aula 1 - histria do conhecimento

11
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 1

Upload: felipe-gama

Post on 25-Nov-2015

50 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

  • Senac So Paulo - Todos os Direitos Reservados 1

  • Senac So Paulo - Todos os Direitos Reservados 2

    SUMRIO

    1. CONHECIMENTO INFORMAO ....................................................4

    1.1. O QUE CONHECIMENTO? ........................................................................4

    1.1.1. O senso comum .................................................................................................................5

    1.1.2. O conhecimento mtico ..................................................................................................6

    1.1.3. Conhecimento teolgico .................................................................................................6

    1.1.4. Conhecimento filosfico ..................................................................................................7

    1.1.5. Conhecimento cientfico ..................................................................................................8

    1.1.6. Conhecimento tcnico ....................................................................................................9

    2. CONSIDERAES FINAIS .................................................................... 10

    REFERNCIAS ...............................................................................................11

  • Senac So Paulo - Todos os Direitos Reservados 3

    AULA 1 HISTRIA DO CONHECIMENTO

    OBJETIVOS DESTA AULA:

    Identificar e entender os diferentes tipos de conhecimento;

    Relacionar as mudanas histricas s transformaes cientficas no contexto da realidade brasileira contempornea e do mercado de trabalho.

    Na disciplina de Pesquisa, Tecnologia e Sociedade pretendemos navegar pelas guas da pesquisa, provocando a reflexo sobre a produo do conhecimento, a cincia, o uso das tecnologias para pesquisa e a formao continuada.

    Primeiramente, preciso contextualizar o componente curricular ao longo da histria do conhecimento e, principalmente, na sociedade atual, na Ps-Modernidade ou na sociedade do conhecimento.

    Para organizar melhor nossos estudos, voc deve seguir o plano de ensino e cada etapa da aula. Fique atento s atividades, leitura, aos exerccios, aos vdeos, s aulas narradas e aos fruns para se manter em dia com o curso.

    Os materiais relacionados a Normas da ABNT e Projeto devem ser guardados em pasta no seu computador, pois sero usados ao longo deste e de outros cursos. Todas as atividades solicitadas pelos professores devem seguir as normas da ABNT, e os projetos so padronizados conforme as etapas que trabalharemos nas aulas; desta forma, este componente curricular estar presente em todos os momentos de sua vida acadmica e profissional.

    Esta disciplina, que leva a Pesquisa em seu nome, pretende chamar a ateno sobre a importncia de ser um indivduo pesquisador na sociedade do conhecimento.

    Para voc entender melhor isso, comeamos nosso curso contextualizando a Histria do Conhecimento, com o objetivo de esclarecer como o conhecimento, um produto intangvel, to importante para o homem ps-moderno.

    Assista ao vdeo que colocamos, para que voc tenha uma viso geral do momento histrico em que vivemos e das transformaes pelas quais o Homem passou nesses ltimos 100 anos.

    Devido a mudanas tecnolgicas profundas, o mundo do trabalho mudou; sendo assim, o profissional teve de acompanhar tais mudanas incorporando o uso das tecnologias em seu cotidiano, para uso pessoal e profissional.

    Para exercer a cidadania, necessrio que o cidado tenha acesso informao e seja construtor do conhecimento, tendo discernimento com relao informao coletada, lida e selecionada. Ter discernimento, nesse caso, ter leitura crtica, saber diferenciar o que realmente vlido como informao ou no.

    Vamos comear a primeira aula. Estudo, leitura e reflexo... ingredientes da receita para comear sua trajetria na pesquisa!

  • Senac So Paulo - Todos os Direitos Reservados 4

    Acredite: no se trata apenas de atuar na pesquisa acadmica, mas cada vez mais as empresas esto valorizando os candidatos que participam de programas de iniciao cientfica, Cincias sem Fronteiras e projetos de extenso universitria.

    ImportanteFique ligado! Preste ateno aos informes das inscries e submisso de projetos para a iniciao

    cientfica!

