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DIREITO PROCESSUAL CIVIL PARA O TRF2 PROFESSORA TATIANA SANTOS 1 Professora Tatiana Santos www.pontodosconcursos.com.br CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA SEGUNDA REGIÃO ANALISTA JUDICIÁRIO ÁREA JUDICIÁRIA E EXECUÇÃO DE MANDADOS Professora Tatiana Santos Aula 4 TEORIA E EXERCÍCIOS Olá, minhas saudações a todos!... Na aula de hoje, vamos ao Estudo da Teoria dos Recursos Cíveis... Abraço grande a todos! Professora Tatiana Santos. LEGISLAÇÃO COMENTADA São cabíveis os seguintes recursos: I - apelação; II - agravo; III - embargos infringentes; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário; VI - recurso especial; VII - recurso extraordinário; VIII - embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário. Os recursos possíveis em nosso atual sistema processual são somente esses = PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE. Em hipóteses excepcionais, é possível “reformar para piorar” = “reformatio in pejus”. Mas, isso se aplica comente no processo civil, não sendo admitido no penal. CUIDADO COM AS PROVAS DE CONCURSOS PÚBLICOS!... Não se pode usar o princípio da fungibilidade para a criação de um recurso novo. A fungibilidade vem da ideia de algo “fungível”, ou seja, substituível. Um recurso “errado” pode ser substituído por aquele que seria o certo – mas isso só ocorre em casos excepcionais. O juiz considera o errado como se certo fosse. Via de regra, quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser- lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos. Há entendimentos no sentido de que no caso de litisconsórcio unitário, o prazo não seria em dobro, ainda que haja defensores

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL PARA O TRF2 PROFESSORA TATIANA SANTOS

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Professora Tatiana Santos www.pontodosconcursos.com.br

CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA SEGUNDA REGIÃO

ANALISTA JUDICIÁRIO ÁREA JUDICIÁRIA E EXECUÇÃO DE MANDADOS

Professora Tatiana Santos

Aula 4

TEORIA E EXERCÍCIOS

Olá, minhas saudações a todos!...

Na aula de hoje, vamos ao Estudo da Teoria dos Recursos Cíveis... Abraço

grande a todos! Professora Tatiana Santos.

LEGISLAÇÃO COMENTADA

� São cabíveis os seguintes recursos: I - apelação; II - agravo; III - embargos

infringentes; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário; VI - recurso

especial; VII - recurso extraordinário; VIII - embargos de divergência em

recurso especial e em recurso extraordinário. Os recursos possíveis em nosso

atual sistema processual são somente esses = PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE.

� Em hipóteses excepcionais, é possível “reformar para piorar” = “reformatio in

pejus”. Mas, isso se aplica comente no processo civil, não sendo admitido no

penal.

� CUIDADO COM AS PROVAS DE CONCURSOS PÚBLICOS!... Não se pode usar o

princípio da fungibilidade para a criação de um recurso novo. A fungibilidade

vem da ideia de algo “fungível”, ou seja, substituível. Um recurso “errado”

pode ser substituído por aquele que seria o certo – mas isso só ocorre em

casos excepcionais. O juiz considera o errado como se certo fosse.

� Via de regra, quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-

lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo

geral, para falar nos autos. Há entendimentos no sentido de que no caso de

litisconsórcio unitário, o prazo não seria em dobro, ainda que haja defensores

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distintos. ATENÇÃO! Quando no “grupo” litisconsorcial, só uma parte tiver

interesse recursal, não há o porquê aplicar a regra do prazo em dobro para

recorrer.

� O recurso é considerado interposto, para efeitos de aferição de sua

tempestividade, no momento em que os procuradores das partes ingressarem

com a respectiva petição no juízo ou tribunal.

� O recurso extraordinário e o recurso especial não impedem a execução da

sentença; a interposição do agravo de instrumento não obsta o andamento do

processo

� Lembre-se de que um dos principais requisitos para a admissibilidade do

recurso extraordinário consiste, no caso concreto, da demonstração da

chamada “repercussão geral” da questão constitucional.

� Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente,

quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal

superior.

� Na verdade, o juízo de admissibilidade é duplo, feito pelo prolator da sentença

(juízo a quo), bem como pelo tribunal (instância ad quem). O item está certo

porque o juízo a quo faz juízo de admissibilidade... sem problemas... É da

competência do juízo a quo fazer o juízo inicial de admissibilidade de um dado

recurso, vamos supor... uma apelação.

Ainda, o entendimento do juízo a quo não vincula o entendimento do juízo ad

quem. Nesse sentido, pode entender o juízo a quo que estão presentes os

requisitos de admissibilidade, recebendo o recurso, fazendo a remessa para a

instância acima e o juízo ad quem entender que não estão presentes os

requisitos e, com isso, não conhecer do recurso.

O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos

litisconsortes, desistir do recurso. (IESES, TJ-MA, Titular de Serviços de Notas

e de Registros, 2008)

� Da sentença caberá apelação.

� O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em

conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo

Tribunal Federal.

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� O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em

conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo

Tribunal Federal. (FCC, TRT/16ªR, Analista Judiciário - Área Judiciária:

Execução de Mandados, 2009)

� A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no

entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que:

I - homologar a divisão ou a demarcação; II - condenar à prestação de

alimentos; III – (...) IV - decidir o processo cautelar; V - rejeitar liminarmente

embargos à execução ou julgá-los improcedentes; VI - julgar procedente o

pedido de instituição de arbitragem; VII – confirmar a antecipação dos efeitos

da tutela. CUIDADO! Essas hipóteses não se sujeitam a uma apreciação

meramente subjetiva do juiz. Se ocorrer, no caso concreto, uma das hipóteses

do art. 520 do CPC, deve o juiz então receber (ou conhecer) do recurso apenas

no seu efeito devolutivo.

� Recebida a apelação em ambos os efeitos, o juiz não poderá inovar no

processo; recebida só no efeito devolutivo, o apelado poderá promover, desde

logo, a execução provisória da sentença, extraindo a respectiva carta.

� Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na

forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte

lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da

apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, quando

será admitida a sua interposição por instrumento. Vamos lembrar que a

decisão interlocutória é aquela que resolve questão incidente.

� Nas hipóteses em que a decisão interlocutória for suscetível de causar à parte

lesão grave e de difícil reparação, será admissível a interposição do agravo por

instrumento, dispensada a forma retida (Ministério Público da União, PGT,

Procurador do Trabalho, 2008)

� O agravo retido independe de preparo.

� Na modalidade de agravo retido o agravante requererá que o tribunal dele

conheça, preliminarmente, por ocasião do julgamento da apelação. Repare que

se a parte é vencedora numa ação, perde-se o interesse recursal para a

análise do recurso. Nesse caso, o agravo retido “perde objeto”.

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� O interesse recursal tem conceito “subjetivo” e consiste na ideia essencial de

utilidade que o provimento pode dar ao recorrente. Nesse caso, vejamos. Se

num dado processo o juiz julga procedente do pedido do autor, então não há

razão para que ele ingresse com um recurso. Se tiver tido, antes, a

interposição do agravo, na forma retida, esse recurso “perde objeto”.

� Não se conhecerá do agravo se a parte não requerer expressamente, nas

razões ou na resposta da apelação, sua apreciação pelo Tribunal.

� Interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) dias, o juiz

poderá reformar sua decisão. Essa regra não se aplica ao agravo retido.

� Das decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e julgamento

caberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e imediatamente,

bem como constar do respectivo termo (art. 457), nele expostas sucintamente

as razões do agravante.

� Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver

reformado, em grau de apelação, a sentença de mérito, ou houver julgado

procedente ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os embargos serão

restritos à matéria objeto da divergência.

� Cabem embargos de declaração quando: I - houver, na sentença ou no

acórdão, obscuridade ou contradição; II - for omitido ponto sobre o qual devia

pronunciar-se o juiz ou tribunal.

� Cabem embargos de declaração quando for omitido ponto sobre o qual devia

pronunciar-se o juiz ou tribunal. (FCC, TRT/16ªR, Analista Judiciário - Área

Judiciária: Execução de Mandados, 2009)

� Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao

juiz ou relator, com indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso, não

estando sujeitos a preparo.

� Observe o seguinte precedente: EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO

ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO

ANTES DO JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE

RATIFICAÇÃO. INCABIMENTO. PROCESSOS EM CURSO. APLICAÇÃO. 1. O

julgamento dos embargos de declaração, independentemente de haverem sido

opostos pela mesma parte ou pela parte adversa, tenha ele, ou não, efeito

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modificativo, complementa e integra o acórdão recorrido, formando um todo

indissociável o qual se denomina decisão de última instância, esta, sim,

passível de recurso especial e extraordinário, nos termos do artigo 105, inciso

III, da Constituição Federal. 2. Os embargos de declaração interrompem, e não

suspendem, o prazo para a interposição de outros recursos, pelo que o prazo

recomeça a ser contado por inteiro, desprezando-se o tempo até então

decorrido, o que desloca o termo inicial da contagem do prazo de interposição

de recurso especial para depois do julgamento dos declaratórios, sem o que

não se abre a instância extraordinária. 3. O entendimento esposado no

julgamento do REsp nº 776.265/SC, em 18 de abril de 2007, pela Corte

Especial, não constitui mudança de orientação jurisprudencial, sempre

prevalecente no entendimento de que é incabível o especial interposto antes

do julgamento dos declaratórios, porque estes interrompem o prazo para a

interposição de outros recursos e integram o acórdão recorrido especialmente,

configurando o exaurimento da instância ordinária, que sempre foi requisito

constitucional inarredável ao cabimento do especial. 4. Embargos de

divergência rejeitados. (ERESP 200900126990, HAMILTON CARVALHIDO, STJ -

PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:05/10/2010.)

� O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias; nos tribunais, o relator

apresentará os embargos em mesa na sessão subseqüente, proferindo voto.

� Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de outros

recursos, por qualquer das partes.

� Os autos remetidos ao tribunal serão registrados no protocolo no dia de sua

entrada, cabendo à secretaria verificar-lhes a numeração das folhas e ordená-

los para distribuição.

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PARTE TEÓRICA

Olá, pessoal, tudo bem?

Na aula de hoje, conforme nossa programação, veremos a Teoria Geral dos

Recursos, quanto aos seguintes pontos: princípios fundamentais; conceito;

pressupostos recursais; juízos de admissibilidade e mérito; efeitos.

Base conceitual

Qual é o conceito do termo “recurso”?

Bem, literalmente, o termo quer dizer “entrar em curso novamente”.

Como assim?...

Bem, se pensarmos que o curso processual, via de regra, é iniciado na

primeira instância (1º grau) na justiça e, considerando o conceito genérico

de sentença, segundo a qual é posto fim a uma etapa processual, então,

quando o processo “nasce” na primeira instância, por exemplo, e, depois de

passadas todas as fases previstas em lei, quando chega a sentença, finaliza

o curso processual naquela instância (precedente nesse sentido: STJ, no CC

200701956601, Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, 02/04/2008).

O recurso tem por objetivo retomar o curso, na segunda instância (esse,

aliás, é o fundamento jurídico do “efeito devolutivo dos recursos”).

Dessa forma, quando uma causa finaliza um determinado curso processual,

ou seja, quando uma causa finaliza uma etapa de sua tramitação, ausente

o trânsito em julgado, o procedimento que restabelece o curso é chamado

de “recurso”.

É nessa perspectiva que falamos no efeito devolutivo dos recursos.

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A doutrina diz que o recurso é o meio idôneo para que a parte recorrente

manifeste sua irresignação, devolvendo à jurisdição jurisdicional, o exame

da matéria, provocando, assim, uma impugnação ao objeto recursal.

Quatro são os objetivos básicos da parte recorrente:

1º) a reforma da decisão recorrida; ou

2º) a invalidação da decisão recorrida; ou

3º) um esclarecimento quanto a algum detalhe da decisão recorrida; ou

4º) a integração do julgado.

A doutrina diz, ainda, que o recurso se justifica porque a parte recorrente

pode ter uma percepção, ainda que subjetivamente, de provável “injustiça”

da decisão recorrida.

O recorrente recorre porque em tese houve, quanto à decisão recorrida

“error in procedendo” (erro no procedimento) ou “error in judicando” (erro

no juízo, no ato de julgar).

Nesse caso, ou seja, no “error in judicando” pode ter havido má

interpretação de uma prova fundamental (da instrução) ou erro da

interpretação do conjunto probatório ou erro no direito aplicado (erro na

subsunção – interpretação e aplicação da lei ao caso concreto) ou erro no

próprio “sentimento” quanto à causa (sentença).

Quando houver “error in procedendo” pede-se a reforma da decisão

recorrida. Quando houver “error in judicando” pede-se a anulação da

decisão recorrida.

