aula 02 - plano de contas e sistemas de contas - vemconcursos

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Page 1: AULA 02 - Plano de Contas e Sistemas de Contas - VEMCONCURSOS

Olá pessoal. Antes de mais nada, gostaria de agradecer todos os elogios

pelo artigo de “Variações Patrimoniais” que recebi. Muitas pessoas me perguntaram também sobre o livro de Contabilidade Pública, o qual deverá ser lançado nesta semana ou, no início da semana que vem, aqui no site (e-book). No livro são abordados todos os tópicos do concurso para Analista de Finanças e Controle da STN (incluindo LRF, resumos dos Manuais de Elaboração dos Demonstrativos da LRF e Portarias) além de todo o conteúdo da disciplina exigido em outros concursos e mais de 200 exercícios resolvidos de concursos.

Nesta aula será abordado um assunto que tem sido muito

cobrado nas provas recentes de concursos da disciplina Contabilidade Pública: O Plano de Contas e os Sistemas de Contas.

O entendimento do Plano de Contas muitas vezes é

dificultado porque o aluno não consegue diferenciar as classificações orçamentárias de receitas e despesas das classificações do Plano de Contas. E também, encontra problemas para diferenciar a classificação das Demonstrações e a do Plano de Contas.

O objetivo desta aula é facilitar a compreensão do Plano de

Contas e sua sistemática de forma clara e objetiva, abordando a relação de contas, sistemas de contas, tabelas auxiliares, indicadores contábeis e contas-correntes (1ª parte) e a lógica e estrutura da Tabela de Eventos (2ª parte).

Até a próxima!! Leonardo [email protected]

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Page 2: AULA 02 - Plano de Contas e Sistemas de Contas - VEMCONCURSOS

PLANO DE CONTAS E SISTEMAS DE CONTAS – 1ª PARTE Por Leonardo Silveira do Nascimento

[email protected] Introdução A Execução contábil, relativa aos atos e fatos de gestão financeira, orçamentária e patrimonial, por parte dos Órgãos e Entidades da Administração Pública Federal, obedece ao Plano de Contas elaborado e mantido de acordo com os padrões estabelecidos, tendo como parte integrante a Relação de Contas, a Tabela de Eventos (adendo A) e a Tabela de Conta-corrente Contábil (adendo B).

A Conta é o título representativo da composição, variação e estado do patrimônio, bem como de bens, direitos, obrigações e situações nele não compreendidas, mas que, direta ou indiretamente, possam vir a afetá-lo, exigindo por isso o controle contábil específico. A Contabilidade para manter a sua confiabilidade deverá sempre ser estruturada em contas e documentos (eletrônicos ou não) que representam os fenômenos contábeis (devidamente comprovados por papéis).

Para que serve um Plano de Contas? O Plano de Contas serve para padronizar os registros contábeis. No

conceito de Contabilidade Geral, o Plano de Contas é uma ferramenta de que se utiliza o responsável pelo registro dos fatos contábeis para, em uma determinada relação de contas, identificá-las e registrá-las sob o “método das partidas dobradas”. As contas têm a função de gerar informação e/ou refletir, nos demonstrativos de saída do sistema de informações contábeis, a situação patrimonial relativa aos bens, direitos e obrigações.

Considere o seguinte exemplo: Uma determinada unidade adquiriu material de consumo – 1000 unidades

de lápis preto nº 2. Se não houver uma padronização das contas a serem contabilizadas, cada

entidade ou até mesmo cada pessoa responsável pela escrituração, inexistindo uma relação de contas a observar, poderia registrar o fato em contas diferentes, causando distorções nas informações e nas demonstrações contábeis.

No exemplo, um funcionário da Contabilidade poderia lançar a débito uma

conta denominada “material de consumo” e outro funcionário, numa outra aquisição, poderia registrar como “material de escritório”. Dessa forma, iriam

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Page 3: AULA 02 - Plano de Contas e Sistemas de Contas - VEMCONCURSOS

constar 2 contas de ativo, refletindo os mesmos itens patrimoniais (lápis preto nº 2). Essas distorções poderiam ocorrer também no registro das despesas.

No caso da Administração Pública Federal, este problema geraria uma

grande dificuldade na consolidação das contas públicas nas 3 esferas de Governo, incluindo a Administração Direta e Indireta da União, Estados e Municípios. Portanto, devido à quantidade de Entidades e Unidades, a padronização dos registros contábeis torna-se ainda mais importante no âmbito da Contabilidade Governamental.

