aula 11 - processo civil

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www.cers.com.br Carreiras Jurídicas Mod. I Processo Civil Gustavo Nogueira 1 DA RESPOSTA DO RÉU DEFESA PROCESSUAL: não tem como objeto a essência do litígio. MÉRITO: diz respeito ao direito material alegado pelo autor. direta: o réu enfrenta frontalmente os fatos e os fundamentos jurídicos narrados pelo autor na petição inicial, buscando demonstrar que os fatos não ocorreram conforme narrado ou ainda que as consequências jurídicas pretendidas pelo autor não são as mais adequadas ao caso concreto. indireta: o réu, sem negar as afirmações lançadas pelo autor, alega um fato novo, que tenha natureza impeditiva, modificativa ou extintiva do direito do autor. ---------------- fatos impeditivos: aqueles que impedem que o direito do autor gere seus regulares efeitos. Ex.: incapacidade de quem celebrou o contrato; vícios do consentimento. fatos extintivos: colocam um fim a um direito. Ex.: todas as formas de satisfação da obrigação previstas na lei material prescrição, pagamento, remissão, confusão, etc. fatos modificativos: atuam sobre a relação jurídica de direito material, gerando sobre ela uma modificação subjetiva ou objetiva. Ex.: cessão de crédito sem ressalva, parcelamento da dívida, remissão parcial e novação. -------------- Se a parte ré, em sua contestação, alega fato impeditivo do direito do autor e o julgador, ao invés de abrir prazo para este se manifestar em réplica, julga antecipadamente a lide, ocorre cerceamento de defesa, restando ofendidos os princípios do contraditório e da ampla defesa. Incidência do art. 326 do CPC. (STJ, REsp 655.226/PE, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUARTA TURMA, julgado em 13/09/2005, DJ 03/10/2005, p. 269). ---------------- DEFESAS PROCESSUAIS DILATÓRIAS: o acolhimento não põe fim ao processo. PEREMPTÓRIAS: CPC, 267. DILATÓRIAS POTENCIALMENTE PEREMPTÓRIAS: uma vez acolhidas permitem ao autor o saneamento do vício ou irregularidade. Se sanado, o processo continua. Se não, extingue-se. (Daniel Neves, Manual). ------------ EXCEÇÃO: a alegação da defesa que, para ser conhecida pelo magistrado, precisa ter sido arguida pelo interessado. OBJEÇÃO: a matéria de defesa que pode ser conhecida de ofício. ----------------- MODALIDADES Limitação do litisconsórcio multitudinário CPC 46, p. ún.; Nomeação à autoria CPC 62 a 69; Impugnação ao valor da causa CPC 261 Impugnação à gratuidade de justiça Lei 1060/50, art. 4º, par. 2º Exceções Contestação Reconvenção ------------------ DISPOSIÇÕES GERAIS

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2013 - Maurício Cunha

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Carreiras Jurídicas Mod. I Processo Civil

Gustavo Nogueira

1

DA RESPOSTA DO RÉU

DEFESA

PROCESSUAL: não tem como objeto a essência do litígio.

MÉRITO: diz respeito ao direito material alegado pelo autor.

direta: o réu enfrenta frontalmente os fatos e os fundamentos jurídicos narrados pelo autor na petição inicial, buscando demonstrar que os fatos não ocorreram conforme narrado ou ainda que as consequências jurídicas pretendidas pelo autor não são as mais adequadas ao caso concreto.

indireta: o réu, sem negar as afirmações lançadas pelo autor, alega um fato novo, que tenha natureza impeditiva, modificativa ou extintiva do direito do autor.

----------------

fatos impeditivos: aqueles que impedem que o direito do autor gere seus regulares efeitos. Ex.: incapacidade de quem celebrou o contrato; vícios do consentimento.

fatos extintivos: colocam um fim a um direito. Ex.: todas as formas de satisfação da obrigação previstas na lei material – prescrição, pagamento, remissão, confusão, etc.

fatos modificativos: atuam sobre a relação jurídica de direito material, gerando sobre ela uma modificação subjetiva ou objetiva. Ex.: cessão de crédito sem ressalva, parcelamento da dívida, remissão parcial e novação.

--------------

Se a parte ré, em sua contestação, alega fato impeditivo do direito do autor e o julgador, ao invés de abrir prazo para este se manifestar em réplica, julga antecipadamente a lide, ocorre cerceamento de defesa, restando ofendidos os princípios do contraditório e da ampla defesa. Incidência do art. 326 do CPC. (STJ, REsp 655.226/PE, Rel. Ministro JORGE

SCARTEZZINI, QUARTA TURMA, julgado em 13/09/2005, DJ 03/10/2005, p. 269).

