aula 01 - microeconomia

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Economia e Finanças Públicas para SEFAZ/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho - Aula 01 AULA 01 - 5. Microeconomia: Impacto de impostos sobre o equilíbrio de mercado. 4. Economia do Setor Público: Impacto da carga tributária na atividade econômica e na distribuição de renda; impostos regressivos e progressivos; impostos sobre o consumo em cascara e sobre o valor adicionado. SUMÁRIO PÁGINA 1. Introdução à tributação 02 2. Tipos de impostos 09 3. Tributação do consumo: IVA e impostos cumulativos 14 4. Tributação ótima de mercadorias 17 5. Alíquotas marginal e média 23 6. Incidência tributária 25 7. Curva de Laffer 35 8. Resumão da Aula 37 Questões comentadas 41 Lista das questões comentadas na aula 88 Gabarito 104 Olá caros(as) amigos(as), E aí, como estão os estudos? Se você sentiu muitas dificuldades, saiba que é normal. A Economia é tida como uma matéria das mais difíceis para concurso ©. Nesta aula, trataremos dos temas relacionados à tributação. É um dos assuntos que mais tem caído em provas da área fiscal. Portanto, muita atenção a esta aula! Muita gente coloca esse tema dentro da disciplina "Finanças Públicas", achando que é algo diferente de Microeconomia. Na verdade, é um tema híbrido, pois, às vezes, é bastante teórico, não necessitando que o leitor saiba Microeconomia. No entanto, outras vezes, determinados temas carregam um forte conteúdo de Micro, sendo muito difícil entender o conteúdo se não tiver estudado Micro previamente. Por isso, preferimos ministrar os temas de Tributação após o conteúdo de Micro (seja em cursos em PDF, seja em cursos presenciais). Isso facilita muito o aprendizado do aluno. Profs. Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 104

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  • Economia e Finanas Pblicas para SEFAZ/PE Teoria e exerccios comentados

    Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho - Aula 01

    AULA 01 - 5. Microeconomia: Impacto de impostos sobre o equilbrio de mercado. 4. Economia do Setor

    Pblico: Impacto da carga tributria na atividade econmica e na distribuio de renda; impostos

    regressivos e progressivos; impostos sobre o consumo em cascara e sobre o valor adicionado.

    SUMRIO PGINA

    1. Introduo tributao 02

    2. Tipos de impostos 09

    3. Tributao do consumo: IVA e impostos cumulativos 14

    4. Tributao tima de mercadorias 17

    5. Alquotas marginal e mdia 23

    6. Incidncia tributria 257. Curva de Laffer 35

    8. Resumo da Aula 37

    Questes comentadas 41

    Lista das questes comentadas na aula 88

    Gabarito 104

    Ol caros(as) amigos(as),

    E a, como esto os estudos? Se voc sentiu muitas dificuldades, saiba que normal. A Economia tida como uma matria das mais difceis para concurso .

    Nesta aula, trataremos dos temas relacionados tributao. um dos assuntos que mais tem cado em provas da rea fiscal. Portanto, muita ateno a esta aula! Muita gente coloca esse tema dentro da disciplina "Finanas Pblicas", achando que algo diferente de Microeconomia. Na verdade, um tema hbrido, pois, s vezes, bastante terico, no necessitando que o leitor saiba Microeconomia.

    No entanto, outras vezes, determinados temas carregam um forte contedo de Micro, sendo muito difcil entender o contedo se no tiver estudado Micro previamente. Por isso, preferimos ministrar os temas de Tributao aps o contedo de Micro (seja em cursos em PDF, seja em cursos presenciais). Isso facilita muito o aprendizado do aluno.

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    Por isso fizemos a aula 00 somente com os requisitos bsicos necessrios para aprender os conceitos dessa aula. Voc vai perceber que, em diversos momentos da aula, trataremos de temas como "elasticidades", "demanda", "oferta", etc.

    E a, todos prontos? Ento, aos estudos!

    1. CONCEITO E PRINCPIOS DE TRIBUTAO

    A arte da tributao consiste em depenar o ganso de modo a se obter a maior quantidade possvel de penas com a menor quantidade possvel de grasnidos. (Jean-Baptiste Colbert, ministro da economia do rei Lus XIV, Frana)

    Ns, como cidados, esperamos que o governo nos proporcione diversos bens e servios. Para fornec-los, o governo precisa de recursos para atender s necessidades do povo (ns). Esses encargos so financiados por meio de vrias maneiras; seguem alguns exemplos: emisso de moeda, lanamento de ttulos pblicos, emprstimos e a tributao.

    A tributao, sem dvida, o mais famoso e atuante meio do governo financiar os seus gastos. Benjamim Franklin, ex-presidente norte-americano em meados do sculo XVIII, disse uma frase que ficaria famosa mundialmente: "neste mundo nada certo a no ser a morte e os impostos".

    O mecanismo da tributao intervm diretamente na alocao dos recursos e na sua distribuio na sociedade. Desta forma, pode, tambm, reduzir as desigualdades na riqueza, na renda e no consumo.

    O sistema tributrio variar de acordo com as peculiaridades polticas, econmicas e sociais de cada pas ou Estado. Mesmo que tenhamos sistemas diferentes, eles sero com certeza o principal meio de obteno de recursos e o principal instrumento para promover ajustes de natureza social e econmica.

    Neste sentido, dado que o governo vai enfiar a mo em bolsos privados para pagar suas despesas, surgem algumas perguntas sobre a composio de um sistema tributrio adequado. Qual o melhor sistema tributrio para a sociedade? Quais as consequncias de determinados tributos para certas classes da sociedade? Quais so seus efeitos ao nvel individual e coletivo? As alquotas dos tributos devem ser as mesmas para todos os bens e para todos os indivduos?

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    De uma forma geral, espera-se que sistema tributrio obedece ao seguinte:

    Obteno de receitas para financiar os gastos pblicos; Os tributos seriam escolhidos de forma a minimizar sua

    interferncia no sistema de mercado, a fim de no torn-lo (mais) ineficiente (princpio da neutralidade);

    A distribuio do nus tributrio deve ser equitativa entre os diversos indivduos de uma sociedade (equidade);

    Cada indivduo deveria ser taxado de acordo com sua habilidade para pagar (equidade ^ capacidade de pagamento);

    Os tributos deveriam ser universais, cobrados sem distino para indivduos em situaes similares;

    Baseado nestas premissas, podemos apresentar os princpios tericos da tributao, a saber:

    Princpio da neutralidade

    Princpio da equidadePrincpio do benefcio

    Princpio da capacidade ou habilidade de pagamento

    1.1. Princpio da neutralidade

    O princpio da neutralidade diz que os impactos gerados pelo nus tributrio no devem alterar, ou intervir o mnimo possvel, a alocao de recursos na economia. Como os preos so a melhor forma de se estabelecer a alocao de recursos em uma economia, podemos concluir que o impacto da tributao sobre os preos dos bens e servios deve ser neutro, ou seja, a relao de preos existente entre os diversos bens deve-se manter igual. Em outras palavras, e de um modo mais tcnico, o princpio da neutralidade no deve interferir ou distorcer os preos relativos (preo de um produto em relao aos outros) dos bens e servios.

    Para clarear o raciocnio, veja o seguinte exemplo: antes da incidncia da tributao, o preo do quilo de picanha custava R$ 30,00 e o quilo de coxo duro custava R$ 7,50. Com isso, o preo relativo entre picanha e coxo duro era 0,25 (7,5/30=1/4).

    Para que seja mantida a neutralidade tributria, a incidncia da tributao sobre a picanha deve ser igual aos outros tipos de carne (o coxo duro, por exemplo). Imaginemos o caso de um aumento de cerca

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    de 10% na tributao para todos os bens. O preo do quilo de picanha passa a custar R$ 33, e o quilo de coxo duro, R$ 8,25. Veja que foi obedecido o princpio da neutralidade, pois o preo relativo dos bens no foi distorcido, continuou com o mesmo valor de 0,25 (8,25/33 = 1/4).

    Se o governo, por outro lado, decidisse no tributar a picanha para tornar o seu consumo mais acessvel s classes mais pobres e, ao mesmo tempo, tributar o coxo duro nos mesmos 10%, haveria mudana nos preos relativos. A picanha continuaria custando R$ 30,00 o quilo, enquanto o coxo duro custaria R$ 8,25. O preo relativo seria 0,275. Ou seja, a tributao, neste caso, interveio na alocao de recursos, de tal forma que no podemos dizer que, nesta ltima situao, o objetivo da neutralidade foi atendido.

    Assim, pelo exposto, percebemos que, quando a tributao deixa de ser neutra, haver mudana na alocao existente. Se esta alocao preexistente significar um equilbrio em um mercado competitivo, ela ser um timo de Pareto1 (eficiente economicamente). Ao tributar e mudar a alocao eficiente preexistente, o (possvel) no atendimento neutralidade pode tornar o mercado (mais) ineficiente. por isso que o princpio da neutralidade est intimamente ligado ao conceito de eficincia econmica (timo de Pareto).

    O ltimo pargrafo pode ser mais bem esclarecido. Pense no seguinte: imagine que a economia est equilibrada em um timo de Pareto (equilbrio competitivo ^ maximizao de excedentes) e a produo seja tributada com um imposto que no seja neutro. O que acontecer? Como a economia estava operando em nveis timos de eficincia, ser provvel que este imposto, que no neutro, piore os nveis de eficincia da economia (ou seja, cause peso morto), pois ele alterar a alocao preexistente, que era eficiente.

    Por outro lado, imagine que a economia no esteja em nveis timos de eficincia, em razo de alguma falha de mercado (algum "defeito" no funcionamento do mercado). Diante disso, o governo, a fim de corrigir essa falha de mercado, pode decidir impor um tributo especfico a fim de corrigir a distoro existente. Veja que esse tributo, apesar de no ser neutro, pode melhorar a eficincia econmica, tendo em vista que ele visa reduo de uma falha de mercado.

    1 O timo de Pareto uma situao em que a economia funciona com "eficincia econmica" . Geralmente, definimos tal situao como sendo a hiptese em que o mercado competitivo est em equilbrio (curva de demanda intercepta a curva de oferta). Nesta situao, os excedentes dos consumidores e produtores so maximizados e no temos peso morto. Da, dizemos que h eficincia econmica (ou eficincia de Pareto).

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    Lump-sum X Excise tax

    Lump-sum tax (ou tributo por montante nico) uma obrigao tributria de montante fixo, um tipo de imposto em que cada indivduo paga um valor fixo, independentemente do montante da sua renda e do seu consumo. Por exemplo, se o governo decidir cobrar R$ 50,00 por ms de cada indivduo, isto configura um lump sum tax.

