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PACOTE PREPARATÓRIO – TRT 2ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA – DIREITO ADMINISTRATIVO --------------------------------------------------------------------------------------------------- 1 Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br Olá! Depois de algumas semanas juntos, conhecendo e entendendo o Direito Administrativo brasileiro, chegou o momento de começarmos a tratar de alguns assuntos mais “teóricos”, a exemplo do controle e da responsabilidade civil do Estado. Ao analisar o conteúdo da aula, perceba que a Fundação Carlos Chagas tem o hábito de cobrar o entendimento do Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal em suas questões, já que não existe uma lei específica regulando os citados temas. Assim, encontrando qualquer dificuldade na assimilação do conteúdo, fique à vontade para recorrer ao fórum de dúvidas, pois, certamente, todas as perguntas enviadas serão respondidas. No mais, bons estudos! Conte comigo sempre que precisar! Fabiano Pereira [email protected] www.facebook.com.br/fabianopereiraprofessor "O sonho e a esperança são dois calmantes que a natureza concede ao ser humano." (Frederico I)

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    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br

    Ol!

    Depois de algumas semanas juntos, conhecendo e entendendo o Direito Administrativo brasileiro, chegou o momento de comearmos a tratar de alguns assuntos mais tericos, a exemplo do controle e da responsabilidade civil do Estado.

    Ao analisar o contedo da aula, perceba que a Fundao Carlos Chagas tem o hbito de cobrar o entendimento do Superior Tribunal de Justia e Supremo Tribunal Federal em suas questes, j que no existe uma lei especfica regulando os citados temas.

    Assim, encontrando qualquer dificuldade na assimilao do contedo, fique vontade para recorrer ao frum de dvidas, pois, certamente, todas as perguntas enviadas sero respondidas.

    No mais, bons estudos!

    Conte comigo sempre que precisar!

    Fabiano Pereira

    [email protected]

    www.facebook.com.br/fabianopereiraprofessor

    "O sonho e a esperana so dois calmantes que a natureza concede ao ser humano."

    (Frederico I)

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    CONTROLE DA ADMINISTRAO PBLICA

    1. Consideraes iniciais ............................................................. 03 2. Conceito .................................................................................. 03

    3. Classificao ........................................................................... 04

    3.1. Quanto extenso do controle .................................... 04

    3.2. Quanto natureza do controle .................................... 05

    3.3. Quanto ao mbito da Administrao ............................ 06

    3.4. Quanto oportunidade ................................................ 07

    3.5. Quanto iniciativa ....................................................... 08

    4. Controle administrativo ........................................................... 09

    4.1. Instrumentos ............................................................... 10

    5. Controle legislativo ................................................................. 15

    5.1. Controle poltico ........................................................... 15

    5.2. Controle Financeiro ...................................................... 18

    6. Controle Judicial ...................................................................... 23

    7. Reviso de vspera de prova RVP...................................... 28 8. Questes comentadas ........................................................... 57 9. Questes com gabaritos ........................................................ 89 10. Responsabilidade Civil do Estado ......................................... 31

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    1. Consideraes inicias

    A atuao do agente pblico na materializao das atividades administrativas no pode se pautar em sua vontade pessoal. necessrio que os atos e condutas provenientes dos agentes pblicos sejam pautados na lei (princpio da legalidade) e amparados por uma fundamentao ftica e jurdica que permita o respectivo controle e fiscalizao (motivao).

    Essa necessidade decorre do prprio texto constitucional, mais precisamente do pargrafo nico, artigo 1, ao declarar que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituio.

    Apesar de o poder originar-se do povo, necessrio esclarecer que no o povo que administra diretamente o Estado. Em regra, o poder exercido indiretamente, atravs de representantes eleitos para o exerccio de funes legislativas e administrativas. Assim, imprescindvel que o povo tenha acesso s informaes e s condutas administrativas de seus representantes com o objetivo de fiscaliz-las e realizar o respectivo controle, que pode ser exercido atravs da provocao dos rgos pblicos competentes e da utilizao de instrumentos jurdicos criados com essa finalidade.

    Apesar da possibilidade de participao do povo no controle e fiscalizao da Administrao Pblica, esta se caracteriza por ser uma atribuio essencialmente estatal, constituindo verdadeiro poder-dever dos rgos a que a lei atribui essa funo, sejam eles integrantes do prprio Poder Executivo, ou, ainda, dos Poderes Legislativo e Judicirio.

    2. Conceito

    O professor Jos dos Santos Carvalho Filho denomina de controle da Administrao Pblica o conjunto de mecanismos jurdicos e administrativos por meio dos quais se exerce o poder de fiscalizao e de reviso da atividade administrativa em qualquer das esferas de poder.

    No mesmo sentido, a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro define o controle da Administrao como o poder de fiscalizao e correo que sobre ela exercem os rgos dos Poderes Judicirio, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade de sua atuao com os princpios que lhe so impostos pelo ordenamento jurdico.

    Analisando-se os conceitos apresentados pelos mencionados professores, conclui-se que o controle da Administrao Pblica no se restringe apenas ao prprio Poder Executivo, sendo exercido tambm pelos Poderes Legislativo e Judicirio. Ademais, alcana todos os atos editados no exerccio da funo administrativa, independentemente do Poder responsvel pela edio.

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    3. Classificao

    Os doutrinadores brasileiros apresentam vrias classificaes para o controle da Administrao Pblica, mas, para fins de concursos pblicos, importante destacar as seguintes:

    3.1. Quanto extenso do controle

    3.1.1. Controle interno

    aquele exercido internamente, por cada um dos Poderes, em relao aos seus prprios atos. Podemos citar como exemplo o controle exercido pela Corregedoria de Justia em relao aos atos praticados pelos servidores do Poder Judicirio, ou, ainda, o controle exercido por um Gerente Executivo do INSS em relao aos seus subordinados.

    Assim, correto afirmar que o controle interno de seus prprios atos exercido pelo Poder Legislativo, pelo Poder Judicirio e pelo prprio Executivo, sempre amparados no poder-dever de autotutela.

    3.1.2. Controle externo

    Ocorre quando o controle dos atos administrativos exercido por um Poder diferente daquele responsvel pela sua edio. Essa possibilidade est amparada no artigo 2 da Constituio Federal de 1988, ao afirmar que so poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judicirio.

    So vrios os exemplos que podem ser apresentados, entre eles a anulao de um ato administrativo do Poder Executivo pelo Poder Judicirio; o controle realizado pelos Tribunais de Contas sobre os atos do Executivo e do Judicirio; o julgamento anual, pelo Congresso Nacional, das contas prestadas pelo Presidente da Repblica (artigo 49, V, CF/88), entre outros.

    O controle externo de maior abrangncia certamente aquele exercido pelo Poder Judicirio, pois este tem a prerrogativa de analisar a legitimidade e a legalidade dos atos editados pelos demais poderes, em carter de definitividade (coisa julgada material).

    No concurso pblico para o cargo de Analista Judicirio do TRT da 19 Regio, realizado em 2008, a FCC considerou correta a seguinte assertiva: Quando o Tribunal de Contas do Estado realiza auditoria sobre determinada despesa realizada pelo Poder Executivo, ele exerce controle de carter externo.

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    3.2. Quanto natureza do controle

    3.2.1. Controle de legalidade ou legitimidade

    Controle de legalidade ou legitimidade aquele em que se verifica a conformidade da conduta ou ato administrativo com o direito vigente. Constatando-se a incompatibilidade da ao ou omisso administrativa com a lei ou princpios gerais do Direito, a reviso da conduta ou do ato medida que se impe.

    Quando os Poderes Executivo, Legislativo e Judicirio esto analisando a legalidade de seus prprios atos, tem-se o controle interno de legalidade. Por outro lado, quando a legalidade dos atos editados por um poder est sendo analisada por outro poder, ocorre o controle externo de legalidade.

    Exemplo: Quando o Poder Judicirio julga mandado de segurana impetrado em face de ato administrativo supostamente ilegal, editado por agente do Poder Executivo, exerce o controle externo. Entretanto, quando a Corregedoria de Justia anula ato administrativo praticado por autoridade judiciria, ocorre o controle interno de legalidade.

    3.2.2. Controle de mrito

    No controle de mrito, no se analisa a conformidade da edio do ato com a lei, mas sim a convenincia e a oportunidade da conduta administrativa. O objetivo verificar se aquilo que mais conveniente, oportuno, mais adequado ou mais justo est sendo adotado para que a Administrao Pblica possa alcanar os seus fins.

    Para responder s questes de prova: O controle de mrito do ato administrativo, em regra, exercido pelo prprio Poder responsvel pela sua edio. Assim, somente o Poder Executivo pode exercer o controle de mrito dos atos editados pelos seus agentes, o que tambm acontece em relao aos demais poderes.

    Exemplo: Se um determinado servidor do Poder Legislativo deseja usufruir de frias no ms de janeiro e, contrariando o seu interesse, o superior imediato entende que o mais conveniente e oportuno para a Administrao o gozo no ms de dezembro, de nada adiantar recorrer ao Poder Judicirio para mudar a data.

