aula i parte i histórico

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Itinerário das Itinerário das Ciências da Ciências da Comunicação Comunicação

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Aula ministrada pela Professora Cristina Gobbi ao Mestrado em Televisão Digital da UNESP.

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Page 1: Aula I   Parte I   Histórico

Itinerário das Itinerário das Ciências da Ciências da

ComunicaçãoComunicação

Page 2: Aula I   Parte I   Histórico

AntigüidadeAntigüidade

Page 3: Aula I   Parte I   Histórico

a. C. – Gréciaa. C. – Grécia

O período de consolidação da “civilização helenística”

(fusão da cultura grega com a dos povos conquistados –

egípcios e persas - nas campanhas de Alexandre pelo

Oriente Médio) enseja a democracia, simbolizando a construção do Estado, onde o

“poder da violência” (barbárie) é substituído pela “força do

argumento” (civilização).

Aristóteles

Autor: Autor: Aristóteles Aristóteles (384-322 (384-322

a.C.)a.C.)Obra: Arte Obra: Arte

RetóricaRetórica

Page 4: Aula I   Parte I   Histórico

d.C. – Romad.C. – Roma

Em conjuntura da mesma natureza – Em conjuntura da mesma natureza –

a “pax romana” (resultante do a “pax romana” (resultante do expansionismo que alarga os expansionismo que alarga os

domínios de Roma do Oriente domínios de Roma do Oriente

Médio à Península Ibérica) propicia a Médio à Península Ibérica) propicia a

codificação do Direito Romano, codificação do Direito Romano, demandando competência retórica por demandando competência retórica por

parte dos homens públicos, o que parte dos homens públicos, o que justifica a instituição da primeira justifica a instituição da primeira Cátedra de Retórica do Ocidente. Cátedra de Retórica do Ocidente.

Autor: Quintiliano (30-96 d.C.)Autor: Quintiliano (30-96 d.C.)

Obra: Obra: Sobre a Formação do OradorSobre a Formação do Orador (4 (4 vols.)vols.)

Quintiliano

Page 5: Aula I   Parte I   Histórico

ModernidadeModernidade

Page 6: Aula I   Parte I   Histórico

Século XVII – AlemanhaSéculo XVII – Alemanha

A Universidade de Leipzig estimula a A Universidade de Leipzig estimula a observação sistemática sobre o observação sistemática sobre o

emergente fenômeno jornalístico, emergente fenômeno jornalístico, tomando como ponto de referência a tomando como ponto de referência a

circulação do “jornal diário” e circulação do “jornal diário” e focalizando seu impacto na formação focalizando seu impacto na formação

da “opinião pública”.da “opinião pública”.Autor: Tobias Peucer Autor: Tobias Peucer

Obra: Os Relatos Jornalísticos (1690).Obra: Os Relatos Jornalísticos (1690).

Tobias Peucer

Page 7: Aula I   Parte I   Histórico

Século XVIII – FrançaSéculo XVIII – França

A Enciclopédia Francesa A Enciclopédia Francesa (1751) registra o estágio (1751) registra o estágio em que se encontrava a em que se encontrava a “ciência da comunicação “ciência da comunicação das idéias”, incluindo os das idéias”, incluindo os

seguintes ramos: seguintes ramos: Gramática, Retórica, Gramática, Retórica,

Crítica, Pedagogia e Filologia.Crítica, Pedagogia e Filologia.

Autores: D´Alembert Autores: D´Alembert e Bacone Bacon

Bacon

Obra: “Discurso Preliminar’ e Obra: “Discurso Preliminar’ e “Explicação Detalhada”“Explicação Detalhada”

Page 8: Aula I   Parte I   Histórico

Início do Século XIX –Início do Século XIX –

Alemanha e BrasilAlemanha e Brasil

A Universidade de Breslau A Universidade de Breslau (1806) oferece curso pioneiro (1806) oferece curso pioneiro

de de

““ciência da imprensa”ciência da imprensa”

A Enciclopédia Der Brockhauss A Enciclopédia Der Brockhauss publica verbetes dos publica verbetes dos

professores Benzenberg e professores Benzenberg e Krug sobre jornais, liberdade Krug sobre jornais, liberdade

de imprensa e opinião pública.de imprensa e opinião pública.

Tais verbetes são registrados Tais verbetes são registrados por Hipólito José da Costa e por Hipólito José da Costa e

sintetizados no “Correio sintetizados no “Correio Braziliense” (anos 1810).Braziliense” (anos 1810).