    1. CONHECIMENTO INFORMAO

    1.1. O QUE CONHECIMENTO?

    Entre o conhecimento e o poder existe no s a relao de servilismo, mas tambm de verdade. Muitos conhecimentos, embora formalmente verdadeiros, so nulos fora de toda a proporo com a repartio de poderes. Quando o mdico expatriado diz Para mim, Adolf Hitler um caso patolgico o resultado clnico acabar talvez por confirmar o seu juzo, mas a desproporo deste com a desgraa objectiva que, em nome do paranico, se espalha pelo mundo faz de tal diagnstico, com que se incha o diagnosticador, algo ridculo. Talvez Hitler seja em si um caso patolgico, mas certamente no para ele. A vaidade e a pobreza de muitas manifestaes do exlio contra o fascismo ligam-se a este facto. Os que expressam os seus pensamentos na forma de juzo livre, distanciado e desinteressado so os que no foram capazes de assumir nessa forma a experincia da violncia, o que torna intil tal pensamento. O problema, quase insolvel, consiste aqui em no se deixar imbecilizar nem pelo poder dos outros nem pela impotncia prpria. (Theodor W. Adorno, Minima moralia, 1951)1

    Quando estudamos, encontramos determinadas afirmaes como: Os brbaros invadiram o Imprio Romano ou Os Romanos expandiram seu territrio. Como voc analisa essas frases? H verdade nelas?

    Pois essas afirmaes so fruto de pesquisa, investigao em documentos histricos, anlise de obras de arte da poca, assim como da literatura. Quando lemos o resultado de uma pesquisa, precisamos saber quem o pesquisador, que instituio, empresa, fundao, governo a apoiou, em que momento histrico foi desenvolvida. Isso pode nos dar pistas para analisar os resultados e critic-los: ou seja, h verdade cientfica?

    Os povos que tiveram suas terras ocupadas pela expanso do Imprio Romano talvez usassem o termo INVASO em lugar de EXPANSO. Por que os brbaros invadem e os romanos expandem? Na viso de quem esses termos foram usados? Pois , temos de tomar cuidado ao ler e selecionar as informaes. No h pesquisa neutra, e a verdade est fundamentada em teorias, metodologias e formas de vivenciar.

    1 ADORNO, Fragmento 34, p.47, 2001.

  • Senac So Paulo - Todos os Direitos Reservados 5

    Para pensarComo voc analisa a verdade do conhecimento?

    H uma verdade absoluta?

    A informao dada pelos meios de comunicao, pelo professor, pelos livros, pode surgir no dilogo com outras pessoas. Na sociedade atual, estamos vivendo um verdadeiro bombardeio de informaes facilmente acessveis. Nem todos, porm, conseguem transformar a informao em conhecimento, porque o processo de transformao complexo e tem vrias etapas que nem todos dominam.

    Vamos fazer um passeio pela Histria do Conhecimento, afinal o Homo sapiens classificado de homem sabido, ou seja, uma espcie bpede, com crebro altamente desenvolvido, que produz conhecimento.

    Vamos entender como o conhecimento mudou ao longo da Histria.

    Em que momento o homem sentiu necessidade de CRIAR conhecimento?

    Podemos afirmar que a procura de solues para problemas seria a motivao para o homem criar conhecimento. Seja para garantir sua sobrevivncia, para melhorar a qualidade de vida, conquistar o poder, enfim, o homem s conseguiu sobreviver at hoje porque pode usar a inteligncia para produzir conhecimento, cincia, e transformar a natureza, com o uso da tecnologia.

    O conhecimento: inacabado, sujeito interpretao, dependente do sujeito que o produz e que o analisa; isso nos faz pensar que o conhecimento se desenha conforme o contexto social, cultural e poltico em que o homem vive. O conhecimento mtico, religioso, filosfico e racional so formas de o homem entender o mundo em que vive.

    1.1.1. O senso comum

    Durante muitos sculos, esse tipo de saber foi desprezado pelos acadmicos e cientistas, pois era considerado vulgar. Hoje, sabemos valorizar o conhecimento adquirido ao longo da vida, a partir do momento em que comeamos a interagir com o mundo, com outros homens, e viver e vivenciar experincias, tentando compreend-las a partir do conhecimento de outras pessoas e de nossos saberes da vida.

