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Aula 01 Pós-aula Trazer atividade pós-aula proposta da seção 1.1 do livro didático, qual seja: 1. Fazer fichamento de todos os artigos da LINDB. 2. Ler e fazer o fichamento do artigo: "A Aplicação do Direito sob a Ótica das Escolas de Interpretação das Normas jurídicas" de Rogério Machado Mello Filho. Site sugerido para pesquisa: . MELLO FILHO, Rogério Machado. A Aplicação do Direito sob a Ótica das Escolas de Interpretação das Normas Jurídicas. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/rev_50/artigos/art_rogerio.htm>. Acesso em: 17 jun. 2014.

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Aula 01 Pós-aula

Trazer atividade pós-aula proposta da seção 1.1 do livro didático, qual seja: 1. Fazer fichamento de todos os artigos da LINDB. 2. Ler e fazer o fichamento do artigo: "A Aplicação do Direito sob a Ótica das Escolas de Interpretação das Normas jurídicas" de Rogério Machado Mello Filho. Site sugerido para pesquisa: . MELLO FILHO, Rogério Machado. A Aplicação do Direito sob a Ótica das Escolas de Interpretação das Normas Jurídicas. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/rev_50/artigos/art_rogerio.htm>. Acesso em: 17 jun. 2014.

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Fichamento de Conteúdo

É uma síntese das principais ideias contidas na obra. O aluno

elabora com suas

próprias palavras a interpretação do que foi dito.

Confira o modelo:

Educação da mulher: a perpetuação da injustiça (p. 30-132). 2º capítulo.

TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993.

O trabalho da autora baseia-se em análise de textos e na própria vivência nos movimentos feministas, como relato de uma prática.

A autora divide seu texto em fases históricas compreendidas entre Brasil Colônia (1500 -

1822), até os anos

de 1975, em que foi considerado o Ano Internacional da Mulher.

Ainda são trabalhados assuntos como, por exemplo, as mulheres na periferia de São Paulo,

a luta por creches, violência, participação em greves, saúde e sexualidade.

Fichamento de Citações

Transcrição textual:

reprodução fiel das frases que se pretende utilizar na redação do

trabalho. Confira o modelo:

Educação da mulher: a perpetuação da injustiça (p. 30-132). 2º capítulo.

TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993.

"[...] uma das primeiras feministas do Brasil, Nísia Floresta Augusta, defendeu a abolição da escravatura, ao lado de propostas como educação e a emancipação da mulher, e a instauração da República". (p. 30)"[...] na justiça brasileira, é comum os assassinos de mulheres serem absolvidos sob a defesa de honra". (p. 132)"[...] a mulher buscou com todas as forças sua conquista no mundo totalmente masculino". (p. 43)

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A Aplicação do Direito sob a Ótica das Escolas de

Interpretação das Normas jurídicas

Rogério Machado Mello Filho

Advogado Pós-Graduando em Direito - UFPE

1. Introdução

O Direito Moderno, que aparece desde o século XIX, é chamado, por

excelência, de Direito Dogmático. O início desse processo de dogmatização

se deu na Roma Antiga através de um quadro regulativo geral(1) que

determinava as leis que seriam impostas, todavia, com o tempo, foram

surgindo novas formas de normatização.

A primeira teoria realmente jurídica dos romanos foi a responsa, que depois

deu origem à jurisprudência. Com a queda do Império Romano do

Ocidente, Justiniano, Imperador no Oriente, realizou o Corpus Juris Civilis,

que serviu de base para o Direito Ocidental. A primeira interpretação deste

Código foi efetivada no século XI pelos Glosadores.

