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Curso Regular Teórico Aula 0 - Ortografia e Algumas Dicas Profª.Claudia Kozlowski www.pontodosconcursos.com.br | Profª. Claudia Kozlowski 1 Bem-vindos à aula demonstrativa de Língua Portuguesa para Concursos. Para quem ainda não me conhece, muito prazer! Sou a professora Claudia Kozlowski, leciono Português para concursos públicos, além de ser Auditora Fiscal da Receita Federal desde 2001. Meu intuito é ajudá- lo em sua árdua, porém factível, jornada em busca do tão almejado cargo público. Por se tratar de uma turma teórica, nosso estudo não será dirigido a uma única banca, mas a maior parte delas, de modo que o aluno esteja preparado para prestar qualquer prova e obter um ótimo desempenho. Claro que isso vai depender, principalmente, de sua dedicação, acompanhando as aulas, resolvendo os exercícios de fixação e participando ativamente do fórum. Estaremos sempre à disposição para qualquer esclarecimento. Não tenha inibição em expor suas dúvidas, pois só as tem quem estuda, não é mesmo? Nos exercícios de fixação, o aluno será apresentado às questões de prova das principais bancas examinadoras do país (Cespe/UnB, ESAF, Fundação Carlos Chagas, Vunesp etc.) e terá a oportunidade de conhecer a forma como elas costumam explorar os conceitos da disciplina. Neste curso teórico também trataremos das novas regras ortográficas, e, em relação a isso, cabe o seguinte aviso. O Acordo já está em vigor e, por isso, nada impede que alguma banca examinadora exija do candidato conhecimento sobre o assunto. Além disso, as bancas já adaptaram suas provas à nova grafia. Assim, mais do que nunca, você que deseja a aprovação em um concurso público precisa estar atualizado. Para uma melhor fixação das regras, ao lado da forma “antiga”, será apresentada a nova ortografia. Há, também, na área aberta do sítio, alguns artigos que tratam dessas mudanças – vale a pena conferir. No fim de 2012, foi publicado o Decreto nº 7.875/2012, com a prorrogação do prazo de adaptação às novas regras ortográficas. Agora, o período de transição será até dezembro de 2015 e, se nada mudar até lá, em 2016 vigorará somente a nova forma ortográfica. Lembro que essa “reforma ortográfica” alterou apenas nosso jeito de escrever, ou seja, só mudou a grafia – a pronúncia continua a mesma! Aula Demonstrativa - Curso Regular Teórico

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Bem-vindos à aula demonstrativa de Língua Portuguesa para Concursos.

Para quem ainda não me conhece, muito prazer! Sou a professora

Claudia Kozlowski, leciono Português para concursos públicos, além de ser Auditora Fiscal da Receita Federal desde 2001. Meu intuito é ajudá-

lo em sua árdua, porém factível, jornada em busca do tão almejado

cargo público.

Por se tratar de uma turma teórica, nosso estudo não será dirigido a

uma única banca, mas a maior parte delas, de modo que o aluno esteja preparado para prestar qualquer prova e obter um ótimo desempenho.

Claro que isso vai depender, principalmente, de sua dedicação, acompanhando as aulas, resolvendo os exercícios de fixação e

participando ativamente do fórum.

Estaremos sempre à disposição para qualquer esclarecimento. Não

tenha inibição em expor suas dúvidas, pois só as tem quem estuda, não é mesmo?

Nos exercícios de fixação, o aluno será apresentado às questões de prova das principais bancas examinadoras do país (Cespe/UnB, ESAF,

Fundação Carlos Chagas, Vunesp etc.) e terá a oportunidade de conhecer a forma como elas costumam explorar os conceitos da

disciplina.

