aula 3 - o método científico
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SUMRIO
1. VIDA ACADMICA E PROFISSIONAL? ...............................................3
2. CONSIDERAES FINAIS ......................................................................7
REFERNCIAS ................................................................................................8
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AULA 3 O MTODO CIENTFICO. ELE FAZ PARTE DE SUA VIDA ACADMICA E PROFISSIONAL?
OBJETIVOS DESTA AULA:
Entender a importncia do mtodo.
Perceberasdiferenasentreosmtodoseaimportnciadoprocessodeproduocientfica.
1. VIDA ACADMICA E PROFISSIONAL?
Para pensarO tema da aula 3 apresenta um questionamento para voc responder antes dos estudos
recomearem:Omtodocientficofazpartedesuavidaacadmicaeprofissional?
Se voc respondeu sim, percebeu que para alcanar objetivos e chegar aos resultados esperados preciso mtodo.Oproblemasaberquemtodousar.Humnicomtodo?Comosaberseestamosandandopelocaminhocorreto?
Aimportnciadoprocessoparasechegaraoprodutofinal,oconhecimento.
Todasascinciascaracterizam-sepelautilizaodemtodoscientficos;emcontrapartida,nemtodososramosdeestudoqueempregamestesmtodossocincias.Dessasafirmaespodemosconcluirqueautilizaodemtodoscientficosnodealadaexclusivadacincia,masnohcinciasemoempregode
mtodoscientficos.(LAKATOSeMARCONI,1991,p.39)
O cientista produz conhecimentos cientficos por meio do mtodo cientfico, ou seja, utilizando-se doconhecimento universal e necessrio. Assim, cabe ao estudioso de teoria do conhecimento avanar no caminho darevelaoedadecodificaodessemtodo.
Para cada rea do conhecimento, para cada estudo, temos um mtodo apropriado e o pesquisador tem autonomia para escolher a soluo metodolgica adequada.
Os cientistas Karl Popper e Thomas Kuhn fizeram descobertas sobre omtodo cientfico e encontraramdivergncias em suas concluses, criando representaes e abordagens distintas. Assim, propuseramolhares
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diferentesparaateoriadomtodo,constituindo-se,ento,nasprincipaiscorrentesdepensamentodeestudodomtodocientfico,quevmsendorefernciaparaosestudiososnosculo20e21.
Popper,comoRacionalismoCrtico,estabeleceumaregrametodolgicaassociadaaseumtododedutivodeprova,caminhandoassimnosentidocontrriodoindutivismo,epropeoerrocomocritrioaseradotadopeloscientistasparaotestedesuasteorias.Poppersegueafilosofiadarevoluopermanentedopensar,olivrepensarcomoformadetransgrediroparadigmaexistenteetrazernovosconhecimentos.
Kuhn,porsuavez,segueporoutrocaminhoeconstrisuasideiastomandoporbaseargumentoshistricos,que enquadram o cientista em um determinado comportamento a ser seguido. Os cientistas so orientados arealizarseusestudosapartirdosparadigmasvigentes..Acredibilidadecientfica,muito importanteetemrelaodiretacomametodologiautilizadapararesolverosproblemaslevantadospelopesquisador.
Abre-seumadiscussocientficaentreduaslinhas,umaqueaconselhaumaatitudecientficaqueratificaoparadigma vigente e outra que ampara o cientista com atitude revolucionria e questiona esse paradigma.
ParaPopper,aatitudedefinitivadocientistadeveserumaatituderevolucionria;jparaKuhn,afimdeevitarumpossveldesprezoporpartedacomunidadecientfica,tarefadocientistaadequar-seaosdogmasvigentes.
Kuhnacreditaqueocientistasecomportacomoquemsolucionaumquebra-cabea.Utilizandoametforadojogo,paraKuhnapesquisacientficadevesercontroladaporregrasedevesefirmarnumaprofundaadesoaos paradigmas vigentes. Segundo Kuhn (2006), a tarefa do cientista consiste emusar as regras, omtodo,de maneira que o objetivo em vista seja alcanado. O mtodo adotado no pode ser posto em questo, caso contrrio o problema da pesquisa no solucionado e o pesquisador questionado e coloca em risco sua credibilidade acadmica.