Dogmático vem de dokéin que significa "doutrinar". O caráter diretivo da

Dogmática Jurídica é maior que o informativo, pois sua natureza é

deontológica, ou seja, ela não diz como as coisas são, mas sim como

estas devem ser, apesar de existir a comunicabilidade a posteriori entre

o sein e o sollein.(2) O Direito Dogmático parte de dogmas que não devem

ser questionados, é o chamado "princípio da inegabilidade dos pontos de

partida" ou "princípio da proibição da negação", como ensina Luhmann.(3)

Há basicamente três pressupostos para a dogmatização do Direito,

tornando-o cada vez mais autopoiético(4) ou distinto de outras ordens

ético-normativas: a ascenção do Direito escrito em detrimento do

consuetudinário, pois o cidadão teria mais consciência dos seus limites; a

proibição do non liquet, ou seja, o juiz é obrigado a decidir os litígios; e a

tentativa do monopólio estatal na criação do Direito.

Numa análise propedêutica, deve-se esclarecer que existem no Direito duas

correntes divergentes quanto à sua forma (como o Direito se revela) e à sua

matéria (como o Direito surge, de onde ele emana). A primeira corrente

afirma que o Direito deve ser aplicado na íntegra, sem questionamentos,

formando-se uma "Teoria Normativa do Direito" baseada no dokéin. Nessa

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posição estritamente positivista, o Direito é considerado válido e legítimo

em si mesmo. A segunda corrente, por sua vez, ensina que o Direito deve

ser aplicado através de um raciocínio questionador, formando-se a "Teoria

Interpretativa do Direito" fundamentada no zetéin, que significa

"perguntar".

A partir dessa dicotomia surge a seguinte questão: será que o Direito deve

ser equiparado à letra da lei e normativamente aplicado sem uma análise

axiológica dos acontecimentos sociais?

2. O Movimento Alternativo

Nos primórdios das teorias sobre os direitos, havia uma concepção

valorativa chamada de maniqueísta, que se baseava em antagonismos

morais para estabelecer o que era certo ou errado. O Direito, por exemplo,

estava ligado à idéia de bem, enquanto que o antijurídico representava

o mal. A partir da Antigüidade, o Direito passou a ser visto como arte (ars),

para alguns, e como técnica (techne), para outros, mas tornou-se, com o

passar do tempo e com a evolução da sociedade, cada vez mais

dogmatizado.

"Se o Direito é um jogo sem fim (e sem começo), não há como fundá-lo:

sua legitimidade é uma questão de crença. Resta saber se esta é a última

palavra sobre o assunto".(5) Com base nessa colocação, percebe-se que o

aumento exagerado do tecnicismo e do formalismo jurídico começou a

afastar o Direito de sua real função social que seria a verificação da

verdade na sua aplicação mas, no entanto, utiliza-se apenas da validade

como fundamento. O Direito foi se tornando cada vez mais

instrumentalizado, desvinculando-se do ideal de justiça e moral.

A insatisfação de alguns para com as injustiças provocadas pelo Direito

imposto pelo Estado provocou uma série de discussões sobre os temas

"Direito e moral", "justiça e Direito" e "justiça e lei". O resultado desses

debates foi o surgimento, inicialmente na Europa, do chamado Movimento

Alternativo do Direito e que, no Brasil, teve sua vanguarda no Rio Grande

do Sul.

Hoje, o Direito Alternativo, também chamado de Direito "achado nas ruas",

está sendo aceito por vários juristas, estudantes e profissionais do Direito

que também percebem a falta, muitas vezes, de justiça nos Tribunais, com a

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finalidade de se questionar a aplicação do Direito, seus fundamentos e

associá-los a uma graduação de valor.

Os alternativistas entendem que uma norma injusta não deve fazer parte do

Direito e que o legalismo representa um atraso, tendo-se em vista a

dinâmica das relações sociais e da sociedade como um todo. Afirmam,

ainda, que há uma alienação do Poder Judiciário, mas que isso ocorre

sempre em benefício da classe com maior poder aquisitivo.

Através desse Movimento, tenta-se fazer com que as leis injustas não sejam

aplicadas, com a finalidade de se alcançar o bem comum e a diminuição

das desigualdades, devendo o magistrado, para isso, se utilizar de valores

éticos e morais na hora de aplicar o Direito ao caso concreto.