    Esse conhecimento no sistematizado e se baseia em teorias, autores e estudos. Ele no foi construdo a partir de uma experincia com observao, levantamento de dados, no h procedimentos metodolgicos; ele espontneo e resultado da nossa tentativa de, a todo momento, explicar os fenmenos que acontecem nossa volta.

  • Senac So Paulo - Todos os Direitos Reservados 6

    1.1.2. O conhecimento mtico

    A palavra mito vem do grego, mythos; os verbos mytheyo e mytheo significam contar, narrar, falar alguma coisa para outros e conversar, contar, anunciar, nomear, designar.

    O Mito pode ser considerado verdadeiro para aqueles que contam e que ouvem.

    Segundo a filsofa Marilena Chau, para os gregos, mito um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem a narrativa como verdadeira porque confiam naquele que narra; uma narrativa feita em pblico, baseada, portanto, na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador (CHAU, 2005, p.35).

    O conhecimento mtico advm das histrias sobrenaturais contadas em linguagem simblica e imaginria para atribuir sentidos s coisas que o homem no consegue entender. Para Cyrino e Penha (1992), o conhecimento mtico expresso por meio da linguagem simblica e imaginria (CYRINO; PENHA, 1992, p.14).

    Vamos ver abaixo um trecho de um conto do escritor mineiro Otto Lara Resende O elo partido:

    Subitamente, no sabia mais como se ata o n da gravata. Era como se enfrentasse uma tarefa desconhecida, com que nunca tinha tido qualquer familiaridade. Recomeou do princpio. Uma vez, outra vez e nada. Suspirou com desnimo e olhou atento aquele pedao de pano dependurado no seu pescoo. Vagarosamente, tentou dar a primeira volta e de novo parou, o gesto sem sequncia. Viu-se no espelho, rugas e suor na testa: a mo esquerda era a direita, a mo direita era a esquerda. (...) Numa noite em que se recolheu mais cedo, morto de sono. Fisicamente exausto, atirou-se pesadamente cama e no conseguia deitar-se de modo cmodo, como toda noite. Como mesmo que eu durmo? queria saber qual a posio que habitualmente tomava para dormir. A postura que usava no sono, insabida. (...) At que associou o mal-estar com a primeira vez que no soubera dar o n na gravata. Alguma coisa de comum, um escondido trao unia um episdio ao outro. (...) A longa viagem ia comear, sem rumo, sem susto, para levar a lugar nenhum. Uma mulher acabou de entrar. Quem sou eu? ele perguntou num ltimo esforo. E, para sempre dcil, conquistado, nem ao menos quis saber seu nome. (RESENDE, 2000, p. 315).

    Voc j pensou em como o Homem, no incio da humanidade, explicava os fenmenos? Em nosso cotidiano, agimos de forma mecnica, sem refletir sobre elas e sobre o que acontece em nossas vidas. Em meio a catstrofes, comum as pessoas explicarem suas perdas com uma frase: Foi Deus quem quis. Ser que um cientista daria essa explicao? Como o Homem passou a explicar os fenmenos de outra maneira?

    1.1.3. Conhecimento teolgico

    Durante a Idade Mdia, a explicao cientfica dos fenmenos no estava disponvel para o homem comum. Todas as explicaes para os acontecimentos da vida e os fenmenos eram oferecidas pela religio. Segundo a Igreja da poca, os conhecimentos cientfico e teolgico no eram compatveis e no poderiam conviver. Aqueles que ousavam transgredir os dogmas eram julgados pelo Tribunal da Inquisio.

    Um dos casos mais famosos do perodo foi o de Galileu Galilei, condenado ao afirmar que o planeta Terra girava ao redor do Sol (Heliocentrismo). Com isso, desmantelou a verdade de que a Terra era o centro de todo o universo. Adepto da mesma teoria de Coprnico, Giordano Bruno foi julgado e condenado morte pelo Tribunal da Inquisio. O Santo Ofcio foi o mecanismo usado para impedir que os cientistas difundissem suas teorias e

    contaminassem a f com a razo, pois a cincia poderia ser capaz de destruir os dogmas estabelecidos pela Igreja, enfraquecendo poder.

  • Senac So Paulo - Todos os Direitos Reservados 7

    Acreditava-se que o pensamento cientfico derrubaria o poder vigente, pondo em risco o paradigma teocntrico. Isso ocorreu? Como foi este processo?