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DEFESAS PROCESSUAIS

DILATÓRIAS: o acolhimento não põe fim ao processo.

PEREMPTÓRIAS: CPC, 267.

DILATÓRIAS POTENCIALMENTE PEREMPTÓRIAS: uma vez acolhidas permitem ao autor o saneamento do vício ou irregularidade. Se sanado, o processo continua. Se não, extingue-se. (Daniel Neves, Manual).

------------

EXCEÇÃO: a alegação da defesa que, para ser conhecida pelo magistrado, precisa ter sido arguida pelo interessado.

OBJEÇÃO: a matéria de defesa que pode ser conhecida de ofício.

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MODALIDADES

Limitação do litisconsórcio multitudinário – CPC 46, p. ún.;

Nomeação à autoria – CPC 62 a 69;

Impugnação ao valor da causa – CPC 261

Impugnação à gratuidade de justiça – Lei 1060/50, art. 4º, par. 2º

Exceções

Contestação

Reconvenção

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DISPOSIÇÕES GERAIS

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Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, dirigida ao juiz da causa, contestação, exceção e reconvenção.

+ preclusão consumativa

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Art. 298. Quando forem citados para a ação vários réus, o prazo para responder ser-lhes-á comum, salvo o disposto no art. 191.

Parágrafo único. Se o autor desistir da ação quanto a algum réu ainda não citado, o prazo para a resposta correrá da intimação do despacho que deferir a desistência.

Os réus fazem jus ao prazo em dobro para oferecimento de suas contestações - independentemente de requerimento -, por terem patronos distintos, mesmo sendo casados e constando como promitentes compradores no contrato de promessa de venda e compra de imóvel. (STJ, REsp 973.465/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 04/10/2012, DJe 23/10/2012).

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APRESENTAÇÃO SIMULTÂNEA

Art. 299. A contestação e a reconvenção serão oferecidas simultaneamente, em peças autônomas; a exceção será processada em apenso aos autos principais.

A contestação e a reconvenção devem ser apresentadas simultaneamente, ainda que haja prazo para a resposta do réu, sob pena de preclusão consumativa. Precedentes do STJ: REsp 31353/SP, QUARTA TURMA, DJ 16/08/2004; AgRg no Ag 817.329/MG, QUARTA TURMA, DJ 17/09/2007; e REsp 600839/SP, DJe 05/11/2008. (STJ, AgRg no REsp 935.051/BA, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe 30/09/2010).

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PEÇAS AUTÔNOMAS

Trata-se de mera irregularidade a apresentação de reconvenção e contestação na mesma peça, desde que no âmbito de cada uma das manifestações seja facilmente delimitado. (Medina, CPC).

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IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA

CPC, art. 261. O réu poderá impugnar, no prazo da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor. A impugnação será autuada em apenso, ouvindo-se o autor no prazo de 5 (cinco) dias. Em seguida o juiz, sem suspender o processo, servindo-se, quando necessário, do auxílio de perito, determinará, no prazo de 10 (dez) dias, o valor da causa.

Parágrafo único. Não havendo impugnação, presume-se aceito o valor atribuído à causa na petição inicial.

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Não havendo previsão legal que exija a apresentação concomitante da impugnação ao valor da causa com qualquer outra espécie de resposta, correta a conclusão de que a impugnação ao valor da causa seja apresentada antes ou depois de outras espécies de resposta, desde que dentro do prazo de resposta do réu. (Daniel Neves, Manual).

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OITIVA DO AUTOR

I - O valor da causa deve corresponder ao conteúdo econômico da pretensão do autor. No caso de ação de indenização, "o valor deve corresponder ao montante do ressarcimento pedido, quando ele é fixado na petição inicial".

II - A ausência de resposta à impugnação ao valor dado à causa não configura aceitação tácita do autor-impugnado ao valor apresentado pelo réu-impugnante.

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(STJ, REsp 330.098/SP, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 20/11/2001, DJ 18/02/2002, p. 458).

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IMPUGNAÇÃO À GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Lei 1060/50, art. 4º.

§ 2º. A impugnação do direito à assistência judiciária não suspende o curso do processo e será feita em autos apartados.

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CONTESTAÇÃO

PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE (CONCENTRAÇÃO DA DEFESA)

Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.