OBSERVAÇÃO:

Recurso não é “ação”.

Com a interposição de um recurso, não há que se falar na

formação de um novo processo. O recurso tão-somente

prolonga a relação jurídico-processual.

Decorrente da observação acima, CUIDADO!...

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O mandado de segurança é ação e não se confunde com “recurso”. Veja a

seguinte jurisprudência:

PROCESSO CIVIL - RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO

DE SEGURANÇA - CONCORDATA PREVENTIVA -

HABILITAÇÃO DE CRÉDITO - DEFERIMENTO - APELAÇÃO -

RECEBIMENTO SOMENTE NO EFEITO DEVOLUTIVO -

CABIMENTO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO (ART. 527,

III, DO CPC) - IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA - SÚMULA

267/STF. 1 - O mandado de segurança não é

sucedâneo de recurso, salvo em situações

teratológicas da decisão ou a possibilidade desta

causar dano irreparável ou de difícil reparação. No

caso em questão, não se apresentam nenhuma dessas

hipóteses. Da decisão judicial que recebe a apelação

interposta, somente no efeito devolutivo, em autos de

Habilitação de Crédito em Concordata Preventiva, cabível

a interposição de agravo de instrumento e não de agravo

retido. 2 - Outrossim, nos termos do art. 527, III, do CPC

com as alterações trazidas pela Lei nº 9.139/95, o

recurso de instrumento é dotado, se presentes os

requisitos ensejadores da concessão, do efeito suspensivo

almejado. Incidência da Súmula 267/STF. 3 - Precedentes

(REsp nº 462.403/SC, RMS nºs 13.336/SP e 4.822/RJ). 4

- Recurso ordinário desprovido. (ROMS 200100449085,

JORGE SCARTEZZINI, STJ - QUARTA TURMA, 17/12/2004)

Característica de “disponibilidade” dos recursos

Na regra, o direito de interpor recursos é disponível, dado que uma das

principais características do recurso é a sua voluntariedade. A parte pode

não querer recorrer. É um direito disponível...

Não se pode falar na obrigatoriedade de se recorrer.

Quando a parte titular do direito subjetivo de interpor recurso, ou seja,

quando houver, no contexto de uma causa, legítimo interesse recursal,

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deixando de fazê-lo, a parte encontra-se sob o instituto da preclusão

consumativa.

Daí podem ocorrer duas coisas:

1º) o fim de uma fase procedimental (isso normalmente quando a decisão

recorrida não for de mérito) ou

2º) a formação da coisa julgada, em face da ocorrência do trânsito em

julgado da causa (isso quando a decisão recorrida for de mérito).

Remessa Necessária

No contexto do princípio da voluntariedade, a doutrina costuma tecer

algumas considerações especiais para o chamado “recurso de ofício”. Esse

termo é, ainda, usado, mas de forma incorreta, pois a característica

principal de um recurso é a sua voluntariedade e o recurso “de ofício” não é

voluntário, antes, é obrigatório.

Então, o recurso previsto sempre que decisão de mérito condenar a

Fazenda Pública deve ser chamado de “reexame necessário” ou

“remessa obrigatória”.

O que se busca com o “reexame necessário” é a segurança jurídica da

decisão que condena a Fazenda Pública. Tendo em vista que a Fazenda, se

sucumbente, deverá pagar ao credor, o “dinheiro” do pagamento advém da

sociedade e, por isso, há evidente interesse público na operação.

O instituto jurídico do reexame necessário está contido no art. 475 do CPC:

“Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não

produzindo efeito senão depois de confirmada pelo

tribunal, a sentença: (Redação dada pela Lei nº 10.352,

de 2001)

I – proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal,

o Município, e as respectivas autarquias e fundações de

direito público; (Redação dada pela Lei nº 10.352, de

2001)

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II – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os

embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública

(art. 585, VI). (Redação dada pela Lei nº 10.352, de

2001)”.

Então, sempre que a Fazenda Pública for sucumbente numa relação

jurídico-processual, é cabível, obrigatoriamente, o reexame necessário.

Observe a redação do art. 475, §1º:

“Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a

remessa dos autos ao tribunal, haja ou não apelação; não

o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los”.

Segundo a doutrina, ainda, faltam ao “reexame necessário”:

● tipicidade,

● necessidade de motivação (há motivo, mas não há a necessidade de

motivação, fundamentação),

● tempestividade,

● preparo.

Existem duas exceções ao “reexame necessário”.

A primeira é aquela situação em que a condenação, ou o direito

controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários

mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos do devedor na

execução de dívida ativa do mesmo valor.

Cuidado! O valor da condenação deverá ser CERTO. Se o valor da

condenação provavelmente for inferior a 60 (sessenta) salários mínimos, a

jurisprudência dos tribunais entende que a remessa continua sendo

necessária. Se o juízo “a quo” (juízo de baixo, anterior, que deveria fazer a

remessa) não fizer a remessa, o juízo “ad quem” (juízo de cima, posterior,

que aprecia a remessa) terá por interposta a remessa.

A segunda exceção da remessa necessária ocorre quando a sentença

estiver fundada em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal

ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior competente. Nesse

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sentido, entende a doutrina que a decisão está fundada em orientação

segura.

O “reexame necessário” é dispensável, pois a condenação da Fazenda

dispensa, nesse caso, de maiores cuidados no que toca à revisão da decisão.

A condenação fundada em jurisprudência do PLENÁRIO do STF ou de

SÚMULA do STF ou de TRIBUNAIS SUPERIORES ganha maior segurança

jurídica.

Princípios fundamentais

São princípios jurídicos específicos que se inclinam aos recursos: PRINCÍPIO

DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO, PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE,

PRINCÍPIO DA SINGULARIDADE, PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE, PRINCÍPIO

DA NON REFORMATIO IN PEJUS.

Os princípios decorrentes do “due process of law” também são aplicáveis aos

recursos, porém, não são classificados como “fundamentais”, vale dizer,

“específicos”, especiais especificamente aos recursos.

Princípio do Duplo Grau de Jurisdição

Toda causa que tramita nas “esteiras” do Poder Judiciário tem direito de ser

julgada e rejulgada. Daí o princípio do DUPLO grau de jurisdição. Ocorre que

o rejulgamento não pode ocorrer no mesmo juízo no qual se deu o primeiro

julgamento.

É que se, de fato, o primeiro juízo (juízo a quo) estiver “viciado”, caso ele

mesmo rejulgasse um processo, provavelmente repetiria o mesmo vício, o

que afasta a segurança jurídica da formação da coisa julgada. Nesse caso,

estaria seriamente comprometida a função social da decisão judicial.

Qual é a função social da decisão judicial?

É a busca pela “justiça social”, promovendo assim a

“paz social” com o fim da lide.

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O duplo grau de jurisdição pressupõe “diferença de potencial”, desnível.

Pressupõe-se que uma causa seja julgada no primeiro grau (juízo a quo) e

depois rejulgada no segundo grau (juízo ad quem).

ATENÇÃO!

O princípio do duplo grau de jurisdição não se aplica em

todos os casos de recursos no Poder Judiciário. Há

hipóteses, inclusive constitucionais, quanto à interposição

de recursos ORIGINÁRIOS nos tribunais e que não se

submetem ao duplo grau de jurisdição.

Princípio da Taxatividade

Desse princípio há duas análises a serem feitas.

A primeira é aquela segundo a qual se diz que os recursos só existem se

estiverem explicitamente previstos em lei. Sob esse ângulo, há também o

princípio da tipicidade.

A segunda é aquela que só a União pode legislar para criar e regulamentar

recursos. Caso os regimentos internos dos tribunais venham a criar figuras

novas no sistema recursal, tal hipótese será tida como flagrantemente

inconstitucional.

Princípio da Singularidade

Esse princípio é também chamado de princípio da unirrecorribilidade.

Com isso criou-se a regra segundo a qual é cabível somente 1 tipo de

recurso para cada decisão recorrível. Caso contrário, haveria enorme

complexidade não resolvível no sistema recursal.

Numa eventual hipótese de cabimento de duas espécies recursais sobre a

mesma decisão recorrida, deve-se optar pelo tipo recursal mais abrangente.

Por exemplo: se uma sentença contiver uma parte agravável, onde se

resolvesse questão incidente e outra parte apelável, onde se resolvesse o

mérito, deve-se optar pela hipótese recursal mais abrangente, mais

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profunda, (apelação), pois esta absolve a hipótese menos abrangente,

menos profunda, em relação à lide.

Quando a parte recorrente interpõe ao mesmo tempo recurso especial e

recurso extraordinário não há que se falar em violação à unirrecorribilidade,

pois a apreciação dos dois recursos será feita em momento diferente, bem

como ambos os recursos pressupõem cabimento diferente.

No Recurso Extraordinário, dentre outros requisitos, há, necessariamente,

que se demonstrar o prequestionamento de matéria de fundo constitucional

e, no Recurso Especial há o prequestionamento de matéria de lei federal.

Princípio da Fungibilidade

Vamos relembrar lá do direito civil que “fungível” é a

coisa ou o bem que pode ser substituído por outro do

mesmo valor, peso, qualidade, quantidade. Então,

fungível é o mesmo que “substituível”.

O fundamento da fungibilidade está na ideia de que, caso o recorrente

venha a errar na interposição de um recurso, o juiz poderá,

automaticamente, mediante decisão fundamentada, substituir o errado

(inadequado) pelo certo (adequado). Nesse caso, o juiz vai entender a

interposição de um recurso errado como se certo fosse.

Mas, para que esse procedimento de “substituição automática” do errado

pelo certo venha a ocorrer, alguns requisitos devem ser observados: deve

ocorrer dúvida objetiva a respeito do verdadeiro recurso cabível para

impugnar determinada decisão, não pode ocorrer erro grosseira, a

interposição do recurso inadequado deve ocorrer no prazo do recurso certo,

ou seja, daquele que, de fato, deveria ter sido interposto.

Princípio da Proibição da Reformatio in Pejus

Reformar “in pejus” é reformar para piorar.

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De plano, quero destacar que esse princípio não se aplica

ao sistema recursal da Lei 9.784/99 – ponto, aliás, muito

cobrado nas provas de concursos públicos.

A Lei 9.784/99 é aquela que cria as regras gerais de

todos os processos administrativos no âmbito da

Administração Pública. Nesse sentido, dado que, no

Brasil, a Administração não tem o contencioso, o recurso

administrativo pode sim reformar para piorar a situação

do recorrente.

Mas, no âmbito da jurisdição jurisdicional, vale dizer, no âmbito do

Poder Judiciário, não podemos falar na hipótese de reformar para piorar. No

sistema recursal jurisdicional tal hipótese é vedada.

Para entendermos melhor o alcance do princípio da vedação da reformatio in

pejus, o que se diz na doutrina é que o órgão julgador só poderá alterar o

mérito da decisão recorrida nos exatos limites da impugnação (princípio da

congruência).

Caso fosse possível prejudicar o recorrente, isso beneficiaria o recorrido –

sem que ele tivesse pedido isso, o que violaria o princípio dispositivo. Caso

ambas as partes venham a recorrer, aí não haverá problema em não se

aplicar a non reformatio in pejus.

Requisitos de Admissibilidade dos recursos

Admitir é aceitar, no contexto do sistema recursal. Nesse sentido, deve-se

verificar se um dado recurso cumpriu com as exigências legais, bem como

se foram preenchidas as exigências lógicas do procedimento.

A doutrina registra dois tipos de requisitos de admissibilidade.

Existem os requisitos chamados de subjetivos e existem dos requisitos

chamados de objetivos.

Requisitos subjetivos

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Os requisitos subjetivos são: legitimidade e interesse.

A legitimidade trabalha com a hipótese de parte legítima. Somente as partes

processuais e, eventualmente, terceiros prejudicados podem recorrer. A

legitimidade é uma espécie de autorização legal para que a parte processual

venha a recorrer, nessa qualidade de parte, pessoa envolvida pela relação

jurídico-processual.

O interesse recursal pressupõe que a parte foi sucumbente em relação à

decisão recorrida. Ser sucumbente é o mesmo que perder alguma coisa. Há

uma decisão judicial na qual a parte perdeu alguma coisa. A parte

recorrente pretende rever tal situação, buscando um benefício efetivo. Se

não for para buscar melhorar sua situação, em tese, não haveria motivo

para que a pessoa recorresse.

Nos embargos declaratórios a parte pode recorrer apenas para pedir um

esclarecimento de uma situação de obscuridade, omissão ou contradição.

Nesse caso, não há que se falar, necessariamente, em sucumbência.

Requisitos objetivos

O cabimento diz respeito à subsunção (encaixe) da hipótese de incidência à

lei. Nesse caso, deverá ser verificado o caso concreto e ver ser buscado o

recurso que “coincide”, ou seja, deverá haver uma coincidência entre o fato

e a lei.

