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AULA Nº5 E) Tamanho amostral x Freqüência alélica Brown & Marshall (1995), trabalhando com distribuição binomial e série infinita de Taylor sugerem a seguinte expressão que associa freqüência alélica com tamanho populacional, quando busca-se 95% de certeza de ter-se pelo menos uma cópia do alelo desejado. A expressão é: S = -3/log e [1-p], em que: S = número de plantas a serem amostradas; p = freqüência alélica. Esta fórmula foi desenvolvida para ter-se pelo menos uma cópia do alelo almejado. Entretanto Seedcole (1977) desenvolveu uma outra expressão que relaciona o tamanho físico da coleta com o número almejado de cópias de um alelo a freqüência deste alelo. A expressão é: S = [ r + 1,645 r + 0,5]/p Em que S = número de plantas a serem coletadas; r = número de cópias desejadas de um determinado alelo; p = freqüência alélica. Tamanho amostral requerido para que com 95% de certeza as plantas recolhidas contenham os alelos com diferentes freqüências na população original. 21

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AULA Nº5

E) Tamanho amostral x Freqüência alélica

Brown & Marshall (1995), trabalhando com distribuição binomial e série

infinita de Taylor sugerem a seguinte expressão que associa freqüência alélica

com tamanho populacional, quando busca-se 95% de certeza de ter-se pelo

menos uma cópia do alelo desejado. A expressão é:

S = -3/loge [1-p],

em que: S = número de plantas a serem amostradas;

p = freqüência alélica. Esta fórmula foi desenvolvida para ter-se pelo

menos uma cópia do alelo almejado. Entretanto Seedcole (1977) desenvolveu

uma outra expressão que relaciona o tamanho físico da coleta com o número

almejado de cópias de um alelo a freqüência deste alelo.

A expressão é:

S = [ r + 1,645 r + 0,5]/p

Em que

S = número de plantas a serem coletadas;

r = número de cópias desejadas de um determinado alelo;

p = freqüência alélica.

Tamanho amostral requerido para que com 95% de certeza as plantas

recolhidas contenham os alelos com diferentes freqüências na população original.

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p 1 2 3 4 5 6 8 10 15

0,25 11, 21 18 23 29 34 40 50 60 84

0,125 23, 43 37 49 60 71 82 103 123 172

0,0625 47, 85 75 99 122 144 166 208 248 347

0.03125 95, 170 150 200 246 291 334 418 500 697

0,015625 191, 341 302 401 494 584 671 839 1002 1397

Com 99% de chance de encontrar o alelo requerido

F) Estratégia básica de amostragem Como estratégia básica para o caso onde haja pouca ou nenhuma

informação disponível sobre a estrutura da população Brown & Marshall (1995)

propuseram as seguintes estratégias:

1) Amostrar cerca de 50 populações em uma área eco-geográfica ou em uma

expedição;

2) Amostrar cerca de 50 indivíduos em cada população;

3) Em geral, amostrar aleatoriamente indivíduos em cada sitio, mas com

amostras separadas para micro - ambientes distintos, desde que o sitio seja

heterogêneo, pode-se também utilizar a metodologia da estratificação que

consiste em coletar a intervalos determinados (ex.: a cada dois passos

colhe-se material de uma planta), pode-se também coletar por

características específicas das plantas, com base em características de

interesse (amostra especial). As amostras podem ser tomadas ao acaso

quando o sitio de coleta mostra-se uniforme quanto as suas características

mesológicas e biológicas (diversidade biológica, clima, topografia, altitude,

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tipo de solo, práticas de cultivo). A coleta por características específicas se

utiliza para características de interesse (geralmente baixa freqüência)

dentro de uma espécie. A utilização deste método implica em uma amostra

que não representa a população original em termos de freqüência alélica e

genotípica;

4) Amostrar sementes ou material vegetativo por planta, suficiente para

assegurar a representação de cada planta em possíveis duplicatas;

5) Para conservar a variabilidade genética de espécies alógamas, coletar

sementes extensivamente e de forma casualizada em cada população, com

amostras pequenas de cada matriz, porém amostras de número igual ou

aproximadamente igual por matriz do maior número de população,

Margarita baena sugere para alógama com produção de sementes

ortodoxas entre 2000 a 5000 sementes em cada amostra;

6) Para plantas de propagação vegetativa deve-se coletar número igual de

propágulo por planta, em geral dois, pode-se coletar o maior número de

própagulos por planta desde que não ponha em risco a população original.