Neste curso teórico também trataremos das novas regras ortográficas, e, em relação a isso, cabe o seguinte aviso. O Acordo já

está em vigor e, por isso, nada impede que alguma banca examinadora exija do candidato conhecimento sobre o assunto. Além disso, as bancas

já adaptaram suas provas à nova grafia. Assim, mais do que nunca, você que deseja a aprovação em um concurso público precisa estar

atualizado.

Para uma melhor fixação das regras, ao lado da forma “antiga”, será

apresentada a nova ortografia. Há, também, na área aberta do sítio, alguns artigos que tratam dessas mudanças – vale a pena conferir. No

fim de 2012, foi publicado o Decreto nº 7.875/2012, com a prorrogação do prazo de adaptação às novas regras ortográficas. Agora, o período de

transição será até dezembro de 2015 e, se nada mudar até lá, em 2016 vigorará somente a nova forma ortográfica.

Lembro que essa “reforma ortográfica” alterou apenas nosso jeito de

escrever, ou seja, só mudou a grafia – a pronúncia continua a mesma!

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Assim, ainda que o trema tenha sido abolido pelo Acordo, “linguiça" continua a ser pronunciada com o U átono (*güi) e “enguiça”, com o U

mudo.

As questões apresentadas têm apenas a função de fixar o conceito

ensinado. Por isso, decidimos manter a grafia original da prova (se aplicada antes de 2009, não sofrerá as alterações provenientes do

Acordo Ortográfico). No comentário, citaremos o que porventura tenha

sido alterado.

Quem acha que estudar Português é “besteira”, que dá pra fazer a

prova só com o que já sabe, se esquece que, além do conhecimento, o que a banca busca no candidato é agilidade em resolver a prova.

Recebo muitas mensagens com dúvidas sobre como se preparar para um concurso público, especialmente os da área fiscal. Minha resposta

costuma ser a mesma. São dois os elementos fundamentais para a preparação de qualquer candidato a concursos públicos: DEDICAÇÃO e

HUMILDADE.

Normalmente, aquele que chega de “salto alto”, achando que não é

preciso estudar a disciplina X ou Y, certamente terá dificuldades exatamente nessa matéria.

Quem já está nessa estrada sabe que não são poucos os exemplos de candidato que, na hora da prova, não consegue tempo suficiente para

resolver todas as questões e acaba tendo de contar com a sorte. Ou,

então, erra questões fáceis simplesmente porque perdeu tempo tentando resolver uma questão mais complicada.

Quando se trata de prova de Língua Portuguesa, então, textos longos e questões de interpretação complexas são suficientes para arruinar

qualquer cronograma de prova e aniquilar a estabilidade emocional do sujeito. A ESAF, por exemplo, procura eliminar o candidato pelo

cansaço, com textos longos e complexos. Já a Fundação Carlos Chagas até há pouco tempo, seguia um padrão de prova constante,

apresentando, como principal dificuldade, a falta de indicação de linhas dos longos textos, o que acabava fazendo com que o candidato perdesse

muito tempo brincando de “caça-palavras”, ao procurar a passagem ou palavra mencionada na questão. Recentemente, vem mostrando que

também sabe inovar. Vem apresentando questões que, de certa forma, seguem o “padrão-ESAF”, inclusive com indicação de linhas no texto.

Saber o conteúdo é fundamental, sem dúvida. Mas também o é saber

fazer prova. Candidato bem preparado é o que conhece a banca que irá realizar a prova.

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Assim, a preparação divide-se em três fases: (1) “reconhecimento do terreno”, em que o aluno é apresentado às matérias e recolhe o material

necessário ao estudo; (2) “fixação do conhecimento”, quando é fundamental fazer muitos exercícios, ler comentários de provas e

identificar a metodologia da banca examinadora; (3) e, finalmente, “identificação das necessidades”, em que o candidato, a partir de seu

desempenho na etapa anterior, percebe quais as disciplinas ou pontos

do programa que necessitam de maior atenção. Nessa última fase, fazer simulados com questões inéditas vai ajudá-lo na fixação do

conhecimento e na administração do tempo, fator esse decisivo para sua aprovação

Se o seu interesse for específico, ou seja, se estiver se preparando para um determinado concurso, é importantíssimo que faça provas anteriores

da instituição responsável por esse certame.

