo que o Poder Executivo se organizasse

    de forma a prevenir as oscilações que aconteceriam no decorrer do

    exercício financeiro, invocando a necessidade de estipular cotas

    trimestrais para a execução da despesa. Em 2000, a Lei de

    Responsabilidade Fiscal –   LRF trouxe a necessidade de incorporar metasde resultado fiscal, além de ressaltar o descompasso provável entre

    receitas e despesas, de modo a equilibrar o orçamento em tempo hábil

     para não prejudicar o desempenho do governo nas três esferas: federal,

    estadual e municipal. Já a Lei de Diretrizes Orçamentárias –  LDO completa

    os dispositivos legais da determinação do controle fiscal e dos recursos

    disponibilizados, informando, entre outros parâmetros, qual será a base

    contingenciável, as despesas que não são passíveis de

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    contingenciamento, assim como o estabelecimento de demonstrativos

    das metas de resultado primário e sua periodicidade.

    Tratando da lei seca, a LRF aborda o cumprimento de metas de resultado no

    art. 9º e seus parágrafos, como segue:

    Art. 9º Se verif icado, ao final de um bimestre, que a reali zação da receita poderá

    não comportar o cumprimento das metas de resul tado pr imário ou nominal

    estabelecidas no Anexo de Metas F iscais, os Poderes e o Ministério Público

    promoverão, por ato própr io e nos montantes necessários, nos tr inta di as

    subsequentes, l imi tação de empenho e movimentação f inanceir a, segundo os

    cr itérios fixados pela lei de di retr izes orçamentárias.

    § 1º No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a

    recomposição das dotações cujos empenhos foram limi tados dar -se-á de forma

    proporcional às reduções efetivadas.

    § 2º Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações

    constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do

    serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretr izes orçamentárias.

    § 3º No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o M inistério Públ ico nãopromoverem a l imi tação no prazo estabelecido no caput, éo Poder Executi vo

    autorizado a limi tar os valores f inanceiros segundo os cri térios f ixados pela lei

    de di retr izes orçamentárias.

    Vamos comentar essas regras.

    Como já estudamos, o Anexo de Metas Fiscais estabelece, entre outras, metas

    de resultado primário e nominal para o exercício de referência e para os dois

    seguintes.

    Deixando bem repisado, durante o exercício financeiro, faz-se um

    acompanhamento constante  da arrecadação da receita, que servirá como

    condição para a execução da despesa programada. O Poder Executivo, após a

    publicação da LOA, deve desdobrar a arrecadação prevista em metas

    bimestrais.

    Pelo lado da despesa, cada Poder, mais o Ministério Público, deve estabelecer a

    programação financeira  e o cronograma de execução mensal de

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    desembolso, sempre conforme o ritmo de arrecadação, para garantir a

    sustentabilidade das liberações de gastos.

    Ocorrendo alguma baixa na arrecadação, a ponto de ameaçar as metas de

    resultado primário ou nominal, todos os Poderes e o MP devem “frear” o ritmode execução da despesa. Assim, tanto a emissão de empenhos  quanto a

    transferência de recursos devem ser reduzidas, para que o nível da execução

    da despesa fique adequado ao cenário de receita diminuída. Isso que o que se

    chama, comumente, de “contingenciamento de despesas”.

    Perceba que não é o caso de aguardar a despesa superar a receita. O

     parâmetro são as metas de resultado. Como as metas de resultado,

    normalmente, são positivas, isso significa que, para contingenciardespesas, não se espera “faltar dinheiro”, mas, simplesmente, “sobrar

    menos dinheiro”. 

    Havendo retomada da arrecadação, também se procede à liberação das

    despesas contingenciadas, proporcionalmente às reduções antes efetivadas.

    É importante observar também que nem toda despesa pode ser

    contingenciada. As despesas obrigatórias segundo a CF/88 (pessoal, dívida

    pública e transferências constitucionais ou legais) não podem ser afetadas poresse artifício de controle.

    Da mesma forma, as despesas ressalvadas pela LDO  não podem ser

    contingenciadas. Como já está bem estudado, a LDO indica quais despesas são

    prioritárias para a Administração no exercício em foco. Um dos efeitos de uma

    despesa ser considerada prioritária na LDO é justamente ficar a salvo desses

    cortes.

