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  • Ponto dos Concursos

    www.pontodosconcursos.com.br

    Ateno.

    O contedo deste curso de uso exclusivo do aluno matriculado, cujo

    nome e CPF constam do texto apresentado, sendo vedada, por

    quaisquer meios e a qualquer ttulo, a sua reproduo, cpia,

    divulgao e distribuio.

    vedado, tambm, o fornecimento de informaes cadastrais

    inexatas ou incompletas nome, endereo, CPF, e-mail - no ato da

    matrcula.

    O descumprimento dessas vedaes implicar o imediato

    cancelamento da matrcula, sem prvio aviso e sem devoluo de

    valores pagos - sem prejuzo da responsabilizao civil e criminal do

    infrator.

    Em razo da presena da marca d gua, identificadora do nome e

    CPF do aluno matriculado, em todas as pginas deste material,

    recomenda-se a sua impresso no modo econmico da impressora.

  • CURSO ON-LINE ECONOMIA E FINANAS PBLICAS PARA

    ANALISTA DE PLANEJAMENTO DO MPOG

    PROFESSOR FRANCISCO MARIOTTI

    Economia e Finanas Pblicas

    Aula 2

    Ol Pessoal,

    Estamos de volta, agora para a nossa segunda aula de Economia e Finanas

    Pblicas para o cargo de APO do MPOG.

    No sei se todos repararam, mas acabei optando em transferir uma parte do

    contedo programtico do curso que estava disposto na aula 1, para a aula 2, de

    forma a tornar mais light o estudo.

    Mas me digam, como foi a primeira aula? Conseguiram fixar bem o contedo?

    Espero que sim! De qualquer forma, estou a disposio de vocs.

    Conforme eu comentei no incio do curso, estou um pouco preocupado com

    as entrelinhas do edital, dado que ele faz a citao de determinados tpicos de

    matria que podem ou no trazer implcitos outros assuntos.

    Assim sendo, entendo que devemos estudar tudo, para assim evitarmos

    possveis surpresas na hora do exame.

    Mos obra!

    Francisco

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    PROFESSOR FRANCISCO MARIOTTI

    3. Agregados Monetrios

    A palavra agregado significa juno de coisa (s). J a palavra monetrio

    refere-se a tudo aquilo pertencente moeda. Dessa maneira, podemos conceituar o

    termo agregados monetrios como sendo o conjunto de coisas, noes, idias

    relacionadas moeda.

    Em termos econmicos, os agregados monetrios representam as formas de

    mensurao e derivao da moeda, utilizada nas relaes de trocas entre os

    agentes do sistema econmico.

    Assim sendo, necessitamos saber quais seriam as funcionalidades do uso da

    moeda, para s ento conhecermos os agregados monetrios.

    Moeda

    A Moeda pode ser definida como um objeto de aceitao geral, utilizado na

    troca de bens e servios. Essa possui curso obrigatrio dentro do pas, ou seja, tem

    aceitao incondicional como forma de pagamento nas transaes com bens e

    servios. A caracterstica de aceitao geral garantida na Lei 9069/95, criadora do

    Plano Real.

    A utilizao da moeda traz consigo as suas funcionalidades, que assim se

    destacam:

    Intermediria de trocas:

    Essa funo decorre do prprio conceito de moeda. o meio pelo qual as

    transaes so efetuadas. Ela evita a troca direta e a necessidade de coincidncias

    de desejos.

    Ex: Jos troca seu produto por moeda e fica em condies de adquirir,

    atravs dela, os produtos de que necessita.

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    Unidade de medida de valor:

    A moeda serve para comparar o valor de mercadorias diferentes: Se um carro

    vale R$ 20.000,00 e um imvel R$ 200.000,00, um imvel pode ser trocado por dez

    carros. Veja que as trocas sempre se do em termos de unidades monetrias.

    Reserva de valor:

    A moeda pode ser retida em poder de uma pessoa aps a venda de seu

    trabalho, constituindo uma reserva ou um crdito em relao sociedade. Essa

    caracterstica da moeda obriga, no entanto, que os seus possuidores resguardem-se

    de riscos relativos a essa reteno.

    Os depsitos no sistema bancrio so a proteo contra perdas e assaltos.

    Ainda preciso evitar a desvalorizao da moeda em relao a seu poder de

    compra, que ocorre em virtude da inflao. Nesse caso, os detentores de moeda

    procuram realizar aplicaes em ttulos que rendem juros, ou mesmo em ativos que

    podem valorizar-se.

    Padro para pagamentos diferidos

    Refere-se funo da moeda na qual esta se torna o balizador das decises

    de investimentos e financiamentos de empresas ao longo do tempo.

    Os Agregados Monetrios

    Os agregados monetrios, tambm chamados de meios de pagamento, so

    definidos como o estoque de moeda disponvel para uso da coletividade a qualquer

    momento do tempo.

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    A partir do clculo dos meios de pagamento, possvel medir a liquidez

    econmica, objetivando o atendimento s transaes com bens e servios.

    O agregado monetrio mais lquido o representado pelo conceito de (M1),

    que corresponde ao saldo de papel moeda em poder do pblico (PMPP), tambm

    chamado de moeda manual, adicionado do saldo do depsito a vista (DV), moeda

    escritural, mantidos nos bancos:

    M1 = PMPP + DV

    O clculo do saldo de moeda em poder do pblico (PMPP) obtido

    retirando-se do total de PAPEL MOEDA EMITIDO (PME), o montante que fica no

    caixa da prpria autoridade monetria, e nos caixas dos bancos comerciais (BB,

    Bradesco, Ita dentre outros).

    O PMPP o prprio dinheiro que fica na mo de todos ns no dia-a-dia,

    excluindo-se os valores depositados vista nas contas correntes (DV).

    PMPP = PAPEL MOEDA EMITIDO ENCAIXES DA AUTORIDADE

    MONETRIA ENCAIXE DOS BANCOS

    O que vemos pela frmula acima que nem todo papel moeda emitido (PME)

    se transforma em Papel Moeda em Poder do Pblico (PMPP). O que temos na

    verdade que o total do Papel Moeda Emitido (PME) menos o caixa do BACEN,

    igual ao Papel Moeda em Circulao (PMC).

    PMC = PME CAIXA DO BACEN

    O PMC dividido em duas partes:

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    Em encaixes compulsrios1 e voluntrios2 dos bancos que estes fazem

    no Banco Central;

    No Papel Moeda em Poder do Pblico (PMPP).

    O mesmo Papel Moeda em Circulao (PMC) ainda chamado de BASE

    MONETRIA.

    No conjunto de todas estas informaes, temos:

    PMC (Papel Moeda em Circulao) = PME (Papel Moeda Emitido) Caixa do

    BACEN = BASE MONETRIA

    PMC = Encaixes dos Bancos (depsitos compulsrios e voluntrios) +

    PMPP (Papel Moeda em Poder do Pblico)

    Observao: Os depsitos a vista no devem ser confundidos com o caixa dos bancos

    comerciais. Embora contabilmente um depsito em dinheiro aumente, em um primeiro momento, o

    caixa dos bancos, o Banco utilizar os seus recursos em seu caixa para outras transaes financeiras

    que no a de deixar o dinheiro parado na conta corrente.

    O chamado conceito M1 (moeda com o pblico mais os depsitos a vista),

    que no rende juros e de liquidez imediata, tambm chamado de haver

    monetrio ou mesmo de moeda.

    Existem as demais composies dos agregados monetrios, nestes

    incorporados as aplicaes financeiras menos lquidas que propriamente o Papel

    Moeda em Poder do Pblico (PMPP) mais os depsitos a vista (DV). So os

    chamados conceitos de M2, M3 e M4.

    1 Os encaixes compulsrios representam o dinheiro de propriedade dos bancos que precisa, ou seja, obrigatrio

    que seja recolhido ao BACEN, com fins de se evitar o seu emprstimo ao pblico. Veremos maiores detalhes nas

    aulas que se seguem.

    2 Os encaixes voluntrios tambm so depositados no Banco Central, mas como o prprio nome diz, os bancos

    depositam de forma voluntria.

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    M2 = M1 + TTULOS PBLICOS

    M3 = M2 + DEPSITOS DE POUPANA

    M4 = M3 + DEPSITOS A PRAZO (Ttulos Privados)

    Estes ativos, que rendem juros, so tambm chamados de haveres no

    monetrios ou quase-moeda.

    Criao e Destruio de Moeda

    A criao ou destruio de moeda concretiza-se atravs das operaes

    realizadas entre o setor bancrio e o pblico em geral. Diz-se que h criao de

    moeda quando o pblico recebe do setor bancrio haveres monetrios (papel-

    moeda em poder do pblico + depsitos vista) e, em contrapartida, entrega

    haveres no-monetrios ao setor bancrio.

    Exemplo: Quando clientes resgatam suas aplicaes feitas em poupana,

    utilizando-se desse valor para realizarem transaes com bens e servios,

    exemplifica um caso tpico de criao de moeda.

    J a destruio de moeda ocorre quando o pblico entrega haveres

    monetrios ao setor bancrio e, em contrapartida, recebe do setor bancrio haveres

    no-monetrios.

    Exemplo: Seria o caso agora em que clientes realizam aplicaes financeiras

    em bancos, tais como poupana, fundos de investimento e etc.

    Criao de Moeda

    (PBLICO) > haveres no-monetrios (SETOR BANCRIO)

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    Destruio de Moeda

    (PBLICO) > haveres monetrios (SETOR BANCRIO)

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    como os bancos sabem que nem todos os clientes poupadores iro efetuar saques

    ao mesmo tempo, estes utilizam os recursos, gerando o que chamaremos de

    multiplicador dos agregados monetrios ou dos meios de pagamento.