Essa visão alternativista, como foi dito, não ocorreu apenas no Brasil. Na

Itália, França e Alemanha, por exemplo, houve o chamado "renascimento

do Direito Natural" adotado por Stammler, Del Vecchio e Radbruch. Nos

Estados Unidos da América, a Escola Sociológica trouxe o "Realismo

Jurídico". Houve ainda a teoria do "Direito Efetivo", estabelecendo que há

de existir a supremacia do Direito que nasce efetivamente nas comunidades

em detrimento do Direito estatal.

Pode-se citar vários exemplos de decisões de cunho alternativo. Em

Pernambuco, por exemplo, uma senhora roubou alimentos numa feira. A

sentença do juiz foi no sentido de condená-la a cantar o Hino Nacional todo

dia durante o período de um ano, sob o argumento de que, com isso, ela iria

respeitar o país e não voltaria a roubar.

2.1. Direito Alternativo e Uso Alternativo do Direito

O alternativismo jurídico pode surgir com várias posturas próprias e

distintas, mas a diferenciação precípua a ser feita seria entre o Direito

Alternativo e o uso alternativo do Direito.

A principal diferença entre os dois conceitos acima seria o fato de que,

enquanto o primeiro procura aplicar um Direito extra-dogmático ou para-

estatal, o segundo tenta, ainda dentro da lei, aplicar um Direito mais justo.

O Direito Alternativo também é chamado de Direito Paralelo, pois não

estaria enquadrado no positivismo estatal. Sua essência está fundamentada

no pressuposto de que o Direito criado pelo Estado não atende às

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necessidades da sociedade. Essa falta de eficiência do Direito estatal faz

com que parte da população se manifeste e crie um "ordenamento" próprio,

com novas normas que entram em conflito com o Direito positivado.

O Direito Alternativo stricto sensu seria uma verdadeira oposição ao

Direito estatal, pois não aceita que "o Direito é aquele que segue em linha

reta, que não é curvo nem oblíquo",(6) sendo chamado por alguns de

"instituinte negado".

O uso alternativo do Direito, também chamado de "instituído relido", não

representa, por sua vez, uma negação do Direito positivado pelo Estado,

mas sim uma tentativa de resguardar a justiça nas decisões jurídicas

mediante o questionamento das normas. O surgimento de suas teorias se

deu com alguns magistrados europeus que também se sentiam perplexos

com a falta de eficiência do Poder Judiciário.

3. Interpretação das Normas Jurídicas

A interpretação tem como objetivo fundamental o estudo dos processos de

fixação do sentido e do alcance da norma jurídica e de sua criação, com a

finalidade de extrair seu significado, seu conteúdo.

As normas jurídicas têm por base um conceito amplo, geral e abstrato,

havendo a necessidade da interpretação das mesmas para que se estabeleça

um elo entre sua generalidade e os casos particulares concretos. Por esse

motivo, para que se alcance a função real da norma, faz-se mister sua

interpretação. "A interpretação visa a fixar o sentido objetivo de um texto

jurídico. Mas, que sentido? O da vontade do legislador ou o da vontade da

lei ou ainda o estabelecido pela livre convicção do juiz?"(7)

Os métodos de interpretação tentam mostrar o significado ontológico das

normas, isto é, como elas são de fato, tentando analisá-las e compreendê-

las. "A interpretação não é uma abertura passiva, mas sim uma interação

dialética com o texto, uma criação. Deve-se tirar o texto da alienação em

que se encontra, recolocando-o no presente vivo do diálogo." (8)

Deve-se distinguir dois aspectos básicos quando se faz uso da

interpretação: o onomasiológico, que seria o uso corrente para se designar

um fato, e o aspecto semasiológico, ou seja, a sua significação

normativa.(9) Deve haver, na interpretação, a determinação no sentido das

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palavras, o correto entendimento do significado dos seus textos e intenções,

tendo-se em vista as decisões dos conflitos.