O gestor de posse do documento comprobatório do fenômeno (fato

contábil) ocorrido, deverá verificar no Plano de Contas (Relação de Contas) quais as contas contábeis que deverão sofrer registros a débito ou a crédito tendo em vista os princípios e as práticas contábeis vigentes.

O conceito de Plano de Contas na Administração Pública Federal é mais

abrangente do que o conceito observado para a Contabilidade Geral, pois, além de ser uma simples relação de contas, possui adendos que complementam essa relação. Tais como a Tabela de Contas-correntes contábeis e a Tabela de Eventos.

Nesta primeira parte, estudaremos a Relação de Contas e a Tabela de

Contas-correntes contábeis (Adendo B). A Tabela de Eventos (Adendo A) será abordada na segunda parte. Relação de Contas

A Relação de Contas é a “coluna vertebral” do Plano de Contas, pois estabelece uma estrutura vertical na qual são estruturados os demonstrativos, os contas-correntes contábeis e os eventos.

Segundo o Manual SIAFI, a estrutura do Plano de Contas atual objetiva,

principalmente: • Realçar o estado patrimonial e suas variações, concentrando as contas típicas de controle nos grupos de compensação de forma a propiciar o conhecimento adequado da situação econômico-financeira da gestão administrativa; • Padronizar o nível de informações dos órgãos e entidades da administração direta e indireta com a finalidade de auxiliar o processo de tomada de decisão, ampliando o leque de alternativas gerenciais, e facilitar a elaboração do Balanço Geral da União;

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• Permitir, por meio da relação de contas e da tabela de conta-corrente, a manutenção de um sistema integrado de informações orçamentárias, financeiras e patrimoniais na Administração Pública Federal, com a extração de relatórios necessários à análise gerencial, incluindo balanços e demais demonstrações contábeis, capazes de atender aos aspectos legais e fiscais.

Desdobramento da Conta

A Relação de Contas está disponível no SIAFI, podendo ser consultada por

meio da transação CONCONTA. As contas compreendem sete níveis de desdobramento mais o conta-corrente, classificados e codificados de acordo com a seguinte estrutura:

Subitem

X X X

Conta Corrente

3º nível -

4º nível -

5º nível -

6º nível -

7º nível -

Subgrupo

Elemento

Subelemento

Item

1º nível - Classe

2º nível - Grupo

X X XX XX Código Variável

Considerações sobre a Estrutura do Plano de Contas A codificação das contas de ativo e passivo no Plano de Contas segue a

ordenação dos demonstrativos de saída, mais especificamente, o Balanço Patrimonial. Já as contas de despesa e receita (de resultado) guardam relação com a classificação determinada pela Secretaria de Orçamento Federal - SOF, mais especificamente, a classificação das despesas quanto à natureza.

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A estrutura básica do Plano de Contas em nível de classe e grupo consiste na seguinte disposição:

1 A T I V O 2 P A S S I V O 1.1 CIRCULANTE 2.1 CIRCULANTE 1.2 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 2.2 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

2.3 RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS

1.4 PERMANENTE 2.4 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.9 COMPENSADO 2.9 COMPENSADO 3 D E S P E S A 4 R E C E I T A 3.3 DESPESAS CORRENTES 4.1 RECEITAS CORRENTES 3.4 DESPESAS DE CAPITAL 4.2 RECEITAS DE CAPITAL 4.9 * DEDUÇÕES DA RECEITA 5 RESULTADO DIMINUTIVO DO EXERCÍCIO

6 RESULTADO AUMENTATIVO DO EXERCÍCIO

5.1 RESULTADO ORÇAMENTÁRIO 6.1 RESULTADO ORÇAMENTÁRIO 5.2 RESULT. EXTRA-ORÇAMENTÁRIO 6.2 RESULT.EXTRA-ORÇAMENTÁRIO 6.3 RESULTADO APURADO

O primeiro nível representa a classificação máxima na agregação das contas nas seguintes classes:

