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Conteúdo Exclusivo do Assinante - Copyright ©2011 – AcademiaDoProdutorMusical.com ACADEMIA DO PRODUTOR MUSICAL ACADEMIA DO PRODUTOR MUSICAL Aula 12 GRAVAÇÃO DIGITAL (texto complementar à vídeo-aula) Índice alfabético Conversões de Áudio Digital........................................... 2 Resolução do Áudio Digital............................................. 9 Sample Rates Altos e UPSAMPLING................................. 5 facebook.com/AcademiaDoProdutorMusical twitter.com/AcadProdMusical

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ACADEMIA DO PRODUTOR MUSICALACADEMIA DO PRODUTOR MUSICAL

Aula 12

GRAVAÇÃO DIGITAL

(texto complementar à vídeo-aula)

Índice alfabético

Conversões de Áudio Digital...........................................2

Resolução do Áudio Digital.............................................9

Sample Rates Altos e UPSAMPLING.................................5

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Conversões de Áudio Digital

Como vimos na vídeo-aula, a conversão de Analógico para Digital requer equipamentos cuidadosos, que tenham um certo padrão de qualidade.

Em teoria, qualquer áudio amostrado com sample rate acima de 40kHz, e uma resolução infinita, poderia ser reconstituído para o formato analógico sem qualquer perda audível. Ou seja, se o clock do conversor A/D for preciso e IDÊNTICO ao clock do conversor D/A, a onda resultante seria representação fiel do áudio analógico original (estamos assumindo que todos os equipamentos na cadeia são de excelente qualidade).

Afinal, o conversor D/A irá simplesmente gerar uma onda analógica baseada nas informações (amostras) da onda digital. Quanto mais fiéis as amostras, melhor o resultado. Ao contrário do que muita gente pensa, a onda reconstruída não possui "degraus", tem uma forma contínua e analógica, muito semelhante à onda original.

Na prática, o clock não é tão perfeito e estável quanto imaginamos e, além disso, sabemos que a resolução do áudio digital (quantidade de bits) não é infinita. Existem erros de arredondamento, conhecidos como erros de quantização e as distorções resultantes das conversões (amostras) podem alterar o timbre, tornando-se audíveis, sobretudo nos sinais mais fracos.

Como não há o que se possa fazer para melhorar a resolução (24 bits é o limite atual para conversão A/D), resta-nos contar com um CLOCK tão estável quanto possível. Atualmente, mesmo os equipamentos baratos possuem clocks aceitáveis, bastante estáveis e a qualidade do clock raramente se mostra um problema. É claro que, como tudo no áudio, a partir de um determinado ponto, alguns usuários, em algumas situações, podem afirmar que um clock mais estável (e muito mais caro) seja justificável. Polêmicas à parte, para nós, o clock da nossa interface será mais do que suficiente.

O maior problema (e muito mais realista) acontece quando diferentes sistemas são usados para gravar pistas de um mesmo projeto, porque haverá diferenças entre os clocks dos sistemas. Uma boa solução é sempre usar uma MESMA pista de referência (metrônomo, bateria etc.) como playback de todas as gravações, em todos os sistemas!

Quantidade de amostras por segundo

A taxa de amostragem (sample rate) determina quantas vezes o áudio analógico é amostrado (convertido para um valor digital) por segundo. O sample rate de 44.1kHz indica que, a cada segundo, 44.100 novas amostras do áudio são, ou melhor, deveriam ser realizadas. Se este número NÃO se mantiver constante durante todo o tempo, o áudio será amostrado mais ou menos vezes a cada segundo.

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O problema é que qualquer equipamento que venha a processar este áudio digitalmente, ou precise convertê-lo para analógico, irá assumir que cada 44.100 amostras equivalem a um segundo e isso não será verdade. Resultado: a onda resultante será distorcida, com uma duração diferente da original e com outra forma de onda. Quanto menor a estabilidade do clock, maiores as distorções.

A forma da onda digitalizada se altera porque a amostra realizada em um momento errado terá um valor diferente da amostra que seria realizada no momento certo. Como o conversor D/A não sabe quando esta amostra foi realizada de fato, assume que ela foi feita no momento certo e acaba gerando uma onda analógica diferente da original. Se além disso, durante a reprodução o clock do conversor D/A também apresentar desvios, o áudio será ainda mais distorcido.