    A Base Monetria e o multiplicador

    Conforme verificamos em tpico anterior, a quantidade de moeda em

    circulao (PMC), tambm chamada de Base Monetria, definida pelo Banco

    Central. Parte da Base demandada pelos bancos na forma de encaixes

    compulsrios e voluntrios, sendo a outra parte representada pelo papel moeda em

    poder do pblico (PMPP).

    Base Monetria = Encaixes + PMPP

    Tambm definimos que a oferta de moeda circulante na economia (M1)

    dividida entre o PMPP e o total de depsitos a vista nos bancos (DV).

    M1 = PMPP + DV

    Considerando que os depsitos a vista esto nos bancos, estes se utilizam

    dos recursos depositados para realizarem emprstimos. O fator que definir quanto

    os bancos podero emprestar est baseado nos encaixes obrigatrios exigidos pelo

    Banco Central. Assim, quanto menor for a quantia a ser depositada na autoridade

    monetria pelos bancos, maior ser a capacidade de gerao de emprstimos pelo

    setor bancrio, pelo simples fato que estes possuem mais dinheiro sobrando.

    Os emprstimos realizados sociedade retornam em momento futuro para o

    prprio banco emprestador, ou mesmo outro banco componente do sistema

    financeiro. Deste dinheiro depositado, oportuniza-se novos emprstimos

    sociedade.

    A multiplicao dos agregados monetrios ocorre a partir do momento em

    que a moeda depositada no sistema bancrio como depsito vista.

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    A criao de moeda derivada em um valor mltiplo de uma injeo

    monetria inicial. Vejamos a multiplicao:

    Base Monetria (B) = PMPP + Encaixes (E), ou, de outra forma:

    PMPP = Base Monetria Encaixes (1)

    M1 = PMPP + DV, ou, de outra forma:

    PMPP = M1 DV (2)

    Base Monetria (B) Encaixes (E) = Meios de Pagamento (M1) DV

    (1) (2)

    Base Monetria (B) = Meios de Pagamento (M1) DV + Encaixes (E)

    Dividindo-se os termos por M1,

    B / M1 = 1 (DV / M1) + E / M1

    Multiplicando-se e dividindo-se o ltimo termo por DV, chegamos a:

    B / M1 = 1 (DV / M1) + (E / M1) * (DV/DV)

    Chamando a razo do volume de depsitos a vista sobre os meios de

    pagamento (DV / M1) de d e a razo dos encaixes sobre o os depsitos a vista

    (E / DV) de e, temos que:

    B / M1 = 1 d + ed

    Colocando-se em evidncia o d e posteriormente invertendo-se a expresso,

    teremos o seguinte resultado:

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    M1 = B / 1 d(1 e), sendo 1 / 1 d(1 e) = m, chamado de multiplicador

    dos meios de pagamento (ou dos agregados monetrios).

    M1 = B x m

    A partir dessa expresso, possvel saber qual ser o impacto sobre o

    aumento dos meios de pagamento M1, derivado do aumento da base monetria.

    Da expresso M1 = B / 1 d(1 e), chegamos a algumas concluses

    importantes:

    9 Na medida em que aumenta o total de depsitos a vista no sistema

    bancrio, maior ser a expanso dos agregados monetrios quando do

    resultado de um aumento da base monetria pelo Banco Central;

    9 De forma contrria, quando o Banco Central aumenta a exigncia do

    percentual de encaixes dos bancos, menor a capacidade de expanso

    do crdito pelos bancos e, conseqentemente, da expanso dos meios

    de pagamento.

    Vamos a uma questo sobre o assunto:

    (Bacen/Analista FCC/2006) Numa determinada economia, os encaixes totais

    mantidos pelo sistema bancrio representam 4/10 do total dos depsitos vista em

    conta corrente. Se a populao desse pas mantiver 1/5 dos meios de pagamento na

    forma de moeda manual, um aumento de 1.000 na base monetria acarretar um

    acrscimo nos meios de pagamento, de

    a) 6250

    b) 3125

    c) 2358

    d) 1923

    e) 1470

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    Bem, comeemos do comeo!

    A frmula para se calcular o valor do aumento dos meios de pagamento

    proveniente do aumento da base monetria M1 = B / 1 d(1 e), sendo M1 os

    meios de pagamentos (agregados monetrios), que so representados pelo PMPP +

    DV.

    B a base monetria, representada pelo somatrio do PMPP mais os

    encaixes dos bancos no Banco Central (E). d igual a razo do volume de

    depsitos a vista (DV) sobre os meios de pagamento (M1) e e o volume de encaixe

    dos bancos no Bacen (E) sobre os depsitos vista (DV).

    Na questo j nos informado o valor da expanso da base monetria (1000)

    e a razo entre os encaixes dos bancos e os depsitos a vista (4/10). Na questo,

    no entanto, informado apenas o percentual de meios de pagamento (M1) em

    moeda manual, tambm chamado por ns de papel moeda em poder do Pblico

    PMPP (1/5).

    A questo at poderia complicar mas, conforme vimos acima, o conceito de

    agregado monetrio M1 parte derivado dos depsitos a vista (DV), nosso interesse

    nessa questo, e parte derivado do volume de PMPP, sendo DV + PMPP = 1. Se a

    razo de moeda manual sobre os meios de pagamento (PMPP/M1) igual a 1/5,

    podemos entender que a razo de moeda escritural sobre os meios de pagamento

    (DV/M1) igual a 4/5.

    Com isso temos que,

    M1 = B * 1 / 1 d(1 e)

    M1 = 1000* 1/ 1 4/5 (1 4/10) = 1000* 1 /0,52 = 1923

    Gabarito: letra d

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    As Contas do Sistema Monetrio

    Estando demonstrada a ntima relao existente entre os agregados

    monetrios e a sua multiplicao a partir dos bancos comerciais, por meio do que

    conceituamos de multiplicador bancrio m = 1 / 1 d(1 e), partimos agora para a

    exposio das contas do sistema monetrio, seja pela composio destas no Bacen,

    seja sobre a sua estruturao para os bancos componentes do sistema.

    As contas do sistema monetrio so estruturadas como em toda

    contabilidade, existindo operaes ativas e operaes passivas.

    Apresentamos as contas com o fim de entendermos tanto o processo de

    criao e de destruio de moeda, bem como a contabilizao das exigncias da

    Autoridade Monetria para com os bancos e vice-versa.

    O Balano Consolidado dos Bancos Comercias

    Os bancos comerciais representam um dos lados do sistema monetrio, j

    que so estes que promovem a interligao do Banco Central, em nome do governo,

    com o pblico em geral.

    O balano consolidado (simplificado) dos bancos comerciais assim dividido:

    Ativo Passivo

    Encaixes Recursos prprios (passivo no exigvel)

    - Em moeda corrente Depsitos vista

    - Depsitos Voluntrios Depsitos a prazo

    - Depsitos Compulsrios Redescontos e outros recursos do Bacen

    Emprstimos ao setor privado Emprstimos externos

    Emprstimos a entidades pblicas

    Ttulos pblicos e privados

    Imobilizado

    Outras aplicaes

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    No lado do ativo:

    Encaixes: Trata-se da parcela dos depsitos vista que o sistema

    bancrio comercial no emprestou ao pblico. So os chamados

    depsitos compulsrios e voluntrios;

    Emprstimos ao setor privado e ao setor pblico: So os emprstimos

    feitos ao sistema no bancrio, tais como o governo, as famlias e etc;

    Ttulos Pblicos e Privados: So os haveres no monetrios na forma

    de ttulos encarteirados pelos bancos.

    Imobilizado: a contabilizao dos recursos das estruturas fsicas de

    funcionamento dos bancos;

    Outras Aplicaes: So as aplicaes em moeda estrangeira dos

    bancos.

    No lado do Passivo:

    Recursos Prprios: So os recursos de propriedade dos prprios

    bancos comerciais. So considerados passivo no exigvel, por

    constiturem conta do patrimnio lquido;

    Depsitos vista: So os depsitos captados pelo sistema bancrio do

    pblico em geral e disponveis em conta-corrente;

    Depsitos vista: So os depsitos captados pelo sistema bancrio do

    pblico em geral e disponveis em outras contas (poupana, ttulos de

    renda fixa (CDB, RDB);

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    Redescontos: So os recursos tomados a ttulo de emprstimo pelos

    bancos via Banco Central;

    Recursos Externos: So recursos tomados pelos bancos para

    financiamento de suas linhas de concesso de crdito ao pblico em

    geral;

    Podemos verificar que as operaes ativas so aquelas provenientes da

    destinao dada pelos bancos para o volume de depsitos vista feitos pelo pblico.

    J o passivo, representado em sua maior parte, pelos prprios depsitos

    realizados pelo pblico.

