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Aula 4 – O período colonial (1500-1822) 1. A expansão marítima e a chegada dos portugueses ao Brasil A expansão marítimo-comercial compreende o período das grandes viagens empreendidas pelos países europeus nos séculos XV e XVI em busca de riquezas além-mar. Inseridas no contexto de desenvolvimento do mercantilismo, elas resultaram numa importante revolução comercial e na formação de vastos impérios coloniais. Dentre os países de destaque na expansão marítima, temos que Portugal se lançou pioneiramente a expansão, mas por que Portugal? - Portugal se afirmava no conjunto da Europa como um país autônomo, com tendência a voltar-se para fora (tinham experiência no comércio de longa distância). - Situação de paz. - Posição geográfica favorável. - Expansão correspondia aos interesses das classes, grupos sociais e instituições que compunham a sociedade portuguesa. Para os comerciantes, a expansão era a perspectiva de um bom negócio, para o rei, era a oportunidade de criar novas fontes de receita, para os nobres e os membros da igreja, servir ao rei ou servir a Deus, para o povo, lançar-se ao mar significava sobretudo emigrar, a tentativa de uma vida melhor, fugir de um sistema social opressivo. Daí a expansão ter-se convertido em uma espécie de grande projeto nacional, ao qual todos ou quase todos aderiram. Portanto, fica claro que os interesses eram, sobretudo, comerciais. Sendo que o ouro e as especiarias eram os bens mais buscados durante a expansão portuguesa. O interesse pelo ouro se deve ao fato de que ele era utilizado como moeda confiável e era empregado pelos aristocratas na decoração de templos, palácios e na confecção de roupas. Mas por que as especiarias? O alto valor das especiarias se explica pelos limites das técnicas de conservação existentes na época e também por hábitos alimentares. A Europa ocidental da Idade Média foi “uma civilização carnívora”. A carne era armazenada e precariamente conservada pelo sal, pelo fumo ou simplesmente pelo sol. Esses processos alimentares, usados também para conservar o peixe, deixavam os alimentos intragáveis e a pimenta servia para disfarçar a podridão. Então, em busca das especiarias, partia do rio Tejo em Lisboa uma frota de 13 navios, aparentemente com destino às Índias, sob comando de Pedro Álvares Cabral que tomou rumo ao oeste, afastando-se da costa africana até avistar o que seria terra brasileira em 21 de abril. O Brasil tinha sido “descoberto”. Obs: É importante dizer que o termo “descobrimento do Brasil” carrega uma visão eurocêntrica do mundo, ou seja, é a história contada a partir dos dominadores/exploradores, porque eles desconsideram toda a forma de sociedade já existente (as diversas tribos indígenas) e consideram o Brasil somente a partir de sua chegada, da “descoberta”. As primeiras rotas das grandes navegações

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Page 1: Aula 4 – O período colonial (1500-1822) 1. A expansão ... · responsabilidade o aumento da produtividade agrícola, assim como a defesa da colônia (principalmente contra os indígenas),

Aula 4 – O período colonial (1500-1822)

1. A expansão marítima e a chegada dos portugueses ao Brasil

A expansão marítimo-comercial compreende o período das grandes viagens empreendidaspelos países europeus nos séculos XV e XVI em busca de riquezas além-mar. Inseridas no contextode desenvolvimento do mercantilismo, elas resultaram numa importante revolução comercial e naformação de vastos impérios coloniais.

Dentre os países de destaque na expansão marítima, temos que Portugal se lançoupioneiramente a expansão, mas por que Portugal?- Portugal se afirmava no conjunto da Europa como um país autônomo, com tendência a voltar-separa fora (tinham experiência no comércio de longa distância).- Situação de paz.- Posição geográfica favorável.- Expansão correspondia aos interesses das classes, grupos sociais e instituições que compunham asociedade portuguesa.

Para os comerciantes, a expansão era a perspectiva de um bom negócio, para o rei, era aoportunidade de criar novas fontes de receita, para os nobres e os membros da igreja, servir ao reiou servir a Deus, para o povo, lançar-se ao mar significava sobretudo emigrar, a tentativa de umavida melhor, fugir de um sistema social opressivo.

Daí a expansão ter-se convertido em uma espécie de grande projeto nacional, ao qual todosou quase todos aderiram.

Portanto, fica claro que os interesses eram, sobretudo, comerciais. Sendo que o ouro e asespeciarias eram os bens mais buscados durante a expansão portuguesa. O interesse pelo ouro sedeve ao fato de que ele era utilizado como moeda confiável e era empregado pelos aristocratas nadecoração de templos, palácios e na confecção de roupas. Mas por que as especiarias?