    Ultimamente, um bom exemplo de despesas ressalvadas são as relativas aprojetos do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC. Como o

    governo aposta todas as fichas no PAC, é natural que os projetos respectivos

    não sejam prejudicados pelo contingenciamento.

    Muito bem, depois de afastadas as obrigações constitucionais e as ressalvas da

    LDO, sobra o grupo das “despesas discricionárias”, sobre as quais incidirá o

    contingenciamento.

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    Como já se destacou, todos os Poderes e o MP  devem dar sua parcela de

    contribuição para a manutenção do equilíbrio fiscal. Portanto, por ato próprio,

    todos deverão limitar suas despesas diante de um quadro de queda de

    arrecadação.

    Entretanto, originalmente, a LRF dispunha que, caso algum Poder ou o MP

    não procedesse ao respectivo contingenciamento, o Executivo poderia

    descontar a parcela correspondente  ao contingenciamento sobre o valorrepassado ao Poder “não solidário”. É a previsão do § 3º do art. 9º, reproduzido

    acima.

    O desconto se daria sobre o repasse mensal que o Executivo faz aos outros

    Poderes, em obediência ao art. 168 da CF/88:

    Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias,

    compreendidos os crédi tos suplementares e especiais, desti nados aos órgãos dos

    Poderes Legislativo e Judiciário, do M inistério Público e da Defensoria Pública,

    ser-lhes-ão entregues atéo di a 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da lei

    complementar a que se refere o ar t. 165, § 9º.

    Entretanto, essa possibilidade de “desconto em folha” por parte do Executivo foi

    declarada inconstitucional  pelo STF (ADIN 2.238), devido à afronta aoprincípio da separação dos Poderes. Assim, o Executivo não pode 

    contingenciar despesas que não sejam as suas próprias, devendo aguardar pela

    colaboração dos outros.

    17.  (FCC/ANALISTA/TRE-RN/2011) Se for constatado que, ao final de umbimestre, a realização da receita não permitirá o cumprimento das metas

    de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais,

    os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos

    montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de

    empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei

    de diretrizes orçamentárias.

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    18.  (CESPE/ANALISTA/FINEP/2009) O Poder Executivo é responsável por promover, de imediato, a limitação de empenho em todas as dotações da

    lei orçamentária anual quando houver indícios de que a realização da

    receita não comportará o cumprimento das metas de resultado primário.19.  (FGV/ASSESSOR/DETRAN-RN/2010) No caso de restabelecimento da

    receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações, cujos

    empenhos foram limitados, dar-se-á de forma proporcional às reduções

    efetivadas.

    20. 

    (CESPE/ANALISTA/MMA/2008) De acordo com a LRF, as despesas

    destinadas ao pagamento do serviço da dívida não serão objeto de

    limitação, ainda que se verifique, ao final de um bimestre, que a realizaçãoda receita possa não comportar o cumprimento das metas de resultado

     primário ou nominal estabelecidas no anexo de metas fiscais.

    A questão 17 reproduz o teor do caput do art. 9º da LRF. Questão CERTA.

    Quanto à questão 18, já vimos que o Executivo só pode contingenciar despesas

    de seus órgãos e entidades, sem invadir a esfera dos outros Poderes. Questão

    ERRADA.

    A questão 19 está CERTA. O “retorno” gradual da receita aos patamaresesperados permite a recomposição das despesas de forma proporcional às

    reduções anteriores.

    A questão 20 traz uma reescritura meio estranha, mas correta, do caput e do §

    3º do art. 9º da LRF. Questão CERTA.

    Renúncia de receita

    De cara, vamos à lei seca:

    Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza

    tr ibutária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de

    estimati va do impacto orçamentário-f inanceiro no exercício em que deva in iciar

    sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de dir etr izes

    orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:

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    I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na

    estimati va de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não

    afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo própr io da lei de

    diretr izes orçamentárias;

    I I - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no

    caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas,

    ampl iação da base de cálculo, majoração ou cr iação de tr ibuto ou contr ibuição.

