aula 2 epidemiologia_descritiva

37
Professora: Daniela Aquino

Upload: cleber-lima

Post on 06-Jul-2015

1.553 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

assunto de epidemiologia descritiva

TRANSCRIPT

Professora: Daniela Aquino

A abordagem mais imediata, sobre um dado evento relacionado à saúde-doença em nível coletivo, consiste em se buscar distribuir a ocorrência do problema segundo as suas diversas características representadas por uma ou por mais de uma variável circunstancial.

As variáveis circunstanciais ligam-se a fatos ou medidas de TEMPO (quando ou em que período ocorreu?)/ Qual o padrão da curva de ocorrência no tempo?/ Qual a sua tendência a longo prazo?

LUGAR (onde ocorreu?) ou PESSOA (quais as características demográficas,

econômicas e sociais das pessoas afetadas?)

Estuda a distribuição de frequência das doenças e dos agravos à saúde coletiva, em função de variáveis ligadas ao TEMPO, ao ESPAÇO- ambientais e populacionais- e às PESSOAS, possibilitando o detalhamento do perfil epidemiológico, com vistas ao aprimoramento das ações de assistência e prevenção da doença, de promoção da saúde e também do refinamento das hipóteses causais.

São três:

QUEM: quais pessoas foram atingidas pelo dano. ONDE: em que local as pessoas foram atingidas

pelo dano. QUANDO: em que época as pessoas foram

atingidas pelo dano.

O QUE: representa o tipo de evento em foco. COMO: os eventos variam na população. POR QUÊ: esclarece as diferentes frequências

com que os eventos ocorrem.

E mais uma questão que fica implícita:(O quê fazer?)

Na Epidemiologia é fundamental conhecer as circunstâncias sob as quais se desenvolve o processo saúde-doença na população:

Onde, quando e sobre quem ocorre determinada doença?

Há grupos especiais mais vulneráveis? Existe alguma época do ano em que aumenta o

número de casos?

Em que áreas do município ou regiões do país a doença é mais frequente? Há disparidades regionais ou locais?

Indivíduos idosos são mais atingidos do que crianças?

Pertencer a uma dada classe social determina diferenças nos riscos?

As informações sobre a distribuição temporal dos agravos à saúde são utilizadas para:

Indicar os riscos a que as pessoas estão sujeitas Monitorizar a saúde da população Prever a ocorrência de eventos Fornecer subsídios para explicações causais Auxiliar o planejamento de saúde Avaliar o impacto das intervenções

Segundo a variável tempo (distribuição cronológica ou temporal), os agravos à saúde (morbidade ou mortalidade) podem apresentar:

Variação ou Tendência Geral (Histórica ou Secular)

Variação Cíclica Variação Sazonal (Estacional) Variação Atípica (Epidêmica)

A incidência de doenças, a mortalidade por causas ou qualquer outro evento, quando observados por longos períodos de tempo, podem apresentar estabilidade, aumento ou decréscimo de suas taxas, em função do fenômeno ou do período de tempo considerado.

Exemplos: de tendências atuais do comportamento de algumas doenças:

Aumento dos coeficientes de incidência das doenças crônico-degenerativas, tais como, infartos do miocárdio, câncer, diabetes, hipertensão, etc;

Estabilidade, nos países subdesenvolvidos, de níveis elevados de incidência das doenças vinculadas à pobreza: diarréias, subnutrição, verminose, fome, etc;

Diminuição, principalmente nos países desenvolvidos, da incidência de algumas doenças transmissíveis;

Aumento da incidência de doenças sexualmente transmissíveis (aids, sífilis, gonorréia, hepatite).

Um dado padrão de variação é repetido de intervalo a intervalo, alternam-se valores máximos e mínimos, independente da época do ano.

Ex.: sarampo, febre amarela, rubéola.

Ocorre quando a incidência de certas doenças ou agravos aumenta ou diminui sempre no mesmo período, seja do ano, do mês, da semana ou do dia. Denomina-se sazonalidade a propriedade segundo a qual o fenômeno considerado é periódico e repete-se sempre na mesma estação do ano.

Ex. Doença meningocócica – é mais elevada nos meses mais frios do ano. Em dias de baixa temperatura, o ajuntamento com longa permanência de grupos confinados em ambientes restritos pode favorecer o contágio e a disseminação do agente infeccioso.

É a ocorrência, em uma população, durante um determinado período de tempo, de um número de casos de uma doença, significativamente maior do que o esperado, em função da frequência em anos anteriores.