O alto valor das especiarias se explica pelos limites das técnicas de conservação existentesna época e também por hábitos alimentares. A Europa ocidental da Idade Média foi “umacivilização carnívora”. A carne era armazenada e precariamente conservada pelo sal, pelo fumo ousimplesmente pelo sol. Esses processos alimentares, usados também para conservar o peixe,deixavam os alimentos intragáveis e a pimenta servia para disfarçar a podridão.

Então, em busca das especiarias, partia do rio Tejo em Lisboa uma frota de 13 navios,aparentemente com destino às Índias, sob comando de Pedro Álvares Cabral que tomou rumo aooeste, afastando-se da costa africana até avistar o que seria terra brasileira em 21 de abril.

O Brasil tinha sido “descoberto”.

Obs: É importante dizer que o termo “descobrimento do Brasil” carrega uma visão eurocêntrica domundo, ou seja, é a história contada a partir dos dominadores/exploradores, porque elesdesconsideram toda a forma de sociedade já existente (as diversas tribos indígenas) e consideram oBrasil somente a partir de sua chegada, da “descoberta”.

Asprimeirasrotas dasgrandes

navegações

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2. Os índios (Texto extraído do livro: O povo brasileiro – Darcy Ribeiro)

A costa atlântica, ao longo dos milênios, foi percorrida e ocupada por inumeráveis povosindígenas. Não era, obviamente, uma nação, porque não se sabiam tantos nem eram tãodominadores. Eram, tão só, uma miríade de povos tribais, falando línguas do mesmo tronco,dialetos de uma mesma língua, cada um dos quais, ao crescer, se bipartia, fazendo dois povos quecomeçavam a se diferenciar e logo se desconheciam e se hostilizavam.

Os índios perceberam a chegada do europeu como um acontecimento espantoso, sóassimilável em sua visão mítica do mundo. Seriam gente de seu deus sol, o criador – Maíra.Pensavam que os europeus fossem pessoas generosas, até porque no mundo dos índios era maisbelo dar do que receber. Por isso que muitos deles embarcaram confiantes nas primeiras naus,crendo que seriam levados a Terras sem Males, Morada de Maíra.

Nos anos seguintes, os índios começam a ver a hecatombe que caíra sobre eles. O gruporecém-chegado de além mar era superagressivo e capaz de atuar destrutivamente de múltiplasformas. Esse conflito se dá em todos os níveis, predominantemente no biótico, como uma guerrabacteriológica travada pelas pestes que o branco trazia no corpo e eram mortais para as populaçõesindígenas. No ecológico, pela disputa do território, de suas matas e riquezas para outros usos. Noeconômico e social, pela escravização do índio, pela mercantilização das relações de produção, quearticulou os novos mundos ao velho mundo europeu.

Aos olhos dos índios, os oriundos do mar oceano pareciam aflitos demais. Por queacumulavam tudo, gostando mais de tomar e reter do que de dar, intercambiar? Por que juntar tantastoras de pau vermelho (pau-brasil), como se estivessem condenados, para sobreviver, a alcançá-las eembarcá-las incansavelmente? Temeriam eles, acaso, que as florestas fossem acabar e, com elas, asaves e as caças? Que os rios e o mar fossem secar, matando os peixes todos?

Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalhode ir buscar os seus arabutan. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs eperôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira

em vossa terra? Respondi que tínhamos muita, mas não daquela qualidade, e que não aqueimávamos, como ele o supunha, mas dela extraímos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com

seus cordões de algodão e suas plumas.Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? - Sim, respondi-lhe, pois no

nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outrasmercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos

navios voltam carregados – Ah! Retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando

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depois de bem compreender o que eu lhe dissera: Mas esse homem tão rico que me falas nãomorre? - Sim, disse eu, morre como os outros.

Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por issoperguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? - Para seus filhos se os

têm, respondi; na falta destes para os irmão ou parentes mais próximos. - Na verdade continuou ovelho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos,pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhaistanto para acumular riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a

terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também? Temos pais, mães e filhos a quemamamos; mas estamos certos de que depois de nossa morte a terra que nos nutriu também os

nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados (Léry 1960:151-61).

3 .O Período Pré-Colonial: A fase do pau-brasil (1500 a 1530)

Durante a primeira fase, datada de 1500 a 1530 principalmente com a exploração do pau-brasil, não ocorreu por completo a colonização do território brasileiro, já que os portugueses quechegaram às nossas terras aqui não se fixaram nos primeiros 30 anos de descobrimento. Eles tinhamoutro interesse principal: a exploração de colônias localizadas nas Índias.

