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Filosofia Módulo 12 – Tempo e Técnica Prof° Thiago Fev/2011

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Filosofia

Módulo 12 – Tempo e Técnica

Prof° ThiagoFev/2011

Tema Filosófico: O TEMPO

Introdução Tempo: Basicamente podemos dizer

que se trata de um elemento físico e cultural que regula a vida humana. A humanidade organiza o tempo com base em intervalos, quebras, e períodos de duração socialmente convencionados.

Tempo e Filosofia: A questão filosófica reflete as concepções humanas a respeito da temporalidade, e como isso afeta em nossa existência.

Outras Noções- Eternidade: ou duração imutável do ser.- Quem ou o que é eterno?- Tempo: Duração dos seres mutáveis, quanto

à substância e quanto aos acidentes.- Tempo como Movimento.

O Tempo e a Filosofia Medieval

- Filósofo: Agostinho.- Obra: “As Confissões”.

Questões Implícitas: Se o tempo é eterno, contínuo, constante, e está

sempre em movimento, como podemos mensurá-lo ou dividi-lo?

Como podemos falar do que é passado, presente ou futuro?

Como podemos classificar o passado como sendo remoto ou recente?

Como podemos classificar o futuro como sendo próximo ou distante?

Ou seja: Como pode ser longo ou breve o que não existe?

Reflexões de Agostinho “O que é portanto o tempo? Se ninguém

me pergunta, eu sei; se quero explicá-lo a quem me pergunta, não sei.”

“[...] se nada passasse, não haveria o passado, se nada acontecesse, não haveria o futuro; e se nada fosse, não existiria o presente.”

“[...]como existem o passado e o futuro, se o passado não é mais, e o futuro ainda não é?

“Quanto ao presente, se fosse sempre presente e não transcorresse também no passado, não seria mais tempo e sim eternidade. Se, portanto, o presente, para fazer parte do tempo, deve transcorrer e existir no passado, como podemos dizer que é, se a razão de ser é o cessar de ser[...]”.

Sendo assim, Agostinho conclui que o TEMPO é o não ser. O passado não existe mais, o futuro ainda não veio, e o presente só existe se quantificado a partir das duas outras noções inexistentes.

Agostinho quebra a linearidade de passado, presente, futuro.

Propõe pensar a experiência humana do TEMPO a partir da percepção do PRESENTE.

- Existe: o presente do Passado, o presente do Presente, e o presente do Futuro.

* Presente do Passado = Memória* Presente do Presente = Percepção* Presente do Futuro = Expectativa/Antecipação

Nietzsche em “Ciência Gaia” - Mito do Eterno Retorno Discute os impactos psicológicos que a perda do

sentido de linearidade do tempo ocasionaria na mente humana.

“O que aconteceria se, um dia ou uma noite, um demônio se esgueirasse furtivamente na mais solitária das tuas solidões e te dissesse: Esta vida assim como a vives agora e a vivestes, terás de vivê-la novamente infinitas vezes e nela não haverá nada de novo, mas retornarão a ti cada dor e cada prazer, cada pensamento e suspiro, cada coisa indizivelmente pequena ou grande da sua vida, e tudo na mesma sequência e susessão[...].”

Não te lançarias ao chão, rangendo os dentes e maldizendo o demônio que assim te falou? Ou então, talvez tendo vivido alguma vez um instante tão imenso, seria esta a tua resposta: tu és um deus e nunca ouvi nada tão divino?

[...] Queres isso mais uma vez e ainda inúmeras

vezes? – pesaria sobre o teu modo de agir como o maior dos pesos! Ou, então, quanto terias que amar a ti mesmo e à vida, para não desejar nada mais que esta última e eterna confirmação, esta chancela?”

Henri Bérgson em “Matéria e Memória”

O presente é determinado psicologicamente pelo sujeito.

O sujeito constrói um Presente ideal, puro, separado do passado e do futuro.

O que o sujeito denomina como o “seu presente”, determina também o que é o passado e o futuro para ele.

A realidade psicológica do presente é a duração do tempo.

Como localizo a duração do presente? Quando determino o “meu presente”,

determino também: Uma percepção de passado imediato. Uma determinação de futuro imediato. Passado: Sensação Futuro: Ação e Movimento Conclusão: O meu presente é um sistema

combinado de sensações do que é passado, e de movimentos e ações em prol do que penso como futuro. É um sistema sensório-motor.