• Ativo – inclui as contas correspondentes dos bens e direitos, demonstrando aplicação dos recursos; • Passivo – compreende as contas relativas às obrigações, evidenciando as origens dos recursos aplicados; • Despesa – inclui as contas representativas dos recursos despendidos na gestão, a serem computados na apuração do resultado do exercício; • Receita – inclui as contas representativas dos recursos auferidos na gestão, a serem computadas na apuração do resultado do exercício; • Resultado Diminutivo do Exercício – inclui as contas representativas das variações negativas da situação líquida do patrimônio e da apuração do resultado respectivo; • Resultado Aumentativo do Exercício – inclui as contas representativas das variações positivas da situação líquida do patrimônio e da apuração do resultado respectivo. O segundo nível de desdobramento do Plano de Contas atual compreende

os seguintes grupos de contas para o Ativo: • Ativo Circulante – compreende as disponibilidades de numerário, bem como outros bens e direitos pendentes ou em circulação, realizáveis até o término do exercício seguinte; • Ativo Realizável a Longo Prazo – compreende os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte;

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• Ativo Permanente – representa os investimentos de caráter permanente, as imobilizações, bem como despesas diferidas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício; • Ativo Compensado – compreende as contas com função precípua de controle, relacionadas à situações não compreendidas no patrimônio mas que, direta ou indiretamente, possam vir a afetá-lo, inclusive as que dizem respeito a atos e fatos ligados à execução orçamentária e financeira. O Passivo é representado pelos seguintes grupos de contas: • Passivo Circulante – compreende as obrigações pendentes ou em circulação, exigíveis até o término do exercício seguinte; • Passivo Exigível a Longo Prazo – compreende as obrigações exigíveis após o término do exercício seguinte; • Resultado de Exercícios Futuros – compreende as contas representativas de receitas de exercícios futuros, deduzidas dos custos e despesas correspondentes ou contrapostos a tais receitas; • Patrimônio Líquido – representa o capital, as reservas e os resultados acumulados; • Passivo Compensado – compreende as contas com função precípua de controle, relacionadas à situações não compreendidas no patrimônio mas que, direta ou indiretamente, possam vir a afetá-lo, inclusive as que dizem respeito a atos e fatos ligados à execução orçamentária e financeira. A Despesa é desdobrada nas seguintes categorias econômicas: • Despesas Correntes – compreendem as contas, desdobradas em transferências e aplicações diretas, de despesas com pessoal e encargos sociais, juros e encargos das dívidas interna e externa e outras despesas correntes, observadas as conceituações legais e normativas pertinentes; • Despesas de Capital – correspondem às contas, desdobradas em transferências e aplicações diretas, de despesas de investimentos, inversões financeiras, amortizações das dívidas interna e externa e outras despesas de capital, observadas as conceituações legais e normativas pertinentes.

A Receita é desdobrada nas seguintes categorias econômicas: • Receitas Correntes – compreendem as tributárias, de contribuições, patrimoniais agropecuárias, industriais, de serviços e outras receitas correntes, bem como provenientes de transferências correntes, observadas as conceituações legais e normativas pertinentes; • Receitas de Capital – correspondem às operações de crédito, alienações de bens, amortizações e outras receitas de capital, bem como as provenientes de transferências de capital, observadas as conceituações legais e normativas pertinentes.

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O Resultado do Exercício contém os seguintes grupos (os grupos de contas de resultado orçamentário e extra-orçamentário são estruturados de forma a distinguir as variações diminutivas e aumentativas da situação líquida do patrimônio):

• Resultado Orçamentário relativo à diminuição da situação líquida do patrimônio – corresponde às despesas orçamentárias, interferências passivas e às mutações passivas, resultantes da execução orçamentária; • Resultado Orçamentário relativo ao aumento da situação líquida do patrimônio – inclui as contas representativas da receita orçamentária, interferências ativas e mutações ativas, resultantes da execução orçamentária; • Resultado Extra-Orçamentário relativo à diminuição da situação líquida do patrimônio – inclui as contas representativas das despesas extra-orçamentárias, interferências passivas e mutações passivas, independentes da execução orçamentária; • Resultado Extra-Orçamentário relativo ao aumento da situação líquida do patrimônio – inclui as contas representativas das receitas extra-orçamentárias, interferências ativas e mutações ativas, independentes da execução orçamentária; • Resultado Apurado – conta utilizada no encerramento do exercício para demonstrar a apuração do resultado do exercício. IMPORTANTE: A consolidação das contas nos balanços é realizada no 3º

nível (subgrupo), de acordo com a seguinte estrutura:

1 ATIVO 2 PASSIVO 1.1 Ativo Circulante 2.1 Passivo Circulante 1.1.1 Disponível 2.1.1 Depósitos 1.1.2 Créditos em Circulação 2.1.2 Obrigações em Circulação 1.1.3 Bens e Valores em Circulação 2.1.3 Empréstimos e Financiamentos em