Tudo isso, como se nota, envolve dedicação. Não são poucos os

obstáculos. Quem, além de estudar, ainda “perde tempo” trabalhando, enfrenta o cansaço e o parco tempo de que dispõe para a família. O

“concurseiro (ou concursando, como preferem alguns) profissional”, ou seja, o que se dedica exclusivamente aos estudos, enfrenta o desafio de

se organizar, de não perder tempo estudando o que não interessa e, principalmente, de não cair na tentação da internet, da “Sessão da

Tarde”, do telefone. Isso sem falar naquela vizinha fofoqueira que fica

falando por aí que o sujeito é um vagabundo porque não trabalha...rs...

Nadar contra a maré não é fácil. Por isso, estudar em momentos como

esses é tarefa árdua aos que se preparam para ocupar um cargo público, e é exatamente nesse momento que se define um(a)

vencedor(a).

Tudo tem o seu tempo – há tempo de descansar (ninguém é de ferro e

o repouso ajuda no aproveitamento do estudo, sem dúvida!), mas também deve haver o tempo de estudar – sem ele, não há material,

curso ou professor que dê jeito. O diferencial, sem dúvida, é a dedicação do candidato em casa mesmo.

E onde entra a tal da humildade? Em saber identificar seus pontos fracos (faz parte da “fase de identificação das necessidades”) e ter a

humildade de começar do zero.

Nosso objetivo é auxiliar os que aqui chegam na busca de um melhor

desempenho em Língua Portuguesa. Se alguns pontos iniciais do

programa de Português parecerem “básicos demais”, lembre-se do que falei sobre humildade. Leia, estude, resolva os exercícios de fixação, ou

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seja, DEDIQUE-SE, mesmo que você ache que já sabe tudo. Pode ter certeza de que alguma coisinha você sempre acaba aproveitando. Mais

adiante, esse conhecimento pode ser fundamental para aprender outro assunto.

Por fim, vire um chato – corrija (mentalmente, se não quiser acumular inimigos) o que escuta e lê por aí, traga para o seu cotidiano as lições

que veremos aqui, procure incorporar os conhecimentos de Português

ao seu dia a dia. Afinal, não é assim que se faz quando se aprende uma língua estrangeira?

Desarme-se, livre-se dos traumas que carrega até hoje e receba as lições de coração aberto. Ouça a voz da experiência (a minha...rs...),

pois já trilhei esse caminho, que não foi fácil, e obtive sucesso, graças a Deus!

Serão 15 encontros, em que estudaremos os principais pontos da disciplina explorados em concursos públicos, inclusiva um assunto que

tem sido incluído nos certames: REDAÇÃO OFICIAL.

Em nosso encontro de hoje, daremos uma demonstração do que

teremos a partir da primeira aula – apresentação de conceitos e resolução de questões de prova para fixação do conteúdo.

Como sempre, começamos com ORTOGRAFIA, assunto que será abordado já na próxima aula.

ORTOGRAFIA E SEMÂNTICA

Ortografia é a parte da gramática que estabelece normas para a correta

grafia das palavras.

Nas palavras de Pasquale Cipro Neto, “não há quem, vez ou outra, não

depare com uma dúvida de grafia. É bem verdade que precisamos, em boa parte dos casos, conhecer a etimologia das palavras, mas existe um

número considerável de situações em que há sistematização”. O professor afirma também que “quanto mais se lê e quanto mais se

escreve, mais se obtém familiaridade com as palavras e sua grafia”.

É preciso, também, aceitar de peito aberto que não é demérito

desconhecer a grafia de vocábulos pouco usados. Nessas horas, basta consultar um dicionário.

