aula 6 fatp tipico direito penal
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Fato tipico direito penalTRANSCRIPT
UNIDADE 6 – DO FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS
6.1 – Fato típico
“É o fato material que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do modelo previsto na lei penal” (CAPEZ, p. 115)
Elementos: a) conduta dolosa ou culposa; b) resultado (só nos crimes materiais); c) nexo causal (só nos crimes materiais); d) tipicidade
6.2. Conduta
Conceito: ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a uma finalidade.
Teorias da conduta: naturalista ou causal, neoclássica ou neokantiana, finalista, social da ação, constitucional e funcional.
Prevalece a teoria finalista com o controle dos princípios constitucionais.
Elementos da conduta: a) vontade; b) finalidade; c) exteriorização; d) consciência.
Ato e conduta: conduta é a realização da vontade humana por meio de um ou mais atos.
Ausência de vontade gera a inexistência de conduta.
Formas de conduta: ação e omissão. Conduta omissiva: relevância da
omissão art. 13,§ 2º do CP. Caso fortuito e força maior excluem
o dolo e culpa.
Sujeitos da conduta típica: sujeitos ativo e passivo.
Pessoa Jurídica como sujeito ativo: teorias da ficção (não admite) e da realidade (admite).
Exemplo: Art. 225, § 3º da CF c/c art. 3º da Lei 9.605/98.
Objetos jurídico e material.
6.3 – Resultado
Conceito: modificação do mundo exterior provocada pela conduta humana.
Crimes formal, material e de mera conduta.
Teorias naturalística e jurídica ou normativa.
6.4. Relação de causalidade
6.4.1. Conceito: é o meio pelo qual se comprova a ligação entre a conduta do agente e o resultado naturalístico, sendo então possível afirmar se aquela deu ou não causa a este.
6.4.2. Teoria da equivalência das condições ou conditio sine qua non
Art. 13, caput, 2ª parte, do CP, consagra a teoria da equivalência das condições.
Todo fator que contribui, de alguma forma, para a ocorrência do evento é causa deste evento.
Deve-se fazer o “juízo hipotético de eliminação”.
Teoria da causalidade adequada: somente é causa a condição idônea à produção do resultado.
6.4.3. Limitações ao alcance da teoria da conditio sine qua non
Cadeia causal, aparentemente infinita, é limitada pelo dolo ou pela culpa.
Causas (concausas) absolutamente independentes
Sejam preexistentes, concomitantes ou supervenientes, as concausas podem ser absolutamente independentes.
Causas relativamente independentes: pelo juízo hipotético de eliminação, verifica-se que a conduta foi necessária a produção do evento, ainda que auxiliada por outras forças.
Também podem ser preexistentes, concomitantes ou supervenientes.
Superveniência de causa relativamente independente que por si só produziu o resultado: Art. 13, § 1º do CP.
6.4.4. Relevância causal na omissão: Crimes omissivos próprios e impróprios (comissivos por omissão) art. 13, § 2º, do CP.
6.4.5. Teoria da imputação objetiva: Estrutura-se sobre o conceito de “risco
permitido”. Permitido o risco, isto é, sendo socialmente tolerado, não cabe a imputação.
No entanto, se o risco for proibido caberá, em princípio, a imputação objetiva do resultado.
Tem por fim estabelecer critérios mais objetivos para definição do nexo de causalidade.
6.5. Iter criminis
Iter criminis é o caminho do crime, dividindo-se em cogitação, preparação, execução e consumação.
Art. 31 do CP. Crime consumado: é aquele em
que foram realizados todos os elementos constantes de sua definição legal. Art. 14, I, CP.
Tentativa (conatus): iniciada a execução o crime não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Art. 14, II, parágrafo único, CP.
Formas de tentativa: imperfeita, perfeita, branca ou incruenta e cruenta.
Infrações penais que não admitem tentativa: culposas, preterdolosas, contravenções penais, crimes omissivos próprios, crimes habituais e crimes em que a lei pune a tentativa como crime consumado.
Desistência voluntária: Art. 15, 1ª parte, CP.
Arrependimento eficaz: Art. 15, 2ª parte, CP.
Arrependimento posterior: Art. 16 do CP.
Crime impossível: art. 17 do CP.
6.6. Tipo penal, tipicidade e adequação típica Tipo penal: descrição das condutas humanas
delituosas, criado pela lei penal, como forma de garantia do direito de liberdade.