    Por se tratar de ato discricionrio, o Poder Judicirio somente est autorizado a analisar a legalidade do ato, mas no o mrito administrativo (convenincia e oportunidade). Neste caso, compete exclusivamente ao Poder Legislativo (no exerccio da funo administrativa) decidir em qual ms o servidor ir usufruir do perodo de frias (j imaginou se todos os servidores decidissem sair de frias no ms de janeiro?).

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    importante destacar que a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que somente em carter excepcional, e quando expressamente previsto no texto constitucional, ser assegurado a outro poder exercer o controle de mrito sobre os atos praticados pelo Poder Executivo, a exemplo da previso contida no art. 49, X, da CF/88.

    Nos termos do citado dispositivo constitucional, compete exclusivamente ao Congresso Nacional fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, includos os da administrao indireta.

    ATENO: Quando a Administrao Pblica efetua o controle de mrito e entende que no mais conveniente ou oportuno manter a produo de efeitos de um determinado ato administrativo, poder ento revog-lo.

    incorreto afirmar que a Administrao poder anular um ato em razo da inexistncia de convenincia ou oportunidade, pois a anulao consequncia do controle de legalidade, e no de mrito.

    3.3. Quanto ao mbito da Administrao

    3.3.1. Controle por subordinao ou hierrquico

    Essa forma de controle consequncia das relaes hierrquicas existentes no interior da Administrao entre os diversos rgos e agentes pblicos. Ocorre tipicamente no Poder Executivo, caracterizando-se como um controle interno, pois, em regra, os rgos pblicos integram uma mesma pessoa jurdica.

    Como exemplo, podemos citar o controle que uma Secretaria Municipal de Sade exerce em relao aos Postos de Sade do Municpio, que so rgos pblicos.

    Informam os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino que, em razo de sua natureza, o controle hierrquico pleno (irrestrito), permanente e automtico (no depende de norma especfica que o estabelea ou autorize).

    Como consequncia do controle por subordinao decorrem as faculdades de superviso, coordenao, orientao, fiscalizao, aprovao, reviso e avocao das atividades administrativas pelos rgos ou agentes superiores em relao aos rgos ou agentes subordinados.

    ATENO: O controle hierrquico ou por subordinao ser exercido no mbito do Poder Executivo da Unio, Estados, Distrito Federal, Municpios, e, ainda, nas entidades da Administrao Pblica Indireta. Tambm ir ocorrer no interior dos rgos administrativos que compem a estrutura do Poder Judicirio e Legislativo, mas nunca em relao ao exerccio das respectivas funes tpicas (judiciria e legislativa).

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    3.3.2. Controle por vinculao ou controle finalstico

    o controle exercido externamente pelas entidades da Administrao Direta (Unio, Estados, Municpios e Distrito Federal) em relao s entidades da Administrao Indireta (autarquias, fundaes pblicas, empresas pblicas e sociedades de economia mista).

    Conforme estudamos anteriormente, no existe relao de subordinao entre as entidades da Administrao Direta e entidades da Administrao Indireta, pois estas esto apenas vinculadas s primeiras. Assim, no h como se falar em controle hierrquico, mas sim em controle por vinculao (que a relao existente entre Administrao Direta e Indireta).

    Podemos citar como exemplos de controle finalstico ou por vinculao o exercido pelo Ministrio da Fazenda (rgo integrante da estrutura da Unio) em face do Banco do Brasil (sociedade de economia mista federal); o exercido pelo Ministrio do Meio Ambiente em face do IBAMA (autarquia federal); o exercido pelo Ministrio da Previdncia sobre o INSS (autarquia federal), etc.

    No concurso pblico para o cargo de Executivo Pblico da Casa Civil, realizado em 2010, a Fundao Carlos Chagas considerou correta a seguinte assertiva: O controle no mbito da administrao direta decorre da subordinao hierrquica, e, no campo da administrao indireta, resulta da vinculao administrativa, nos termos da lei instituidora das entidades que a compem.

    3.4. Quanto oportunidade

    3.4.1. Controle prvio

    Controle prvio (ou a priori) aquele exercido antes da consumao do ato administrativo, possuindo natureza preventiva. Como exemplo, podemos citar a aprovao, pelo Senado Federal, da escolha do Procurador-Geral da Repblica (artigo 52, III, e, da CF/88).

    Assim, antes de o Procurador-Geral da Repblica ser empossado no cargo necessrio um controle prvio do Senado Federal, que ir aprovar a indicao efetuada pelo Presidente da Repblica mediante o quorum de maioria absoluta. Caso os Senadores entendam que a pessoa indicada pelo Presidente da Repblica no preenche as condies necessrias para o exerccio do cargo, ser rejeitada a indicao.

    3.4.2. Controle concomitante

    aquele que acontece ao mesmo tempo em que o ato administrativo ou a atividade da Administrao esto sendo executados, permitindo-se, assim, tanto o controle preventivo quanto o repressivo, conforme o andamento do ato ou atividade.

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    Como exemplo, podemos citar o acompanhamento de um concurso pblico por uma comisso de servidores especialmente constituda com essa finalidade, que ir controlar todas as etapas do certame, desde a elaborao do edital at a homologao do concurso.

    3.4.3. Controle subsequente ou posterior (a posteriori)

    Controle subsequente ou corretivo aquele efetuado aps a concluso do ato ou atividade administrativa com o objetivo de confirm-los ou corrigi-los, a exemplo do que ocorre na homologao de um procedimento licitatrio ou no controle judicial de atos administrativos.

    Exemplo: Suponha que o edital de um concurso pblico para o TRT da 3 Regio tenha sido publicado com a oferta de 100 (cem) vagas para o cargo de Tcnico Judicirio. Entretanto, imaginemos que o referido edital no tenha reservado uma vaga sequer para os candidatos portadores de deficincia. Sendo assim, caso a Associao dos Portadores de Deficincia do Estado de Minas Gerais ingresse com uma ao civil pblica para tentar corrigir o problema, estar sendo exercido um controle preventivo, concomitante ou posterior?

    claro que posterior, pois o edital do referido concurso pblico (ato administrativo) j havia sido publicado e estava produzindo os seus efeitos normalmente.

    No concurso pblico para o cargo de Procurador do Tribunal de Contas de So Paulo, realizado em 2011, a FCC considerou correta a seguinte assertiva: Constitui controle do Poder Legislativo a apreciao posterior de determinados atos do Poder Executivo pelo Congresso Nacional.

    3.5. Quanto iniciativa

    3.5.1. Controle de ofcio

    aquele praticado pela prpria Administrao, no exerccio do poder de autotutela, independentemente da provocao de terceiros. Ocorre, por exemplo, quando uma autoridade administrativa anula ou revoga um ato administrativo praticado por subordinado.

    Nesse caso, nenhum terceiro solicitou a revogao ou anulao do ato administrativo. A prpria Administrao Pblica, atravs de seu agente, entendeu que o ato administrativo deveria ser anulado (caso ilegal) ou revogado (caso inconveniente ou inoportuno).

    3.5.2. Controle provocado

    Controle provocado aquele que tem o seu incio mediante o acionamento ou provocao de terceiros, a exemplo do que acontece nos recursos administrativos.

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    Se a Administrao Pblica proferiu uma deciso que no de interesse do particular, por exemplo, este poder recorrer autoridade superior com o objetivo de tentar rever a deciso.

    4. Controle administrativo

    possvel definir como controle administrativo (ou autocontrole) o poder de fiscalizao e correo exercido pelo Poder Executivo e pelos rgos de administrao (no exerccio da funo administrativa) do Poder Judicirio e Legislativo sobre os seus prprios atos e atividades.

    Atravs do controle administrativo, o Poder Executivo e os rgos de administrao dos demais Poderes exercem um controle de legalidade e de mrito sobre seus atos e atividades, confirmando-os ou desfazendo-os.

    No concurso pblico para o cargo de Analista Judicirio do TRT da 23 Regio, realizado em 2011, a FCC considerou correta a seguinte assertiva: Controle Administrativo o poder de fiscalizao e correo que a Administrao Pblica exerce sobre sua prpria atuao, sob os aspectos de legalidade e mrito, por iniciativa prpria ou mediante provocao.

    A prerrogativa de anular os seus prprios atos, quando ilegais (controle de legalidade), ou revog-los, quando inconvenientes ou inoportunos (controle de mrito), est fundamentada no dever-poder de autotutela e encontra amparo na Smula 473 do STF, que expressa ao afirmar:

    A administrao pode anular seus prprios atos, quando eivados de vcios que os tornam ilegais, porque deles no se originam direitos; ou revog-los, por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciao judicial.

    ATENO: Perceba que o controle administrativo interno, ou seja, ocorre no interior da prpria Administrao ou nos rgos de administrao dos demais Poderes, sempre inserido em uma relao hierrquica entre rgos e agentes pblicos.