    Do ponto de vista da eficincia econmica (sem levar em conta consideraes de equidade2), o lump-sum tax um tipo de imposto "ideal". Como ele um valor fixo cobrado de todos os cidados, ele no interfere na eficincia econmica das trocas, pois todos esto pagando o mesmo valor para o governo e tm suas rendas reduzidas no mesmo montante. Isto far com que o comportamento de todos no seja alterado, e o equilbrio (preos e quantidades) no seja alterado.

    Portanto, guarde o seguinte, em relao ao imposto lump-sum tax: o equilbrio do mercado (como um todo, incluindo preo e quantidade de equilbrio) no ser alterado.

    Observe que, se a economia est em um timo de Pareto, e cobrado um imposto do tipo lump-sum, a eficincia econmica no ser prejudicada. Por isso, o lump-sum tax considerado um imposto neutro (imposto eficiente).

    Um excise tax uma sobretaxa tributria que acrescentada ao preo de cada unidade de um produto. Segundo a doutrina, um excise tax geralmente tem a peculiaridade de ser aplicado sobre uma pequena parcela de produtos, e de tambm possuir alquotas um pouco mais elevadas. Alguns produtos, por serem suprfluos ou nocivos sade, sofrem a incidncia do excise tax: gasolina, lcool e tabaco, por exemplo.

    Imagine que o governo queira levantar uma determinada receita

    2 Quando falamos que um imposto eficiente do ponto de vista econmico, isto significa que estamos falando somente da eficincia econmica e isso no guarda qualquer relao com equidade. Assim, podemos ter um tributo eficiente, mas que seja concentrador de renda (ou seja, eficiente, mas no equitativo). Por outro lado, podemos ter um imposto que melhore a distribuio de renda (obedea a objetivos de melhorar a equidade), mas que no seja eficiente do ponto de vista econmico.Pense em um bolo. O tamanho do bolo relacionado eficincia econmica. A repartio das suas fatias relacionada equidade. Assim, se o governo prioriza a eficincia econmica, na verdade, ele est priorizando o tamanho do bolo. Por outro lado, se ele prioriza a repartio das fatias, ele est priorizando a equidade . s vezes, a poltica de melhoria de equidade provoca "desperdcios" do bolo. Repartir o bolo e entregar a fatia para muito mais pessoas pode provocar desperdcios, o que seria a nossa perda de eficincia. Por isso, s vezes, dito que h um trade-off (dilema) entre eficincia e equidade. Ou seja, priorizar a eficincia significa abrir mo de um pouco de equidade, ou o contrrio, priorizar equidade significa abrir mo de um pouco de eficincia.

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    tributria e, para isso, ele tenha que escolher um lump-sum ou um excise tax. Do ponto de vista do contribuinte, qual ser a melhor opo?

    O lump-sum tax altera o oramento disponvel (renda) para o consumidor, reduzindo-o. O excise tax no interfere no oramento disponvel, mas interfere na relao entre os preos dos bens. Ou seja, o excise tax aumenta para o consumidor o custo de oportunidade do bem que est sendo taxado.

    No ser demonstrado aqui todo o processo de ajustamento e as implicaes sobre a escolha tima do consumidor envolvendo a linha do oramento, curvas de indiferena e efeitos renda/substituio. Mas o mais relevante que, supondo que o consumidor adquira alguma quantidade positiva do bem que tributado pelo excise tax e sua estrutura de preferncias seja formada por curvas de indiferena bem- comportadas, e, dada uma escolha entre um lump-sum e um excise tax que proporcione a mesma receita tributria, o consumidor preferir o lump-sum. Em outras palavras, um lump-sum a forma prefervel de tributao, pois mais eficiente.

    No caso do excise tax, o governo se afasta de seus objetivos de eficincia econmica, tendo em vista que seu principal objetivo taxar de forma mais elevada alguns tipos de produtos (suprfluos ou nocivos sade).

    Ressaltamos que essa escolha do imposto do tipo lump-sum depende dos pressupostos de que as preferncias do consumidor sejam representadas por curvas de indiferena bem-comportadas e o consumo do bem tributado pelo excise tax seja positivo. Para exemplificar, segue um caso em que estes pressupostos no so obedecidos e, por conseguinte, o lump-sum tax no a melhor escolha:

    Imagine a escolha entre um lump-sum e um excise tax sobre cigarros que arrecadem a mesma receita tributria, numa regio onde metade dos contribuintes seja fumante e a outra metade seja no fumante. As pessoas que fumam (consumo positivo de cigarros) preferiro o lump- sum, enquanto os no fumantes (no adquirem qualquer quantidade de cigarros) preferiro o excise tax. Ou seja, se o consumidor no adquire qualquer quantidade do bem que ser tributado, ele preferir o excise tax. A explicao bvia: se o governo aplica um excise tax sobre um bem que ele no consome, ele no ser prejudicado de nenhuma forma, ao passo que, na adoo de um lump-sum, ele ter que pagar alguma quantia ao governo. Ou seja, entre pagar uma quantia fixa, e no pagar nada, melhor no pagar nada!

    Ento, voc dever guardar o seguinte. Do ponto de vista da eficincia econmica (sem levar em conta consideraes de equidade), o lump-sum

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    tax um tipo de imposto "ideal", que no interfere no equilbrio do mercado. Portanto, ele um imposto neutro (imposto eficiente).

    Veja que o fato de os mais pobres serem mais prejudicados (pois estaro pagando o mesmo valor de imposto que os ricos) indiferente na considerao da eficincia econmica do lump-sum. Mais uma vez, vemos que a eficincia no leva em conta aspectos distributivos, ok?!

    Um exemplo de tentativa de implantao deste imposto aconteceu na Inglaterra no final do governo da "dama de ferro", a primeira-ministra Margaret Tatcher. No final da dcada de oitenta, seu governo tentou implementar um imposto lump-sum que, no entanto, acabou causando grande insatisfao popular (e forte oposio no partido), de tal forma que teve sua implementao cancelada. A insatisfao ocorreu justamente porque os pobres teriam que pagar fatias percentuais maiores de suas rendas, quando comparadas com os ricos.

    1.2. Princpio da equidade

    O princpio da equidade tem por objetivo a garantia de uma distribuio equitativa do nus tributrio pelos indivduos, de uma forma "justa". Existem duas abordagens ou princpios a fim de definir qual a parcela justa de imposto que cada indivduo deve pagar:

    Princpio da capacidade contributiva: a repartio tributria deveria ser baseada na capacidade individual de contribuio.

    Princpio do benefcio: o nus tributrio deveria ser repartido entre os indivduos de acordo com o benefcio que cada um recebe em relao aos bens e servios prestados pelo governo.

    A partir de agora, vejamos cada uma deles:

    1.2.1. Princpio da capacidade contributiva

    Tambm chamado de princpio da capacidade de pagamento ou, ainda, princpio da habilidade de pagamento, ele nos afirma que os impostos devem ser cobrados das pessoas de acordo com a capacidade que elas tm de suportar o encargo.

    Esse princpio justificado pelo argumento de que todos os cidados devem fazer o mesmo sacrifcio para sustentar o governo. Isso significa que R$ 100,00 mais importante para um indivduo pobre do que para um rico. Dado esse fato, se um indivduo pobre e um rico pagam

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    um mesmo montante de tributos, eles no fizeram o mesmo sacrifcio. Devido sua capacidade de pagamento inferior, o indivduo pobre teve um sacrifcio superior ao do rico.

    Para evitar esse tipo de injustia, utilizamos dois mecanismos de tributao que tm por objetivo igualar o sacrifcio dos cidados: a equidade horizontal e a equidade vertical.

    A equidade horizontal significa que os indivduos com iguais capacidades devem pagar o mesmo montante de tributos. Sua implementao relativamente fcil, j que as pessoas com o mesmo nvel de renda (mesma capacidade de pagamento) devem, em princpio, dar igual contribuio tributria.

    A equidade vertical significa que indivduos com diferentes habilidades devem pagar tributos em montantes diferenciados. Quem pode pagar mais, de fato, deve pagar mais. o tratamento desigual para desiguais. Vale destacar que esses montantes a que nos referimos so em valores percentuais. Por exemplo, um sujeito que ganha R$ 1.000,00 deve pagar uma parte menor de sua renda que outro sujeito que ganha R$ 7.500,00. Se o primeiro paga R$ 200,00 de impostos (20% de sua renda) e o segundo paga R$ 1.500,00 (20% da renda), no estaremos obedecendo equidade vertical, mas, sim, equidade horizontal, pois os dois sujeitos estaro pagando o mesmo montante (mesmo percentual de suas rendas). Assim, para que a equidade vertical seja obedecida, quem ganha mais, deve contribuir com um percentual maior de sua renda.

    1.2.2. Princpio do benefcio

    Este princpio afirma que as pessoas devem pagar impostos com base nos benefcios que obtm dos servios do governo. Quanto maior o benefcio auferido, maior deve ser a contribuio e vice-versa.

    Algumas pessoas argumentam que esse princpio mais justo porque evita a situao na qual um indivduo paga indiretamente pelo benefcio de outra pessoa. Outras pessoas argumentam que esse princpio mais eficiente porque ele se alinha perfeitamente com o sistema de mercado livre, onde cada indivduo paga de acordo com os benefcios que recebe ao adquirir determinados bens e servios.

    Baseado nestes argumentos, temos que, quanto maior o benefcio, maior o nvel de consumo e, por conseguinte, maior o preo a ser pago pelos benefcios. Ainda nesta forma de anlise, argumenta-se que, se o pagamento dos tributos no feito com base no princpio do benefcio, o resultado inequivocamente o desperdcio, porque h um

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    estmulo velado superutilizao dos servios, levando ineficincia e/ou desperdcio.

    Por outro lado, a aplicao do princpio do benefcio revela duas dificuldades intransponveis. Em primeiro lugar, difcil estabelecer qual o benefcio de cada indivduo na fruio de bens e servios pblicos. Por exemplo, quanto de segurana nacional cada indivduo usufrui? Difcil responder, no!? Quanto cada cidado paulistano usufrui do Parque do Ibirapuera, ou quanto cada cidado carioca usufrui das praias, ou, ainda, quanto cada cidado brasiliense usufrui do Parque da Cidade? So perguntas (quase) impossveis de se responder, de modo que se torna invivel a aplicao prtica do princpio do benefcio.

    Em segundo lugar, outra dificuldade para a aplicao deste princpio surge no momento em que se procura mensurar o benefcio individual para que, de acordo com ele, se estabelea um valor a ser pago. Pelos exemplos do pargrafo anterior, v-se que no h mecanismos eficientes para medir o benefcio que cada cidado tem ao usufruir os bens e servios pblicos. Mesmo que houvesse meios de mensurar esse benefcio, haveria ainda a dificuldade de estabelecer o quantum deveria ser cobrado de cada um.

