aula 1 - artigo enviado o controle social e seus instrumentos

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O CONTROLE SOCIAL E SEUS INSTRUMENTOS O CONTROLE SOCIAL E SEUS INSTRUMENTOS SALVADOR / FEV / 2003 Sheila Santos Cunha1 RESUMO O relatrio que segue visa a trazer uma maior transparncia a respeito dos instrumentos de controle social e esclarecer as maneiras para a utilizao efetiva d os veculos de participao popular. No intuito de contextualizar tais prticas no Estado d a Bahia, foram realizadas breves entrevistas com profissionais locais envolvidos n as reas jurdica, poltica e social, bem como consultas aos diversos rgos legitimados para averiguao, fiscalizao e responsabilizao dos Poderes Pblicos, a fim de buscar respostas a questionamentos como: Implementao prtica de artigos que legitimam o controle social e o devido arquivamento da documentao correspondente; Meios utilizados para visibilidade e praticidade dos artigos destinados participao e presso popular. 1. Esclarecimentos Iniciais Encontrando nos conselhos um instrumento mais direto de controle social, me ativ e mais a sua anlise por considerar que, apesar da sua recente legalizao, os conselhos so instrumentos passveis de controle social marcante e preciso, bem como se firmam numa forte premissa de justia social. Por fim so citados alguns casos concretos de controle social na Bahia levados s vias jurdicas de fato. No entanto, no podemos contar com um nmero expressivo de casos, em funo de fatores que sero esclarecidos no decorrer da leitura. 2. Controle Social: Conceitos A fim de caracterizar de maneira mais profunda os instrumentos de controle socia l, faz-se necessrio expor algumas definies bastante ilustrativas acerca do que realmen te 1 Graduanda em Administrao pela UFBA. Bolsista de Iniciao Cientfica pela Fapesb junto ao Nepol Ncleo de Pesquisas sobre Poder e Organizaes Locais. [email protected].

vem a ser o controle social e em que contexto a sua efetivao pode encontrar a devi da praticidade. Como sabido de todos e defendido pelo Conselho de Sade, nenhum gestor senhor absoluto da deciso . E continua, ele deve ouvir a populao e submeter suas aes ao controle da sociedade . Logo o controle social pode ser definido, concordand o com a conceituao da Rede Brasileira de Informao e Documentao sobre a Infncia e Adolescncia, como a capacidade que tem a sociedade organizada de intervir nas polticas pblicas, interagindo com o Estado na definio de prioridades e na elaborao dos planos de ao do municpio, estado ou do governo federal . Ampliando com as ponderaes trazidas pela TVE Brasil em seu site, a sociedade tambm controla avaliando os objetivos, processos e resultados das atividades pblicas. Isso nos rem ete inevitvel existncia de dois pressupostos bsicos: o desenvolvimento da cidadania ea construo de um ambiente democrtico. O controle social, como uma conquista da sociedade civil, deve ser entendido como um instrumento e uma expresso da democracia. 3. Instrumentos de Controle Social Os meios de controle social tm como pilar a fiscalizao das aes pblicas, mas o seu papel muito mais amplo. Visam, sobretudo, a indicar caminhos, propor idias e promover a participao efetiva da comunidade nas decises de cunho pblico. A seguir, algumas maneiras de se concretizar o Controle Social, seja pela legitimao, seja pela necessidade popular de criar seus prprios meios fiscalizatrios. q MONITORAMENTO LEGAL Esses instrumentos tm legalmente a funo de controlar as funes pblicas, seja recorrendo a outros rgos competentes, seja movendo aes para a averiguao da situao pblica em determinado setor. CONSELHOS GESTORES DE POLTICAS PBLICAS Os Conselhos tm origem em experincias de carter informal sustentadas por movimentos sociais, como conselho popular ou como estratgias de luta operria na fbrica, as comisses de fbrica . Essas questes foram absorvidas pelo debate da Constituinte e levaram incorporao do princpio da participao comunitria pela Constituio, gerando posteriormente vrias leis que institucinalizam os Conselhos de Polticas Pblicas. . O controle socialda Gesto Pblica nas diversas reas (Sade, Educao, Assistncia Social, Criana e Adolescente, Direitos Humanos, etc.), tem intuito de s e firmar como um espao de co-gesto entre Estado e sociedade, trazendo formas inovadoras de gesto pblica para o exerccio da cidadania ativa, possibilitando sociedade a definio de um plano de gesto das polticas setoriais, com uma maior transparncia das alocaes de recursos e favorecimento da responsabilizao dos polticos, dos gestores e tcnicos.