Tipicidade: correspondência formal entre o fato humano e o que está descrito no tipo.
Adequação típica: análise mais aprofundada do que a simples correspondência formal, averiguando primeiro se houve vontade, para depois se fazer o enquadramento.
6.7 – Do tipo penal nos crimes dolosos
Dolo é o elemento psicológico da conduta, constituindo-se em um dos elementos do fato típico.
Elementos do dolo: consciência e vontade. Dolo abrange todos os elementos do tipo. Fases da conduta: interna e externa.
Teorias do dolo
Da vontade: dolo é a vontade de realizar a conduta.
Da representação: dolo é a vontade de realizar a conduta, prevendo a possibilidade de o resultado ocorrer, sem desejá-lo.
Do assentimento: dolo é o assentimento do resultado, ou seja, a previsão do resultado com a aceitação dos riscos de produzi-lo.
Código Penal adotou as teorias da vontade e do assentimento, conforme art. 18, I.
Espécies de dolo
a) Dolo natural: é aquele identificado como um elemento puramente psicológico, sem qualquer juízo de valor.
b) Dolo normativo: está situado na culpabilidade e não na conduta.
c) Dolo direto ou determinado: é a vontade de realizar a conduta e de produzir o resultado (teoria da vontade).
d) Dolo indireto ou indeterminado: o agente não quer diretamente o resultado, mas aceita a possibilidade de produzi-lo (eventual), ou não se importa em produzir este ou aquele resultado (alternativo).
e) Dolo de dano: intenção de produzir uma lesão efetiva a um bem jurídico.
f) Dolo de perigo: intenção de expor o bem a um perigo de lesão.
g) Dolo genérico: intenção de realizar a conduta sem um fim especial.
h) Dolo específico: vontade de realizar a conduta visando a um fim especial previsto no tipo.
i) dolo geral, erro sucessivo ou aberratio causae: o agente realiza uma conduta e imagina ter alcançado o resultado, no entanto, com uma segunda conduta é que o resultado acaba sendo alcançado.
j) Dolos de primeiro grau e de segundo grau: no de primeiro grau o agente quer produzir os efeitos primários do delito; no de segundo grau estão incluídos os efeitos colaterais do delito.
Dolo e dosagem da pena: embora a pena prevista não seja diferente quanto ao tipo de dolo, o juiz deve levar em conta tal classificação na dosagem da pena.
6.8. O tipo penal nos crimes culposos Culpa: constitui-se no elemento normativo da
conduta, sendo que sua verificação necessita de um prévio juízo de valor, sem o qual não se sabe se ela está ou não presente.
Normativo é o sentimento médio da sociedade sobre o que é justo ou injusto.
Dever objetivo de cuidado é a exigência de cuidado que todas as pessoas devem ter.
Tipo aberto: a conduta culposa não é descrita.
Elementos do fato típico culposo
a) conduta (voluntária); b) resultado involuntário; c) nexo causal; d) tipicidade; e) previsibilidade objetiva; f) ausência de previsão; g) quebra do dever objetivo de cuidado.
Previsibilidade objetiva: é a possibilidade de qualquer pessoa com prudência mediana prever o resultado.
Previsibilidade subjetiva: é a possibilidade que o agente, dadas as suas condições particulares, tinha de prever o resultado. Não exclui a culpa.
Princípios do risco tolerado e da confiança.
Inobservância do dever de cuidado: é manifestado por meio de três modalidades de culpa:
Imprudência Negligência Imperícia
Espécies de culpa
1ª) Culpa inconsciente: é a culpa sem previsão, em que o agente não prevê o que era previsível.
2ª) Culpa consciente: o agente prevê o resultado, embora não o aceite, pois confia que o evitará.
3ª) Culpa imprópria ou por extensão: há uma equivocada apreciação da realidade fática, fazendo o agente supor que está acobertado por uma causa de exclusão de ilicitude.
Como o erro poderia ter sido evitado pelo emprego de diligência mediana, subsiste o comportamento culposo.
4ª) Culpa presumida: por ser uma forma de responsabilidade objetiva não é prevista na legislação penal. Ou seja, é necessário comprovar que houve culpa.
5ª) Culpa mediata ou indireta: ocorre quando o agente produz indiretamente um resultado a título de culpa.
Graus de culpa: grave, leve e levíssima.
Não existe compensação de culpas no direito penal.
Participação em crime culposo: há divergência sobre a admissibilidade.