A tempestividade é um requisito objetivo simples, pois diz respeito ao

cumprimento do prazo legal. Os recursos devem ser interpostos

rigorosamente no prazo legal. Cada recurso possui um prazo específico,

conforme a política de tramitação do feito. O prazo sempre vem previsto em

lei.

O preparo é uma das despesas processuais. Para recorrer o recorrente deve

pagar o “preparo”, salvo de estiver litigando sob o pálio da gratuidade

judiciária.

Regularidade formal diz respeito aos requisitos formais do recurso, uma vez

que o conteúdo da irresignação dever encaminhado à jurisdição jurisdicional

de forma escrita, mediante petição dirigida, na regra, ao juízo ad quem

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(salvo embargos declaratórios, bem como o agravo interno – agravo

regimental). Nas razões recursais deverá haver o suporte fático e de direito

que sustentam o pedido de reforma ou de anulação do decisum recorrido.

Ao final, a parte recorrente deve formular seus pedidos.

Se houver ocorrido alguma contrariedade à Súmula ou jurisprudência de

tribunal, tal situação deve vir explícita nas razões recursais.

Juízo de Admissibilidade

O juízo de admissão, também chamado de juízo de admissibilidade, no

sistema recursal brasileiro, é duplo, ou seja, feito pelo juízo a quo e feito

pelo juízo ad quem.

Quando juízo a quo entende estarem presente todos os requisitos subjetivos

e objetivos do recurso, deve receber o recurso. “Receber” aí está numa

terminologia técnica, ou seja, no vocabulário técnico. “Rebecer” quer dizer

aceitar, admitir. Se o juízo a quo entender ausentes os requisitos subjetivos

e objetivos do recurso, ele não receberá o recurso.

A decisão que não recebe o recurso cabe agravo de instrumento, sendo que

esse não pode ser transformado em agravo retido.

Veja a seguir precedentes dos tribunais no sentido de se afirmar que da

decisão que não recebe apelação cabe “agravo de instrumento” e não

“agravo retido”.

PROCESSO CIVIL - RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO

DE SEGURANÇA - CONCORDATA PREVENTIVA -

HABILITAÇÃO DE CRÉDITO - DEFERIMENTO - APELAÇÃO -

RECEBIMENTO SOMENTE NO EFEITO DEVOLUTIVO -

CABIMENTO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO (ART. 527,

III, DO CPC) - IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA - SÚMULA

267/STF. 1 - O mandado de segurança não é sucedâneo

de recurso, salvo em situações teratológicas da decisão

ou a possibilidade desta causar dano irreparável ou de

difícil reparação. No caso em questão, não se apresentam

nenhuma dessas hipóteses. Da decisão judicial que

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recebe a apelação interposta, somente no efeito

devolutivo, em autos de Habilitação de Crédito em

Concordata Preventiva, cabível a interposição de

agravo de instrumento e não de agravo retido. 2 -

Outrossim, nos termos do art. 527, III, do CPC com as

alterações trazidas pela Lei nº 9.139/95, o recurso de

instrumento é dotado, se presentes os requisitos

ensejadores da concessão, do efeito suspensivo almejado.

Incidência da Súmula 267/STF. 3 - Precedentes (REsp nº

462.403/SC, RMS nºs 13.336/SP e 4.822/RJ). 4 - Recurso

ordinário desprovido.

(ROMS 200100449085, JORGE SCARTEZZINI, STJ -

QUARTA TURMA, 17/12/2004)

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE

INSTRUMENTO AJUIZADO CONTRA DECISÃO QUE RECEBE

APELAÇÃO. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO NÃO

CARACTERIZADA. TEMA DISCUTIDO. ART. 523, § 4º DO

CPC. INTERPRETAÇÃO CONJUNTA COM OUTRAS NORMAS

DO CPC PERTINENTES. VIOLAÇÃO NÃO CARACTERIZADA.

Não há falar-se em ofensa ao art. 535 do CPC,

considerando que o acórdão dos embargos foi expresso

em afastar a norma do art. 523, § 4º do CPC, ou seja,

discutiu o tema proposto. Nos termos de vários

precedentes desta Corte, é de se interpretar o § 4º do

art. 523 do CPC de forma conjunta com outros

dispositivos inerentes do mesmo Diploma Processual. Na

espécie, pretender que o agravo de instrumento

ajuizado contra a decisão que recebe a apelação,

seja na forma retida, é torná-lo absolutamente

inócuo. Recurso desprovido.

(RESP 200200865029, JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, STJ

- QUINTA TURMA, 09/06/2003)

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O agravo na forma retida deve ser apreciado por ocasião da sentença. Ora,

se já houve apelação, não faz sentido manter o agravo na sua forma retida.

Continuando o juízo de admissibilidade, se o juízo ad quem julga presentes

todos os requisitos subjetivos e objetivos dos recursos, então o juízo ad

quem deverá conhecer do recurso. Se ausente algum dos requisitos

subjetivos e objetivos do recurso, então o recurso não será conhecido (juízo

negativo de admissibilidade).

Efeitos dos recursos

Um “efeito jurídico” é aquele fator que vem a alterar o direito potestativo da

parte. A esfera potestativa é aquela que circunscreve direitos, deveres e

obrigações convergentes à pessoa.

A primeira análise que se faz quanto à produção de efeitos jurídicos

decorrentes da interposição de recursos é aquela segundo a qual o grande

objetivo do recorrente diz respeito à obstacularização do trânsito em julgado

e/ou da preclusão.

Efeito devolutivo

É isso mesmo, pois a interposição do recurso opera-se o efeito devolutivo e,

com isso é causa é reposicionada na jurisdição, impedindo-se que a

tramitação alcance o seu trânsito em julgado, impedindo, de forma reflexa,

que haja a formação da coisa julgada.

Com o efeito devolutivo (tantum devolutum quantum appellatum), o

recorrente devolve à jurisdição e, via de regra, a uma instância acima, o

exame de toda a matéria impugnada. Decorre logicamente do princípio

dispositivo.

OBSERVAÇÃO: o embargo de declaração não possui efeito devolutivo.

Efeito suspensivo

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Nem todos os recursos têm efeito suspensivo, mas na ausência de

determinação legal diferente, a regra é a suspensividade.

Com esse efeito, busca-se suspender a obrigação de fazer ou a obrigação de

não-fazer ou a obrigação de pagar ou a obrigação de dar decorrentes, todas

elas, da decisão de mérito ou, eventualmente, da decisão incidental.

Efeito substitutivo

Esse efeito só será possível na hipótese de error in judicando, pois a decisão

recorrida será substituída. Vamos lembrar que ao final das razões recursais,

o recorrente pede ao Judiciário a reforma da decisão.

O efeito substitutivo não serve para hipóteses de error in procedendo, pois a

decisão recorrida não será substituída e sim anulada.

Efeito translativo

Tal efeito se observa do art. 515, §§1º ao 3º do CPC. Em suma, o

julgamento recursal (juízo de mérito) vai além daquilo que foi objeto da

impugnação.

Efeito Expansivo

Nesse caso, a doutrina diz que tal ocorre diante da possibilidade de o

julgamento do recurso produzir decisão mais abrangente do que o reexame

da matéria impugnada. O julgamento do mérito recursal acaba expandindo

seus efeitos para além do mérito do recurso.

Efeito suspensivo ativo

Ocorre quando o relator do caso dá o bem da vida pretendido ao recorrente,

via de regra, de forma monocrática, ou seja, antes do julgamento pelo

órgão colegiado. Isso ocorre bastante nos agravos de instrumento.

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DOS RECURSOS EM ESPÉCIE

O que é mesmo um recurso? O que são os chamados “recursos em espécie”?

O que devemos saber sobre esse tema? Qual é a importância do tema?

Devemos partir do pressuposto de que o juiz é uma pessoa humana. Como

tal pode cometer erros, decidir de forma equivocada, não atingir

EXATAMENTE a ideal solução do litígio (litígio é a lide na justiça). Então, a

Constituição Federal, sabendo disso, criou o grande princípio chamado de

“duplo grau de jurisdição”.

Toda causa está submetida ao duplo grau de jurisdição. Toda causa tem o

“direito” de ser julgada e rejulgada. O objetivo fundamental do duplo grau

de jurisdição está relacionado com a ideia de se buscar a melhor justiça.

Devemos fazer justiça de forma efetiva. Para que isso tudo funcione, existe

um sistema bem engenhoso no ordenamento processual chamado de

SISTEMA RECURSAL.

Assim sendo, o “recurso” = “re” + “curso”, isto é, a forma de submeter a

causa, novamente ao curso processual. É devolver ao judiciário a análise da

causa (efeito devolutivo). É o duplo grau de jurisdição (jurisdição aí = Poder

Judiciário). É o re+julgamento da causa. Toda causa tem o direito de ser

julgada e rejulgada.

O que precisamos agora é “detalhar” um pouco mais sobre os recursos em

espécie. Na verdade, na expressão “em espécie” são os recursos

especificamente falando, até porque a lista do art. 496 do CPC é lista

fechada (taxativa).

Os recursos existentes no sistema processual são somente aqueles

previstos na lei processual. São eles: apelação, agravo, embargos

infringentes, embargos de declaração, recurso ordinário, recurso especial,

recurso extraordinário, embargos de divergência em recurso especial e em

recurso extraordinário.

O importante agora é analisarmos alguns aspectos importantes de cada um

desses recursos, tais como: cabimento, legitimidade, interesse recursal,

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tempestividade, preparo, regularidade formal, meios de impugnação da

impugnação etc.

Regras gerais

Vamos primeiro aos comentários gerais dos recursos em espécie para depois

destacar as peculiaridades de cada um. A doutrina registra, por exemplo, a

criação dos chamados "embargos de divergência" são cabíveis no âmbito do

STJ e do STF.

Isso é importante!...

Os tais "embargos de divergência" são cabíveis quando houver divergência

de entendimento uma dada matéria entre uma turma e outra ou entre uma

seção e outra, no mesmo tribunal.

As "Turmas" e "Seções" são "equipes de trabalho", num tribunal. São grupos

de julgadores. São grupos de Ministros que julgam uma dada causa.

Assim sendo, existem grupos, principalmente no STJ, que julgam a mesma

matéria. Um grupo pode entender uma matéria de um jeito e dar uma

solução "x" ao problema. Às vezes o mesmo problema é julgado de outro

jeito numa outra Turma. Se isso ocorrer, são cabíveis os embargos de

divergência. Outro ponto importante que faço destaque desde já. O art. 497

do CPC diz que o recurso extraordinário (para o STF) e o recurso especial

(para o STJ) não possuem "efeito suspensivo". O efeito suspensivo opera-se,

na regra, até o segundo grau.

Quando uma pessoa recorre para o STJ ou para o STF, via de regra, tais

impugnações não impedem a execução, ao menos parcial, do julgado na

segunda instância. O efeito suspensivo de um recurso suspende a obrigação

de fazer ou a obrigação de pagar ou a obrigação de dar ou a obrigação de

não-fazer contida no comando dado pelo juízo ou pelo tribunal. O efeito

suspensivo é a regra.

Caso a lei processual nada diga sobre o efeito suspensivo, ele existe. Se a

lei tiver a intenção de retirar o efeito suspensivo de um recurso, então deve

vir expressamente dito isso no dispositivo legal.

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Da legitimidade para recorrer

Diz a lei processual civil, no seu art. 499, que têm autorização para recorrer

a parte vencida, também chamada de "sucumbente", bem como "terceiros

prejudicados" e o Ministério Público.

O sucumbente é aquele que sucumbiu, perdeu. Esse tem o chamado

"interesse recursal". Não tem interesse recursal a parte que venceu

totalmente uma demanda.

ATENÇÃO!... Se houver "sucumbência recíproca", ambos podem recorrer,

pois ambas as partes têm interesse recursal. Uma delas ganhou em parte e

perdeu em parte. O mesmo ocorreu com a outra: ganhou em parte e perdeu

em parte. No ponto em que a parte perdeu, operou-se a sucumbência.

Nesse ponto, a parte sucumbente pode recorrer. OBSERVAÇÃO!... O

Ministério Público pode recorrer de uma decisão, ou seja, tem legitimidade

para recorrer tanto na hipótese em que for "Parquet" (parte, autor de um

processo), como na hipótese em que oficiar um dado processo como "fiscal

da lei" (= "custus legis") - conforme o art. 499, §2º, do CPC. Recurso

adesivo Essa hipótese de recurso adesivo está prevista no art. 500 do CPC.

Essa modalidade recursal é, na verdade, uma legitimação às avesas. É o

recurso da parte vencedora. Porém, existem regras. Quando o sucumbente

recorre, o vencedor poderá aderir ao recurso dele. Por exemplo: se o

sucumbente interpõe apelação, o vencedor poderá aderir à apelação. Caso

o juiz julgue a apelação, o recurso adesivo poderá também ser julgado. É o

recurso da parte vencedora.

