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Aula – Calor e 1ª Lei da Termodinâmica
Tema: Termodinâmica – a serem abordados os assuntos: - Lei zero da Termodinâmica; - 1ª Lei da Termodinâmica – calor e energia; - 2ª Lei – entropia; - Aplicações da Termodinâmica em sistemas simples.
As leis da Termodinâmica foram inicialmente obtidas empiricamente e somente
posteriormente elas foram comprovadas experimentalmente. Qual é a natureza dos
princípios físicos que governam as propriedades e o comportamento de certos
sistemas, tratados de um ponto de vista macro e microscópico? Quando tratamos de
sistemas no estado microscópico, nos baseamos nas teorias atômicas e moleculares;
no estado macroscópico, enfocamos nas propriedades da matéria sem a utilização de
conceitos relacionados à estrutura atômica, mas à Termodinâmica, que se volta aos
estudos sobre as relações entre propriedades de um sistema, que interage ou não
com a sua vizinhança.
Ao iniciarmos o estudo da Termodinâmica, definirmos inicialmente sistema e
função de estado. As propriedades do sistema, isolado de perturbações não
controladas, são calor, trabalho e energia. Este sistema pode ser aberto, quando
ocorre transferência de energia entre sistema e vizinhança. Função de estado
(pressão, volume e temperatura): com um valor definido para cada estado e independe
do modo como este estado é alcançado.
A Lei Zero da Termodinâmica diz respeito aos conceitos relativos à
temperatura, uma medida da energia cinética média translacional das moléculas. Para
medidas da temperatura, são utilizados termômetros com escalas de medidas. Entre
um sistema e a sua vizinhança podem ser definidos dois tipos de paredes, uma parede
adiabática, que é perfeitamente isolante e impede o fluxo de calor, ou seja, variações
de temperatura; e outra que é a parede diatérmica, usualmente paredes delgadas de
metal, do tipo condutor térmico perfeito, que permite contato térmico. Ao
considerarmos os sistemas A,B e C, podemos dizer que o sistema A está em equilíbrio
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térmico com o sistema C; então o sistema B está em equilíbrio com o sistema C e os
sistemas A e B estão também em equilíbrio térmico.
Esta lei é fundamental para a compreensão de sistemas tais como os termômetros,
que acusam uma mudança de temperatura com a mudança de alguma propriedade
física (como a altura da coluna de Hg). Esta lei foi assim denominada somente após a
formulação das 1ª e 2ª leis e assegura a existência da temperatura como uma função
de estado. Se pensarmos em temperatura, logo pensaremos também em calor. Qual é
a natureza do calor?
Inicialmente havia a teoria do calórico, que considerava o calor como uma
substância fluida indestrutível, que preencheria os poros dos corpos e fluiria de um
corpo mais quente para um mais frio. Lavosier chamou esta substância de calórico. Ou
seja, havia esta idéia de transferência de calor, mas também que a quantidade total de
calórico se conservaria (seria uma lei de conservação de calor). Outra teoria foi
inicialmente proposta por Bacon e Hooke e depois, Newton (Mecanicistas): calor
correspondia ao movimento das vibrações das partículas do corpo. Um aurgumento
final contra a hipótese do calórico veio com Benjamin Thompson (conde Rumford):
(calor gerado por atrito; se fosse um fluido seria consumido muito rapidamente, mas o
que se notava era calor gerado continuamente).
Teoria moderna do calor: 1842, Julius R. von Mayer: energia de um sistema fechado é
sempre constante (princípio de conservação de energia, calor como forma de energia).
Em 1845, equivalente mecânico da unidade de calor.
Em 1847, James Joule estudou o trabalho realizado por gás que se expandia e que
gerava calor ao ser comprimido. Determinou a quantidade de trabalho necessaria para
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gerar determinada quantidade de calor (equivalência entre energia mecânica e calor).
Unidades de energia – Joule; unidade de calor – caloria.
Definição de caloria: quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de 14,5
oC para 15,5 oC de 1 g de água. Ou quantidade calor necessária para elevar de 1 oC a
temperatura de um mol de água – denominada de calor específico, 1 cal/goC (água).