Como primeira regra, devemos ter em mente que uma palavra derivada mantém a grafia da palavra primitiva, como acontece com a palavra

moçada, derivada de moço, e princesinha, derivada de princesa.

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Parece simples, não é? Então, por que tanta gente tem dificuldade em escrever o nome do profissional que cuida do cabelo das pessoas?

Alguém arrisca um palpite aí? Vamos seguir o raciocínio de PALAVRA ORIGINÁRIA / PALAVRA DERIVADA. A partir da palavra originária

cabelo, formam-se as demais.

Por exemplo: o conjunto de cabelos da cabeça é chamado de cabeleira

(CABEL + -EIRA, sufixo latino que indica, dentre outras coisas, o

conjunto ou acúmulo de elementos).

Assim, o profissional que cuida da cabeleira de alguém é cabeleireiro

(CABELEIR + o mesmo sufixo “EIRO”, desta vez indicando o praticante de certo ofício, profissão ou atividade). Agora, dê uma volta no seu

bairro e perceba a quantidade de “cabelereiro” ou “cabeleleiro” que há por aí. Um profissional zeloso, na dúvida, escreve “salão de beleza”. Só

não deve cometer o deslize de colocar na porta de seu estabelecimento uma placa com os seguintes dizeres (como já vi, eu juro!!!...rs...):

“Corto cabelo e pinto”. Esse texto possui uma ambiguidade capaz de afastar eventuais clientes.

Algumas regras ajudam a entender o processo de formação de algumas palavras, mas o que ajuda mesmo a fixar a grafia é a memória visual.

Quem tem filho pequeno já percebeu como faz uma criança que acabou de ser alfabetizada: ela tem sede de ler tudo o que passa na sua frente,

de out-door a embalagem de biscoito. Vai juntando sílaba por sílaba até

identificar a palavra e a ela liga o significado. Com o tempo, nos acostumamos a ler “o conjunto”, a “figura” que a palavra forma.

Identificamos a grafia de uma palavra em seu todo, não lemos mais letra por letra, sílaba por sílaba, a não ser que a palavra seja totalmente

desconhecida para nós.

Você é capaz de ler rapidamente as palavras que já conhece, ao passo

que, as demais, precisa ler com mais cuidado. Agora, com as novas regras de ortografia, a dificuldade se tornou ainda maior, já que temos

uma forte tendência a não reconhecer a palavra escrita de forma “diferente”. Para mim, a “pior” de todas é ideia. Sem o acento, parece

que fica faltando alguma coisa. E a sua, qual seria? Em breve, saberemos o que mudou, calma!

Mais um desafio: leia INEXPUGNABILIDADE. Confesse: você leu “de primeira” ou teve de juntar as letrinhas? Mais outra:

INEXTINGUIBILIDADE - essa tive de digitar aos poucos pra não

errar... e você, ao ler, pronunciou ou não o u do dígrafo gui ? Pois saiba que o verbo EXTINGUIR sempre apresentou um dígrafo, ou seja, mesmo

antes de o trema “morrer”, esse vocábulo nunca o recebeu, por isso

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você deve pronunciar o “gui” de “EXTINGUIR” da mesma forma que o faz em “Guilherme”, e isso se aplica a todos os vocábulos derivados,

como “inextinguibilidade” (...aff... de novo!).

Por que esse “blá-blá-blá” todo? Para que você não caia nas

“pegadinhas” tradicionais de algumas bancas. Elas omitem acentos (especialmente na letra “i”), trocam as letras, colocam uma palavra

parecida ou até inventada, desde que com o mesmo som (“subexistir”,

no lugar de “subsistir”, em uma questão da ESAF). Ao ler com pressa, o cérebro identifica a palavra correta e seu significado, sem que perceba a

alteração feita pelo examinador. Por isso, nas questões em que a banca pede para marcar o número de erros de ortografia, é necessário ler

diversas vezes o texto até identificar TODOS os erros.