− Pontos específicos −

Apelação

Diz o art. 513 do CPC: da sentença caberá apelação. A apelação é o recurso

mais comum do sistema processual. A apelação é um recurso típico, ou seja,

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o recurso correto para impugnar a sentença é a apelação. É também a

apelação que enche os armários dos tribunais de segunda instância do

Brasil. A sentença é proferida na primeira instância e a apelação é resolvida

na segunda instância (efeito devolutivo + duplo grau de jurisdição). Esse é o

cabimento da apelação. A hipótese é a de se irresignar contra uma sentença

(decisão de mérito). A apelação é cabível no processo de conhecimento, no

processo de execução, no processo cautelar, nos procedimentos especiais. A

apelação é de cognição (conhecimento) ampla. Por isso, possibilita-se ao

tribunal a correção de "error in judicando" (juízo equivocado) ou "error in

procedendo" (falhas em eventuais procedimentos). A apelação permite, para

tanto, a revisão das provas (matéria de fato, instrução).Cuidado com um

detalhe: apesar da regra segundo a qual a apleação é cabível no caso de

decisão do tipo "sentença", bem verdade é que nem todas as sentença são

impugnáveis via apelação. Agravo O "agravo" é o recurso cabível de uma

decisão interlocutória. Para o nosso concurso, deve ficar bem claro que a

decisão interlocutória é aquela que não põe

fim ao processo. Existem duas modalidades de agravo: o agravo de

instrumento e o agravo retido.

O "agravo retido" é a regra geral do regime processual geral de "controle"

das decisões interlocutórias. Ele só não será aceito em hipóteses em que

a"retenção" do agravo para ser julgado depois puder causar à parte

agravante lesão grave e de difícil reparação. Também não cabe a forma

"retida" dos agravos contra decisões interlocutórias que questionem

exatamente os efeitos em que uma apelação é recebida, bem como não se

admite o agravo de decisões que não recebem (juízo negativo de

admissibilidade) as apelações.

O agravo de instrumento possui as seguintes características:

1º) é uma exceção ao sistema recursal (o agravo retido é hoje a regra);

2º) deverá ser dirigido ao Tribunal;

3º) via de regra busca-se o efeito suspensivo à decisão agravada;

4º) o agravo de instrumento pode ser "convertido" em agravo retido se o

relator não vislumbrar na hipótese lesão grave e de difícil reparação;

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5º) da decisão proferida em agravo de instrumento cabe agravo regimental,

com pedido de reconsideração da decisão outrora proferida.

Conclusão

Lembre-se sempre de que da sentença (art. 162, §1º c/c o art. 267 e art.

269 - todos do CPC) cabe apelação (art. 513. Da decisão interlocutória (art.

162, §2º do CPC) cabe agravo (art. 522 do CPC). Por sua vez, do despacho

de mero expediente (art. 162, §3º do CPC), porque é ato do juiz sem carga

decisória, não cabe recurso (art. 504). Olha só a seguinte jurisprudência que

deixa claro que da sentença é cabível a apelação e da decisão monocrática é

cabível o agravo:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL

CIVIL. FALÊNCIA. ELISÃO. COBRANÇA DE ACRÉSCIMOS.

FASE DE EXECUÇÃO. DECISÃO INCIDENTAL. RECURSO

CABÍVEL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.

INADMISSIBILIDADE DA APELAÇÃO. 1. A orientação

jurisprudencial deste Sodalício é no sentido de que o

depósito elisivo impede a decretação da falência (art. 11,

§ 2º, do DL 7.661/45), devendo o processo prosseguir na

via executiva para a cobrança de eventuais acréscimos

devidos. 2. A jurisprudência deste Tribunal Superior prega

ser cabível o recurso de agravo de instrumento (e não o

de apelação) contra decisão proferida no curso de

execução a qual não pôs fim ao processo. 3. Se o ato

judicial questionado não encerrou o processo de execução

derivado de falência elidida, tendo indeferido apenas

pedido incidental, qualifica-se tal decisão como

interlocutória - e não como sentença, pelo que o recurso

cabível é o agravo de instrumento (ao invés da apelação).

4. Agravo regimental a que se nega provimento. (AGRESP

200000353175, VASCO DELLA GIUSTINA

(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), STJ -

TERCEIRA TURMA, 17/02/2011)

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Repare a seguir que de uma decisão que põe fim ao processo, mesmo que

não seja chamada de sentença, é cabível a apelação. De os advogados

interpuserem agravo de uma decisão que põe fim ao processo, isso será

considerado "erro grosseiro", não permitindo a aplicação da fungibilidade

recursal:

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.

PROCESSUAL CIVIL. MATÉRIA CONSTITUCIONAL.

PRETENSÃO DE PREQUESTIONAMENTO.

IMPOSSIBILIDADE. PROCESSO DE EXECUÇÃO.

ACOLHIMENTO DE EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE.

EXTINÇÃO DO FEITO. RECURSO CABÍVEL. APELAÇÃO.

INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. ERRO

GROSSEIRO. 1. A jurisprudência dominante desta Corte

Superior é no sentido de que a decisão de primeiro grau

que acolhe a exceção de pré-executividade, pondo fim ao

processo de execução, possui natureza de sentença,

devendo ser atacada mediante recurso de apelação.

Assim, a interposição de agravo de instrumento

caracteriza erro grosseiro, não sendo possível aplicar-se o

princípio da fungibilidade recursal, cabível apenas na

hipótese de dúvida objetiva. 2. A via do agravo

regimental, na instância especial, não se presta para

prequestionamento de dispositivos constitucionais. 3.

Agravo regimental a que se nega provimento. (AGA

200801265785, VASCO DELLA GIUSTINA

(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), STJ -

TERCEIRA TURMA, 20/08/2010)

Embargos Infringentes

Os chamados "embargos infringentes" são cabíveis em qualquer tribunal,

desde que o acórdão seja "não-unânime" (decisão por maioria) e desde que

seja interposto exatamente na parte em que houver reforma a sentença, na

apelação. Cabe também embargos infringentes se for julgado procedente

ação rescisória.

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Imagine que um juiz lá no primeiro grau tenha proferido a sentença "x".

Vamos supor se dessa sentença coube apelação. Vamos supor que a

apelação foi provida, alterando alguma coisa na sentença, só que a decisão

que julgou a apelação, chamada de acórdão, não decidiu de forma unânime.

Desse acórdão não-unânime cabe "embargos infringentes". Isso existe para

que se dê a certeza necessária à busca da justiça efetiva.

A lógica dos embargos infringentes consiste na dúvida que foi gerada na

decisão não-unâmine, ou seja, da decisão que não houve 100% de

concordância. O sistema desconfia disso: por que o acórdão não foi

unânime? Para tirar a dúvida, cabem os embargos infringentes.

Embargos de Declaração

Os embargos de declaração, também chamados de "embargos declaratórios"

constituem uma forma de impugnação onde se busca tão-somente ao

esclarecimento de eventual sentença ou acórdão se houver OBSCURIDADE,

CONTRADIÇÃO ou OMISSSÃO. Assim sendo, os embargos declaratórios são

cabíveis sempre que a redação de uma decisão de mérito (sentença ou

acórdão) tiver obscuridade (redação confusa), contradição (redação em que

encerra uma ideia contraditória) e omissão na redação (o julgador deixa de

se pronunciar sobre algum ponto que deveria ter falado).

Se você vir a expressão na sua prova a respeito dos efeitos dos embargos

declaratórios, os chamados efeitos infringentes são aqueles que vão

modificar o julgado pela modificação da redação. Isso porque se a redação

de uma sentença, por exemplo, estiver tão confusa que, ao esclarecer, o

próprio juiz entende que se equivocou, ele pode alterar a decisão da

sentença. Essa possibilidade de alterar a decisão de mérito constitui os

chamados efeitos infringentes dos embargos.

Recurso Especial e Recurso Extraordinário

Por fim, ambos os recursos (especial e extraordinário) buscam uniformizar a

jurisprudência no Brasil.

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O recurso especial tem por objetivo levar ao STJ o questionamento a

respeito da aplicação de lei federal (vide art. 105, III, da CF). O recurso

extraordinário tem por objetivo levar ao STF o questionamento da aplicação

da Constituição da República (vide art. 102, III, da CF).

No recurso extraordinário temos um detalhe importante, pois ele só será

aceito se a parte recorrente demonstrar o requisito da chamada

"repercussão geral".

Esse requisito tem por objetivo o de evitar que todo tipo de impugnação

possa subir ao STF, tornando o trabalho do STF inviável. Se a parte

recorrente no Recurso Extraordinário provar que a sua causa vai além do

seu interesse individual, ou seja, se a parte recorrente provar que a sua

causa pode servir de modelo de solução para outras causas que possam ser

semelhantes, há a demonstração da repercussão geral.

O que o STF não quer é ficar julgando direito individual, sem que a decisão

do STF seja usada para outras causas, como modelo. Se o STF toma uma

decisão num recurso extraordinário e se essa decisão puder servir de

modelo para outras tantas causas que vierem depois, há repercussão geral.

O recurso extraordinário poderá ser admitido, nesse ponto.

***

Você já sabe: qualquer dúvida, me escreve no nosso fórum online, ok? Vamos

agora aos exercícios. Na lista de questões abaixo vamos disponibilizar

pontos sobre a Teoria Geral dos Recursos e os recursos em espécie,

ok? Abraço grande e bons estudos a todos, professora Tatiana Santos.

***

LISTA DE QUESTÕES

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1. A apelação será recebida apenas no efeito devolutivo. Excepcionalmente, ser-lhe-á conferido efeito suspensivo a critério do desembargador relator. (IESES, TJ-MA, Titular de Serviços de Notas e de Registros, 2008) Comentários: Veja... vamos lembrar que a regra é o efeito suspensivo dos recursos, salvo disposição expressa em contrário. Na verdade, então, os recursos são recebidos nos seus regulares efeitos, alguns dizem: em ambos os efeitos legais: o devolutivo e o suspensivo. Ademais, o recebimento do recurso é ato vinculado e não pode ficar arbitrariamente à escolha do juiz. O recurso será recebido só no seu efeito devolutivo nas hipóteses do art. 520 do CPC. Gabarito: ERRADO.

2. A desistência do recurso a) poderá ser efetuada somente até a apresentação da resposta do recorrido. b) opera-se independentemente da anuência da parte contrária. c) depende da anuência dos litisconsortes. d) poderá ser efetuada até a remessa dos autos à superior instância. e) principal não prejudica o conhecimento do recurso adesivo. (FCC - 2010 - TRT/12ªR - Técnico Judiciário: Área Administrativa) Comentários: O art. 501 do CPC diz que o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. Isso quer dizer que a desistência do recurso independe da resposta do recorrido. O litisconsorte é a pluralidade de partes. Várias partes no mesmo processo são litisconsortes; é o grupo de pessoas do mesmo lado na relação processual. Se um do grupo quiser desistir de um recurso, tal manifestação de vontade poderá operar-se normalmente independentemente da concordância dos outros do grupo. Por fim, a desistência do recurso voluntário pode operar-se antes ou depois do envio do processo à instância "ad quem" (de cima, instância superior). Se a parte desistir do recurso principal, prejudica a análise do recurso adesivo (secundário). Gabarito: letra "c".

3. A existência de repercussão geral é requisito de admissibilidade do recurso especial. (FCC, TRT/16ªR, Analista Judiciário - Área Judiciária: Execução de Mandados, 2009) Comentários: O quesito de “repercussão geral” deve ser demonstrado no caso de admissibilidade do RECURSO EXTRAORDINÁRIO, perante o Supremo Tribunal Federal. Gabarito: ERRADO.

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4. A interposição do agravo de instrumento a) não admite juízo de retratação. b) não obsta o andamento do processo, ressalva feita à possibilidade de concessão de efeito suspensivo ao recurso. c) é regra geral do ordenamento processual civil, com hipóteses excepcionais de interposição de agravo retido. d) dirigir-se-á ao juiz da causa, a quem caberá o encaminhamento dos autos ao tribunal competente. e) dá-se em face de atos processuais ordinatórios e de decisões interlocutórias. (FCC - 2011 – MPE/CE - Promotor de Justiça) Comentários: O agravo de instrumento, na verdade, admite sim juízo de retratação (de reconsideração, pelo juiz). Se for concedido o efeito suspensivo ao agravo de instrumento, poderá sim obstar o andamento de um processo. AGORA, VAMOS LEMBRAR QUE A REGRA ATUAL DO SISTEMA PROCESSUAL É A INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO NA FORMA RETIDA, e não na forma “de instrumento”. O agravo de instrumento é dirigido ao tribunal (instância ad quem), sendo cabível somente em face de decisões interlocutórias. Vamos lembrar que a decisão interlocutória é aquela que resolve questão incidente. Gabarito: letra “b”.

