aula de endometriose versao 3

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ENDOMETRIOSE E INFERTILIDADE Dr. Lourivaldo Rodrigues de Souza 11/10/2013

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aula de endrometriose

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Page 2: Aula de endometriose versao 3

Endometriose é uma condição caracterizada por lesões de tecido tipo endometrial fora do útero e está associada com dor pélvica e infertilidade (Giudice, 2010).

Embora sua causa seja desconhecida, é provavelmente multifatorial incluindo fatores genéticos com possível influências epigenéticas, talvez devido a exposição ao meio ambiente.

É vastamente sabido que as lesões surgem através do fluxo menstrual retrógrado, da metaplasia celômica e disseminação linfática em indivíduos imunológica e geneticamente susceptíveis.

INTRODUÇÃO

Page 3: Aula de endometriose versao 3

Endometriose está também associada com infertilidade, com uma forte associação entre severidade da doença e impacto sobre a fertilidade, provavelmente devido ao comprometimento da função tubo-ovariana, presença de endometrioma, inflamação pélvica subclínica. Possivelmente reduzindo a qualidade do oócito e reduzindo a receptividade endometrial para implantação (Lessey, 2011).

INTRODUÇÃO

Page 4: Aula de endometriose versao 3

Doença acomete aproximadamente 70 milhões de mulheres

30 a 50% das pacientes com endometriose são inférteis

Mesmo após tratamentos de Fertilização in vitro (FIV): taxas de sucesso em mulheres com endometriose são 50% daquelas observadas em mulheres sem a doença

INTRODUÇÃO

Page 5: Aula de endometriose versao 3

Impacto negativo na foliculogênese resultando em oócitos de menor qualidade

Diminuição da quantidade de oócitos pela ação da doença e pela injúria provocada pelos tratamentos cirúrgicos

Exposição a um ambiente hostil com macrófagos, citocinas e substâncias vasoativas existentes no fluido peritoneal

Disfunção anatômica das tubas e ovário Interferência mecânica durante a aspiração

folicular Diminuição da receptividade endometrial

INTRODUÇÃO

(Harb, H. The effect of endometriosis on in vitro fertilisation outcome: a systematic review and meta-analysis. BJOG 2013)

Page 6: Aula de endometriose versao 3

Laparoscopia padrão ouro do

diagnóstico visualização de lesões

com confirmação histológica.

(Kennedy et al., 2005).

Intervalo de até 12 anos entre o

primeiro sintoma da endometriose

até o diagnóstico da endometriose

Importante diagnosticá-la

precocemente, para redução da

morbidade da doença e preservação

da fertilidade.

Laparoscopia padrão ouro do

diagnóstico visualização de lesões

com confirmação histológica.

(Kennedy et al., 2005).

Diagnóstico

Page 7: Aula de endometriose versao 3

Eleger a paciente com risco

endometriose:

Dismenorréia severa

Dispareunia de profundidade

Dor pélvica crônica

Dor peri-ovulatória

Sintomas (ex. urinários e intestinais)

perimenstruais cíclicos com ou sem

sangramento

Infertilidade

Fadiga crônica

Diagnóstico

Page 8: Aula de endometriose versao 3

• HISTÓRIA DE ENDOMETRIOSE EM PARENTES DE PRIMEIRO GRAU

• DISMENORRÉIA PRIMÁRIA INCAPACITANTE

• FALTAS ESCOLARES NO PERÍODO MENSTRUAL

• DISMENORRÉIA RESISTENTE AO TRATAMENTO COM AINH

• NECESSIDADE DO USO DE ACO PARA CONTROLE DA DISMENORRÉIA

SUGERE QUE ESSAS PACIENTES DEVERIAM SER INVESTIGADAS

PRECOCEMENTE COM ULTRASSONOGRAFIA E RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DA PELVE.

Marcadores de Risco para endometriose

Page 10: Aula de endometriose versao 3

Tratamento Endometriose Associada à Infertilidade

A MELHOR ESCOLHA PARA O

TRATAMENTO DA ENDOMETRIOSE,

ASSOCIADO À INFERTILIDADE, AINDA

PERMANECE OBSCURA.