    § 1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédi to presumido,

    concessão de isenção em caráter não ger al , alteração de alíquota ou

    modif icação de base de cálculo que implique redução di scrimi nada de tr ibutos

    ou contr ibuições, e outr os benefícios que correspondam a tr atamentodiferenciado.

    § 2º Se o ato de concessão ou ampl iação do incenti vo ou benefício de que trata o

    caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso I I , o benefício só

    entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado

    inciso.

    Antes de prosseguir, pode-se perguntar: por que um ente público deixaria de

    arrecadar receita?

    Várias razões podem justificar essa decisão. Por exemplo, um município pode

    conceder descontos  sobre o IPTU relativamente às empresas que se

    instalarem em seu território a partir de certa data. Renuncia-se a parte da

    arrecadação para, ao mesmo tempo, aumentar a atividade econômica local (o

    que vai resultar, futuramente, em maior arrecadação tributária).

    Ainda como exemplo, um Estado poderia favorecer o desenvolvimento de

    determinado setor produtivo, diminuindo a incidência do ICMS sobre osgêneros comercializados desse ramo.

    Portanto, tendo em vista que a obtenção de receita é primordial para a

    manutenção do equilíbrio fiscal, renunciar  à arrecadação de certas receitas

    deve ser algo bastante justificável.

    Além dos instrumentos já definidos legalmente (anistia, remissão, subsídio,

    crédito presumido e isenção), o § 1º aponta o principal critério para se

    classificar certa medida como renúncia de receita: os efeitos devem ser “não

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    gerais”, ou seja, não podem alcançar todos os contribuintes obrigados ao

    pagamento. Portanto, renúncia de receita, para a LRF, consiste num

    tratamento diferenciado quanto ao conjunto de contribuintes.

    Para se conceder ou ampliar incentivos/benefícios tributários, as metas deresultado (aquelas do Anexo de Metas Fiscais) não podem ser afetadas, ou

    todo o trabalho de equilíbrio das contas seria posto a perder.

    Assim, é necessário fazer um trabalho de planejamento a respeito da renúncia

    de receita pretendida. Deve-se projetar o impacto  dessa operação, em

    termos orçamentários e financeiros, para o exercício de início da vigência e

    para os dois subsequentes.

    Outro ponto importante sobre a renúncia de receita é a necessidade, ou não, decompensação dos recursos que deixam de ser arrecadados.

    Por exemplo, se as condições fiscais do ente federado permitem que ele

    simplesmente renuncie a parte da arrecadação, sem maiores problemas 

    quanto às metas fiscais, pode-se editar uma LOA com receita já abatida da

    renúncia, não sendo necessário instituir quaisquer compensações.

    Por outro lado, para renunciar a receita sem ter havido a previsão, na LOA, da

    receita já diminuída, a alternativa é a obtenção, a partir de outra fonte, dosrecursos correspondentes para a compensação. Dispensa-se a arrecadação

    de um lado para se obter o equivalente a partir de outro setor ou atividade

    econômica. Perceba que, nesse caso, não se pode simplesmente desprezar a

    previsão da receita feita pela LOA, diminuindo a arrecadação.

    Nesse sentido, são opções de compensação à renúncia de receita: a criação ou

    majoração de novo tributo; a elevação de alíquotas; a ampliação da base

    de cálculo de tributo já existente.

    A LRF indica, adicionalmente, que, sendo necessário instituir medidas de

    compensação, a renúncia de receita só poderá se efetivar depois de tais

    medidas entrarem em vigor. Como diz o ditado, “o seguro morreu de velho”! 

    Por fim, a LRF dispensa das regras sobre renúncia de receita o cancelamento de

    débito inferior aos respectivos custos de cobrança e as alterações de alíquotas

    dos “impostos extrafiscais” federais, utilizados pelo governo para  regular a

    economia: impostos de importação (II), de exportação (IE), sobre produtos

    industrializados (IPI) e sobre operações financeiras (IOF).

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    21.  (FCC/ANALISTA/TCE-AM/2013) É forma de renúncia de receita, nos termos

    da Lei de Responsabilidade Fiscal,

    (A) a isenção em caráter não geral.