    Assim, fica claro que o mecanismo da tributao baseado apenas no princpio do benefcio seria de dificlima implantao. Logo, a alternativa de se estabelecer um sistema de tributao adequado mostra a necessidade de se buscar outro mecanismo que, associado ao princpio do benefcio, torne a estrutura de tributao menos ineficiente e mais justa e, ao mesmo tempo, vivel do ponto de vista prtico.

    2. TIPOS DE IMPOSTOS

    Neste tpico, ns veremos diversas classificaes dos impostos, que so cobradas em concursos.

    2.1. Ingressos pblicos: receitas originrias e derivadas

    Com o objetivo de atender s necessidades pblicas, o Estado possui meios de financiar suas atividades por intermdio dos ingressos pblicos. Eles so considerados todas as entradas de bens ou direitos, em um certo perodo de tempo, que o Estado utiliza para financiar seus gastos, podendo ou no se incorporar ao seu patrimnio.

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    Quanto forma de ingresso ou natureza, a receita pode ser oramentria3 ou extraoramentria4 5. Para ns, o que interessa a receita oramentria (ou receita pblica).

    Segundo o MTO (Manual Tcnico do Oramento), as receitas pblicas podem ser classificadas em vrios critrios:

    1. natureza;2. indicador de resultado primrio; e3. fonte/destinao de recursos.

    Apesar da classificao do MTO, existe ainda a classificao da doutrina, no que tange ao critrio da procedncia5. Essa classificao possui uso acadmico e no normatizada; portanto, no utilizada como classificador oficial da receita pelo poder pblico.

    Receitas pblicas originrias, segundo a doutrina, so as arrecadadas por meio da explorao de atividades econmicas pela Administrao Pblica. Resultam, principalmente, de rendas do patrimnio mobilirio e imobilirio do Estado (receita de aluguel), de preos pblicos (ou tarifas), de prestao de servios comerciais e de venda de produtos industriais ou agropecurios.

    Assim, quando o Estado aluga um imvel a terceiros ou quando recebe dividendos de empresas em que tem participao acionria, tais recursos so receitas originrias.

    Receitas pblicas derivadas, por outro lado, so as obtidas pelo poder pblico por meio da soberania estatal, por meio da coercitividade. Decorrem de norma constitucional ou legal e, por isso, so auferidas de forma impositiva, como, por exemplo, as receitas tributrias e as de contribuies especiais.

    3 Para o Manual Tcnico do Oramento (MTO), a receita oramentria fonte de recursos utilizada pelo Estado em programas e aes cuja finalidade precpua atender s necessidades pblicas e demandas da sociedade.

    4 Receitas extra-oramentrias so aquelas que no fazem parte do oramento pblico. Como exemplos temos as caues, fianas, depsitos para garantia, consignaes em folha de pagamento, retenes na fonte, salrios no reclamados, operaes de crdito a curto prazo e outras operaes assemelhadas. Sua arrecadao no depende de autorizao legislativa e sua realizao no se vincula execuo do oramento. Tais receitas tambm no constituem renda para o Estado, uma vez que este apenas depositrio de tais valores. Contudo tais receitas somam- se s disponibilidades financeiras do Estado, porm tm em contrapartida um passivo exigvel que ser resgatado quando da realizao da correspondente despesa extra-oramentria.5 Alguns falam tambm em critrio da coercibilidade.

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    Veja, ento, que a maior parte dos recursos (tributos) que o Estado aufere enquadrada como receita derivada.

    2.2. Impostos diretos e indiretos

    A diferena bsica entre esses tributos est na incidncia. Enquanto os tributos diretos incidem sobre a renda e riqueza (patrimnio) das pessoas, os tributos indiretos so aqueles que incidem sobre as mercadorias e servios adquiridos pela sociedade. Nesse sentido, podemos tambm conceituar o primeiro como sendo aquele que incide sobre as pessoas, enquanto o segundo incide sobre a produo.

    Como exemplo de impostos diretos, temos o IR (Imposto de Renda), incidente sobre a renda das pessoas; o SIMPLES (imposto sobre o lucro das micro e pequenas empresas e empresas de pequeno porte), incidente sobre a renda das pessoas jurdicas; o IPVA (Imposto sobre a propriedade de veculos automotores), incidente sobre o patrimnio; o IPTU (Imposto predial e territorial urbano), incidente sobre o patrimnio; o ITR (Imposto territorial rural), incidente sobre o patrimnio; etc.

    Como exemplo de impostos indiretos, temos o ICMS (Imposto sobre circulao de mercadorias e servios), o IPI (Imposto sobre produtos industrializados), o ISS (Imposto sobre servios), etc.

    2.3. Impostos especficos e ad valorem

    Dentro dos impostos indiretos, ns podemos ainda ter os impostos especficos e os ad valorem.

    Imposto especfico ou ad rem aquele cobrado com base em um valor nico, dependente da quantidade transacionada da mercadoria. Por exemplo, imagine um imposto de R$ 1,00 por cada lata de cerveja produzida. um tipo de imposto especfico pois um valor nico e no depende do valor pelo qual a lata foi vendida, mas apenas do nmero de latas vendidas.

    Imposto ad valorem aquele cobrado com base em uma alquota que incide sobre o valor da transao. o tipo mais comum. Por exemplo, imagine uma venda de um bem que custe R$ 100 e a alquota do imposto seja 10%. O valor do imposto ser R$ 10. Se o mesmo bem for vendido em outro lugar por R$ 200, o valor do imposto ser R$ 20. Diferente, portanto, do imposto especfico que tem um valor nico por unidade transacionada.

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    Ainda em relao ao imposto ad valorem, podemos ter dois tipos: os cobrados por fora ou por dentro.

    O imposto ad valorem cobrado por fora incide sobre o valor da mercadoria, de modo que o imposto uma porcentagem sobre o preo de venda, onde ainda no est incluso o imposto. Exemplo: se um bem custa R$ 100,00 (preo de venda) e o imposto por fora equivale a 10%, o preo de nota fiscal do bem (aquele que o consumidor pagar) ser R$ 110. O IPI um exemplo de imposto ad valorem cobrado por fora.

    O imposto ad valorem cobrado por dentro incide sobre o preo de venda, de modo que o valor do imposto uma porcentagem sobre o preo de venda, onde j est incluso o imposto. Exemplo: se um bem custa R$ 100 (preo de venda) e o imposto por dentro equivale a 10%, o preo de nota fiscal do bem ser R$ 100 e o valor do imposto ser R$ 10. Ou seja, o preo lquido da mercadoria (preo de venda do bem menos o imposto) ser R$ 90. O ICMS um exemplo de imposto ad valorem cobrado por dentro.

    Uma pergunta pertinente seria: qual destes impostos ad valorem mais oneroso para o contribuinte, o por fora ou o por dentro? Certamente o imposto ad valorem cobrado por dentro mais oneroso. Veja os exemplos que foram citados acima. No caso do imposto por fora, o preo lquido da mercadoria equivale a R$ 100 enquanto o imposto equivale a R$ 10, ou seja, a tributao foi de 10% sobre o preo lquido da mercadoria. No caso do imposto por dentro, o preo lquido da mercadoria equivale a R$ 90 enquanto o imposto equivale R$ 10, ou seja, a tributao foi de 11,11% (10/90) sobre o preo lquido da mercadoria.

    2.4. Impostos proporcionais, progressivos e regressivos

    2.4.1. Impostos proporcionais

    Neste sistema, aplica-se a mesma alquota de imposto para os diferentes nveis de renda. Este tipo de tributo coaduna-se com a equidade horizontal, em que indivduos com capacidades iguais de pagar, pagam o mesmo montante percentual de suas rendas.

    Veja como exemplo a tabela abaixo:

    Classes de renda Renda

    Alquota%

    Valor do imposto

    % de imposto sobre a renda

    % de renda aps o imposto

    A 1.000 10 100 10 90B 2.000 10 200 10 90C 3.000 10 300 10 90D 4.000 10 400 10 90

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    Veja que todos pagam impostos nos mesmos montantes percentuais de suas rendas. A partir deste quadro, conclumos que o sistema proporcional no tem nenhum impacto sobre a redistribuio da renda na sociedade.

    2.4.2. Impostos progressivos

    Por meio desse sistema, aplicam-se maiores percentuais de impostos para as classes de renda mais alta. Este tipo de tributo coaduna-se diretamente com a equidade vertical, em que indivduos com capacidades desiguais para pagar, pagam montantes percentuais desiguais de suas rendas. No entanto, se considerarmos que indivduos rendas iguais tambm pagaro percentuais iguais de suas rendas, ento, podemos afirmar que o imposto progressivo tambm se coaduna com a equidade horizontal.

    Veja como exemplo a tabela abaixo:

    Classesde

    rendaRenda Alquota% Valor do imposto

    % de imposto sobre a renda

    % derenda aps o imposto

    A At R$ 1.000 10 100 10 90

    B At R$ 2.000 20 100+200 15 85

    C At R$ 3.000 30 100+200+300 20 80

    DMais

    que R$ 3.000

    40 100+200+300+400 25 75

    Nota ^ o sujeito que ganha R$ 4.000,00 no pagar a alquota de 40% sobre todo o montante de sua renda. Ele pagar 10% sobre os valores que se encontram na faixa de renda entre R$ 0 e R$ 1000; 20% sobre os valores que se encontram na faixa de renda entre R$ 1.000 e R$ 2.000; 30% sobre os valores que se encontram na faixa de renda entre R$ 2.000 e R$ 3.000; e 40% sobre os valores que se encontram na faixa de renda acima de R$ 3.000.

    Observe que aqueles mais ricos pagam percentuais maiores de suas rendas. Aps o imposto, o percentual que sobra de suas rendas menor que o percentual das classes pobres aps a "mordida" do imposto. Assim, conclumos que o imposto progressivo um sistema de tributao em que

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    h impacto sobre a redistribuio de renda da sociedade, contribuindo para menores desigualdades na sua distribuio.

    No Brasil, temos como exemplo de impostos progressivos o IR (Imposto de Renda), em que h uma faixa de renda em que no se paga qualquer imposto e, por outro lado, h um faixa em que se paga at 27,5% sobre a renda. Outro exemplo o IPTU em que, quanto maior o valor venal (de venda) do imvel, maior a alquota do imposto a pagar. No municpio de So Paulo, por exemplo, dependendo do valor do imvel residencial, temos alquotas que vo desde a iseno total (0%) at 1,5% do valor venal.

    A magnitude das alteraes na distribuio da renda aps o imposto depender da diferenciao das alquotas para as diversas classes de renda. Quanto maior a diferenciao, ou seja, quanto maior o intervalo de uma alquota para outra, maior ser o impacto sobre a distribuio da renda.