    O controle administrativo ocorre, por exemplo, quando revogada uma licena para tratar de assuntos particulares concedida a um servidor do Senado Federal (Legislativo). Nesse caso, o controle administrativo foi exercido no mbito do Poder Legislativo, porm em relao funo administrativa (concesso da licena), que atpica. Da mesma forma acontece quando o Tribunal Regional Federal da 1 Regio (Judicirio), por exemplo, anula de ofcio um ato administrativo realizado no mbito de um procedimento licitatrio realizado pelo prprio tribunal.

    Em ambos os casos, o controle ocorreu internamente, no exerccio da funo administrativa.

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    (FCC/Analista Judicirio TRE-RS/2010) Est correto afirmar que, o controle administrativo deriva do poder-dever de autotutela que a Administrao tem sobre seus prprios atos e agentes. Assertiva considera correta pela banca examinadora.

    4.1. Instrumentos

    So vrios os instrumentos previstos em lei e no prprio texto constitucional com o objetivo de permitir Administrao Pblica e aos rgos de administrao do Poder Judicirio e Legislativo o controle de seus atos e decises. Cada um desses instrumentos possui caractersticas especficas e por isso passemos anlise individual dos principais deles:

    4.1.1. Direito de petio

    O inciso XXXIV, a, artigo 5, da CF/88, declara expressamente que so a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petio aos poderes pblicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.

    O direito de petio um instrumento que possibilita a qualquer pessoa (fsica ou jurdica) dirigir-se formalmente a uma autoridade do Poder Pblico com o intuito de fazer uma reivindicao, queixa, solicitar esclarecimentos ou simplesmente manifestar a sua opinio sobre algo que seja de seu prprio interesse ou de interesse da coletividade.

    Atravs do exerccio do direito de petio, o interessado ir provocar a Administrao Pblica a fim de que se manifeste sobre um assunto especfico ou adote determinada providncia interna.

    Peticionar significa pedir, requerer e, portanto, esse direito tem como objetivo assegurar ao interessado a obteno de informaes ou providncias junto a determinada autoridade pblica a fim de que sejam tomadas as providncias cabveis em relao ao assunto informado.

    Trata-se de um instrumento desprovido de maiores formalidades. As nicas exigncias referem-se ao fato de que a petio administrativa deve ser escrita e identificado o peticionrio (aquele que est efetuando o pedido). Assim, no necessrio ser advogado ou contratar os servios deste para que seja apresentada uma petio administrativa perante a autoridade competente.

    O professor Jos Afonso da Silva destaca que o direito de petio no pode ser destitudo de eficcia. No pode a autoridade a que dirigido escusar-se de pronunciar sobre a petio, quer para acolh-la quer para desacolh-la com a devida motivao.

    Exemplo: Suponhamos que voc tenha sido aprovado em um concurso pblico para o cargo de agente administrativo no Municpio de Fabianpolis, na 1 colocao. Entretanto, alguns meses depois, chegou ao seu conhecimento

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    que o 2 colocado j havia sido nomeado, enquanto voc, 1 colocado, ainda aguardava a nomeao.

    Nesse caso, antes de recorrer ao Poder Judicirio, assegurado constitucionalmente o direito de protocolar uma petio administrativa solicitando esclarecimentos do Senhor Prefeito e requerendo uma soluo para a situao.

    4.1.2. Pedido de reconsiderao

    Trata-se de um pedido escrito, dirigido pelo interessado autoridade responsvel pela edio do ato, pleiteando a extino ou a alterao do ato em conformidade com as suas pretenses.

    importante esclarecer que o pedido de reconsiderao no um recurso propriamente dito. Este destinado autoridade ou rgo superior com o objetivo de que seja reexaminado ato ou deciso proferida por autoridade ou rgo inferior, enquanto aquele direcionado prpria autoridade responsvel pelo ato ou deciso proferida.

    Na esfera federal, o pedido de reconsiderao encontra previso expressa no artigo 65 da Lei n 9.784/99:

    Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanes podero ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofcio, quando surgirem fatos novos ou circunstncias relevantes suscetveis de justificar a inadequao da sano aplicada.

    Mesmo que o prazo para a propositura de recursos administrativos j tenha se esgotado, o interessado poder ainda apresentar pedido de reconsiderao quando estiver embasado na suposta existncia de fatos novos ou circunstncias relevantes que possam justificar a inadequao da deciso proferida, ou ainda a existncia de vcios que tornem ilegal o ato administrativo.

    Assim, o pedido de reconsiderao deve ser recebido e analisado pela autoridade administrativa, no como recurso, mas sim como uma reviso do ato a pedido da parte interessada.

    4.1.3. Reclamao administrativa

    A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro define a reclamao administrativa como o ato pelo qual o administrado, seja particular ou servidor pblico, deduz uma pretenso perante a Administrao Pblica, visando obter o reconhecimento de um direito ou a correo de um ato que lhe cause leso ou ameaa de leso.

    Em termos gerais, a reclamao administrativa encontra-se prevista no Decreto Federal 20.910/32. Entretanto, importante destacar que o referido decreto no especifica as modalidades e as hipteses de cabimento da

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    reclamao administrativa, restringindo-se a informar o prazo prescricional para a apresentao da reclamao, que de 01 (um) ano, contado do ato ou atividade lesiva, se outro prazo no for fixado em lei.

    O professor Digenes Gasparini, sem especificar as modalidades ou espcies de reclamaes administrativas, as define como a oposio solene, escrita e assinada, a ato ou atividade pblica que afete direitos ou interesses legtimos do reclamante. Dessas reclamaes so exemplos a que impugna certo lanamento tributrio e a que se ope a determinada medida punitiva.

    Informa ainda o autor que se trata de faculdade exercitvel por pessoa fsica ou jurdica, que tenha direitos ou interesses legtimos afetados ou em via de afetao por ato ou atividade pblica. Pode, assim, ser repressiva ou preventiva.

    No concurso pblico para o cargo de Analista Judicirio do Tribunal de Justia de Pernambuco, realizado em 2012, a FCC elaborou a seguinte questo abordando recurso hierrq uico, pedido de reconsiderao e reclamao administrativa:

    (FCC/Analista Judicirio TJ PE/2012) Considere sob a tica do controle da Administrao Pblica:.

    I. Pedidos que as partes dirigem instncia superior da prpria Administrao, proporcionando o reexame do ato inferior sob todos os seus aspectos.

    II. Solicitao da parte dirigida mesma autoridade que expediu o ato, para que o invalide ou o modifique nos termos da pretenso do requerente.

    III. Oposio expressa a atos da Administrao que afetem direitos ou interesses legtimos do Administrado.

    Essas hipteses dizem respeito, respectivamente, a) reviso do processo, ao recurso hierrquico e re- presentao administrativa. b) ao recurso hierrquico, ao pedido de reconsiderao e reclamao administrativa. c) reclamao administrativa, ao pedido de reconsi- derao e reviso do processo. d) ao pedido de reconsiderao, reclamao adminis- trativa e ao recurso hierrquico. e) ao recurso hierrquico, reviso do processo e re- presentao administrativa. Gabarito: Letra b.

    4.1.4. Recursos administrativos ou hierrquicos

    Recursos administrativos so instrumentos formais de controle administrativo atravs dos quais o interessado pleiteia perante rgo ou autoridade superior a reapreciao de atos ou decises de rgos ou agentes inferiores.

    Os recursos administrativos so propostos no interior da prpria Administrao, no sofrendo interferncia direta do Poder Judicirio em sua tramitao e deciso. Entretanto, caso a deciso proferida no recurso administrativo no seja favorvel ao interessado, este poder ainda acionar o Poder Judicirio com o objetivo de que seja reapreciada a mesma questo, em respeito ao princpio da inafastabilidade do controle jurisdicional (artigo 5, XXXV, da CF/88).

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    Os recursos administrativos so instrumentos formais de impugnao de atos e decises administrativas e, por isso, devem ser interpostos atravs de petio escrita e devidamente protocolada na repartio administrativa competente.

    ATENO: A possibilidade de recorrer a rgos ou autoridades superiores com o objetivo de solicitar a reapreciao de atos ou decises de rgos ou autoridades inferiores est amparada no inciso LV, artigo 5, da Constituio Federal de 88.

    O referido inciso declara expressamente que aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o contraditrio e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

    4.1.4.1. Classificao

    Para fins de concursos pblicos, necessrio que voc saiba que os recursos administrativos podem ser classificados de vrias formas e maneiras diferentes. Todavia, a mais importante delas a que divide os recursos em prprios e imprprios.

    a) Recursos hierrquicos prprios: So aqueles dirigidos a autoridades ou rgos imediatamente superiores aos responsveis pelo ato ou deciso impugnados. Assim, o recurso dirigido ao Superintendente da Receita Federal do Brasil, em face de um ato praticado por Delegado da Receita Federal, pode ser considerado um recurso hierrquico prprio, pois o segundo est subordinado ao primeiro em uma relao de hierarquia.

    Os recursos hierrquicos prprios podem ser interpostos mesmo inexistindo disposio legal expressa, pois derivam do controle hierrquico que os rgos e autoridades superiores devem realizar em face dos atos e atividades administrativas exercidos pelos seus subordinados.