Os Conselhos possuem trs vertentes: Conselhos Gestores de Programas Governamentais, como merenda ou alimentao escolar, ensino fundamental e crdito; Conselhos de Polticas Setoriais, por meio da elaborao,

implantao e controle das polticas pblicas, definidos por leis federais para concretizarem direitos de carter universal, como Sade, Educao e Cultura; Conselhos Temticos, que visam acompanhar as aes governamentais junto a temas transversais que permeiam os direitos e comportamentos dos indivduos e da sociedade, como Direitos Humanos, violncia, discriminao contra a mulher, contra o negro, dentre outros. Os Conselhos tambm se utilizam de temas mais amplos para serem implantados, como o Conselho de Desenvolvimento Municipal, o Conselho de Desenvolvimento Urbano e o Conselho de Desenvolvimento e Economia Social, entre vrios outros. Apesar de no serem veculos isolados de Controle Social, os Conselhos, se implantados com respeito a sua autonomia, buscando a intersetorialidade entre el es, a manuteno de uma infra-estrutura adequada s suas funes e o seu carter pluralista (participao de representantes da sociedade civil e do Poder Pblico legalmente escolhidos), podem se tornar no mais forte espao de Controle Social, pois a forma mais direta de controle social. Qualquer cidado pode atravs dos seus representante s acompanhar, fiscalizar e avaliar os servios pblicos ou privados, representando con tra qualquer ato que julgue atentatrio aos seus direitos. Dentre os conselhos aqui citados, apreciaremos com maior profundidade o CDES, ou Conselho de Desenvolvimento Econmico e Social. Implantado oficialmente n o dia 13 de fevereiro de 2003 com o intuito de assessorar o novo pacto social que se forma no Brasil, e no, participar de disputas polticas com o Congresso Nacional ou outra s instncias superiores, regido pelo Decreto-lei n 4.569/03 e tem como secretrio de Desenvolvimento Econmico e Social, o ministro Tarso Genro. O CDES formado por 82 nomes escolhidos por meio de critrios baseados na medida provisria que institui o conselho, a saber: representatividade nacional e setorial, capacidade de contrib uir com o governo, nomes de reconhecido esforo pela rea social. Os conselheiros representam trabalhadores, empresrios, organizaes no-governamentais e religiosas e outros segmentos da sociedade e nenhum deles ser remunerado. Tm o objetivo de definir quais e quando sero feitas as principais reformas do pas. De acordo com o Art. 1 do Decreto-lei n 4.569/03, a Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econmico e Social, rgo integrante da Presidncia da Repblica, tem como rea de competncia os seguintes assuntos: I -assessoramento direto e imediato ao Presidente da Repblica na formulao de polticas e diretrizes especficas, voltadas ao desenvolvimento econmico e social;

II -articulao com a sociedade civil organizada para a consecuo de modelo de desenvolvimento configurador de novo e amplo contrato social; III -coordenao e secretaria do funcionamento do Conselho de Desenvolvimento Econmico e Social; e IV -coordenao e superviso da execuo das diretrizes e deliberaes do Conselho de Desenvolvimento Econmico e Social. A diviso setorial dos conselheiros resultou como se segue: agropecuria: 5; comrcio: 2; cultura: 2; entidade de classe: 3; financeiro: 7; indstria: 23; movime nto social: 11; personalidade: 10; religioso: 2; servios: 4; sindical: 13.