Emcontrastecomessaideia,BarryGower,emseulivrosobremtodocientfico,criticaateoriadeKuhn:
Masseosparadigmas foremtaisquenopossahaverboas razesa justificaremsuaadoo,anosercausas sociais e ideolgicas, ento a cincia natural no ser mais do que uma dentre inmeras maneiras que temosparaconversarunscomosoutros.[...]...omtodoexperimentalnoseriamaisdoqueumaprticacaractersticadeumtipodediscursoounarrativadestitudodeeficciaouvalidade.Foradosdiferentescontextosaqueserelacionam,asmelhoresteoriasnoseriammaisdignasdecrditonemmenosarbitrriasdoqueasuperstioirracional.[E,citandoGrosseLevitt,conclui:]Acincia,deacordocomessepontodevista,noumcorpodeconhecimentos;pelocontrrio,elaumaparbola,umaalegoria,queinscreveum conjunto de normas e cdigos sociais e que no obstante, e de maneira sutil, esto a representar uma estruturamticaajustificarodomniodeumaclasse,deumaraa,oudeumgnero[masculinooufeminino]sobreooutro.(GOWER,1997,p.247)1
Popper, ao contrrio, rompe com as atitudes dogmticas frente ao mtodo e defende uma atitude crtica s teorias e ao paradigma, colocando essa forma revolucionria como mola propulsora para a produo de conhecimentos.Paraele,asteoriascientficasdistinguem-sedosmitosunicamenteporseremcriticveiseporestaremabertasamodificaesluzdacrtica(POPPER,1989).EmsuasaulasnaUniversidadedeLondres,eleproclamaafalseabilidadedateoriacientfica:
Comeo, regrageral,asminhas liessobreMtodoCientficodizendoaosmeusalunosqueomtodocientficonoexiste.Acrescentoquetenhoobrigaodesaberisso,tendoeusido,durantealgumtempo,pelomenos,onicoprofessordesseinexistenteassuntoemtodaaComunidadeBritnica.(...)Tendo,ento,explicadoaosmeusalunosquenohessacoisaqueseriaomtodocientfico,apresso-meacomear
1 Traduo do autor.
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omeudiscurso,eficamosocupadssimos.Poisumanomalchegapararoarasuperfciemesmodeumassuntoinexistente.(POPPER,1989,p.74)
Vamosfazeraanlisedasideiasdosdoisfilsofosarespeitodomtodo.ReleiaosfragmentosdospensamentosdePoppereaseguirodeKuhn.
Existem,emprincpio,somentetrstiposdefenmenosapropsitodosquaispodeserdesenvolvidaumanovateoria.Oprimeirotipocompreendeosfenmenosjbemexplicadospelosparadigmasexistentes.Taisfenmenosraramentefornecemmotivosouumpontodepartidaparaaconstruodeumateoria.Quandoofazem,(...)asteoriasresultantesraramentesoaceitas,vistoqueanaturezanoproporcionanenhumabaseparaumadiscriminaoentreasalternativas.Umasegundaclassedefenmenoscompreendeaquelescujanaturezaindicadapelosparadigmasexistentes,mascujosdetalhessomentepodemserentendidosapsumamaiorarticulaodateoria.Oscientistasdirigemamaiorpartedesuapesquisaaessesfenmenos,mastalpesquisavisaantesarticulaodosparadigmasexistentesdoqueinvenodenovos.Somentequandoessesesforosdearticulaofracassamqueoscientistasencontramoterceirotipodefenmeno:as anomalias reconhecidas, cujo trao caracterstico a sua recusa obstinada a serem assimiladas aos paradigmasexistentes.Apenasesseltimotipodefenmenofazsurgirnovasteorias.(KUHN,1962,p.131)
Vocpercebeuadiferenaentreasduasideias?Noexistecertoouerrado,temosapenasdetomaradecisoquanto ao caminho a seguir, de acordo com o campo de pesquisa e a perspectiva terica que escolhemos.
O mtodo cientfico a teoria da investigao a ser usada para alcanar os objetivos propostos pelopesquisadorpararesolverumdeterminadoproblema.ParaEdgarMorin,nohteoriasemmtodo.
Filsofocontemporneo,MorinescreveuemseistomosaobraO Mtodo. Para ele, o mtodo fundamental paraorganizara teoria, evita sua simplificao;omtodoguiaa razo. Ficadifcil separarmtodode teoria,poistodateoriasomenteconsideradacomotalnamedidaemqueapresentaalgoqueorganize,sistematizeopensamento, no caso o mtodo.
AteoriadacomplexidadedeMorinvaideencontrocomopensamentocartesiano.Enquantoacomplexidadeconsideraaincertezaeadiversidadeparaentenderohomemesuanatureza,Descartesafirmaqueacertezaabsoluta inegvel.