Fundamenta-se na preclusão consumativa, exigindo-se que de uma vez só o réu apresente todas as matérias que tem em sua defesa, sob pena de não poder alegá-las posteriormente. A cumulação é eventual porque o réu alegará as matérias de defesa indicando que a posterior seja enfrentada na eventualidade de a matéria defensiva anterior ser rejeitada pelo juiz. (Daniel Neves, Manual).

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Não obstante seja exigível a apresentação de toda a matéria de defesa na contestação, há de guardar ela, em seu conjunto, certa homogeneidade e compatibilidade. É a lógica – e os deveres de lealdade e de veracidade que a parte e seu patrono têm para com o Estado-juiz – que determinará quais as defesas que, dentro de um padrão racional, podem ser utilizadas e quais devem ser descartadas, não compondo o contexto da defesa do réu. (Marinoni e Arenhart, Manual do Processo de Conhecimento).

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Certa incompatibilidade lógica é natural e admissível, mas o réu jamais poderá cumular matérias defensivas criando para cada uma delas diferentes situações fáticas, porque com isso em alguma das teses defensivas estará alterando a verdade dos fatos. Pode-se afirmar que o limite do princípio da concentração da defesa é o respeito ao princípio da boa-fé e lealdade processual. (Daniel Neves, Manual).

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EXCEÇÃO

Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando:

I - relativas a direito superveniente;

+ fato superveniente: CPC, 462. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a sentença.

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II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;

III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo.

CC, 210-211: decadência convencional.

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PRELIMINARES (DEFESAS PROCESSUAIS)

Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:

O que alegar primeiro? As defesas processuais ou meritórias?

Para o réu é mais interessante a extinção pelo 269 (... um julgamento de improcedência do pedido pode ser mais interessante ao réu do que uma extinção sem resolução do mérito,

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tendo em vista a aptidão que a primeira decisão possui para tornar-se indiscutível pela coisa julgada material. Didier, Curso).

Para o juízo, as preliminares vêm antes do mérito.

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A sentença de improcedência interessa muito mais ao réu do que a sentença de extinção do processo sem resolução do mérito, haja vista que, na primeira hipótese, em decorrência da formação da coisa julgada material, o autor estará impedido de ajuizar outra ação, com o mesmo fundamento, em face do mesmo réu. (STJ, REsp 1318558/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/06/2013, DJe 17/06/2013).

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II - incompetência absoluta;

1. Nos termos dos arts. 113 e 301, II, do CPC, a irresignação concernente à suposta incompetência absoluta do juízo deve ser veiculada nos próprios autos da ação principal, de preferência em preliminar de contestação, e não via exceção de incompetência, instrumento adequado somente para os casos de incompetência relativa.

2. Incabível a exceção de incompetência, não há falar em suspensão do processo principal. Ausência de nulidade.

(STJ, REsp 1162469/PR, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/04/2012, DJe 09/05/2012).

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I - inexistência ou nulidade da citação;

O acórdão recorrido está em consonância com a jurisprudência desta Corte, segundo a qual somente se declara a nulidade da citação quando comprovado prejuízo ao direito de defesa da parte. Precedentes. (STJ, EDcl no AREsp 41.843/SP, Rel. Ministro ANTONIO

CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 16/05/2013, DJe 04/06/2013).

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III - inépcia da petição inicial;

1. A questão controvertida, de natureza processual, consiste em saber se o juiz pode determinar, com base no art. 284 do CPC, a emenda da petição inicial depois de apresentada a contestação, para sanar inépcia relacionada ao pedido.

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2. Ao receber a exordial, o juiz deve, incontinenti, examinar seus requisitos legais. Se necessário, deve discriminar o(s) vício(s) e determinar, desde logo, a regularização no prazo de dez dias. Só na hipótese de o autor não sanar a(s) irregularidade(s) apontada(s) proceder-se-á à extinção do processo sem solução do mérito (CPC, art. 284 e parágrafo único).

3. A contestação do réu não obsta a possibilidade de emenda, porque a correção da inépcia relativa ao bem da vida não implica, necessariamente, a mudança do pedido ou da causa de pedir.

4. O réu será intimado para se pronunciar sobre a emenda, assegurando-se, dessa forma, o contraditório e a ampla defesa. Não haverá prejuízo ou nulidade (CPC, art. 244). Eventual inovação do pedido ou da causa de pedir sofrerá o controle jurisdicional. Preservar-se-á, com isso, a estabilidade da demanda.