Hipólito Costa

Benzenberg

Page 9: Aula I   Parte I   Histórico

Fim do Século XIX – Estados Unidos, Fim do Século XIX – Estados Unidos, Suíça, França, ItáliaSuíça, França, Itália

O campo da comunicação incorpora-se O campo da comunicação incorpora-se à universidade, através da fundação à universidade, através da fundação de cursos sobre ciência da imprensa de cursos sobre ciência da imprensa

e do jornalismo:e do jornalismo:Washington College (1869)Washington College (1869)

Universidade de Besle, Suiça (1884)Universidade de Besle, Suiça (1884)Ecole Superieur de Journalisme, Paris, Ecole Superieur de Journalisme, Paris,

França (1899)França (1899)Filósofos sociais como Gabriel Tarde Filósofos sociais como Gabriel Tarde

fazem reflexões sobre o impacto fazem reflexões sobre o impacto social da imprensa diária.social da imprensa diária.

Gabriel Tarde

Page 10: Aula I   Parte I   Histórico

ContemporaneidadeContemporaneidade

Page 11: Aula I   Parte I   Histórico

Início do século XX – Alemanha e Estados Início do século XX – Alemanha e Estados Unidos na vanguarda do ensino e da Unidos na vanguarda do ensino e da pesquisa em comunicação.pesquisa em comunicação.

Karl D`Esther (1907) defende tese sobre Karl D`Esther (1907) defende tese sobre Zeitungswisenchaft na Universidade de Zeitungswisenchaft na Universidade de Munster, Alemanha. Munster, Alemanha.

Walter Williams (1908) funda a Escola de Walter Williams (1908) funda a Escola de Jornalismo da Universidade de Missouri, Jornalismo da Universidade de Missouri, EUAEUA

Max WeberMax Weber (1910) propõe o estudo da (1910) propõe o estudo da mídia impresa pelos sociólogos, inspirando mídia impresa pelos sociólogos, inspirando Otto Groth, que escreve um tratado sobre a Otto Groth, que escreve um tratado sobre a matéria.matéria.

Page 12: Aula I   Parte I   Histórico

Joseph PulitzerJoseph Pulitzer (1904) defende a (1904) defende a necessidade da formação universitária necessidade da formação universitária dos jornalistas e faz doação à dos jornalistas e faz doação à Universidade de Columbia, enquanto Universidade de Columbia, enquanto Walter Williams funda a Escola de Walter Williams funda a Escola de Jornalismo da Universidade de Missouri Jornalismo da Universidade de Missouri (1908).(1908).

Começa a circular a primeira revista Começa a circular a primeira revista científica da área - Journalism Quartely - científica da área - Journalism Quartely - (1924), enquanto a Universidade de Munich (1924), enquanto a Universidade de Munich cria a primeira Cátedra de cria a primeira Cátedra de Zeitungswisenchaft, ocupada por Karl DZeitungswisenchaft, ocupada por Karl D´Esther.´Esther.

Page 13: Aula I   Parte I   Histórico

Metade do século XX – França eMetade do século XX – França e América LatinaAmérica Latina

A UNESCO estimula a criação de uma A UNESCO estimula a criação de uma comunidade mundial de ciências da comunidade mundial de ciências da

comunicação. Funda-se em 1957, em comunicação. Funda-se em 1957, em Paris, a IAMCR – International Association Paris, a IAMCR – International Association

for Mass Communication Research.for Mass Communication Research.Na mesma conjuntura, a UNESCO incentiva Na mesma conjuntura, a UNESCO incentiva

a criação do CIESPAL – Centro a criação do CIESPAL – Centro Internacional de Estudios Superiores de Internacional de Estudios Superiores de

Periodismo Periodismo para América Latina (1959), para América Latina (1959), locuslocus inicial inicial

da Escola Latino-Americana de da Escola Latino-Americana de Comunicação (ELACOM).Comunicação (ELACOM).

Page 14: Aula I   Parte I   Histórico

A IAMCR realiza congressos, pela primeira A IAMCR realiza congressos, pela primeira vez, na América Latina – Buenos Aires (1970) vez, na América Latina – Buenos Aires (1970) e Caracas (1980).e Caracas (1980).

Funda-se em Caracas (1978) a Asociación Funda-se em Caracas (1978) a Asociación Latino-Americana de Investigadores de la Latino-Americana de Investigadores de la Comunicación.Comunicación.

Fim do século XX – Expansão mundial das Fim do século XX – Expansão mundial das ciências da comunicaçãociências da comunicação

Criam-se sociedades científicas da área em Criam-se sociedades científicas da área em vários países, que passam a ser agrupadas vários países, que passam a ser agrupadas pela International Federation of pela International Federation of Communication Associations – IFCA (1989).Communication Associations – IFCA (1989).