Veja agora uma questão de prova que abordou esse assunto:

(ESAF/AFC SFC/2002)

No texto abaixo, foram introduzidos erros. Para saná-los, foram

propostas algumas substituições. Julgue as substituições e depois assinale a opção que contém a seqüência das alterações necessárias

para adequar o texto ao padrão culto formal do idioma.

“O conceito de tributo, face sua interpretação nos conformes à

Constituição, tem essa peculiaridade: deve obedecer ao princípio da legalidade estrita. Cumpre ressaltar mais uma vez: não há possibilidade

de discricionariedade na definição legislativa do tributo, mas só teremos

tributo se o dever de pagar uma importância ao Estado for vinculado à previsão de ter riqueza.”

(Nina T. D. Rodrigues, com adaptações)

- substituir “discricionariedade”(l .5 e 6) por “discricionaridade”

Comentário.

Se houvesse dúvida com relação à grafia, o candidato poderia buscar

uma outra palavra parecida (ou seja, um paradigma) que tivesse passado pelo mesmo processo:

SÉRIO -> SERIEDADE

SOLIDÁRIO -> SOLIDARIEDADE

SÓCIO -> SOCIEDADE

SÓBRIO -> SOBRIEDADE

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DISCRICIONÁRIO -> DISCRICIONARIEDADE

ITEM ERRADO

Como é bem maior a quantidade de vocábulos terminados por IO, em comparação com os de terminação EO, pode ocorrer a “contaminação”

e, por conseguinte, erro na grafia de vocábulos como HOMOGÊNEO (confira como foi uma questão da prova para AFRF/2003, na próxima

aula). Então, para dissipar dúvidas, vamos buscar um paradigma. O que

acontece com essa palavra é o mesmo que ocorre com:

CORPÓREO -> CORPOREIDADE

IDÔNEO -> IDONEIDADE

CONTEMPORÂNEO -> CONTEMPORANEIDADE

INSTANTÂNEO -> INSTANTANEIDADE

ESPONTÂNEO -> ESPONTANEIDADE

Essa dica do paradigma vai também ajudar – e muito – em relação a conjugação verbal.

Mais um exemplo de como essa regra do paradigma nos ajuda a resolver questões de ortografia.

(FCC/ISS-SP/Janeiro 2007)

Está correta a grafia de todas as palavras na frase:

(A) Não constitui uma primasia dos animais a satisfação dos impulsos instintivos: também o homem regozija-se em atender a muitos deles.

(B) As situações de impunidade infligem sérios danos à organização das

sociedades que tenham a pretenção da exemplaridade.

(C) É difícil atingir uma relação de complementaridade entre a

premênsia dos instintos naturais e a força da razão.

(D) Se é impossível chegarmos à abstensão completa da satisfação dos

instintos, devemos, ao menos, procurar constringir seu poder sobre nós.

(E) A dissuasão dos contraventores se faz pela exemplaridade das

sanções, de modo que a cada delito corresponda uma justa punição.

Comentário.

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A partir da regra do paradigma, a grafia de muitas das palavras “duvidosas” da questão poderia ser identificada.

Na opção B, consta a palavra “pretenção”.

Ora, vamos nos lembrar de uma palavra parecida com essa:

COMPREENSÃO (ato de COMPREENDER), que se escreve com “S”.

Se:

COMPREENDER COMPREENSÃO

Então:

PRETENDER PRETENSÃO (com “s” e não “ç”)

Em (D), o candidato deparou-se com “abstensão”, que é o ato de ABSTER-SE. Na dúvida, deveria buscar um paradigma. Uma palavra

mais comum em nosso vocabulário é DETENÇÃO (ato de DETER).

Se:

DETER DETENÇÃO

Então:

ABSTER ABSTENÇÃO (com “ç” e não “s”)

Na opção C, também poderíamos empregar novamente a regra do paradigma, ao analisarmos a grafia de “premênsia”.

