aula vera 29 do 10 de 14 um novo arquivista foucault de deleuze

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Aula Vera 29 do 10 de 14 Um novo arquivista Foucault de Deleuze 13 Para além da hierarquia vertical das proposições (que se sobrepõem) e da lateralidade das frases (que se seguem e se opõem), o novo arquivista se atenta aos enunciados numa lógica transversal. 15 Os enunciados tem sua positividade na raridade e na dispersão intrínseca a eles, eles são raros e dispersos. Um enunciado emite singularidades num espaço correspondente. Ver: “Super-homem contra a dialética” in: Nietzsche e a filosofia. Em PC: “Talvez se devesse ver o primeiro esforço desse desenraizamento da Antropologia ao qual, sem dúvida, está votado o pensamento contemporâneo, na experiência de Nietzsche: através de uma crítica filológica, através de uma certa forma de biologismo, Nietzsche reencontrou o ponto onde o homem e Deus pertencem um ao outro, onde a morte do segundo é sinônimo do desaparecimento [pág. 472] do primeiro, e onde a promessa do super-homem significa, primeiramente e antes de tudo, a iminência da morte do homem. Com isso, Nietzsche, propondo-nos esse futuro, ao mesmo tempo como termo e como tarefa, marca o limiar a partir do qual a filosofia contemporânea pode recomeçar a pensar; ele continuará sem dúvida, por muito tempo, a orientar seu curso. Se a descoberta do Retorno é, realmente, o fim da filosofia, então o fim do homem é o retorno do começo da filosofia. Em nossos dias não se pode mais pensar senão no vazio do homem desaparecido. Pois esse vazio não escava uma carência;

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Aula da filósoofa Vera Portocarrero sobre o primeiro capítulo da obra de Deleuze em homenagem a foucault.

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Aula Vera 29 do 10 de 14 Um novo arquivista Foucault de Deleuze

Aula Vera 29 do 10 de 14 Um novo arquivista Foucault de Deleuze 13

Para alm da hierarquia vertical das proposies (que se sobrepem) e da lateralidade das frases (que se seguem e se opem), o novo arquivista se atenta aos enunciados numa lgica transversal.

15

Os enunciados tem sua positividade na raridade e na disperso intrnseca a eles, eles so raros e dispersos. Um enunciado emite singularidades num espao correspondente.

Ver: Super-homem contra a dialtica in: Nietzsche e a filosofia.

Em PC: Talvez se

devesse ver o primeiro esforo desse desenraizamento da Antropologia ao qual, sem

dvida, est votado o pensamento contemporneo, na experincia de Nietzsche:

atravs de uma crtica filolgica, atravs de uma certa forma de biologismo,

Nietzsche reencontrou o ponto onde o homem e Deus pertencem um ao outro, onde

a morte do segundo sinnimo do desaparecimento [pg. 472] do primeiro, e onde a

promessa do super-homem significa, primeiramente e antes de tudo, a iminncia da

morte do homem. Com isso, Nietzsche, propondo-nos esse futuro, ao mesmo tempo

como termo e como tarefa, marca o limiar a partir do qual a filosofia contempornea

pode recomear a pensar; ele continuar sem dvida, por muito tempo, a orientar seu

curso. Se a descoberta do Retorno , realmente, o fim da filosofia, ento o fim do

homem o retorno do comeo da filosofia. Em nossos dias no se pode mais pensar

seno no vazio do homem desaparecido. Pois esse vazio no escava uma carncia;

no prescreve uma lacuna a ser preenchida. No mais nem menos que o desdobrar

de um espao onde, enfim, de novo possvel pensar.

Pensar para alm da imagem do pensamento, o que que nos fora a pensar se no temos uma imagem que leve ao pensar pelo lado transcendental, a cincia dos homens, as cincias humanas, o sono antropolgico a duplicao que leva do transcendental ao emprico e do emprico de volta ao transcendental da pensar com o super-homem.

Edgardo Castro toma 5 definioes de modernidade, a ltima a da atitude moderna.

Deleuze toma o uso transcendental do pensamento como problemtico.Em se preocupando com a natureza do homem, no se determina a noo de histria tal como Foucault a toma.

A histria que Hegel toma a do devir, de tomar a histria como algo que possibilita o absoluto transcendental, ligada exatamente imagem do pensamento.

Que uma questo, a histria, fruto da passagem do sec XVIII ao XIX, no havia a noo de histria como processo. De alguma maneira a dimenso narrativa do passado e corresponde tb ao processo que os homens esto vivendo agora. A histria era somente um conjunto de narrativas. Para Foucault e para Gadamer tb.16 ver.O que conta a regularidade dos enunciados, no a origem e no a mdia, no o cogito, sujeito transcendental, Eu ou um Esprito absoluto que o conserve.