5. A respeito dos recursos, considere: I. A parte que aceitar tacitamente a sentença ou a decisão não poderá recorrer. II. O recurso adesivo não está sujeito a preparo. III. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. Está correto o que se afirma APENAS em a) I e II. b) I e III. c) II. d) II e III. e) III. (FCC - 2011 - TRT/14ªR - Analista Judiciário: Execução de Mandados) Comentários: ITEM I: a aceitação tácita é aquela aceitação silenciosa, em que a parte não se manifesta oficialmente ou explicitamente. De fato, existem condutas que induzem a ideia de aceitação tácita, como, por exemplo, deixar de recorrer, sem falar nada (quando isso ocorre nós dizemos em direito que a parte deixou transcorrer "in albis" (em branco) o prazo recursal). Assim, se a parte aceitou a sentença, não tem interesse em recorrer, pois o recurso exige uma conduta de irresignação (não aceitação). Além disso, o art. 503 do CPC reafirma a regra segundo a qual a parte, que aceitar expressa ou tacitamente a sentença ou a decisão, não poderá recorrer. ITEM II: está em conformidade com o disposto no art. 499, parágrafo único.

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Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior. ITEM III: também está em conformidade com a regra processual (art. 501 do CPC). Gabarito: letra "b".

6. A tempestividade é um dos pressupostos recursais e, em razão dela, não serão conhecidos os recursos apresentados fora do prazo contado a partir da leitura da decisão em audiência, da intimação das partes ou da publicação do dispositivo do acórdão em órgão oficial, ressalvando-se a possibilidade de esse prazo, se ainda em curso, ser interrompido e totalmente restituído à parte no caso de falecimento de seu advogado. (CESPE, TRT/17ªR, Analista Judiciário, 2009) Comentários: O item está absolutamente correto. É até interessante notarmos que o item “define” a tempestividade. A tempestividade é o cumprimento de um prazo. O recurso interposto no tempo devido é um recurso tempestivo. O termo vem de “tempus” (tempo) em latim... = “tempus” + “actividade” = atividade realizada no tempo, oportunamente. Inclusive, repare outra coisa: se um dado recurso tiver o prazo legal de 15 dias para sua interposição, caso a parte recorrente venha a protocolar o seu recurso, por exemplo, imaginemos, no 8º dia... tudo bem: o recurso é tempestivo. Agora quero chamar sua atenção para o fato de que, nesse caso, operou-se a chamada “preclusão consumativa”, ou seja, o ato processual foi consumado. O recorrente não poderá pedir para a Secretaria para devolver o recurso para interpor outro (para corrigir erros, por exemplo), ainda que em curso o prazo. Outra coisa: o item acima descreveu de forma bem apropriada o chamado “termo inicial” (dies a quo), de onde deve ser iniciada a contagem ininterrupta do prazo, para fins de averiguação da tempestividade de um dado recurso. Então, quando um juiz lê uma sentença em audiência, nesse dia (dies a quo) ocorre o fato que dispara a contagem. Vamos lembrar que, pela regra, a contagem inicia-se no próximo dia útil seguinte. O próximo dia útil seguinte é o primeiro dia do prazo. O mesmo ocorre com o “dies a quo” da intimação das partes ou da publicação do dispositivo do acórdão em órgão oficial. Em especial, no que toca à intimação, na regra, o prazo começa a contar do dia do mandado de intimação cumprido pelo oficial de justiça, quando juntado aos autos. Essa é a regra da intimação. Por fim, caso o advogado de uma das partes venha a falecer, para que não haja prejuízo à parte, o prazo poderá ser restituído quando a parte nomear outro advogado substituto. Gabarito: CERTO.

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7. Após interposto o recurso, o recorrente somente poderá desistir do mesmo se houver a anuência do recorrido. (IESES, TJ-MA, Titular de Serviços de Notas e de Registros, 2008) Comentários: À consideração de que é o recorrente que tem o interesse recursal, ele pode desistir do recurso INDEPENDENTEMENTE da anuência do recorrido (que não tem interesse recursal). Ademais, o disposto no art. 501 diz que o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. Gabarito: ERRADO.

8. Cabem embargos de declaração quando for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal. (FCC, TRT/16ªR, Analista Judiciário - Área Judiciária: Execução de Mandados, 2009) Comentários: O recurso de embargos de declaração tem CABIMENTO na hipótese de eventual contradição, obscuridade ou omissão em relação à decisão recorrida. O comando desta questão reproduz o conteúdo do cabimento dos chamados “embargos de declaração” – vide art. 535 do CPC. Gabarito: CERTO.

9. Com relação ao recurso de apelação é INCORRETO afirmar: (A) Ficam submetidas ao tribunal as questões anteriores à sentença, ainda não decididas. – Comentários: O item está correto dado “o efeito devolutivo” do recurso de apelação. (B) Serão objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro. – Comentários: O item está também correto dado “o efeito devolutivo” do recurso de apelação. (C) Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. – Comentários: O item está certo, porque sobre o item que foi acolhido, provido, dado o direito, não há interesse recursal. Mas, sobre o item que não foi acolhido, permanece o interesse recursal e se opera, então, o efeito devolutivo do recurso na hipótese de o recurso ser conhecido. (D) Recebida a apelação em ambos os efeitos, o juiz não poderá inovar no processo. – Comentários: A depender do caso concreto, isso pode perfeitamente ocorrer, conforme a doutrina. (E) Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em dez dias, o reexame dos pressupostos de admissibilidade do recurso. – Comentários: Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em cinco dias, o reexame dos pressupostos de admissibilidade do recurso (art. 518, §2º). (FCC, TRE/AM, Analista

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Judiciário: administrativa, 2009) Gabarito: letra “e”.

10. Com relação às disposições gerais dos recursos, julgue os itens que se seguem. (...) Há matérias que demandam pronunciamento de ofício pelo julgador, de modo que, se o órgão julgador de uma apelação detectar que houve violação literal de disposição de lei, será possível a reforma da sentença recorrida, mesmo que isso piore a situação do recorrente. (CESPE, TRT/17ªR, Analista, 2009) Comentários: OLHA SÓ O “PERIGO” DESTA QUESTÃO!... O item está certo para uma situação e errado para outra. Assim, na “matemática” das bancas, CERTO + ERRADO = ERRADO. Como assim? Eu explico... Repare que o comando falou assim “Com relação às disposições gerais dos recursos...”. Então, estamos falando dos recursos em geral. Nesse sentido, os recursos podem ser de matéria civil ou de matéria penal. No “mundo civil”, há sim a possibilidade de “reformatio in pejus” (reformar para piorar”. No “mundo penal”, no entanto, não... não se pode reformar para piorar (“non reformatio in pejus”). Assim sendo, por causa da possibilidade do recurso penal, o item está errado. Veja a jurisprudência. Repare aí que o julgador “autoriza” a “reformatio in pejus”: PERICIA. SUA DETERMINAÇÃO "EX OFFICIO" NO JULGAMENTO DA APELAÇÃO. NÃO VULNERA O ART-512 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, NEM DIVERGE DAS DECISÕES QUE VEDAM A "REFORMATIO IN PEJUS", O ACÓRDÃO QUE, JULGANDO A APELAÇÃO, EM QUE O AUTOR DA AÇÃO DE USUCAPIAO PLEITEOU A REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA PARA SER-LHE DECLARADO O DOMÍNIO SOBRE PARTE DO IMÓVEL USUCAPIENDO, CASSA A DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU E DETERMINA A REALIZAÇÃO DE PERICIA, A FIM DE QUE SE FAÇA JUSTIÇA COM O PERFEITO CONHECIMENTO DOS FATOS DA CAUSA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO CONHECIDO. (RE 94311, SOARES MUNOZ, STF) Numa ação de usucapião, a parte interessada já tinha na sentença uma decisão favorável. A outra parte apela. O Tribunal reforma a sentença para a realização de nova perícia. *** Veja agora uma jurisprudência da área penal. Repare que o julgador não autoriza a “reformatio in pejus”: AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS. INDEFERIMENTO LIMINAR. INSURGIMENTO CONTRA DECISÃO DE TRIBUNAL. COMPETÊNCIA DESTE SUPERIOR TRIBUNAL. RECLAMO PROVIDO. MANDAMUS CONHECIDO. 1. Esclarecendo a agravante que a decisão que se pretende discutir é aquela do Tribunal de Justiça do Estado do Mato e não eventual omissão deste Superior Tribunal quando do julgamento de writ anterior, merece provimento o agravo regimental para conhecer do habeas corpus aqui impetrado. DOSIMETRIA. REINCIDÊNCIA. AUMENTO EM TRÊS MESES PELA

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SENTENÇA. REDUÇÃO DA SANÇÃO GLOBAL PELA CORTE ORIGINÁRIA EM SEDE DE APELAÇÃO. ELEVAÇÃO NA SEGUNDA ETAPA EM PATAMAR SUPERIOR AO ESTABELECIDO NA CONDENAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO EXCLUSIVO DA DEFESA. REFORMATIO IN PEJUS CONFIGURADA. OFENSA AO ART. 617 DO CPP. CONSTRANGIMENTO ILEGAL DEMONSTRADO. 1. Evidenciado que o Tribunal, julgando recurso exclusivo da defesa, ao diminuir a sanção irrogada ao condenado agravou a reprimenda na segunda etapa da dosimetria, fixando o aumento em 6 meses, quando a sentença o havia estabelecido em 3 meses, resta demonstrada a reforma a pior nesse ponto, em nítida ofensa ao art. 617 do CPP, que proíbe a reformatio in pejus. 2. Agravo regimental provido para conhecer do habeas corpus aqui impetrado, concedendo-se a ordem para restabelecer o aumento pela reincidência em 3 meses, tal qual fixado na sentença, findando a sanção de JOÃO MATEUS LEOPOLDINO em 6 anos e 3 meses de reclusão e pagamento de 600 dias-multa, por violação ao art. 33, caput, da Lei 11.343/06, mantido, no mais, o aresto impugnado. (AGRHC 201000091806, JORGE MUSSI, STJ - QUINTA TURMA, 24/05/2010) Nesse caso aqui o STF anulou uma decisão que tinha condenado o réu uma determinada pena, com base no cálculo fundado em 3 meses de condenação e que na apelação a condenação subiu para 6 meses. Aí houve a reformatio in pejus e, nesse caso, como é “área penal”, tal procedimento é proibido. OUTRO PONTO IMPORTANTE. Conforme a doutrina, temos ainda que acrescentar que o sistema recursal, na regra, não admite a "reformatio in pejus". O recurso devolve à jurisdição o conhecimento da matéria impugnada. Havendo apelação, no entanto, justamente por causa do efeito devolutivo, pode-se afirmar que existem exceções para a "reformatio in pejus", como visto. Por sua vez, se houver questões de ordem pública a serem analisadas no recurso, a análise deve ser feita de ofício (ou seja, independentemente do pedido das partes). Vamos lembrar que o exame das questões de ordem pública é consequência natural do efeito translativo dos recursos. Assim sendo, o tribunal, ao apreciar um dado recurso pode perfeitamente resolvê-lo de forma contrária aos interesses do recorrente. Opera-se, então, a chamada "reformatio in pejus". Atenção: NO PROCESSO CIVIL É TAMBÉM POSSÍVEL A REFORMATIO IN PEJUS NA HIPÓTESE DE RESOLUÇÃO DE NORMAS DE ORDEM PÚBLICA EM SEDE DE APELAÇÃO. TAL REGRA DECORRE DO EFEITO TRANSLATIVO DOS RECURSOS. Gabarito: ERRADO.

11. Considere que, em juízo de admissibilidade em um tribunal de origem, um recurso especial seja denegado. Considere também que, inconformada, a parte agrave da decisão. Quanto às regras referentes ao agravo de instrumento, julgue os itens subseqüentes. (...) Supondo que tenha sido negado o seguimento do agravo de instrumento, cabe agravo de instrumento contra esta decisão, uma vez que não cabe juízo de

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admissibilidade na origem quanto ao agravo de instrumento. (CESPE, TRT/16ªR, Analista, 2005) Comentários: Essa questão é bem interessante pelo “jogo de palavra” que faz. É assim: vamos supor que uma pessoa interponha “recurso especial” contra um acórdão de um tribunal. O “recurso especial” pré-questiona matéria relativa à lei federal e pretende elevar a causa para o STJ. No entanto, antes de o recurso especial subir ao STJ, o TRIBUNAL de origem deve fazer um juízo de admissibilidade. Vamos supor que esse juízo de admissibilidade seja negativo. Vamos supor que o tribunal de origem entenda ausente algum requisito de admissibilidade, de aceitação do recurso especial. Dessa decisão que nega admissibilidade do REsp, cabe agravo de instrumento. Se o agravo de instrumento for desprovido, cabe agravo regimental (agravo interno). O agravo de instrumento e o agravo interno são julgados no STJ, podendo ou não entrar no mérito do recurso especial. Gabarito: ERRADO.