Para definição do valor do calor específico, necessita-se especificar as condições nas
quais ocorre a variação de temperatura; à pressão (Cp) ou volume (Cv) constantes.
Experimento Joule:
A capacidade térmica, C, de uma substância pura é a quantidade de calor necessária
para elevar a sua temperatura de T: Q = mc T = C T
Variação do calor específico com a temperatura:
C = m1c1 + m2c2 + ....
Como ocorre a condução de calor? Processos: convecção, radiação e condução.
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Convecção: transferência de calor em meios fluidos pelo movimento do próprio fluido
(corrente de convecção).
Radiação: transferência de calor de um ponto para outro por meio de radiação
eletromagnética (radiação térmica, solar, IV).
Condução: em fluidos ou sólidos sob efeitos de diferentes temperaturas – não há
movimento do meio. Metais: condutores elétricos – bons condutores de calor.
Condutividade térmica condutividade elétrica. (vidro/madeira – maus condutores de
calor).
Leis básicas da condução:
1) Calor flui de corpo com T mais alta para corpo com T mais baixa.
2) Quantidade de calor, Q, é proporcional à diferença de temperatura, T.
3) Quantidade de calor, Q, é inversamente proporcional à espessura, x, da chapa
condutora. Q T/ x (gradiente de temperatura).
4) Q é proporcional à área A da amostra onde o calor está fluido.
5) Q é proporcional ao intervalo de tempo, t.
Assim, para a condução de calor através de uma espessura infinitésima dx durante um
tempo dt:
Q A t ( T/ x)
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Sendo = constante de proporcionalidade, condutividade térmica; valor negativo: calor
flui de temperaturas mais altas para mais baixas (em direção a uma diminuição de
temperatura).
O enunciado da 1ª lei envolve uma função de estado, a energia interna, U. A energia
total é igual à soma das energias cinética e potencial e a energia interna corresponde
à energia devido aos movimentos moleculares e interações moleculares.
Na Termodinâmica, não há necessidade de se conhecer a natureza de U, mas sim dos
meios de se variar a U dos processos. A 1ª lei prevê que uma função de estado
extensiva E (a energia total do sistema) deve ser: E = Q + W para sistema fechado.
As quantidades Q e W não são funções de estado, dependem do caminho – o calor é
energia transferida entre o sistema e a sua vizinhança devido a uma diferença de
temperatura e o trabalho é uma diferença de energia entre o sistema e a vizinhança
devido a uma força (mecânica) que atua envolvendo uma distância. A mudança de
energia de um sistema, E, é sempre acompanhada por uma mudança na energia da
vizinhança (com sinal oposto), de tal forma que para qualquer processo a energia total
do sistema e da sua vizinhança mantém constante (é conservada). U = Q + W.
A convenção de sinais nos diz que calor flui para o sistema da vizinhança durante o
processo; neste caso, Q é positivo e se sai do sistema é negativo.
Da mesma forma, se o trabalho é feito no sistema pela vizinhança, W é positivo
(compressão do sistema); se o sistema realiza W para a vizinhança, é negativo.
A energia interna, U, é uma função de estado e para qualquer processo a variação de
U depende dos estados (inicial e final) do sistema e independe do caminho. Quando
nos referimos à 1ª lei como U = Q + W, temos a representação matemática da lei que
pode ser assim anunciada: A energia interna de um sistema é constante a menos que
seja alterada pela realização de trabalho ou por aquecimento.
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O trabalho realizado para levar sistema termicamente isolado de estado inicial a um
estado final independe do caminho, mas depende somente dos estados inicial e final.
A energia interna U é função de estado de um sistema termodinâmico cuja variação Uf
– Ui é igual ao trabalho adiabático necessário para levar o sistema de i para f.
Exemplo:
Expansão isotérmica de gás ideal: qual é o trabalho realizado pelo gás neste
processo?
O que dizer ‘a energia interna do sistema termodinâmico é uma função de estado’?
U deve ser definida quando se especifica o estado do sistema. Qualquer um dos
pares: U = U(P,V); U = U (P,T); U = U (V,T)
Fontes: livros Sears. Tipler. Moyses. Halliday. Aulas do site da Univ. Uminho.