(ESHRE Guideline on endometriosis 2008)

Page 12: Aula de endometriose versao 3

Nível Evidência

Evidência

1a Revisões sistemáticas e metanálises de estudos randomizados controlados

1b Ao menos 01 estudo randomizado controlado

2a Ao menos 01 estudo controlado não-randomizado

2b Ao menos 01 estudo coorte

3 Estudos de caso-controle

4 Opiniões de especialistas, guidelines.

Hierarquia de Evidência

Page 13: Aula de endometriose versao 3

Tratamento Endometriose Associada à Infertilidade

Abordagem terapêutica voltada em

preservar a fertilidade

Sistemas de classificação de

endometriose são subjetivos e

correlacionam-se pouco com os

sintomas de dor, mas podem ter

muito valor no prognóstico e

manejo da infertilidade (Nível de

evidência 3)(ESHRE Guideline on endometriosis 2008)

Page 14: Aula de endometriose versao 3

(ESHRE Guideline on endometriosis 2008)

1 a Supressão da função ovariana para melhorar a fertilidade na endometriose mínima não é efetivo e deve ser evitado.

1 a Ablação de lesões endometrióticas com lise de aderências para endometriose mínima é efetivo quando comparada apenas à laparoscopia diagnóstica

O TRATAMENTO CIRÚRGICO É PROVAVELMENTE EFICAZ EM TODOS OS ESTÁGIOS

DA DOENÇA.

EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS

Page 15: Aula de endometriose versao 3

(ESHRE Guideline on endometriosis 2008)

1 b Cistectomia para endometriomas > 4 cm melhora fertilidade quando comparado com apenas drenagem e coagulação.

Coagulação ou vaporização a laser de endometriomas, sem retirada da cápsula está associado a aumento do risco de recorrência.

EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS

Page 16: Aula de endometriose versao 3

TÉCNICAS DE R.H.A. NO TRATAMENTO DA INFERTILIDADE ASSOCIADA À ENDOMETRIOSE

1 b

IIU associada à estimulação ovariana controlada: aumenta fertilidade na endometriose mínima

IIU NÃO associada à estimulação ovariana controlada: resultados incertos

(ESHRE Guideline on endometriosis 2008)

ALGUMAS EVIDÊNCIAS

Page 17: Aula de endometriose versao 3

(ESHRE Guideline on endometriosis 2008)

1 a O tratamento hormonal após cirurgia não traz maiores benefícios em relação às taxas de gestação quando comparado apenas com o tratamento cirúrgico

3 Não há ERC ou RS que respondam se a excisão de lesões na endometriose moderada a severa aumenta as taxas de gestação, aparentemente há uma correlação negativa entre o estágio da doença em a taxa de gestação cumulativa no pós-operatório

Page 18: Aula de endometriose versao 3

2 b

FIV: 1. Comprometimento da função

tubárIa2. Endometriose + fator masculino 3. Falha de outros tratamento para

engravidar

1 b

Agonista GnRH previamente à FIV (3-6 meses) aumenta as chances de gestação, porém há necessidade de mais estudos randomizados controlados

(ESHRE Guideline on endometriosis 2008)

1 b

Ciclos de FIV com AGONISTA GnRH x ANTAGONISTA GnRH: taxas de implantação e gestação clínica semelhantes, porém, há preferência pelo AGONISTA pelo maior número de oócitos MII e maior número de embriões

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2 a Não há aumento na taxa de recorrência de lesões endometrióticas após ciclos de estimulação ovariana para FIV

(ESHRE Guideline on endometriosis 2008)

1 b

Exérese unilateral de endometriomas (entre 3 a 6 cm) antes de um ciclo de FIV/ICSI pode diminuir a resposta ovariana sem trazer qualquer benefício às taxas de sucesso do tratamento

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Page 21: Aula de endometriose versao 3

1. Escolher a melhor abordagem cirúrgica para endometriose/endometrioma

2. Evitar cirurgias desnecessárias3. Avaliar a reserva ovariana antes da cirurgia4. FIV de emergência5. Usar análogos GnRH6. Utilizar técnicas de criopreservação7. Estilo de vida