MINISTRIO PBLICO A funo do Ministrio Pblico a de guardio da sociedade, vigilante da ordem e do respeito dos poderes pblicos aos direitos assegurados aos cidados pela Constituio Federal. No tocante sade teve a sua atuao realada, uma vez que a Constituio tratou a sade como servio de relevncia pblica e incumbiu o Ministrio Pblico de zelar pela garantia da prestao desses mesmos servios. TRIBUNAL DE CONTAS o rgo auxiliar do Congresso Nacional e da Assemblia Legislativa ao qual compete a fiscalizao contbil, financeira oramentria, operacional e patrimonial d a Unio, Estados e Municpios, respectivamente e das entidades da administrao direita e indireta, tambm nos trs nveis de governo. Todo Cidado tem o direito de denunciar aos Tribunais de Contas irregularidades e ilegalidades verificadas contra o patrimnio pblico. AO CIVIL PBLICA um "processo" utilizado mediante representao do Ministrio Pblico ou atravs de Associaes legalmente constitudas h pelo menos um ano. Para esta ao no haver adiantamento de custas, honorrios periciais ou quaisquer outras despesas. MANDADO DE SEGURANA COLETIVO Serve para proteger direito lqido e certo, quando o responsvel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pblica ou agente de pessoa jurdica no exerccio de atribuies do poder pblico. Pode ser impetrado por partido poltico ou por organizao de classe ou associao legalmente constituda e em funcionamento h pelo menos um ano. MANDADO DE INJUNO Pode ser usado quando na falta de norma regulamentadora que possa tornar invivel o exerccio dos direitos e liberdades constitucionais. AO POPULAR Todo cidado, individualmente, pode entrar com uma ao popular no Poder Judicirio, basta que um direito ou interesse pblico esteja sendo lesado. A Ao popula r confere ao povo a legitimidade para defender, via Poder Judicirio, o interesse pbl ico. a garantia dos direitos coletivos. Ela se reserva proteo do patrimnio pblico, a moralidade administrativa, ao meio-ambiente e ao patrimnio histrico e cultural. CDIGO DO CONSUMIDOR A proteo aos consumidores, garantida na Constituio Federal e depois regulamentada pelo Cdigo do Consumidor, em muitos momentos se entrelaa com o direito sade e abre caminho valioso para o cidado buscar no poder judicirio a proteo adequada, no caso de violao do seu direito sade. Os Governos criaram as Procuradorias do Consumidor para que os cidados possam fazer suas reclamaes. DEFENSORIA PBLICA

Considerando que para se recorrer ao Poder Judicirio, necessrio se fazer representar por advogado, a Constituio garantiu aos que comprovareminsuficinc ia de recursos, a assistncia jurdica gratuita. a Defensoria Pblica o rgo

competente para oferecer, gratuitamente, ao cidado este servio, a orientao e defesa necessrias para fazer valer seus direitos. LEGISLATIVO

A articulao da sociedade com o Poder Legislativo (nvel federal, estadual e municipal) atravs do Conselho de Sade ou diretamente pelas entidades associativas criam as condies para a efetiva fiscalizao do Poder Executivo. Alm da parte legtima para as aes de interesse coletivo (ao civil pblica e mandado de segurana) o Poder Legislativo dispe das comisses parlamentares de inqurito como instrumento para investigao e apurao de ilcitos civil ou criminal decorrentes do desrespeito ou omisso no cumprimento da legislao. COMISSES So rgos fiscalizadores compostos por representantes das partes interessadas, servindo como intermedirias para tratar de assuntos que envolvam interesses comuns. ORAMENTO PARTICIPATIVO O Oramento Participativo surge da necessidade da interao entre a participao popular e a participao governamental para que a comunidade possa opinar e decidir como aplicar/canalizar recursos para reas que verifique que precisam se r priorizadas. Dessa forma a sociedade torna-se agente das decises pblicas. AUDINCIA PBLICA Uma audincia pblica o procedimento de consulta sociedade ou a grupos sociais interessados em determinado problema ou que estejam potencialmente afeta dospor determinado projeto. utilizado como canal de participao da comunidade nas decises em nvel local; um tipo de sesso extraordinria onde a populao pode se manifestar, dando sua opinio e seu ponto de vista acerca de um determinado assunt o, levando o responsvel pela deciso a ter acesso aos mais variados posicionamentos. Tais inferncias no determinam a deciso, pois tm carter consultivo apenas, mas a autoridade, mesmo desobrigada a segui-las, deve analis-las a propsito de aceit-las ou no. q MONITORAMENTO AUTNOMO Muitos dos instrumentos utilizados no surgiram com bases jurdicas legais para efetuar o controle social, mas acabam por intervir diretamente com sua part icipao nos ditames pertinentes a um instrumento de controle. SINDICATOS Ainda que os sindicatos tenham, muitas vezes, como objetivo mestre o beneficiamento de determinada classe dentro da sociedade, todas as resolues que possam advir a partir de uma negociao junto classe patronal ou ao Estado, so resultados que vo abarcar a populao como um todo. Dessa forma, os sindicatos se apresentam como meio de Controle Social, uma vez que pressionam as instncias superiores para se chegar a um determinado fim pblico.