    (B) a redução de metas fiscais de arrecadação.

    (C) o cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao respectivocusto de cobrança.

    (D) a alteração de alíquota de IPI, nos termos previstos na Constituição

    Federal.

    (E) o parcelamento de crédito da dívida ativa.

    22.  (FCC/AGENTE/TCE-SP/2012) Determinado Estado-membro pretende

    conceder, através de lei, isenção de imposto de sua competência, pelo

     período de três meses, a partir de junho de 2012, para as indústriasautomobilísticas instaladas em seu território e que empreguem mais de mil

    funcionários. Esta medida,

    (A) está fora do campo de competência do Estado-membro, por

    caracterizar renúncia de receita.

    (B) somente terá cabimento se houver previsão no plano plurianual e na lei

    de diretrizes orçamentárias, sem embargo de ter sido previamente autorizada

     pela lei orçamentária anual, por se tratar de renúncia de receita vinculada.

    (C) por ser forma de renúncia de receita, pressupõe, em qualquer situação,

    que esteja acompanhada de medidas de compensação no exercício em que

    deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, por meio de aumento de receita

     por majoração de outro tributo.

    (D) caracteriza-se como renúncia de receita e, como tal, deve estar

    acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício

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    em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, além de atender a outros

    requisitos legais.

    (E) não se caracteriza como renúncia de receita, pelo fato de não se tratar

    de isenção em caráter geral, hipótese legalmente considerada renúncia dereceita.

    23.  (CESPE/CONSELHEIRO/TCE-ES/2012) Nos termos da Lei de

    Responsabilidade Fiscal, a concessão de benefício tributário do qual decorra

    renúncia de receita do IPI deve estar acompanhada de estimativa do

    impacto orçamentário-financeiro e da correspondente compensação.

    Dos itens da questão 21, o que representa renúncia de receita é a isenção em

    caráter não geral. Gabarito: A.

    Na questão 22, vê-se um exemplo hipotético de benefício tributário que

    evidencia tratamento diferenciado, passível de classificação como renúncia de

    receita. Dessa forma, faz-se necessário elaborar a estimativa de impacto

    orçamentário-financeiro, entre outras exigências. Gabarito: D.

    A questão 23 está ERRADA. Como assinalado, os impostos regulatórios (II, IE,

    IPI e IOF) podem ter suas alíquotas alteradas sem que se observem as regras

    relativas à renúncia de receita.

    Geração de despesa

    Vamos começar nosso estudo sobre regras e condições para geração de

    despesa pelo art. 16 da LRF:

    Art. 16. A cr iação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que

    acarrete aumento da despesa será acompanhado de:

    I - estimativa do impacto orçamentário-f inanceiro no exercício em que deva

    entrar em vigor e nos dois subsequentes;

    I I - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação

    orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibi l idade com

    o plano plur ianual e com a lei de diretr izes orçamentárias.

    § 1º Para os fi ns desta L ei Complementar , considera-se:

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    I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa obj eto de dotação

    específica e suf iciente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma

    que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar,

    previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limi tesestabelecidos para o exercício;

    I I - compatível com o plano plu r ianual e a lei de diretr izes orçamentárias, a

    despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas

    previstos nesses instrumentos e não inf r inja qualquer de suas disposições.

    § 2º A estimativa de que trata o inci so I do caput será acompanhada das

    premissas e metodologia de cálculo uti l izadas.

    § 3º Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada i r relevante, nos

    termos em que dispuser a lei de dir etr izes orçamentárias.

    § 4º As normas do caput consti tuem condição prévia para:

    I - empenho e lici tação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obr as;

    I I - desapropr iação de imóveis ur banos a que se refere o § 3º do ar t. 182 da

    Consti tuição.

    Com a exceção de despesas irrelevantes (a serem conceituadas pela LDO),

    os incisos do art. 16 tratam das condições para que se crie ou amplie uma

    despesa referente a criação, expansão ou aperfeiçoamento  de ação

    governamental (normalmente, trata-se de ações orçamentárias do tipo

    projeto).