    2.4.3. Impostos regressivos

    Esse sistema tributa de forma mais aguda as classes mais pobres, fazendo com que elas suportem uma carga tributria maior. Nesse caso, quanto menor o nvel de renda, maior o percentual de imposto a ser pago pelo indivduo.

    No sistema tributrio brasileiro, admitido que os impostos indiretos (incidentes sobre a produo) so regressivos. Por exemplo, imagine uma pessoa com renda de R$ 1.000 que decida comprar um televisor de LCD com o valor de nota fiscal de R$ 1.500. O ICMS e IPI da televiso somados valem, digamos, R$ 300,00. Ao comprar a TV, este indivduo pagar, em impostos indiretos (ICMS e IPI), o equivalente a 30% de sua renda. Agora, imagine algum com renda de R$ 6.000 decida comprar a mesma TV. Ao pagar os mesmos R$ 300,00 em impostos, este ltimo indivduo estar perdendo apenas 5% de sua renda.

    Assim, percebe-se que os impostos indiretos, no sistema tributrio brasileiro, so regressivos e pioram a distribuio de renda.

    3. A TRIBUTAO DO CONSUMO NO BRASIL: Impostos cumulativos e no cumulativos

    Impostos cumulativos so aqueles que incidem sobre todas as etapas da produo. Tambm so chamados de impostos em cascata, justamente por incidirem sobre todas as etapas produtivas, assim como

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    uma cascata vem incidindo sobre tudo que est abaixo dela. A antiga CPMF (Contribuio Provisria sobre Movimentao Financeira) um exemplo tpico. Qualquer transferncia financeira, excetuadas raras excees, era tributada.

    Impostos no cumulativos so aqueles que incidem apenas sobre o valor adicionado em cada etapa de produo. Por exemplo, imagine uma fazenda que produziu trigo no valor de R$ 1,00 o quilo. Haver tributao em cima deste valor de R$ 1,00/kg. Se uma indstria comprar o trigo e produzir farinha de trigo no valor de R$ 3,50/kg e o tributo for no cumulativo, permitido que se deduza o que foi pago na etapa anterior de produo. Assim, permitido compensar o imposto que foi pago sobre a base de clculo de R$ 1,00 (produo do trigo). Na prtica, ento, ser cobrado imposto somente sobre o valor que foi adicionado, ou seja, sobre R$ 2,50 (3,50 - 1,00). Se o imposto fosse cumulativo, haveria tributao sobre o valor cheio nos dois casos (sobre R$ 1,00 na primeira etapa e sobre R$ 3,50 na segunda etapa). Pelo fato de o imposto no cumulativo incidir somente sobre o valor adicionado, ele tambm denominado de IVA (Imposto sobre o Valor Adicionado).

    3.1. Impostos cumulativos (em cascata)

    O imposto cumulativo (ou em cascata) aplica-se ao faturamento ou ao montante que vendido. Ele incide, portanto, sobre todos os estgios do processo produtivo.

    Uma medida da ineficincia econmica deste tipo de tributo repousa na mudana de comportamento a que ele conduz os agentes econmicos. Ele faz com que os vendedores verticalizem a produo. Pense, por exemplo, na produo de um produto que envolve muitas etapas produtivas. Um computador, por exemplo, comea a ser fabricado quando as mineradoras extraem a matria-prima (cobre, alumnio, etc). Depois, outros componentes so produzidos por outras empresas (fios, plstico, componentes eletrnicos, etc). Depois disso, a firma monta o computador e o vende ao comrcio. Este, por sua vez, vende o computador ao consumidor final. Veja que ocorrem vrias etapas. Se o imposto cumulativo, todas elas sero tributadas, de tal maneira que o preo do produto ser excessivamente apenado pelo imposto.

    Neste caso, vale a pena todas essas empresas que participam desse processo se juntarem (isto significa "verticalizar" a produo), de tal modo a reduzir as etapas de produo a um pequeno nmero, e fazer com que a tributao seja reduzida ao menor nmero de vezes possvel. Assim, percebe-se que a adoo de impostos cumulativos faz com que os agentes mudem de comportamento na tentativa de "fugir" do imposto.

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    Essa mudana de comportamento gerada pelo imposto em cascata representa a sua ineficincia econmica.

    Desta forma, conclumos que o imposto cumulativo um imposto altamente ineficiente do ponto de vista econmico.

    A verticalizao faz com que um nmero menor de empresas produza em maior quantidade, o que nos levar a concluir que a cumulatividade do imposto tambm reduz o grau de concorrncia6 da economia.

    3.2. O imposto sobre o valor agregado7 (IVA)

    Teoricamente, um imposto sobre o valor adicionado na venda de bens de consumo seria equivalente a um imposto sobre vendas somente ao consumidor final, tendo em vista a igualdade contbil entre a soma dos valores adicionados e o valor do produto final. No exemplo que foi dado no incio do tpico 3, os valores adicionados so R$ 1,00 e R$ 2,50; e o valor do bem vendido ao consumidor final R$ 3,50. Um imposto em cascata seria inferior a ambas as alternativas (seria cobrado sobre os valores de R$ 1,00 e R$ 3,50), uma vez que discriminaria contra produtos que apresentassem um nmero maior de etapas de produo e comercializao, incentivando a integrao vertical das empresas e reduzindo o grau de concorrncia.

    No imposto cumulativo, conforme vimos no tpico precedente, h incentivo para que vrias empresas se integrem, de forma que todas as etapas de produo sejam tributadas somente uma vez. Explicando mais uma vez, desta vez por meio de outra situao:

    Imagine a produo de po. Caso tenhamos a tributao cumulativa, haver tributao cheia em todas as etapas de produo (produo do trigo, da farinha de trigo e do po). Assim, naturalmente, h um forte estmulo para que as empresas das diversas etapas de produo (fazenda produtora do trigo, indstria produtora da farinha de trigo, padaria produtora do po) se integrem e formem uma s, de tal maneira que somente o po, ao final, ser tributado. Por outro lado, quando a tributao no cumulativa, no h estmulo a essa integrao vertical, pois a tributao ocorre somente sobre o valor adicionado, pois possvel utilizar como crdito fiscal o que foi pago na etapa anterior da produo.

    6 Essa reduo da concorrncia tambm um parmetro que nos mostra a ineficincia econmica deste imposto.7 Tambm pode ser chamado de "imposto sobre o valor adicionado" .

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    Pelo fato de no estimular a mudana de comportamento dos agentes, e nem prejudicar a concorrncia de mercado (j que no h estmulos integrao vertical), ns podemos entender que o IVA um imposto mais eficiente economicamente do que o imposto em cascata. Assim, se o governo pretende tributar o consumo e se preocupa com questes de eficincia econmica, a soluo do IVA prefervel soluo do imposto cumulativo. Por isso, em razo do IVA distorcer menos as decises dos agentes (no estimular a integrao vertical e incidir somente sobre o valor adicionado), ele mais neutro que o imposto cumulativo.

    Em relao fiscalizao dos impostos cumulativos e do IVA, neste ltimo, ela torna-se mais transparente. Como possvel o abatimento do que foi pago nas etapas anteriores da produo por meio do crdito fiscal, fica exposta uma espcie de trilha de auditoria. Assim, a sonegao desincentivada, pois ela s no ser detectada se houver sonegao em todas as etapas da produo. Muitos tributaristas dizem at que o IVA (imposto no cumulativo) um tributo autofiscalizador, devido a este rastro que ele deixa nas vrias etapas da produo.

    4. TRIBUTAO TIMA DE MERCADORIAS

    Neste tpico, ns veremos como os impostos afetam a eficincia econmica. Para isso, pelo menos no incio, utilizaremos o enfoque grfico em que visualizamos as curvas de demanda, oferta, os excedentes do consumidor e produtor, e o peso morto do imposto.

    J sabemos que, ao tributar o bem, normalmente os demandantes pagam um preo maior e os ofertantes recebem um preo menor. Isso representa um custo para os consumidores (demandantes) e para os ofertantes (produtores). Mas, do ponto de vista da eficincia econmica, o custo do imposto que ele diminui o nvel de produo que seria alcanado caso no houvesse tributao.

    A produo perdida representa o custo social do imposto. Eletambm chamado de perda de peso morto8. Analisaremos esse peso morto por meio das ferramentas dos excedentes do consumidor e produtor. Para isso, acompanhe o raciocnio pela figura 01.

    Nota: o peso morto tambm chamado de excesso de gravame ou gravame excessivo, no sentido de que a imposio do imposto ocasiona, 8

    8 Em muitos livros, utilizada a expresso "perda de peso morto" , indicando simplesmente que h peso morto. Assim, se voc vir o termo "perda de peso morto" , na verdade, isso no quer dizer que o peso morto foi reduzido, mas simplesmente que h peso morto. A confuso ocorre devido traduo literal do termo em ingls deadweight loss (perda de peso morto).

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    em geral, um custo adicional para a sociedade, alm do valor que arrecadado para o governo.

    Inicialmente, temos (veja pela figura 01) um mercado competitivo em equilbrio, no ponto onde as curvas de demanda e oferta se interceptam. Esse equilbrio significa um timo de Pareto, pois um equilbrio de um mercado competitivo. Isto acontece porque o equilbrio competitivo representa um ponto onde os excedentes do consumidor e produtor so maximizados.

    A figura 01 ilustra o preo pago pelos compradores e o preo recebido pelos produtores aps a imposio do imposto especfico t, cobrado dos produtores.

    Figura 01

    A produo foi reduzida por esse imposto (de Q2 para Q1). A perda de excedente dos consumidores dada pela soma das reas A+B, e a perda de excedente dos produtores dada pela soma das reas C+D.

    Como estamos procura de uma expresso para o custo social do imposto ou para o quantum ele reduz a eficincia econmica, seria natural, a princpio, somarmos todas as perdas de excedentes (A+B+C+D) para obter a perda total para os consumidores e produtores. No entanto, necessrio considerar que um terceiro agente (o governo), at ento no considerado por ns, tem um relevante ganho de excedente ou bem-estar.

    O governo ganha a receita com o imposto. Essa receita tributria pode ser encarada como uma espcie de "excedente do governo". Pelo menos teoricamente, essa receita auferida pelo governo ser integralmente devolvida para a sociedade na forma de bens e servios

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  • que beneficiaro toda saneamento, etc).

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    a coletividade (sade, educao, estradas,

    Assim, a rea A+D (que a receita tributria9) retornar para a sociedade, de tal forma que o resultado lquido da imposio do tributo ser uma perda total de excedentes (A+B+C+D) e um ganho de receita tributria (A+D). Logo, o resultado lquido ser uma perda de excedentes no valor das reas C+B, que o nus do imposto ou peso morto (ou excesso de gravame).