O Brasil sedia em 1992 o I Congresso Latino-O Brasil sedia em 1992 o I Congresso Latino-Americano de Ciências da Comunicação – Americano de Ciências da Comunicação – ALAIC e o Congresso Bienal da IAMCR (São ALAIC e o Congresso Bienal da IAMCR (São Paulo), evento que volta a ocorrer em Paulo), evento que volta a ocorrer em território nacional em 2004 (Porto Alegre).território nacional em 2004 (Porto Alegre).

Page 15: Aula I   Parte I   Histórico

AtualidadeAtualidade

Page 16: Aula I   Parte I   Histórico

Estados UnidosEstados Unidos

Everett RogersEverett Rogers – – A History of Communication A History of Communication Study. Study. New York: The Free Press, 1994New York: The Free Press, 1994

Everette DennisEverette Dennis and Ellen Wartella – American and Ellen Wartella – American Communication Research, the remembered Communication Research, the remembered History. History. New Jersey: Lawrence, 1996 New Jersey: Lawrence, 1996

WilburWilbur SchrammSchramm– – The Beginnings of The Beginnings of Communication Study in AmericaCommunication Study in America. Oaks: Sage, . Oaks: Sage, 19971997

A consolidação da área se reflete no resgate A consolidação da área se reflete no resgate histórico que começa a ocorrer em várias partes histórico que começa a ocorrer em várias partes

do mundo, o que corresponde também a uma do mundo, o que corresponde também a uma estratégia de auto-legitimação.estratégia de auto-legitimação.

Page 17: Aula I   Parte I   Histórico

FrançaFrança

Daniel BougnouxDaniel Bougnoux – – Sciences de lSciences de l´Information ´Information

et de la Communicationet de la Communication. Paris: Larousse, . Paris: Larousse, 19931993

ArmandArmand et Michelle Mattelart – et Michelle Mattelart – Histoire Histoire des theories de la communicationdes theories de la communication. Paris: La . Paris: La Decouverte, 1995 Decouverte, 1995

Didier Georgakakis et Jean-Michel Uthard – Didier Georgakakis et Jean-Michel Uthard – Sciences des media: jalons por une histoire Sciences des media: jalons por une histoire politique.politique. Paris: L´Hamartin, 2001 Paris: L´Hamartin, 2001

Page 18: Aula I   Parte I   Histórico

Pensamento Pensamento Comunicacional EuropeuComunicacional Europeu

Idéias fundadoras – Idéias fundadoras – Emile Durkheim:Emile Durkheim:

Emile Durkheim

““os fenômenos sociais os fenômenos sociais determinam os atos determinam os atos

comunicacionais, com comunicacionais, com os quais se articulam os quais se articulam

funcionalmente”funcionalmente”

Page 19: Aula I   Parte I   Histórico

Gabriel Tarde:Gabriel Tarde:

““a natureza subjetiva a natureza subjetiva das interações sociais das interações sociais como requisito para como requisito para

compreender as compreender as influências da influências da imprensa nas imprensa nas conversações conversações interpessoais”interpessoais”

Page 20: Aula I   Parte I   Histórico

Sigmund FreudSigmund Freud

““o conceito de o conceito de libido como libido como chave para chave para entender a entender a

essência da alma essência da alma das massas”das massas”

Page 21: Aula I   Parte I   Histórico

Georg Simmel:Georg Simmel:

““as relações e ações as relações e ações recíprocas entre recíprocas entre indivíduos como indivíduos como

vetores das redes de vetores das redes de afiliações”afiliações”

Page 22: Aula I   Parte I   Histórico

Scipio Sigele: “A massa Scipio Sigele: “A massa criminosa”criminosa”

““as formas de as formas de sugestão cultivadas sugestão cultivadas

pela imprensa pela imprensa hipnotizam a multidão, hipnotizam a multidão, induzindo à violência induzindo à violência coletiva da plebe – os coletiva da plebe – os deixando-à-própria-deixando-à-própria-

sorte”sorte”

Page 23: Aula I   Parte I   Histórico

Gustav Le Bon: “Psicologia Gustav Le Bon: “Psicologia das multidões”das multidões”

““o sonambulismo das o sonambulismo das multidões manipulado multidões manipulado

pela imprensa constitui pela imprensa constitui um retrocesso um retrocesso civilizatório”civilizatório”