    O pensamento teolgico pautado em dogmas, verdades absolutas e incontestveis. O conhecimento teolgico fundamenta-se na f; fora da lgica racional no necessrio provar, mas sim acreditar.

    O exemplo de Galileu o observador matemtico que, com sua luneta, observa o cu procura de leis matemticas para explicar sua regularidade um marco do pensamento cientfico que comea a se firmar na Era Moderna. Ao apresentar uma viso mecanicista, rompe com as explicaes divinas que antes determinavam as regras para o funcionamento do mundo.

    Rubem Alves, filsofo brasileiro contemporneo, analisa o pensamento matemtico de Galileu e seus escritos. Faa o mesmo... Como voc analisaria aquele momento?

    (...) Onde se encontram os caracteres matemticos a que Galileu se refere? Podemos dizer com toda certeza: no a observao que os oferece. De fato, no foi pela observao que a viso matemtica da natureza surgiu. Ao contrrio, foi da interioridade da razo que surgiu a suspeita de que, talvez, a matemtica fosse a chave para decifrar o enigma e fazer a natureza falar. A natureza sentida e observada pelo corpo tem de ser colocada em segundo plano, como texto enigmtico. O que este texto enigmtico realmente diz dever ser encontrado numa linguagem que s a razo conhece. E sob a imensa variedade da natureza, tal como percebida pelo corpo, a matemtica nos revela uma paisagem lunar em que cores, sons, gostos, sensaes tteis se vo, permitindo, entretanto, o aparecimento de leis eternas, objetivo da busca cientfica. Liquidado o corpo como meio para a compreenso da natureza, impe-se a razo matemtica sem sangue e sem corpo, bem verdade mas universal e eterna. (ALVES, 1981, p.66-67)

    1.1.4. Conhecimento filosfico

    As crianas esto sempre perguntando Por qu? Mas... por qu?, no mesmo? Podemos dizer que as crianas so pequenos filsofos, pois querem saber com profundidade a razo da existncia das coisas, esto sempre procurando respostas para suas dvidas: Por que a lua azul? Por que a terra redonda? Este homem em busca da verdade, com atitude especulativa e que vai raiz para resolver um problema, um filsofo.

    O pensamento filosfico sistemtico, mas no experimental. O que isso significa?

    Isso quer dizer que os problemas e questionamentos trazidos para a filosofia no so resolvidos em laboratrio, numa observao experimental. A filosofia vai a fundo teoricamente para resolver os problemas da existncia do homem.

    Imaginem quantos filsofos morreram na fogueira por defenderem ideias diferentes do senso comum de suas pocas!

    Se argumentamos sobre algo, as explicaes filosficas no so feitas a partir de dogmas ou tabus. Tudo deve poder ser questionado e discutido.

    No entanto, a atitude religiosa no incompatvel com a atitude filosfica, ainda que sejam bem diferentes. Posso aceitar afetivamente certos princpios teolgicos ou doutrinas religiosas, mesmo que no possa sustent-los ou justific-los argumentativamente. J em filosofia, a regra que a adeso seja racional, consciente, explcita, deliberada, argumentada e passvel de ser criticada a qualquer momento.

  • Senac So Paulo - Todos os Direitos Reservados 8

    1.1.5. Conhecimento cientfico

    Neste caminho ao longo da Histria do Conhecimento, o Homem foi alterando sua relao com o mundo. Essa mudana um reflexo da forma como o Homem explica suas inquietaes e como supre sua curiosidade com determinadas respostas.

    Durante a Idade Moderna, chegamos a um ponto crucial: o Homem teria de romper com o paradigma determinante, que era o conhecimento teolgico, e avaliar se a filosofia era capaz de dar conta de todos os problemas da humanidade.

    Nesse contexto surge o Renascimento e o Iluminismo, quando o Homem passa a considerar a cincia, a lgica racional, a investigao e os experimentos com mtodo e sistematizao como base para todas as buscas e explicaes.

    A interveno do Homem na natureza, a inveno de instrumentos para transformar a realidade de acordo com suas necessidades passa a ser o paradigma predominante. A lgica, a racionalidade, o mtodo so as palavras de ordem: o homem abandona o paradigma do teocentrismo e passa a ocupa o centro das atenes o pensamento antropocntrico.