Esperamos que j tenha entendido a importncia do mtodo para a pesquisa acadmica.
Easempresas:comolidamcomisso?Umprofissionaldareadenegcios,design, cincias humanas, poltica, lazer,hospitalidade,podereceberumconviteparaelaborarumprojetoparasolucionarumproblema,melhorarumservioouproduziruma ferramenta tecnolgica inovadoraparamelhorarodesempenhodaempresanomercado.Sovriasasquestesconcretasnocotidianodomundodotrabalhoqueprecisamdesolues.Comooprofissionalfazparaconseguirproporumasoluoexemplar?
Antesde tudo, precisodefinir critriospara saberque caminho ser seguido, veroque j foi feito naempresa e em outras, o que pode servir de referncia, estabelecer quem ser responsvel pelas partes individuais doprojeto,quaisasprioridadesefazerumcronogramadeaoparanoestourarprazos.
Mesmoqueno tenhaescolhidoouesteja inseguro sobreoassuntoaescolher, vamosavanarmaisumpouco, pensar em alguns objetivos que podem ser colocados em relao ao tema. Os objetivos so escritos em tpicosesemprecomoverbonoinfinitivo,porexemplo:analisar,entender,estudar,perceber,levantar,dentreoutrasaescoerentescomseuprojetodepesquisa.
Paraqueissoocorracommtodo,deformacientfica,temosdecumpriralgumasetapasimportantes.Para
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nosauxiliar,usamosasorientaesdeLakatoseMarconi(1991,p.46):
a) descobrimento do problema ou lacuna num conjunto de conhecimentos. Se o problema no estiver enunciadocomclareza,passa-seetapaseguinte;seoestiver,passa-sesubsequente;
b) colocao precisa do problema, ou ainda a recolocao de um velho problema, luz de novosconhecimentos(empricosoutericos,substantivosoumetodolgicos);
c) procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema(porexemplo,dadosempricos,teorias,aparelhosdemedio,tcnicasdeclculooudemedio).Ouseja,examedoconhecidoparatentar
resolveroproblema;
d) tentativa de soluo do problema com auxlio dos meios identificados. Se a tentativa resultar intil, passa-separaaetapaseguinte;emcasocontrrio,subsequente;
e) inveno de novas ideias (hipteses,teoriasoutcnicas)ouproduodenovosdadosempricosqueprometamresolveroproblema;
f) obteno de uma soluo(exataouaproximada)doproblemacomauxliodoinstrumentalconceitualouempricodisponvel;
g) investigao das consequncias da soluo obtida. Em se tratando de uma teoria, a busca de prognsticos que possam ser feitos com seu auxlio. Em se tratando de novos dados, o exame das
consequnciasquepossamterparaasteoriasrelevantes;
h) prova (comprovao) da soluo: confronto da soluo com a totalidade das teorias e da informao emprica pertinente. Se o resultado satisfatrio, a pesquisa dada como concluda, at novo aviso. Do contrrio,passa-separaaetapaseguinte;
i) correo das hipteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obteno da soluo incorreta. Esse,naturalmente,ocomeodaumnovociclodeinvestigao.(Bunge,1980:25).
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2. CONSIDERAES FINAIS
Noseassuste!Nsvamosretomaressasetapascommuitacalmaeorientao.Vocestapenastomandooprimeirocontatocomomtodoeissocomplexo,masestaremosaoseuladoparatirarasdvidaseorient-lo!
Para saber mais
Agoraparaaprofundareesclarecermuitasquestesqueestoincomodandoeinquietando,leianaBibliotecaDigitalocaptulo2,Asregrasdojogo.Metodologiacientfica,pginas30a60,dolivroAprticadapesquisa,deClaudiadeMouraeCastro.
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REFERNCIAS
GOWER,B.Scientific Method - An historical and philosophical introduction,London&NewYork:Routledge,1997.
KUHN,T.A Estrutura das revolues cientficas.SoPaulo:Perspectiva,2006.
LAKATOS,E.M.;MARCONI,M.A.,Metodologia Cientfica,SoPaulo:Atlas,1991.
MORIN,E.O mtodo, vol. 4: As ideias.Sintra:PublicaesEuropa-Amrica,1992.
POPPER,K.R.A lgica da pesquisa cientfica.SoPaulo:Cultrix,1989.
CAPASUMRIO1. VIDA ACADMICA E PROFISSIONAL?2. CONSIDERAES FINAISREFERNCIAS