Circulação 1.1.4 Valores Pendentes a Curto

Prazo 2.1.4 Valores Pendentes a Curto Prazo

1.2 Ativo Realizável a Longo Prazo 2.2 Passivo Exigível a Longo Prazo 1.2.1 Depósitos Realizáveis e Longo

Prazo 2.2.1 Depósitos Exigíveis a Longo Prazo

1.2.2 Créditos Realizáveis a Longo Prazo

2.2.2 Obrigações Exigíveis a Longo Prazo

2.2.3 Outras Exigibilidades 2.3 Resultado de Exercícios Futuros 2.3.1 Receitas de Exercícios Futuros 2.3.2 Custos e Despesas de Exercícios

Futuros

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1.4 Ativo Permanente 2.4 Patrimônio Líquido 1.4.1 Investimentos 2.4.1 Patrimônio/Capital 1.4.2 Imobilizado 2.4.2 Reservas 1.4.3 Diferido 2.4.3 Resultado Acumulado 2.4.4 Ajuste do Patrimônio/Capital 1.9 Ativo Compensado 2.9 Passivo Compensado 1.9.1 Execução Orçamentária da

Receita 2.9.1 Previsão Orçamentária da Receita

1.9.2 Fixação Orçamentária da Despesa

2.9.2 Execução Orçamentária da Despesa

1.9.3 Execução da Programação Financeira

2.9.3 Execução da Programação Financeira

1.9.4 Despesas e Dívidas dos Estados e Municípios

2.9.4 Despesas e Dívidas dos Estados e Municípios

1.9.5 Execução de Restos a Pagar 2.9.5 Execução de Restos a Pagar 1.9.9 Compensações Ativas Diversas 2.9.9 Compensações Passivas Diversas

3 DESPESA 4 RECEITA 3.3 Despesas Correntes 4.1 Receitas Correntes 3.4 Despesas de Capital 4.2 Receitas de Capital 4.9 * Deduções da Receita 5 RESULTADO DIMINUTIVO DO

EXERCÍCIO 6 RESULTADO AUMENTATIVO DO

EXERCÍCIO 5.1 Resultado Orçamentário 6.1 Resultado Orçamentário 5.1.1 Despesa Orçamentária 6.1.1 Receita Orçamentária 5.1.2 Interferências Passivas 6.1.2 Interferências Ativas 5.1.3 Mutações Passivas 6.1.3 Mutações Ativas 5.2 Resultado Extra-Orçamentário 6.2 Resultado Extra-Orçamentário 5.2.1 Despesa Extra-Orçamentária 6.2.1 Receita Extra-Orçamentária 5.2.2 Interferências Passivas Extra-orç 6.2.2 Interferências Ativas Extra-orç. 5.2.3 Decréscimos Patrimoniais 6.2.3 Acréscimos Patrimoniais 6.3 Resultado Apurado

A Relação de Contas apresenta desdobramento no nível mais detalhado e

possui as seguintes características: • O sinal = (igual) antes da intitulação de determinadas contas

contábeis, identifica a necessidade de tratamento a nível individualizado (conta corrente), peculiar a cada item, cujo objetivo é proporcionar maior flexibilidade no gerenciamento dos dados desejados. Trata-se de uma informação “agregada” à

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estrutura vertical da relação das contas. Por exemplo, a conta contábil “Fornecedores do Exercício” possui o conta-corrente anexado que identifica o CNPJ, CPF do credor ou o código de Unidade Gestora credora. É uma subdivisão da conta contábil constante da relação de contas.

Como exemplo, vamos demonstrar uma tela do SIAFI que mostra o razão de uma conta, que demonstra seus saldos individualizados por credor.

__ SIAFI200X-CONTABIL-DEMONSTRA-CONRAZAO (CONSULTA RAZAO POR C. CONTABIL)_____ XX/XX/XX HH:MM USUARIO : PAGINA : 1 UG EMITENTE : XXXXXX – UNIDADE GESTORA GESTAO EMITENTE : 00001 - TESOURO NACIONAL POSICAO : MARCO CONTA CONTABIL : 212110100 – FORNECEDORES DO EXERCICIO CONTA CORRENTE SALDO EM R$ 1111111000183 - FARMACIA ABC LTDA 62,40 C 2222222000100 – ABC PRODUTOS MEDICO HOSPITALARES 30,11 C 3333333000138 – FULANO DE TAL 998,00 C 4444444000103 – HOSPITAL CBA 910,99 C 5555555000167 - XYZ INDÚSTRIA LTDA 932,00 C 6666666000112 - DENTARIA RST LTDA 111,10 C TOTAL ===> 3.044,60 C

• As contas redutoras ou retificadoras são identificadas pelo sinal (*)

(asterisco), colocado antes da intitulação da conta contábil retificada. As contas retificadoras possuem a função de ajustar o saldo de uma determinada conta de modo que a mesma reflita a situação patrimonial mais adequada e próxima à realidade. Um exemplo de conta retificadora clássico é representado pelas contas de depreciação (mais utilizadas na Contabilidade Privada) que ajustam o valor do ativo (custo histórico) pelo valor referente à perda de valor decorrente de desgaste, perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência.