    Você já deve ter percebido que esse prazo de 3 exercícios aparece

    algumas vezes na LRF. Aquela história da “ação planejada” que vimos

    logo no início da aula se reflete, entre outras coisas, na observância dos

    efeitos de certos fenômenos ou atos durante esse período.

     Assim, a geração da despesa deve ser acompanhada da estimativa de

    impacto orçamentário-financeiro no exercício de início e nos dois

    seguintes.

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    Perceba também que a despesa criada ou ampliada deve ser compatível com

    o PPA e a LDO, e ter adequação orçamentária e financeira com a LOA.

    Sem o cumprimento dessas condições, não se pode iniciar a execução da

    despesa nova: nada de empenhar, realizar licitação, contratar bens ouserviços ou, até mesmo, desapropriar imóveis urbanos (o que, conforme a

    CF/88, deve ser indenizado previamente e em dinheiro).

    24.  (CESGRANRIO/AUDITOR/IBGE/2010) Segundo o disposto na Lei deResponsabilidade Fiscal, a criação, a expansão ou o aperfeiçoamento da

    ação governamental que acarretem aumento da despesa serão

    acompanhados de estimativa do impacto orçamentário-financeiro, no

    exercício

    (A) anterior ao que for entrar em vigor.

    (B) subsequente à vigência do PPA.

    (C) durante o período do PPA.

    (D) em vigor e nos quatro subsequentes.

    (E) que entrar em vigor e nos dois subsequentes.

    25.  (FCC/ESPECIALISTA/PREF. SÃO PAULO/2010) A despesa considerada

    irrelevante é aspecto do planejamento que deve estar previsto

    (A) na LOA − Lei Orçamentária Anual. 

    (B) na LDO − Lei de Diretrizes Orçamentárias. 

    (C) na LDO − Lei Orçamentária Anual e no PPA − Plano Plurianual. 

    (D) no PPA − Plano Plurianual. 

    (E) no PPA − Plano Plurianual e na LOA − Lei Orçamentária Anual. 

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    26.  (FCC/APOFP/SEFAZ-SP/2010) Sobre despesa pública, é correto afirmar quedispensa compatibilidade com o plano plurianual, desde que adequada à lei

    orçamentária anual e à lei de diretrizes orçamentárias, bem assim que

    esteja inserida em dotação específica e suficiente ou abrangida por créditogenérico.

    Na questão 24, a estimativa do impacto orçamentário-financeiro do aumento de

    despesa relativo a criação, expansão ou aperfeiçoamento da ação

    governamental deve abranger o exercício em que entrar em vigor e nos dois

    subsequentes. Gabarito: E.

    Na questão 25, os critérios para se considerar uma despesa como irrelevante

    devem ser fixados pela LDO, conforme o art. 16, § 3º, da LRF. Gabarito: B.Como já vimos, todos os instrumentos e procedimentos de natureza

    orçamentária devem ser compatíveis com o PPA. A questão 26 está ERRADA.

    Despesas obrigatórias de caráter continuado

    As despesas obrigatórias de caráter continuado (DOCC) têm suas características

    discriminadas no art. 17 da LRF:

    Ar t. 17. Considera-se obrigatór ia de caráter continuado a despesa corrente

    derivada de lei , medida provisór ia ou ato admin istrativo normativo que f ixem

    para o ente a obr igação legal de sua execução por um período superior a dois

    exercícios.

    § 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão

    ser instruídos com a estimati va prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a

    origem dos recur sos para seu custeio.

    § 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será acompanhado de

    comprovação de que a despesa cr iada ou aumentada não af etará as metas de

    resul tados fiscais previstas no anexo referido no § 1º do art. 4º, devendo seus

    efeitos f inanceiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento

    permanente de receita ou pela redução permanente de despesa.

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    § 3º Para efei to do § 2º, considera-se aumento permanente de receita o

    proveniente da elevação de alíquotas, ampl iação da base de cálcu lo, major ação

    ou cr iação de tr ibuto ou contr ibuição.

    § 4º A comprovação referida no § 2º, apresentada pelo proponente, conterá as

    premissas e metodologia de cálculo uti l izadas, sem prejuízo do exame de

    compatibi l idade da despesa com as demais normas do plano plur ianual e da lei

    de di retr izes orçamentárias.