    Vejamos agora o balano consolidado do Banco Central:

    O Balano Consolidado do Banco Central

    Ativo Passivo

    Encaixes em moeda corrente Saldo do papel-moeda emitido

    Ttulos pblicos federais Depsitos do Tesouro Nacional

    Operaes de redesconto Depsitos dos Bancos Comerciais

    Emprstimos ao Tesouro - Depsitos Voluntrios Nacional

    Reservas internacionais

    - Depsitos Compulsrios

    No lado do ativo encontram-se:

    Encaixes em moeda corrente: Trata-se da parte do papel moeda

    emitido (PME) que no se encontra em circulao;

    Ttulos Pblicos Federais: O Bacen chamado de agente financeiro do

    Tesouro Nacional. Ele realiza as chamadas operaes de Mercado

    Aberto, que se caracterizam pela colocao e retirada de dinheiro de

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    circulao via ttulos. Na sua contabilidade entra como ativo, constando

    como passivo do Tesouro Nacional;

    Operaes de Redesconto: So os emprstimos feitos as bancos

    comerciais. Fica localizado do lado direito do seu balano, ficando do

    lado esquerdo no balano dos bancos comerciais;

    Reservas Internacionais: O estoque de moeda estrangeira pertencente

    ao pas fica sob guarda do Banco Central. Ele a tem como ativo por

    necessidade de utilizar estes recursos para fazer frente s demandas

    de divisas estrangeiras por bancos e pelo pblico em geral;

    J no lado do passivo, temos:

    Papel Moeda Emitido: Trata-se do total de moeda emitida que pode ou

    no estar circulando. Se estiver PME = PMC, caso contrrio no.

    Destaca-se que o total de papel moeda em circulao nunca poder

    ser maior que o total de papel moeda emitido (moeda manual);

    Depsitos do Tesouro: So os depsitos feitos pelo Tesouro como

    cobrir as operaes realizadas pelo BACEN;

    Depsitos Compulsrio e Voluntrio: So os recursos depositados

    pelos bancos comerciais no Bacen, podendo ser, como o prprio nome

    diz, obrigatrios ou voluntrios.

    De acordo com a Contabilidade, no lado do passivo existem as contas que

    identificam as origens dos recursos. De forma contrria, as contas pertencentes ao

    ativo referem-se s aplicaes dos recursos. Em referncia ao Bacen, as contas do

    passivo so divididas em monetrias, ou seja, utilizadas como meios de pagamento,

    e no monetrias, no utilizadas como meios de pagamento.

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    O Balano consolidado do sistema monetrio

    Ativo Passivo

    Aplicaes dos Bancos Agregados Monetrios Comerciais - Emprstimos ao setor privado - Papel-moeda em poder do pblico

    - Ttulos pblicos e privados - Depsitos vista nos Bancos

    Aplicaes do Banco Central Recursos No-monetrios

    - Reservas internacionais - Depsitos a prazo

    - Emprstimos ao Tesouro - Depsitos do Tesouro Nacional Nacional

    - Ttulos pblicos federais - Ttulos do Banco Central

    - Saldo lquido das demais contas

    Chegamos ao final do estudo sobre os chamados agregados monetrios e a

    sua contabilizao dentro do sistema monetrio. De forma a colocarmos em prtica

    a matria, vamos a resoluo de alguns exerccios.

    Ressalto que findada a realizao e correo dos exerccios, nso voltamos ao

    estudo das chamadas polticas fiscal, monetria e cambial, alm de suas

    derivaes.

    At l!

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    Exerccios:

    17 (Economista da Codevasf 2003) A moeda possui quatro funes tradicionais.

    So elas:

    a) Escambo, meio de troca, reserva de valor, unidade de conta.

    b) Meio de troca, reserva de valor, unidade de conta e padro de pagamentos

    diferidos.

    c) meio de troca, reserva de valor, unidade de conta e padro de pagamentos

    indeferidos.

    d) Meio de troca, reserva de valor, unidade de conta, e titulo de debito ao portador.

    18 - (AFRF/ESAF 2005) No faz(em) parte do passivo do balancete do Banco

    Central:

    a) recursos externos.

    b) depsitos do tesouro nacional.

    c) redescontos.

    d) papel moeda emitido.

    e) encaixes dos bancos comerciais.

    19 (ACE/TCU/ESAF 2002) Faz(em) parte do ativo do balancete do Banco

    Central

    a) o papel-moeda emitido.

    b) as reservas internacionais.

    c) os depsitos do Tesouro Nacional.

    d) a Base Monetria.

    e) os depsitos dos bancos comerciais

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    20 (AFPS/MPAS ESAF/2002) Considere os seguintes dados: m = 4/3 e R = 0,5,

    onde m = multiplicador dos meios de pagamento em relao a base monetria e R =

    encaixes totais dos bancos comerciais/depsitos a vista. Com base nessas

    informaes, pode-se afirmar que o coeficiente papel-moeda em poder do

    publico/M1 igual

    a) 0,2

    b) 0,3

    c) 0,4

    d) 0,5

    e) 0,7

    21 (BACEN/ANALISTA ESAF/2001) Considere os seguintes dados: papel-moeda

    em poder do publico / M1 = 0,3; encaixe total dos bancos comerciais / depsitos a

    vista nos bancos comerciais = 0,3. Com base nessas informaes, pode-se afirmar

    que

    a) um aumento de 30% na relao depsitos a vista nos bancos comerciais / M1

    resulta em um aumento de aproximadamente 19,830% no multiplicador bancrio.

    b) um aumento de 25% na relao depsitos a vista nos bancos comerciais / M1

    resulta em um aumento de aproximadamente 21,687% no multiplicador bancrio.

    c) um aumento de 20% na relao depsitos a vista nos bancos comerciais / M1

    resulta em um aumento de aproximadamente 23,786% no multiplicador bancrio.

    d) um aumento de 10% na relao encaixe total dos bancos comerciais / depsitos

    a vista nos bancos comerciais resulta em uma reduo de aproximadamente

    8,750% no multiplicador bancrio.

    e) um aumento de 15% na relao encaixe total dos bancos comerciais / depsitos

    a vista nos bancos comerciais resulta em uma reduo de aproximadamente

    9,102% no multiplicador bancrio.

    22 (APO/MPOG ESAF/2001) So consideradas operaes ativas do Banco

    Central:

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    a) alteraes nos impostos sobre as operaes financeiras; emprstimos do Banco

    Central ao Tesouro Nacional; emprstimos do Banco Central ao setor privado;

    operaes de redesconto.

    b) alteraes nas reservas internacionais do pas; emprstimos do Banco Central ao

    Tesouro Nacional; emprstimos do Banco Central ao setor privado; operaes de

    redesconto.

    c) alteraes nas reservas internacionais do pas; emprstimos do Banco Central ao

    Tesouro Nacional; alterao dos impostos sobre as operaes financeiras;

    operaes de redesconto.

    d) alteraes dos impostos sobre as operaes financeiras; alteraes dos impostos

    sobre as operaes de cmbio; emprstimos do Banco Central ao Tesouro Nacional;

    operaes de redesconto.

    e) alteraes nos impostos sobre as operaes financeiras; emprstimos do Banco

    Central ao Tesouro Nacional; emprstimos do Banco Central aos bancos comerciais;

    emprstimos do Banco Central ao setor privado.

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    Gabarito das questes:

    17 b

    18 c

    19 b

    20 d

    21 c

    22 b

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    4. Conceito de Dficit e Dvida Pblico e o seu Financiamento

    De forma genrica, podemos definir o dficit pblico como sendo excesso de

    gastos pblicos sobre as receitas pblicas.

    Segundo o Manual de Finanas Pblicas do Banco Central, o conceito de

    setor pblico utilizado para mensurao da dvida lquida e do dficit pblico o de

    setor pblico no-financeiro mais Banco Central. Considera-se como setor pblico

    no-financeiro as administraes diretas federal, estaduais e municipais, as

    administraes indiretas, o sistema pblico de previdncia social e as empresas

    estatais no-financeiras federais, estaduais e municipais, alm da Itaipu Binacional.

    Ainda segundo o mesmo Manual, o Banco Central includo na apurao da dvida

    lquida pelo fato de transferir seu lucro/prejuzo automaticamente para o Tesouro

    Nacional.

    O dficit pblico, objeto de nossa anlise, medido durante determinado

    perodo de tempo (normalmente um ano). chamado de varivel fluxo, dado que

    seu resultado, um fluxo, incorporado varivel estoque chamada dvida pblica.

    No obstante anlise do dficit e da dvida pblica, merece ateno o

    desenvolvimento e a lembrana de alguns conceitos pertinentes ao assunto.

    O somatrio de receitas arrecadadas chamada de carga fiscal bruta. Desta

    carga tributria devem ser excludas as chamadas transferncias realizadas pelo

    governo, tais como o pagamento dos juros sobre a divida pblica, os subsdios

    concedidos pelo governo bem como os gastos para a manuteno dos regimes de

    assistncia e previdncia social.

    O que sobra da carga tributria, agora chamada de lquida, utilizada pelo

    governo para realizar o custeio da mquina pblica, ou seja, realizar o pagamento

    das chamadas despesas correntes. O resultado da receita lquida do governo menos

    o custeio o que chamamos de poupana (ou saldo) do governo em conta-corrente.

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    O resultado do governo em conta corrente, uma vez positivo, deve ser

    utilizado para fazer frente s chamadas de despesas de capital, que so divididas

    em investimento, inverses financeiras e transferncias de capital. De forma ampla,

    chamaremos as despesas de capital de Investimento Pblico (ou governamental).

    Considerando estas informaes, podemos dizer que, caso o volume de

    investimentos pblicos seja superior a poupana do governo em conta corrente,

    teremos o chamado Dficit Pblico.

    Dficit Pblico = Poupana Pblica Investimento Pblico

    No caso de o governo apresentar um dficit na relao entre saldo em conta

    corrente e investimento pblico, este dever buscar recursos para honrar seus

    compromissos, tendo as seguintes opes:

    Realizar a venda de ttulos pblicos aos bancos3, com o objetivo de auferir

    recursos financeiros para realizar o pagamento de suas contas;

    Vender ttulos pblicos ao Banco Central4, recebendo em troca moeda nova

    (aumento do papel moeda emitido), para fazer frente aos seus compromissos.