ONGs Como veculos mediadores entre o Estado e a sociedade civil, muitas ONGs objetivam exatamente a construo de atividades para o Controle Social. Por meio da conscientizao da comunidade/pblico em que est inserida, vrias organizaes buscam, junto ao Ministrio Pblico e a outros espaos do Poder Pblico, mover aes/processos que pressionem o Estado quando este, nos atributos das suas funes, desrespeita direitos constitucionalmente adquiridos pela populao. UNIVERSIDADES J que as Universidades so formadoras de opinio e concretizam os seus estudos, pesquisas e discusses trazendo-os a pblico (por meio de mobilizaes, passeatas, Congressos, meios de comunicao, etc.), tornam-se espaos de Controle Social, pois promovem a integrao entre a comunidade, a academia e os Poderes Pblicos, sendo fortes mecanismos de presso junto ao Estado, seja porque a vida poltica muito se constri dentro do espao acadmico, seja porque a participao das Universidades na vida pblica do pas se efetiva de forma marcante. OUVIDORIAS INDEPENDENTES A implantao de Ouvidorias Independentes se concretiza como mais uma forma de Controle Social, j que possuem o intuito de seifirmar como interlocutore s entre a sociedade civil e os rgos Pblicos responsveis pela constatao e defesa dos direitos da popuao que, porventura, sejam violados, sem a vinculao efetiva junto a nenhum rgo do poder pblico. PARTIDOS POLTICOS Por vezes os parlamentares acolhem as denncias de irregularidades ou queixas oriundas do cidado e, em seu nome ou em nome do prprio partido, exigem aberturas nas instncias superiores do poder para as devidas constataes, o que lhes d um carter de controlador social das aes pblicas. 4. Legitimao do Controle Social e Participao Popular Os artigos relacionados a seguir foram exploradas pelo Prof. Elenaldo Teixeira n o mdulo do PROGRAMA ONG FORTE quando tratado o tema Controle Social e tm como motor a efetiva legalizao dos direitos da populao participao, fiscalizao e ao monitoramento junto aos Poderes Pblicos, o que garante a sua sustentao jurdica. A catalogao de leis de mesmo prumo vem facilitar a compreenso dos pontos mais pertinentes a cada grupo de artigos, e nos enriquecer com informaes acerca dos caminhos a serem percorridos quando do desejo do cidado em exercitar o seu poder de participao e controle social. O DIREITO AO EXERCCIO DO PODER O direito ao exerccio de poder por parte dos cidados, assegurado pela Constituio Federal de 1988 (Art. 1, 1), permite ao cidado junto aos rgos .