Classificação do Plano de Contas x Classificação Orçamentária Uma das limitações encontradas no Plano de Contas atual reside na total

vinculação ao Orçamento, afastando-se, assim, das normatizações e tendências mundiais de classificação contábil. Além disso, qualquer alteração pela Secretaria de Orçamento Federal – SOF/MPOG das classificações de receitas e despesas exigem que o Plano de Contas seja alterado.

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Muitos estudantes de Contabilidade Pública enfrentam dificuldades na diferenciação entre a classificação orçamentária e a classificação contábil no Plano de Contas (mais especificamente em relação às contas de receita e despesa). Na verdade, há um acréscimo de dígitos na classificação orçamentária das receitas e despesas de modo a adaptá-la ao Plano de Contas.

Tomemos como exemplo a conta 3.3.3.9.0.30.01 – Despesas Correntes -

Combustíveis e Lubrificantes Automotivos, no Plano de Contas atual, possui a seguinte estrutura:

Codificação do plano de contas atual

DÍGITO DESDOBRAMENTO DESCRIÇÃO 1º dígito Classe (3) Despesa

2º dígito Grupo (3) Despesas Correntes

3º dígito Sub-grupo (3) Outras Despesas Correntes

4º dígito Elemento (9) Aplicações Diretas

5º dígito Sub-elemento (0) -

6º e 7º dígitos Item (30) Material de Consumo

8º e 9º dígitos Sub-item (01) Combustíveis e Lubrificantes Automotivos

A classificação orçamentária segundo a natureza de despesa serviu de

base para a estrutura acima. No orçamento, a Classificação Econômica (ou quanto à natureza) das despesas é definida pelo código 3.3.90.30 (correspondente aos 2º, 3º, 4º (combinado com o 5º), 6º e 7º dígitos do código da conta), sendo que:

Codificação da classificação orçamentária (econômica)

DÍGITO DESDOBRAMENTO DESCRIÇÃO 1º dígito Categoria Econômica (3) Despesa Corrente

2º dígito Grupo de Despesa (3) Outras Despesas Correntes

3º e 4º dígitos

Modalidade de Aplicação (90) Aplicações Diretas

5º e 6º dígitos

Elemento de Despesa (30) Material de Consumo

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Pode-se notar que, na estrutura da conta sob o código 3.3.3.9.0.30.01, o 5º dígito (Sub-elemento) não possui nenhuma descrição ou desdobramento associado a ele (representado pelo valor “0”). A causa desta “lacuna” na estrutura da conta é que, na classificação orçamentária, o desdobramento “Aplicações Diretas” é representado por dois dígitos (90).

Classificação do Plano de Contas x Classificação das Contas nas

Demonstrações da Lei 4.320/1964 Um outro fato que muitos questionam, é o de a classificação utilizada no

Plano de Contas diferir da classificação dada às contas pela Lei 4.320/1964 em seu artigo 105:

“Art. 105. O Balanço Patrimonial demonstrará:

I - O Ativo Financeiro;

II - O Ativo Permanente;

III - O Passivo Financeiro;

IV - O Passivo Permanente;

V - O Saldo Patrimonial;

VI - As Contas de Compensação.”

Podemos verificar que a classificação utilizada pelo Plano de Contas atual

difere da classificação dada pela Lei 4.320/1964 para o Balanço Patrimonial. Enquanto que no Plano de Contas temos o Ativo Circulante, a Demonstração da Lei 4.320 refere-se a Ativo Financeiro, por exemplo.

Para entender melhor esta diferença, devemos ter em mente que a Lei

4.320/1964 refere-se à informação de saída da Contabilidade, ou seja, aos demonstrativos contábeis. O Plano de Contas não precisa seguir a estrutura dos demonstrativos de “saída” da informação contábil como já foi falado, pois deve tratar a entrada da informação no sistema contábil e não a saída. Tendo um plano de contas bem estruturado, ele pode permitir a confecção de qualquer demonstrativo (informação de saída) que venha a ser exigido pela legislação, aprimorando, desta forma, o papel da Contabilidade Pública.

