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Jornalismo Científico

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Jornalismo Científico

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•Especialização da atividade jornalística direcionada à cobertura de Ciência e Tecnologia. • Para Steve Mirsky, um conceituado jornalista científico, é a área que tem o “privilégio de ser a porta-voz da fronteira do conhecimento humano”.

Steve Mirsky

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CONCEITO Para Wilson Bueno, jornalista científico, trata-se da “Divulgação da ciência e tecnologia pelos meios de comunicação de massa, segundo critérios jornalísticos” Bueno, no entanto, faz uma ressalva: “nem tudo que fala sobre ciência e está escrito em jornais ou revistas é jornalismo científico.”

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Exemplo

Textos ou artigos de anunciantes sobre Ciência e Tecnologia não podem ser considerados jornalismo científico.

Uma coleção de fascículos sobre história da Ciência e da Tecnologia, encartada num jornal ou revista, também não se constitui em exemplo de JC.

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- Alguns artigos publicados pela revista Ciência Hoje, da SBPC, escritos por pesquisadores, apesar de bem ilustrados, não podem ser incluídos na categoria Jornalismo Científico. Não porque não sejam bons, mas porque nada tem a ver com o Jornalismo.

* NÃO QUE ESSES MATERIAIS NÃO SEJAM IMPORTANTES PARA A CONSULTA, MAS NÃO FORAM PRODUZIDOS DE ACORDO COM AS TÉCNICAS DO “FAZER JORNALÍSTICO” E NÃO SÃO DIRECIONADOS AO PÚBLICO EM GERAL (LEIGO NO QUE DIZ RESPEITO À CIÊNCIA).

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Textos jornalísticos ou outros materiais sobre temas da ciência e tecnologia que não são escritos no formato jornalístico são chamados de divulgação científica.

Portanto, Jornalismo Científicoe Divulgação Científica não são a mesma coisa

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Ambos têm o objetivo de divulgar a ciência, mas o Jornalismo Científico, na verdade, é uma especialização da Divulgação Científica.

Cada um tem um públio-alvo diferente.

Um, destina-se ao leigo (Jornalismo Científico). O outro, para a comunidade científica (Divulgação Cientítica)

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SURGIMENTO DO J. CIENTÍFICO

• A divulgação da Ciência teve início com o próprio advento da imprensa de tipos móveis, em meados do século XV. Esse invento da Ciência tornou possível a reprodução em massa de uma série de ideias, estudos e ilustrações científicas.

•O público, ainda que restrito à pequena camada letrada da população (clero, nobreza e burguesia), começou a ter acesso a estudos científicos que antes não eram disseminados.

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* O jornalismo científico propriamente dito surge 200 anos depois, no século XVII, mais especificamente em 1610, quando o astrônomo italiano Galileu Galilei publica o livro Mensageiro Celeste, no qual, utilizando uma linguagem coloquial, faz um relato acessível ao público sobre a sua descoberta das três luas de Júpiter. Seu livro causa sensação em toda a Europa.

“(...) a demonstração por observação direta que os corpos celestes podiam se mover ao redor de outros centros que não fossem a Terra era o assunto do momento nos salões da nobreza e nos bares dos peixeiros”, relata o pesquisador e escritor Joseph Schwartz (1992). - Pagou caro por ter utilizado linguagem acessível. A nova ciência astronômica, que com a evolução do telescópio permitia a observação direta dos corpos celestes, contrariava as sagradas escrituras. Foi perseguido pela Inquisição por mais de 20 anos. Conclusão: nas obras seguintes passou a utilizar linguagem matemática inacessível ao grande público, inclusive ao clero.

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SURGIMENTO DO J. CIENTÍFICO

* Mas apesar das resistências, viveu-se naquele período na Europa uma verdadeira “revolução científica”, que implicava não somente o desenvolvimento no campo da Ciência e Tecnologia (C&T), mas grandes transformações na filosofia, na religião e nos pensamentos social, moral e político. * Além de Galileu, é preciso destacar nomes como o do francês René Descartes (pai da geometria analítica e grande filósofo) e do inglês Isaac Newton (criador de importantes leis da Física). Esses nomes influenciaram fortemente a cultura científica do Iluminismo nos séculos XVIII e XIX.

Newton

Descartes

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* A Inglaterra no século XVII pode ser tida como o

berço da divulgação científica.

* Ocorre a partir daquele país a circulação intensa de

cartas manuscritas expedidas por cientistas sobre

suas novas ideias e descobertas.