Usualmente são utilizados, para calcular esse valor, os dados de 10 ou 20 anos anteriores, quando se trata de doença de caráter endêmico.

Entende-se por endemia ou doença de caráter endêmico aquela doença habitualmente presente entre os membros de um determinado grupo, em uma determinada área.

Quando essa doença assume proporções maiores do que aquela habitualmente presente, tem-se a epidemia e quando essa epidemia atinge vários países ou continentes, recebe o nome de pandemia.

Ex.: cólera, aids, gripe.

As informações sobre a distribuição geográfica dos agravos à saúde são utilizados para:

Indicar os riscos a que a população está exposta. Acompanhar a disseminação dos eventos Fornecer subsídios para explicações causais Definir as prioridades de intervenção Avaliar o impacto das intervenções

Quanto a distribuição geográfica, os agravos a saúde podem apresentar:

Variação geopolítica (ou internacional) Variação político-administrativa (nacional ou

regional) Variação urbano-rural Movimento migratório

Quando as enfermidades (morbidade ou mortalidade) se distribuem de forma mundial ou abrangendo alguns países.

Em qualquer das condições, a coleta e a divulgação dos dados estão a cargo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de seu órgão regional para as Américas, a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS).

Ex.: - distribuição da cólera no Mundo; - distribuição da aids; - distribuição da freqüência de doenças nos países pobres e ricos; - mortalidade infantil em alguns países; etc.

Quando as enfermidades se apresentam mais ou menos frequentes em determinadas regiões, estados, municípios, ou seja, de acordo com a divisão político-administrativa do país.

Esse tipo de estudo é útil para orientar a alocação de recursos e a adoção de medidas de prevenção, pois expõe as diferenças entre as regiões, estados e municípios em relação aos níveis de saúde, apontando problemas localizados.

Ex.: - distribuição de casos notificados de aids segundo Unidades da Federação; - distribuição da mortalidade infantil segundo as regiões metropolitanas do país.

Embora existam especificidades regionais, pode-se esperar que nas áreas rurais haja maior risco de doenças infecciosas e parasitárias.

Nas áreas urbanas, devido ao melhor saneamento básico, há comparativamente menor risco de doenças infecciosas e parasitárias. É possível que predominem, nestas áreas, as DST’s, a gripe e demais infecções respiratórias agudas, bem como aquelas ligadas ao consumo de drogas, à poluição atmosférica, à violência e aos acidentes de trânsito.

O surgimento de casos isolados de doença, sem foco conhecido na região, pode ser atribuído ao fato de as pessoas afetadas ser em imigrantes.

Os migrantes podem veicular doenças de regiões endêmicas para outros locais, podem disseminar focos de doença no seu trajeto migratório e, também, adquirir agentes etiológicos típicos do novo local de domicílio (onde a população residente naquele local, já é resistente).

1. Características Gerais Idade Sexo2. Características Familiares Estado civil Idade do pais Dimensão da família Posição na ordem de nascimento Morbidade familiar por causas específicas

3. Características étnicas Raça Cultura Religião Grupo étnico4. Nível socioeconômico Ocupação Renda pessoal, familiar ou renda familiar per

capita Nível de instrução Tipo e zona de residência

Há doenças que predominam: Grupo infantil e pré-escolar (coqueluche,

sarampo, difteria, disenteria); Adultos jovens (tuberculose, malária, febre

amarela, doenças profissionais); Pessoas de meia-idade ou idosas (doenças

cardiovasculares, câncer de pulmão, artrite, hipertensão, etc.).

Normalmente os estudos epidemiológicos discriminam o sexo da pessoa acometida:

Existem doenças para as quais há diferente suscetibilidade entre o sexo masculino e o feminino;

Existem outras, no entanto, em que ambos os sexos são igualmente suscetíveis, nestes casos, a variação da frequência da doença ocorre mais por motivos culturais, ocupacionais ou biológicos.

A morbidade e mortalidade são diferentes entre os indivíduos solteiros, casados, viúvos e divorciados.

Estudos de mortalidade segundo o estado civil das pessoas têm demonstrado que a mais baixa taxa, corresponde aos casados e, a mais alta, aos viúvos e divorciados; a mortalidade entre os solteiros é mais baixa que nos dois últimos grupos, mas é maior do que entre os casados.

Com relação à morbidade, se tem observado que nas pessoas não casadas são mais frequentes as doenças mentais, suicídios e acidentes, as doenças de transmissão sexual e o câncer de mama; nas mulheres casadas, há uma maior incidência do câncer de colo de útero.