Para entender melhor o que seja informação de “entrada” e de “saída”,

observemos a seguinte figura:

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Tabela de Contas-correntes Contábeis (adendo B) O código de conta-corrente permite o tratamento de informações conforme

a individualização exigida pela conta objeto do detalhamento, de acordo com a tabela própria estruturada e cadastrada para permitir maior flexibilidade no gerenciamento dos dados necessários.

O código conta-corrente é anexado à conta contábil (constante da relação

das contas) permitindo um maior detalhamento por parte das Unidades Gestoras. Por exemplo, a conta de passivo 21211.01.00 – Fornecedores do Exercício possui um conta-corrente “anexado” a esta conta contábil que é o CPF, CNPJ ou UG, que identificará o credor daquele passivo e permitindo, dessa forma, um maior controle e transparência da informação contábil. Vide exemplo exposto anteriormente.

A seguir, apresentamos a listagem atual dos contas-correntes utilizados no

Plano de Contas (atualizados até 23/02/2005): Obs: Não se deve ter a pretensão de “decorar” todos estes códigos, mas eles constam aqui a título

ilustrativo. 00 NAO EXIGE 01 BANCO+AGENCIA+CONTA BANCARIA 02 CNPJ, CPF, UG, IG OU 999 03 UG+FR 04 EXERCICIO + CNPJ, CPF, UG, IG OU 999 06 ORDEM BANCARIA 07 SUBITEM DO ELEMENTO DE DESPESA 08 INDIVIDUALIZACAO DE IMOVEIS 09 INDIVIDUALIZACAO DE MARCAS E PATENTES 10 INDIVIDUALIZACAO DE PROJETOS 11 CODIGO DE DESTINACAO DA RECEITA 12 FONTE DE RECURSOS 13 NUMERO DE DOCUMENTO HABIL PARA PAGAMENTO 14 CELULA DA RECEITA (NATUREZA RECEITA + FTE REC) 15 CONTRATO DE PROGRAMAS DE REPASSE 16 CELULA DA DESPESA (EO+PTRES+FR+ND+UGR+ PI) 17 LIMITE PARA EXECUCAO FINANCEIRA 18 CLASSIFICACAO INSTITUCIONAL DA RECEITA PREVISTA 19 INDIVIDUALIZACAO DO INCENTIVO FISCAL 20 NATUREZA DA RECEITA 21 FINALIDADE DE TRANSFERENCIA 22 CODIGO DE TRIBUTO 23 CLASSIFICACAO DE ENCARGOS (PI + BANCO) 24 CATEGORIA DE GASTO + ANO + MES 25 ORDENS DE PRODUCAO 26 NOTA DE EMPENHO 27 CNPJ 28 FONTE SOF