Page 24: Aula I   Parte I   Histórico

Idéias contemporâneas Idéias contemporâneas Mattelart & MattelartMattelart & Mattelart

Mattelart

As múltiplas implicações da

comunicação em tempo real, a

incorporação de pequenas

sociedades em outras maiores, e a

redefinição cada vez mais constante de fronteiras físicas,

intelectuais e mentais

Page 25: Aula I   Parte I   Histórico

Teoria Crítica Teoria Crítica Escola de Frankfurt Escola de Frankfurt

Adorno

Horkheimer

Não dá para observar um fenômeno social, como um determinado

comportamento em relação aos mcm, isolando-o da realidade. É

preciso inseri-lo no contexto como fenômeno que interage com fatores

estruturais.

Page 26: Aula I   Parte I   Histórico

Reflita sobre issoReflita sobre isso

O individualismo e a busca incessante O individualismo e a busca incessante pelo sucesso são fenômenos sociais pelo sucesso são fenômenos sociais resultantes de razões estruturais, resultantes de razões estruturais, como o capitalismo selvagem, que como o capitalismo selvagem, que

impõe ao sujeito a ideologia da impõe ao sujeito a ideologia da competição e do consumo como competição e do consumo como

valores fundamentais, mas que por valores fundamentais, mas que por trás atendem aos interesses de trás atendem aos interesses de

sobrevivência do capital. sobrevivência do capital.

Page 27: Aula I   Parte I   Histórico

Saussure Barthes

Estruturalismo Lingüístico

Page 28: Aula I   Parte I   Histórico

O estruturalismo de Ferdinand O estruturalismo de Ferdinand Saussure ocupou-se do estudo Saussure ocupou-se do estudo sincrônico da língua, e, mesmo sincrônico da língua, e, mesmo

não tendo usado a nomenclatura, não tendo usado a nomenclatura, Estruturalismo, deixou valioso Estruturalismo, deixou valioso estudo sobre a estrutura da estudo sobre a estrutura da

língua a que chamou de sistema.língua a que chamou de sistema.

Page 29: Aula I   Parte I   Histórico

Barthes Barthes (1915-1980) (1915-1980) LLer é desejar a obra, é pretender ser er é desejar a obra, é pretender ser

a obra, escreveu Roland Barthes no a obra, escreveu Roland Barthes no livro Crítica e Verdade.livro Crítica e Verdade.

Para ele, o autor de um texto não Para ele, o autor de um texto não pode prever a leitura que cada pode prever a leitura que cada

pessoa fará do que ele escreveu e é pessoa fará do que ele escreveu e é aí que reside “o prazer do texto”. aí que reside “o prazer do texto”. Leitor e escritor de “fragmentos”, Leitor e escritor de “fragmentos”,

Barthes conheceu o estruturalismo Barthes conheceu o estruturalismo por Saussure e Greimas e o ampliou por Saussure e Greimas e o ampliou

para os recônditos da literatura, para os recônditos da literatura, sempre buscando os significados sempre buscando os significados “ocultos” nos deleites do texto. “ocultos” nos deleites do texto.

Page 30: Aula I   Parte I   Histórico

Discorreu ainda sobre semiótica, Discorreu ainda sobre semiótica, fotografia, moda, gastronomia e fotografia, moda, gastronomia e

cinema, chegando até a interpretar cinema, chegando até a interpretar um papel no filme As irmãs Brontë. um papel no filme As irmãs Brontë. Assim “teceu” textos com prazer Assim “teceu” textos com prazer

para serem “fruídos” também com para serem “fruídos” também com prazer – “saber com sabor”, como prazer – “saber com sabor”, como

ele próprio definia. ele próprio definia.

Barthes só atinge maior popularidade Barthes só atinge maior popularidade com o título Fragmentos de um com o título Fragmentos de um discurso amoroso (1977), sua discurso amoroso (1977), sua

publicação mais conhecida no Brasil. publicação mais conhecida no Brasil.

Page 31: Aula I   Parte I   Histórico

Estruturalismo marxista

Louis Althusser Bourdieu

Page 32: Aula I   Parte I   Histórico

Louis AlthusserLouis Althusser (1918- (1918-1990) 1990)

Foi o primeiro teórico marxista a propor que a Foi o primeiro teórico marxista a propor que a ideologia seria um elemento onipresente, trans-ideologia seria um elemento onipresente, trans-histórico e eterno na história humana: ela não histórico e eterno na história humana: ela não existiria apenas em função da sociedade de classes. existiria apenas em função da sociedade de classes. Com isso vai propor uma teoria da ideologia em Com isso vai propor uma teoria da ideologia em geral, assim como Freud teria realizado uma teoria geral, assim como Freud teria realizado uma teoria do inconsciente em geral. do inconsciente em geral.

