aula 01c - saneamento brasil

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Saneamento no Brasil Definição: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico do homem que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem estar físico, mental e social. É o conjunto de medidas adotadas em um local para melhorar a vida e a saúde dos habitantes, impedindo que fatores físicos de efeitos nocivos possam prejudicar as pessoas no seu bem-estar físico mental e social. Essas medidas devem ser adotadas pelos três níveis de governo (Municipal, Estadual e Federal) e contemplar o abastecimento de água tratada; coleta e tratamento de esgoto; limpeza urbana; manejo de resíduos sólidos e drenagem das águas pluviais. Lei do Saneamento: Em 2007, após décadas de discussões e diferentes projetos de lei, a Lei Federal 11.445 foi sancionada e estabelece as diretrizes nacionais e a política federal ao saneamento. A partir da nova lei ficou definido que o planejamento do saneamento básico está a cargo do município, e a prestação dos serviços pode ser feito pelo ente público municipal ou por concessionária pública e/ou privada. Dados Gerais: 82,5% dos brasileiros são atendidos com abastecimento de água tratada 48,6% da população têm acesso à coleta de esgoto Apenas 39% dos esgotos do país são tratados A média de consumo de água dos brasileiros em 2013 foi de 166,3 litros (uma pequena queda de 0,7% com relação a 2012). Menor consumo no Nordeste (125,8 litros); maior consumo no Sudeste (194 litros); O setor de saneamento gerou 727 mil empregos diretos e indiretos em todo o país com receitas totais, em água e esgotos, de R$91,6 bilhões; Fonte: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS 2013)

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Saneamento

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Page 1: Aula 01c - Saneamento Brasil

Saneamento no Brasil

Definição:

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saneamento é o controle de todos os fatores do

meio físico do homem que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem estar físico,

mental e social. É o conjunto de medidas adotadas em um local para melhorar a vida e a saúde dos

habitantes, impedindo que fatores físicos de efeitos nocivos possam prejudicar as pessoas no seu

bem-estar físico mental e social. Essas medidas devem ser adotadas pelos três níveis de governo

(Municipal, Estadual e Federal) e contemplar o abastecimento de água tratada; coleta e tratamento

de esgoto; limpeza urbana; manejo de resíduos sólidos e drenagem das águas pluviais.

Lei do Saneamento:

Em 2007, após décadas de discussões e diferentes projetos de lei, a Lei Federal 11.445 foi

sancionada e estabelece as diretrizes nacionais e a política federal ao saneamento. A partir da nova

lei ficou definido que o planejamento do saneamento básico está a cargo do município, e a prestação

dos serviços pode ser feito pelo ente público municipal ou por concessionária pública e/ou privada.

Dados Gerais:

82,5% dos brasileiros são atendidos com abastecimento de água tratada

48,6% da população têm acesso à coleta de esgoto

Apenas 39% dos esgotos do país são tratados

A média de consumo de água dos brasileiros em 2013 foi de 166,3 litros (uma pequena queda

de 0,7% com relação a 2012).

Menor consumo no Nordeste (125,8 litros); maior consumo no Sudeste (194 litros);

O setor de saneamento gerou 727 mil empregos diretos e indiretos em todo o país com receitas

totais, em água e esgotos, de R$91,6 bilhões;

Fonte: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS 2013)