12. Da decisão judicial que inadmite o recurso de apelação cabe agravo de instrumento, conforme disposição expressa do Código de Processo Civil. (FMP, TJ/AC, Assistente Jurídico, 2010) Comentários: O tema é importante, pois requer do candidato o conhecimento da natureza jurídica da decisão interlocutória, uma vez que é a decisão interlocutória que desafia o recurso de agravo. A decisão interlocutória resolve questão incidente, não põe termo ao processo e não está nas hipóteses dos arts. 267 e 269 do CPC. É o caso em tela, pois a decisão que inadmite o recurso de apelação é de natureza essencialmente interlocutória e, por isso, caso a parte exerça seu direito subjetivo recursal, interporá o agravo de instrumento. Quanto ao recurso, a regra é o agravo retido. Porém, o art. 522 do CPC diz que “Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento”. (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005) Veja a jurisprudência também nesse sentido: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO – TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA DO INÍCIO DO SÉCULO RECONHECIDOS COMO VÁLIDOS – SENTENÇA QUE ANTECIPOU OS EFEITOS DA TUTELA – APELAÇÃO RECEBIDA TÃO-SOMENTE NO EFEITO DEVOLUTIVO – RECURSO CABÍVEL: AGRAVO DE INSTRUMENTO – ARTS. 520 C/C 558 DO CPC. 1. Segundo a jurisprudência desta Corte, o recurso cabível da decisão que antecipa os efeitos da tutela no bojo da sentença é a apelação, em homenagem ao princípio da unirrecorribilidade das decisões.

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2. Contudo, da decisão que, nessas circunstâncias, recebe recurso de apelação tão-somente no efeito devolutivo, cabe agravo de instrumento, não havendo que se falar em preclusão. 3. Em regra, a apelação de sentença que confirma a antecipação dos efeitos da tutela deve ser recebida no apenas efeito devolutivo (art. 520, VII, do CPC), excepcionadas as hipóteses do art. 558 do CPC. 4. Hipótese dos autos em que o Tribunal reconheceu a relevância da fundamentação e a possibilidade de lesão grave e de difícil reparação a ensejar o recebimento do apelo também no efeito suspensivo, adotando entendimento compatível com a jurisprudência do STJ no que diz respeito a validade dos Títulos da Dívida Pública do início do século. 5. Recurso especial improvido. (RESP 200501738575, ELIANA CALMON, STJ - SEGUNDA TURMA, 16/08/2007) Gabarito: CERTO.

13. DE ACORDO com o sistema recursal do Código de Processo Civil, o agravo de instrumento pode ser interposto, entre outros atos judiciais: (A) do ato pelo qual o juiz determina a juntada de documento. (B) do ato pelo qual o juiz decide acolher pedido de uma das partes durante a audiência de instrução e julgamento. (C) do ato pelo qual o juiz ordena a anotação, no registro de distribuição, do oferecimento de reconvenção. (D) da decisão que encerra o processo com julgamento de mérito, (E) do ato pelo qual o juiz profere decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação. (FMP, TJ/AC, Oficial de Justiça, 2010) Comentários: Por que a letra “a” está errada? Em face da natureza jurídica do ato... Veja que a mera juntada de documento não altera a esfera potestativa das partes processuais (não gera direitos, deveres, obrigações). É ato de mero expediente. O mesmo ocorre com as letras “b” e “c”. Por sua vez, a letra “d” está errada, pois uma decisão interlocutória não pode por fim ao processo, ou seja, não pode por termo, não pode encerrar o processo. De fato, a letra “e” é o gabarito em face do que aduz o art. 522 do CPC: “Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento”. (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005) Gabarito: Letra “e”.

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14. Desde o Código de Processo Civil de 1939, admite-se a chamada fungibilidade dos recursos, de modo que hoje, mesmo não havendo mais disposição específica acerca do tema, a interposição equivocada de um recurso por outro poderá ser desconsiderada quando houver ausência de erro grosseiro decorrente de dúvida objetiva. Isso autoriza que se tome uma apelação por agravo de instrumento se houver, por exemplo, divergência doutrinária acerca de qual dos recursos é cabível no caso. (CESPE, TRT/17ªR, Analista, 2009) Comentários: É exatamente isso que é fungibilidade recursal: o advogado interpõe um recurso errado e o juiz entende como certo. Fungível em direito é poder trocar algo. Aqui no processo civil é trocar o errado pelo certo. Mas, há requisitos para que essa troca seja aceita: AUSÊNCIA DE ERRO GROSSEIRO, ERRO ÓBVIO e INTERPOSIÇÃO DO RECURSO ERRADO NO PRAZO DO RECURSO CERTO. Gabarito: CERTO.

15. É extintiva do direito de recorrer a a) aceitação da decisão. b) ausência do depósito de multa processual de pagamento imediato. c) renúncia ao direito sobre que se funda ação. d) desistência do recurso. e) desistência do pedido. (FCC - 2010 - TCE/RO - Procurador) Comentários: A mera ausência de um depósito de multa pode ser convertida em cobrança na execução; não extingue o direito de recorrer. A renúncia do direito sobre o qual se funda a ação, extingue o direito de ação e não do recurso. Desistir do recurso também não extingue o direito de recorrer, pois a parte já recorreu, até porque só se pode desistir de algo que já foi feito. Desistir do pedido não necessariamente extingue o direito de recorrer. Agora, ao aceitar a decisão a parte não se insurge contra a decisão: não demonstra interesse recursal. Gabarito: letra "a".

16. Em ação promovida por três pessoas contra outras duas, em que o MP atuou em razão do evidente interesse público envolvido, foi proferida sentença de procedência parcial. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta quanto à interposição dos recursos cabíveis. A. Mesmo que haja litisconsórcio necessário e unitário entre as partes que compõem o pólo passivo, o fato de uma parte ser representada pela defensoria pública e outra por advogado não dobra o prazo recursal para ambas as partes. – Comentários: Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da

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sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo. Via de regra, quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos. Há entendimentos no sentido de que no caso de litisconsórcio unitário, o prazo não seria em dobro, ainda que haja defensores distintos. B. Protocolizado o recurso dentro do prazo correto, a devolução dos autos em momento posterior não é razão suficiente para que se deixe de admitir como tempestivo o recurso. – Comentários: O item “b” está correto porque, na verdade, o prazo recursal não conta da devolução dos autos, caso o advogado ou o Ministério Público tenha feito carga. O prazo conta, para efeitos da verificação do seu cumprimento, do momento em que se protocoliza, no juízo ou no tribunal, o recurso. C. Será em dobro o prazo recursal para os autores da ação, ainda que tenham o mesmo procurador, pois a contagem desse modo depende da existência de mais de uma parte sucumbente no mesmo pólo. – Comentários: Na regra, o prazo em dobro é só para procuradores distintos. D. Falecendo uma das partes depois de prolatada a sentença, mas ainda durante o prazo recursal, a manutenção do mesmo procurador pelos sucessores fará que não se devolva a estes o prazo para interposição do recurso cabível. – Comentários: A questão está errada, pois o prazo é devolvido ao sucessor, ainda que mantido o procurador. E. Em razão da possibilidade de qualquer das partes interpor embargos de declaração, mesmo que apenas um dos autores tenha sucumbido, o prazo será contado em dobro, se todos tiverem procuradores diversos. (CESPE, TCE/ES, Procurador, 2009) – Comentários: Se somente um dos autores têm interesse recursal, não há razão para dobrar o prazo recursal. Gabarito: Letra “b”.

17. Em determinado processo o autor, Mauro, no ato da interposição de recurso, deixou de recolher as despesas processuais referentes ao porte de remessa e retorno de autos. Neste caso, de acordo com o Código de Processo Civil, a) o recurso deverá ser recebido normalmente, tendo em vista que não há obrigatoriedade de recolhimento de despesas referentes ao porte de remessa e retorno de autos. b) o recurso deverá ser considerado deserto. c) Mauro deverá ser intimado para suprir a irregularidade e recolher as despesas restantes no prazo de cinco dias. d) Mauro deverá ser intimado para suprir a irregularidade e recolher as despesas restantes no prazo de quarenta e oito horas. e) Mauro deverá ser intimado para suprir a irregularidade e recolher as despesas restantes no prazo de três dias. (FCC - 2011 - TRE/RN - Analista Judiciário: Área Judiciária) Comentários:

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O "porte de remessa" e o "porte de retorno" (simplesmente chamado de porte de remessa e retorno) é o preço da remessa e o preço do retorno do processo quando os autos do processo devem "viajar" para que um tribunal analise a causa. O porte é, na verdade, o preço do "transporte" do processo. A jurisprudência tem entendido que, nesse caso, o mais interessante seria dar a oportunidade à parte, no prazo de 5 dias, para regularizar sua situação (art. 511, §2º, do CPC). Gabarito: letra "c".

18. Em relação aos recursos no processo civil, a) a insuficiência no valor do preparo recursal implicará deserção imediata. b) o recorrente pode desistir do recurso, desde que com a anuência do recorrido ou dos litisconsortes necessários. c) o não conhecimento do recurso principal não tem influência em relação ao recurso adesivo, que nesse ponto torna-se autônomo. d) com exceção dos embargos de declaração, o prazo para recorrer no processo civil será sempre de quinze dias. e) a renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. (FCC - 2011 - TJ/PE - Juiz) Comentários: O item A deve ser considerado errado, pois, na verdade, o art. 511, §2º do CPC diz que a insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado, não vier a supri-lo no prazo de cinco dias. A desistência do recurso é ato individual, porque é direito subjetivo. Assim sendo, o art. 501 do CPC registra que o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. Por sua vez, o chamado "recurso adesivo" é considerado secundário. Ele não é o principal. Por exemplo, pode haver um recurso adesivo relativamente a uma apelação cível. A apelação seria o recurso principal e o "adesivo", o secundário. Nesse sentido, temos um brocardo em direito segundo o qual o secundário segue a sorte do principal. Inclusive, o art. 500, III, do CPC é claro ao dizer que o recurso adesivo não será conhecido (= sequer será admitido) se houver desistência do principal ou se o principal for declarado inadmissível ou deserto (deserto = ausência do preparo... preparo = custas (custo judicial, preço) do recurso). A letra D está equivocada, pois o prazo recursal é MUITO VARIADO (tem recursos em 5 dias, em 10 dias, em 15 dias)... Por fim, de fato, o direito subjetivo de recorrer é ato individual, disponível. A parte pode recorrer como pode deixar de recorrer. Aliás, essa particularidade quanto aos recursos vem sendo bastante cobrado em prova... cuidado!... Assim sendo, se o direito subjetivo de recorrer é ato individual, a decisão de usar esse direito ou não é do sucumbente e de ninguém mais, pelo que não se pode falar em aceitação da outra parte (parte "ex adversa")... Gabarito: letra "e".

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19. Na audiência de instrução e julgamento, o juiz indeferiu requerimento de acareação de testemunhas formulado pelo advogado do autor. Nesse caso, a) caberá agravo na forma retida, no prazo de dez dias, sendo que, ouvido o agravado, o juiz poderá reformar sua decisão. – Comentários: Essa regra é válida para o agravo de instrumento. b) caberá agravo de instrumento, dirigido diretamente ao tribunal competente, no prazo de dez dias, através de petição. – Comentários: Lembre-se de que no atual sistemática processual, a regra é o agravo retido. c) não caberá recurso, devendo o advogado do autor formular protesto no termo da audiência, para poder posteriormente arguir nulidade. – Comentários: O item está errado, pois, pelo menos, o agravo retido é possível. d) caberá apelação, interposta por petição, no prazo de quinze dias, ao juiz prolator da decisão. – Comentários: Não cabe apelação de decisão interlocutória. e) caberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e imediatamente, bem como constar do respectivo termo, nele expostas sucintamente as razões do agravante. – Comentários: A regra, no atual sistema processual brasileiro é o agravo retido. (FCC - 2011 – TRT/20ª R - Técnico Judiciário: Área Administrativa) Gabarito: Letra “e”.