    § 5º A despesa de que trata este artigo não será executada antes da

    implementação das medidas referidas no § 2º, as quai s integrarão o instrumento

    que a criar ou aumentar.

    § 6º O disposto no § 1º não se apl ica às despesas destinadas ao serviço da dívida

    nem ao r eajustamento de remuneração de pessoal de que trata o inciso X do ar t.

    37 da Consti tuição.

    § 7º Considera-se aumento de despesa a pror rogação daquela cr iada por prazo

    determinado.

    Diferentemente das despesas que comentamos há pouco, relativas a criação,

    expansão ou aperfeiçoamento da ação governamental, e que caracterizamtipicamente investimentos, as DOCC  são despesas correntes, ou seja, de

    manutenção da máquina administrativa e de serviços públicos.

    Por serem despesas correntes, as DOCC não importam enriquecimento do

    Estado  (o que é característica das despesas de capital). Portanto, DOCC são

    executadas em favor de atividades e serviços que beneficiam direta ou

    indiretamente a sociedade, mas que não envolvem aumento patrimonial.

    Vale anotar as outras características dessas despesas: elas são obrigatórias,em virtude de serem instituídas por atos normativos, e são de longo prazo 

    (mais que dois exercícios).

    Todas essas características das DOCC trazem alto risco para o equilíbriofiscal: trata-se de despesas que diminuem o patrimônio, que duram bastante

    tempo e cuja execução não pode ser interrompida.

    É por isso que a LRF traz tantas condições para a criação de DOCC. Vamos

    esquematizá-las:

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      estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que a

    despesa deva entrar em vigor e nos dois subsequentes;

      demonstração da origem dos recursos para custeio;

      comprovação de não afetação das metas de resultado fiscais do AMF;

      compensação por meio de aumento permanente de receita ou redução

    permanente de despesa;

      início da execução da DOCC apenas depois das medidas de compensação.

    Veja que, diferentemente da renúncia de receita, que pode ser “absorvida” pela

    LOA, a LRF não dá alternativa quanto às DOCC: elas devem ser

    acompanhadas de medidas de compensação, e ponto final.

    Essas medidas de compensação são aquelas que servem também para as

    renúncias de receita, já comentadas (envolvendo aumento de receita). Mas,

    aqui, também se pode compensar por meio da redução de despesa. De

    qualquer forma, as medidas de compensação, em nome da “segurança fiscal”,

    devem ser instituídas no mesmo instrumento que criar a DOCC.

    O § 6º estabelece duas exceções à classificação de despesas como DOCC.

    Apesar de apresentarem todas as características aqui estudadas, elas nãoprecisarão se submeter a esse rígido regime de aprovação e execução. Trata-se

    das despesas relativas ao pagamento da dívida pública e ao reajuste geral

    do funcionalismo.

    O § 7º do art. 17 evita que uma despesa seja criada para um período curto,

    fugindo à classificação como DOCC, e, posteriormente, seja prorrogada.

    Assim, estaríamos diante de uma DOCC camuflada, desobrigada de seguir todas

    essas regras.

    Para evitar essa situação, a prorrogação de uma despesa “normal” será

    considerada “aumento de despesa”, e, dessa forma, será enquadrada nas

    regras das DOCC.

    Relembrando o que vimos anteriormente, o Anexo de Metas Fiscais da LDO

    deverá conter um demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia

    de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter

    continuado, e a LOA, por seu turno, trará as próprias medidas de

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    compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias

    de caráter continuado.

    Para finalizar, segundo o art. 15 da LRF, a geração de despesa ou a assunção

    de obrigação que não atendam às regras para criação de despesa cominvestimentos (art. 16) e de DOCC (art. 17) serão consideradas “não

    autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público”.

    27.  (FCC/ANALISTA/PGE-BA/2013) Segundo legislação específica, considera-se

    obrigatória de caráter continuado a despesa corrente que decorra

    (A) apenas de lei que fixe para o ente a obrigação legal de sua execução

     por um período superior a dois exercícios.