    A metafsica aristotlica, filosfica, precisa ser sufocada; a cincia tem de predominar. Passamos de Galileu a Kant com a teoria do conhecimento, o mtodo cartesiano, e a busca pela verdade cientfica resulta na produo cientfica.

    Temos abaixo um fragmento do Mtodo de Aristteles. Leia e analise a abrangncia e a forma como a Filosofia integra conhecimentos. Perceba que o conhecimento cientfico construdo a partir da especializao e da fragmentao, ou seja, a Cincia se debrua sobre conhecimentos especficos, a partir de objetos de estudo delimitados.

    Todos os homens tm, por natureza, desejo de conhecer: uma prova disso o prazer das sensaes, pois, fora at da sua utilidade, elas nos agradam por si mesmas e, mais que todas as outras, as visuais. Com efeito, no s para agir, mas at quando no nos propomos operar coisa alguma, preferimos, por assim dizer, a vista aos demais. A razo que ela , de todos os sentidos, o que melhor nos faz conhecer as coisas e mais diferenas nos descobre (...) Os outros [animais] vivem portanto de imagens e recordaes, e de experincia pouco possuem. Mas a espcie humana [vive] tambm de arte e de raciocnios. da memria que deriva aos homens a experincia: pois as recordaes repetidas da mesma coisa produzem o efeito duma nica experincia, e a experincia quase se parece com a cincia e a arte. Na realidade, porm, a cincia e a arte vm aos homens por intermdio da experincia, porque a experincia, como afirma Plos, e bem, criou a arte, e a inexperincia, o acaso. E a arte aparece quando, de um complexo de noes experimentadas, se exprime um nico juzo universal dos [casos] semelhantes. Com efeito, ter a noo de que a Clias, atingido de tal doena, tal remdio deu alvio, e a Scrates tambm, e, da mesma maneira, a outros tomados singularmente, da experincia; mas julgar que tenha aliviado a todos os semelhantes, determinados segundo uma nica espcie, atingidos de tal doena, como os fleumticos, os biliosos ou os incomodados por febre ardente, isso da arte. (ARISTTELES, 1984, p.11)2

    2 Livro I (A).

  • Senac So Paulo - Todos os Direitos Reservados 9

    1.1.6. Conhecimento tcnico

    A denominao tcnico se refere aplicao do saber para a produo tcnica, um tipo de conhecimento especfico e operacional, como define Habermas:

    No apenas de maneira acessria, a partir do exterior, que so impostos tcnica fins e interesses determinados; eles j intervm na prpria construo do aparato tcnico. A tcnica sempre um projeto (Projekt) histrico-social; nela, projetado (Projektiert) aquilo que a sociedade e os interesses que a dominam tencionam fazer com o homem e com as coisas. Tal objetivo da dominao material e, nessa medida, pertence prpria forma da razo tcnica. (HABERMAS, 1975, p.304).

    A viso tecnicista atende ao momento da disseminao das indstrias, e a sociedade de um modo geral assume o modelo fabril para se organizar. O processo de produo passa a no ser importante. O que importa agora o produto final. As prticas repetitivas, mecnicas, so valorizadas, em detrimento da reflexo e da anlise crtica.

    A industrializao chega ao trabalho social, com a consequncia de que os padres de ao instrumental penetram tambm em outros domnios da vida (urbanizao dos modos de viver, tecnicizao dos transportes e da comunicao). Trata-se, em ambos os casos, da propagao do tipo de agir racional-com-respeito-a-fins: aqui ele se relaciona organizao dos meios, l escolha entre alternativas. A planificao pode finalmente ser concebida como um agir racional-com-respeito-a-fins, de segundo grau: ela se dirige para a instalao, para o aperfeioamento ou para a ampliao do prprio sistema do agir racional-com-respeito-a-fins. A racionalizao progressiva est ligada institucionalizao do progresso cientfico e tcnico (HABERMAS, 1975, p.303).