Com isso ele chega a duas conclusões gerais sobre a Com isso ele chega a duas conclusões gerais sobre a ideologia. Primeiro, em todas as sociedades, ideologia. Primeiro, em todas as sociedades, divididas ou não em classes, a ideologia tem a função divididas ou não em classes, a ideologia tem a função primordial de assegurar a coesão social, primordial de assegurar a coesão social, regulamentando a relação dos indivíduos com suas regulamentando a relação dos indivíduos com suas tarefas. Segundo, a ideologia é o contrário da ciência.tarefas. Segundo, a ideologia é o contrário da ciência.

Page 33: Aula I   Parte I   Histórico

Em sua teoria geral da ideologia, seria Em sua teoria geral da ideologia, seria na ideologia que os homens representam na ideologia que os homens representam o mundo para si mesmos, porém este o mundo para si mesmos, porém este nunca é tal como ele existe nunca é tal como ele existe efetivamente, mas sim um mundo efetivamente, mas sim um mundo marcado pela intervenção humana. O marcado pela intervenção humana. O que é nele representado é sua relação que é nele representado é sua relação com as condições reais de existência, e com as condições reais de existência, e não as condições reais de existência não as condições reais de existência efetivamente.efetivamente.

Page 34: Aula I   Parte I   Histórico

Pierre Bourdieu (Pierre Bourdieu (1930-2002)

A educação, a cultura, a literatura e a A educação, a cultura, a literatura e a arte foram os seus primeiros objectos arte foram os seus primeiros objectos de estudo. Nos últimos anos, Bourdieu de estudo. Nos últimos anos, Bourdieu vinha-se dedicando ao estudo dos vinha-se dedicando ao estudo dos meios de comunicação e da política. meios de comunicação e da política.

Page 35: Aula I   Parte I   Histórico

Autor de uma sofisticada teoria dos Autor de uma sofisticada teoria dos campos de produção simbólica, o campos de produção simbólica, o sociólogo procurou mostrar que as sociólogo procurou mostrar que as relações de força entre os agentes sociais relações de força entre os agentes sociais apresenta-se sempre na forma apresenta-se sempre na forma transfigurada de relações de sentido.transfigurada de relações de sentido.

A violência simbólica, outro tema central A violência simbólica, outro tema central da sua obra, não era considerada por ele da sua obra, não era considerada por ele como um puro e simples instrumento ao como um puro e simples instrumento ao serviço da classe dominante, mas como serviço da classe dominante, mas como algo que se exerce também através do algo que se exerce também através do jogo entre os agentes sociais.jogo entre os agentes sociais.

Page 36: Aula I   Parte I   Histórico

Escola Francesa

Friedmann

Morin

A cultura de massa é um conjunto de cultura,

civilização e história.

Page 37: Aula I   Parte I   Histórico

Georges Friedmann (1902 - 1977)

Ele diz que se Durkheim tivesse vivido para perceber a posterior divisão do trabalho, “teria sido forçado a considerar ‘anormais’ muitas das formas assumidas pelo trabalho na sociedade moderna, tanto na indústria como na administração, e mesmo, mais recentemente, no comércio”.

Foi professor em várias instituições do ensino superior, lecionando, entre outras, a cadeira de História do Trabalho.

Analisando a organização do trabalho na sociedade industrial, Friedmann demonstrou a submissão à mesma lógica das condições técnicas de produção por parte de operários de estatuto tão diferente como os soviéticos ou os norte-americanos.

Page 38: Aula I   Parte I   Histórico

Nos seus trabalhos valorizou o factor humano e a situação dos operários confrontados com

um trabalho parcelar e monótono.

A obra de Friedmann deslocou a perspectiva de análise do ponto de vista das empresas

para o ponto de vista das relações humanas no seio da estrutura social e teve em conta a questão da permanente mudança em que se

encontra a sociedade actual.

Os seus estudos prestaram um valioso contributo para a definição de um conceito tão rico como é o de "sociedade industrial".

Page 39: Aula I   Parte I   Histórico

Indústria Cultural para MorinIndústria Cultural para Morin

A necessidade da IC em atingir qualidade A necessidade da IC em atingir qualidade para um espectador médio leva-a ao para um espectador médio leva-a ao sincretismo: tendência de homogeneizar a sincretismo: tendência de homogeneizar a diversidade dos conteúdos sob um diversidade dos conteúdos sob um determinador comum.determinador comum.