Pblicos: peticionar junto aos Poderes Pblicos para a defesa de seus direitos (Art. 5 XXXIV), obter certides em reparties pblicas (Art. 5 -XXXV), fiscalizar as contas municipais (Art. 31, 3), denunciar irregularidades ou ilegalidades (Art. 74, 2), participar dos conselhos de gesto de sade (Art. 198 - III), assistncia social (Art. 204 II), e educao (Art. 206 -VI), cooperar por meio de associaes no planejamento municipal (Art. 29 - XII), receber informaes das autoridades (Art. 5 - XXXIII), prom over aes judiciais e representaes (Art. 5 - LXXIII). Da mesma forma o Decreto-lei n. 201/67 autoriza o cidado denncia do prefeito e a Lei de Responsabilidade Fiscal n 101 de 2000 (Art. 48 e Art. 49) assegura populao o acesso prestao de contas, aos planos e diretrizes oramentrias e demais instrumentos de transparncia vinculado s gesto fiscal. Todos os artigos descritos acima, apesar da base legal, no permitem um carter prtico para a sua efetivao, pois a populao, principal sujeito da engrenagem do controle social, por vezes se encontra alheia ao seu verdadeiro potencial de age nte propulsor de mudanas. Mesmo existindo a conscincia dos seus direitos ou mera vontade de sab-los, os receios de retaliao e reincidente impunidade poltica (j consagrada) so mais gritantes. Por conseguinte, numa grande maioria dos casos, verificam-se participaes annimas ou pedidos de representatividade junto aos Sindicatos, Partidos Polticos/Parlamentares, Comisso dos Direitos Humanos ou Conselhos frente aos rgos competentes, seja o Tribunal de Contas dos Municpios (TCM), o Tribunal de Contas do Estado (TCE), Tribunal de Contas da Unio (TCU), Ministrio Pblico (MP) ou a Defensoria Pblica. Normalmente o cidado entra em contato com um dos rgos representativos citados, expe sua denncia e o prprio rgo se que compromete a averiguar a veracidade dos fatos para depois encaminhar um ofcio pode ou no indicar os requerentes ao poder responsvel pelo assunto em questo, que vai tomar as medidas cabveis ao cumprimento da lei. O controle, ento, pode ser exercido de vrias formas: Ser extrajudicial e institucional quando exercido pelos Conselhos (nacional, estadual e municipal), pelo sistema nacional de auditoria, pelos sistemas de controle internos, tribunais de contas, ou pelo Ministrio pblico - est adual, federal ou do Distrito federal. Os instrumentos jurdicos utilizados so as resolues (como manifestaes dos Conselhos); tomadas de contas, inspeo e atos decorrentes (manifestaes das fiscalizaes e auditorias); sindicncia, inquritos administrativos (manifestaes administrativas); notificaes e recomendaes, instaurao de inquritos policial (manifestado pelo Ministrio Pblico) O controle no institucional pode ser feito por qualquer cidado, por usurios do servio pblico prestado (sade, educao), por associaes ou entidades de classe, ou por organizao no governamental. Os instrumentos judiciais so ao civil pblica, ao civil por improbidade administrativa, ao penal, aes ordinrias (em caso de leso de direito individual) e o mandado de segurana individual ou coletivo AS LEIS ORGNICAS A Lei Orgnica da Sade n 8142/90 j no seu Art. 1 promove a existncia de um Conselho de Sade a da Conferncia de Sade. Ainda no Art. 1, 2, 4 e 5,

promovida a necessidade de participao popular com paridade em relao aos demais segmentos sociais (Art. 1 4), seja para avaliar a situao da sade e formular novas diretrizes (Art. 1 1), seja para aprovar as normas que regem tais instncias (Art. 1 5) e tambm para controlar a execuo da poltica de sade no que tange os aspectos econmicos, financeiros e fiscalizatrios (Art. 1 2). Quanto Lei Orgnica da Assistncia Social n 8742/93, de grande importncia tambm para as organizaes

sociais pois determina quais as que devem receber isenes fiscais, traz no seu bojo a participao popular na formulao das polticas e no controle das aes (Art. 5), bem como legitima as instncias deliberativas com composio paritria entre governo e sociedade civil por meio do Art. 6 -I, II, III e IV. Dessa forma verificamos o es tmulo criao de mecanismos de controle social, na forma de conselhos representativos, reconhecendo que os processos de descentralizao devem ser acompanhados no somente da qualificao do gestor local, como tambm da participao da sociedade no planejamento, acompanhamento e verificao das aes. Para muitos cidados brasileiros a participao nesses conselhos propiciou a primeira oportunidade de experincia em gesto democrtica e participativa. Voltaremos ao tema dos conselhos num tpico prprio. DAS DISPOSIES SOBRE OS DIREITOS FUNDAMENTAIS A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Brasileira n 9394/96 enseja a participao do cidado, por meio de associaes, organismos sindicais ou de classe e o prprio Ministrio Pblico a peticionar junto ao Poder Judicirio o direito pblico ao ens ino fundamental (Art. 5 3). Atesta ainda, no Art. 9 1, a existncia de um Conselho Nacional de Educao e no Art. 14 - I e I, respectivamente, defende a participao nesse conselho dos profissionais da educao e das comunidades escolar e local. De maneira anloga, o Estatuto da Criana e do Adolescente, Lei n 8069/90, no Art. 88 II, tambm visa promover a criao de Conselhos municipais, estaduais e nacionais dos direitos da criana e do adolescente, assegurando a participao paritria da comunidade utilizandose de organizaes representativas. Ainda no Art. 88 IV, amplia a funo dos conselhos pois vincula-os manuteno de fundos nacionais, estaduais e municipais. Mo Art. 132, indica a composio do Conselho Tutelar no municpio com cinco membros escolhidos pela comunidade local. Esses artigos reafirmam o tpico j abordado sobre a importnci a dos conselhos e formaliza a participao do cidado na reivindicao de direitos fundamentais concernentes educao de todo e qualquer cidado, assinalando a criana e o adolescente como prioridade nacional e garantindo legalmente os seus direitos. 4.1. O CONTEXTO BAIANO No que diz respeito participao e controle social na Bahia, foi possvel observar a inoperncia de muitas leis, seja pela falta de informao, seja pela fora poltica exercida pela elite governamental local, que impossibilita movimentos de control e mais expressivos e freqentes. Conforme o contato mantido com a comisso de Direitos Humanos da Assemblia Legislativa da Bahia, com o Tribunal de Contas da Unio, Gabinetes de Parlamentares e Sindicato dos Trabalhadores em Sade, fica perceptvel a conscincia desses rgos quanto falta de participao popular devido inexistncia de instrumentos competentes para o exerccio da cidadania, como informativos acessveis comunidade acerca dos seus direitos legais. A fim de reduzir o nmero de cidados baianos alheios a tais questes, a Comisso de Direitos Humanos da Assemblia Legislativa da Bahia publicou, em 1994, A Cartilha da Cidadania , de texto simples e preciso, sinalizando pontualmente os di reitos do cidado de acordo com artigos da Constituio Federal, da Constituio Estadual, da Lei Municipal, do Estatuto da Criana e do Adolescente, Lei Orgnica do Municpio, den