    A venda de ttulos pblicos aos bancos provoca a diminuio da poupana do

    setor privado, dado que parte dos recursos antes administrados pelas Instituies

    Financeiras, so agora destinados ao pagamento dos compromissos do poder

    pblico, trazendo ainda a diminuio da capacidade de fornecimento de crdito

    populao em geral.

    J a venda de ttulos ao BACEN leva a necessidade de nova emisso de

    moeda, ou seja, crescimento da base monetria, o que em alguns casos pode levar

    3 Dizemos bancos e no setor privado pois grande parte dos ttulos pblicos so adquiridos por Instituies

    Financeiras Pblicas, tasi como o Banco do Brasil, a Caixa Econmica Federal e o BNDES.

    4 Cabe-nos destacar que conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal, em seu art. 39, 2, o Banco Central s pode adquirir ttulos diretamente do Tesouro Nacional se for com o objetivo de refinanciar a dvida mobiliria federal que estiver vencendo em sua carteira.

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    at mesmo ao crescimento da inflao, dado o crescimento do volume de dinheiro

    em circulao. Destaca-se que voltaremos a tratar deste tema quando abordarmos a

    poltica monetria e as suas relaes.

    Economia da Dvida Pblica

    Nas duas situaes acima, o Tesouro Nacional, em nome do governo, estar

    promovendo o crescimento da chamada Dvida Pblica.

    A conseqncia natural do crescimento da dvida pblica, pois partimos do

    pressuposto de que ela um resultado de dficits passados, a necessidade da

    ampliao dos gastos do governo com o pagamento de juros, tornando ainda menor

    a capacidade de gerao de poupana corrente do governo, j que verificamos que

    esta obtida diminuindo-se da carga tributria lquida, as despesas correntes, sendo

    que nesta ltima encontram-se os pagamentos de juros do perodo passado.

    Ainda do resultado da formao da dvida pblica, existe a necessidade de

    quitao do seu principal (amortizao), que se enquadra como despesa de capital,

    item tambm j traduzido por ns de Investimento Pblico, o que tender a

    aumentar ainda mais o Dficit Pblico do perodo de seu pagamento.

    A dvida pblica que ora fazemos meno representada no somente pela

    dvida pblica interna do pas, mas tambm a dvida pblica externa, j que o

    governo financia-se via emisso de ttulos no mercado internacional. So os

    conhecidos Bonds do governo.

    Mensurao do Dficit Pblico

    Se relembrarmos a aula 1, conceituamos o mesmo dficit pblico a partir da

    chamada identidade macroeconmica fundamental, na qual diz que o investimento

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    da economia (privado e pblico) ser financiado pelas poupanas privada, pblica e

    externa.

    IPRIVADO + IPBLICO = SPRIVADA + SPBLICA(ou do governo) + SEXTERNA

    Da mesma forma, o resultado do dficit pblico ser obtido conforme o

    descrito nos tpico anterior, ou seja, verificando-se o excesso de investimento

    pblico sobre a poupana pblica.

    IPBLICO - SPBLICA(ou do governo) = SPRIVADA - IPRIVADO + SEXTERNA

    Dficit Pblico = SPRIVADA - IPRIVADO + SEXTERNA

    O governo possui um instrumento eficaz para verificar os motivos que esto

    levando ao surgimento de constantes dficits. o que ns chamamos de critrio

    acima da linha, que mede como se comportam as contas de receitas e de

    despesas. Esta medio capacita o governo (neste caso a Secretaria do Tesouro

    Nacional) a verificar quais so as contas governamentais que so responsveis pelo

    excesso de gastos frente aos recursos arrecadados.

    O primeiro conceito de mensurao do excesso de investimento pblico sobre

    a poupana pblica o chamado dficit primrio. Seu resultado calculado pela

    diferena entre as despesas operacionais (ou despesas no-financeiras), que

    incluem as despesas correntes e de capital, menos as receitas operacionais (ou

    no-financeiras) que incluem somente as receitas correntes.

    Dficit Primrio = Despesas operacionais Receitas Operacionais

    Importante considerar que caso o total de Receitas seja superior ao de

    Despesas, ser gerado um Supervit Primrio.

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    No Brasil tem vigorado ano-a-ano, a necessidade do governo de atingimento

    de metas de Resultado Primrio, consubstanciado na Lei de Diretrizes

    Oramentrias. O parmetro de anlise sempre se d como uma percentagem do

    Produto Interno Bruto da Economia - PIB.

    O segundo conceito de clculo do Dficit o Operacional, que leva em

    considerao alm do Resultado Primrio, o pagamento dos juros reais (descontado

    a inflao) relativos ao estoque de dvidas passada. Destaca-se que no estamos

    falando em pagamento/amortizao do principal da dvida (componente das

    despesas de capital), mas to somente o pagamento dos juros reais (que

    contabilizado dentro das chamadas despesas correntes do governo).

    Dficit Operacional = Dficit Primrio + Juros Reais da Dvida Passada

    Finalmente, temos o terceiro conceito de dficit, aquele calculado via

    resultado nominal. O dficit nominal inclui, alm do resultado operacional, o

    pagamento do principal da dvida pblica vencvel no perodo e a atualizao

    monetria das dvidas interna e externa. Uma outra forma de mensurar o dficit

    nominal calculando o dficit primrio e, adicionado a este, o resultado entre o

    balanceamento das Despesas e Receitas Financeiras (tambm chamadas de no-

    operacionais) do governo.

    Dficit Nominal = Dficit Primrio + (Despesas financeiras Receitas

    Financeiras)

    Observao Importante:

    Um aspecto importante a ser considerado o que se refere ao chamado imposto

    inflacionrio, que consiste na perda do valor do dinheiro devido inflao. como

    se dissssemos que R$ 100 daqui a 1 ms venha a valer somente R$ 99,00. De

    outro forma, como se consegussemos mais comprar com o mesmo dinheiro o que

    antes compravamos. O governo, em nome do Banco Central, tem o poder de pagar

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    suas contas via emisso indireta de moeda (compra de ttulos pblicos do Tesouro

    pelo Bacen), apropriando-se da diferena entre o valor emitido (R$100) e o quanto o

    dinheiro efetivamente vale hoje (R$ 99)

    No resultado do Dficit Nominal adicionada a chamada atualizao monetria da

    dvida, de tal forma que desconsiderado, neste, o ganho percebido pelo governo

    com o prprio imposto inflacionrio.

    No caso do dficit operacional vemos que isto no acontece, dado que no seu

    clculo no adicionado o componente da atualizao monetria como pagamento

    a ser feito (na forma de despesas) pelo governo.

    As Necessidades de Financiamento do Setor Pblico - NFSP

    Toda vez que o governo apresenta um dficit em suas contas, este necessita

    financiar-se para fazer frente aos seus compromissos.

    As formas de mensurao das necessidades de financiamento do setor

    pblico - NFSP a adotada pelo Banco Central seguindo orientao do Fundo

    Monetrio Internacional -, sendo caracterizado como o critrio abaixo da linha. As

    NFSP representam a variao da Dvida Lquida do Setor Pblico - DLSP para com

    o setor privado interno e externo durante um determinado perodo de tempo. Caso

    ocorra uma variao positiva na dvida, temos um conseqente dficit nas contas

    pblicas. Logicamente, uma variao negativa na dvida consistir num supervit

    das contas pblicas.

    A chamada NFSP conceito nominal corresponde ao prprio dficit nominal.

    Seu resultado a chamada de variao da Dvida Lquida do Setor Pblico DLSP,

    descontados os ajustes patrimoniais ocorridos no perodo. Estes ajustes so

    representados pelas privatizaes (ajuste positivo), que abatem parte da dvida, e o

    reconhecimento dos esqueletos5 (ajuste negativo na dvida), que tendem a aumentar

    (variao positiva) a dvida lquida.

    5 Um esqueleto pode ser representado por uma perda de ao do governo no Supremo Tribunal Federal. As

    correes das perdas dos antigos planos econmicos so uma boa representao de esqueletos do governo.

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    Para fins metodolgicos, a diferena entre a DLSP os ajustes patrimoniais

    corresponde a Dvida Fiscal Lquida DFL.

    Assim, de forma conclusiva, podemos dizer que as NFSP conceito nominal

    corresponde a Dvida Fiscal Lquida DFL.

    NFSP nominal = Dvida Fiscal Lquida

    Para calcularmos as NFSP no conceito operacional, precisamos excluir da

    DFL os resultados da atualizao monetria da dvida (o chamado imposto

    inflacionrio);

    NFSP operacional = Dvida Fiscal Lquida menos a atualizao

    monetria

    Por fim, o chamado conceito de NFSP primrio definido como o conceito de

    Dficit Nominal excluindo-se, alm da atualizao monetria da dvida, o pagamento

    dos juros reais.

    NFSP primrio = Dvida Fiscal Lquida menos a atualizao monetria

    Juros Reais

    Dvida Pblica e Inflao

    Argumentamos que a inflao, na sua vertente de imposto inflacionrio,

    fonte de arrecadao do governo, conforme ficou caracterizado nos clculos e

    anlises das Necessidades de Financiamento do Setor Pblico.

    A questo que a inflao tambm gera males na arrecadao

    tributria governamental. Esta definio baseia-se no chamado efeito TANZI, que

    afirma que a inflao reduz a receita tributria real, evidenciada pelo fato de que a

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    data do fato gerador do imposto diferente da data de recolhimento da obrigao

    tributria.

    Um pequeno exemplo pode ilustrar este entendimento: a gerao de

    obrigao tributria fato gerador - no montante de $ 100,00, ocorrida no incio de

    um ms que apresentou inflao de 10%, gerar perdas de arrecadao tributria

    at o seu recolhimento no valor de R$10.