Essa palavra tem relação com PREMENTE (adjetivo). Podemos usar, para comparação, a palavra URGENTE (seu sinônimo mais popular).

Se:

URGENTE URGÊNCIA

Então,

PREMENTE PREMÊNCIA (com “c” e não “s”)

Finalmente, os substantivos correspondentes ao que é PRIMAZ (“o que

ocupa o primeiro lugar”, escrito com a letra Z) apresentam duas formas: uma mantém a grafia da palavra primitiva: PRIMAZIA, também com Z;

a outra, mais comum, sofre alteração – PRIMACIA (com “C” e sílaba tônica “CI”). Podemos compará-la com outras palavras:

- CONTUMAZ CONTUMÁCIA

- PERTINAZ PERTINÁCIA

- EFICAZ EFICÁCIA (a mais “famosa” de todas).

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Em tempo: na opção (A), está correta a grafia do verbo REGOZIJAR (de “gozo”, também com “z”), e, na opção (B), foi usado adequadamente o

verbo INFLIGIR, que significa “aplicar”.

Gabarito: E

Por fim, mais uma questão de ortografia extraída de uma prova bem recente.

(FCC/TRT 19ª Região - Analista/2011)

Quanto à ortografia, há INCORREÇÕES na frase:

(A) O crescimento da classe C tem tido uma importância incomensurável

para o comércio, mas vem ocasionando também uma elevação na taxa de inadimplência, o que é perturbador.

(B) Milhões de pessoas têm sido beneficiadas com o crescimento econômico que se vê no país, saltando da classe D para a C, algo que há

poucos anos não pareceria factível.

(C) Alguns especialistas vêm disseminando a teoria de que, a partir da

distribuição de riqueza por meio da geração de milhões de novos empregos, a classe E deixe de existir.

(D) Os “consumidores emergentes”, como vêm sendo chamados os novos integrantes da classe C, ainda têm dificuldade em poupar e

adquirem grande parcela de produtos a crédito.

(E) Sabe-se que a ascenção da classe D tem proporcionado um aumento

expresivo do consumo de bens duráveis, o que pode acelerar

sobremaneira esse mercado.

Comentário.

A primeira palavra com problemas de ortografia foi "ascenção". Como vimos na questão anterior, seguindo a regra do paradigma, essa palavra

provém de "ascender".

Então, vamos pensar em uma palavra que também termine da mesma

forma e sofra o mesmo processo de transformação.

COMPREENDER => COMPREENSÃO

ASCENDER => ASCENSÃO

Em seguida, um erro que não sabemos se foi mesmo proposital ou de

digitação (seria fácil demais para uma prova para analista judiciário!):

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"expressivo" é com "ss". Será que a banca resolveu ficar "boazinha" e facilitar a vida do candidato?

Por fim, uma curiosidade: a palavra "sobremaneira" é um advérbio, equivalente a "muito", "bastante".

Gabarito: E

Analisemos mais uma questão da Fundação Carlos Chagas.

(FCC/TRE PR - ANALISTA/2012)

A frase correta do ponto de vista da grafia é:

a) Era grande a insidência de casos de enjoo quando era servido aquele

alimento, por isso o episódio não foi tratado como exceção, atitude que garantiu o êxito das providências.

b) Em meio a tanta opulência da mansão leiloada, encontrou a geringonça que, tratada criativamente por ele, garantiu por anos seu

apoio a entidades beneficientes.

c) Seus gestos desarmônicos às vezes eram mal compreendidos, mas

seu jeito afável de falar, sem resquícios de mágoa, revelava sua intenção de restabelecer a paz entre os familiares.

d) Defendeu-se dizendo que nunca pretendeu axincalhar ninguém, mas as suas caçoadas realmente humilhavam e incitavam à malediscência.

e) Sempre ansiosos, desenrolaram no saguão apinhado a faixa com que brindavam os recém-formados, com os seguintes dizeres: “Viagem

bastante e divirtam-se, nobres doutores”.