SURGIMENTO DO J. CIENTÍFICO

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* Mas o pioneirismo do jornalismo científico se deu com o alemão Henry Oldenburg, que começou a difundir cartas IMPRESSAS sobre as principais ideias científicas da época. A partir de 1666, passou a ser renumerado pela Real Sociedade Britânica para fazer essa divulgação, por isso é considerado o primeiro jornalista científico do mundo. •Criou em 1665 o periódico científico Philosophical Transactions, que durante mais de 200 anos foi usado como modelo para as modernas publicações científicas. Era um empreendimento pessoal, que não lhe dava retorno financeiro.

SURGIMENTO DO J. CIENTÍFICO

Oldenburg

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* A partir da segunda metade do século XIX o jornalismo científico tem grande impulso na Europa (em especial na França, que rouba da Inglaterra o título de nação mais cientificamente avançada) como reflexo do Iluminismo: CIÊNCIA SE TORNA PARTE INTEGRANTE DO COTIDIANO DAS ELITES. * No século XX, as duas grandes guerras, em função das diversas invenções tecnológicas que delas decorrem, também contribuíram para o avanço desse jornalismo. Havia a necessidade de se relatar o que os cientistas estavam planejando em termos bélicos: novas armas de grande potencial, gases venenosos, aeroplanos e submarinos, etc...

* É nessa época que surgem as primeiras associações de jornalismo científico: - 1945 é criada a Associação Britânica dos Escritores de Ciência. - 1971 é criada a União Européia das Associações de Jornalismo Científico – EUSJA (European Union of Science Journalism Associations).

SURGIMENTO DO J. CIENTÍFICO

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* Também nos EUA, país onde o jornalismo científico é melhor desenvolvido hoje, é possível verificar grande impulsão no século XX. * Alva Johnston, do New York Times, ganhou o primeiro prêmio Pulitzer de jornalismo científico pela cobertura que fez da reunião da Associação Americana para o Progresso da Ciência (AAAS), em 1922, que teve entre outros debates, a “teoria da evolução”. * Em 1921 foi criado, por E.W. Scripps, o Science Service – primeira agência de notícias científica dos EUA.

SURGIMENTO DO J. CIENTÍFICO

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* 1934 - Criada a Associação Nacional de Escritores de Ciência (National Association of Science Writers - NASW), que congrega hoje mais de 3000 escritores da área. * 1945 – Criado o Prêmio de Jornalismo Científico da Associação Americana para o Progresso da Ciência (AAAS).

* A AAAS é responsável por publicar a prestigiada revista semanal Science (fundada pelo cientista Thomas Edison em 1880) e possui um serviço digital de divulgação de notícias sobre a área científica, o EurekAlert. * 1965 – Criada a Associação Internacional de Escritores de Ciência (ISWA)

SURGIMENTO DO J. CIENTÍFICO

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•CONTUDO, tanto a comunidade científica como os jornalistas americanos, desde o século XIX até o século XX, voltaram seus esforços para a divulgação científica usando a filosofia funcionalista: a Ciência a favor do Estado. Estimulavam a sociedade a valorizar a Ciência em prol do Estado americano. Uma visão um tanto quanto acrítica.

* Essa visão permitiu, por exemplo, o avanço do programa espacial americano nas décadas de 60 e 70, principal mote tecnológico do período da Guerra Fria. * A fase do questionamento e de um posicionamento mais crítico só começa em 1987, com a explosão do ônibus espacial Challenger. Os jornalistas científicos começaram a debater por que com tantos indícios não conseguiram prever o acidente.

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SURGIMENTO DO J. CIENTÍFICO

* Na década de 90, com os longos debates sobre as mudanças climáticas globais, a biotecnologia e a enorme possibilidade de acesso a diferentes fontes, o jornalismo científico norte-americano ficou mais crítico e menos ufanista. •O jornalismo científico, não só nos EUA como no mundo, começou a dar grande importância à questão ambiental. Eventos como a ECO-92 (Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento), realizada entre 3 e 14 de junho de 1992, no Rio de Janeiro, começaram a ter grande destaque na cobertura científica, com enfoque de que os danos ao meio ambiente são majoritariamente causados pelos países desenvolvidos.

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•EUCLIDES DA CUNHA, especialmente com Os Sertões (1897). - No livro Euclides faz profunda reflexão sobre a influência do meio ambiente na formação do homem brasileiro e discute com primor a vegetação e as variações climáticas da região de Canudos.

PIONEIROS

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PIONEIROS

•JOSÉ REIS – médico, pesquisador, educador e jornalista,

considerado o patrono do jornalismo científico brasileiro,

em função de diversos feitos:

-Escreveu coluna na Folha de S.Paulo de 1947 (grupo Folha

da Manhã) até o fim da sua vida em 2002;

- Foi o fundador da Sociedade Brasileira para o Progresso da

Ciência, criada em 1948, como já dissemos.