    Conforme TANZI, uma das formas de evitar esta perda de arrecadao e o

    conseqente crescimento do dficit do governo, atravs da indexao, que

    corrigiria o valor da dvida da data do fato gerador a seu efetivo recolhimento. No

    passado inflacionrio da economia brasileira foram criados vrios instrumentos que

    procuraram minimizar estas perdas, tais como a transformao das receitas

    tributrias em obrigaes, inicialmente conhecidas como Obrigaes do Tesouro

    Nacional - OTNs e posteriormente em Obrigaes Reajustveis do Tesouro

    Nacional ORTNs que garantiam a manuteno das receitas fiscais em nveis

    reais.

    De certa forma contraditria a idia de TANZI, PATINKIN afirmou que a

    inflao no ocasionaria o aumento do dficit, mas sim a sua reduo.

    A proposio de PATINKIN baseou-se na idia de que o simples atraso no

    pagamento de dvidas reduziria o montante a ser pago, fazendo com que a inflao

    gerasse a diminuio das obrigaes do governo agora corroda pela prpria

    inflao.

    Estes questionamentos e teorias foram muito presentes na histria recente da

    economia brasileira pelo fato do processo inflacionrio constante. A partir do Plano

    Real estas perdas e ganhos tomaram pequenas dimenses, inclusive sendo extintas

    as ORTNs.

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    5. Poltica Fiscal

    A teoria econmica possui instrumentos de anlise da interveno do governo

    via a realizao de polticas fiscais. que chamamos de modelo IS (Investimento e

    Poupana), que procura demonstrar como a realizao de gastos pelo governo

    tende a impactar nas variveis econmicas aprendidas por ns na aula 1, quais

    sejam o consumo, o investimento, as exportaes e as importaes, que, no seu

    conjunto, representam o prprio PIB do pas.

    A curva IS

    A curva IS (Investment-Saving) representa as infinitas combinaes de renda

    e taxas de juros operantes no mercado de bens e servios.

    Em termos de equao, a sua expresso dada por uma equao que j

    conhecemos na anlise da Contabilidade Nacional.

    IS (Y) = C + I + G + (X - M)

    i

    IS

    Y (Produo = Q)

    Se considerarmos que o investimento agregado (investimento das empresas))

    depende da taxa de juros de mercado (isto , aumentos da taxa de juros devem

    inibir investimentos, seja pelo aumento do custo dos recursos financeiros tomados

    pelas empresas para produzir, seja porque relativamente mais atrativo para as

    empresas a colocao dos recursos prprios em aplicaes financeiras que rendem

    juros), o mercado de bens deve sofrer impactos diretos sobre variaes nos juros.

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    Conforme podemos depreender, na ocorrncia de elevaes nas taxas de juros, a

    produo impactada negativamente.

    Uma vez que j saibamos que os juros interferem diretamente no resultado da

    economia, podemos calcular o impacto que este provoca sobre o nvel de renda.

    Para isso, voltamos a lembrar da igualdade definida na Contabilidade Nacional, onde I

    = S.

    Exemplo:

    Funo Investimento I = 55 200i

    Funo Poupana S = -40+0,20Y

    Veja pela frmula que quanto maior os juros,

    menor o nvel de investimento.

    Situao I: Taxa de Juros = 9% ou 0,09

    Equilbrio S = I 55 - 200(0,09) = - 40 +0,20Y 77 = 0,2Y Y = 385

    Uma diminuio dos juros levar a um aumento dos bens e servios

    produzidos na economia.

    Para aos juros de 7% ou 0,07

    Equilbrio S = I 55 - 200(0,07) = - 40 +0,20Y = 0,2Y Y = 405

    Vemos que uma pequena variao nos juros provoca um aumento da renda

    da economia. Corroborando esse entendimento, verificamos que as alteraes nos

    juros fizeram a renda da economia aumentar de 385 para 405.

    Obs.: Caso os investimentos sejam autnomos s variaes nos juros, a

    curva IS ser vertical.

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    PROFESSOR FRANCISCO MARIOTTI IS

    i Quando o investimento autnomo, ou seja, no depende das taxas de juros, o impacto da poltica fiscal mximo.

    Y (Produo = Q)

    A Poltica Fiscal expansionista do governo (aumento dos gastos) e o

    impacto na curva IS

    Considerando que a renda da economia formada por diversos

    componentes, consumo (C), investimentos (I), gastos do governo (G), as

    Exportaes (X) e as Importaes (M), possvel saber, por exemplo, qual seria o

    impacto sobre a curva IS caso o governo resolvesse aumentar os seus gastos.

    Y = C + I + G + X - M

    O resultado do aumento dos gastos a gerao do efeito multiplicador sobre

    a renda da economia e o conseqente deslocamento da curva IS.

    i

    IS

    Y (Produo = Q)

    Assim sendo, relembramos que a curva IS mostra a relao inversa entre

    renda e taxa de juros, representando o lado real da economia.

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    O contexto da Expanso dos gastos do governo sobre as Necessidades

    de Financiamento do Setor Pblico

    Conforme pudemos observar, o governo intervm na economia atravs da

    chamada poltica fiscal. A sua efetivao se d via aumento de gastos ou de

    investimentos governamentais. O lastro para a realizao de sua poltica de estmulo

    econmico sustentado inicialmente pela carga tributria lquida, que garante a

    manuteno das atividades governamentais e, em complemento, gera a chamada

    poupana em conta corrente, financiadora do investimento pblico.

    O estmulo atividade econmica pode gerar o chamado dficit pblico, uma

    vez que o investimento realizado pelo governo seja maior do que a sua poupana

    em conta corrente. De outra forma, toda vez que o governo apresenta um resultado

    na forma de dficit, estar ocorrendo a chamada poltica fiscal expansionista.

    Caso ocorra um supervit, o governo estar por realizar uma poltica fiscal

    contracionista.

    A base de instrumentalizao da poltica fiscal pelo governo originria da

    chamada teoria keynesiana.

    At 1930 os economistas acreditavam que as foras de mercado (Oferta e

    Demanda) se encarregariam de equilibrar o fluxo econmico, levando a economia

    automaticamente ao pleno emprego de recursos (fbricas produzindo na sua

    capacidade mxima, todas as pessoas capacitadas a trabalhar estando

    trabalhando). No entanto, a crise econmica vivida pelo mundo capitalista a partir

    da quebra da Bolsa de Nova York em 1929, que redundou na queda brutal do

    nvel de atividade econmica e numa elevao do desemprego, mostrou que o

    mercado, empresas e consumidores, no conseguiam sozinhos solues para

    contornar a crise.

    A partir desse marco histrico, o economista ingls JOHN MAYNARD

    KEYNES passa a desenvolver suas teorias, cuja base se assenta no pressuposto de

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    que era necessria a interveno do governo, no sentido de regular a atividade

    econmica, levando-a ao pleno emprego de recursos. A ferramenta principal

    consistia no aumento dos seus gastos, sendo o elemento fundamental para a

    inverso do quadro de recesso e desemprego, uma vez que, realizando uma

    poltica fiscal expansionista, estaria aumentando a despesa agregada e,

    conseqentemente, o nvel de produo (dada capacidade ociosa das empresas).

    O chamado modelo Keynesiano procura demonstrar como se do as

    alteraes nos gastos do governo e a sua conseqncia sobre o nvel de atividade

    economia.

    Conforme verificamos de forma esttica na anlise das contas nacionais, a

    demanda agregada composta pelo consumo das famlias (C), pelos investimentos

    das empresas (I), pelos gastos do governo (G), pelas exportaes (X) e pelas

    importaes (M).

    DA = C + I + G + X - M

    O estmulo demanda agregada, via poltica fiscal, se d atravs do chamado

    multiplicador dos gastos. O multiplicador mostra que, se a economia estiver

    com recursos desempregados (o que comum no Brasil), um aumento de uma

    unidade monetria nos gastos do governo provocar um aumento da renda

    nacional mais que proporcional ao aumento dos gastos do governo. Esse efeito

    ocorre porque, numa economia em desemprego, abaixo da capacidade de

    produo das empresas, qualquer injeo de despesas, seja via gastos com

    consumo, investimento, exportaes, e das prprias despesas do governo,

    provoca um efeito multiplicador nos vrios setores da economia.

    O ciclo funciona da seguinte forma:

    O aumento da renda do setor beneficiado com a injeo de gastos levar

    os assalariados e empresrios desse setor a gastarem a sua renda com outros

    setores (com alimentao, vesturio, lazer, etc.), que por sua vez gastaro com

    outros bens e servios e assim continuamente.

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    Comportamento das contas pblicas e financiamento do dficit

    pblico no Brasil

    O comportamento das contas pblicas no pas tem se comportado de forma

    relativamente positiva. Com o conjunto de medidas tomadas pelo governo federal e

    pelo Banco Central aps a grave crise financeira vivida no fim dos anos de

    1998/1999, dentre as quais o estabelecimento da delimitao dos saldos de

    resultado primrio das contas pblicas em relao ao total do Produto Interno Bruto

    PIB, o regime de metas de inflao, assim como a promulgao de Lei de

    Responsabilidade Fiscal, o que pode, aos poucos, especialmente a partir da metade

    do primeiro mandato do Presidente Lula, reorientar a formao da dvida pblica a

    partir das sucessivas ocorrncias de dficits.

    O estabelecimento de metas de cumprimento de resultado primrio positivo

    (supervit) em percentual do PIB, capacitou o governo a gerar saldos para

    pagamentos cada vez maiores dos juros da dvida (resultado operacional),

    diminuindo evoluo da dvida pblica.