tre outras fontes. Essa cartilha foi distribuda de forma impressa gratuitamente, send o que o contedo da mesma tambm encontra-se disponvel no site http://www.peacelink.it/zumbi/na_luta/ddhh/cdh-al.html. A cartilha, no seu laname nto,

contou com uma divulgao restrita Salvador e regio metropolitana e com apenas uma edio de dez mil exemplares. At a finalizao dessa pesquisa esse foi o nico meio encontrado de informao efetiva para a cidadania local. Interessantes constataes foram feitas no que tange a variedade de assuntos tratados pela Comisso de Direitos Humanos, desviando, muitas vezes, dos seus foco s temticos, o que sinaliza de qualquer forma uma certa interatividade do rgo com os demais poderes competentes, mas tambm nos remete mais uma vez desinformao do cidado do setor responsvel de fato pelas questes levantadas. 4.2. OS CONSELHOS As decises dos conselhos devem ser manifestadas por meio de resolues quando sua prerrogativa tiver carter deliberativo. A Resoluo uma forma de expressar as decises e deliberaes tomadas pelos conselheiros, e deve ser homologada (aprovada) pelo chefe do poder legalmente constitudo, Prefeito, Govern ador, Presidente ou algum nomeado para este fim. O Conselho tem o papel deliberativo quando: define e aprova proposta oramentria, diretrizes, programao de transferncia dos recursos financeiros, critrios e valores para remunerao de servios e a sua programao, convoca extraordinariamente Conferncias para efetuar avaliaes e formulaes da poltica setorial, cria comisses permanentes ou provisrias, dentre tantas outras atribuies deliberativas. Atravs de recomendaes e moes, os conselhos exercem sua atribuio de carter consultivo. Recomendaes ou moes so manifestaes de advertncia ou o resultado de um assunto discutido em plenrio que requer posicionamento do Conselh o, mas que no possvel deliberar, pois ultrapassa o poder do Conselho. Os Conselhos vo atuar como rgos consultivos: ao acompanhar a autoridade local ou federal no processo de planejamento do devido setor correspondente; propor critrios para a definio de padres e parmetros assistenciais; acompanhar o processo de desenvolvimento e incorporao cientfica e tecnolgica na rea afim; observando os critrios ticos com que os profissionais atuam com relao aos usurios. Os conselhos se utilizam de comunicaes e representao quando sua deliberao tiver carter fiscalizador. Os Conselhos fiscalizam quando: discutem sobre a movimentao e a transferncia, em si, dos recursos financeiros no mbito de sua respectiva atuao, bem como a execuo da poltica da instncia correspondente, acompanhando e controlando os Fundos. O conselhos devem ser informados pelo Gestor Municipal sobre tudo o que est sendo feito e o que pode ser feita no setor, assim como esclarecer populao, receber as queixas e reclamaes, negociar com os outros Conselhos e Secretarias aes que melhorem a qualidade de vida do cidado, examinar e investigar fatos denunciados n o Plenrio, relacionados s aes e servios concernentes a sua atuao. As reunies dos conselhos municipais devem ser abertas a qualquer cidado. Todos podem se