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5. Na hipótese, a inépcia do pedido (falta de precisa indicação dos períodos e respectivos índices de correção monetária) pode ser sanada, aproveitando-se os atos processuais já praticados (REsp 239.561/RS, 4ª Turma, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, DJU de 15.5.2006), notadamente porque o juiz da causa não indicou nem determinou, no despacho preliminar, a correção desse vício.

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6. A extinção prematura do processo de conhecimento sem o julgamento do mérito não obstará o ajuizamento de nova ação, porque a lide não foi solucionada (CPC, art. 268). Essa solução demandará maior dispêndio de tempo, dinheiro e atividade jurisdicional, e vai de encontro aos princípios que informam a economia e a instrumentalidade do processo civil, cada vez menos preocupado com a forma e mais voltado para resultados substanciais.

(STJ, REsp 837.449/MG, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/08/2006, DJ 31/08/2006, p. 266).

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IV - perempção;

CPC, art. 268. parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo fundamento previsto no no III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.

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V - litispendência;

Vl - coisa julgada;

§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.

§ 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.

§ 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso.

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TRÍPLICE IDENTIDADE

1. Além de inexistir identidade de partes, as causas de pedir e os pedidos formulados são distintos, de maneira que inconcebível a existência de coisa julgada no caso concreto.

2. De acordo com a jurisprudência deste Tribunal, nas relações jurídicas continuativas, hipótese em que se enquadra a pensão por morte, não se cogita a existência da coisa julgada material.

(STJ, AgRg no Ag 1021787/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 27/09/2011, DJe 05/10/2011).

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1. A litispendência (repropositura de ação que está em curso), assim como a coisa julgada, constitui pressuposto processual negativo que, uma vez configurado, implica na extinção do processo sem "resolução" do mérito (artigo 267, inciso V, do CPC).

2. A configuração da litispendência reclama a constatação de identidade das partes, da causa de pedir e do pedido ("tríplice identidade") das ações em curso (artigo 301, § 1º, do CPC).

(STJ, RMS 26.891/SE, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/02/2011, DJe 07/04/2011).

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VII – conexão;

CPC, art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes for comum o objeto ou a causa de pedir.

Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.

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CPC, art. 105. Havendo conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, pode ordenar a reunião de ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente.

Havendo conexão entre execução fiscal e ação anulatória de débito fiscal, impõe-se a reunião dos processos, de modo a evitar decisões conflitantes; espécie em que, ajuizada primeiro a execução fiscal, o respectivo juízo deve processar e julgar ambas as ações. (STJ, AgRg no AREsp 129.803/DF, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/08/2013, DJe 15/08/2013).

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A conexão entre ações que possuem a mesma causa de pedir recomenda a reunião dos respectivos processos a fim de que a lide seja decidida uniformemente (CPC, art. 105). (STJ, CC 121.390/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22/05/2013, DJe 27/05/2013).

Nos termos da jurisprudência do STJ, quando há identidade apenas parcial dos pedidos, porquanto um deles é mais abrangente que o outro, configura-se a continência, e não a litispendência. Esta, como na conexão, importa a reunião dos processos, e não a sua extinção, que visa evitar o risco de decisões inconciliáveis. Precedentes. (STJ, AgRg no AREsp 301.377/ES, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/04/2013, DJe 25/04/2013).

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Vlll - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;

IX - convenção de arbitragem;

§ 4o Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste artigo.

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X - carência de ação;

Xl - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.

CPC, Art. 805. A medida cautelar poderá ser substituída, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, pela prestação de caução ou outra garantia menos gravosa para o requerido, sempre que adequada e suficiente para evitar a lesão ou repará-la integralmente.

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ÔNUS DA IMPUGNAÇÃO ESPECIFICADA

Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo:

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EXCEÇÕES

I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;

CPC, 302, I e 351. CC, 213. Direitos indisponíveis.

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FAZENDA PÚBLICA

2. Cabe ao réu, nos termos do art. 302 do CPC, manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial, sob pena de recair sobre eles a presunção de veracidade. Tal presunção, todavia, não se opera se não for admissível, a respeito dos fatos não impugnados, a confissão (art. 302, I do CPC).

3. O direito tutelado pela Fazenda Pública é indisponível e, como tal, não é admissível, quanto aos fatos que lhe dizem respeito, a confissão. Por esta razão, a condição peculiar que ocupa a Fazenda Pública impede que a

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não impugnação específica dos fatos gere a incontrovérsia destes.

(STJ, AgRg no REsp 1187684/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/05/2012, DJe 29/05/2012).

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II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato;

III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.

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Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público.

Podem contestar por negativa geral.