    O controle efetuado pelos rgos e autoridades superiores pleno e permanente. Pleno porque abrange tanto os aspectos de mrito quanto os de legalidade, sendo possvel revogar, anular, modificar, convalidar ou praticar quaisquer atos que importem em controle dos atos praticados pelos subordinados. Por outro lado, permanente porque pode ser exercido a qualquer momento, independentemente de provocao.

    b) Recursos hierrquicos imprprios: So aqueles endereados a autoridades ou rgos que no so hierarquicamente superiores queles responsveis pela edio do ato ou deciso que se deseja impugnar. Podemos citar como exemplo um recurso interposto perante uma Secretaria Estadual de Governo em face de deciso proferida por entidade integrante da Administrao Indireta daquele mesmo Estado (autarquias, fundaes pblicas, sociedades de economia mista ou empresas pblicas).

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    Nesse caso, entre a Secretaria de Estado (Administrao Direta) e as entidades integrantes da Administrao Indireta no existe relao de hierarquia ou subordinao, mas somente uma vinculao.

    Para responder s questes de prova: A propositura de recursos hierrquicos imprprios depende de expressa previso legal, j que no existe relao de hierarquia entre os rgos ou autoridades que analisaro o pedido de reapreciao da deciso ou ato praticado.

    4.1.5. Prescrio administrativa

    possvel analisar a prescrio administrativa sob duas vertentes distintas: em relao Administrao e em relao aos administrados.

    Sob a tica do administrado a prescrio administrativa ocorre quando o particular perde o prazo para recorrer de deciso administrativa, ou seja, ocorre o transcurso do prazo legal sem que o particular impugne a deciso contrria aos seus interesses.

    Na esfera federal, o artigo 59 da Lei 9.784/99 estabelece que, salvo disposio legal especfica, de dez dias o prazo para interposio de recurso administrativo, contado a partir da cincia ou divulgao oficial da deciso recorrida. Assim, no apresentado o recurso no prazo legal de 10 dias, ocorrer a denominada prescrio administrativa.

    A Administrao Pblica tambm possui prazos fixados em lei para rever os seus prprios atos ou manifestar-se em relao a situaes ocorridas em seu mbito de atuao, a exemplo dos prazos previstos no artigo 142 da Lei 8.112/90 para a aplicao de penalidades a servidores pblicos federais:

    Art. 142. A ao disciplinar prescrever:

    I - em 05 (cinco) anos, quanto s infraes punveis com demisso, cassao de aposentadoria ou disponibilidade e destituio de cargo em comisso;

    II - em 02 (dois) anos, quanto suspenso;

    III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto advertncia.

    Assim, transcorridos os prazos acima sem que a Administrao se manifeste sobre a eventual aplicao de penalidade a servidor pblico federal, ocorrer a prescrio administrativa, e a Administrao no mais poder puni-lo pela suposta infrao disciplinar.

    4.1.6. O silncio da Administrao Pblica

    Quando a Administrao deixa de se pronunciar sobre um pedido que lhe apresentado pelo administrado na defesa de seus interesses, tem-se o silncio administrativo, que um fato jurdico.

    A falta de pronunciamento dentro do prazo fixado pode significar o deferimento ou indeferimento do pedido, concordncia ou oposio ao ato controlado, e as consequncias devem ser analisadas no caso em concreto.

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    Se no existir prazo especfico para a manifestao da Administrao e o silncio persistir, no restar outra alternativa ao interessado que no seja recorrer ao Poder Judicirio. Este decidir em favor do interessado se entender que entre o seu pedido e a data da invocao da tutela judicial decorreu um prazo razovel, isto , em perodo de tempo suficiente para que a Administrao se pronunciasse sobre o pedido.

    importante destacar que a negligncia do servidor pblico que cause prejuzos ao administrado deve ensejar a responsabilizao civil do Estado, nos termos do 6, artigo 37, da CF/88. Da mesma forma, dever ser punido o servidor que se omitiu, quando estava obrigado legalmente a se pronunciar sobre o pedido apresentado.

    5. Controle legislativo

    O controle legislativo, tambm denominado de controle parlamentar, exercido pelos rgos do Poder Legislativo em relao a determinados atos praticados pela Administrao Pblica. Ao contrrio do controle administrativo, que interno, o controle legislativo caracteriza-se por ser um controle externo, exercido nos exatos termos e limites previstos no texto constitucional.

    Em termos gerais, o controle do Poder Legislativo sobre os atos praticados pelo Poder Executivo est fundamentado no inciso X, artigo 49, da Constituio Federal de 1988, ao declarar que compete ao Congresso Nacional fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, includos os da administrao indireta.

    No concurso pblico para o cargo de Analista Judicirio do TRT da 20 Regio, realizado em 2011, a FCC considerou correta a seguinte assertiva: O controle que o Poder Legislativo exerce sobre a Administrao Pblica tem que se limitar s hipteses previstas na Constituio Federal.

    O professor Jos dos Santos Carvalho Filho afirma que o controle legislativo exercido sobre atividades bastante diferenciadas e, por isso, possui dupla natureza: o controle poltico e o controle financeiro.

    5.1. Controle poltico

    O controle poltico est amparado na possibilidade de fiscalizao e deciso sobre atos exercidos no mbito da funo administrativa e de organizao dos Poderes Executivo e Judicirio.

    So vrios os aspectos de controle, mas, para fins de concursos pblicos, destacam-se os seguintes:

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    5.1.1. Comisso Parlamentar de Inqurito (CPI)

    As comisses parlamentares de inqurito, que tero poderes de investigao prprios das autoridades judiciais, esto previstas no 3, art. 58, da CF/88. Alm de outros poderes previstos nos regimentos das respectivas Casas Legislativas, sero criadas pela Cmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um tero de seus membros, para a apurao de fato determinado e por prazo certo, sendo suas concluses, se for o caso, encaminhadas ao Ministrio Pblico, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

    As CPIs no se restringem esfera federal, pois podem ser criadas no mbito dos Estados (pelas Assemblias Legislativas) e dos Municpios (Cmara de Vereadores), com regulamentao prevista nas Constituies Estaduais e Leis Orgnicas (respectivamente).

    Os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, respaldados em entendimento do Supremo Tribunal Federal, apresentam uma relao de prerrogativas asseguradas s CPIs, desde que motivadamente:

    (a) Convocar investigados e testemunhas a depor, incluindo autoridades pblicas federais, estaduais e municipais;

    (b) Determinar as diligncias que entender necessrias ( muito comum a solicitao de diligncias ao Tribunal de Contas da Unio, Secretaria da Receita Federal e Polcia Federal, nas respectivas reas de competncia);

    (c) Requisitar de reparties pblicas informaes e documentos de seu interesse;

    (d) Determinar a quebra dos sigilos fiscal, bancrio e telefnico das pessoas por ela investigadas;

    (e) Convocar juzes para depor, desde que a respeito de sua atuao como administrador pblico (funo no-jurisdicional).

    Alm disso, apresentam tambm as proibies impostas s CPIs pela jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal:

    (a) Decretar a busca e a apreenso domiciliar de documentos;

    (b) Determinar a indisponibilidade de bens do investigado;

    (c) Decretar a priso de qualquer pessoa, ressalvada a hiptese de flagrncia;

    (d) Determinar a interceptao (escuta) telefnica (no confundir com a quebra do sigilo dos registros telefnicos);

    (e) Convocar magistrados para depor a respeito de sua atuao tpica, na funo jurisdicional.

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    5.1.2. Pedido de informao

    As Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal podero encaminhar pedidos escritos de informao a Ministros de Estado ou a quaisquer titulares de rgos diretamente subordinados Presidncia da Repblica, bem como aos dirigentes mximos das entidades integrantes da Administrao Pblica Indireta sobre fatos ou atividades administrativas ocorridos em seu mbito de atuao.

    Os pedidos tambm podero ser formulados pelas Assemblias Legislativas, Cmara Distrital e Cmara de Vereadores com o objetivo de fiscalizar e controlar as atividades administrativas em mbito municipal, distrital e estadual, respectivamente.

    A recusa ou no-atendimento ao pedido de informaes no prazo de trinta dias, bem como a prestao de informaes falsas, importar em crime de responsabilidade, nos termos do 2, artigo 50, da Constituio Federal.

    5.1.3. Convocao de autoridades

    O caput do artigo 50 da CF/88 estabelece que a Cmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas comisses, podero convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de rgos diretamente subordinados Presidncia da Repblica para prestarem, pessoalmente, informaes sobre assunto previamente determinado, importando em crime de responsabilidade a ausncia sem justificao adequada.

    5.1.4. Participao na funo administrativa

    Em vrios dispositivos constitucionais, est prevista a obrigatoriedade da participao do Poder Legislativo nas funes administrativas tpicas do Poder Executivo, autorizando ou aprovando competncias privativas do Presidente da Repblica.