    (B) de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem

     para o ente a obrigação legal de sua execução por um período não superior a

    dois exercícios.

    (C) apenas de ato administrativo normativo que fixe para o ente a

    obrigação legal de sua execução por um período inferior a dois exercícios.

    (D) de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a, pelo

    menos, três exercícios.

    (E) de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem

     para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois

    exercícios.

    28.  (CESPE/ADVOGADO/AGU/2008) A revisão geral anual da remuneração de

    servidores públicos é uma exceção à necessidade de que, para o aumento

    da despesa, seja demonstrada a origem dos recursos para seu custeio.

    29.  (FGV/ANALISTA/SAD-PE/2008) Não é considerada aumento de despesa a

     prorrogação da despesa criada de acordo com as regras da LC 101/2000,

    ainda que por prazo determinado.

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    30.  (FCC/TÉCNICO/TRT-11/2012) Os atos que aumentarem ou criaremdespesa obrigatória de caráter continuado para um ente da federação

    deverão demonstrar a origem de recursos para seu custeio.

    Na questão 27, o conceito correto de DOCC compreende as despesas correntes,derivadas de lei/MP/ato normativo, com obrigação de execução por período

    superior a dois exercícios. Gabarito: E.

    A questão 28 indica corretamente uma das exceções às exigências das DOCC.

    Apesar de se caracterizar como tal, a revisão geral anual do funcionalismo não

    precisa obedecer às limitações da LRF quanto ao tema. Questão CERTA.

    A questão 29 está ERRADA: o problema foi a negação de uma previsão legal

    (art. 17, § 7º, da LRF).

    O enunciado da questão 30 reproduz uma das condições para a criação de

    DOCC. Questão CERTA.

    Despesa com pessoal

    A despesa com pessoal constitui um dos grandes pontos de interesse da Lei deResponsabilidade Fiscal, pelo volume  que assume nos gastos públicos  e

    pelas características de risco para o equilíbrio fiscal.

    Para garantir a sustentabilidade das contas públicas, as despesas com pessoaldevem ser mantidas sobre controle, em virtude de suas características de

    DOCC.

    Despesas com pessoal são “eternas”, no sentido de não poderem, em

    princípio, ser reduzidas ou cortadas. E ainda há os casos de prorrogação, aose transformar a remuneração de pessoal ativo em pensões ou

    aposentadorias.

    Em virtude dessas observações, faz parte da responsabilidade na gestão fiscal

    manter sob controle as despesas com pessoal.

    Para a LRF (art. 18), a despesa total com pessoal de um ente federado abrange

    os seguintes itens:

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    (...) gastos com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos

    eleti vos, cargos, funções ou empregos, civis, mi l i tar es e de membros de Poder,

    com quaisquer espécies remuneratóri as, tais como vencimentos e vantagens,

    f ixas e var iáveis, subsídios, proventos da aposentador ia, reformas e pensões,inclusive adicionais, grati f icações, hor as extras e vantagens pessoais de

    qualquer natur eza, bem como encargos sociais e contr ibuições recolhidas pelo

    ente às entidades de pr evidência.

    Além dessas, são contabilizadas como “outras despesas de pessoal” aquelas

    referentes à terceirização de mão de obra  que venha a substituir

    servidores e empregados públicos. A terceirização de mão de obra que nãosirva a tal fim  continuará sendo classificada como “outras despesas

    correntes”. 

    Para a contabilização da despesa com pessoal, são apuradas as despesas

    executadas no mês de referência e nos onze anteriores, obedecendo ao

    regime de competência (ou seja, leva-se em consideração o fato gerador

    da despesa, e não a saída dos recursos do caixa). Esse período de

    apuração (mês de referência + 11 anteriores) é o mesmo da receita

    corrente líquida, que, como já dito, é a base de comparação para diversoscálculos e limites da LRF.

    A LRF instituiu os limites máximos da despesa total com pessoal, calculados

    também sobre a RCL. Tais limites são de 50% da RCL para a União  e de

    60% da RCL para Estados, DF e Municípios.