-Fundou em 1977 a Associação Brasileira de Jornalismo

Científico (ABJC).

-Para reconhecer esse pioneiro, em 1979 o CNPq criou o

Prêmio José Reis de Divulgação Científica, destinado

àqueles que tenham contribuído significativamente para tornar

a Ciência, a Tecnologia e a pesquisa conhecidas do público

leigo.

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J. CIENTÍFICO - BRASIL

* Enquanto na Europa e nos EUA o século XVIII foi marcado por grande efervescência científica, no Brasil até 1808 não existia nada, graças à censura promovida pela Coroa portuguesa. * Mesmo após a vinda da família Real, a leitura e os estudos eram privilégio dos filhos na nobreza, que podiam se dar ao luxo de estudar na Europa. Escolas de nível superior só surgiram no Brasil na segunda metade do século XIX e as primeiras universidades na década de 1930.

* A pesquisa científica brasileira só começa a mostrar alguma força a partir do final do século XIX, quando a comunidade científica começa a se organizar.

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-Nas últimas décadas do século XIX surgem os primeiros periódicos brasileiros que cobriam Ciência e Tecnologia: Revista Braziliense (1857); Revista do Rio de Janeiro (1876); Revista Observatório (1886). - Maior crescimento a partir da década de 20, com muitas iniciativas em divulgação e jornalismo científico, em especial no Rio de Janeiro.

J. CIENTÍFICO - BRASIL

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J. CIENTÍFICO - BRASIL

-Seu impulso mesmo só ocorre a partir da década 1940 (após o fim da ditadura Vargas), quando a Ciência entra para a agenda do governo e da sociedade.

- O término da II Guerra também acelera a pesquisa científica por aqui.

- Em 1948, foi criada a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), entidade que hoje congrega todas as sociedades científicas do país.

- Em 1951, foi criado o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), que até hoje é um dos principais órgãos a regulamentar e fomentar a pesquisa científica nacional. Apesar de suas origens estarem ligadas à ideologia de “segurança nacional” defendida por militares e burocratas do aparelho estatal desde 1940, foi essencial para o crescimento da pesquisa científica no país.

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J. CIENTÍFICO - BRASIL -É preciso destacar que o regime militar, apesar de todo o mal que causou ao país, deu grande impulso ao desenvolvimento científico e tecnológico, ainda que tenha usado a C& T apenas a seu favor. A Tecnologia e a Ciência eram vistas como prioridades, como instrumentos para levar o país a ser soberano e independente. Muitos investimentos na área. As entidades de pesquisa governamental tinham projetos definidos e verbas alocadas.

- Por outro lado, o jornalismo científico ficou prejudicado nesse período. Seguia à risca a batuta dos censores, divulgando com ufanismo os grandiosos projetos da época (Transamazônica, grandes hidrelétricas, programa nuclear e programa espacial).

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-Da década de 80 até a atualidade, a divulgação e o jornalismo científico no Brasil cresceram significativamente. Surgem novas revistas como Ciência Hoje, da SBPC. -Em 1990, a editora Globo lançou a Revista Globo Ciência e no mesmo ano a Abril lançou Superinteressante.

-Além disso surgiram programas na tevê como Globo Ciência (Globo).

- o CNPq reeditou a Revista Brasileira de Tecnologia (RBT), criada nos anos 60, que passou a ser feita por jornalistas. - Em 1985, foi criado o Ministério da Ciência e Tecnologia, refletindo a importância que o tema ganhou no país.

J. CIENTÍFICO - BRASIL

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J. CIENTÍFICO - BRASIL

-Grandes eventos de repercussão internacional influenciaram esse boom, como a passagem do cometa Halley (1986), as viagens espaciais e a questão ambiental.

-À época da Rio-92 já era grande o número de jornais brasileiros com editoria de Ciência e Tecnologia.

-Cresce também o número de Assessorias de Imprensa das universidades, instituições de pesquisa e agências de fomento, com a produção de informativos e maior divulgação de informações sobre o que vem sendo estudado.

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Física

Química

Sociologia

Comunicação

Astronomia

Antropologia

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descobertas científicas

marcos no desenvolvimento tecnológico

Curiosidades

Pesquisa científica

Polêmicas na comunidade acadêmica

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Jornalistas

Wilson da Costa Bueno

Carlos Vogt

Marcelo Leite

Divulgadores:

Marcelo Gleiser

Miguel Nicolelis

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Ciência Hoje

Superinteressante

Galileu

Revista da Fapesp

Mente & Cérebro

Natures

Scientific American