Sincretismo: leva a notícia a adquirir um Sincretismo: leva a notícia a adquirir um relevo de fato comum enquanto a ficção se relevo de fato comum enquanto a ficção se tinge de realismo. Ou seja, é a mistura de tinge de realismo. Ou seja, é a mistura de gêneros, a contaminação do real e do gêneros, a contaminação do real e do imaginário.imaginário.

Page 40: Aula I   Parte I   Histórico

Morin, a cultura de massa Morin, a cultura de massa tem:tem:

1) uma dinâmica entre a estandardização e a 1) uma dinâmica entre a estandardização e a inovação;inovação;

2) sincretismo e a contaminação entre real e 2) sincretismo e a contaminação entre real e imaginárioimaginário

A cultura de massa oferece de uma forma fictícia tudo aquilo que é suprimido da vida real.

Também contribui para enfraquecer todas as instituições intermediárias – desde a família até a classe social – para se constituir em um aglomerado de indivíduos – a massa – a serviço da máquina social.

Page 41: Aula I   Parte I   Histórico

Segundo Morin, a cultura de massa Segundo Morin, a cultura de massa oferece de uma forma fictícia tudo oferece de uma forma fictícia tudo aquilo que é suprimido da vida real.aquilo que é suprimido da vida real.

Também contribui para Também contribui para enfraquecer todas as instituições enfraquecer todas as instituições intermediárias – desde a família até intermediárias – desde a família até a classe social – para se constituir a classe social – para se constituir em um aglomerado de indivíduos – em um aglomerado de indivíduos – a massa – a serviço da máquina a massa – a serviço da máquina social. social.

Page 42: Aula I   Parte I   Histórico

(...) a proposta de Morin não (...) a proposta de Morin não considera a segmentação de considera a segmentação de

público, públicos mutáveis que se público, públicos mutáveis que se sobrepõem, experiências diferentes sobrepõem, experiências diferentes

entre receptores e emissores.entre receptores e emissores.

Page 43: Aula I   Parte I   Histórico

Abrahan MOLESAbrahan MOLES

Trata a cultura como um mosaico, no Trata a cultura como um mosaico, no qual fragmentos de conhecimento qual fragmentos de conhecimento formam um depósito deixado pelos MCM formam um depósito deixado pelos MCM no cérebro dos indivíduos.no cérebro dos indivíduos.

MCM exercem domínio total do homem MCM exercem domínio total do homem moderno, que se revolta apenas de moderno, que se revolta apenas de forma utópica.forma utópica.

Para o indivíduo, a fonte de idéias é a Para o indivíduo, a fonte de idéias é a sua cultura – um mosaico – fragmentado.sua cultura – um mosaico – fragmentado.

Page 44: Aula I   Parte I   Histórico

McLuhanMcLuhan Na visão de Mcluhan, as transformações do Na visão de Mcluhan, as transformações do

homem são introduzidas pela tecnologia, pela homem são introduzidas pela tecnologia, pela inovação dos MCM, que influenciam a percepção.inovação dos MCM, que influenciam a percepção.

““Os meios são extensão do homem’ ; “O meio é Os meios são extensão do homem’ ; “O meio é a mensagem”; “ Os MCM transformaram o a mensagem”; “ Os MCM transformaram o mundo em uma aldeia global”, dizia o teórico.mundo em uma aldeia global”, dizia o teórico.

Page 45: Aula I   Parte I   Histórico

McLuhanMcLuhan

Foi muito criticado em sua época, anos Foi muito criticado em sua época, anos em que o rádio e a TV surgem e aos em que o rádio e a TV surgem e aos

quais ele atribui o poder de quais ele atribui o poder de retribalização do homem (a volta à retribalização do homem (a volta à

oralidade). Daí o conceito de “ aldeia oralidade). Daí o conceito de “ aldeia global” .global” .

Page 46: Aula I   Parte I   Histórico

Esboça-se na Inglaterra, anos 1950/60 Esboça-se na Inglaterra, anos 1950/60 o Centro de Estudos Contemporâneos o Centro de Estudos Contemporâneos de Birminghamde Birmingham

Interesse central: “atribuição de Interesse central: “atribuição de sentido à realidade, à evolução de uma sentido à realidade, à evolução de uma cultura, de práticas sociais partilhadas, cultura, de práticas sociais partilhadas, de uma área comum de significados.”de uma área comum de significados.”