Na prática, nenhum clock é perfeito e não existem dois equipamentos com clocks idênticos (somente se estiverem sincronizados em tempo real). Portanto, é comum termos alterações de duração e timbre durante gravações e reproduções. Somente temos que mantê-las dentro de um limite aceitável, usando equipamentos decentes e utilizando técnicas corretas de interligação, sincronização, exportação etc.

Mesmo que ao final da música a variação da duração seja, por exemplo, de dois segundos em relação a original, não será um problema audível se todas as pistas da mesma mixagem estiverem alinhadas. Isso ocorre quando foram gravadas sobre uma mesma referência musical de tempo e são reproduzidas pelo mesmo clock.

Os problemas notáveis normalmente ocorrem quando um outro áudio, convertido e/ou reproduzido por outro clock, toca simultaneamente. Neste caso, temos o famoso problema de sincronismo, que é comum em produções que se utilizam de mais de um equipamento digital ao mesmo tempo.

Quando há mais de um equipamento digital interligados no estúdio, um ÚNICO clock deve comandar todos os conversores. Este clock é conhecido como MASTER e todos os conversores devem funcionar como escravos (SLAVE) deste clock principal. Para garantir excelente estabilidade, sem problemas de alteração da duração ou da tonalidade, o clock MASTER deve ser o melhor clock do estúdio. Existem equipamentos especializados na geração de clock, que é distribuído para os demais conversores via conexão WORD CLOCK (cabo BNC), SPDIF (cabo coaxial/RCA ou TOSLINK óptico) ou ADAT (cabo TOSLINK óptico).

Quando usamos apenas um conversor no projeto (maioria dos casos), devemos confiar que o clock seja suficientemente estável, ou então utilizar um CLOCK externo mais preciso como máster do nosso conversor. Hoje em dia, raramente teremos problemas de clock quando apenas um conversor é utilizado. Outros problemas de equipamentos, como ruídos de prés, são muito mais comuns e impactam muito mais no resultado final do que o clock.

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Jitter

Mesmo que o número de amostras seja sempre constante e matematicamente preciso durante cada segundo (sempre 44.100 amostras em exatamente um segundo), ainda assim poderá haver diferenças de tempo entre as amostras.

Exemplo: vamos supor que a taxa de amostragem seja 2Hz, ou duas vezes por segundo. Um clock perfeito faria uma amostragem a cada 0,5 (meio) segundo, indefinidamente, e sempre teríamos duas amostras por segundo. Se o tempo de amostra cair para 0,45 segundos, após alguns segundos teremos um grande desvio de tempo, e o áudio será "atrasado" durante a reprodução. Afinal, o áudio digital foi incorretamente "adiantado" na captação e quando voltar “ao normal” durante a reprodução, será um pouco mais longo.

Agora vejamos este seguinte cenário. O clock tem algum mecanismo que garante duas amostras por segundo, ou seja, nunca terá problemas de adiantamento ou atraso (alteração de tonalidade/pitch). No entanto, como garantir que cada amostra ocorrerá a cada 0,5 segundo? A primeira pode demorar 0,48s e a próxima 0,52s. No geral, sempre haverá exatamente duas amostras por segundo, mas elas estarão incorretamente posicionadas no tempo. Como resultado, a onda digitalizada não é uma fiel representação da onda original e grandes distorções podem acontecer.

Este tipo de erro de clock é conhecido como JITTER e, juntamente com os erros de sample rate, são responsáveis pelo "som barato" de alguns conversores, sobretudo os antigos.

Em resumo, o clock deveria ser ESTÁVEL, tanto na quantidade de amostras por segundo, quanto no tempo entre cada amostra. Um clock perfeito é virtualmente impossível e um excelente clock talvez faça uma diferença na qualidade de áudio, porém somente quando outros elos mais importantes da cadeia já estão em EXCELENTE patamar de qualidade.

Ruído de Fundo

Todo e qualquer conversor possui um piso de ruído que é inevitável e surge do próprio circuito elétrico - componentes, interferências, energia elétrica, etc. Isso significa que, mesmo na AUSÊNCIA de SINAL, ainda existirá na entrada do conversor A/D um áudio bem fraco (ruído) que será então convertido para valores digitais.

Muitas interfaces de 24 bits funcionam, na verdade, com uma precisão de 20 bits, uma vez que o ruído interno do conversor sempre possui um áudio que, apesar de fraco, "dispara" os 4 bits menos significativos. É como se os primeiros 16 degraus de níveis (4 bits) não estivessem disponíveis para a amostragem. Repare, no entanto, que 16 degraus (4 bits), em comparação

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com 16.777.216 (24 bits), é muito pouco!