    Podemos citar como exemplo as seguintes competncias atribudas com exclusividade ao Congresso Nacional e que esto previstas expressamente no artigo 49 da CF/88: resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimnio nacional; autorizar o Presidente da Repblica a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que foras estrangeiras transitem pelo territrio nacional ou nele permaneam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar; autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da Repblica a se ausentarem do Pas, quando a ausncia exceder a quinze dias, entre outros.

    Da mesma forma, compete privativamente ao Senado Federal, nos termos do artigo 52 da CF/88: aprovar previamente, por voto secreto, aps arguio em sesso secreta, a escolha dos chefes de misso diplomtica de carter permanente; autorizar operaes externas de natureza financeira, de interesse da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territrios e dos

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    Municpios; aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exonerao, de ofcio, do Procurador-Geral da Repblica antes do trmino de seu mandato, entre outras atribuies.

    5.1.5. Poder de sustao do Congresso Nacional

    Prev o artigo 49, V, da Constituio Federal, que cabe ao Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegao legislativa. Trata-se de um mecanismo criado pelo prprio texto constitucional com o objetivo de conter eventuais excessos do Presidente da Repblica na edio de decretos regulamentares ou leis delegadas.

    Assim, o Congresso ir suspender os efeitos dos dispositivos do decreto ou lei delegada que tenha exorbitado a competncia normativa do Chefe do Executivo. No se trata de revogao, mas sim de uma suspenso da eficcia do decreto ou lei delegada,que ocorre no exerccio do controle externo.

    5.2. Controle Financeiro

    Controle financeiro aquele exercido externamente pelo Poder Legislativo em relao aos Poderes Executivo e Judicirio, bem como sobre a sua prpria administrao no que se refere receita, despesa e gesto dos recursos pblicos.

    Trata-se de controle externo exercido pelo Poder Legislativo em relao aos demais Poderes, nos termos do artigo 70 da Constituio Federal, que estabelece ainda a obrigatoriedade de que o Poder Legislativo tenha o seu prprio sistema de controle interno, no ficando, portanto, imune a controle e fiscalizao.

    Assim, correto afirmar que o controle financeiro alcana todos os poderes da Repblica, seja em mbito federal, estadual, distrital ou municipal, abrangendo cinco reas bsicas de atuao: contbil, financeira (em sentido estrito), oramentria, operacional e patrimonial.

    Jos dos Santos Carvalho Filho afirma que a rea contbil aquela em que se formalizam os registros das receitas e despesas. Na rea financeira strictu sensu, o controle se executa sobre os depsitos bancrios, os empenhos, o pagamento e o recebimento de valores, etc. O controle oramentrio visa ao acompanhamento do oramento e fiscalizao dos registros nas rubricas adequadas.

    Restam os controles operacional e patrimonial. No primeiro, a fiscalizao incide sobre a execuo das atividades administrativas em geral, verificando-se notadamente a observncia dos procedimentos legais para cada fim, bem como a necessidade de sua adequao maior celeridade, eficincia e economicidade. O controle patrimonial recai sobre os bens do patrimnio pblico, exigindo-se que sejam fiscalizados os almoxarifados, os bens em estoque, os bens de uso, os bens consumveis etc.

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    A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, analisando o artigo 70 da Constituio Federal de 1988, afirma a possibilidade de se inferir algumas normas bsicas sobre o controle financeiro, sendo elas:

    1. Quanto atividade controlada, a fiscalizao abrange a contbil, a financeira, a oramentria, a operacional e a patrimonial; isso permite a verificao da contabilidade das receitas e despesas, da execuo do oramento, dos resultados e dos acrscimos e diminuies patrimoniais;

    2 Quanto aos aspectos controlados, compreende:

    I controle de legalidade dos atos de que resultem a arrecadao de receita ou a realizao da despesa, o nascimento ou a extino de direitos e obrigaes;

    II controle de legitimidade, que a Constituio tem como diverso da legalidade, de sorte que parece assim admitir exame de mrito a fim de verificar se determinada despesa, embora no ilegal, fora legtima, tal como atender a ordem de prioridade, estabelecida no plano plurianual;

    III controle da economicidade, que envolve tambm questo de mrito, para verificar se o rgo procedeu, na aplicao da despesa pblica de modo mais econmico, atendendo, por exemplo, uma adequada relao custo-benefcio;

    IV controle de fidelidade funcional dos agentes da Administrao, responsvel por bens e valores pblicos;

    V controle de resultado de cumprimento de programa de trabalho e de metas, expresso em termos monetrios e em termos de realizao de obras e prestao de servios. (cf. Jos Afonso da Silva. 2000:727)

    3. quanto s pessoas controladas, abrange Unio, Estados, Municpios, Distrito Federal e entidades da Administrao Direta e Indireta, bem como qualquer pessoa fsica ou entidade publica, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores pblicos ou pelos quais a Unio responda, ou que, em nome desta, assuma obrigaes de natureza pecuniria;

    4. a fiscalizao compreende os sistemas de controle externo, e compete ao Poder Legislativo, com auxlio do Tribunal de Contas, e de controle interno exercido por cada um dos Poderes.

    5.2.1. Tribunal de Contas

    A Constituio Federal de 1988 concedeu ao Tribunal de Contas da Unio na esfera federal, poderes para, no auxlio ao Congresso Nacional, exercer a fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial da Unio e das entidades da administrao direta e indireta, quanto legalidade, legitimidade e economicidade e fiscalizao da aplicao das subvenes e da renncia de receitas.

    Todavia, importante destacar que o TCU no o nico rgo responsvel por essa fiscalizao, pois a competncia compartilhada tambm com o Congresso Nacional e os rgos de controle interno.

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    Qualquer pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens e valores pblicos ou pelos quais a Unio responda, ou que, em nome desta, assuma obrigaes de natureza pecuniria tem o dever de prestar contas ao TCU.

    As normas previstas no texto constitucional e que tratam do Tribunal de Contas da Unio aplicam-se, no que couber, organizao, composio e fiscalizao dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municpios.

    As competncias do Tribunal de Contas da Unio esto arroladas expressamente no artigo 71 da CF/88, abaixo apresentadas:

    Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, ser exercido com o auxlio do Tribunal de Contas da Unio, ao qual compete:

    I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Repblica, mediante parecer prvio, que dever ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

    II - julgar as contas dos administradores e demais responsveis por dinheiros, bens e valores pblicos da administrao direta e indireta, includas as fundaes e as sociedades institudas e mantidas pelo poder pblico federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuzo ao errio pblico;

    III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admisso de pessoal, a qualquer ttulo, na administrao direta e indireta, includas as fundaes institudas e mantidas pelo poder pblico, excetuadas as nomeaes para cargo de provimento em comisso, bem como a das concesses de aposentadorias, reformas e penses, ressalvadas as melhorias posteriores que no alterem o fundamento legal do ato concessrio;

    IV - realizar, por iniciativa prpria, da Cmara dos Deputados, do Senado Federal, de comisso tcnica ou de inqurito, inspees e auditorias de natureza contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio, e demais entidades referidas no inciso II;

    V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a Unio participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

    VI - fiscalizar a aplicao de quaisquer recursos repassados pela Unio, mediante convnio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Municpio;

    VII - prestar as informaes solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas comisses, sobre a fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspees realizadas;

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    VIII - aplicar aos responsveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanes previstas em lei, que estabelecero, entre outras cominaes, multa proporcional ao dano causado ao errio;

    IX - assinar prazo para que o rgo ou entidade adote as providncias necessrias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

    X - sustar, se no atendido, a execuo do ato impugnado, comunicando a deciso Cmara dos Deputados e ao Senado Federal;

    XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

    1 No caso de contrato, o ato de sustao ser adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitar, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabveis.

    2 Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, no efetivar as medidas previstas no pargrafo anterior, o Tribunal decidir a respeito.