20. Nas ações de improbidade administrativa, da decisão que receber a petição inicial, não cabe agravo de instrumento. (FMP, Câmara de Vereadores do Município de Santa Bárbara D’oeste, Procurador Jurídico, 2010) Comentários: Por que o item está errado? Devemos observar que na nova sistemática do CPC, dada pela Lei 11.232/05, a decisão que não implica numa das situações do art. 267 e 269 do CPC, além do que não põe termo ao processo não é sentença. Assim sendo, a decisão que recebe a petição inicial de ação que processa improbidade administrativa é de caráter evidentemente interlocutório. Nesse sentido, toda decisão interlocutória, com densidade decisória, desafia AGRAVO DE INSTRUMENTO. No precedente a seguir vem a defesa dessa tese. Estude tal precedente, até porque a questão acima foi retirada de uma das provas da nossa banca examinadora. Veja-se (marquei o texto que nos interessa): PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. DESPACHO QUE RECEBE A INICIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO PREVISTO NO ART. 17, § 10 DA LEI 8429/92. EX-PREFEITO. INAPLICABILIDADE DA LEI Nº 1.079/1950. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 165; 458, II E 535, I E II DO CPC. NÃO CONFIGURADA. 1. O exame das questões aduzidas no contraditório preliminar, que

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antecede o recebimento da petição inicial da ação civil de improbidade (§§ 8º e 9º do art. 17), assume relevância ímpar, à medida em que o magistrado, convencido da inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita, pode, inclusive, rejeitar a ação (§ 8º, art. 17), ensejando a extinção do processo. Precedente: REsp 901049/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, unânime, julgado em 16/12/2008, DJ de 18/02/2009. 2. A decisão do Juiz Singular, que rejeita a manifestação apresentada pelo requerido, versando sobre a inexistência do ato de improbidade, a improcedência da ação ou a inadequação da via eleita e, a fortiori, recebe a petição inicial da ação de improbidade administrativa é impugnável, mediante a interposição de agravo de instrumento, perante o Tribunal ao qual o juízo singular está vinculado, a teor do que dispõe art. 17, § 10 da Lei 8.429/92. 3. O Tribunal competente para o julgamento do agravo de instrumento, mediante cotejo das razões recursais e do contexto fático engendrado nos autos, vislumbrando a ausência de elementos de convicção hábeis ao prosseguimento ação de improbidade administrativa poderá, inclusive, determinar o trancamento da ação. (...) (EDRESP 200801492206, LUIZ FUX, STJ - PRIMEIRA TURMA, 04/11/2009). Gabarito: ERRADO.

21. Nas hipóteses em que a decisão interlocutória for suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, será admissível a interposição do agravo por instrumento, dispensada a forma retida (Ministério Público da União, PGT, Procurador do Trabalho, 2008) Comentários: A regra atual, conforme a nova sistemática recursal, é o agravo de instrumento da sua forma retida. Porém, de fato, se a decisão recorrida puder provocar ao recorrente lesão grave ou de difícil reparação, admite-se sua forma de instrumento. Nessa “forma” o tribunal apreciará as razões recursais. Vide art. 522 do CPC. O agravo de instrumento é um recurso interposto no tribunal. Nesse sentido, é autuado em “autos apartados”. O agravo retido é protocolado no mesmo processo onde se encontra a “decisão agravada”. Gabarito: CERTO.

22. No que concerne aos recursos, é correto afirmar que a) a insuficiência no valor do preparo implicará deserção, não podendo o recorrente supri-lo por expressa vedação legal. b) o recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveitará, mesmo se distintos ou opostos os seus interesses. c) o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. d) o recurso extraordinário e o recurso especial impedem a execução da sentença.

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e) o recurso adesivo é independente do principal e será conhecido mesmo se este for declarado deserto. (FCC - 2010 - BAHIAGÁS - Analista de Processos Organizacionais: Direito) Comentários (os dispositivos citados referem-se ao CPC): A "deserção" é uma espécie de "punião" para quem não "paga" o "preparo". O preparo é um instituto jurídico relativo ao "preço" do recurso. É uma espécie de "custa" (custo, gasto) processual. Ao contrário do que é afirmado no item A, o juiz deve dar sim uma oportunidade para a parte complementar o pagamento, se necessário for. Veja: Art. 511, §2º: A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado, não vier a supri-lo no prazo de cinco dias. O recurso se aproveita a quem de direito. Havendo "listisconsórcio" (grupo de pessoas), se houver interesses distintos, não podemos generalizar os efeitos da decisão num recurso. Inclusive o art. 509 diz que o recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. O item C está certo. Veja: Art. 501. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. O art. 497 do CPC diz o contrário do que vem no item D. Na verdade, o recurso extraordinário e o especial não têm efeito suspensivo. O efeito suspensivo suspenderia a execução da sentença - situação inocorrente aos citados recursos para o STF e para o STJ (respectivamente). Por fim, o art. 500 também diz o contrário do que está disposto no item E. O recurso adesivo é secundário a um outro. O recurso adesivo segue a sorte do principal. Gabarito: letra "c".

23. O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. (FCC, TRT/16ªR, Analista Judiciário - Área Judiciária: Execução de Mandados, 2009) Comentários: Esse é um dos requisitos objetivos de admissibilidade recursal. Entende-se que, nesse caso, a decisão recorrida já é detentora da necessária segurança jurídica ao acerto quanto ao julgamento da causa. Vide o art. 518, §1º, do CPC. Gabarito: CERTO.

24. O juízo de admissibilidade é exercido pelo próprio juiz prolator da sentença, cujo entendimento, todavia, não vincula o tribunal para onde o recurso é encaminhado. (IESES, TJ-MA, Titular de Serviços de Notas e de Registros, 2008) Comentários: Na verdade, o juízo de admissibilidade é duplo, feito pelo prolator da sentença (juízo a quo), bem como pelo tribunal (instância ad quem). O item

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está certo porque o juízo a quo faz juízo de admissibilidade... sem problemas... É da competência do juízo a quo fazer o juízo inicial de admissibilidade de um dado recurso, vamos supor... uma apelação. Ainda, o entendimento do juízo a quo não vincula o entendimento do juízo ad quem. Nesse sentido, pode entender o juízo a quo que estão presentes os requisitos de admissibilidade, recebendo o recurso, fazendo a remessa para a instância acima e o juízo ad quem entender que não estão presentes os requisitos e, com isso, não conhecer do recurso. Gabarito: CERTO.

25. O Princípio da Fungibilidade Recursal justifica a enumeração específica dos recursos em espécie previstos em Lei. Em outras palavras, podemos dizer que os recursos cabíveis são somente aqueles que estiverem especificamente previstos em lei. Comentários: O art. 496 do CPC está a indicar que o sistema processual brasileiro está usando, nesse caso, o Princípio da Taxatividade dos Recursos. Os recursos existentes são aqueles taxativamente enumerados na lei processual, não só nesse art. 496, mas em outros, desde que sejam em leis. Os recursos são aqueles previstos em lei = lista "numerus clausus". O item acima está errado, pois essa enumeração específica dos recursos não é tratada na fungibilidade recursal. A fungibilidade é outra coisa... Gabarito: ERRADO.

26. O recurso a) só pode ser interposto pela parte vencida. b) extraordinário impede a execução da sentença. c) especial deve ser interposto no prazo de 15 dias. d) interposto pelo Município depende de preparo. e) adesivo é independente do principal. (FCC - 2010 - TRT/22ªR - Analista Judiciário: Área Judiciária - Execução de Mandados) Comentários (todos os dispositivos citados nesta questão são do CPC): Art. 500. Cada parte interporá o recurso, independentemente, no prazo e observadas as exigências legais. Sendo, porém, vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir a outra parte. O recurso adesivo fica subordinado ao recurso principal (...). Repare que, nesse caso, o vencedor pode também interpor o recurso - nesse caso, entendemos que o vencedor pode ter sido "sucumbente" (perdedor) em parte do seu pedido inicial. Art. 497. O recurso extraordinário e o recurso especial não impedem a execução da sentença; a interposição do agravo de instrumento não obsta, na regra, o andamento do processo (...). Na linguagem jurídica, isso quer dizer que o recurso extraordinário (para o STF) e o especial (para o STJ) não têm efeito suspensivo, pois não impedem a execução da sentença. Tais recursos analisam somente matéria de direito e não matéria de fato.

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Prazos... Art. 508. Na apelação, nos embargos infringentes, no recurso ordinário, no recurso especial, no recurso extraordinário e nos embargos de divergência, o prazo para interpor e para responder é de 15 (quinze) dias. O preparo é uma espécie de "preço do recurso"... é uma das "custas" (custo, gasto, algo a pagar)... Agora... veja: Art. 511, §1º: São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelos Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. Gabarito: letra "c".

27. Os embargos de declaração poderão ser opostos no prazo de 05 (cinco) dias, caso em que permanecerá suspenso o prazo para a interposição de outros recursos. (IESES, TJ-MA, Titular de Serviços de Notas e de Registros, 2008) Comentários: À consideração de que os embargos de declaração não são recebidos no seu efeito devolutivo, a interposição desse recurso não suspende o prazo para eventuais outros recursos. O fundamento disso também está no fato de que os embargos declaratórios não poderem tangenciar uma rediscussão sobre a decisão recorrida. Nesse item, o prazo está errado. Veja o seguinte precedente: EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO ANTES DO JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE RATIFICAÇÃO. INCABIMENTO. PROCESSOS EM CURSO. APLICAÇÃO. 1. O julgamento dos embargos de declaração, independentemente de haverem sido opostos pela mesma parte ou pela parte adversa, tenha ele, ou não, efeito modificativo, complementa e integra o acórdão recorrido, formando um todo indissociável o qual se denomina decisão de última instância, esta, sim, passível de recurso especial e extraordinário, nos termos do artigo 105, inciso III, da Constituição Federal. 2. Os embargos de declaração interrompem, e não suspendem, o prazo para a interposição de outros recursos, pelo que o prazo recomeça a ser contado por inteiro, desprezando-se o tempo até então decorrido, o que desloca o termo inicial da contagem do prazo de interposição de recurso especial para depois do julgamento dos declaratórios, sem o que não se abre a instância extraordinária. 3. O entendimento esposado no julgamento do REsp nº 776.265/SC, em 18 de abril de 2007, pela Corte Especial, não constitui mudança de orientação jurisprudencial, sempre prevalecente no entendimento de que é incabível o especial interposto antes do julgamento dos declaratórios, porque estes interrompem o prazo para a interposição de outros recursos e integram o acórdão recorrido especialmente, configurando o exaurimento da instância ordinária, que sempre foi requisito constitucional inarredável ao cabimento do especial. 4. Embargos de divergência rejeitados. (ERESP 200900126990, HAMILTON CARVALHIDO, STJ -

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PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:05/10/2010.) Gabarito: ERRADO.

28. Por aplicação do princípio do duplo grau de jurisdição, a apelação interposta pela parte sucumbente, no prazo legal, com advogado regularmente habilitado nos autos, deverá ser recebida pelo juízo de primeiro grau, ainda que a sentença recorrida esteja em conformidade com súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça (Ministério Público da União, PGT, Procurador do Trabalho, 2008) Comentários: Diz o art. 518, §1º, do CPC que o juiz não receberá (juízo negativo de admissibilidade) o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. Com a decisão recorrida fundada em entendimento do STJ ou do STF, há segurança jurídica na decisão. Em tese, dispensaria recurso. Dessa decisão que não recebe a apelação, cabe agravo de instrumento, vedada sua forma retida. Gabarito: ERRADO.

29. Uma ação ordinária foi julgada improcedente e o autor, inconformado, interpôs recurso de apelação, deixando, porém, de recolher o preparo, tendo o juiz, por esse motivo, julgado deserto o recurso. O autor provou justo impedimento e providenciou o recolhimento, tendo o juiz relevado a pena de deserção. Essa decisão a) pode ser impugnada pelo réu através de agravo retido. b) pode ser impugnada pelo réu através de agravo de instrumento. c) é irrecorrível, cabendo ao tribunal apreciar-lhe a legitimidade quando do julgamento da apelação. d) só pode ser impugnada pelo Ministério Público, através de agravo, se estiver atuando no feito como parte. e) só pode ser impugnada pelo Ministério Público, através de agravo, se estiver atuando no feito como fiscal da lei. (FCC - 2011 - PGE-MT - Procurador) Comentários: Nesse caso é cabível o agravo de instrumento. Observe que a decisão recorrida é de natureza interlocutória. Senão, vejamos... Quando o juiz julgou improcedente uma ação, entrou no seu mérito. É uma sentença. Dessa sentença cabe apelação. Mas, a apelação, antes de subir ao Tribunal "de cima" ("ad quem") para ser julgada, passa por um "juízo de admissibilidade". O juiz "de baixo" ("a quo") tem que fazer o primeiro juízo de admissibilidade, onde são verificados os pressupostos processuais. Um dos requisitos para a admissão ("aceitação") do recurso é o preparo (uma espécie de "custa" processual... o "preparo" é o "preço" do recurso). Se o juiz entender que o requisito não foi regularmente cumprido, então não admite a apelação. Mas essa análise a respeito da admissão ou não de

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recurso de apelação (que não julga o mérito da apelação) é decisão de natureza interlocutória e desafia o recurso de agravo de instrumento, que na regra deve ser retido, salvo nesse caso de análise de admissão de recurso de apelação (art. 522 do CPC). Gabarito: letra "b".

