aula 3 - a razão

13
Aula 3 A Razão Prof. Ms. Felipe Saraiva Nunes de Pinho felipepinho.com

Upload: felipe-pinho

Post on 24-May-2015

24.355 views

Category:

Documents


6 download

TRANSCRIPT

Page 1: Aula 3 - A Razão

Aula 3A Razão

Prof. Ms. Felipe Saraiva Nunes de Pinhofelipepinho.com

Page 2: Aula 3 - A Razão

O mito como forma de explicar a realidade

• exemplo de mito: Prometeu e Pandora• A mitologia tinha dois papeis

fundamentais: primeiro oferecer uma explicação sobre os fenômenos e sobre a origem dos fenômenos; segundo e principalmente, uma função social, socializadora. A mitologia como um conhecimento comum ou compartilhado, tinha como objetivo proporcionaria a um povo um assunto comum a todos, de modo a dar a cada indivíduo da comunidade em questão uma boa parte do que ele precisa para se sentir um membro integrado de sua comunidade; daria também coesão à comunidade. Mas a mitologia misturava o real e o ilusório, a fantasia, a explicação mágica do fenômeno.

Page 3: Aula 3 - A Razão

A filosofia e a reação ao mito• a busca pela razão como forma de explicar a

realidade • A diferença – e os filósofos contribuíram

muito para que essa diferença se fixasse – entre logos e mythos é que esta última palavra indicava uma narrativa que pedia ao ouvinte uma fé naquele que a contava, enquanto que a filosofia, ou seja, a explicação racional, tinha a pretensão de se manter verdadeira por si mesma, pela sua coesão interna, pela força de sua coerência – pela sua força racional, digamos assim, a força do logos.

• Nesse sentido, a filosofia, desde o seu início, mostrou-se como sendo o favorecimento do pensamento autônomo contra o pensamento comum ou o não-pensamento.

Page 4: Aula 3 - A Razão

Os vários sentidos da palavra razão

• a filosofia confia na razão e desconfia da razão;

• a palavra razão vem do grego logos e do latim ratio que significam: contar, reunir, juntar, calcular;

• a palavra razão tem os significados de certeza, lucidez, motivo e causa: por isso está voltada para a verdade e a realidade objetiva, por considerar que a realidade pode ser explicada racionalmente por ser racional;

• “a razão identifica-se ainda como luz natural, ou como conhecimento de que o homem é capaz naturalmente, por oposição à fé e à revelação.” (Dicionário de Filosofia. Japiassú, H.; Marcondes, D. 1999).

Page 5: Aula 3 - A Razão

Os vários sentidos da palavra razão

• a razão é também o nome dado à consciência intelectual e moral (razão prática - Kant: “que devo fazer”);

• a razão difere das paixões, das emoções, dos sentimentos (Pascal, filósofo francês do século XVII: “o coração tem razões que a própria razão desconhece”);

• “razão é consciência”: “a razão, enquanto consciência moral, é a vontade racional livre que não se deixa dominar pelos impulsos passionais, mas realiza as ações morais como atos de virtude e de dever, ditados pela inteligência ou pelo intelecto”. (Marilena Chauí, 1996).

Page 6: Aula 3 - A Razão

Os vários sentidos da palavra razão

• as ciências como o progresso da razão;• a razão como conhecimento da realidade

racional: através do rigor, da ordenação e da precisão dos pensamentos e das palavras;

• o homem pode conhecer a realidade objetiva e a verdade, porque a própria realidade é racional:

• - razão objetiva: a realidade é racional por si mesma;

• - razão subjetiva: a razão é a capacidade moral e intelectual dos seres humanos capaz de conhecer a realidade.

Page 7: Aula 3 - A Razão

A razão como uma organização ou ordenação da realidade objetiva

• a razão se opõe à mera ilusão, à opinião;• a razão se opõe às emoções, aos sentimentos,

às paixões que são cegas e caóticas;• a razão se opõe às crenças religiosas, pois

nestas a verdade nos é dada pela fé;• a razão se opõe ao êxtase místico, pois este

representa um estado de rompimento com a consciência racional.

Page 8: Aula 3 - A Razão

Os Princípios racionais

• principio da identidade (Aristóteles): a conservação da identidade (A é A); é a condição para que definamos as coisas e possamos conhecê-las a partir de suas definições;

• princípio da não-contradição (Aristóteles): (A é A e não pode ser ao mesmo tempo não-A); princípio complementar ao da identidade, uma coisa ou uma idéia que se negam a si mesmas não podem existir; uma proposição não pode ser verdadeira ou falsa ao mesmo tempo;

Page 9: Aula 3 - A Razão

Os Princípios racionais• princípio do terceiro-excluído: (ou A é x ou é Y e não há terceira

possibilidade); é um princípio da lógica que defende que não há meias verdades, ou seja, ou um fato é verdadeiro ou falso – não há outro valor lógico (ou é ou não é). O princípio do terceiro excluído define a decisão de um dilema – “ou isto ou aquilo” – e exige que apenas uma das alternativas seja verdadeira. “E não há terceira possibilidade ou terceira alternativa, pois entre várias escolhas possíveis, só há realmente duas, a certa ou a errada”.

• principio da razão suficiente (Leibniz): tudo que existe ou acontece tem uma razão (causa ou motivo) para existir ou para acontecer e essa razão pode ser conhecida por nossa razão. (principio da causalidade: causa-efeito); busca da explicação das causas (razão) dos fenômenos;

• Os princípios racionais:• - não possuem conteúdo determinados, pois revelam formas;• - possuem validade universal;• - são necessários: indispensáveis para se conhecer a realidade.

Page 10: Aula 3 - A Razão

Ampliando a idéia de razão: a razão absoluta como mito

• crise do ideal de racionalidade criado pela sociedade européia;

• a física óptica desmentiu a tese do terceiro excluído ao afirmar que a luz tanto pode ser explicada por ondas luminosas quanto por partículas descontínuas;

• O princípio da incerteza de Heisenberg mostrou que alguns fenômenos quânticos não podem ser determinados: não se pode determinar o movimento dos átomos;

• o princípio da indeterminação: explicações diferentes para fenômenos macroscópicos e hipermicroscópicos;

Page 11: Aula 3 - A Razão

Ampliando a idéia de razão: a razão absoluta como mito

• a teoria da Relatividade provou que o conhecimento não é inteiramente objetivo, mas que é relativo, ou seja, que depende do sujeito do conhecimento, de sua posição como observador do fenômeno a ser estudado;

• que o conhecimento é mediado pela linguagem (Frege);• o problema do etnocentrismo mostrou que outras culturas

têm explicações diferentes para os fenômenos da natureza e para a realidade, e que não há um conhecimento mais verdadeiro que outro;

• Marx também criticou a razão como absoluta, pois por trás do conhecimento racional ou científico, existem interesses econômicos e políticos (A ciência e a técnica como ideologia - Herbert Marcuse); “a razão poderia ser um poderoso instrumento de dissimulação da realidade, a serviço da exploração e da dominação dos homens sobre seus semelhantes”;

Page 12: Aula 3 - A Razão

Ampliando a idéia de razão: a razão absoluta como mito

• Freud, com a noção de inconsciente, revelou que a razão é muito menos poderosa como a filosofia havia acreditado, “pois a consciência é, em grande parte, dirigida e controlada por forças profundas e desconhecidas que permanecem inconscientes e jamais se tornarão conscientes”.

• Merleau-Ponty: cabe à filosofia contemporânea encontrar uma nova definição para a razão, uma razão alargada.

Page 13: Aula 3 - A Razão

Bibliografia

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2003.

felipepinho.com