aula 9 discurso e argumentação texto

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DISCURSO

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Faculdade Cambury // DIREITOInterpretao e Redao de Textos I

DISCURSO E ARGUMENTAO:Argumentao e Informaes ImplcitasEntraremos agora no campo da argumentao. Ns a utilizamos para tornar uma idia aceitvel, e argumentos e provas motivam o convencimento, levam persuaso. Saber ler as entrelinhas, as informaes implcitas: pressupostos e subentendidos.Esse tipo de discurso est muito presente em nossa vida: na publicidade, jornais, comentrios diversos, literatura, msica, novelas, poltica etc.

E por que aprender a argumentar?O domnio da lngua transformado com freqncia em instrumento de poder pelos dominadores, mas que pode tambm vir a ser a liberao dos dominados. (MARTINS, 1994, p. 19)Segundo Medeiros e Tomasi (2004), a marca do texto argumentativo convencer ou persuadir por meio de recursos que a lngua nos d, e precisamos dominar e conhecer esses recursos para nos utilizarmos deles.A linguagem serve para alcanarmos objetivos e defendermos intenes. Desta forma, o primeiro item a ser observado a escolha adequada do nvel de linguagem, conforme visto. Devemos levar em conta para essa escolha quem o nosso leitor, o objetivo do nosso texto e o gnero em questo. Por exemplo: vimos na aula passada que a linguagem adequada para peties iniciais a linguagem tcnica. Se utilizssemos o nvel popular, certamente o poder de convencimento, a argumentao, seriam prejudicados.Temos nossa disposio vrios expedientes argumentativos. Os mais comumente utilizados so as informaes implcitas: pressupostos e subentendidos. Em todos os textos, certas informaes so transmitidas explicitamente, enquanto outras o so implicitamente, esto pressupostas ou subentendidas. Um texto diz coisas que parece no estar dizendo, porque no as diz explicitamente. Uma leitura eficiente precisa captar tanto as informaes explcitas quanto as implcitas. Um leitor perspicaz aquele capaz de ler nas entrelinhas. Se no tiver essa habilidade, passar por cima de significados importantes ou - o que bem pior - concordar com ideias ou pontos de vista que rejeitaria se percebesse.

Explcito: o que est, de fato, escrito no texto.Implcito: o que sugerido por algumas expresses ou pelo contexto.

o que veremos a seguir.1. PRESSUPOSTOSPressupostos so ideias no expressas de maneira explcita, que decorrem logicamente do sentido de certas palavras ou expresses contidas na frase. Observe as frases abaixo:

Ana Clara tornou-se muito estudiosa.A informao explcita que hoje Ana Clara muito estudiosa. A informao implcita que o verbo tornar-se introduz de que Ana Clara no era estudiosa antes. Se Ana Clara fosse antes muito estudiosa, no se poderia usar o verbo tornar-se.

Davi o ltimo a entregar a prova.A informao explcita que Davi entregou a prova depois de todos os outros. Se ele foi o ltimo a entreg-la, est implcito que todos entregaram antes dele.Os pressupostos devem ser verdadeiros ou, pelo menos, admitidos como verdadeiros, porque a partir deles que se constroem as afirmaes explcitas. Isso significa que, se o pressuposto falso, a informao explcita no tem cabimento.

Assim, por exemplo, se:Ana Clara sempre tira notas boas, no tem o menor sentido dizer Todos tiraram notas boas; at Ana Clara.At, no caso, contm o pressuposto de que inesperado ou inusitado que Ana Clara tire boas notas.

Na leitura, muito importante detectar os pressupostos, pois eles so um recurso argumentativo que visa a levar o leitor ou ouvinte a aceitar certas ideias.

Ao introduzir um contedo sob a forma de pressuposto, o falante transforma o ouvinte em cmplice, pois a ideia implcita no posta em discusso, apresentada como se fosse aceita por todos, e os argumentos explcitos s contribuem para confirm-la. O pressuposto aprisiona o ouvinte ao sistema de pensamento montado pelo falante.A aceitao do pressuposto estabelecido pelo falante permite levar adiante o debate; sua negao compromete o dilogo, uma vez que se destri a base sobre a qual se constroem os argumentos e da nenhuma proposio tem mais importncia ou razo de ser.Quais so os termos que, em geral, servem de marcadores de pressupostos?

1) Adjetivos (ou palavras similares):Heitor foi meu primeiro namorado.Primeiro pressupe:a) que tive outros namorados;b) que os outros foram depois de Joo.

2) Verbos que indicam mudana ou permanncia de estado (porexemplo, permanecer, continuar, tornar-se, vir a ser, ficar, passar (a), deixar(de), comear (a), principiar (a), converter-se, transformar-se, ganhar,perder):Pel continua jogando futebol.O verbo continuar indica que Pel j jogava futebol no momento anteriorao presente.

3) Verbos que indicam um ponto de vista sobre o fato expresso peloseu complemento (por exemplo, pretender, supor, alegar, presumir,imaginar):Os eleitores pretendem que seu voto seja vlido.O verbo pretender pressupe que seu objeto direto verdadeiro parao sujeito (no caso, os eleitores) e falso para o produtor do texto.

4) Certos advrbios:As decises da justia so totalmente imparciais.O advrbio totalmente pressupe que no h nenhuma interfernciade interesses nas decises judiciais.

5) Oraes adjetivas:Os brasileiros, que querem punio para os corruptos, esperamque a lei seja cumprida.O pressuposto de que todos os brasileiros, sem exceo, esperamque os corruptos sejam punidos.

6) Certas conjunes:Frequentei uma autoescola, mas aprendi a dirigir.O pressuposto que na autoescola no se aprende a dirigir.

2. SUBENTENDIDOSSubentendidos so insinuaes, no marcadas linguisticamente, contidas numa frase ou num conjunto de frases. H uma grande diferena entre pressupostos e subentendidos. O pressuposto uma informao estabelecida como indiscutvel tanto para o falante quanto para o ouvinte, uma vez que decorre necessariamente de algum elemento lingustico colocado na frase. Ele pode ser negado, mas o falante coloca-o de maneira implcita para que no o seja.

J o subentendido de responsabilidade do ouvinte. O falante pode esconder-se atrs do sentido literal das palavras e negar que tenha dito o que o ouvinte depreendeu de suas palavras. Assim, no exemplo dado acima, se o dono da casa disser que entra muita poeira na casa se as janelas ficarem abertas, o visitante pode dizer que tambm acha e que apenas constatou que o calor era muito intenso.O subentendido diz sem dizer, sugere, mas no diz.

Assim, notamos que h possibilidades lingusticas para jogarmos com contedos implcitos, passando nossos valores e convencendo o nosso receptor sem que ele perceba, principalmente se no for um leitor experiente.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS:MARTINS, M.H. O que leitura. 19.ed. So Paulo: Brasiliense, 1994.MEDEIROS, J. B. & TOMASI, C. Portugus Forense: a produo do sentido.So Paulo: Atlas, 2008.PLATO, F. & FIORIN, J. L. Para Entender o Texto: leitura e redao. 16 ed.So Paulo: tica, 2012.