Muitos juristas entendem que deve haver uma concordância entra a questão

da aplicação e a teleologia das interpretações. Mas isso nem sempre se

verifica. Para Kelsen, por exemplo, que tem uma visão extremamente

metódica e legalista do Direito, quando se faz uma interpretação e a norma

é aplicada, nada decorre do mérito, raciocínio ou argumento do intérprete

legal, mas de uma vontade competente, ou seja, de conclusões preexistentes

e impostas. Kohler, por sua vez, entende que " a interpretação escolhe

dentre as muitas significações que a palavra possa oferecer, a mais justa e a

mais conveniente. Por esse motivo, a lei admite mais de uma interpretação

no decurso do tempo."(10)

As normas jurídicas são juízos prescritivos de dever ser que funcionam

como regras de conduta, logo, o intérprete deve buscar o significado de tais

imposições para integrá-las à sociedade. Nesse momento, a função do

intérprete é buscar compreender a norma de forma distinta da que foi

visualizada pelo legislador com a finalidade de perceber sua várias

acepções.

Há autores que subdividem a interpretação em técnicas distintas e, nesse

sentido, Perelman ensina: "existem duas interpretações que se opõem: a

estática e a dinâmica. A estática ou antiga é aquela que se esforça em

encontrar a vontade do legislador que sancionou o texto legal, ao passo que

a interpretação dinâmica é aquela que, como convém, interpreta o texto em

função do bem comum ou da eqüidade, assim como o juiz concebe na

análise do caso em espécie; ora sendo o texto interpretado à luz da

teleologia da lei, tal como vem sendo admitido pela magistratura avançada,

é natural e lídimo buscar a occasio legis em lugar de sobrevalorizar a mens

legislatoris, pois nenhum Direito se pode exercer de uma maneira não

razoável sem que deixe de ser Direito".(11)

4. Escolas de Interpretação das Normas Jurídicas

A base do Direito ocidental foi fundamentada no Corpus Juris

Civilis realizado por Justiniano após a queda do Império Romano do

Ocidente, como vimos. Com o decorrer dos anos, o Direito foi se tornando

mais técnico e repleto de dogmas impostos como verdade. Talvez o maior

exemplo desse tecnicismo tenha sido o Código Napoleônico de 1804 que

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foi projetado com a pretensão de ser absoluto, sem lacunas, ou seja,

qualquer parcela da vida civil teria previsão legal previamente estabelecida.

Na verdade essa plenitude não existia.

O século XX foi caracterizado por movimentos de reação a essas normas

absolutas e aos postulados fixados hermeticamente. Como ciência humana,

o Direito não deveria se ater apenas aos dogmas e às leis, mas tê-las como

estruturas que fazem parte do ordenamento jurídico, devendo-se haver uma

análise dos acontecimentos sociais e o respeito às mutações sofridas pela

sociedade.

A aplicação do Direito não poderia permanecer restrita à concepção de que

a única fonte do Direito seria a lei e, por esse motivo, opiniões divergentes

começaram a surgir, proporcionando assim, a formação de várias doutrinas

pelas Escolas de Interpretação das Normas Juridicas.

4.1. Escola Exegética

Como o próprio nome diz, pois exegese significa ater-se à obra literária

minunciosamente, a Escola Exegética tem como base apenas o uso da letra

da lei como forma de aplicação do Direito. Ela também é chamada de

Escola Legalista e Escola Racionalista e afirma que todo o Direito está

contido na lei e apenas nesta. Seu surgimento se deu na França, mas teve

vários adeptos, como a Escola Pandectista alemã.

A Escola Exegética foi muito forte durante o século XIX, estabelecendo

que qualquer ato ocorrido no meio social estaria previsto numa lei, logo o

Direito seria completo e poderia ser aplicado a qualquer caso. Os adeptos

de tal Escola entendem que a lei é absoluta, devendo o juiz extrair o

significado dos textos para assim aplicá-lo ao caso concreto.