Por este motivo, a margem dinâmica real do conversor está mais próxima de 120dB do que de 144dB. Este valor de faixa dinâmica ainda é alto e mais do que suficiente para qualquer tipo de gravação. Mesmo porque, os ruídos provenientes do pré amplificador a dos elos anteriores ao conversor costumam ser bem mais intensos do que "4 bits".

Em outras palavras, o ruído de fundo de um conversor A/D é da ordem de -120dBFS dentro do software, mas na prática, um microfone ligado dentro do estúdio já deverá ter um ruído de do mínimo -90dBFS, bem acima do piso do conversor.

DICA: Existe um tipo de medidor chamada BIT METER que pode ser usado para visualizarmos quantos bits estão sendo utilizados na conversão A/D. Faça um teste com mic e pré conectados e repare que mesmo sem sinal (instrumento, fonte sonora), o conversor já está usando muitos bits. Em alguns casos, só nos restam 16 bits! Mais uma razão para gravarmos em 24 bits e termos uma folga. Se usássemos uma resolução de 16 bits, poderiam sobrar apenas 8 bits para o sinal.

Sample Rates Altos e UPSAMPLING

Se em teoria um sample rate de 40kHz já é suficiente para captar frequências de até 20kHz, por que existem sample rates maiores?

Erros de Aliasing (amostras fantasmas)

Apesar de não escutarmos, existe no ambiente áudio acima de 20kHz. Diversos instrumentos emitem frequências bem acima de 20kHz. Se usarmos um sample rate de 40kHz durante a conversão A/D, as frequências acima de 20kHz irão gerar amostras "erradas" (vídeo-aula).

Lembre-se: quando o SR não é suficientemente alto, o conversor não "percebe" as altas frequências – a onda é mais rápida do que a amostragem. O resultado é imprevisível e o áudio digital será uma representação de uma onda de outra frequência.

Quando estas amostras erradas são reproduzidas pelo clock de 40kHz do conversor D/A, não geram a frequência original e surgem harmônicos dentro da faixa audível, que não existiam de fato no áudio original.

Por exemplo, uma frequência de 30kHz, convertida por um sample rate de 40Khz, aparece no áudio digital como se fosse uma frequência de 10kHz. Ela não existe na onda original mas será audível na reprodução!

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A solução é filtrar todas as frequências que poderiam gerar erros de amostragem, ANTES da conversão A/D. Mo nosso exemplo (SR de 40kHz), deveríamos filtrar todas as frequências acima de 20kHz.

Acompanhe comigo: por um lado, precisamos de um SR de pelo menos 40Khz para conseguir amostrar todas as frequências até 20kHz. Por outro lado, usando um SR de 40kHz, o conversor não pode receber frequências acima de 20kHz, para não amostrar dados errados. Surge um grande desafio!

Queremos captar todas as frequências até 20kHz, mas nenhuma acima disso. Temos que permitir a passagem de todas as frequências até 20kHz pelo conversor e IMEDIATAMENTE filtrar todas as demais acima de 20kHz.

Como podemos imaginar, não existe um filtro tão PRECISO e ABRUPTO. E quanto mais preciso (próximo do ideal), mais difícil e caro de ser implementado. Por este motivo, foi adotada uma taxa padrão de 44.1kHz.

Com este SR, nosso limite seguro passa para 44.1kHz/2 = 22.050Hz. O filtro fica mais "folgado" para começar a filtrar gradativamente a partir de 20kHz, até bloquear totalmente as frequências em 22.050Hz e acima disso. As frequências de até 22.050Hz não geram aliasing e garantimos que toda a faixa audível será amostrada corretamente.

Eventualmente, um som entre 20kHz e 22.050Hz será amostrado e “roubará” uma parte da faixa dinâmica, provavelmente desprezível. Naturalmente, não será audível (a não ser que você tenha uma genética de morcego) e poucos instrumentos emitem sons nesta banda.

Além disso, durante a reprodução, o conversor D/A costuma ter um outro filtro de agudos acima de 20kHz, então este áudio super-sônico nem será reproduzido. Este filtro adicional existe para que não haja risco de danos e nem desperdício de potência no amplificador de saída e nos tweeter dos falantes.