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29 NUMERO DA OBRIGACAO 30 NUMERO DE CADASTRO DE CONVENIO 31 CELULA DA DESPESA COM ND DETALHADA 32 UG+CEL.FINANCEIRA(FONTE SOF+CAT.GASTOS)+ANO+MES 33 CELULA SOF(EO+PTRES+IDOC+ND+FR) 34 CONTROLE DE VALORES 35 NUMERO DE AUXILIO, SUBVENCOES OU CONTRIBUICOES 36 NUMERO DO CONVENIO + NUMERO DA PARCELA 37 CLASSIFICACAO INSTITUCIONAL RECEITA ARRECADADA 38 NUMERO RIP DE IMOVEL 39 SIGLA DA UF 40 UG + GESTAO + NUMERO DO PRE-EMPENHO 41 UGR + CLASSIFICACAO DA DESPESA 42 UG+FONTE(4)+CATEGORIA DE GASTO 43 ORGAO + FONTE (4) + CATEGORIA DE GASTO (1) 44 (CNPJ, CPF, UG, PF OU EX) + PC OU RC 45 VINCULACAO DE PAGAMENTO FONTE+COD.VINCULACAO) 46 UG + FONTE RECURSOS + VINCULACAO 47 CENTRO DE CUSTOS 48 CODIGO DE CONTRIBUICAO DA PREVIDENCIA SOCIAL 49 CODIGO DE TRIBUTO ESTADUAL/MUNICIPAL 50 UG/FONTE/CATEGORIA/RECURSOS/VINCULACAO/MES 51 UGR + CELULA DA DESPESA DETALHADA 52 FONTE/VINCULACAO PAGAMENTO/TIPO DOCUMENTO/MES 53 ORGAO SUPERIOR + FONTE + VINCULACAO 54 ORGAO SUPERIOR 55 CEL.DESP.C/ ND DETAL.(SEM PI)+IG OU OBRIGACAO 56 UNIDADE GESTORA 57 CODIGO DE SALARIO EDUCACAO 58 UGR + UO + PROGRAMA + ACAO + MES 59 CODIGO DE RECOLHIMENTO FGTS 60 CODIGO DE PAGAMENTO 61 CENTRO DE CUSTO (UGR+CENTRO CUSTO + CLASSIF1) 62 NUMERO DA OBRIGACAO + DATA 63 FONTE RECURSOS (10) + CATEGORIA DE GASTO (1) 64 CODIGO DE RECOLHIMENTO 65 CODIGO DE DESTINACAO DE RECOLHIMENTO 66 BANCO + DATA 67 UG + FONTE RECURSOS + CATEGORIA DE GASTO 68 CODIGO MUNICíPIO + CODIGO TRIBUTO 69 NUMERO DE REFERENCIA DA GRU 70 CELULA DA DESPESA-PROJETO DE LEI ORCAMENTARIA 71 NUMERO DA RA (REGISTRO DE ARRECADACAO) 72 CLASSIFICACAO RECEITA REALIZADA (TIPO ARRECAD.) 73 CELULA DA DESPESA (FONTE+ESF+PTRES+GD+MES+ANO) 74 CELULA DA DESPESA (ESF+PTRES+FONTE+ND+MES+ANO)

Indicadores Contábeis Os Indicadores são utilizados para definir o uso das contas pelas UG

(Unidades Gestoras) de acordo com restrições legais, fiscais e normativas. Um destes indicadores contábeis é o conta-corrente, que vimos anteriormente. São parâmetros para que o Gestor contabilize as contas corretamente, sem infringir nenhuma norma. Não se trata de um dos adendos do Plano de Contas, mas de uma Tabela Auxiliar. Exemplo de indicadores contábeis que podem ser consultados através da transação CONINDCONT (Consulta Indicadores Contábeis) no SIAFI:

Obs: Não se deve ter a pretensão de “decorar” todos estes códigos, mas eles constam aqui a título

ilustrativo.

INDICADOR: 50 - ENCERRAMENTO - Indica a condição de permanência do saldo em uma conta, conforme sua natureza INDICADOR: 51 - CONTA-CORRENTE - Indica o código correspondente ao desdobramento exigido pela conta e que possibilita o tratamento de informações no menor nível de detalhe permitido pelo Sistema. INDICADOR: 52 - INVERSÃO DE SALDO - Indica se a conta permitirá a inversão de saldo em virtude da necessidade de registros especiais e eventuais, para algum tipo de ajuste e acerto.

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INDICADOR: 53 - SISTEMA CONTABIL – Indica a qual sistema pertence a conta, sistema este que deverá se manter equilibrado, devendo, portanto, esta conta se relacionar somente com outras pertencentes ao mesmo sistema que o seu. INDICADOR: 54 - USO DO SAFEM - Indica se a conta poderá ser utilizada pelos Estados e Municípios no âmbito da Administração Financeira dos Estados e Municípios – SAFEM. INDICADOR: 55 - LANCAMENTO POR ORGAO – indica a quais órgãos é permitido fazer lançamentos na conta. INDICADOR: 56 - TIPO DE SALDO – Indica o tipo de saldo da conta, de acordo com a sua natureza, com a finalidade de manter a distinção lógica entre saldos credores e devedores, o que servirá de base para o método das “partidas dobradas” (débito e crédito) INDICADOR: 57 - INTEGRACAO DE BALANCO – Indica se a conta permite integração de balanços de unidades da administração indireta e de Estados e Municípios. INDICADOR: 58 - LANCAMENTO ATRAVES DE NSSALDO – Indica se a conta, de acordo com a sua natureza, permite a transferência, incorporação ou extinção de saldos em virtude da descontinuidade da Unidade por fusão, incorporação, cisão ou extinção. INDICADOR: 59 - CONTA DE SALDOS TRANSITORIOS – Indica se o saldo da conta é de natureza transitória, devendo o mesmo, em caso afirmativo, ser regularizado, ou seja, transferido para a conta com saldo de natureza constante em que ficará registrado, no prazo de 30 dias. INDICADOR: 60 - RESTRICAO PARA REGISTRO DE CONVENIO – Permite controlar a natureza de despesa quando da emissão de empenho e sua utilização para registro de convênios de forma que restrinja a sua transferência em mais de um convênio, a exceção daqueles que, por suas características peculiares, possam constar em um ou mais convênios. INDICADOR: 61 - EMPENHO PARA PAGAMENTO CONTRA ENTREGA – Indicador para especificar a natureza de despesa permitida para registro de empenhos para pagamento contra-entrega. INDICADOR: 62 - COMPOE RESULTADO PRIMARIO – Indica se as contas de receita e despesa compõem o resultado primário (conceito de Finanças Públicas).