A Técnica

A técnica apresenta duas faces:

1. Humaniza e melhora as condições de vida;2. Desenvolve formas perversas de adaptação

humana. Ou seja, é contraditória, ambígua, dualista.

“A técnica por si só não é boa e nem má. É o seu tipo de uso que a caracteriza como benevolente ou maléfica”. (José Mazzucco)

O que é a Técnica? Conjunto de procedimentos que objetiva um

determinado resultado.

Utilizada nas artes, na ciência, na música, nas tecnologias, etc.

O homem fabrica artifícios que facilitem e possibilitem sua vida.

Integra a racionalidade própria do homem: capacidade de planejar, teorizar, improvisar, antecipar acontecimentos e ações.

Homo Sapiens e Homo Faber

Homo Sapiens: Quando nos referimos ao homo sapiens, enfatizamos a característica humana de conhecer a realidade, ter consciencia do mundo e de si mesmo.

Homo Faber: A denominação é usada quando nos referimos à capacidade humana de fabricar utensílios para transformar a natureza a sua volta.

- Sapiens + Faber = O homem é um ser técnico por ter consciência, e tem consciência por ser capaz de agir e transformar a realidade.

Etapas da Técnica Grosso Modo, a técnica desenvolveu-se em 3 etapas:- Utensílio: estágio em que a tecnologia em um

prolongamento do corpo humano. Exemplo: o martelo como prolongamento do braço.

- Máquina: não se usa mais só energia humana, mas também energia mecânica, hidráulica, elétrica, atômica. Máquinas com fontes de energia.

- Autômato: imita a iniciativa humana, sendo capaz de se auto-regular parcialmente. Tem flexibilidade na tomada de decisões. Capaz de provocar e regular seus movimentos. Exemplo: Radar, Célula fotoelétrica.

Dilema: Técnica e Ciência Relação: A técnica torna a ciência mais precisa

e objetiva. A ciência estuda e compreende a técnica levando ao seu aperfeiçoamento.

Com o passar do tempo, a ciência e o conhecimento deixaram de ser atividades contemplativas, hedonistas, e ligadas à busca pura da realidade.

A ciência e o conhecimento se encaixaram gradativamente na ideia de lucro, utilidade, especialização, profissionalização, busca e manutenção de poderes.

No Capitalismo, ocorre o ápice da união entre TÉCNICA E CIÊNCIA, visando:

- lucro, poder político, poder econômico, finalidade prática, divisão do trabalho, especialização para aumento da produtividade, etc.

- Esse modelo de ciência direcionada enfrenta dilemas éticos, morais e humanos.

- O saber técnico, profissionalizante, aliado à crescente divisão do trabalho, causa ALIENAÇÃO.

Técnica e Trabalho As transformações técnicas alteraram as

relações sociais de trabalho ao longo do tempo.

Temos as seguintes fases:

- Artesanato: uma única pessoa realiza todas as etapas do processo de fabricação de um produto(começo-meio-fim). O trabalho é manual, e o trabalhador é dono de sua força de trabalho e dos meios de produção(ferramentas).

- Manufatura: o trabalho é manual, mas dividido em etapas diferentes. Cada pessoa executa apenas uma etapa. A velocidade de produção aumenta devido a especialização. Existe o dono das ferramentas, e o dono da força de trabalho.

- Maquinofatura: o processo de trabalho humano passa a ser mediado pela máquina. Intensa divisão e especialização do trabalho. Maior produção. Separação crescente entre trabalho manual e intelectual.

- Sociedade da Informação: sociedade pós-industrial, marcada pela expansão do setor terciário (serviços). Crescente informatização. O domínio de novas técnologias e o acesso a informação tornam-se centrais.

O que é TECNOCRACIA? O desenvolvimento da Técnica cria o “Mito do

Progresso”. Segundo essa crença, tudo tende ao aperfeiçoamento constante. Com base nisso, aumentar a produção, a competitividade e a especialização é sempre necessário.

É a ideia de que tudo ainda está em fase inicial de desenvolvimento, precisando sempre evoluir mais, mesmo que não se saiba até onde. Busca-se o ápice, sem saber o que ele é. Acredita-se na melhora através do aperfeiçoamento técnico.

Ocorre a racionalização, o domínio da técnica e dos técnicos. O pensamento crítico sobre o que se está produzindo é dispensado.