Page 2: Aula 01c - Saneamento Brasil

Principais dados do saneamento por estado

Região Sudeste MG SP RJ ES

Rede de água: 86,97

Coleta de esgoto: 74,22

Tratamento de esgoto: 32,76

Perdas de água: 33,46

Rede de água: 95,85

Coleta de esgoto: 87,36

Tratamento de esgoto: 53,34

Perdas de água: 34,34

Rede de água: 89,15

Coleta de esgoto: 62,59

Tratamento de esgoto: 34,32

Perdas de água: 30,82

Rede de água: 80,90

Coleta de esgoto: 41,82

Tratamento de esgoto: 32,36

Perdas de água: 34,39

Região Sul RS SC PR

Rede de água: 84,06

Coleta de esgoto: 29,15

Tratamento de esgoto: 12,58

Perdas de água: 37,23

Rede de água: 86,02

Coleta de esgoto: 16,03

Tratamento de esgoto: 19,58

Perdas de água: 33,71

Rede de água: 91,15

Coleta de esgoto: 60

Tratamento de esgoto: 63,75

Perdas de água: 33,35

Região Nordeste BA SE AL PE

Rede de água: 77,43

Coleta de esgoto: 31,02

Tratamento de esgoto: 46,56

Perdas de água: 41,58

Rede de água: 83,05

Coleta de esgoto: 15,25

Tratamento de esgoto: 22,39

Perdas de água: 59,27

Rede de água: 76,46

Coleta de esgoto: 18,83

Tratamento de esgoto: 18,52

Perdas de água: 46,12

Rede de água: 70,89

Coleta de esgoto: 19,68

Tratamento de esgoto: 26,38

Perdas de água: 53,69

PB RN CE PI

Rede de água: 75,60

Coleta de esgoto: 24,54

Tratamento de esgoto: 34,02

Perdas de água: 36,18

Rede de água: 81,37

Coleta de esgoto: 21,54

Tratamento de esgoto: 21,09

Perdas de água: 55,26

Rede de água: 69,75

Coleta de esgoto: 25,32

Tratamento de esgoto: 33,22

Perdas de água: 36,52

Rede de água: 67,12

Coleta de esgoto: 6,64

Tratamento de esgoto: 8,30

Perdas de água: 51,82

MA

Rede de água: 53,34

Coleta de esgoto: 10,19

Tratamento de esgoto: 5,85

Perdas de água: 37,84

Região Centro-Oeste MS MT DF GO

Rede de água: 85,75

Coleta de esgoto: 36,47

Tratamento de esgoto: 32,76

Perdas de água: 32,92

Rede de água: 86,23

Coleta de esgoto: 17,72

Tratamento de esgoto: 23,85

Perdas de água: 47,17

Rede de água: 98,20

Coleta de esgoto: 82,73

Tratamento de esgoto: 66,13

Perdas de água: 27,27

Rede de água: 85,62

Coleta de esgoto: 41,51

Tratamento de esgoto: 44,93

Perdas de água: 28,78

Fonte: Sistema Nacional de informações sobre Saneamento (SNIS) 2013.

Page 3: Aula 01c - Saneamento Brasil

Região Norte AC RO AM PA

Rede de água: 42,61

Coleta de esgoto: 10,44

Tratamento de esgoto: 17,69

Perdas de água: 55,90

Rede de água: 38,78

Coleta de esgoto: 3,63

Tratamento de esgoto: 4,58

Perdas de água: 52,75

Rede de água: 36,16

Coleta de esgoto: 4,12

Tratamento de esgoto: 5,63

Perdas de água: 76,54

Rede de água: 42,19

Coleta de esgoto: 3,75

Tratamento de esgoto: 2,72

Perdas de água: 48,91

RR AP TO

Rede de água: 80,17

Coleta de esgoto: 24,74

Tratamento de esgoto: 44,55

Perdas de água: 59,74

Rede de água: 73,03

Coleta de esgoto: 6,41

Tratamento de esgoto: 24,26

Perdas de água: 46,99

Rede de água: 75,45

Coleta de esgoto: 14,71

Tratamento de esgoto: 17,65

Perdas de água: 34,34

Fonte: Sistema Nacional de informações sobre Saneamento (SNIS) 2013.

Amazônia Legal:

A Amazônia detém a maior quantidade de água doce do Brasil, 73% de toda vazão hídrica.

Mas o acesso ao saneamento nos 771 municípios da região está entre os piores do

país.

60% dos municípios são atendidos por rede geral de água. A população atendida com água

tratada no Brasil é de 82,7%.

26,4% dos domicílios dependem de poços e nascentes. 13,2%, de outras formas, como

lagos, açudes e caminhões pipa.

A coleta de esgoto também está abaixo da média nacional: 14,6% na

Amazônia 48,29% no Brasil.

A fossa rudimentar é a principal forma de descarte, presente em 49,2% dos municípios.

Rondônia, Pará e Amazônia são os estados em pior situação, com menos de 5% de coleta de

esgoto.