O acmulo que d consistncia ao enunciado, aquilo que o faz existir pela sua durao ou desde que seja reconstitudo, (re)atualizado.PC: H, portanto, uma correspondncia certa entre a crtica kantiana e o que, na

mesma poca, se apresentava como a primeira forma mais ou menos completa de

anlise ideolgica. Mas a Ideologia, estendendo sua reflexo sobre todo o campo do

conhecimento desde as impresses originrias at a economia poltica, passando

pela lgica, a aritmtica, as cincias da natureza e a gramtica , tentava retomar na

fora da representao aquilo mesmo que estava em via de se constituir e de se

reconstituir fora dela. Essa retomada s podia fazer-se sob a forma quase mtica de

uma gnese ao mesmo tempo singular e universal: uma conscincia, isolada, vazia e

abstrata devia, a partir da mais tnue representao, desenvolver pouco a pouco o

grande quadro de tudo o que representvel. Nesse sentido, a Ideologia a ltima

das filosofias clssicas um pouco como Juliette a ltima das [pg. 333]

narrativas clssicas. As cenas e os raciocnios de Sade retomam toda a nova

violncia do desejo, no desdobramento de uma representao transparente e sem

falhas; as anlises da Ideologia retomam, na narrativa de um nascimento, todas as

formas, at as mais complexas, da representao. Em face da Ideologia, a crtica

kantiana marca, em contrapartida, o limiar de nossa modernidade; interroga a

representao, no segundo o movimento indefinido que vai do elemento simples a

todas as suas combinaes possveis, mas a partir de seus limites de direito.

Sanciona assim, pela primeira vez, este acontecimento da cultura europia que

contemporneo do fim do sculo XVIII: a retirada do saber e do pensamento para

fora do espao da representao.Foucault no se preocupa com o acontecimento. Em Nietzsche, a genealogia e a hist: def de acto. Uma inverso de foras, etcDescontinuidade, a ruptura interessante pensar o acontecimento como pensamento, mas no certo q Foucault faz isso.

PC: Os ltimos anos do sculo XVIII so rompidos por uma descontinuidade

simtrica quela que, no comeo do sculo XVII, cindira o pensamento do

Renascimento; ento, as grandes figuras circulares em que se encerrava a similitude

tinham-se deslocado e aberto para que o quadro das identidades pudesse desdobrarse;

e esse quadro agora vai por sua vez desfazer-se, alojando-se o saber num espao

novo. Descontinuidade to enigmtica em seu princpio, em seu primitivo

despedaamento, quanto a que separa os crculos de Paracelso da ordem cartesiana.

Donde vem bruscamente essa mobilidade inesperada das disposies

epistemolgicas, o desvio das positividades umas em relao s outras, mais

profundamente ainda a alterao de seu modo de ser? Como ocorre que o

pensamento se desprenda daquelas plagas que habitava outrora gramtica geral,

histria natural, riquezas e deixe oscilar no erro, na quimera, no no-saber aquilo

mesmo que, menos de 20 anos antes, estava estabelecido e afirmado [pg. 297] no

espao luminoso do conhecimento? A que acontecimento ou a que lei obedecem

essas mutaes que fazem com que de sbito as coisas no sejam mais percebidas,

descritas, enunciadas, caracterizadas, classificadas e sabidas do mesmo modo e que,

no interstcio das palavras ou sob sua transparncia, no sejam mais as riquezas, os

seres vivos, o discurso que se oferecem ao saber, mas seres radicalmente diferentes?

Se, para uma arqueologia do saber, essa abertura profunda na camada das

continuidades deve ser analisada, e minuciosamente, no pode ser ela explicada,

nem mesmo recolhida numa palavra nica. um acontecimento radical que se reparte por toda a superfcie visvel do saber e cujos signos, abalos, efeitos, podem se

seguir passo a passo. Somente o pensamento, assenhorando-se de si mesmo na

raiz de sua histria, poderia fundar, sem nenhuma dvida, o que foi, em si mesma, a

verdade solitria desse acontecimento.

Ver: texto de apresentao de focault.

O ponto der articulao do pensamento uma relao entre suj e obj e o saber possvel que se pode formar a partir da. A verdade o ponto de articulao para tal saber, uma questo de escolha de mtodo.

O fio antropolgico atravessa a obra inteira de Foucault. Que a questo do grande podr de universalizao do pensamento europeu moderno. Na passagem do sex XVIII ao XIX.O que Deleuze trata no texto sobre o estruturalismo rebate Foucault como q vc pode falar sem ser vc mesmo uma montagem, uma pea desta mesma engrenagem?