Page 47: Aula I   Parte I   Histórico

Cultura: não é uma prática, nem Cultura: não é uma prática, nem a soma dos hábitos e costumes a soma dos hábitos e costumes de uma sociedade. Passa por de uma sociedade. Passa por todas as práticas sociais e é a todas as práticas sociais e é a soma das suas inter-relações.soma das suas inter-relações.

Page 48: Aula I   Parte I   Histórico

Grupo Italiano

Umberto Eco

Page 49: Aula I   Parte I   Histórico

1932, Umberto Eco construiu sólida carreira como 1932, Umberto Eco construiu sólida carreira como professor de semiótica na Universidade de Bolonha. professor de semiótica na Universidade de Bolonha.

Ensaísta de renome mundial, dedicou-se a temas Ensaísta de renome mundial, dedicou-se a temas como estética, semiótica, filosofia da linguagem, como estética, semiótica, filosofia da linguagem, teoria da literatura e da arte e sociologia da cultura. teoria da literatura e da arte e sociologia da cultura. Autor de artigos de opinião nos jornais Espresso e Autor de artigos de opinião nos jornais Espresso e La Repubblica, estreou como romancista com O La Repubblica, estreou como romancista com O Nome da Rosa, em 1980. Nome da Rosa, em 1980.

Depois do imenso sucesso colhido na Itália e em Depois do imenso sucesso colhido na Itália e em todo o mundo, escreveu O Pêndulo de Foucault todo o mundo, escreveu O Pêndulo de Foucault (1988), A Ilha do Dia Anterior (1994) e Baudolino (1988), A Ilha do Dia Anterior (1994) e Baudolino (2000). (2000).

Entre suas obras ensaísticas destacam-se Obra Entre suas obras ensaísticas destacam-se Obra Aberta (1962), Apocalípticos e Integrados (1964), A Aberta (1962), Apocalípticos e Integrados (1964), A Estrutura Ausente (1968), As Formas do Conteúdo Estrutura Ausente (1968), As Formas do Conteúdo (1971), Tratado Geral de Semiótica (1975), Seis (1971), Tratado Geral de Semiótica (1975), Seis Passeios pelos Bosques da Ficção (1994) e Sobre a Passeios pelos Bosques da Ficção (1994) e Sobre a Literatura (2003). Literatura (2003).

Page 50: Aula I   Parte I   Histórico

Estudos CulturaisEstudos Culturais

Hoggart

Williams

Hall

E.P. Thompson

Page 51: Aula I   Parte I   Histórico

HallHall Num país onde a Crítica da Razão Dialética de Sartre demorou quarenta

anos para ser traduzida, em um mundo intelectual que não conta sequer com as obras completas de Platão e Aristóteles,

não é de estranhar que só agora tenhamos um livro Stuart Hall, o

principal expoente da linha de pesquisa conhecida como Estudos Culturais.

Da Diáspora, editado pela Universidade Federal de Minas Gerais (2003, R$ 49), traz textos que cobrem a produção de

Hall durante as décadas de 70-90.

Page 52: Aula I   Parte I   Histórico

Fica bastante clara a preocupação de Stuart Fica bastante clara a preocupação de Stuart Hall em dar uma base comum aos estudos Hall em dar uma base comum aos estudos

sem perder ou negar nenhuma contribuição sem perder ou negar nenhuma contribuição que possa ser utilizada. "O fato é que que possa ser utilizada. "O fato é que

nenhuma concepção única e não nenhuma concepção única e não problemática de cultura se encontra aqui", problemática de cultura se encontra aqui", adverte Hall. Os Estudos Culturais são, de adverte Hall. Os Estudos Culturais são, de

certa maneira, a execução da idéia de "obra certa maneira, a execução da idéia de "obra aberta" definida por Umberto Eco. Estão em aberta" definida por Umberto Eco. Estão em permanente construção, agregando idéias, permanente construção, agregando idéias, teorias e métodos – para compreender, não teorias e métodos – para compreender, não

para fechar o assunto.para fechar o assunto.

Page 53: Aula I   Parte I   Histórico

Hoggart, Williams, Thompson

Três textos que surgiram nos final dos anos 50, são Três textos que surgiram nos final dos anos 50, são identificados como as fontes dos Estudos Culturais: identificados como as fontes dos Estudos Culturais: Richard Hoggart com The Uses of Literacy (1957), Richard Hoggart com The Uses of Literacy (1957), Raymond Williams com Culture and Society (1958) e Raymond Williams com Culture and Society (1958) e E. P. Thompson com The Making of the English E. P. Thompson com The Making of the English Working-class (1963). Working-class (1963).