7) Para ganhar tempo em programas de melhoramento, coletar material

abundante de matrizes elite, tentando representar as mesmas dentro da

amostra através de material vegetativo.

8) Recomendação prática é mais importante amostrar o máximo de locais

(sitio/populações), que amostrar o número teoricamente ideal de plantas

por local.

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G) Estratégias de amostragem de plantas silvestres

As estratégias básicas mencionadas no item anterior podem e devem ser

usadas para a coleta de espécies silvestres, quando possível. Entretanto existem

alguns problemas:

1) as populações podem divergir geneticamente em diferentes extensões,

possivelmente resultando em ecótipos;

2) áreas geográficas ou populações individuais podem ser muito variáveis:

homogenêas ou heterogêneas;

3) faltam na literatura dados relativos ao modo de reprodução destas espécies;

4) a delimitação de área no campo é feita de modo inseguro e pode-se ter

populações muito baixas em área extensas, para árvores pode-se ter até um

único indivíduo por hectare;

5) podem ocorrer variações naturais na distribuição da população ora agregada

ora aleatória.

Chapman (1989) definiu as seguintes estratégias básicas para coleta de

germoplasma de espécies silvestres:

1) Definir qual ou quais espécies que serão coletadas. Priorizar aquelas mais

facilmente utilizadas e aquelas que estejam em perigo;

2) Definir áreas onde coletar, com base na distribuição da espécie. Se a área for

muito grande priorizar aquelas áreas que possam ser coletadas mais do que

uma espécie;

3) Coletar nos diversos tipos de sítios possíveis, tanto geograficamente como

ecologicamente;

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4) Enfatizar o número de sítios ao invés de número de indivíduos por sitio.

Leitura adicional:

Brown & Marshall A basic sampling strategy: theory and practice. p. 75 – 91.

Bothmer & Seberg Strategies for the collecting of wild species. p. 93 – 111.

3) PLANEJAMENTO DE EXPEDIÇÃO DE COLETA

a) Histórico

Antes de iniciarmos a coleta propriamente dita temos que fazer o levantamento

dos locais onde as espécies ocorrem de sua botânica e fisiologia.

b) Informações sobre os locais de origem e a distribuição da espécie

A posição geográfica dos locais de coleta pode ser obtido tomando-se

estudos florísticos e ecogeográficos. Se não é possível obter a informação de

forma compilada pode-se busca-la em bancos de germoplasma, herbários, jardins

botânicos e fontes de informação etnobotânica. Bem como consultar outros

pesquisadores que já coletaram a mesma espécie. Ao final desta busca deve-se

ter uma lista de locais e acessos onde pode-se encontrar populações da espécie

de interesse.

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Um vez selecionados os locais de coleta deve-se saber a posição

geográfica dos mesmos, topografia, clima, tipo de vegetação, vias de acesso, vilas

e outros povoados próximos, e situação social e política da região.

Quanto às espécies deve-se saber sobre a sua distribuição nos locais de

coleta, deve-se saber sobre a taxonomia, morfologia anatomia e fisiologia das

espécie a ser coletada, bem como estrutura genética e modo de acasalamento.

Pois do contrário pode-se coletar ou classificar as plantas de maneira errônea ou

dúbia. Desta forma é muito importante ter alguém que conheça a espécie ou

preferencialmente deve-se ter um botânico junto a expedição de coleta.

c) cuidados com as estruturas propagativas coletadas

O acondicionamento das estruturas propagativas incluem:

Sementes ortoxas: limpa-las e seca-las, se não são semente ortoxas, ou seja

recalcitrantes: deve-se mante-las úmidas para preservem a viabilidade.

A limpeza consiste em retirar todos os contaminantes alheios a semente, tais

como: pedra, terra sementes de outras plantas, insetos, restos de outras plantas.

A dessecação consiste em reduzir ao máximo a umidade das sementes de modo

a garantir-lhe a viabilidade. Para a dessecação pode-se utilizar silica gel,

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