GM nit fala que o erro de todo filsofo recorrer a uma histria gentica do pensamento.

HL como uma critica da razo.

17As proposies remetem a uma lgica axiomtica vertical que visa definir um campo homogneo, ou melhor visa definir um campo a partir de sua identidade, de uma homnogeneidade.

18

Os enunciados correspondem a linhas de variao inerentes a eles, sua topologia, distinta da tipologia das proposies e da dialtica das frases.O enunciado no remete a uma forma nica, diz sobre posies muito variveis, que fazem parte do prprio enunciado.

19

Discurso indireto livre, as duas posies de sujeito se insinuam uma dentro da outra.Esto os modos de uma no-pessoa, o on situa os lugares do sujeito num murmrio annimo sem comeo nem fim, foucualt est muito prximo a Blanchot em Fogo e Espao.20Suj obj e conceito so derivados dos enunciados, so pontos singulares no jogo dos enunciados.

21

Variao inerente e variao intrnseca.

22Distino original-banal, a ser evitada a todo custo, obsoletizada.O enunciado no o mesmo, mas o suj e o objeto so os mesmos.Deleuze encontra ou enxerta a repetio, uam categoria sua, no pensamento de Foucault.

No limite o lado de fora do enunciado, no especificada pela curva do enunciado que no entanto, as une.

O que elas representam no so um enunciado,

AS Enquanto uma enunciao pode ser recomeada ou reevocada,

enquanto uma forma (lingustica ou lgica) pode ser reatualizada,

o enunciado tem a particularidade de poder ser repetido: mas

sempre em condies estritas.

Em Raymond Russel, tem as nfimas diferenas que induzem paradoxalmente identidade.

AZERT uma forma de poder e fora da lngua francesa.

PC: Para despertar o pensamento de tal sono to profundo que ele o experimenta

paradoxalmente como vigilncia, de tal modo confunde a circularidade de um

dogmatismo que se desdobra para encontrar em si mesmo seu prprio apoio com a

agilidade e a inquietude de um pensamento radicalmente filosfico para cham-lo

s suas mais matinais possibilidades, no h outro meio seno destruir, at seus fundamentos, o quadriltero antropolgico. Sabe-se bem, em todo o caso, que todos os esforos para pensar de novo investem precisamente contra ele: seja porque se

trate de atravessar o campo antropolgico e, apartando-se dele a partir do que ele

enuncia, reencontrar uma ontologia purificada ou um pensamento radical do ser; seja

ainda porque, colocando fora de circuito, alm do psicologismo e do historicismo,

todas as formas concretas do preconceito antropolgico, se tente reintegrar os limites

do pensamento e reatar assim com o projeto de uma crtica geral da razo. Talvez se

devesse ver o primeiro esforo desse desenraizamento da Antropologia ao qual, sem

dvida, est votado o pensamento contemporneo, na experincia de Nietzsche:

atravs de uma crtica filolgica, atravs de uma certa forma de biologismo,

Nietzsche reencontrou o ponto onde o homem e Deus pertencem um ao outro, onde

a morte do segundo sinnimo do desaparecimento [pg. 472] do primeiro, e onde a

promessa do super-homem significa, primeiramente e antes de tudo, a iminncia da

morte do homem. Com isso, Nietzsche, propondo-nos esse futuro, ao mesmo tempo

como termo e como tarefa, marca o limiar a partir do qual a filosofia contempornea

pode recomear a pensar; ele continuar sem dvida, por muito tempo, a orientar seu

curso. Se a descoberta do Retorno , realmente, o fim da filosofia, ento o fim do

homem o retorno do comeo da filosofia. Em nossos dias no se pode mais pensar

seno no vazio do homem desaparecido. Pois esse vazio no escava uma carncia;

no prescreve uma lacuna a ser preenchida. No mais nem menos que o desdobrar

de um espao onde, enfim, de novo possvel pensar.

Norbert Elias : Os outsiders, uma analise in loco desta mesma lgica neste mesmo tempo.Em HL pensa o outro, em PC, pensa o mesmo.

Deleuze no posfcio anexo ao livro Foucault trabalha com a hist da razo como triunfo das foras reativas na histria. O fora a possibilidade de mudana disso, da a arte, de alguma maneira marginal ao compromisso com a verdade, da vdd.Em Kant a imaginao a faculdade cega, porm a mais importante da mente. Ela que liga e ratifica o conceito para que haja conhecimento. Ela rainha das faculdades, mais que o entendimento ou a sensibilidade. Em descartes, a imaginao era a via do conhecimento.23