LISTA DAS QUESTÕES DESENVOLVIDAS NA AULA DE HOJE

1. A apelação será recebida apenas no efeito devolutivo. Excepcionalmente, ser-lhe-á conferido efeito suspensivo a critério do desembargador relator. (IESES, TJ-MA, Titular de Serviços de Notas e de Registros, 2008)

2. A desistência do recurso a) poderá ser efetuada somente até a apresentação da resposta do recorrido. b) opera-se independentemente da anuência da parte contrária. c) depende da anuência dos litisconsortes. d) poderá ser efetuada até a remessa dos autos à superior instância. e) principal não prejudica o conhecimento do recurso adesivo. (FCC - 2010 - TRT/12ªR - Técnico Judiciário: Área Administrativa)

3. A existência de repercussão geral é requisito de admissibilidade do recurso especial. (FCC, TRT/16ªR, Analista Judiciário - Área Judiciária: Execução de Mandados, 2009)

4. A interposição do agravo de instrumento a) não admite juízo de retratação. b) não obsta o andamento do processo, ressalva feita à possibilidade de concessão de efeito suspensivo ao recurso. c) é regra geral do ordenamento processual civil, com hipóteses excepcionais de interposição de agravo retido. d) dirigir-se-á ao juiz da causa, a quem caberá o encaminhamento dos autos ao tribunal competente. e) dá-se em face de atos processuais ordinatórios e de decisões interlocutórias. (FCC - 2011 – MPE/CE - Promotor de Justiça)

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5. A respeito dos recursos, considere: I. A parte que aceitar tacitamente a sentença ou a decisão não poderá recorrer. II. O recurso adesivo não está sujeito a preparo. III. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. Está correto o que se afirma APENAS em a) I e II. b) I e III. c) II. d) II e III. e) III. (FCC - 2011 - TRT/14ªR - Analista Judiciário: Execução de Mandados)

6. A tempestividade é um dos pressupostos recursais e, em razão dela, não serão conhecidos os recursos apresentados fora do prazo contado a partir da leitura da decisão em audiência, da intimação das partes ou da publicação do dispositivo do acórdão em órgão oficial, ressalvando-se a possibilidade de esse prazo, se ainda em curso, ser interrompido e totalmente restituído à parte no caso de falecimento de seu advogado. (CESPE, TRT/17ªR, Analista Judiciário, 2009)

7. Após interposto o recurso, o recorrente somente poderá desistir do mesmo se houver a anuência do recorrido. (IESES, TJ-MA, Titular de Serviços de Notas e de Registros, 2008)

8. Cabem embargos de declaração quando for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal. (FCC, TRT/16ªR, Analista Judiciário - Área Judiciária: Execução de Mandados, 2009)

9. Com relação ao recurso de apelação é INCORRETO afirmar: (A) Ficam submetidas ao tribunal as questões anteriores à sentença, ainda não decididas. (B) Serão objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro. (C) Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. (D) Recebida a apelação em ambos os efeitos, o juiz não poderá inovar no processo. (E) Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em dez dias, o reexame dos pressupostos de admissibilidade do recurso. (FCC, TRE/AM, Analista Judiciário: administrativa, 2009)

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10. Com relação às disposições gerais dos recursos, julgue os itens que se seguem. (...) Há matérias que demandam pronunciamento de ofício pelo julgador, de modo que, se o órgão julgador de uma apelação detectar que houve violação literal de disposição de lei, será possível a reforma da sentença recorrida, mesmo que isso piore a situação do recorrente. (CESPE, TRT/17ªR, Analista, 2009)

11. Considere que, em juízo de admissibilidade em um tribunal de origem, um recurso especial seja denegado. Considere também que, inconformada, a parte agrave da decisão. Quanto às regras referentes ao agravo de instrumento, julgue os itens subseqüentes. (...) Supondo que tenha sido negado o seguimento do agravo de instrumento, cabe agravo de instrumento contra esta decisão, uma vez que não cabe juízo de admissibilidade na origem quanto ao agravo de instrumento. (CESPE, TRT/16ªR, Analista, 2005)

12. Da decisão judicial que inadmite o recurso de apelação cabe agravo de instrumento, conforme disposição expressa do Código de Processo Civil. (FMP, TJ/AC, Assistente Jurídico, 2010)

13. DE ACORDO com o sistema recursal do Código de Processo Civil, o agravo de instrumento pode ser interposto, entre outros atos judiciais: (A) do ato pelo qual o juiz determina a juntada de documento. (B) do ato pelo qual o juiz decide acolher pedido de uma das partes durante a audiência de instrução e julgamento. (C) do ato pelo qual o juiz ordena a anotação, no registro de distribuição, do oferecimento de reconvenção. (D) da decisão que encerra o processo com julgamento de mérito, (E) do ato pelo qual o juiz profere decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação. (FMP, TJ/AC, Oficial de Justiça, 2010)

14. Desde o Código de Processo Civil de 1939, admite-se a chamada fungibilidade dos recursos, de modo que hoje, mesmo não havendo mais disposição específica acerca do tema, a interposição equivocada de um recurso por outro poderá ser desconsiderada quando houver ausência de erro grosseiro decorrente de dúvida objetiva. Isso autoriza que se tome uma apelação por agravo de instrumento se houver, por exemplo, divergência doutrinária acerca de qual dos recursos é cabível no caso. (CESPE, TRT/17ªR, Analista, 2009)

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15. É extintiva do direito de recorrer a a) aceitação da decisão. b) ausência do depósito de multa processual de pagamento imediato. c) renúncia ao direito sobre que se funda ação. d) desistência do recurso. e) desistência do pedido. (FCC - 2010 - TCE/RO - Procurador)

16. Em ação promovida por três pessoas contra outras duas, em que o MP atuou em razão do evidente interesse público envolvido, foi proferida sentença de procedência parcial. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta quanto à interposição dos recursos cabíveis. A. Mesmo que haja litisconsórcio necessário e unitário entre as partes que compõem o pólo passivo, o fato de uma parte ser representada pela defensoria pública e outra por advogado não dobra o prazo recursal para ambas as partes. B. Protocolizado o recurso dentro do prazo correto, a devolução dos autos em momento posterior não é razão suficiente para que se deixe de admitir como tempestivo o recurso. C. Será em dobro o prazo recursal para os autores da ação, ainda que tenham o mesmo procurador, pois a contagem desse modo depende da existência de mais de uma parte sucumbente no mesmo pólo. D. Falecendo uma das partes depois de prolatada a sentença, mas ainda durante o prazo recursal, a manutenção do mesmo procurador pelos sucessores fará que não se devolva a estes o prazo para interposição do recurso cabível. E. Em razão da possibilidade de qualquer das partes interpor embargos de declaração, mesmo que apenas um dos autores tenha sucumbido, o prazo será contado em dobro, se todos tiverem procuradores diversos. (CESPE, TCE/ES, Procurador, 2009)

17. Em determinado processo o autor, Mauro, no ato da interposição de recurso, deixou de recolher as despesas processuais referentes ao porte de remessa e retorno de autos. Neste caso, de acordo com o Código de Processo Civil, a) o recurso deverá ser recebido normalmente, tendo em vista que não há obrigatoriedade de recolhimento de despesas referentes ao porte de remessa e retorno de autos. b) o recurso deverá ser considerado deserto. c) Mauro deverá ser intimado para suprir a irregularidade e recolher as despesas restantes no prazo de cinco dias. d) Mauro deverá ser intimado para suprir a irregularidade e recolher as despesas restantes no prazo de quarenta e oito horas. e) Mauro deverá ser intimado para suprir a irregularidade e recolher as

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despesas restantes no prazo de três dias. (FCC - 2011 - TRE/RN - Analista Judiciário: Área Judiciária)

18. Em relação aos recursos no processo civil, a) a insuficiência no valor do preparo recursal implicará deserção imediata. b) o recorrente pode desistir do recurso, desde que com a anuência do recorrido ou dos litisconsortes necessários. c) o não conhecimento do recurso principal não tem influência em relação ao recurso adesivo, que nesse ponto torna-se autônomo. d) com exceção dos embargos de declaração, o prazo para recorrer no processo civil será sempre de quinze dias. e) a renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. (FCC - 2011 - TJ/PE - Juiz)

19. Na audiência de instrução e julgamento, o juiz indeferiu requerimento de acareação de testemunhas formulado pelo advogado do autor. Nesse caso, a) caberá agravo na forma retida, no prazo de dez dias, sendo que, ouvido o agravado, o juiz poderá reformar sua decisão. b) caberá agravo de instrumento, dirigido diretamente ao tribunal competente, no prazo de dez dias, através de petição. c) não caberá recurso, devendo o advogado do autor formular protesto no termo da audiência, para poder posteriormente arguir nulidade. d) caberá apelação, interposta por petição, no prazo de quinze dias, ao juiz prolator da decisão. e) caberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e imediatamente, bem como constar do respectivo termo, nele expostas sucintamente as razões do agravante. (FCC - 2011 – TRT/20ª R - Técnico Judiciário: Área Administrativa)

20. Nas ações de improbidade administrativa, da decisão que receber a petição inicial, não cabe agravo de instrumento. (FMP, Câmara de Vereadores do Município de Santa Bárbara D’oeste, Procurador Jurídico, 2010)

21. Nas hipóteses em que a decisão interlocutória for suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, será admissível a interposição do agravo por instrumento, dispensada a forma retida (Ministério Público da União, PGT, Procurador do Trabalho, 2008)

22. No que concerne aos recursos, é correto afirmar que a) a insuficiência no valor do preparo implicará deserção, não podendo o

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recorrente supri-lo por expressa vedação legal. b) o recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveitará, mesmo se distintos ou opostos os seus interesses. c) o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. d) o recurso extraordinário e o recurso especial impedem a execução da sentença. e) o recurso adesivo é independente do principal e será conhecido mesmo se este for declarado deserto. (FCC - 2010 - BAHIAGÁS - Analista de Processos Organizacionais: Direito)

23. O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. (FCC, TRT/16ªR, Analista Judiciário - Área Judiciária: Execução de Mandados, 2009)

24. O juízo de admissibilidade é exercido pelo próprio juiz prolator da sentença, cujo entendimento, todavia, não vincula o tribunal para onde o recurso é encaminhado. (IESES, TJ-MA, Titular de Serviços de Notas e de Registros, 2008)

25. O Princípio da Fungibilidade Recursal justifica a enumeração específica dos recursos em espécie previstos em Lei. Em outras palavras, podemos dizer que os recursos cabíveis são somente aqueles que estiverem especificamente previstos em lei.

26. O recurso a) só pode ser interposto pela parte vencida. b) extraordinário impede a execução da sentença. c) especial deve ser interposto no prazo de 15 dias. d) interposto pelo Município depende de preparo. e) adesivo é independente do principal. (FCC - 2010 - TRT/22ªR - Analista Judiciário: Área Judiciária - Execução de Mandados)

27. Os embargos de declaração poderão ser opostos no prazo de 05 (cinco) dias, caso em que permanecerá suspenso o prazo para a interposição de outros recursos. (IESES, TJ-MA, Titular de Serviços de Notas e de Registros, 2008)

28. Por aplicação do princípio do duplo grau de jurisdição, a apelação interposta pela parte sucumbente, no prazo legal, com advogado regularmente

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habilitado nos autos, deverá ser recebida pelo juízo de primeiro grau, ainda que a sentença recorrida esteja em conformidade com súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça (Ministério Público da União, PGT, Procurador do Trabalho, 2008)

29. Uma ação ordinária foi julgada improcedente e o autor, inconformado, interpôs recurso de apelação, deixando, porém, de recolher o preparo, tendo o juiz, por esse motivo, julgado deserto o recurso. O autor provou justo impedimento e providenciou o recolhimento, tendo o juiz relevado a pena de deserção. Essa decisão a) pode ser impugnada pelo réu através de agravo retido. b) pode ser impugnada pelo réu através de agravo de instrumento. c) é irrecorrível, cabendo ao tribunal apreciar-lhe a legitimidade quando do julgamento da apelação. d) só pode ser impugnada pelo Ministério Público, através de agravo, se estiver atuando no feito como parte. e) só pode ser impugnada pelo Ministério Público, através de agravo, se estiver atuando no feito como fiscal da lei. (FCC - 2011 - PGE-MT - Procurador)

***

Com isso, finalizamos mais uma etapa deste nosso curso...

Despeço-me de vocês com um abraço grande!... e vejo você na

próxima aula e nos fóruns.

Bons estudos. Obrigada! Professora Tatiana Santos.