    O conhecimento tcnico marcou tambm a organizao da escola, desde o currculo fragmentado e que valoriza as disciplinas de exatas com maior quantidade de horas em detrimento das de formao humanstica, at a organizao do espao com cadeiras enfileiradas como uma linha de montagem de fbrica com modelo fordista de produo.

    O conhecimento tcnico aliado ao conhecimento cientfico uma interseco que favorece a produo e faz com que o tcnico/especialista passe a ser criador e mentor de novas formas de produo e no apenas um reprodutor de movimentos mecnicos.

    2. CONSIDERAES FINAIS

    Vocs acabaram de ler a sntese da histria do conhecimento, ou seja, como o Homem entende e entendeu o mundo a partir de seu olhar religioso, cientfico, filosfico, artstico e tcnico.

    Hoje vivemos na Era do Conhecimento, em um mundo globalizado marcado pela comunicao rpida. As mudanas so fast e no conseguimos acompanhar toda a produo cientfica. Para Manuel Castells, autor de Sociedade em Rede, o que marca a sociedade atual a revoluo tecnolgica da informao, o que fez com que a forma de produzir, acessar e disseminar conhecimento se transformasse:

    O que caracteriza a atual revoluo tecnolgica no a centralidade de conhecimentos e informao, mas aplicao desses conhecimentos e desta informao para a gerao de conhecimentos e de dispositivos de processamento/comunicao da informao, em um ciclo de realimentao cumulativo entre a inovao e seu uso. (CASTELLS, 1997, p.51)

  • Senac So Paulo - Todos os Direitos Reservados 10

    Ao que voc est lendo a, muitos outros alunos, em lugares diferentes e distantes um do outro, tambm tm acesso; a diferena est no uso, no processamento e na depurao das informaes. Cada um aprende de uma maneira, processa e constri conhecimento que ser usado, tambm, de formas diferentes.

    Esperamos que voc possa agora fazer relaes e refletir sobre como o conhecimento importante para transformar o mundo.

    Para saber mais

    Para aprofundar e trazer novas informaes, voc vai ler:

    CASARIN, H.C.; CASARIN, S.J. Cincia e conhecimento. In: CASARIN, H.C.; CASARIN, S.J. Pesquisacientfica da teoria a prtica. Curitiba: Ibpex, 2011 (p. 13-23).

    FERREL, G.; NORECK, J.P. Organizaes e poder. In: FERREL, G.; NORECK, J.P. Introduo Sociologia. So Paulo: tica 2007. (p. 191-195 e 199).

  • Senac So Paulo - Todos os Direitos Reservados 11

    REFERNCIAS

    ADORNO, T. W. Minima moralia. Lisboa: Edies 70, 2001.

    ALVES, R.. Filosofia da cincia: introduo ao jogo e suas regras. So Paulo: Editora Brasiliense, 1981.

    ARISTTELES. Metafsica (Livro I e Livro II). tica a Nicmaco. Potica. So Paulo: Editora Abril, 1984.

    CASTELLS, M. A Sociedade em rede. So Paulo: Paz e Terra, 1997.

    CHARLOT, B. Da relao com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artmed, 2000.

    CHAU, M. Primeira filosofia: aspectos da histria da filosofia. So Paulo: Brasiliense, 1987.

    CYRINO, H.; PENHA, C. Filosofia hoje. 2. ed. Campinas, SP: Papirus, 1992.

    FERREL, G.; NORECK, J.P. Introduo Sociologia. So Paulo: tica, 2007.

    HABERMAS, J. Tcnica e cincia como ideologia. In: BENJAMIN, W. HORKHEIMER, M. ADORNO, T. HABERMAS, J. Textos Escolhidos. Coleo Os Pensadores. So Paulo: Editora Abril Cultural, 1975.

    RESENDE, O.L. O elo partido. In: MORICONI, I. (org). Os cem melhores contos brasileiros do sculo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.

    CAPASUMRIO1. CONHECIMENTO INFORMAO1.1. O QUE CONHECIMENTO?1.1.1. O senso comum1.1.2. O conhecimento mtico1.1.3. Conhecimento teolgico1.1.4. Conhecimento filosfico1.1.5. Conhecimento cientfico1.1.6. Conhecimento tcnico

    2. CONSIDERAES FINAISREFERNCIAS