    3 As decises do Tribunal de que resulte imputao de dbito ou multa tero eficcia de ttulo executivo.

    4 O Tribunal encaminhar ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatrio de suas atividades.

    A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro informa que o controle externo foi consideravelmente ampliado na atual Constituio, conforme se constata em seu artigo 71, compreendendo as funes de:

    1. fiscalizao financeira propriamente dita, quando faz ou recusa o registro de atos de admisso de pessoal (excetuadas as nomeaes para cargo em comisso) ou de concesso inicial de aposentadoria, reforma ou penso; quando faz inquritos, inspees e auditorias; quando fiscaliza a aplicao de quaisquer recursos repassados pela Unio, mediante convnio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congneres, a Estado, ao distrito Federal ou a Municpio;

    2. de consulta, quando emite parecer prvio sobre as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Repblica;

    3. de informao, quando as presta ao Congresso Nacional, a qualquer de suas Casas, ou a qualquer das respectivas Comisses, sobre a fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspees realizadas;

    4. de julgamento, quando julga as contas dos administradores e demais responsveis por dinheiros, bens e valores pblicos e as contas daqueles que derem causa perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuzo ao Errio Pblico; embora o dispositivo fale em julgar (inciso II do art. 71), no se trata de funo jurisdicional, porque o Tribunal apenas

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    examina as contas, tecnicamente, e no aprecia a responsabilidade do agente pblico, que de competncia exclusiva do Poder Judicirio; por isso se diz que o julgamento das contas uma questo prvia, preliminar, de competncia do Tribunal de Contas, que antecede o julgamento do responsvel pelo Poder Judicirio;

    5. sancionatrias, quando aplica aos responsveis, nos casos de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanes previstas em lei, que estabelecero, entre outras cominaes, multa proporcional ao dano causado ao errio;

    6. corretivas, quando assina prazo para que o rgo ou entidade adote as providncias necessrias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; e quando susta, se no atendido, a execuo do ato impugnado, comunicando a deciso Cmara dos Deputados e ao senado Federal; nos termos do 1 do artigo 71, no caso de contrato, o ato de sustao ser adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitar, de imediato, ao poder Executivo,as medidas cabveis; pelo 2, se o Congresso ou o Poder Executivo, no Prazo de 90 dias, no efetivar as medidas previstas no pargrafo anterior, o Tribunal decidir a respeito; isso constitui inovao da Constituio de 1998, j que, na anterior, a deciso final, de natureza puramente poltica, ficava com o Congresso Nacional;

    7. de ouvidor, quando recebe denncia de irregularidades ou ilegalidades, feita pelos responsveis pelo controle interno ou por qualquer cidado, partido poltico, associao ou sindicato, nos termos do art. 74, 1 e 2.

    Alguns tpicos envolvendo a atuao e competncia dos Tribunais de Contas so frequentemente cobrados em concursos e, por isso, importante destacar os principais:

    1) O TCU somente possui competncia para apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Repblica (art. 71, I, CF/88), mas no para julg-las, pois esta uma prerrogativa do Congresso Nacional (art. 49, I, CF/88);

    2) As Constituies Estaduais e Leis Orgnicas podem estabelecer a competncia das Assembleias Legislativas e Cmara de Vereadores, respectivamente, para julgar as contas dos Tribunais de Contas Estaduais e Municipais, onde houver;

    3) As decises do Tribunal de que resulte imputao de dbito ou multa tero eficcia de ttulo executivo, nos termos do 3 do artigo 71;

    4) Os Tribunais de Contas, no exerccio de suas atribuies, podem apreciar a constitucionalidade das leis e atos do Poder Pblico, apesar de no integrarem o Poder Judicirio. Entretanto, destaca-se que as decises proferidas pelos Tribunais de Contas podem ser revistas pelo Poder Judicirio;

    5) Aplica-se o instituto da tomada de contas especial a todas as sociedades de economia mista, prestadoras de servios pblicos ou exploradoras de atividade econmica. A tomada de contas especial um

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    instrumento de que dispe a Administrao Pblica para ressarcir-se de eventuais prejuzos que lhe forem causados, sendo o processo revestido de rito prprio e somente instaurado depois de esgotadas as medidas administrativas para reparao do dano.

    6. CONTROLE JUDICIAL

    Declara o inciso XXXV, artigo 5, da CF/88, que a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito. Trata-se do princpio da inafastabilidade da jurisdio ou princpio do amplo acesso ao Poder Judicirio. Assim, sempre que algum tiver um direito violado ou ameaado de violao, poder recorrer ao Poder Judicirio requerendo providncias de modo a afastar uma leso ou possibilidade de leso a direito.

    Todos os atos prejudiciais aos interesses individuais e coletivos podem ser apreciados pelo Poder Judicirio, inclusive os atos e condutas da Administrao Pblica, que no so imunes ao controle jurisdicional. Todavia, importante destacar que o Poder Judicirio deve ser provocado pelo interessado ou legitimado a fim de que possa se manifestar.

    6.1. Conceito e objetivo

    O controle judicial pode ser conceituado como o controle de legalidade exercido pelo Poder Judicirio em relao aos seus prprios atos e condutas administrativas, bem como em relao aos atos e atividades administrativas oriundos do Poder Executivo e Legislativo. O direito brasileiro adotou o sistema de jurisdio una, que concede ao Poder Judicirio o monoplio da funo jurisdicional (somente ele pode decidir em carter definitivo).

    O professor Digenes Gasparini informa que o controle judicial externo, provocado e direto. externo por se realizar por rgo que no integra a mesma estrutura organizacional da Administrao Pblica. provocado porquanto s excepcionalmente o Judicirio atua de ofcio. direto porque incide, precpua e imediatamente, sobre os atos e atividades administrativas. Alm disso, , notadamente, repressivo, dado incidir sobre medida que j produziu ou est produzindo efeitos. Extraordinariamente, pode ser preventivo. o que ocorre, por exemplo, com a ao declaratria, o habeas corpus e o mandado de segurana preventivos. Por essas medidas previne-se a atuao da Administrao Pblica havida por ilegal.

    O controle judicial tem por objetivo efetuar o exame de legalidade do ato ou atividade administrativa, confirmando aqueles que esto em conformidade com a legislao vigente e anulando os que violam o ordenamento jurdico ou princpios gerais do Direito.

    Para responder s questes de prova: lembre-se sempre de que o Poder Judicirio jamais poder revogar atos editados pelo Poder Executivo ou pelo Legislativo (no exerccio da funo administrativa), mas somente anul-los, quando forem ilegais ou contrariarem princpios gerais do Direito.

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    A revogao de atos administrativos restringe-se ao Poder responsvel pela sua edio, pois essa possibilidade est relacionada diretamente convenincia e oportunidade. Portanto, aos Poderes Executivo e Legislativo compete a revogao de seus prprios atos quando forem inconvenientes ou inoportunos. Da mesma forma, correto afirmar que o Poder Judicirio poder revogar os seus prprios atos, mas jamais os atos praticados pelo Poder Executivo e Legislativo, pois, nesse caso, estaria exercendo um controle de mrito, o que lhe vedado.

    No concurso pblico para o cargo de Executivo Pblico da Casa Civil do Estado de So Paulo, realizado em 2010, a Fundao Carlos Chagas considerou correta a seguinte assertiva: Nem mesmo os atos discricionrios refogem do controle judicial, porque quanto competncia, constituem matria de legalidade, to sujeita ao confronto da Justia como qualquer outro elemento vinculado.

    6.1. Controle judicial em espcie

    Inicialmente, importante esclarecer que so vrias as aes judiciais que podem ser propostas perante o Poder Judicirio com o objetivo de materializar o controle dos atos praticados pela Administrao Pblica. Todavia, as bancas examinadoras no exigem que voc conhea as caractersticas e condies de cada uma dessas aes nas provas de Direito Administrativo.

    Voc no precisar estudar, por exemplo, as caractersticas de uma ao judicial de rito ordinrio, j que se trata de matria relativa ao Direito Processual Civil.

    6.1.1. Mandado de segurana

    O inciso LXIX, artigo 5, da CF/88, declara expressamente que conceder-se- mandado de segurana para proteger direito lquido e certo, no amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsvel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pblica ou agente de pessoa jurdica no exerccio de atribuies do poder pblico.

    Trata-se de uma ao judicial de natureza civil que tramita pelo rito sumrio (mais rpido) e que tem por objetivo proteger direito lquido e certo violado ou ameaado de violao.

    Direito lquido e certo aquele que pode ser demonstrado de imediato, mediante provas pr-constitudas que j sero apresentadas no momento da propositura da ao (documentos ou fotos, por exemplo). Hely Lopes Meirelles afirma que "direito lquido e certo direito comprovado de plano", o que afasta a denominada dilao probatria (que nada mais que apresentar as provas posteriormente, a exemplo do que acontece com as famosas testemunhas).

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    Qualquer pessoa fsica ou jurdica pode impetrar um mandado de segurana, desde que tenha um direito lquido e certo lesado ou ameaado de leso. Assim, o mandado de segurana pode ser repressivo (contra ato ou omisso que j aconteceram) ou preventivo (contra uma ameaa de leso a direito) e dever ser proposto no prazo mximo de 120 dias contados do conhecimento oficial da leso ao direito lquido e certo.

    O sujeito passivo (contra quem ser impetrado o mandado de segurana) ser uma autoridade pblica ou agente de pessoa jurdica no exerccio de atribuies do poder pblico, que tenha praticado ilegalidade ou abuso de poder.

    O mandado de segurana poder ser impetrado na forma individual ou coletiva. Entretanto, em relao ltima hiptese, somente so legitimados pela Constituio Federal os partidos polticos com representao no Congresso Nacional, organizao sindical, entidade de classe ou associao legalmente constituda e em funcionamento h pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados (artigo 5, LXX, da CF/88).

    6.1.2. Mandado de Injuno

    Conceder-se- mandado de injuno sempre que a falta de norma regulamentadora torne invivel o exerccio dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes nacionalidade, soberania e cidadania (artigo 5, LXXI, CF/88).