Comentário.

A única opção inteiramente correta é a C.

Vejamos os erros das demais.

a) O verbo INCIDIR dá origem ao substantivo INCIDÊNCIA, sempre com

a letra C. A palavra ENJOO, por sua vez, sofreu alteração com o advento do Acordo Ortográfico. De acordo com as novas regras ortográficas, os

encontros “ee” e “oo” não recebem mais o acento circunflexo, antes empregado apenas por questões de clareza textual (não havia

justificativa gramatical, já que não acentuamos as paroxítonas terminadas em “o”, como “bolo”, por isso passamos a não acentuar

também “enjoo”). A palavra “exceção” está corretamente grafada.

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b) Essa deve ter sido a mais difícil opção para alguns. O erro está no registro de “beneficIENTE”. A palavra correta é “benefiCENTE” (assim

como ocorre em BENEFICÊNCIA), resultado da junção do radical “benefic-” (de “benéfico”) com o sufixo “ente”. Imagino que a

aproximação com palavras como “deficiente” leve a esse desvio, que deve ser evitado. Repetindo: o correto é BENEFICENTE, sem um

segundo “i”.

c) Há dois erros de ortografia: achincalhar e maledicência.

Justificativa: o primeiro vocábulo deriva de “chinquilho” (também

chamado de “Malha”), um jogo muito antigo (em algumas pesquisas, remontam à Roma antiga), provavelmente trazido ao Brasil pelos

portugueses. Houaiss informa que o verbo se formou em decorrência das vaias e troças muito comuns nesse jogo. Já o segundo

(maledicência) provém do latim maledicentia, que significa “dizer mal”, também sendo válida a forma “maldizência” (maledicente =

maldizente).

e) Nesta opção, o erro está no emprego de “viagem” (substantivo), no

lugar de “viajem”, forma flexionada do verbo VIAJAR no presente do subjuntivo.

Gabarito: C

(CESGRANRIO/BNDES – ADMINISTRADOR/2008)

O substantivo derivado do verbo está grafado INCORRETAMENTE em

a) ascender: ascensão.

b) proteger: proteção.

c) catequizar: catequeze.

d) progredir: progressão

e) paralisar: paralisia.

Comentário.

Muito comuns são as questões que envolvem o emprego de –ISAR e –IZAR.

Caso a palavra primitiva apresente a forma “is” (aviso, paralisia), o verbo correspondente é grafado com “S” (-ISAR): aviso avisar /

paralisia paralisar.

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Note, contudo, que é preciso haver “IS” na palavra primitiva, o que não acontece com a palavra “catequese” (possui “ES”, e não “IS”), por isso o

verbo correspondente é “catequizar”, com Z.

Veja, agora, os paradigmas das demais formações:

a) COMPREENDER COMPREENSÃO / ASCENDER ASCENSÃO

b) ELEGER ELEIÇÃO / PROTEGER PROTEÇÃO

d) AGREDIR AGRESSÃO / PROGREDIR PROGRESSÃO

Gabarito: C

(Cesgranrio/EPE-Assistente Administrativo/2014)

O grupo em que todas as palavras estão grafadas corretamente, de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa é

a) admissão, climatização, repercussão, cooperação

b) adaptação, reverção, presunção, transgressão

c) invensão, obsessão, transmissão, omissão

d) presunção, comissão, proteção, excessão

e) detenção, captação, extenção, demolição

Comentário.

Nesse caso, é mais fácil citar o que está errado nas opções,

considerando que todas as palavras estão corretas em A.

b) Aplicando a técnica do paradigma, lembramos que CONVERTER ->

CONVERSÃO, logo REVERTER -> REVERSÃO.

c) O mesmo acontece com INVERTER -> INVERSÃO.

d) A palavra "exceção" se escreve com Ç.

e) A palavra "extensão" (com S, já adianto..rs...) é um caso à parte (e

lá vem você reclamar das exceções do Português...rs...).