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CURADOR ESPECIAL

Dadas as circunstâncias em que é admitido no processo, o curador de ausentes não conhece o réu, não tem acesso a ele, tampouco detém informações exatas sobre os fatos narrados na petição inicial, tanto que o parágrafo único do art. 302 do CPC não o sujeita à regra de impugnação especifica, facultando a apresentação de defesa por negativa geral. (STJ, REsp 1009293/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/04/2010, DJe 22/04/2010).

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ADVOGADO DATIVO No dia-a-dia forense, há situações em que não se pode contar, imediatamente, com o defensor ou advogado credenciado a convênio e, diante de tal dificuldade insuperável, não resta ao Magistrado outra hipótese senão nomear um advogado chamado dativo. (STJ, REsp 1200578/MS, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA,

TERCEIRA TURMA, julgado em 27/03/2012, DJe 08/05/2012). ---------------- EXCEÇÕES Art. 304. É lícito a qualquer das partes argüir, por meio de exceção, a incompetência (art. 112), o impedimento (art. 134) ou a suspeição (art. 135).

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Art. 305. Este direito pode ser exercido em qualquer tempo, ou grau de jurisdição, cabendo à parte oferecer exceção, no prazo de quinze (15) dias, contado do fato que ocasionou a incompetência, o impedimento ou a suspeição.

A exceção de suspeição, se oriunda de motivo preexistente, deve ser oferecida no prazo da contestação, conforme o art. 297 do CPC. (STJ, REsp 545.189/RO, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 11/04/2006, DJ 02/05/2006, p. 368).

----------------

Parágrafo único. Na exceção de incompetência (art. 112 desta Lei), a petição pode ser protocolizada no juízo de domicílio do réu, com requerimento de sua imediata remessa ao juízo que determinou a citação.

+ não é possível o oferecimento de exceção de incompetência por “fato novo”, diante do CPC 87.

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Art. 306. Recebida a exceção, o processo ficará suspenso (art. 265, III), até que seja definitivamente julgada.

DEFINITIVAMENTE JULGADA

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. INCIDENTE DE EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. A EXPRESSÃO 'DEFINITIVAMENTE JULGADA', PREVISTA NO ARTIGO 306 DO CPC, REFERE-SE AO PRIMEIRO JULGAMENTO DA EXCEÇÃO, POIS O AGRAVO DE

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INSTRUMENTO NÃO TEM EFEITO SUSPENSIVO. JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA DO STJ. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO DESPROVIDO. (STJ, AgRg no REsp 1291194/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/02/2013, DJe 25/02/2013).

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DA INCOMPETÊNCIA

Art. 307. O excipiente argüirá a incompetência em petição fundamentada e devidamente instruída, indicando o juízo para o qual declina.

Art. 308. Conclusos os autos, o juiz mandará processar a exceção, ouvindo o excepto dentro em 10 (dez) dias e decidindo em igual prazo.

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Art. 309. Havendo necessidade de prova testemunhal, o juiz designará audiência de instrução, decidindo dentro de 10 (dez) dias.

Art. 310. O juiz indeferirá a petição inicial da exceção, quando manifestamente improcedente.

-------------

Art. 311. Julgada procedente a exceção, os autos serão remetidos ao juiz competente.

E O FIM DA SUSPENSÃO?

Conforme iterativa jurisprudência deste Tribunal, a melhor interpretação a ser conferida ao artigo 306 do Código de Processo Civil é a de que, acolhida a exceção de incompetência, o processo permanece suspenso, só reiniciando o prazo remanescente para contestar após a intimação do réu acerca do recebimento dos autos pelo Juízo declarado competente. (STJ, REsp 973.465/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 04/10/2012, DJe 23/10/2012).

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DO IMPEDIMENTO E DA SUSPEIÇÃO

Art. 312. A parte oferecerá a exceção de impedimento ou de suspeição, especificando o motivo da recusa (arts. 134 e 135). A petição, dirigida ao juiz da causa, poderá ser instruída com documentos em que o excipiente fundar a alegação e conterá o rol de testemunhas.

Art. 313. Despachando a petição, o juiz, se reconhecer o impedimento ou a suspeição, ordenará a remessa dos autos ao seu substituto legal; em caso contrário, dentro de 10 (dez) dias, dará as suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa dos autos ao tribunal.

Art. 314. Verificando que a exceção não tem fundamento legal, o tribunal determinará o seu arquivamento; no caso contrário condenará o juiz nas custas, mandando remeter os autos ao seu substituto legal.