A fim de não deixar o Brasil totalmente abandonado, Portugal iniciou a exploração de váriosprodutos naturais da colônia: madeira, especiarias, sementes, ervas medicinais, alguns animais, etc.Esses produtos eram muitas vezes obtidos dos índios em troca de alguns presentes: colares, pentes,machados. De todos os produtos naturais, o que mais significado teve foi o pau-brasil, sua procurase deve ao fato de extraírem dele uma tinta de cor vermelha, muito usada como corante na indústriade tecidos.

As notícias sobre a grande quantidade de pau-brasil existente no litoral, passaram a atrairoutros países europeus. Em especial a França que, sentindo-se prejudicada pelos termos do Tratadode Tordesilhas, não reconhecia sua validade. O governo francês, então, patrocinou grupos decorsários que começaram a percorrer a "costa do pau-brasil", negociando a extração da madeiradiretamente com os índios, por meio do escambo.

Em consequência da pressão exercida pelas frequentes incursões de franceses e de outroseuropeus às suas terras, a Coroa portuguesa organizou expedições, chamadas "guarda-costas", paraexpulsar os corsários.

Assim, foi em 1530 que a primeira expedição foi organizada com o intuito de colonizar oBrasil, comandada pelo rei de Portugal Martin Afonso de Souza. Os objetivos eram bemespecíficos: povoar o território, acabar com os “invasores” e começar a cultivar a cana de açúcarnesse território.

As Capitanias hereditárias foram um sistema de administração territorial criado pelo rei dePortugal, D. João III, em 1534. Este sistema consistia em dividir o território brasileiro em grandesfaixas e entregar a administração para particulares (principalmente nobres com relações com aCoroa Portuguesa).

Este sistema foi criado pelo rei de Portugal com o objetivo de colonizar o Brasil, evitandoassim invasões estrangeiras. Ganharam o nome de Capitanias Hereditárias, pois eram transmitidas

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de pai para filho (de forma hereditária).

Estas pessoas que recebiam a concessão de uma capitania eram conhecidas como donatários.Tinham como missão colonizar, proteger e administrar o território. Por outro lado, tinham o direitode explorar os recursos naturais (madeira, animais, minérios).

O sistema não funcionou muito bem. Apenas as capitanias de São Vicente e Pernambucoderam certo. Podemos citar como motivos do fracasso: a grande extensão territorial para administrar(e suas obrigações), falta de recursos econômicos e os constantes ataques indígenas.

4. A fase do açúcar – século XVI e XVII

Na Europa, o açúcar era um produto caro e de grande aceitação. As primeiras experiênciasdos portugueses com o cultivo do açúcar no Brasil foram em solo nordestino, extremamenteadequado para o plantio em grandes escalas. Sendo assim, a lucratividade seria tanto nopovoamento do país como na exploração de suas terras para o cultivo do açúcar, comercializando-oposteriormente em continente europeu.

Foi então durante essa fase que a mão de obra dos escravos africanos começou a serutilizada no Brasil. Eles eram trazidos em navios para o país e utilizados nos grandes campos deprodução de cana de açúcar.

5. O governo geral

Seguindo com o intuito de administrar melhor a colônia, porém, dado o fracasso das

Capitanias Hereditárias, era necessário apostar em um novo modelo de governo. Sendo assim, foicriado no Brasil o Governo-Geral, que centralizava e controlava cada uma das partes da colônia.

O primeiro a se tornar governador-geral foi Tomé de Souza, que tinha comoresponsabilidade o aumento da produtividade agrícola, assim como a defesa da colônia(principalmente contra os indígenas), visitar e fiscalizar as capitanias hereditárias, distribuirsesmarias, regular as alianças com tribos indígenas e a exploração em busca de prata e de ouro.

Já nesse período haviam também as Câmaras Municipais, órgãos essencialmente políticosque contavam com a participação de homens considerados bons e ricos, sendo eles os responsáveispelos rumos que tomariam cidades e vilas brasileiras. Vale destacar que nessa época a populaçãonão tinha qualquer decisão sobre a vida pública.

Durante a fase do Governo Geral a capital do Brasil era Salvador, já que a região Nordestedo país era a mais rica e de maior desenvolvimento.

6. A economia do Brasil colônia

A base para a economia da colônia brasileira era na produção do açúcar. Tanto para realizar a

venda para o continente europeu, como também no cultivo, os escravos negros e africanos eramquem trabalhavam. A produção centrada no açúcar começou a abrir portas também para a produção

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de algodão e tabaco.