    O regime de metas de inflao funcionou e ainda funciona com um parmetro

    para estabelecimento de nveis mximos de variao dos preos no pas. Essa

    poltica tendeu a reduzir a necessidade de subida das taxas de juros pelo Banco

    Central, via apenas a sua sinalizao de que, caso ocorressem picos inflacionrios,

    a autoridade monetria encontrar-se-ia disposta a elevar a taxa de juros. O resultado

    da poltica embasa-se apenas na confiana da ao do Bacen, quando necessrio,

    reduzindo assim a necessidade da subida dos juros.

    Pela anlise das contas pblicas, a elevao dos juros tende a aumentar as

    necessidades de financiamento do setor pblico sob o conceito operacional e

    conseqentemente nominal, diminuindo a capacidade do governo de realizar

    polticas de estmulo ao crescimento via investimentos pblicos.

    Finalmente, a promulgao da Lei de Responsabilidade Fiscal, que

    estabeleceu norma de Finanas Pblicas voltadas para a responsabilidade na

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    gesto fiscal, procurou promover sensveis melhoras nas contas pblicas e

    conseqente diminuio de dficits via preveno de risco e desvios capazes de

    afetar o equilbrio das contas, especialmente atravs do cumprimento de metas de

    resultado de receitas e despesas.

    No se pode afirmar que essa srie de medidas impediu por completo o

    crescimento da dvida pblica, haja vista a srie de polticas assistencialistas

    implementadas pelo governo central, bem como as turbulncias sofridas pelo pas

    advindas do exterior. No obstante, verifica-se a tendncia da diminuio das NFSP

    no conceito nominal em relao ao PIB, passando de cerca de 10% em 2002 para

    cerca de 2% em 2007.

    6. Poltica Monetria

    A poltica monetria exercida pelo Banco Central, que procura suprir de

    moeda a economia como forma de dar lastro s negociaes realizadas no mercado

    de bens e servios, representado pela curva IS.

    A curva LM (liquidez monetria) representa as polticas de aumentos e

    diminuies de oferta de moeda na economia realizadas pela autoridade monetria.

    No mercado monetrio o equilbrio se d quando a oferta de moeda igual

    demanda por moeda.

    O aumento da oferta de moeda representado pela colocao de mais

    dinheiro na economia para circulao, sendo o prprio ato de colocao realizado

    pela autoridade monetria, no nosso pas, o Banco Central.

    O aumento da oferta monetria exgeno, ou seja, no depende de nenhuma

    outra varivel, mas to somente o livre arbtrio do BACEN.

    Vejamos o grfico abaixo:

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    M i A oferta de moeda

    independente (exgena).

    M

    De forma contrria, a demanda por moeda dependente de 2 fatores, a taxa

    de juros e da renda dos indivduos.

    Esta peculiaridade se explica porqu, se considerarmos que sempre podemos

    obter um rendimento (juros) se aplicarmos os nossos recursos financeiros, passa a

    existir um custo (custo de oportunidade) de reteno dessa moeda em mos. Este

    custo maior a cada vez que a taxa de juros da economia suba.

    O mesmo raciocnio vlido para a queda nos juros, que acabar por

    estimular a reteno de moeda nas mos das famlias e o seu uso atravs do

    consumo de bens e servios.

    Conforme o grfico abaixo, a demanda por moeda possui uma relao

    inversa com a taxa de juros.

    i A demanda por moeda dependente dos

    2Y juros (i) e da renda (Y).

    Y1

    M

    Algumas caractersticas da demanda por moeda:

    A demanda por moeda pode ser devida a fatores especficos, tais como:

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    9 Motivo transao: Para a compra de bens e servios;

    9 Motivo precauo: Para o caso de imprevistos;

    9 Motivo especulao: Para a realizao de aplicaes financeiras

    Uma vez que tenhamos definido os determinantes da oferta e da demanda

    por moeda, podemos caracterizar o equilbrio no mercado monetrio, onde a oferta

    de moeda ser igual demanda por moeda a um determinado nvel de equilbrio de

    taxas de juros.

    i

    I1

    M No equilbrio, a oferta de moeda igual

    demanda por moeda a um determinado

    nvel de taxa de juros.

    L, M

    As alteraes na oferta de moeda

    Importa-nos saber como a autoridade monetria pode mexer no equilbrio entre

    a oferta e a demanda por moeda.

    Um dos instrumentos utilizados pelo Banco Central na conduo da poltica

    monetria so os chamados ttulos pblicos6, instrumento que funciona da seguinte

    forma:

    9 Imaginemos que existam muitas pessoas querendo comprar um numero

    limitado de bens e servios. Como a oferta de bens e inferior a

    demanda, acaba por ocorrer um aumento no preo desses bens;

    9 A colocao dos ttulos pblicos a retirada da economia de dinheiro

    que est circulando.

    6 Tratam-se dos ttulos emitidos pelo Tesouro Nacional mas colocados no mercado pelo Banco Central.

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    9 A operacionalizao de colocao dos ttulos se d mediante o

    pagamento de juros para o poupador dos recursos, de forma que este

    aceite entregar o dinheiro hoje, recebendo em troca o valor do dinheiro

    emprestado mais os juros.

    Obs.: importante considerarmos que a operacionalizao da poltica de colocao de ttulos

    pblicos no ocorre entre a autoridade monetria e o cidado. Existe o Banco (investidor)

    responsvel pela guarda dos recursos dos poupadores, que aceita participar da transao.

    De forma inversa venda, a recompra ou retirada de ttulos pertencentes aos

    investidores caracteriza a injeo de moeda na economia.

    Quando o Banco Central coloca mais dinheiro na economia (recompra de

    ttulos) isto provoca um excesso dos chamados fundos emprestveis, trazendo

    como conseqncia a queda dos juros. Da outra parte, quando ocorre um

    enxugamento dos fundos emprestveis (colocao de ttulos e reteno de dinheiro

    nas mos da autoridade monetria), ocorre uma subida dos juros, em decorrncia da

    escassez de fundos emprestveis.

    As variaes da taxa de juros ocorrem, nesse caso, simplesmente pelo

    processo de oferta e demanda de fundos (emprstimos) na economia.

    i

    I1

    1M M2 A recompra de ttulos pelo Banco

    Central leva a um aumento da oferta

    de moeda disponvel na economia e

    a uma conseqente queda na taxa

    de juros.

    L, M

    A curva LM

    Dentro do mercado monetrio ainda encontramos outra forma de variao na

    relao demanda X oferta por moeda.

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    As variaes positivas na renda (pessoas ganham mais) provocam a busca

    (maior demanda) por moeda, elevando as taxas de juros do mercado, uma vez que a

    oferta de moeda mantida constante pelo Banco Central.

    Dessa constatao, podemos concluir que a renda e os juros variam na

    mesma direo, possuindo assim uma relao direta.

    Quando a renda sobe, a taxa de juros tambm sobe. Quando a renda cai, a

    taxa de juros tambm cai.

    Esta dinmica caracteriza a chamada curva LM, que demonstra todos os

    pontos existentes entre as diversas combinaes de nveis de renda e de taxas de

    juros.

    i

    LM

    Y (Produo = Q)

    Podemos derivar a curva LM a partir das equaes de Demanda por moeda e

    de Oferta por Moeda.

    Ms = 200 (oferta de moeda)

    Mt = 0,25 Y (demanda de moeda para precauo e transao)

    Me = 50 - 200 i (demanda de moeda por especulao)

    O equilbrio do lado Monetrio dado por:

    Ms = Md

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    Sendo Md = Mt + Me 200 = 0,25 Y+ 50-200i 0,25 Y = 150 + 200i

    Y = 600+800i

    O lado real e o lado monetrio da economia sem o setor externo: Curvas IS e LM

    Podemos representar graficamente o equilbrio geral da Economia, situao

    onde o mercado de bens e servios e o mercado monetrio esto em equilbrio.

    i

    i1

    Equilbrio

    LM

    IS

    1Y Y (Produo = Q)

    A taxa de juros (i1) demonstra o equilbrio no mercado monetrio e no

    mercado real ao nvel de renda Y1.

    Podemos demonstrar este resultado em nmeros, conforme o exerccio abaixo:

    C = 90 + 0,625 Y (funo consumo)

    I = 150 - 100 i (funo demanda de investimentos)

    G = 0

    X = 0

    M = 0

    Ms = 180 (oferta de moeda)

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    Mt = 0,25 Y (demanda de moeda por transaes e por precauo)

    Me = 50 - 200 i (demanda especulativa de moeda)

    a) Equilbrio Monetrio: Ms = Mt + Me

    180 = 0,25 Y + 50 - 200 i 200 i = 0,25 Y - 130 (/2)

    100i = 0,125Y - 65

    b) Equilbrio no mercado de bens e servios

    Y = C + I + G + X - M

    Y = 90 + 0,625 Y + 150 - 100 i + 0

    Y - 0,625 Y = 90 + 150 - 100i + 0 0,375 Y = 240 - 100 i

    100 i = 240 0,375 Y

    c) Resolvendo as duas equaes simultaneamente:

    100 i = 240 - 0,375 Y 100i= 0,125Y - 65 240 0,375Y = 0,125Y - 65

    Y = 610

    Substituindo-se a renda Y = 610 nas equaes IS ou LM, teremos:

    Taxa de Juros de Equilbrio:

    100 i = 0,125 Y - 65 100 i = 0,125*(610) - 65

    100 i = 11,25 = i = 11,25%

    Nvel de Investimento de Equilbrio:

    I = 150 - 100 i

    I = 150 - 100(0,1125) I = 138,75 (Com uma taxa alta de juros, no vale a pena

    investir)

    Nvel de Consumo de Equilbrio:

    C = 90 + 0,625 Y C = 90 + 0,625 (610) C = 471,25

    Demanda de Moeda de Equilbrio:

    Md = Mt + Me

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    Mt = 0,25 Y Mt = 152,50

    Me = 50 - 200 i

    Me = 50 - 200(0,1125) Me = 27,5

    Md = 152,50 + 27,5 Md = 180

    Polticas monetria, fiscal e seus instrumentos

    Poltica Monetria

    No intuito de estimular a economia, o Banco Central utiliza diversos

    instrumentos de poltica monetria, como a compra e venda de ttulos pblicos,

    tambm chamados de operaes de mercado aberto (open market), o compulsrio

    sobre os depsitos de valores realizados nos bancos, e o redesconto.