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DA RECONVENÇÃO

Art. 315. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a reconvenção seja conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.

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CONEXÃO COM OS FUNDAMENTOS DA DEFESA

1. A legislação de regência prevê a utilização da reconvenção sempre que houver conexão com a ação principal ou com o fundamento da defesa. Inteligência do artigo 315 do CPC.

2. Presente o vínculo entre o fundamento da defesa e a pretensão reconvinte, consistente no contrato locativo, possível a propositura da reconvenção em ação de despejo. Precedentes.

3. Recurso especial a que se dá provimento, para determinar o retorno dos autos à origem,

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a fim de que as questões de mérito tecidas com a reconvenção sejam apreciadas.

(STJ, REsp 293.784/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 17/05/2011, DJe 06/06/2011).

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Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em nome de outrem.

O pedido reconvencional pressupõe que as partes estejam litigando sobre situações jurídicas que lhes são próprias. Na ação popular, o autor não ostenta posição jurídica própria, nem titulariza o direito discutido na ação, que é de natureza indisponível. Defende-se, em verdade, interesses pertencentes a toda sociedade. É de se aplicar, assim, o parágrafo único do art. 315 do CPC, que não permite ao réu, "em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em nome de outrem". (STJ, REsp 72.065/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/08/2004, DJ 06/09/2004, p. 185).

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INTIMAÇÃO (CITAÇÃO) DO RECONVINDO

Art. 316. Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será intimado, na pessoa do seu procurador, para contestá-la no prazo de 15 (quinze) dias.

CONSOANTE A DOUTRINA, A MANIFESTAÇÃO DO JUIZ SOBRE O PEDIDO RECONVENCIONAL E OBRIGATORIA. DESCABIMENTO DA IMPOSIÇÃO DOS EFEITOS DA REVELIA AO RECONVINDO SE ESTE NÃO FOI INTIMADO, ESPECIFICADAMENTE, NA PESSOA DE SEU PATRONO, PARA, NO PRAZO LEGAL, CONTESTAR A RECONVENÇÃO. (STJ, REsp 58.273/GO, Rel. Ministro WALDEMAR ZVEITER, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/04/1996, DJ 01/07/1996, p. 24047).

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O PROCURADOR PRECISA DE PODERES ESPECIAIS?

Os poderes contidos na cláusula ad judicia implicam na outorga de mandato judicial para o foro em geral, compreendendo, assim, o poder de reconvir. Admissível a reconvenção, uma vez demonstrada a conexidade entre a ação e o pedido reconvencional. Inépcia da inicial da reconvenção afastada em face da admissão pela própria devedora do atraso havido no pagamento das prestações. Precedente: RESP n. 83752, Relator Ministro Barros Monteiro, DJ de 13.8.2001. (STJ, REsp 975.680/PA, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/12/2010, DJe 03/02/2011).

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AUTONOMIA DAS DEMANDAS

Art. 317. A desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga, não obsta ao prosseguimento da reconvenção.

Sendo a ação principal e a reconvenção feitos autônomos, seus resultados devem ser considerados em relação à pretensão deduzida em cada ação para efeito de fixação de verba honorária advocatícia de sucumbência. (STJ, REsp 851.893/DF, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 07/08/2012, DJe 24/06/2013).

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JULGAMENTO SIMULTÂNEO

Art. 318. Julgar-se-ão na mesma sentença a ação e a reconvenção.

DISPÕE O ART. 318 DO CPC QUE A AÇÃO

PRINCIPAL E RECONVENÇÃO SERÃO

DECIDIDAS NA MESMA SENTENÇA. A

DECISÃO E UNA DO PONTO DE VISTA

FORMAL APENAS, PORQUE, NA

REALIDADE, SE JULGA O OBJETO DA AÇÃO

PRINCIPAL E DA AÇÃO RECONVENCIONAL

DISTINTAMENTE. ADMITE A

JURISPRUDENCIA, ENTRETANTO, QUE E

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Gustavo Nogueira

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POSSIVEL O JULGAMENTO IMPLICITO DA

RECONVENÇÃO, QUANDO, EMBORA

OMISSA A SEU RESPEITO, A

PROCEDENCIA DA AÇÃO PRINCIPAL

IMPLICA NECESSARIAMENTE REJEIÇÃO

DO PEDIDO RECONVENCIONAL. (STJ, REsp

57.535/PR, Rel. Ministro ADHEMAR MACIEL,

SEXTA TURMA, julgado em 22/05/1995, DJ

08/04/1996, p. 10492).