O primeiro é em parte autobiográfico e em parte O primeiro é em parte autobiográfico e em parte história cultural do meio do século XX. história cultural do meio do século XX.

O segundo constrói um histórico do conceito de O segundo constrói um histórico do conceito de cultura, culminando com a idéia de que a "cultura cultura, culminando com a idéia de que a "cultura comum ou ordinária" pode ser vista como um modo comum ou ordinária" pode ser vista como um modo de vida em condições de igualdade de existência com de vida em condições de igualdade de existência com o mundo das Artes, Literatura e Música. o mundo das Artes, Literatura e Música.

E o terceiro reconstrói uma parte da história da E o terceiro reconstrói uma parte da história da sociedade inglesa de um ponto de vista particular - a sociedade inglesa de um ponto de vista particular - a história "dos de baixo".história "dos de baixo".

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Jesus Martín-BarberoJesus Martín-Barbero

Foi o teórico latino-americano que Foi o teórico latino-americano que desenvolveu uma nova perspectiva desenvolveu uma nova perspectiva dos EC na América Latina.dos EC na América Latina.

A teoria básica é de perspectiva A teoria básica é de perspectiva ideológica: os mcm vêm do sistema ideológica: os mcm vêm do sistema dominantedominante

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A mensagem transmitida não é A mensagem transmitida não é somente representante do poder de somente representante do poder de onde se origina, pois precisa ganhar onde se origina, pois precisa ganhar a adesão da audiência...a adesão da audiência...

Por isso, os conteúdos dos mcm Por isso, os conteúdos dos mcm passam por um processo de passam por um processo de mediação entre o conteúdo que o mediação entre o conteúdo que o sistema deseja passar e o conteúdo sistema deseja passar e o conteúdo que é extraído desta mensagem pelo que é extraído desta mensagem pelo receptor. O resultado é a receptor. O resultado é a mestiçagem cultural.mestiçagem cultural.

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Há um embate entre culturas do emissor Há um embate entre culturas do emissor e receptor, sendo que o receptor se e receptor, sendo que o receptor se esforça para entender a mensagem. esforça para entender a mensagem. Nesse esforço ele faz mediações de Nesse esforço ele faz mediações de acordo com a sua cultura, sendo então acordo com a sua cultura, sendo então criador de significados.criador de significados.

Exemplo simples: um abajour para os Exemplo simples: um abajour para os ocidentais tem uma utilidade: iluminar ocidentais tem uma utilidade: iluminar um ambiente. Para o indígena pode um ambiente. Para o indígena pode apenas servir de adorno. Ou seja, o apenas servir de adorno. Ou seja, o significado é negociado de acordo com a significado é negociado de acordo com a cultura.cultura.

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Quer seja a cultura de massa de Morin, Quer seja a cultura de massa de Morin, ou a cultura fragmentada de Moles, ou ou a cultura fragmentada de Moles, ou a cultura tecnológica de Mcluhan. a cultura tecnológica de Mcluhan.

Quer sejam os Estudos Culturais Quer sejam os Estudos Culturais ingleses, nos quais tanto a produção ingleses, nos quais tanto a produção quanto a recepção são resultantes de quanto a recepção são resultantes de processos culturais; ou a proposta de processos culturais; ou a proposta de Martín-Barbero, colombiano que Martín-Barbero, colombiano que propõe uma perspectiva ideológica dos propõe uma perspectiva ideológica dos EC, nos quais a mestiçagem cultural é EC, nos quais a mestiçagem cultural é resultante do processo de recepção da resultante do processo de recepção da mensagem. mensagem.

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América LatinaAmérica Latina

Raul Fuentes Navarro – Raul Fuentes Navarro – Un campo Un campo cargado de futuro: el estudio de la cargado de futuro: el estudio de la comunicación en América Latina. comunicación en América Latina. Mexico: Mexico: Coneicc, 1992Coneicc, 1992

Luis Ramiro BeltránLuis Ramiro Beltrán – – Investigación sobre Investigación sobre Comunicación en América Latina. Comunicación en América Latina. La Paz: La Paz: Plural, 2000Plural, 2000

José Marques de MeloJosé Marques de Melo – – Pensamiento Pensamiento Comunicacional Latinoamericano: entre el Comunicacional Latinoamericano: entre el saber y el poder.saber y el poder. Quito: CIESPAL, 2006 Quito: CIESPAL, 2006

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Fonte dessas transparências: Material de aula do PósGraduação ministrada pelo professor JMM, em São Paulo – ano de 2006, Livro historia do pensamento comunicacional e material de aulas (transparências) do professor José Marques de Melo.