    Em (possveis) questes envolvendo clculos, se for necessrio calcular o peso morto, ser preciso calcular a rea "cinza" representada pelos tringulos B+C. Se voc considerar que a rea cinza (B+C) forma um tringulo "deitado", pode-se concluir que sua rea ser a metade da multiplicao do valor do imposto (base do tringulo) pela diferena entre Q1 e Q2 (altura do tringulo), uma vez que a rea de qualquer tringulo dada por (base X altura)/2. Ou seja, para calcular o peso morto, basta saber a diferena entre as quantidades de equilbrio antes e depois do imposto (Q1 - Q2) e multiplicar essa diferena pelo valor do imposto, dividindo o resultado obtido por 2. Feito isto, teremos o valor do peso morto.

    Qual ser a fonte desse nus? Ele acontece pelo valor perdido pelos consumidores e produtores com a reduo nas vendas do bem. Observe que a taxao imposta pelo governo faz reduzir a demanda e a oferta, de tal forma que a quantidade de equilbrio se reduz de Q1 para Q2. Essa reduo nas vendas provoca o peso morto. Afinal, no se taxa o que no vendido! Assim, o governo no obtm nenhuma receita pela reduo nas vendas do bem. Do ponto de vista da sociedade, e tambm da eficincia econmica, esta reduo o nus do imposto (ou peso morto).

    Uma interessante pergunta que pode surgir sobre o que determina o grau de ineficincia do imposto. O que faz o peso morto ser maior ou menor?

    A ineficincia de qualquer imposto determinada pela medida em que os consumidores e produtores alteram seu comportamento para evitar o imposto; o peso morto causado por decises ineficientes de consumo e produo por indivduos e empresas para evitar a tributao. A quantidade alcanada no equilbrio competitivo maximiza o excedente total. Qualquer variao da quantidade em relao ao ponto de equilbrio leva ineficincia. Assim, a ineficincia proporcional variao de quantidade induzida pelo imposto.

    9 A receita tributria dada pela multiplicao do valor do imposto (t) pela quantidade produzida e vendida (Q2). Assim, a receita tributria dada pela rea dos retngulos A+B.

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    No caso de bens de demanda inelstica, h pouca variao na quantidade em virtude da imposio do imposto. Por outro lado, quanto mais elstica a demanda (ou a oferta) de um bem, maior a variao de quantidade induzida pelo imposto, e maior a ineficincia por ele causada.

    Desta forma, podemos concluir que as elasticidades determinam a ineficincia do imposto: quanto maiores as elasticidades da demanda/oferta, maior ser o peso morto. Quanto menores as elasticidades da demanda/oferta, menor ser o peso morto.Graficamente, fcil visualizarmos por que o peso morto maior quando as elasticidades so maiores, veja na figura 02:

    Figura 02

    a) Mercado inelstico b) Mercado elstico

    4.1. A Regra de Ramsey

    Se o governo busca a neutralidade (eficincia econmica), de forma a intervir o mnimo possvel na alocao de recursos, sem causar ineficincias, ele procurar tributar bens de demanda/oferta inelstica, pois o peso morto ser menor. Podemos expressar a regra de Ramsey segundo a equao abaixo, tambm chamada de regra da "elasticidade invertida":

    1T = .

    \Epd\

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    Onde r seria a alquota tima de imposto sobre um determinado bem, Epd seria a elasticidade preo da demanda do bem, e X seria o valor da receita governamental adicional conseguida com um (possvel) aumento de alquota do imposto. Observe que a alquota tima inversamente relacionada com a elasticidade preo da demanda do bem. Isto , bens de demanda elstica (valor alto de Epd) devem sofrer uma tributao menor, e bens com demanda inelstica devem ser tributados mais pesadamente.

    Para arrematar o raciocnio, podemos entender que quanto mais o imposto muda o comportamento de consumo e produo, menos eficiente ele ser e maior ser o peso morto. Por exemplo, suponha que o governo esteja preocupado com questes de eficincia, e deseje impor um imposto. Naturalmente, ele procurar impor esse imposto sobre bens cujo consumo no deva se alterar muito aps a imposio do imposto. Ou seja, se o governo se preocupa com a eficincia, ele procurar tributar bens de demanda inelstica (ou cujos consumidores tenham alta propenso marginal a consumi-los). Nos dois casos, haver pouca mudana de comportamento no sentido de evitar o imposto, de tal forma que a ineficincia do imposto ser baixa.

    A formulao de Ramsey indica que duas regras devem ser levadas em conta na fixao de um imposto timo (mais eficiente) sobre mercadorias:

    Regra da elasticidade invertida: bens com alta Epd devem ser tributados a uma alquota mais baixa; bens com baixa Epd devem ser tributados a alquotas mais altas.

    Regra da base ampla (suavizao da tributao): melhor tributar uma grande variedade de bens a uma alquota moderada do que tributar poucos bens a uma alquota elevada. Quanto maior a alquota, maior o acrscimo de peso morto decorrente de mais aumentos da alquota10. Isto significa que melhor tributar muitos bens a 10% do que poucos bens a 20%, pois o aumento da alquota de 10% para 20% gera um acrscimo de peso morto menor do que o aumento de alquota de 0% para 10%.

    Para equilibrar as duas regras, o governo deve tributar os bens de demanda inelstica com alquotas maiores (isto j sabemos!), entretanto, ele no deve tentar arrecadar todos os seus impostos a partir desses bens inelsticos. Seguindo a regra da base ampla, o governo deve procurar tributar o maior nmero de bens possvel. Ou seja, embora o

    10 O peso morto marginal de um imposto (acrscimo de peso morto decorrente do aumento de alquota) aumenta junto com a alquota. Assim, aumentar a alquota de um imposto de 20% para 21% traz mais peso morto do que aumentar a alquota deste mesmo imposto de 10% para 11%. Isto , o acrscimo de peso morto tende a ser maior para nveis mais elevados de alquota.

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    governo deva tributar os bens de demanda inelstica mais pesadamente, ele tambm deve tributar outros bens.

    Se o governo se preocupasse somente com a regra da elasticidade, ele poderia simplesmente identificar os bens inelsticos e procurar extrair toda a sua receita tributria a partir deste bens, deixando de tributar os bens de demanda elstica. No entanto, a regra da base ampla acaba servindo para compensar a aplicao da regra da elasticidade.

    4.2. Implicao da regra de Ramsey sobre a equidade

    Conforme sabemos, eficincia no implica necessariamente equidade, e vice-versa. A regra de Ramsey da alquota tima (mais eficiente) dos tributos s leva em conta aspectos de eficincia. Simplesmente ignora os aspectos de equidade.

    A regra da elasticidade invertida tem implicaes cruis em termos de equidade. Imagine, por exemplo, que houvesse apenas dois bens na economia: leite e um bom usque 12 anos (Jetro: Heber, porque todos os seus exemplos envolvem bebida?). A elasticidade preo da demanda de usque muito mais elevada do que a de leite (Heber: se a pessoa no for uma "pingua", n Jetro: J sei quem o pinguo...). Isto significaria a imposio de uma alquota muito menor a um bem consumido por pessoas de renda mais alta. J a alquota do leite (bem de demanda inelstica) seria bem maior. Isto, por sua vez, significaria a imposio de alquotas maiores a um bem consumido por pessoas de renda mais baixa.

    Observe que este resultado da regra de Ramsey, embora mais eficiente, violaria a equidade tributria (equidade vertical). Pessoas mais ricas estariam pagando alquotas menores de imposto.

    Um determinado governo pode querer equilibrar objetivos de tributao tima (busca da eficincia) com objetivos de equidade. Neste caso, na hora de fixar a alquota do bem, o governo poderia levar em conta no somente a elasticidade preo da demanda de cada mercadoria, mas tambm a renda de seus consumidores. Os bens que fossem consumidos predominantemente por indivduos com rendas mais altas poderiam ter uma alquota superior quela determinada pela regra da elasticidade. E bens que so predominantemente consumidos por indivduos com rendas mais baixas teriam alquotas inferiores quela da regra da elasticidade.

    Fazendo isso, o governo compensaria um pouco a falta de justia decorrente da aplicao da regra de Ramsey, que leva em conta somente aspectos de eficincia econmica. Mas, obviamente, esta compensao,

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    considerando questes de equidade, faria o sistema tributrio perder um pouco de eficincia, mas o tornaria mais justo (ou equnime).

    Observe, ento, que o governo geralmente enfrenta um trade-off (dilema de escolha) na hora de organizar seu sistema tributrio. Um sistema eficiente no implica necessariamente um sistema justo. E, quando o governo tenta tornar o sistema mais justo, tendo vista questes de equidade, ele acaba tendo que tolerar uma perda de eficincia econmica.

    5. a lq u o ta m a r g in a l e a lq u o ta m ed ia de im p o sto s

    Este tpico trata de temas intimamente relacionados incidncia econmica de imposto sobre a riqueza, notadamente um imposto sobre a renda.

    No contexto da discusso da eficincia dos impostos, importante discutirmos dois conceitos: alquota mdia e marginal. A alquota mdia o imposto total pago dividido pela renda total. A alquota marginal o imposto adicional pago sobre um R$ 1,00 adicional de renda.

    Por exemplo, suponha um imposto progressivo em que o governo aplique uma alquota de 10% sobre os primeiros R$ 3.000,00 de renda e uma alquota de 50% sobre toda a renda alm de R$ 3.000,00. Nessas condies, uma pessoa que ganha R$ 4.000,00 paga um imposto de R$ 800,00 (10% dos primeiros R$ 3.000,00, que igual a R$ 300,00; mais 50% dos R$ 1.000,00 restantes, que igual R$ 500,00). Para esse contribuinte, a alquota mdia seria 800/4000=0,2, ou 20%, mas a alquota marginal seria 50%, uma vez que cada R$ adicional que ele ganhe ser tributado alquota de 50%.

    A anlise das alquotas mdia e marginal bastante til. Se o objetivo medir o sacrifcio feito pelo contribuinte, a alquota mdia o conceito mais apropriado, porque mede a parcela da renda do consumidor que vai para o pagamento de impostos. Por outro lado, se o objetivo avaliar a medida que o tributo distorce as aes dos agentes, a alquota marginal o conceito mais importante. Em economia, os agentes, ao tomarem suas decises, pensam "na margem". Assim, se um indivduo decide avaliar se aumentar sua carga de trabalho, ele far avaliaes pensando "na margem", marginalmente: quanto "a mais" de renda eu vou ganhar? Quanto "a mais" de impostos eu vou pagar?