    Para realizar o cálculo da despesa com pessoal, definindo seu percentual em

    relação à RCL, são feitas algumas deduções, das quais podemos destacar as

    seguintes:

      indenização por demissão de servidores ou empregados;

      incentivos à demissão voluntária;

      decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao

    da apuração da despesa total com pessoal (11 meses anteriores);

      despesas com inativos não suportadas diretamente pelo orçamento do

    ente público.

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    Os limites de 50% ou 60% são, por fim, “rateados” entre os Poderes e órgãos

    dos entes federados, cabendo a maior parcela ao Executivo  (maior

    empregador, como regra). Vejamos um quadro demonstrativo desse rateio:

    % sobre receita corrente líquida

    UNIÃO (máximo de 50% da RCL)

    Executivo Legislativo (incluindo o TCU) Judiciário MPU

    40,9% 2,5% 6% 0,6%

    ESTADOS/DF (máximo de 60% da RCL)

    Executivo Legislativo (incluindo o TCE) Judiciário MPE

    49%

    (48,6% se houver TCM)

    3%

    (3,4% se houver TCM)

    6% 2%

    MUNICÍPIOS (máximo de 60% da RCL)

    ExecutivoLegislativo (incluindo TC do M, quando

    houver)

    54% 6%

    Entrando um pouco na seara do Direito Constitucional, vamos diferenciar

    Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) de Tribunal de Contas do

    Município (TC do M).

     A CF/88 permite (art. 31, § 1º) que os estados instituam um tribunal decontas especializado para exercer atividades de controle externo sobre os

    municípios do estado. Esse é o Tribunal de Contas dos Municípios, um

    órgão estadual.

     Atualmente, quatro estados têm TCM em sua estrutura orgânica: Pará,

    Ceará, Bahia e Goiás.

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    Não havendo esse órgão especializado, o controle dos municípios será

    exercido pelo próprio Tribunal de Contas do Estado, em auxílio às

    Câmaras de Vereadores.

    Quando aos Tribunais de Contas do Município (órgãos municipais), só

    existem dois: o do município de São Paulo e o do Rio de Janeiro. E não

     podem existir outros: a CF/88 proibiu a criação de novos tribunais desse

    tipo (art. 31, § 4º).

    31.  (CESGRANRIO/AUDITOR/IBGE/2010) Para os efeitos da Lei deResponsabilidade Fiscal, entende-se como despesa total com pessoal o

    somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os

     pensionistas relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos,

    civis, militares e de membros de poder, com quaisquer espécies

    remuneratórias. Nos gastos de despesa com pessoal, NÃO se inclui nos

    limites da Lei os(as)

    (A) subsídios.

    (B) incentivos à demissão voluntária.

    (C) vencimentos e as vantagens variáveis.

    (D) gratificações.

    (E) horas extras.

    32.  (FCC/ANALISTA/TRT-06/2012) Sobre a Despesa com Pessoal prevista na

    Lei de Responsabilidade Fiscal, é correto afirmar:

    (A) A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no

    mês em referência com a do bimestre anterior, adotando-se o regime de

    competência.

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    (B) A despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cadaente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita de capital

    líquida.

    (C) É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda o limite legal de comprometimento aplicado às despesas

    com a mão de obra terceirizada.

    (D) Os valores dos contratos de terceirização de mão de obra que se

    referem à substituição de servidores e empregados públicos serão

    contabilizados como "Outras Despesas de Pessoal”. 

    (E) A verificação do cumprimento dos limites com a despesa de pessoal

    será realizada ao final de cada bimestre.

    33.  (FCC/TÉCNICO/FHEMIG/2013) Na esfera municipal, a despesa total com

     pessoal, em cada período de apuração, não poderá exceder os percentuais

    da receita corrente líquida em

    (A) 49% para o Executivo e 3% para o Legislativo, incluído o Tribunal de

    Contas do Estado.

    (B) 50% para o Executivo e 4% para a Administração Indireta.(C) 65% incluindo o Executivo e a Câmara Municipal.

    (D) 54% para o Executivo e 6% para o Legislativo, incluído o Tribunal de

    Contas do Município, quando houver.

    (E) 60% somente para o Executivo.

    Na questão 31, o item excluído da contabilização da despesa to