    As operaes de Mercado Aberto (Open Market)

    A recompra de ttulos pblicos consiste em aumentar a oferta de moeda

    na economia, o que, conforme vimos, resulta numa diminuio das taxas de juros.

    A diminuio dos juros estimula o aumento dos investimentos das empresas,

    gerando maiores gastos com a compra de bens de capital, provocando o aumento

    na oferta de bens e servios.

    O aumento de bens ofertados estimula o consumo, tanto pela maior

    disponibilidade destes, como tambm porque uma vez que os juros estejam mais

    baixos, maior ser o interesse do poupador em gastar os seus recursos ao invs de

    poupar.

    Todo o aumento baseado no multiplicador keynesiano, calculado pela

    sensibilidade do investimento as variaes nas taxas de juros.

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    O resultado de uma poltica monetria expansionista pode ser vista a partir

    do grfico abaixo.

    Equilbrio inicial

    i LM1

    i1

    I2

    LM2

    Equilbrio final

    Um aumento da disponibilidade de moeda

    estimula os investimentos e o consumo,

    trazendo como resultado final o aumento da

    demanda agregada em um nvel de taxa de

    IS juros mais baixo.

    1Y Y2

    Y (Produo = Q)

    Existe, no entanto, uma argumentao contrria eficcia da poltica

    monetria para a expanso na renda da economia. Trata-se da explicao

    keynesiana denominada armadilha da liquidez. Para Keynes, uma vez que a

    economia esteja em depresso e o nvel de taxa de juros esteja muito baixo, e, por

    conseqncia, as pessoas j estejam retendo moeda em suas mos, o resultado

    seria o no aumento do investimento e do consumo em conseqncia do

    estmulo gerado pela poltica monetria.

    i

    i1

    I2

    LM1

    LM2

    IS

    LM2

    O aumento da oferta de moeda

    nada causa ao produto, uma vez

    que os juros esto muito baixos, o

    que por si s desestimula o

    investimento das empresas e o

    consumo.

    Y Y (Produo = Q)

    Poltica Fiscal

    O aumento das despesas via gastos pblicos (G), ou diminuio dos impostos

    (T), so polticas defendidas pelos keynesianos como a melhor forma de gerar

    resultados positivos sobre o aumento da renda da economia.

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    De acordo com o modelo IS-LM, uma poltica fiscal expansionista tem os

    efeitos de aumentar a renda e a taxa de juros, enquanto que a poltica contracionista

    tem o objetivo de diminuir a renda e os juros.

    A poltica fiscal expansionista desloca a curva IS para a direita, conforme o

    grfico abaixo:

    i LM1

    I2

    i1

    IS2

    Um aumento dos gastos do governo (G)

    estimula a demanda agregada, aumentando

    tambm as taxas de juros. IS1

    1Y Y2

    Y (Produo = Q)

    O motivo do aumento dos juros fcil de ser entendido. Como o Banco Central

    no alterou a oferta de moeda na economia, a demanda por moeda acaba por

    aumentar as taxas de juros, uma vez que as despesas do governo aumentam as

    trocas, diminuindo os saldos de aplicaes financeiras. Esse conceito e a prpria

    definio do equilbrio do lado monetrio da economia.

    O efeito contrrio da poltica de aumento dos gastos governamentais o de

    que o aumento dos juros provocar uma diminuio do nvel de investimento,

    acarretando a diminuio dos impactos positivos do multiplicador dos gastos. Esse

    efeito conhecido como crowding-out, ou seja, a expulso do setor privado

    diante de poltica de aumento dos gastos governamentais.

    A eficcia da poltica fiscal pode se dar principalmente em perodos de grande

    recesso econmica. Para os keynesianos, o aumento dos gastos do governo

    extremamente eficaz, pois, diante de uma recesso, quando as taxas de juros so

    muito baixas, aumentos nos gastos (G) provocaro o aumento da renda e do

    emprego, no prejudicando os investimentos.

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    i

    i1

    I2

    IS1

    LM

    IS2

    O aumento nos gastos do governo

    gera resultado direto na renda da

    economia, uma vez que existe alta

    liquidez, o que faz com que os juros

    no subam.

    1Y Y2

    Y (Produo = Q)

    Diferentemente da viso keynesiana, para os chamados economistas

    clssicos, o efeito do aumento dos gastos do governo no eficaz para estimular o

    crescimento da renda, gerando resultados apenas sobre o aumento dos juros. Essa

    argumentao parte do princpio de que os juros j se encontram em um patamar

    alto, tornando o mercado de demanda por moeda ilquido. Esse entendimento e

    conhecido como caso clssico.

    Uma vez que existe pouca oferta de moeda no mercado, os aumentos nos

    gastos sero contrabalanceados pelo aumento ainda maior dos juros, resultando na

    queda do investimento (dependente dos juros) e tornando nulo o efeito multiplicador

    dos gastos do governo.

    LM

    i

    i1

    I2

    IS1

    Y Y (Produo = Q)

    A interao entre as polticas Monetria e Fiscal

    As polticas monetria e fiscal so realizadas de forma integrada pelo governo,

    principalmente nos pases onde o Banco Central, responsvel pela conduo da

    poltica monetria, no independente.

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    Dentre os casos por ns apresentados, podemos ilustrar a interao das

    polticas de seguinte forma:

    Imaginemos que o governo resolva expandir os seus gastos para aumentar o

    nvel de emprego. Como resultado, verificamos que esta poltica fiscal gerar o

    aumento das taxas de juros, uma vez que a demanda por moeda aumentar. Neste

    caso, pode o Banco Central intervir atravs de uma poltica monetria que expanda

    a oferta de moeda, evitando o aumento dos juros.

    Este exemplo levar a economia a seguinte situao.

    i

    IS1

    IS2

    LM1

    LM2

    i1

    1Y Y2

    Y (Produo = Q)

    O governo aumentar os seus gastos (G) gerando o aumento da demanda

    agregada (Y). Esta poltica leva ao aumento dos juros que, no entanto, ser

    compensado pelo aumento da oferta de moeda pelo Banco Central (Ms). Uma vez

    que ocorra o aumento da oferta de moeda, os juros no sofreram presso

    ascendente, de forma que o efeito do multiplicador via gastos(G) no seja

    minimizado pela queda dos investimentos.

    Relao entre taxas de juros, inflao, resultado fiscal e nvel

    de atividade

    Este ponto do edital aborda as diversas inter-relaes existentes entre a

    poltica fiscal exercida pelo governo, a poltica monetria exercida pelo Banco

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    Central, e os resultados sobre os nveis de taxa de juros, de inflao e do

    crescimento da atividade econmica, traduzida no nvel de atividade.

    A correta mensurao e interpretao destes pontos, exige o conhecimento e

    comportamento da relao existente entre a oferta e a demanda agregada da

    economia. Conforme veremos a seguir, a oferta agregada representada pelo total

    de bens e servios oferecidos pelas empresas, tendo como uma das principais

    variveis impactantes, o salrio oferecido aos trabalhadores, j que sem estes, as

    empresas no conseguiram produzir.

    As decises salariais esto associadas s perdas ocasionadas pela subida

    dos preos, o que nos remete a necessidade de compreenso dos conceitos

    relativos inflao e suas vertentes.

    Assim sendo, iniciamos a anlise deste ponto entendendo a relao existente

    entre a oferta e a demanda agregada.

    A Oferta e a Demanda Agregada

    A economia de um pas est sujeita a flutuaes no emprego, no produto e

    nos nveis de inflao. O governo, representado pelos agentes intervenientes, toma

    medidas para promover a estabilizao do processo econmico e manter nveis altos

    de emprego.

    A forma pela qual o governo age traz conseqncias diretas e indiretas sobre

    os chamados agregados econmicos.

    A oferta agregada da economia

    Oferta agregada a quantidade total de produo que as empresas e as

    famlias resolvem fornecer para um determinado padro de preos e salrios. As

    empresas decidem quanto querem produzir para maximizar os lucros, levando em

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    conta o preo do produto, o custo dos insumos (mo-de-obra, matrias primas), o

    estoque de capital e a tecnologia disponvel para a produo. J as famlias tambm

    tomam uma deciso de oferta: quanto trabalho esto dispostas a oferecer com base

    no nvel real de salrio.

    A funo de produo

    As economias so compostas por um grande nmero de empresas que usam

    capital (K), trabalho (L) e tecnologia (t) para gerar uma quantidade de produo

    chamada aqui por ns de (Q). O capital representado pelas fbricas, mquinas e

    pelo estoque de mercadorias. O trabalho em si a mo-de-obra disponvel s

    empresas. Temos ainda a tecnologia, responsvel por avanos em termos de

    rendimento no processo de produo.

    Em nossa anlise inicial consideraremos um perodo curto de tempo, curto

    prazo, perodo em que a tecnologia empregada e o estoque e capital so ditos

    constantes. O nico insumo varivel o trabalho.