Page 4: Aula 01c - Saneamento Brasil

Investimentos: O custo para universalizar o acesso aos 4 serviços do saneamento (água, esgotos, resíduos sólidos e

drenagem pluvial) é de R$ 508 bilhões, no período de 2014 a 2033.

Para universalização da água e dos esgotos esse custo será de R$ 303 bilhões em 20 anos.

Fonte: Informações - Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB)

7 milhões de habitantes ainda não têm acesso a banheiro.

Fonte: Progress on Sanitation and Drinking-Water”, 2014 – Organização Mundial da Saúde (OMS)/ UNICEF

Setores afetados pela falta de Saneamento

Saneamento é Preservação

Em 2010, as perdas de faturamento das empresas operadoras com vazamentos, roubos e ligações

clandestinas, falta de medição ou medições incorretas no consumo de água, alcançaram, na média

nacional 37,5%;

Índices de Perdas por região:

Norte - 51,55%

Nordeste - 44,93%

Centro-Oeste - 32,59%

Sudeste - 35,19%

Sul - 32,29%

Uma redução de apenas 10% nas perdas no Brasil agregaria R$ 1,3 bilhão à receita

operacional com água, equivalente a 42% do investimento realizado em abastecimento de água

em 2010 para todo o país;

Fonte: Perdas de Água: Entraves ao avanço do saneamento básico e riscos de agravamento à escassez hídrica no

Brasil - Instituto Trata Brasil, 2013

O Brasil possui quase 13% dos recursos hídricos superficiais do planeta. No entanto, 73%deles

concentram-se na bacia hidrográfica amazônica, onde mora apenas 4% da população brasileira;

Os rios Tietê (SP), Iguaçu (PR) e Ipojuca (PE) estão entre os mais poluídos do Brasil. O Tietê, por

exemplo, recebe 690 toneladas de poluentes por dia, principalmente esgoto doméstico sem

tratamento.

3.500 piscinas olímpicas de esgotos são despejadas em rios, mares e cursos

d’água, apenas pelas 100 maiores cidades brasileiras.

Fonte: Ranking do Saneamento (SNIS 2011) - Instituto Trata Brasil, 2013

Page 5: Aula 01c - Saneamento Brasil

Imóveis em áreas com saneamento chegam a valer quase 14% mais do que outro em área sem os

serviços.

A valorização dos imóveis chegaria a R$ 178,3 bilhões, portanto, sozinha,

compensaria parcialmente o custo da universalização do saneamento para o Brasil, que foi estimado

em R$ 313,2 bilhões pelo estudo.

Fonte: Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento brasileiro - Instituto Trata Brasil / CEBDS, 2014

Saneamento é Turismo

No turismo, estima-se que a universalização criaria quase 500 mil postos de trabalho (hotéis,

pousadas, restaurantes, agências de turismo, empresas de transportes de passageiros, etc.)

A renda gerada com essas atividades alcançaria R$ 7,2 bilhões por ano em salários e um

crescimento de PIB de mais de

R$ 12 bilhões para o país.

Fonte: Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento brasileiro - Instituto Trata Brasil / CEBDS, 2014

Saneamento é Trabalho

Em 2012, cerca de 300 mil trabalhadores se afastaram do trabalho por diarreias e perderam 900

mil dias de trabalho. 37,0%concentrou-se na região Sudeste do país e 27,1%, no

Nordeste;

Cada afastamento leva à perda de 17 horas de trabalho, então em 2012 houve um gasto de

R$ 1,112 bilhão em horas pagas, mas não trabalhadas efetivamente;

Com a universalização do saneamento seriam 196 mil dias a menos implicando numa redução

de custo de R$ 258milhões por ano.

Trabalhadores sem acesso à coleta de esgoto ganham salários, em média, 10,1% inferiores aos

daqueles que moram em locais com coleta de esgoto;

Page 6: Aula 01c - Saneamento Brasil

Estima-se que a elevação de 6,1% na massa de salários do país, que hoje está em torno

de R$ 1,7 trilhão, possibilitaria um crescimento da folha de pagamentos

de R$ 105,5 bilhões por ano.