    Se a alquota marginal alta, como no caso acima, o acrscimo de trabalho ser desencorajado, pois cada R$ ganho na margem provocar R$ 0,50 a mais de impostos a pagar. Assim, a alquota marginal que determina a mudana de comportamento dos agentes decorrentes da

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    imposio de um tributo. Por conseguinte, a alquota marginal que determina o peso morto do imposto.

    Se pensarmos que o lump-sum tax (tributo por montante nico) um imposto neutro, que no provoca mudanas de comportamento nas pessoas, ns entenderemos essa afirmao que relaciona a alquota marginal e a eficincia do imposto.

    Um imposto lump-sum, tributo por montante nico, caracterizado pela cobrana de um valor fixo sobre os cidados. Suponha que o governo imponha um tributo por montante nico no valor de R$ 400,00. Ou seja, todos devero pagar o mesmo valor, independentemente de seus ganhos ou aes. Para um contribuinte com renda de R$ 4.000,00, a alquota mdia de 10%; para outro com renda de R$ 1.000,00, a alquota mdia de 40%. Para ambos, a alquota marginal ZERO, porque no se dever nenhum imposto por R$ adicional de renda.

    Como a alquota marginal deste tipo de imposto nula, as decises das pessoas e a renda auferida por elas no alteram o montante devido ao governo. Assim, o imposto no distorce os incentivos, nem muda o comportamento das pessoas e, portanto, no causa peso morto. Ou seja, este tipo de imposto o mais eficiente possvel.

    Se o imposto lump-sum to eficiente, por que ele no utilizado pelos governos? A razo que a eficincia apenas uma das consideraes de um sistema tributrio e, adicionalmente, eficincia no implica obrigatoriamente equidade. bastante claro que a adoo de um imposto de montante nico, apesar de eficiente economicamente, no atenderia ao princpio da equidade (imagine: pessoas extremamente pobres ou ricas pagariam o mesmo montante de tributos). Por tal motivo, ele no adotado pelos governos.

    Por fim, interessante fazermos uma breve anlise das alquotas mdias e marginais em relao progressividade e regressividade dos impostos.

    Em um sistema de impostos progressivos, as alquotas mdia e marginal dos impostos elevam-se com a renda, sendo que a alquota marginal naturalmente maior que a alquota mdia. Quando a alquota de imposto marginal aumenta, a alquota mdia aumenta, mas de forma mais lenta. Como, no sistema progressivo de impostos, a alquota marginal cresce medida que a renda cresce, podemos concluir que esse sistema tem um efeito negativo sobre o incentivo de aumentar a renda. Afinal, para que se esforar mais e aumentar a renda se, cada vez mais, uma fatia maior dessa renda vai para os bolsos do governo?

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    Em um sistema de impostos regressivos, a alquota marginal se reduz com o aumento de renda. Quando a alquota marginal se reduz, a alquota mdia a acompanha, de forma que as alquotas mdia e marginal dos impostos reduzem-se com a renda, e tambm de forma que a alquota mdia maior que alquota marginal. Como, no sistema regressivo, a alquota marginal decresce medida que a renda aumenta, conclumos que esse sistema incentiva o aumento de renda (aumento de trabalho). Afinal, quanto mais voc ganhar, cada vez mais, uma fatia menor dessa renda adicional vai para os bolsos do governo.

    6. INCIDNCIA TRIBUTRIA

    6.1. Repartio do nus tributrio

    Quando um bem tributado, os seus compradores e vendedores compartilham o nus dos impostos. Por exemplo, suponha que o governo tribute um bem, inicialmente vendido ao preo de R$ 10,00, com um imposto especfico de R$ 2,00. Aps a tributao, podemos ser levados a pensar que este bem ser vendido a R$ 12,00. Entretanto, isto no necessariamente correto. Caso o bem seja vendido a R$ 12,00, o nus tributrio estar sendo repassado integralmente para os consumidores. Na prtica, na maioria das vezes, no isso que ocorre. Mas, ento, como se d essa diviso do nus?

    Na maioria das vezes, tanto consumidores quanto produtores so apenados pela imposio dos tributos, no entanto, a diviso do nus raramente igualitria. Para ver como o nus dividido, considere o impacto da tributao sobre os dois mercados da figura 3. Em ambos os casos, a figura mostra a curva de demanda inicial, a curva de oferta inicial e um imposto que diminui o preo recebido pelos produtores e aumenta o preo pago pelos consumidores.

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    Figura 3

    REPARTIO DO NUS TRIBUTRIO ENTRE VENDEDORES E COMPRADORES

    No painel 3.a, temos o caso da oferta elstica e da demanda inelstica (lembre-se de que curvas mais horizontais, ou mais planas, indicam maior elasticidade). No painel 3.b, temos o contrrio: oferta inelstica e demanda elstica. Nos dois casos, foi introduzido um imposto e houve a repartio tributria, com uma parte do imposto recaindo sobre os consumidores e outra parte recaindo sobre os produtores. Pinicial o preo inicial, PCONS o preo pago pelos consumidores aps a imposio do tributo, e Pprod o preo recebido pelos produtores aps o imposto. A diferena Pcons - Pprod o valor do imposto, que ir para os cofres do governo.

    No painel 3.a, note que a maior parte do imposto recai sobre os consumidores. Isto acontece porque eles so mais inelsticos (insensveis) a mudanas nos preos que os produtores, j que a curva dos consumidores (demanda) mais vertical (inelstica) que a curva dos produtores (oferta). Ou seja, como neste caso os produtores reagem mais s mudanas nos preos (so mais elsticos), eles arcaro com a menor parte do imposto.

    No painel 3.b, note que a maior parte do imposto recai sobre os produtores. Isto acontece porque eles so mais inelsticos a mudanas nos preos que os consumidores, j que a curva de oferta mais vertical (inelstica) que a curva de demanda. Como, neste caso, os consumidores

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    reagem mais s mudanas nos preos (so mais elsticos), eles arcaro com a menor parte do imposto.

    Pelo exposto, chegamos concluso de que quem reage mais, paga menos (imposto). Assim, o nus de um imposto recai mais pesadamente sobre o lado menos elstico do mercado. Ademais, como a elasticidade reflete a declividade das curvas de demanda e oferta (quanto mais inelstico, mais vertical; e quanto mais elstico, mais horizontal), a repartio do nus tambm depender das declividades das curvas de demanda e oferta, o que o mesmo que dizer que a repartio depender das elasticidades dos consumidores e produtores. Mas, por que isso ocorre?

    Em essncia, a elasticidade mede a disposio dos consumidores ou produtores para sair do mercado quando as condies tornam-se desfavorveis. Uma elasticidade pequena da demanda significa que os compradores no tm boas alternativas ao consumo do bem em questo. Quando o bem tributado, o lado com menos alternativas boas (menos elasticidade) tem menos desejo de deixar o mercado e precisa, portanto, arcar com uma parcela maior do nus do imposto.

    Vale ainda comentar os casos especiais da demanda e oferta., osQuando a demanda (consumidores) totalmente inelstica

    consumidores arcam com a totalidade da tributao, j que eles no reagem de nenhuma maneira a mudanas nos preos. Ainda neste caso, ressaltamos que no haver mudana nas quantidades transacionadas, pois os consumidores, inelsticos que so, mantero o mesmo consumo de antes. Seguindo o mesmo raciocnio, podemos tambm afirmar que se a demanda perfeitamente elstica, os produtores assumem toda a carga do imposto, e os consumidores no assumem nenhuma parte dela.

    A mesma anlise pode ser feita pelo lado da oferta. Se a oferta perfeitamente inelstica, os produtores sero integralmente apenados pela imposio do tributo. Se a oferta perfeitamente elstica, os consumidores arcaro com a totalidade da tributao.

    Por fim, ressaltamos que o lado do mercado sobre o qual o imposto lanado irrelevante para a distribuio das cargas do imposto. Ou seja, a incidncia do imposto idntica, quer ele seja lanado sobre produtores ou sobre consumidores. Por exemplo, suponha que o governo decida cobrar um imposto especfico de R$ 0,20 por litro de gasolina e, para isso, ele tenha a opo de cobrar dos consumidores na bomba de gasolina, quando pagam pela compra do produto, ou cobrar dos produtores como feito normalmente. Em quaisquer dos casos, a

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    repartio do nus tributrio depender das elasticidades e no de quem cobrado o imposto.

    Ou seja, o lado do mercado sobre o qual o imposto lanado irrelevante para determinar o nus tributrio, sendo que este determinado pelas elasticidades da demanda e da oferta, e nosobre quem lanado o tributo.

    6.2. Calculando a repartio do nus tributrio

    Neste tpico, veremos como se calcula a repartio do nus tributrio entre consumidores e vendedores, considerando um mercado de concorrncia perfeita. Para isso, utilizaremos as funes de demanda e oferta do bem a ser tributado e consideraremos a hiptese de um imposto sobre vendas (ou imposto sobre o consumo).

    Qualquer imposto sobre vendas recolhido pelo vendedor, mas isso no significa que ele quem pagar pelo imposto. O vendedor poder repassar uma parte deste imposto para o preo do produto, de forma que o consumidor arcar com alguma parte do aumento de custo imposto pelo governo. Por isso, ns dizemos que os impostos sobre o consumo ou sobre as vendas so impostos indiretos, porque tributam indiretamente os indivduos em suas transaes.

    Em que pese a discusso sobre quem de fato arcar com o nus do imposto, o fato que a pessoa que recolher o valor imposto e o "entregar" ao governo o produtor. Assim, qualquer imposto sobre vendas alterar apenas a funo de oferta de determinado bem (amenos que a questo de prova fale explicitamente que se trata de imposto sobre vendas que cobrado do consumidor), pois a funo de oferta que nos mostra o comportamento dos produtores. A funo de demanda no alterada. Desta forma,

    Se tivermos um imposto especfico (T), o novo preo da funo de oferta ser (P - T).

    Se tivermos um imposto ad valorem por dentro, o novo preo da funo de oferta ser P.(1 - T).

    Se tivermos um imposto ad valorem por fora, o novo preo da funo de oferta ser P/(1 + T). Assim,

    Imposto Novo preo na funo de ofertaEspecfico (P - T)

    Ad valorem por dentro P.(1 - T)Ad valorem por fora P/(1 + T)

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    Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho - Aula 01Vejamos um exemplo numrico, utilizando dados retirados de

    uma questo de concurso:

    EPPGG/MPOG - 2002 - As curvas de oferta e demanda de mercado de um bem so, respectivamente: S=- 400 + 400p e D=5.000 - 500p. Pede-se: (1) o preo e a quantidade de equilbrio (p1 e q1) dada a alquota de um imposto especfico T = 0,9 por produto e (2) o valor total da respectiva arrecadao do governo.a) (1) p1 = 6,40 e q1 = 1.800 e (2) 1.620,00b) (1) p1 = 6,00 e q1 = 1.920 e (2) 1.728,00c) (1) p1 = 6,00 e q1 = 2.000 e (2) 1.800,00d) (1) p1 = 5,76 e q1 = 2.000 e (2) 1.800,00e) (1) p1 = 4,80 e q1 = 2.400 e (2) 2.160,00

    Resoluo:

    Sem o imposto, o preo e quantidade de equilbrio so: p=6,0 e Q=2000 (basta igualar S=D)

    Com o imposto especfico, temos que fazer (p-0,9) apenas na curva de oferta, pois o imposto incide sobre os vendedores (so eles que recolhem o imposto para o governo).