Como já sabemos, esta taxa de 44.1kHz é mais do que suficiente para CAPTAR e REPRODUZIR qualquer conteúdo de áudio. Em outras palavras, se os conversores são estáveis e silenciosos, poderíamos gravar uma orquestra em 44.1kHz, reproduzindo a gravação com altíssima fidelidade. Naturalmente, considerando que o filtro do conversor A/D, ao filtrar as frequências desnecessárias, NÃO altere a faixa audível do áudio original.

Na prática, mesmo em 44.1kHz, os filtros anti-aliasing ainda são abruptos e acabam distorcendo o sinal original que será amostrado. Sobretudo nos extremos agudos, que estão próximos da região de corte. Ou seja, a última oitava pode soar distorcida e não natural após a conversão A/D. Se pudéssemos usar filtros anti-aliasing menos "abruptos", o áudio amostrado teria mais fidelidade.

CURIOSIDADE: Este é o principal motivo do preconceito com o áudio digital em relação ao áudio analógico. O problema não está na taxa de amostragem, nem nos erros de amostragem. O grande impacto na sonoridade

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é devido ao filtro do conversor A/D. Se este filtro não for de alta qualidade, muito bem projetado, o som original será negativamente alterado, ANTES MESMO da conversão para digital .

A solução encontrada foi utilizar sample rates ainda maiores (por exemplo, 88.2kHz) e dessa forma construir um filtro bem suave, que comece a atuar em 20kHz e tenha filtragem total somente em 44.1kHz (antes que você pergunte, certamente poderiam ser escolhidos outros valores altos de SR, a escolha por 88.2kHz é para manter a compatibilidade com 44.1kHz, facilitando a construção de equipamentos e as conversões necessárias para SR 44.1kHz, que é o padrão do CD).

Resultado: usando um SR mais alto, conseguimos uma excelente filtragem, um áudio original intacto e uma perfeita conversão A/D. Além disso, os filtros são mais fáceis de serem desenhados, mais baratos e soam melhor. Por outro lado, o SR alto exige mais do clock – que agora é mais rápido e precisa ser ainda mais estável – ocupa mais espaço de armazenamento, aumenta o consumo de CPU e encarece os equipamentos. Nada vem de graça.

É importante lembrar que, agora, o nosso áudio digital conterá frequências acima de 20kHz (até cerca de 44.1kHz), pois o sample rate aumentou e o filtro do conversor deixa passar frequências acima de 20kHz. Durante a reprodução, continuaremos usando um filtro de agudos acima de 20kHz no conversor D/A para “limpar” o áudio analógico que será reproduzido.

Outra maneira de se retirar as frequências acima de 20kHz do áudio já convertido, aliás bastante utilizada, é a CONVERSÃO DE SAMPLE RATE. Transforma-se o áudio digital de SR alto para 44.1kHz, através de equipamentos ou plugins/softwares, e as frequências acima de 22.050Hz são matematicamente e automaticamente retiradas. A partir daí, um simples conversor D/A de 44.1kHz pode ser usado para reproduzir o áudio com segurança.

A conversão de sample rate se encarrega de retirar as altas frequências digitalmente e é relativamente simples de ser realizada quando os SRs são múltiplos exatos (88.2 para 44.1kHz, 96 para 48kHz etc.), mas nem tanto em outros casos, exigindo equipamentos ou softwares de altíssima qualidade.

NOTA: O padrão SR 48kHz surgiu para facilitar o sincronismo com vídeo. Em teoria, não oferece nenhuma vantagem em relação a 44.1kHz e ainda hoje me pergunto porque tantos produtores gravam músicas em 48kHz? Nem eles sabem explicar porque. Eventualmente, este áudio precisará ser convertido para 44.1kHz e haverá perdas desnecessárias. Estas perdas existem porque o processo de conversão terá que "estimar" amostras que não foram amostradas de fato, baseando-se em amostras vizinhas.

Se ao invés de realizar a conversão de SR, simplesmente alterássemos o clock do D/A de 88.2 para 44.1kHz, o áudio soaria lento, porque foi amostrado com outro SR. Talvez você já tenha escutado este fenômeno! Sempre que o SR de amostragem é diferente do SR de reprodução, haverá

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mudanças na duração do áudio, e portanto na sua tonalidade (pitch).

Como regra geral, evite realizar conversões deste tipo. Se o seu projeto será finalizado no formato CD (44.1kHz), então faça sua captação já em 44.1KHz ou 88.2kHz, lembrando que um sample rate maior consome mais espaço de disco e não soa necessariamente melhor, depende da qualidade do clock e do filtro do conversor.