manifestar, mas o direito ao voto exclusivo do Conselheiro. A secretaria ou rgo

competente cabe a providncia das condies necessrias para a divulgao do calendrio das reunies do Conselho Municipal. Pode participar dos conselhos municip ais qualquer entidade existente no municpio: clubes de mes; grupos de sade; das igrejas ; culturais; de proteo; de deficientes; associaes de classe; sindicatos de trabalhador es urbanos e rurais; de empregadores; associaes ou unies de moradores; etc. Estas so entidades que representam usurios. Na representao dos trabalhadores, podemos citar os sindicatos ou associaes que, ou so de trabalhadores da rea em questo ou possuem trabalhadores em sua base (filiados). Se no municpio no existe entidade organizada de trabalhadores, estes podem ter sua representao escolhida atravs de assemblias de trabalhadores das unidades existentes no municpio. Devemos lembrar que os diretores das unidades ou representam o governo, pois foram indicados ou representam os donos das unidades conveniadas ou contratadas. J os gestores e prestadores de servios sero representados pelas Secretarias Municipais que tenham, ou no, ligao com o setor em voga, por representantes do Estado e/ou do nvel Federal (se houver) e os donos de unidades privadas ou filantrpicas. Representantes do Legislativo (Cmara) e Judicirio no devem participar como representao no Conselho Municipal. Vereadores e os membros do Poder Judicirio representam os outros dois poderes do Estado, possuindo atribuies especficas. 5. 5 CASOS CONCRETOS Merece destaque o sigilo dos processos que retardaram o andamento da pesquisa j que, alm de existirem em nmero bastante restrito, a sua cpia no era permitida e at a mera consulta muitas vezes era negada. Interessante salientar ainda o acesso, quando possvel, a essas informaes. Enquanto o Tribunal de Contas da Unio indicou que tanto pessoalmente como junto a o site os processos abertos ao pblico eram os mesmos, a Comisso de Direitos Humanos limita, pelo menos at agora, consultas diretamente na sua sede. Os parlamentares, outro vis importante na busca de dados, tambm solicitam o comparecimento ao respectivo gabinete. Outro ponto a ser considerado nas visitas a esses rgos a surpresa dos assessores de parlamentares e secretrios quando indagados sobre tais processos, o que indica a inexpressividade desse tipo de ao no Estado da Bahia, tanto partindo do cidado comum, quanto de associaes. O mais freqente a ocorrncia de situaes jurdicas nesse grau oriundas de parlamentares que recebem denncias, por vezes annimas, e acabam por representar o cidado na tramitao do processo. Lamentvel no haver um acompanhamento de fato dos processos abertos nem pela Comisso de Direitos Humanos, nem pelos parlamentares, por vezes impossibilitados em funo do nmero restrito de funcionrios. Tal lacuna nos impede de ter cincia real do arquivamento desses casos pelos poderes competentes e do resul tado obtido em cada questo, como ficar demonstrado quando da leitura das citaes dos casos abaixo. A maioria dos documentos so tratados com o mximo sigilo, inviabiliza ndo as citaes de alguns nomes envolvidos nos processos e chegando a gerar comentrios dos rgos visitados sobre a necessidade de se conhecer algum funcionrio interno ao Tribunal de Contas ou ao Ministrio Pblico como facilitador para o acesso a essas informaes. A seguir so relatados alguns dos poucos casos concretos da efetiva

implementao dos instrumentos de controle social pela sociedade baiana que pde-se conhecer: Solicitao de estudantes e profissionais de ensino ligados ao Centro integrado de Paulo Afonso CIEPA para a apurao e devidas providncias contra