O Direito, para os legalistas, seria o conjunto de normas emanadas e

positivadas pelo Estado, ou seja, qualquer outra norma de uso social ou

costume deveria ser ignorada. O magistrado deveria exercer apenas a sua

função de aplicador da lei, sempre em conformidade com a vontade do

legislador, em detrimento dos seus conceitos pessoais e valorativos.

Os avanços tecnológicos provenientes do Capitalismo Industrial

proporcionaram à sociedade um processo constante de mutação, fazendo

com que os dogmas estabelecidos fossem se tornando ultrapassados,

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comprovando, desta forma, que o ordenamento jurídico também deveria se

adaptar a essa nova realidade.

4.2. Escola da Evolução Histórica de Salleiles

A revisão e a crítica à Escola da Exegese começa na França com Bufnoir

através do seu método sistêmico histórico-evolutivo que foi aprimorado por

Salleiles e Esmein e chamado, posteriormente, de método da evolução

histórica.

O principal fundamento da Escola da Evolução Histórica é a adaptação da

letra da lei ao mundo fático, isto é, o Direito positivado pelo Estado deve

interagir com a realidade social. "Deve adaptar-se a velha lei aos tempos

novos e não abandoná-la. E assim dar vida aos Códigos".(12)

"Segundo o método da evolução histórica de Salleiles, a interpretação da lei

não deve ater-se apenas aos antecedentes legislativos e suas condições de

nascimento, mas a lei deve ser adaptada às condições do meio social que

lhe proporcionam nova vida. Quando se adapta a lei às modificações

sociais ocasionadas no transcorrer do tempo, seu sentido evolui

paralelamente à sociedade". (13)

4.3. Escola da Livre Investigação de Gény

No final do século XIX surge, na França, a Escola da Livre Investigação

(ou Pesquisa) do Direito iniciada por François Gény. Essa Escola não deve

ser vista como renovadora, e sim como conciliadora, pois não tenta criar

novos métodos de hermenêutica, mas unir princípios da Escola Exegética

com as exigências do mundo contemporâneo.

Para Gény, a lei só tem uma intenção, que é aquela que ditou seu

aparecimento, mas quando se perceber que a lei não reflete a realidade

atual, o intérprete deve fazer um trabalho com bases científicas envolvendo

os novos fatos sociais. Sua proposta não visa à exclusão da lei nem

diminuí-la, mas como ele mesmo afirma: "Pelo Código Civil, mas além do

Código Civil".(14) Haveria uma conciliação entre os dois elementos

fundamentais do Direito: o dado (le donné) e o construído (le construit).

A Escola prega que o juiz não deve se apegar unicamente à lei na hora de

aplicar o Direito, podendo, nos casos de lacunas, ocorrer uma certa

independência ao texto legal, utilizando-se dos costumes e da analogia para

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solucionar os conflitos. Neste momento, para alguns autores, o magistrado

exerce uma função de mero investigador, enquanto que, para outros, sua

ação é criadora de direitos.

Uma prova da influência da Escola de Gény está presente no Código Civil

suíço de 1907, que reza no seu artigo 1º: "Aplica-se a lei a todas as

questões de Direito para as quais ela, segundo a sua letra ou interpretação,

contém um dispositivo específico. Deve o juiz quando não encontra

preceito legal apropriado, decidir de acordo com o Direito Consuetudinário,

e na falta deste, segundo a regra que ele próprio estabeleceria se fora

legislador".

4.4. Escola do Direito Livre

A Escola do Direito Livre foi iniciada por Hermann Kantorowicz (com o

pseudônimo de Gnaeus Flavius) através da publicação em 1906 da

ousada A Luta pela Ciência do Direito. Tal obra traz uma revolucionária

concepção de interpretação e aplicação do Direito que defende a plena

liberdade do juiz no momento de decidir os litígios, podendo, até mesmo,

confrontar o que reza a lei.