    O mandado de injuno uma ao constitucional de natureza civil e rito especial, que tem por objetivo combater a omisso do Poder Pblico em sua obrigao de legislar. Poder ser impetrado sempre que a ausncia de uma norma regulamentadora (em funo da omisso do Poder Pblico) inviabilizar o pleno exerccio de direitos e prerrogativas inerentes nacionalidade, soberania e cidadania.

    Dois so os requisitos bsicos para a propositura de um mandado de injuno: que o direito esteja consagrado no texto constitucional e que esse direito no possa ser exercido em virtude da ausncia de uma lei que o regulamente.

    6.1.3. Habeas data

    Outro importante instrumento de controle dos atos e omisses da Administrao Pblica o habeas data, previsto no inciso LXXI do artigo 5 da CF/88:

    LXXII - conceder-se- habeas data:

    a) para assegurar o conhecimento de informaes relativas pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de carter pblico;

    b) para a retificao de dados, quando no se prefira faz-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

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    Alexandre de Moraes conceitua o habeas data como uma ao constitucional, de carter civil, contedo e rito sumrio, que tem por objeto a proteo do direito lquido e certo do impetrante em conhecer todas as informaes e registros relativos sua pessoa e constantes de reparties pblicas ou particulares acessveis ao pblico, para eventual retificao de seus dados pessoais.

    necessrio que voc fique atento ao conceito apresentado, principalmente em relao expresso direito lquido e certo (mesmo que isso no seja objeto de provas objetivas de Direito Administrativo, mas sim de Constitucional).

    Em regra, para a proteo de direito lquido e certo o instrumento constitucional utilizado o mandado de segurana. Todavia, quando o objetivo for acessar informaes e registros relativos prpria pessoa do impetrante, o instrumento cabvel ser o habeas data.

    Assim, caso o meu direito lquido e certo ao acesso de informaes coletivas ou de terceiros, constantes em bancos de dados de entidades governamentais ou de carter pblico, tenha sido negado, o instrumento judicial cabvel para combater esse abuso ser o mandado de segurana.

    Entretanto, caso as informaes constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de carter pblico sejam relativas minha pessoa (informaes particulares) e, mesmo assim, sejam negadas, o instrumento processual cabvel ser o habeas data.

    6.1.4. Ao popular

    A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro define a ao popular como uma "ao civil pela qual qualquer cidado pode pleitear a invalidao de atos praticados pelo poder pblico ou entidades de que participe, lesivos ao patrimnio pblico, ao meio ambiente, moralidade administrativa ou ao patrimnio histrico e cultural, bem como a condenao por perdas e danos dos responsveis pela leso".

    A ao popular tambm est prevista expressamente no texto constitucional, mais precisamente em seu artigo 5, LXXIII, nos seguintes termos:

    LXXIII - qualquer cidado parte legtima para propor ao popular que vise anular ato lesivo ao patrimnio pblico ou de entidade de que o Estado participe, moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimnio histrico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada m-f, isento das custas judiciais e do nus da sucumbncia.

    Trata-se de um instrumento disponibilizado a todos os cidados (eleitor que esteja em dia com as suas obrigaes eleitorais) a fim de que possam fiscalizar a moralidade administrativa, a prtica de atos que possam ser lesivos ao patrimnio pblico ou de entidade de que o Estado participe, a proteo ao meio ambiente e ao patrimnio histrico e cultural.

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    Alm disso, tambm pode ser utilizada com a finalidade de promover a restituio de bens ou o ressarcimento de danos em relao s pessoas que, por ao ou omisso, causaram ou deram oportunidade leso, bem como em relao aos beneficirios do fato (art. 5, LXXIII, da CF).

    6.1.5. Ao civil pblica

    A ao civil pblica constitui certamente um dos mais importantes instrumentos de controle da Administrao Pblica Brasileira, ao lado do mandado de segurana, do habeas data, da ao popular e outras aes judiciais. A exemplo dos demais instrumentos processuais citados, tambm possui amparo constitucional (artigo 129) e est regulamentada pela Lei 7.347/85.

    Tem por objetivo afastar ou evitar leses a interesses coletivos e difusos, a exemplo do meio ambiente, a ordem urbanstica, a defesa do consumidor, a proteo ao patrimnio histrico e cultural, entre outros, e pode ser proposta pelos legitimados do artigo 5 da Lei 7.347/85, que assim dispe:

    Art. 5 Tm legitimidade para propor a ao principal e a ao cautelar:

    I - o Ministrio Pblico;

    II - a Defensoria Pblica;

    III - a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios;

    IV - a autarquia, empresa pblica, fundao ou sociedade de economia mista;

    V - a associao que, concomitantemente:

    a) esteja constituda h pelo menos 01 (um) ano nos termos da lei civil;

    b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteo ao meio ambiente, ao consumidor, ordem econmica, livre concorrncia ou ao patrimnio artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico.

    Bem, conforme informei anteriormente, vrios outros instrumentos judiciais podem ser utilizados com o objetivo de se fazer o controle dos atos e atividades da Administrao Pblica, a exemplo da ao direta de inconstitucionalidade e ao declaratria de constitucionalidade (ADI e ADC), habeas corpus, aes possessrias (artigos 920 a 933 do Cdigo de Processo Civil) e vrias outras aes judiciais.

    Todavia, como o nosso objetivo aqui est relacionado ao controle da Administrao Pblica, suficiente que voc conhea as informaes que foram apresentadas, pois so suficientes para responder s questes de Direito Administrativo em provas de concursos pblicos.

    Simbora agora estudar o tpico Responsabilidade civil do Estado!

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    SUPER R.V.P

    1. Quando os Poderes Executivo, Legislativo e Judicirio esto analisando a legalidade de seus prprios atos, tem-se o controle interno de legalidade. Por outro lado, quando a legalidade dos atos editados por um poder est sendo analisada por outro poder, ocorre o controle externo de legalidade;

    2. O controle de mrito do ato administrativo, em regra, exercido pelo prprio Poder responsvel pela sua edio. Assim, somente o Poder Executivo pode exercer o controle de mrito dos atos editados pelos seus agentes, o que tambm acontece em relao aos demais poderes;

    3. O controle hierrquico ou por subordinao ser exercido no mbito do Poder Executivo da Unio, Estados, Distrito Federal, Municpios e ainda nas entidades da Administrao Pblica Indireta. Tambm ir ocorrer no interior dos rgos administrativos que compem a estrutura do Poder Judicirio e Legislativo, mas nunca em relao ao exerccio das respectivas funes tpicas (judiciria e legislativa);

    4. Controle por vinculao ou controle finalstico o controle exercido externamente pelas entidades da Administrao Direta (Unio, Estados, Municpios e Distrito Federal) em relao s entidades da Administrao Indireta (autarquias, fundaes pblicas, empresas pblicas e sociedades de economia mista);

    5. Controle prvio (ou a priori) aquele exercido antes da consumao do ato administrativo, possuindo natureza preventiva. Como exemplo, podemos citar a aprovao, pelo Senado Federal, da escolha do Procurador-Geral da Repblica (artigo 52, III, e, da CF/88);

    6. Controle concomitante aquele que acontece ao mesmo tempo em que o ato administrativo ou a atividade da Administrao esto sendo executados, permitindo-se, assim, tanto o controle preventivo quanto o repressivo, conforme o andamento do ato ou atividade;

    7. Controle subsequente ou posterior (a posteriori) aquele efetuado aps a concluso do ato ou atividade administrativa com o objetivo de confirm-los ou corrigi-los, a exemplo do que ocorre na homologao de um procedimento licitatrio ou no controle judicial de atos administrativos;

    8. Controle de ofcio aquele praticado pela prpria Administrao, no exerccio do poder de autotutela, independentemente da provocao de terceiros. Ocorre, por exemplo, quando uma autoridade administrativa anula ou revoga um ato administrativo praticado por subordinado;

    9. Os recursos hierrquicos prprios so aqueles dirigidos a autoridades ou rgos imediatamente superiores aos responsveis pelo ato ou deciso impugnados. Podem ser interpostos mesmo inexistindo disposio legal expressa, pois derivam do controle hierrquico que os rgos e autoridades superiores devem realizar em face dos atos e atividades administrativas exercidos pelos seus subordinados;

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    10. Recursos hierrquicos imprprios so aqueles endereados a autoridades ou rgos que no so hierarquicamente superiores queles responsveis pela edio do ato ou deciso que se deseja impugnar. Podemos citar como exemplo um recurso interposto perante uma Secretaria Estadual de Governo em face de deciso proferida por entidade integrante da Administrao Indireta daquele mesmo Estado (autarquias, fundaes pblicas, sociedades de economia mista ou empresas pblicas);

    11. A propositura de recursos hierrquicos imprprios depende de expressa previso legal, j que no existe relao de hierarquia entre os rgos ou autoridades que analisaro o pedido de reapreciao da deciso ou ato praticado;

    12. O TCU somente possui competncia para apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Repblica (art. 71, I, CF/88), mas no para julg-las, pois esta uma prerrogativa do Congresso Nacional (art. 49, I, CF/88);