Upsampling

Vale comentar que muitos conversores realizam UPSAMPLING interno, fazendo a amostragem real numa taxa BEM acima do valor escolhido, justamente para que possam utilizar filtros mais suaves.

É como se estivéssemos usando um SR maior, mas sem o problema de precisar gravar arquivos maiores! Isso ocorre de maneira transparente ao usuário. Assim que é enviado para o software, o áudio é automaticamente convertido (downsampling) para o sample rate escolhido, como se tivesse sido gravado no SR mais baixo.

Consulte o manual de sua interface/conversor. Se ele realiza upsampling, é bem provável que gravar em sample rates maiores não traga nenhum benefício.

Quando considerar Sample Rates altos

Além do potencial de "soar melhor", devido a filtros mais suaves, um sample rate alto pode se mostrar vantajoso quando alguns tipos especiais de processamento digital são realizados no áudio.

Processos que envolvem alterações fortes e abruptas na forma de onda, como limitadores e afinadores de tonalidade, podem soar melhor com arquivos de sample rate alto, porque geram erros matemáticos menores durante os cálculos.

É MUITO difícil poder afirmar se um plugin se beneficiará ou não de um SR alto. Aliás, muitos plugins nem suportam ou nem funcionam com SRs altos. Somente testes poderão te dizer se vale a pena gravar com SR alto. Na grande maioria dos casos, um bom conversor de 44.1kHz é mais do que suficiente para conseguirmos um áudio cristalino. Quando um SR alto traz vantagens audíveis, nem todas as pessoas conseguem perceber, são melhorias muito sutis.

Neste cenário, onde alguns plugins específicos geram erros menores com SRs altos, pode haver benefícios em se gravar com sample rates maiores. É importante reforçar que, para tanto, a conversão A/D já deve ocorrer em sample rate alto.

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Fazer UPSAMPLING dentro do software, depois da amostragem, não irá melhorar a qualidade do áudio. Em outras palavras, embora possamos converter uma gravação de 44.1 para 88.2kHz no DAW, isso não será a mesma coisa do que já gravar em 88.2kHz.

Se, por qualquer motivo, um plugin tem mais qualidade quando faz cálculos em SRs altos, provavelmente ele já se encarregará de fazer upsampling interno. Na verdade, muitos plugins fazem upsampling. Embora isso não melhore a qualidade do áudio captado, pode diminuir os erros de cálculo e melhorar o áudio processado.

ATENÇÃO: os benefícios aqui descritos dependem totalmente do conversor utilizado, dos modelos de processadores e plugins, e do formato final para o qual o áudio será convertido. Somente um teste poderá dizer se vale a pena ou não gravar em sample rates acima de 44.1kHz.

Resolução do Áudio Digital

Os melhores conversores que existem funcionam com 24 bits. Não existe conversão A/D e nem D/A em 32 bits!

Os ganhos de 24 bits sobre 16 bits são bem claros e uma produção profissional não deveria nunca captar nem processar com resolução de 16 bits. Além da faixa dinâmica reduzida, os erros de quantização (distorção) em 16 bits podem se tornar bastante audíveis, sobretudo em níveis baixos de sinal.

IMPORTANTE: No módulo de masterização, falaremos sobre um processo chamado DITHERING que “aumenta” a resolução do áudio, permitindo que um CD, por exemplo, que possui o padrão 44.1kHz/16 bits, possa soar incrivelmente "analógico". Ainda assim, as captações devem ser feitas em 24 bits antes da utilização do dithering.

Por que existe o padrão "32 bits ponto flutuante"?

Quando o áudio digital é processado (de qualquer maneira, desde um simples ganho de volume até um reverb altamente complexo), são realizadas operações matemáticas - e toda e qualquer operação matemática é tão precisa quanto o número de casas decimais disponíveis.

Exemplo: Se multiplicarmos na calculadora o número 23 pelo número 2,83789346693248646934, o resultado será arredondado de acordo com a precisão (RESOLUÇÃO), da calculadora. Ou seja, o resultado verdadeiro (65,2715497394472) poderá ser alterado para 65,3 ; 65,272 ; 65 ; 65,27155 etc., de acordo com a calculadora utilizada. Em qualquer caso, uma parcela da informação será perdida. Na verdade, em muitas calculadoras, nem

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conseguimos digitar o número original com tantas casas decimais, e os erros de arredondamento já começam ali, antes da operação matemática.