Quando a região Sudeste começou a se desenvolver e sobressair perante a Nordeste, acapital do Brasil foi transferida para o Rio de Janeiro.

Durante essa fase foi estabelecido também um Pacto Colonial pelos portugueses, que diziaque o Brasil não poderia fazer nenhum tipo de comércio, só com a própria metrópole.

7. A sociedade colonial

A sociedade no período do açúcar era marcada pela grande diferenciação social. No topo da

sociedade, com poderes políticos e econômicos, estavam os senhores de engenho. Abaixo, apareciauma camada média formada por trabalhadores livres e funcionários públicos. E na base dasociedade estavam os escravos de origem africana.

Era uma sociedade patriarcal, pois o senhor de engenho exercia um grande poder social. Asmulheres tinham poucos poderes e nenhuma participação política, deviam apenas cuidar do lar edos filhos.

A casa-grande era a residência da família do senhor de engenho. Nela moravam, além dafamília, alguns agregados. O conforto da casa-grande contrastava com a miséria e péssimascondições de higiene das senzalas (habitações dos escravos).

8. Invasão holandesa no Brasil

Entre os anos de 1630 e 1654, o Nordeste brasileiro foi alvo de ataques e fixação deholandeses. Interessados no comércio de açúcar, os holandeses implantaram um governo em nossoterritório. Sob o comando de Maurício de Nassau, permaneceram lá até serem expulsos em 1654.Nassau desenvolveu diversos trabalhos em Recife, modernizando a cidade.

9. Expansão territorial: bandeiras e bandeirantes

Foram os bandeirantes os responsáveis pela ampliação do território brasileiro além do

Tratado de Tordesilhas. Os bandeirantes penetram no território brasileiro, procurando índios paraaprisionar e jazidas de ouro e diamantes. Foram os bandeirantes que encontraram as primeirasminas de ouro nas regiões de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.

10. O Ciclo do Ouro: século XVIII

Após a descoberta das primeiras minas de ouro, o rei de Portugal tratou de organizar sua

extração. Interessado nesta nova fonte de lucros, já que o comércio de açúcar passava por uma fasede declínio, ele começou a cobrar o quinto. O quinto nada mais era do que um imposto cobrado pelacoroa portuguesa e correspondia a 20% de todo ouro encontrado na colônia. Este imposto eracobrado nas Casas de Fundição.

A descoberta de ouro e o início da exploração das minas nas regiões auríferas (Minas Gerais,

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Mato Grosso e Goiás) provocou uma verdadeira "corrida do ouro" para estas regiões. Procurandotrabalho na região, desempregados de várias regiões do país partiram em busca do sonho de ficarrico da noite para o dia.

O trabalho dos tropeiros foi de fundamental importância neste período, pois eram eles osresponsáveis pelo abastecimento de animais de carga, alimentos (carne seca, principalmente) eoutros mantimentos que não eram produzidos nas regiões mineradoras.

11. Principais revoltas coloniais e conflitos

Em função da exploração exagerada da metrópole ocorreram várias revoltas e conflitos nesteperíodo:

- Guerra dos Emboabas: os bandeirantes queriam exclusividade na exploração do ouro nas minasque encontraram. Entraram em choque com os paulistas que estavam explorando o ouro das minas.

- Revolta de Filipe dos Santos: ocorrida em Vila Rica, representou a insatisfação dos donos deminas de ouro com a cobrança do quinto e das Casas de Fundição. O líder Filipe dos Santos foipreso e condenado a morte pela coroa portuguesa.

- Guerra dos Mascates - ocorrida entre 1710 e 1711 na capitania de Pernambuco, foi uma rebeliãonativista pela disputa de poder político entre as cidades de Olinda e Recife. O conflito ocorreu,principalmente, entre a aristocracia açucareira de Olinda e os mascates (comerciantes portugueses)de Recife.

- Inconfidência Mineira (1789): liderada por Tiradentes, os inconfidentes mineiros queriam alibertação do Brasil de Portugal. O movimento foi descoberto pelo rei de Portugal e os líderescondenados.

- Revolta de Beckman: A Revolta de Beckman foi uma rebelião nativista ocorrida na cidade de SãoLuís (estado do Maranhão) em 1684.Por causa da grande insatisfação dos comerciantes,proprietários rurais e população em geral com a Companhia de Comércio do Maranhão, instituídapela coroa portuguesa em 1682. Os comerciantes reclamavam do monopólio da Companhia. Osproprietários rurais contestavam os preços pelos quais a Companhia pagava por seus produtos. Jágrande parte da população maranhense estava insatisfeita com a baixa qualidade e altos preçoscobrados pelos produtos manufaturados comercializados pela Companhia na região.