A probabilidade de uma pessoa com acesso a rede de esgoto faltar as suas atividades normais por

diarreia é 19,2% menor que uma pessoa que não tem acesso à rede;

Fonte: Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento brasileiro - Instituto Trata Brasil / CEBDS, 2014

Saneamento é Saúde

Cada R$ 1 investido em saneamento gera economia de R$ 4 na saúde;

Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS)

Em 2013, segundo o Ministério da Saúde (DATASUS), foram notificadas mais de 340

mil internações por infecções gastrintestinais no país;

O custo de uma internação por infecção gastrintestinal no Sistema Único de Saúde (SUS) foi de

cerca de R$ 355,71 por paciente na média nacional.

Se 100% da população tivesse acesso à coleta de esgoto haveria uma redução, em termos

absolutos, de 74,6 mil internações. 56% dessa redução ocorreria no Nordeste.

Em 2013, 2.135 pessoas morreram no hospital por causa das infecções gastrintestinais. Se

todos tivessem saneamento básico haveria redução de 329 mortes (15,5%).

Fonte: Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento brasileiro - Instituto Trata Brasil /

CEBDS, 2014

Em 2011, 396.048 pessoas foram internadas por diarreia no Brasil.

Dessas, 138.447 eram crianças menores de 5 anos.

Os gastos do SUS com internações por diarreia foram de R$ 140 milhões. Somente nas

100 maiores cidades este gasto foi de R$ 23 milhões, ou seja, 16,4% do total;

Page 7: Aula 01c - Saneamento Brasil

Nas 100 maiores cidades do País, 54.339 pessoas foram internadas por

diarreias; 28.594 delas foram crianças entre 0 e 5 anos de idade (53% do total);

O Norte e o Nordeste aparecem como as áreas com as taxas mais elevadas de internações por

diarreias – 7 das 10 cidades com pior desempenho foram dessas regiões;

O município de Ananindeua (PA) foi o caso mais crítico, com a pior taxa de internação em todos os

anos analisados (acima de 900internações por 100 mil habitantes). Gastos de R$ 314

mil por 100 mil habitantes;

Taubaté (SP) é o município com o menor gasto por internação por diarreias, o gasto total foi

de R$ 721,00 por 100 mil habitantes;

Analisando os índices de atendimento em coleta de esgoto em 2010, o estudo apontou que

em 60 das 100 cidades os baixos índices de atendimento resultaram em altas taxas de

internação por diarreias.

Fonte: Esgotamento Sanitário Inadequado e Impactos na Saúde da População - Instituto Trata Brasil, 2013

Saneamento é Educação

A universalização do acesso à coleta de esgoto e água tratada traria uma redução de 6,8% no

atraso escolar dos alunos que vivem em regiões sem saneamento;

A diferença de aproveitamento escolar entre crianças que têm e não têm acesso ao saneamento

básico pode chegar a 18% (FGV, 2009);

Fonte: Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento brasileiro - Instituto Trata Brasil / CEBDS, 2014

Saneamento é Cidadania

Em 2012, de 1.008 pessoas entrevistadas, 13% não sabiam o que é saneamento

básico. 6% responderam que saneamento é saúde.

Mesmo o esgoto sendo um problema para muitas cidades, a população identificou o esgoto como

o 6º maior problema, atrás de saúde, segurança, drogas, educação e transporte.

Page 8: Aula 01c - Saneamento Brasil

Quanto ao destino de seus esgotos, 49% afirmaram ir para a natureza (soma dos 31% -

rios, 8% - mar, 7% - córregos e 3% - ruas). 19% que vão para um centro de

tratamento; 29% afirmaram não saber.

A maior parte dos entrevistados (68%) sabe que o Prefeito é o responsável. 19% dizem ser o

Estado, 3% o Governo Federal e 4% as empresas privadas.

75% das pessoas disseram que nunca cobraram nenhuma providência da prefeitura com relação

à falta de saneamento.

Fonte: A percepção do brasileiro quanto ao saneamento básico e a responsibiladade do poder público - Insituto

Trata Brasil - Ibope, 2012

Casas têm mais TVs e menos redes de esgotos em 11 estados brasileiros;

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2013