Isso porque o verbo relacionado é escrito com S (estender). Ora, então

"fura" a técnica da palavra primitiva x palavra derivada, não é? Sim,

mas por questões etimológicas, e isso acontece não só com essa palavra, mas também com algumas outras, como herbívoro, que, apesar

de derivar de "ERVA" (sem H), busca essa consoante de sua "bisavó" herba...rs...

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Foi isso o que aconteceu com o verbo ESTENDER (com S) e o substantivo EXTENSÃO, que buscou essa consoante X da forma latina

extendere, e manteve essa grafia em "extenso, extensivo" e outras.

Outro assunto a ser tratado em nossas aulas é o emprego de hífen,

ponto objeto de muitas mudanças a partir do Acordo Ortográfico. Vejamos uma questão que trata do ponto.

(Cesgranrio/BNDES/2013)

No trecho do Texto II “pelas exigências de infraestrutura e de serviços públicos.” (L. 4-5), a palavra destacada não apresenta o emprego do

hífen, segundo as regras ortográficas da Língua Portuguesa. Da mesma forma, o hífen não deve ser empregado na combinação dos

seguintes elementos:

a) mal + educado

b) supra + atmosférico

c) anti + higiênico

d) anti + aéreo

e) vice + reitor

Comentário.

Como veremos na próxima aula, uma das regras atuais do emprego do hífen é haver separação entre os elementos se houver “coincidência”

entre as letras (vogal ou consoante) do fim do primeiro termo e o início

do segundo, o que ocorre na opção B (supra-atmosférico).

Também usamos o hífen se o segundo elemento começar por H, como

na sugestão da opção C: anti-higiênico.

Já o (falso)prefixo “mal” exige o hífen se o segundo elemento começar

por vogal ou H. Nos demais casos, fica “juntinho” (mal-educado, mal-humorado, mas malfeito).

Por fim, alguns prefixos nunca se agregam ao segundo elemento e, assim, irão exigir o sinal, como “vice” (vice-reitor).

Dessa forma, a resposta certa será antiaéreo, sem hífen, uma vez que não ocorre a tal coincidência: o prefixo termina com I e o segundo

elemento começa por A, ocorrendo a aglutinação. Não se preocupe – falaremos (bastante!) sobre o emprego do hífen na aula 1.

Gabarito: D

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Curso Regular Teórico Aula 0 - Ortografia e Algumas Dicas

Profª.Claudia Kozlowski

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E, para encerrar a aula demonstrativa, uma questão que abordou as alterações advindas do Acordo Ortográfico em relação a acentuação

gráfica. Vejam só.

(Aroeira / PC TO-Delegado de Polícia / 2014)

O Texto 3 apresenta marcas das transformações recentes na padronização da língua portuguesa, como se vê na grafia das palavras:

a) tragédias; filósofo.

b) herói; papéis.

c) ideológicas; compactuam.

d) idéia, freqüentemente.

Comentário.

Não é necessário ler o tal "Texto 3", pois o que o candidato deve saber é o que mudou a partir da entrada em vigor do Acordo Ortográfico.

Já vimos que, a partir de janeiro de 2016, o trema será abolido, por isso "frequentemente" não receberá mais esse sinal. O mesmo acontecerá

com o acento agudo em "ideia" (lembramos que as duas grafias coexistirão nesse período de "adaptação", que já foi prorrogado para até

dezembro de 2015).

Gabarito: D

Mais sobre esse assunto será estudado na próxima aula.

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Ficou com gostinho de “quero mais”? Que ótimo! Então, conto com sua presença na próxima aula.

Lembramos que esse curso é um relançamento e que as questões apresentadas, repito, têm a função de fixar o conceito estudado. Até o

próximo encontro.