    13. Os Tribunais de Contas, no exerccio de suas atribuies, podem apreciar a constitucionalidade das leis e atos do Poder Pblico, apesar de no integrarem o Poder Judicirio. Entretanto, destaca-se que as decises proferidas pelos Tribunais de Contas podem ser revistas pelo Poder Judicirio;

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    RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAO PBLICA

    1. Consideraes iniciais ............................................................. 31

    2. Evoluo histrica .................................................................... 32

    3. A responsabilidade objetiva prevista no art. 37, 6, CF/1988 35

    4. Causas excludentes da responsabilidade do Estado ................. 38

    5. A responsabilidade civil do Estado em virtude da omisso dos seus agentes ........................................................................................ 43

    6. Situaes especiais abrangidas pela responsabilidade objetiva 45

    6.1. Responsabilidade por dano nuclear ............................... 45

    6.2. Danos de obra pblica ................................................... 45

    6.3 Atos legislativos ............................................................. 46

    6.4. Atos judiciais ................................................................. 47

    6.5. Coisas ou pessoas sob a responsabilidade do Estado .... 48

    7. Responsabilidade civil e prazo qinqenal ............................... 48

    8. Ao regressiva em face do agente pblico .............................. 49

    9. Responsabilidade administrativa, civil e penal dos agentes pblicos causadores do dano ao particular ............................................... 51

    10. Super Reviso de Vspera de Prova ...................................... 55

    11. Questes comentadas ............................................................. 57

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    RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAO PBLICA

    1. CONSIDERAES INICIAIS

    Conforme consagra o caput, artigo 1, da CF/1988, a Repblica Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrtico de Direito e, portanto, todos ns (inclusive o prprio Estado) somos regidos por leis que foram criadas para atender s necessidades do povo.

    Tais leis so necessrias para que as relaes jurdicas entre os indivduos possam ocorrer de forma harmnica, j que todos sabero, com antecedncia, quais so os direitos e deveres inerentes a cada um para que possamos viver em sociedade.

    Nesse contexto, o Cdigo Civil brasileiro declara expressamente, em seu artigo 186, que aquele que, por ao ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilcito. J o artigo 927, tambm do Cdigo Civil, prev que aquele que, por ato ilcito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo.

    Analisando-se os citados artigos, conclui-se que as vtimas de atos ilcitos podem exigir a reparao dos danos morais e/ou materiais que porventura sofrerem em virtude de omisses ou aes praticadas por outros particulares.

    Caso no seja possvel efetuar a reparao do dano de forma amigvel, a vtima poder, ento, recorrer ao Poder Judicirio, exigindo providncias do Estado, ou seja, o cumprimento da lei.

    A obrigao de reparar os danos/prejuzos causados a terceiros no exclusiva dos particulares, pois incide tambm em relao ao Estado.

    Entretanto, tal obrigao no proveniente de contratos celebrados pelo Estado com terceiros, denominada responsabilidade contratual, pois, nesses casos, os possveis prejuzos se resolvem com base nos prprios termos contratuais. Tambm no se refere obrigao de indenizar em virtude do legtimo exerccio de poderes em face do direito de terceiros, como ocorre frequentemente no caso da desapropriao e, algumas vezes, no caso de servides.

    Conforme afirma o professor Celso Antnio Bandeira de Mello, tal obrigao deriva da responsabilidade EXTRACONTRATUAL do Estado face a comportamentos unilaterais, comissivos ou omissivos, legais ou ilegais, materiais ou jurdicos, que a ele so atribudos.

    por isso que, em alguns livros, voc ir encontrar o presente tpico com o nome de Responsabilidade Extracontratual do Estado, Responsabilidade patrimonial do Estado ou, ainda, Responsabilidade civil da Administrao Pblica, o que em nada ir interferir no contedo que ser apresentado.

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    Antes de passarmos para o prximo item, necessrio chamar a sua ateno para o fato de que a responsabilidade civil do Estado, pelos danos que seus agentes causem a terceiros, no se confunde com a responsabilidade civil, penal ou administrativa dos agentes pblicos responsveis pelo dano.

    Alm da responsabilizao do Estado, que ir ocorrer exclusivamente na esfera civil, o agente pblico tambm poder ser responsabilizado, mas em trs esferas distintas: civil, penal e administrativa, se for o caso.

    As responsabilidades civil, penal e administrativa, em regra, so independentes entre si, podendo, ainda, cumular-se, conforme veremos mais a frente.

    Em alguns casos, alm de o Estado ser obrigado a reparar financeiramente (civilmente) o particular pelos danos causados pelos seus agentes, estes ainda podem responder simultaneamente na esfera penal (caso a conduta ou omisso seja tipificada como crime ou contraveno), administrativa (caso o ato omissivo ou comissivo seja praticado no desempenho do cargo ou funo e previsto como infrao funcional) e civil, sendo obrigados a devolver aos cofres pblicos os valores que foram utilizados pelo Estado para indenizar os danos causados aos particulares.

    2. EVOLUO HISTRICA

    Conforme veremos a seguir, vigora no Brasil a responsabilidade objetiva do Estado pelos danos que seus agentes causarem a terceiros, sob a modalidade do risco administrativo.

    Entretanto, nem sempre foi assim, pois em outras pocas no era possvel responsabilizar civilmente o Estado, vejamos:

    2.1. Irresponsabilidade do Estado

    Historicamente, por muitos anos, vigorou a mxima de que O Rei nunca erra (The King can do no wrong) ou O Rei no pode fazer mal (Le roi ne peut mal faire).

    Durante esse perodo, notadamente nos regimes absolutistas, o Estado NO PODIA SER RESPONSABILIZADO pelos danos que causasse aos particulares no exerccio das funes estatais.

    Entretanto, mesmo durante esse perodo, os indivduos no ficavam totalmente desamparados de proteo em virtude dos danos sofridos, pois existia a possibilidade de responsabilizao individual dos agentes pblicos que, atuando com dolo ou culpa, acarretassem danos a terceiros. A responsabilidade, nesse caso, recaa sobre o prprio agente e no sobre o Estado.

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    Conforme nos informa o professor Digenes Gasparini, o princpio da responsabilidade do agente pblico, em lugar da responsabilidade do Estado, estava previsto na Constituio de 1824, no item 29, artigo 179.

    No item 29 do artigo 179, o prprio Imperador fazia a ressalva de que no estava submetido a qualquer responsabilidade.

    Apesar da necessidade de voc ter conhecimento dessa teoria para responder s questes de concursos, destaca-se que ela est inteiramente superada, mesmo nos Estados Unidos e na Inglaterra, que foram os ltimos pases a abandon-las, em 1946 e 1947, respectivamente.

    (FCC/Assessor Jurdico TJ PI/2010) A teoria da irresponsabilidade do Estado, adotada na poca dos Estados absolutos, repousava fundamentalmente na ideia de soberania, tendo os Estados Unidos e a Inglaterra abandonado tal teoria respectivamente em 1946 e 1947. Assertiva considerada correta pela banca examinadora.

    2.2. Responsabilidade subjetiva do Estado ou Teoria da culpa civil

    Segundo essa teoria, o Estado seria equiparado ao particular para fins de indenizao. Em regra, como os particulares somente podem ser responsabilizados pelos seus atos quando atuam com dolo (desejo de causar o dano) ou culpa (negligncia, imprudncia ou impercia), tais requisitos tambm deveriam ser demonstrados a fim de que se pudesse responsabilizar o Estado.

    Tanto o Estado quanto o particular eram tratados de forma igualitria e, sendo assim, ambos respondiam nos termos do direito privado, sendo imprescindvel a demonstrao do dolo ou culpa para que ocorresse a responsabilizao.

    Essa teoria passou a vigorar no Brasil com o advento do Cdigo Civil, de 1916 e, somente em 1946, com a promulgao da Constituio, deixou de existir.

    2.3. Teoria da Culpa Administrativa ou da faute du service

    Essa teoria relaciona-se possibilidade de responsabilizao do Estado em virtude do servio pblico prestado de forma insatisfatria, defeituosa ou ineficiente.

    No necessrio que ocorra uma falta individual do agente pblico, mas uma deficincia no funcionamento normal do servio, atribuvel a um ou vrios agentes da Administrao, que no lhes seja imputvel a ttulo pessoal.

    Nesse caso, a vtima tem o dever de comprovar a falta do servio (ou a sua prestao insuficiente ou insatisfatria) para obter a indenizao, alm de ser obrigada a provar ainda uma culpa especial do Estado, ou seja, provar que o Estado responsvel por aquela falta do servio pblico.

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    O professor Digenes Gasparini cita alguns exemplos em que ocorrer a culpa do servio e, portanto, a obrigao de o Estado indenizar o dano causado:

    1 ) Caso devesse existir um servio de preveno e combate a incndio em prdios altos, mas no houvesse (o servio no funcionava, no existia);

    2) O servio de preveno e combate a incndio existisse, mas ao ser demandado ocorresse uma falha, a exemplo da falta dgua ou do emperramento de certos equipamentos (o servio funcionava mal);

    3) O servio de