A quantidade de casas decimais do visor da calculadora, assim como a quantidade de cadas decimais dentro da calculadora (resolução interna), determinarão a precisão final do resultado.

LEMBRE-SE: NÃO existem infinitos valores digitais. Na resolução de 24 bits, todo e qualquer valor da intensidade da onda é NECESSARIAMENTE é um dos 16.777.216 valores disponíveis. Se o resultado de um cálculo tiver um resultado que caia entre dois valores digitais, ele será arredondado para o degrau de cima ou para o degrau de baixo.

A cada operação, poderá existir um novo arredondamento e isso significa que uma pequena parcela do número (da onda) é alterada, ou distorcida. Imagine centenas, milhares de cálculos sucessivos! Ao final de todos os processamentos, teremos um grande erro acumulado. No áudio, isso significa DISTORÇÃO, e nesse ponto ela poderá ser bem audível. Os detalhes ou nuances do áudio são perdidos, o áudio perde informações de reverberação, profundidade, detalhamento... soando de menos natural até altamente distorcido.

Seria ótimo se tivéssemos um número GIGANTE (ou virtualmente infinito) de degraus, pois não precisaríamos arredondar os valores e nem acumular erros. Isso é possível através do formato 32 bits em ponto flutuante.

Um número em ponto flutuante não pode ser transformado diretamente em áudio analógico por um conversor D/A, podendo ser usado apenas dentro do computador. Oferece uma resolução ALTÍSSIMA de modo que, ao final do processo (todos os cálculos), o áudio em 32 bits não possui distorções e pode ser convertido para a uma resolução final mais baixa (16 ou 24 bits) antes de ser reproduzido pelo conversor D/A. Haverá uma pequena perda nesta conversão, mas ela só ocorre uma vez e é realizada a partir de um áudio de alta qualidade (32 bits).

Como vimos, se os cálculos (processamentos) fossem realizados em 24 bits, o erro acumulado seria grande. Por isso, um áudio processado em 32 bits e convertido para 24 bits é DIFERENTE do mesmo áudio processado em 24 bits. Tudo não passa de precisão matemática.

A idéia é a seguinte: queremos manter o máximo de qualidade presente nos arquivos de 24 bits originais. Para tanto, usamos cálculos intermediários em 32 bits, para garantir o mínimo de distorção possível dentro do software. Só voltamos a usar uma resolução mais baixa quando necessário, ao final do processo, quando não haverá mais cálculos.

Uma conversão de 24 para 32 bits no DAW não aumenta a qualidade dos arquivos originais, mas melhora SIM a precisão dos processamentos e dos arquivos resultantes, quando a resolução interna do software é 32 bits. Em muitas DAWs, esta conversão não é necessária e ocorre automaticamente.

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ATENÇÃO: No formato 32 bits ponto flutuante, o áudio digital pode passar de 0dBFS sem causar distorção! Isso acontece porque se trata de um áudio "virtual", que nunca será reproduzido. Ele pode ter qualquer volume.

Quando aumentamos o volume de um canal no DAW de alta resolução, o valor pode passar de 0dBFS (conforme será indicado pelo medidor do canal), mas não causará clipagem! A luz de overload irá se acender, dizendo que o áudio atingiu ou passou de 0dBFS, mas se esse mesmo áudio for ATENUADO na sequência para abaixo de 0dBFS, antes de chegar ao conversor D/A (barramento máster), não teremos qualquer problema.

CUIDADO: alguns plugins somente funcionam com áudio em 24 bits. Se receberem áudio em 32 bits com valores acima de 0dBFS, sofrerão saturação (clipagem). Como prática segura, evite passar de 0dBFS, mesmo que isso seja possível em ponto flutuante.

Alguns DAWs utilizam uma precisão interna diferente de 32 bits ponto flutuante, como 48 bits ponto fixo e 64 bits ponto fixo. Estes formatos também melhoram os erros de cálculos e igualmente precisam ser convertidos para 24 bits ponto fixo na saída do DAW, que segue para o conversor D/A. O importante é saber que toda e qualquer DAW atual trabalha em alta resolução, não precisamos nos preocupar com isso.

No entanto, se você está buscando o máximo do seu sistema, vale a pena conhecer detalhes de configuração do seu DAW, bem como conhecer com que resolução trabalham os seus plugins, para não desperdiçar qualidade.

Mais uma vez, lembramos que uma captação bem feita pode pesar muito mais do que qualquer problema de resolução digital, estabilidade de clock, qualidade de plugin etc.

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