Sistemas de Contas

Na Contabilidade privada utilizamos dois sistemas de contas: Patrimoniais e de Resultado e podemos registrar em uma só partida contas patrimoniais e contas de resultado.

O mesmo não ocorre na Contabilidade Pública que trabalha com quatro sistemas distintos: o Financeiro, o Patrimonial, o de Compensação e o Orçamentário. Para cada sistema de contas pode ser elaborado um balancete de verificação. Dessa forma, um lançamento a débito, por exemplo, do sistema patrimonial tem como contrapartida, necessariamente, um crédito no mesmo sistema. Não podemos nunca, na Contabilidade Pública, lançar a débito uma conta de um sistema e a crédito em uma conta de outro sistema.

Os quatro sistemas são:

- Sistema Orçamentário;

- Sistema Financeiro;

- Sistema Patrimonial;

- Sistema de Compensação.

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Sistema Financeiro

Registra pagamentos e recebimentos de despesas e receitas orçamentárias e extra-orçamentárias. É fácil saber se uma conta é do sistema financeiro ou não. Todas as contas que tenham como contrapartida a conta “caixa” ou “bancos” (sendo pagamento ou recebimento) são do sistema financeiro. Assim, fazem parte do sistema financeiro as seguintes contas:

- Banco ou Caixa (bens representados por dinheiro)

- Direitos a Receber (financeiros)

- Obrigações a Pagar (financeiros)

- Receitas Orçamentárias

- Despesas Orçamentárias

- Ingressos Extra-Orçamentários

- Desembolsos Extra-Orçamentários

- Etc.

Sistema Patrimonial

Registra bens, direitos e obrigações que não estejam relacionados à movimentação financeira. Exemplo:

- Bens (não financeiros)

- Direitos (não financeiros)

- Obrigações (Ex: provisões)

- Mutações Ativas e Passivas

- Transferências

- Etc.

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Sistema de Compensação

Tem como função principal o controle dos atos administrativos. São os bens, direitos e obrigações potenciais. Quando se faz um contrato, por exemplo, registra-se uma conta do sistema compensado e credita-se em outra conta do mesmo sistema. Quando o contrato é executado, faz-se o lançamento inverso. Assim, essas contas fazem contrapartida consigo mesma. Não alteram a situação líquida patrimonial. Exemplo de contas de compensação:

- Contratos

- Fiança

- Aval

- Convênios

- Etc.

Sistema Orçamentário

Tem o objetivo de efetuar o controle da execução do orçamento público. Tem as mesmas características do sistema compensado por efetuarem controle também. Não geram alteração na situação líquida patrimonial. Exemplo:

- Dotação Inicial

- Dotação Adicional

- Emissão de Empenho

- Receita a Realizar

- Receita Realizada

- Etc.

Sistemática do Plano de Contas

Um único fato contábil pode gerar, simultaneamente, lançamentos em contas de diversos sistemas, mas a contrapartida de cada uma das contas deverá ser, necessariamente, em uma conta do mesmo sistema.

Atualmente, com a implantação do Sistema Integrado de Administração

Financeira do Governo Federal – SIAFI em 1986 e a posterior criação da Tabela

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de Eventos (adendo A do Plano de Contas) estes lançamentos são feitos automaticamente em cada conta, cabendo ao gestor, apenas, a escolha do evento. Com a Tabela de Eventos, os lançamentos contábeis individuais (em que o gestor escolhe as contas a debitar e a creditar) foram praticamente extintos. A Tabela de Eventos será tema da segunda parte desta aula.

Para fixar os conceitos, examine o Plano de Contas da Administração

Pública Federal (Relação de Contas) na página do Tesouro Nacional:

http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/planejamento_execucao.asp Até a próxima! Qualquer dúvida, estou à disposição no e-mail: [email protected]

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