    Assim, depois do imposto, temos:

    ^ -400+400(p - 0,9) = 5000-500p ^ p=6,4 e Q=1800

    Veja que o preo de transao (aquele que o consumidor paga) passou de 6,0 para 6,4. Ou seja, o consumidor foi apenado com 0,4 (6,4 - 6,0). Como o imposto 0,9, o produtor foi apenado em 0,5 (0,9 - 0,4). Veja que, do montante de 0,9 de imposto especfico, o produtor arca com 0,5 e o consumidor arca com 0,4.

    Nota ^ o valor que o consumidor arca ser sempre igual diferena entre o novo preo de equilbrio e o preo antigo de equilbrio. Neste caso, (6,4 - 6,0)=0,4.

    A receita do governo o imposto especfico multiplicado pela quantidade que transacionada no mercado, ou seja, a arrecadao ser Q x t = 1800 x 0,9 = 1620 e a nova quantidade de equilbrio 1800.

    GABARITO: A

    Para fins de treinamento, vamos fazer os seguintes clculos considerando um imposto ad valorem por dentro de 10%:

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    a) Novo preo de equilbrio, diviso do nus do imposto entre consumidores e produtores:

    Considerando um imposto ad valorem por dentro de 10%, o novo preo a ser utilizado na funo de oferta p(1 - T), onde T=0,1 (10%). Assim, a nova funo de oferta ficar:

    S=-400 + 400p(1-0,1)S=-400 + 400.0,9p S=-400 + 360p

    Igualando a curva de oferta com o imposto e a funo demanda, temos:

    -400 + 360p = 5000 - 500p p = 6,28 (novo preo de equilbrio)

    Como o preo de equilbrio era 6,0 e, depois do imposto, passou para 6,28, o consumidor arca com R$ 0,28 do imposto.

    O tributo a ser pago e o preo lquido recebido pelo produtor sero, respectivamente (considerando que T=10%=0,1):

    T = 6,28.T = 0,628 (o tributo a ser pago 10% sobre 6,28)

    Preo a ser recebido pelo produtor: P' = 6,28 - 0,628 = 5,652

    Assim, no caso de um imposto ad valorem por dentro alquota de 10%, o consumidor pagar 6,28, o valor do imposto ser 0,628. Deste valor de imposto, o consumidor arcar com 0,28; e o produtor arcar com o restante (0,628 - 0,28 = 0,348). O preo a ser recebido pelo produtor ser 5,652.

    Agora, faamos os mesmos clculos considerando um imposto ad valorem por fora alquota de 10%.

    b) Novo preo de equilbrio, diviso do nus do imposto entre consumidores e produtores:

    Considerando um imposto ad valorem por fora de 10%, o novo preo a ser utilizado na funo de oferta p/(1 + T), onde T=0,1 (10%). Assim, a nova funo de oferta ficar:

    S=-400 + 400p/(1+0,1)S=-400 + 400p/1,1 S = -400 + 363,64p

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    Igualando a curva de oferta com o imposto e a funo demanda, temos:

    -400 + 363,64p = 5000 - 500p p = 6,25 (novo preo de equilbrio)

    Como o preo de equilbrio era 6,0 e, depois do imposto, passou para 6,25, o consumidor arca com R$ 0,25 do imposto.

    O preo lquido recebido pelo produtor ser:

    P = 6,25.[1/(1+T)] = 6,25/(1,1)P = 5,682 (preo recebido pelo produtor)

    Tributo a ser pago: T= 5,682 x 10%= 5,682 x 0,1 = 0,568

    Assim, no caso de um imposto ad valorem por fora alquota de 10%, o consumidor pagar 6,25, o valor do imposto ser 0,568. Deste valor de imposto, o consumidor arcar com 0,25; e o produtor arcar com o restante (0,568 - 0,25 = 0,318). O preo a ser recebido pelo produtor ser 5,682.

    Comparando os valores encontrados para o imposto ad valorem por fora e por dentro, v-se que o imposto por dentro mais oneroso para o contribuinte (seja o contribuinte um consumidor ou um produtor), e isto vale para qualquer nvel de alquota.

    Existe ainda um meio alternativo de verificar a distribuio da carga tributria de um imposto especfico (em porcentagem) entre compradores e vendedores. So duas expresses bastante fceis (e tambm de simples memorizao) que envolvem o uso das elasticidades da demanda (Epd) e da oferta (Epo):

    Nota: nas frmulas acima, ns estamos utilizando o valor absoluto (mdulo) da elasticidade preo da demanda. Como sabemos, a Epd um valor negativo. Se eu no utilizasse o valor absoluto da Epd, teramos que colocar um sinal negativo na frente da Epd.

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    Utilizando a questo resolvida neste item, com a funo oferta e demanda, respectivamente, S=- 400 + 400p e D=5.000 - 500p; e com preo inicial de 6,4 e quantidade de equilbrio igual a 1800, podemos calcular as elasticidades:

    p dD 6,4f d ^ = l8 (- 500) = |- 1 781 = 1' 7 78

    p dS 6,4

    Obs: o termo dD/dp tem o mesmo significado que AD/Ap e para as equaes apresentadas no exemplo tero o mesmo valor do nmero que acompanha a varivel que est no denominador de AD/Ap. Assim, o valor de AD/Ap para inserirmos no clculo da Epd igual a -500 ( simplesmente o nmero que acompanha a varivel "p" na equao da demanda). Seguindo o mesmo raciocnio, o valor de AS/Ap para inserirmos no clculo de EPO igual a 400 (o nmero que acompanha a varivel "p" na equao da oferta).

    Verifiquemos agora a repartio da carga tributria:

    CTr =

    CTV =

    PO 1,42 2EP0 + EpD 1,422 + 1,7 78

    EPD 1,7 78EP0 + Epd 1,422 + 1, 778

    = 0,444 (44,4% do im posto)

    = 0, 556 (55,6% do im posto)

    Nota 1: uma vez calculado a CTc (carga tributria do consumidor), tambm podemos fazer CTv=1-CTc (o resultado ser o mesmo, j que CTc+CTv=1).

    Nota 2: observe que se Epd=0 (demanda totalmente inelstica), ento, os consumidores arcam com a totalidade da tributao (pois a carga tributria dos vendedores ser 0%). Raciocnio similar pode ser adotado para o caso de Epo=0.

    Se o governo impuser um imposto especfico de 0,9 (T=0,9), a diviso do nus ficar:

    Parcela paga pelos consumidores: 0,444 * 0,9 = 0,4 Parcela paga pelos vendedores: 0,556 * 0,9 = 0,5

    Veja que os valores so exatamente iguais queles calculados no incio do tpico para os mesmos dados .

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    6.3. Transferncias para frente e para trs

    Essas so duas nomenclaturas que podem aparecer em prova. Portanto, devemos ficar atentos a elas. So bastante simples:

    O ponto de anlise o produtor de determinado bem. Se este produtor consegue transferir grande parte do tributo para o comprador final, ento, ocorre transferncia para frente.

    Por outro lado, se o produtor no consegue transferir o tributo para o comprador final, por este ser elstico aos preos, ele pode tentar transferir o seu nus tributrio para a sua cadeia de insumos. Assim, ele pode barganhar com os fornecedores de matrias-primas para pagar mais barato por elas, ou pode at reduzir o salrio de seus trabalhadores. Neste caso, estar ocorrendo transferncia para trs. Ou seja, ele no consegue transferir o nus para o comprador final, mas o faz em direo a quem ele (o produtor) tem que pagar (empregados, fornecedores, etc). Neste caso, ele barganhar para pagar valores mais baratos pela mo de obra e pelos insumos produtivos.

    6.5. Faz diferena cobrar o imposto dos consumidores ou dos produtores?

    Suponha um mercado competitivo e o governo decida impor um imposto (especfico ou ad valorem). Ser que o fato de o imposto ser recolhido por produtores faz com que estes paguem mais ou menos? E se o mesmo for recolhido por consumidores, ser que isto faz com que estes paguem mais?

    A resposta a estas perguntas NO. Se, por exemplo, o governo cobrar um imposto especfico sobre um produto, o preo do bem aps o imposto, a repartio do nus e a nova quantidade de equilbrio sero as mesmas, independentemente se o imposto cobrado de consumidores ou produtores.

    Suponha as curvas de demanda e oferta:D = 1000 - 25PO = 200 + 25P

    O preo e quantidade de equilbrio sero, respectivamente, P=16 e Q=600. Suponha que o governo decida instituir um imposto especfico de R$ 4,00 sobre o produtor. Quais as novas condies de equilbrio?

    Nova oferta:

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  • O' = 200 + 25(P - 4) O' = 100 + 25P

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    Igualando nova oferta com a demanda (O' = D):

    100 + 25P = 1000 - 25P 50P= 900Pc = 18 (preo de mercado que o consumidor pagar)Pp = 14 (preo que o produtor receber pelo produto)Qe = 550 (basta substituir P=18 na funo oferta nova, ou na

    funo demanda antiga)

    Agora, faamos o mesmo procedimento, s que incidindo o imposto especfico sobre o consumidor, de tal forma que a funo demanda ser alterada:

    Nova demanda:D ' = 1000 - 25(P + 4)D ' = 900 - 25P

    Igualando a nova demanda com a oferta (D'=O):900 - 25P = 200 + 25P 50P = 700Pp = 14 (preo que o produtor receber pelo produto11)Pc = 18 (preo que o consumidor pagar pelo produto)Qe = 550 (basta substituir P=14 na nova demanda ou na funo

    oferta antiga)

    Estes resultados nos mostram que realmente os fatores definidores da repartio do nus tributrios so as elasticidades preo da oferta e da demanda, no importando sobre quem o imposto incide.

    A mesma concluso vale para o mercado de trabalho. Neste mercado, a demanda da mercadoria "trabalho" representada pelas firmas, e a oferta da mercadoria "trabalho" representada pelos trabalhadores, que so os ofertantes neste mercado.