Page 22: Aula de endometriose versao 3

1. Escolher a melhor abordagem

cirúrgica para

endometriose/endometrioma

Videolaparoscopia: padrão-ouro

Técnicas:

Vaporização a laser cápsula do cisto

Drenagem endometrioma

Coagulação cápsula com cautério

bipolar na Cistectomia

Page 23: Aula de endometriose versao 3

Qual a melhor técnica? Aquela que minimiza danos ao ovário

Cirurgia pode diminuir reserva ovariana por 3 principais

mecanismos:

1. Retirada excessiva do córtex ovariano

2. Uso excessivo do cautério, principalmente para hemostasia

3. Inflamação induzida pela injúria cirúrgica (foto ovário)

Page 24: Aula de endometriose versao 3

Reduzir ao máximo traumas ao córtex ovariano

evitando cistectomias

Perda de tecido ovariano

Diminui resposta folicular

Diminui volume ovariano

Diminui reserva ovariana

Em ciclos de FIV: diminui número de

folículos antrais e de oócitos

recuperados.

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Perda da ovulação espontânea em 13% de pacientes submetidas a videolaparoscopia para exérese de endometriomas.

Cistectomia x Tratamento em 3 tempos

Reserva ovariana maior em pacientes submetidas ao

tratamento em 3 tempos

(Benaglia L et al. Rate of severe ovarian damage following surgery for endometriomas. Hum.

Reprod.)

1) Drenagem endometrioma via laparoscópica

2) GnRH por 3 meses

3) Vaporização da cápsula do endometrioma

Page 26: Aula de endometriose versao 3

2. Evitar cirurgias desnecessáriasQuando operar?

Endometriomas grandes ( ≥ 4 cm) sintomáticos Endometriose moderada/grave sintómativa

Quando evitar a cirurgia? Pacientes com reserva ovariana baixa Endometriomas < 4 cm e assintomáticos EVITAR CISTECTOMIA SEMPRE QUE POSSÍVEL!!!

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3. Avaliar a reserva ovariana antes da cirurgia Reserva ovariana: potencial funcional do ovário

que reflete a qualidade dos folículos ovarianos FSH, Hormônio anti-mulleriano, contagem de folículos

antrais

OBJETIVO: Ajudar na individualização do tratamento; Evitar cirurgia; Aconselhar pacientes com reserva baixa; Sugerir FIV prévia ao procedimento.

Page 29: Aula de endometriose versao 3

4. FIV de emergência

Pacientes que necessitam de cirurgia e já possuem baixa reserva ovariana

Quando já se tem indicação de FIV independente da cirurgia (ex: obstrução tubárea bilateral, alteração espermograma)

Sugerir para pacientes > 38 anos Infertilidade de longa data

Page 30: Aula de endometriose versao 3

5. Usar análogos GnRH

Inibe secreção gonadotrofinas criando estado hipoestrogênico desfavorável ao crescimento e manutenção da endometriose

BENEFÍCIOS:① Diminuição diâmetro dos cistos para posterior cirurgia② 6 meses, 3 meses ou no ciclo anterior ao tratamento de

FIV (aumento de 30% nas taxas de gestação)③ Diminui efeito embriotóxico do líquido peritoneal.

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CONCLUSÃO:

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EXISTE RELAÇÃO ENTRE ENDOMETRIOSE E INFERTILIDADE?

EMBORA MUITAS TEORIAS DESCRITAS, ESTA ASSOCIAÇÃO, PRINCIPLAMENTE

NOS ESTÁGIOS INICIAIS, É PURAMENTE ESPECULATIVA.

DEVIDO A ELEVADA PREVALÊNCIA DE ENDOMETRIOSE EM MULHERES

INFÉRTEIS, NOSSO OBJETIVO FOI APRESENTAR AS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS DISPONÍVEIS.

NECESSITAM ESTUDOS CLÍNICOS RANDOMIZADOS E CONTROLADOS.