O ordenamento jurídico, para os adeptos do Direito Livre, não deve estar

vinculado apenas ao Estado, mas ser livre em sua realização e constituir-se

de convicções numa relação de tempo e espaço, isto é, o Direito Positivo

não deve ser apenas imposto pelo Estado, mas também legitimado pela

sociedade em razão de suas necessidades. O Direito não deve ser formado

por dogmas inquestionáveis, mas sim, respeitar os fatos ocorridos no

âmbito social e suas conseqüências práticas.

Quando da aplicação do Direito ao caso concreto, o que deve prevalecer é a

idéia do Direito enquanto Justiça, podendo o juiz agir não apenas através da

Ciência Jurídica mas também pela sua convicção pessoal. Nessa ocasião o

magistrado não estaria usando seu poder de decidir apenas, mas sua função

de legislador, seu poder legiferante, com o animus de aplicar o Direito que

sua concepção perceber justo.

Como ensina Aftalión, "o que caracteriza em geral o movimento do direito

livre é a liberação do jurista em relação ao estatismo e, portanto, a liberação

do intérprete da submissão absoluta aos textos legais, que inclusive poderá

deixar de lado em certas oportunidades". (15)

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O arbítrio do juiz seria de grandes proporções, podendo estar embasado na

lei ou fora desta, ou seja, o magistrado, na busca pela Justiça, poderá até

mesmo decidir contra legem. Há vários casos famosos sobre a aplicação do

Direito Livre. Um dos mais notórios aplicadores dessa concepção de

Direito foi o juiz francês Magnaud, que sempre decidia os conflitos de

interesses à luz do seu critério pessoal de Justiça.

5. Considerações Finais

Uma das características do Direito Dogmático, autopoiético, como vimos, é

a proibição do non liquet, isto é, o magistrado deve solucionar todos os

conflitos intersubjetivos compreendidos nos limites de sua jurisdição e

competência.

Partindo do pressuposto da obrigatoriedade de decidir do juiz, concepções

distintas sobre a aplicação do Direito foram suscitadas pelas diversas

Escolas de Interpretação das Normas Jurídicas. Os extremos são

representados pela Escola Exegética, que afirma que o único Direito

aplicável é a lei; e o Sistema do Direito Livre, que defende a liberdade

absoluta do juiz quando da aplicação do Direito ao caso concreto, podendo

até mesmo decidir arbitrariamente contra legem.

Acreditamos que a função do magistrado moderno é essecialmente ampla,

logo não se deve ater apenas à exegese da letra da lei para estabelecer sua

convicção em relação ao caso particular, mas sim compreender e até

mesmo expandir o significado da norma através de uma análise

hermenêutica, mas nunca negá-la, como prega a Escola do Direito Livre.

O Direito deve acompanhar as transformações e perceber os anseios da

sociedade hodierna e, nesse sentido, muito acrescenta o Movimento

Alternativo que defende a aplicação de um Direito mais justo e que não se

resume à lei positivada pelo Estado. O próprio ordenamento jurídico

reconhece a necessidade da observância dos clamores sociais, como reza o

artigo 5º da Lei de Introdução ao Código Civil: "Na aplicação da lei, o juiz

atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem

comum".

6. Bibliografia

1. ADEODATO, João Maurício. Ética, Jusnaturalismo e Positivismo no

Direito. Revista da OAB - Seccional de Pernambuco, Recife, n. 24, 1997.

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_____. Modernidade e Direito. Revista da Esmape, Recife, v. 2, n. 6, 1997.

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ed. Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 1991.

COELHO, Luiz Fernando. Do Direito Alternativo. Bonijuris, 1992.