    11 Quando ns calculamos o preo aps o imposto e o mesmo cobrado do vendedor, o preo encontrado aps igualarmos a demanda com a nova oferta j o preo que o bem ser transacionado no mercado (preo do consumidor). Por outro lado, quando fazemos a situao oposta, ou seja, quando calculamos o preo aps o imposto ser cobrado do consumidor, o preo encontrado aps igualarmos a oferta com a nova demanda NO o preo que o bem ser transacionado, mas sim o preo que o produtor receber pelo bem. Assim, neste ltimo caso, para descobrirmos o valor que o bem ser transacionado (preo do consumidor), devemos somar o valor do tributo. No nosso problema, devemos somar 4 (valor do imposto especfico) ao preo encontrado. Ento, o preo pago pelo consumidor ser igual a 18, portanto, igual ao valor encontrado na situao em que o governo cobrou o imposto dos vendedores.

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    Assim, no mercado de trabalho, assim como no mercado de bens, no importa sobre quem incide o imposto (sobre a oferta de trabalho ^ representada pelos trabalhadores, ou sobre a demanda de trabalho ^ firmas), a repartio de seu nus ser decidida pelas elasticidades preo da oferta e da demanda (neste caso, podemos utilizar a terminologia elasticidade "salrio" da demanda e/ou oferta, tendo em vista que o salrio o preo da mercadoria trabalho).

    Desta forma, quando o governo tributa a folha de pagamento do trabalhador e determina que o tributo seja recolhido pelo empregador, isso no significa necessariamente que o nus tributrio ser agasalhado pelo patro. Como sabemos, a repartio obedecer regra da elasticidade. O lado menos elstico pagar mais.

    Se a "mercadoria" trabalho possui muitos substitutos (h muitos trabalhadores desempregados que fazem o servio), fica claro que a elasticidade da demanda ser bastante alta. Neste caso, o lado mais inelstico, que o ofertante (trabalhador), ser apenado em maior grau pela incidncia tributria.

    7. A CURVA DE LAFFER

    Impostos mais altos no significam, necessariamente, maior arrecadao. A chamada Curva de Laffer, formulada por Arthur Laffer (economista da escola monetarista), mostra a relao entre os distintos nveis de tributao de certo imposto e a respectiva receita arrecadada pelo governo. A concluso a que se chega que, quando o nvel dos impostos passa de um certo limite, a arrecadao do governo comea a cair em vez de aumentar.

    A representao grfica do trabalho, conhecida como Curva de Laffer, tem a forma de uma meia-lua voltada para baixo. O eixo horizontal, x, representa a carga de tributos e o eixo vertical, y, representa a arrecadao do governo. Com a alquota zero, a arrecadao, naturalmente, nula. medida que a alquota aumentada, a renda que o governo recebe dos cidados e das empresas crescente at atingir o nvel de arrecadao tima (T*). Desse ponto em diante, medida que o governo continua aumentando a alquota do imposto, a receita cai at chegar a zero com o imposto de 100%.

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    Figura 10

    Ou seja, a curva de Laffer nos diz que, s vezes, o aumento desenfreado dos impostos pode reduzir a arrecadao. Isto ocorre porque a tributao excessiva provoca sonegao fiscal, fuga do consumo e desestmulo produo. Estes trs fatores provocam reduo da produo e da renda, causando, por conseguinte, reduo da arrecadao fiscal.

    Bem pessoal, por hoje s!

    Esperamos que tenham gostado (e aprendido). Agora, como de costume, seguem vrios exerccios, principalmente da FCC.

    Abraos e bons estudos Heber Carvalho e Jetro Coutinho

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    RESUMO DA AULA

    Sistema Tributrio Ideal> Obteno de receitas para financiar os gastos pblicos;> Os tributos seriam escolhidos de forma a minimizar sua interferncia no sistema

    de mercado, a fim de no torn-lo (mais) ineficiente (princpio da neutralidade);> A distribuio do nus tributrio deve ser equitativa entre os diversos indivduos

    de uma sociedade (equidade);> Cada indivduo deveria ser taxado de acordo com sua habilidade para pagar

    (equidade -> capacidade de pagamento);> Os tributos deveriam ser universais, cobrados sem distino para indivduos em

    situaes similares;

    Princpios

    Lump-sum x Excise tax> Lump-sum um tributo por montante nico. Do ponto de vista da eficincia

    econmica ideal, pois no altera o equilbrio do mercado.> Excise tax um imposto de sobretaxa, acrescentada ao preo de cada unidade do

    produto.

    Princpio da Eqidade sob a faceta da capacidade contributiva> Equidade Horizontal: Indivduos com capacidades iguais devem pagar o mesmo

    montante de tributos

    > Equidade vertical: indivduos com diferentes habilidades devem pagar tributos em montantes diferenciados.

    Tipos de impostos1. C ritrio d a p ro ced n c ia (coercib ilid ad e):

    > Originrias: Explorao de atividades econmicas da Adm. Pblica> Derivadas: Arrecadao por meio da coercitividade, soberania estatal.

    2 . Im p ostos d ireto s e in d ireto s> Diretos: Incidem sobre a renda e riqueza. (Ex: IR, IPVA, IPTU_> Indiretos: Incidem sobre mercadorias e servios. (Ex: ICMS, ISS)

    Princpio da neutralidade

    Princpio do benefcioPrincpio da equidade

    Princpio da capacidade ou habilidade de pagamento

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    3. Im p ostos e sp ec fico s e ad v a lo rem (c la ssifica o d en tro d os Im p ostos Indiretos):> Especficos (ad rem): Cobrado em um valo rnico, independente da

    quantidade transacionada> Ad valorem: cobrado com base em uma alquota

    4. Im p ostos p rop orcion a is, p ro g ressiv o s e regressivos:> Proporcionais: Equidade horizontal. Indivduos com capacidades iguals de

    pagar, pagam o mesmo montante percentual de suas rendas.> Progressivos: Equidade Vertical (pode coadunar-se tambm com a

    horizontal). Indivduos com capacidades desiguais para pagar, pagam montantes percentuais desiguais de sua renda. Os que tem mais, pagam mais.

    > Regressivos: Tributa de forma mais aguda as classes mais pobres. No Brasil, os impostos indiretos so regressivos e pioram a distribuio de renda.

    Tributao do Consumo no Brasil> Impostos cumulativos: Aplica-se ao faturamento ou ao montante que vendido.

    ineficiente economicamente> IVA: Equivalente a um imposto s ore vendas somente ao consumidor final.

    mais neutro do que o imposto cumulativo. Favorece a transparncia.

    Tributao tima de mercadorias

    ^ A ineficincia de qualquer imposto determinada pela medida em que os consumidores e produtores alteram seu comportamento para evitar o imposto. As elasticidades determinam a ineficincia do imposto.

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    a) Mercado inelstico b) Mercado elstico

    R egra d e R am sey

    1T = . X

    \Epd\

    > Regra da elasticidade invertida: bens com alta Epd devem ser tributados a uma alquota mais baixa; bens com baixa Epd devem ser tributados a alquotas mais altas.

    > Regra da base ampla (suavizao da tributao): melhor tributar uma grande variedade de bens a uma alquota moderada do que tributar poucos bens a uma alquota elevada. Quanto maior a alquota, maior o acrscimo de peso morto decorrente de mais aumentos da alquota.

    Incidncia Tributria (Repartio do nus tributrio)

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    a) Oferta elstica, b) Oferta ineistica,demanda ineistica demanda elstica

    > Quem reage mais, paga menos imposto. O nus cai sob o lado menos elstico do mercado.

    > Quando a demanda totalmente inelstica, os consumidores arcam com toda a tributao

    > Se a oferta for totalmente inelstica, os produtores arcam com a tributao.> O lado do mercado sobre o qual o imposto lanado irrelevante para

    determinar o nus tributrio, sendo que este determinado pelas elasticidades da demanda e da oferta.

    Clculo dos impostos> Imposto por dentro: S=-400 + 400p(1-0,1)> Imposto por fora: S=-400 + 400p/(1+0,1)

    Curva de Laffer

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    QUESTES COMENTADAS

    01. (FCC - ICMS/RJ - 2014) Grande parte do debate sobre a poltica tributria se estabelece em torno do fato de "se os ricos pagam uma parcela justa de impostos". Uma das formas de se avaliar essa questo adequadamente verificar quanto as famlias de diferentes nveis de renda pagam de tributos, em proporo renda, no atual sistema tributrio.Nesse sentido, os sistemas tributrios podem ser classificados em trs tipos, a saber:I. Um sistema tributrio com imposto em que os contribuintes com altas rendas e aqueles com rendas menores pagam a mesma frao de sua renda.II. Um sistema tributrio com imposto em que os contribuintes com altas rendas pagam uma frao menor de sua renda que os contribuintes com rendas menores.III. Um sistema tributrio com imposto em que os contribuintes com altas rendas pagam uma frao maior de sua renda que aqueles com rendas menores.Os sistemas tributrios I, II e III contm, respectivamente,(A) equidade horizontal, equidade regressiva e equidade progressiva.

    (B) imposto proporcional horizontal, imposto regressivo vertical e imposto progressivo vertical.

    (C) imposto horizontal proporcional, imposto vertical regressivo e imposto vertical progressivo.

    (D) imposto vertical, imposto horizontal e imposto gradual.

    (E) imposto proporcional, imposto regressivo e imposto progressivo.

    Comentrios:Quando se diz equidade, ns podemos apontar duas classificaes: equidade horizontal e/ou vertical.Quando se fala em imposto, ns podemos apontar, em uma das vrias classificaes possveis, 03 tipos de impostos: progressivo, regressivo, proporcional.Nas alternativas, a banca fez uma salada, misturando tudo, criando vrias classificaes no encontradas na doutrina. Nunca vimos (nos livros mais tradicionais) classificaes como: imposto vertical regressivo, ouprogressivo vertical! Imposto gradual? Nem sonhando ...

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    Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho - Aula 01Enfim, a nica a alternativa que no "inventa" nada a letra E, que justamente o gabarito.

    1. Imposto proporcional: Um sistema tributrio com imposto em que os contribuintes com altas rendas e aqueles com rendas menores pagam a mesma frao de sua renda.II. Imposto regressivo: Um sistema tributrio com imposto em que os contribuintes com altas rendas pagam uma frao menor de sua renda que os contribuintes com rendas menores.III. Imposto progressivo: Um sistema tributrio com imposto em que os contribuintes com altas rendas pagam uma frao maior de sua renda que aqueles com rendas menores.

    Gabarito: E

    02. (FCC - ICMS/RJ - 2014) As caractersticas do sistema tributrio de um pas afetam a distribuio de renda da sociedade. A equidade entre os grupos de renda um princpio importante no projeto de um sistema tributrio.Suponha que o governo