    Vejamos o grfico abaixo:

    Q

    Q2 Q1

    L1 L2 L

    Observe que a produo das empresas aumenta na medida em que se

    acrescentam maiores quantidades de empregados. No entanto, verificamos que esta

    produo cresce a valores decrescentes, ou seja, para cada unidade adicional de

    trabalho, esta contribui menos que a anterior para a produo. Isso ocorre

    simplesmente porque, no curto prazo, o estoque de capital (mquinas, instalaes),

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    e mesmo a tecnologia, so constantes, no variam para cada mo de obra a mais

    contratada.

    Na economia esta caracterstica chamada de LEI DOS RENDIMENTOS

    MARGINAIS DECRESCENTES, ou seja, para cada unidade a mais de trabalho,

    menos ela contribui para o crescimento da produo e, conseqentemente, para a

    oferta agregada.

    O nvel de emprego, os salrios, a Oferta Agregada e a teoria Clssica

    Dentro da teoria econmica encontramos duas vertentes na anlise da oferta

    agregada. A teoria clssica afirma que quando a economia est em equilbrio, esta

    apresenta pleno emprego de recursos (trabalhadores empregados, capacidade

    produtiva ao mximo), o que quer dizer que toda a oferta agregada demandada

    pelos consumidores.

    Dessa caracterstica, depreende-se que no exista desemprego involuntrio,

    ou seja, todos aqueles que desejam trabalhar esto trabalhando.

    O nvel de emprego da economia definido no mercado de trabalho, onde, de

    um lado, temos a oferta de trabalho pelas famlias (On) e, do outro lado, a demanda

    de trabalho pelas empresas (Dn).

    O balizador das decises das empresas e das famlias seria o salrio (W),

    que, quanto mais alto, mais interessante se torna para as famlias e menos para as

    empresas. Da mesma forma, quanto mais baixos os salrios, menor o interesse das

    famlias em ofertar trabalho e maiores os interesses das empresas.

    De acordo com a teoria clssica, que considera a existncia de pleno

    emprego, ou seja, sem a existncia de desemprego dito involuntrio, o que definir a

    oferta agregada ser o salrio real (W/P), estabelecido nas negociaes entre

    empresas e famlias.

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    importante ressalvarmos que estamos falando de salrio real, de forma que,

    para calcul-lo, necessitamos descontar a inflao, representada por um ndice de

    preos (P). O salrio real ser dado por (W/P). Dada essa caracterstica, podemos

    entender que as variaes nos preos de bens e servios gerariam mudanas na

    oferta e na demanda de mo de obra, trazendo conseqncias diretas para a

    produo.

    Conforme P aumenta, tende a haver um excesso de demanda no mercado de

    trabalho, uma vez que os salrios nominais (W) (sem o desconto do ndice de

    preos) permanecem inalterados. O resultado provocado pela rigidez salarial

    provoca um aumento nos ganhos das empresas, e uma queda no salrio real das

    famlias.

    No entanto, segundo a teoria clssica, os salrios nominais (W) se ajustam

    automaticamente s variaes no nvel de preos, fazendo com que as empresas

    no tenham interesse de contratar mais funcionrios, mantendo, por corolrio,

    constante o nvel de produo.

    Vejamos como ficaria esta situao em grficos:

    Q

    Obs. 1: A Produo tem como insumo varivel

    somente a mo de obra, caracterizando o curto

    prazo.

    L

    W/P

    W/P*

    nO Obs. 2: De acordo com a teoria clssica, como os salrios nominais ajustam-se automaticamente, os salrios reais esto sempre em equilbrio.

    Dn

    L* L

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    P OA

    Obs. 3: Estando os salrios reais sempre em

    equilbrio, no haver disposio das empresas

    em contratar mais trabalhadores, caracterizando

    o pleno emprego e o nvel de produo constante,

    onde apenas os preos variam. Veja que a Oferta

    agregada vertical.

    Q* Q

    O nvel de emprego, os salrios e a Oferta Agregada na teoria

    keynesiana

    Diferentemente da abordagem clssica, a teoria keynesiana diz que os

    salrios nominais (W) so rgidos no curto prazo. Dessa forma, uma vez que

    ocorram variaes nos preos, o salrio real (W/P) tende a se deteriorar. Um

    exemplo bastante ilustrativo pode ser representado pelos contratos de trabalho. Uma

    vez que o salrio real est mais baixo, ocorre o maior interesse por parte das

    empresas em contratarem mo-de-obra, diminuindo o desemprego.

    Raciocnio inverso vlido para o caso de diminuies nos preos dos

    produtos, uma vez mantido constante o salrio nominal (W). Essa situao leva a um

    aumento do salrio real, estimulando os trabalhadores a oferecerem mais trabalho,

    trazendo por conseqncia um aumento do desemprego e queda na produo.

    Todas estas explicaes podem ser resumidas pelos grficos abaixo, onde

    quedas no salrio real (W/P), promovidas pela subida dos preos, levam as

    empresas a demandarem mais trabalho, aumento assim o nvel de emprego e a

    oferta agregada. Da mesma forma, aumentos no salrio real (W/P) promovidos

    por quedas nos preos, levam as empresas a demandarem menos trabalho,

    aumentando o desemprego e diminuindo a oferta agregada.

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    W/P

    W/P acima do equilbrio

    On Obs. 1: O salrio nominal fixo no curto prazo.

    Uma vez ocorrida queda nos preos, o salrio

    real, o que realmente importa, leva as empresas a

    Dn demandarem menos trabalhadores.

    L* L

    W/P

    W/P abaixo do equilbrio

    On

    Obs. 2: Ocorrida a subida nos preos, o salrio real leva as empresas a demandarem mais trabalhadores.

    Dn

    L* L

    P OA

    P2

    P1

    Obs. 3: De acordo com a teoria keynesiana,

    quanto maior forem os preos, menor sero os

    salrios reais, o que far com que as empresas

    demandem mais trabalhadores e aumentem a

    oferta agregada. Veja que a oferta agregada

    positivamente inclinada.

    Q* Q

    Segundo Keynes, ainda existe o chamado caso extremo, onde devido a

    problemas denominados de custos de menu (incapacidade da empresa de mudar

    os preos de seus produtos nos curto prazo), as empresas so levadas a ofertarem

    uma quantidade maior de produo a um preo fixo. Isso se traduziria no grfico em

    uma reta horizontal onde os preos estariam constantes e oferta agregada cada vez

    maior.

    P

    Obs. 1: Devido a custo de reajustes nos preos

    P

    em curto espao de tempo, a produo da

    economia ofertada a preos constantes.

    Q

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    Vejamos os resumos das curvas de oferta agregada:

    P OA Caso clssico de oferta agregada.

    Devido ao salrio flexvel (W/P), a produo se

    mantm constante, no nvel de pleno emprego de

    recursos.

    Q* Q

    Caso keynesiano bsico de oferta agregada.

    P2

    Como o salrio real (W/P) fixo no curto prazo, P1 variaes nos preos estimulam o aumento da

    oferta agregada.

    Q* Q

    OA Caso keynesiano extremo de oferta agregada.

    P A empresa no consegue reajustar os preos no

    curto prazo, vendendo os seus produtos a um

    preo constante.

    Q

    As curvas de oferta agregada podem ser explicitadas conforme a frmula

    abaixo:

    Equao da curva de oferta agregada de curto prazo:

    Y = y + a (P Pe) =

    Y = Produto efetivo y = Produto Natural ou de pleno emprego P = nvel de preos efetivo

    Pe= nvel de preos esperado a = repasse da diferena de preos, sendo a>0

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    Vejamos a interpretao da frmula acima:

    Conforme a diferena entre o nvel de preos efetivo e o nvel de preos

    esperado, maior ou menor ser o produto efetivo da economia. Se os trabalhadores

    esperam um determinado nvel de preos (Pe) e fixam um salrio nominal de acordo

    com esta expectativa, um nvel de preos efetivo maior, acaba por deprimir os

    salrios reais (W/P), resultando em maiores ganhos para as empresas, que assim

    contratam mais, aumentando o nvel de produo e emprego no curto prazo.

    A demanda agregada da economia

    O equilbrio da economia determinado pela interao entre a oferta

    agregada e da demanda agregada.

    J tendo estudado a oferta agregada e seus fatores determinantes,

    necessitamos conhecer um pouco mais da demanda agregada.

    Em uma economia fechada, ou seja, sem a presena dos fluxos de comrcio

    exterior, a demanda agregada e definida pelas despesas consumo (C), investimento

    (I) e gastos governamentais (G). Variaes positivas nos preos dos produtos

    desestimulam a demanda por bens e servios, da mesma forma que a diminuio

    dos preos estimula a demanda agregada.

    Em uma economia aberta, o resultado deve incluir alm das despesas j

    mencionadas, as exportaes lquidas, ou seja, (X - M).

    Uma vez feita estas consideraes, podemos dizer que a curva de demanda

    agregada possui uma relao inversa com o nvel de preos, conforme o grfico

    abaixo.

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    P A curva de Demanda Agregada negativamente

    inclinada, ou seja, quanto maior o nvel de

    preos, menor a demanda por bens e servios. DA

    Q

    O equilbrio entre Oferta e Demanda Agregada

    Podemos considerar o aumento da demanda agregada por um dos seus

    componentes (C, I, G) mostrando os resultados sobre o equilbrio entre a oferta e a

    demanda agregada.

    O caso da oferta agregada clssica

    P

    2P

    Caso clssico, a oferta agregada vertical,

    1P

    conforme vimos anteriormente.

    1Q Q

    Estmulos na demanda agregada via aumentos dos gastos do