12. Exercícios

1. (Enem - 2015) A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras; convém a saber, nãose acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei,e dessa maneira vivem desordenadamente, sem terem além disto conta, nem peso, nem medida.

GÂNDAVO, P. M. A primeira história do Brasil: história da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2004 (adaptado).

A observação do cronista português Pero de Magalhães de Gândavo, em 1576, sobre a ausência dasletras F, L e R na língua mencionada, demonstra a

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A) simplicidade da organização social das tribos brasileiras.

B) dominação portuguesa imposta aos índios no início da colonização.

C) superioridade da sociedade europeia em relação à sociedade indígena.

D) incompreensão dos valores socioculturais indígenas pelos portugueses.

E) dificuldade experimentada pelos portugueses no aprendizado da língua nativa.

2. (Enem - 2015) É simplesmente espantoso que esses núcleos tão desiguais e tão diferentes setenham mantido aglutinados numa só nação. Durante o período colonial, cada um deles teve relaçãodireta com a metrópole. Ocorreu o extraordinário, fizemos um povo-nação, englobando todasaquelas províncias ecológicas numa só entidade cívica e política.

RIBEIRO, D. O povo brasileiro: formação e sentido do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1988.

Após a conquista da autonomia, a questão primordial do Brasil residia em como garantir suaunidade político-territorial diante das características e práticas herdadas da colonização.Relacionando o projeto de independência à construção do Estado nacional brasileiro, a suaparticularidade decorreu da

A) ordenação de um pacto que reconheceu os direitos políticos aos homens, independentemente decor, sexo ou religião.

B) estruturação de uma sociedade que adotou os privilégios de nascimento como critério dehierarquização social.

C) realização de acordos entre as elites regionais, que evitou confrontos armados contrários aoprojeto luso-brasileiro.

D) concessão da autonomia política regional, que atendeu aos interesses socioeconômicos dosgrandes proprietários.

E) que garantiu a ordem associada à permanência da escravidão.

3. (Enem - 2015) Colonizar, afirmava, em 1912, um eminente jurista, “é relacionar-se com ospaíses novos para tirar benefícios dos recursos de qualquer natureza desses países, aproveitá-los nointeresse nacional, e ao mesmo tempo levar às populações primitivas as vantagens da culturaintelectual, social, científica comercial e industrial, apanágio das raças superiores. A colonização é,pois, um estabelecimento fundado em país novo por uma raça de civilização avançada, para realizaro duplo fim que acabamos de indicar.”

Précis de législation et d´économie coloniales. Apud LINHARES, M. Y. A luta contra a Metrópole (Ásia e África).

São Paulo: Brasiliense, 1981.

A definição de colonização apresentada no texto tinha a função ideológica de:

A) dissimular a prática da exploração mediante a ideia de civilização.

B) compensar o saque das riquezas mediante a educação formal dos colonos.

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C) formar uma identidade colonial mediante a recuperação de sua ancestralidade.

D) reparar o atraso da Colônia mediante a incorporação dos hábitos da Metrópole.

E) promover a elevação cultural da Colônia mediante a incorporação de tradições metropolitanas.

4. (Enem – 2014) De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nospareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra comarvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nemprata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares[...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente.

Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FARIA, R. História moderna através de textos.

São Paulo: Contexto, 2001.

A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nessetrecho, o relato enfatiza o seguinte objetivo:

A) Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos.

B) Descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa.

C) Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial econômico existente.

D) Realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a superioridade europeia.

E) Criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a ausência de trabalho.

5. (Enem - 2014) O índio era o único elemento então disponível para ajudar o colonizador comoagricultor, pescador, guia, conhecedor da natureza tropical e, para tudo isso, deveria ser tratadocomo gente, ter reconhecidas sua inocência e alma na medida do possível. A discussão religiosa ejurídica em torno dos limites da liberdade dos índios se confundiu com uma disputa entre jesuítas ecolonos. Os padres se apresentavam como defensores da liberdade, enfrentando a cobiçadesenfreada dos colonos.

CALDEIRA, J. A nação mercantilista. São Paulo: Editora 34, 1999 (adaptado).

Entre os séculos XVI e XVIII, os jesuítas buscaram a conversão dos indígenas ao catolicismo. Essaaproximação dos jesuítas em relação ao mundo indígena foi mediada pela

A) demarcação do território indígena.

B) manutenção da organização familiar.

C) valorização dos líderes religiosos indígenas.

D) preservação do costume das moradias coletivas.

E) comunicação pela língua geral baseada no tupi.