_____. Lógica Jurídica e Interpretação das Leis. 2. ed. Rio de Janeiro:

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DANTAS, Francisco Wildo Lacerda. Uma abordagem hermenêutica sobre

o chamado Direito Alternativo. Revista dos Tribunais, n. 681, 1992.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. 2.

ed. São Paulo: Atlas, 1994.

FREITAS, Juarez. Hermenêutica Jurídica: o juiz só aplica a lei injusta se

quiser. Porto Alegre: Ajuris, 1987. p.39.

GUSMÃO, Paulo Dourado. Introdução ao Estudo do Direito. 10. ed. Rio de

Janeiro: Forense, 1984.

MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação do Direito. 11. ed.

Rio de Janeiro: Forense, 1991.

MONTORO, André Franco. Introdução à Ciência do Direito. 21. ed. São

Paulo: Revista dos Tribunais, 1993.

REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 1994.

_____. Lições Preliminares de Direito. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 1994.

TORRÉ, Abelardo. Introducción al Derecho. 10. ed. Buenos Aires:

Abeledo-Perrot, 1991.

____________________________________________________________

____

(1) FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito.

2. ed. São Paulo: Atlas, 1994. p. 57.

(2) ADEODATO, João Maurício. Ética, Jusnaturalismo e Positivismo no

Direito. Revista da OAB - Seccional de Pernambuco, Recife, n. 24, 1997.

p.16.

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(3) Apud FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio, op. cit., p. 48.

(4) Cf. ADEODATO, João Maurício. Modernidade e Direito. Revista da

Esmape, Recife, v. 2, n. 06, 1997. p.261.

(5) FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio, op. cit. p.350.

(6) DANTAS, Francisco Wildo Lacerda. Uma abordagem hermenêutica

sobre o chamado Direito Alternativo. Revista dos Tribunais, n. 681, 1992.

p.277.

(7) GUSMÃO, Paulo Dourado. Introdução ao Estudo do Direito. 10. ed.

Rio de Janeiro: Forense, 1984. p.263.

(8) GADAMER, Hans Georg. Wahrheit und Methode, apud FREITAS,

Juarez. Hermenêutica Jurídica: o juiz só aplica a lei injusta se quiser. Porto

Alegre, Ajuris, 1987. p.39.

(9) Cf. FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio, op. cit., p.255.

(10) Apud COELHO, Luiz Fernando. Do Direito Alternativo. Bonijuris,

1992. p. 9.

(11) PERELMAN, Ch. À Propos de la Règle de Droit: reflexions de

méthode, apud FREITAS, Juarez, op. cit., p.42.

(12) MONTORO, André Franco. Introdução à Ciência do Direito. 21. ed.

São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993. p. 376.

(13) Cf. AFTALIÓN, Enrique R.; VILANOVA, José. Introducción al

Derecho. 2. ed. Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 1991. p. 284. Tradução

livre. "...según el método de la evolución histórica propiciado por Salleiles,

la interpretación de la ley no debe constreñirse a los antecedentes

legislativos y las condiciones que le dieron nacimiento: debe adaptarse la

ley a las condiciones cambiantes del medio social, que le insuflam nueva

vida. Al adecuarse la ley a las modificaciones sociales operadas em el

transcurso del tiempo, su sentido evoluciona paralelamente al cambio de la

sociedad".

(14) MONTORO, André Franco, op. cit., p. 378.

(15) Cf. AFTALIÓN, Enrique R.; VILANOVA, José, op. cit., p. 284.

(Tradução livre). "...lo que caracteriza en general al movimiento del

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derecho libre es la liberación del jurista del estatismo y, por tanto, la

liberación del intérprete de la sumisión absoluta a los textos legales, que

incluso podrá dejar de lado en ciertas oportunidades".

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Aula 02 Pré-aula

Ler seção 1.2 do livro didático e resolver os questionamentos lá propostos. Assistir a vídeo aula proposta acerca do tema que será encaminhada em outro e-mail. Trazer pronta as atividades intituladas como pós-aula 01, que serão avaliadas, conforme já pactuado com a turma.