irregularidades na gesto da diretora Sr. Vera Lcia Costa que promovia perseguies ao corpo docente a abusos no processo de eleio para o Colegiado escolar de 2001. Impedia tambm a participao de alguns membros em Assemblia para a escolha da Comisso Eleitoral . Cidados e ambientalistas denunciam a ao de duas empresas (uma particular e outra vinculada ao grupo ODEBHECHT) na regio de Rio de Contas que exploram granito sem licena ambiental, comprometendo os mananciais que abastecem grande parte do municpio. Foi criado um Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente para fechar convnio com o CRA com membros da comunidade local sem consulta prvia. A Associao de Moradores organizou um manifesto e Ao Pblica. Impossibilitado de acesso ao transporte escolar, por ter denunciado a utilizao do transporte para outros fins que no os de interesses pblico, estudante novamente reivindica seus direitos pois mora na zona rural no municpio de Irar e precisa se deslocar at a cidade onde estuda. Recebeu ofensas do motorista que chegou a chamar a polcia para retirar o estudante do veculo. Denncia do Partido dos Trabalhadores contra o prefeito de Entre Rios, Manoelito Argolo, que tinha a pretenso de impedir a realizao de um comcio. Os denunciantes assinalam para a promoo de uma micareta de ltima hora com distribuio gratuita de bebida para populares a fim de tumultuarem as atividades do partido. A Micareta no foi realizada. Promovida ao contra o Poder Pblico Municipal em Amargosa por m Fundo de Manuteno e Desenvolvimento utilizao das verbas do FUNDEF do Ensino Fundamental pelo prefeito Sr. Rosalvo Jonas Sales alm de irregularidades no transporte escolar. Situao semelhante ocorreu no municpio de Drio Meira, onde a administrao local ameaa de morte os denunciantes. Ocorrncia em novembro de 2001. 6. Consideraes Finais Apesar da inegvel importncia da Cartilha da Cidadania, pode-se pens-la de maneira mais ampliada a partir do momento que agregasse, por exemplo, artigos co mo os trabalhados por Elenaldo Teixeira, citados nessa pesquisa, envolvendo questes mai s profundas sobre o controle social, incluindo a acessibilidade do cidado aos instr umentos de controle social. A Comisso de Direitos Humanos est trabalhando junto a setores competentes a fim de aperfeioar a cartilha e agregar fundamentaes jurdicas ao texto no prximo lanamento, previsto para final desse semestre. Em todo caso, ainda que o cidado possa simplesmente promover uma ao popular, buscar dados, questionar a legitimidade de quaisquer atos ou fazer dennc ias diretamente aos Poderes, sem necessariamente precisar de intermediadores, ele normalmente busca algum representante. notrio, pois, que tanto a populao encontrase mal informada, inexistindo, em verdade motivao dos polticos para tanto, como os rgos Pblicos, burocratizantes das aes judiciais, sustentam a morosidade e, por vezes, a injustia social, levando a populao descrena nas prprias leis criadas para amparar a sua participao.

7. Bibliografia CARVALHO, Maria do Carmo A. A. e TEIXEIRA, Ana Cludia C. . Conselhos Gestores de Polticas Pblicas. So Paulo, Plis, 2000.144p.(Publicao Plis,37). GOHN, Maria da Glria. Conselhos Gestores e Participao Sociopoltica. So Paulo, Cortez, 2001. 120p. Cdigo comercial, cdigo tributrio e Constituio Federal -Coordenadora Anne Joyce Anger. So Paulo, Rideel, 2002.(Coleo de Leis Rideel, Srie 3 em 1). Cartilha da Cidadania Frum de Entidades de Direitos Humanos da Bahia e Comisso de Direitos Humanos da Assemblia Legislativa da Bahia. Bahia, grfica da Assemblia Legislativa Ba, 88p. 8. Webliografia http://www.peacelink.it/zumbi/na_luta/ddhh/cdh-al.html http://www.evsus.hpg.ig.com.br/documentos.htm http://www.rebidia.org.br/boletim/bolet08.html http://www.tipitima.hpg.ig.com.br/cartilhacons/0_indice_cartilha_conselheiros.ht m http://www.tvebrasil.com.br/salto/cont/cont0.htm http://paginas.terra.com.br/educacao/gentefina/formata.htm http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/capacitacao_anexos/guia_monitor.p df 9. Entrevistas Tribunal de Contas da Unio Cedra: Assessoria Sindicato dos Trabalhadores em Sade Dr. Moura: Diretor Jurdico Gabinete do Deputado Zilton Rocha Josi e Leo: Assessores parlamentares Comisso de Direitos Humanos da Assemblia Legislativa da Bahia Elton: Secretrio parlamentar