aula 01 direito constitucional em exercicio

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CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 1 Constituição: Conceito; Classificação; Aplicabilidade e Interpretação das Normas Constitucionais. Organização dos Poderes do Estado. Conceito de Poder: Separação, Independência e Harmonia. Bom dia! Seja bem-vindo à primeira aula do nosso curso. Iniciaremos, hoje, um curso de revisão dos principais aspectos do Direito Constitucional relacionados ao edital do concurso de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB). Realizaremos essa breve revisão a partir de recentes questões da ESAF, para que, ao final, você esteja atualizadíssimo nos assuntos que têm sido cobrados pelos atuais examinadores dessa banca. Considerando que o objetivo de um curso de exercícios é revisar um conteúdo já conhecido, tentaremos apresentar comentários breves às questões, destacando apenas o que há de mais relevante sobre o conteúdo nelas cobrado (ou seja, o que teria maior chance de ser cobrado nas próximas provas). Em suma, a didática utilizada será, na medida do possível, a seguinte: ao abordar a primeira questão sobre o assunto, os comentários serão mais amplos, revisando os principais conceitos correlatos, ainda que não diretamente nela abordados; em seguida, ao examinar as demais questões sobre o mesmo assunto, os comentários serão mais breves, evitando-se repetições desnecessárias e cansativas – afinal, você não estuda só Direito Constitucional, mas sim diversas disciplinas (ainda mais agora, com esse novo edital), e, com isso, seu tempo é valiosíssimo! Nessa primeira aula, comentaremos o item 1 do edital, por meio das questões da ESAF que tratam das normas constitucionais em si, sua classificação, eficácia, princípios e métodos de interpretação, classificação das Constituições etc. Depois resolveremos algumas questões que versam sobre Organização dos Poderes, mas de acordo com o exigido no item 5 do edital. Assim, da forma que foi explicado na Aula 0, selecionaremos questões que, a nosso entender, têm maior relação com a teoria da separação, independência e harmonia dos poderes. Pelo teor do edital, é o que parece ter mais chances de cair (apesar de haver a possibilidade de vir qualquer questão sobre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário). Para quem preferir, as questões estão listadas no final da aula, para que possam ser resolvidas sem os comentários.

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Aula 1 – Constituição: Conceito; Classificação; Aplicabilidade e Interpretação das Normas Constitucionais. Organização dos Poderes doEstado. Conceito de Poder: Separação, Independência e Harmonia.

Bom dia!

Seja bem-vindo à primeira aula do nosso curso.

Iniciaremos, hoje, um curso de revisão dos principais aspectos do Direito Constitucional relacionados ao edital do concurso de Auditor Fiscal daReceita Federal do Brasil (AFRFB).

Realizaremos essa breve revisão a partir de recentes questões da ESAF,para que, ao final, você esteja atualizadíssimo nos assuntos que têm sido cobrados pelos atuais examinadores dessa banca.

Considerando que o objetivo de um curso de exercícios é revisar um conteúdo já conhecido, tentaremos apresentar comentários breves àsquestões, destacando apenas o que há de mais relevante sobre o conteúdo nelas cobrado (ou seja, o que teria maior chance de ser cobrado nas próximas provas).

Em suma, a didática utilizada será, na medida do possível, a seguinte: aoabordar a primeira questão sobre o assunto, os comentários serão maisamplos, revisando os principais conceitos correlatos, ainda que não diretamente nela abordados; em seguida, ao examinar as demais questões sobre o mesmo assunto, os comentários serão mais breves, evitando-se repetições desnecessárias e cansativas – afinal, você nãoestuda só Direito Constitucional, mas sim diversas disciplinas (ainda maisagora, com esse novo edital), e, com isso, seu tempo é valiosíssimo!

Nessa primeira aula, comentaremos o item 1 do edital, por meio dasquestões da ESAF que tratam das normas constitucionais em si, sua classificação, eficácia, princípios e métodos de interpretação, classificação das Constituições etc.

Depois resolveremos algumas questões que versam sobre Organizaçãodos Poderes, mas de acordo com o exigido no item 5 do edital. Assim, daforma que foi explicado na Aula 0, selecionaremos questões que, a nosso entender, têm maior relação com a teoria da separação, independência e harmonia dos poderes. Pelo teor do edital, é o queparece ter mais chances de cair (apesar de haver a possibilidade de virqualquer questão sobre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário).

Para quem preferir, as questões estão listadas no final da aula, para quepossam ser resolvidas sem os comentários.

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Iniciaremos o nosso curso com o assunto eficácia e aplicabilidade dasnormas constitucionais. Vamos fazer uma breve revisão sobre esse tema?Vamos lá, então...

Primeiro: todas as normas constitucionais possuem eficácia jurídica. Assim, não existem normas desprovidas de eficácia jurídica no texto daConstituição. O que se admite é a existência de uma variação no graude eficácia e aplicabilidade dessas normas, isto é, todas têm eficácia, mas o grau dessa eficácia é variável.

Enfim, algumas normas já produzem seus efeitos essenciais com a simples promulgação da Constituição. Outras têm um grau de eficácia reduzido, já que só produzem os seus plenos efeitos quando forem regulamentados por lei.

Portanto, nesse primeiro assunto, não estaremos separando as normasconstitucionais em “normas eficazes” e “normas ineficazes”. Estaremos, apenas, identificando os diferentes graus de eficácia de tais normas - mas, partindo sempre da idéia de que todas elas possuem eficáciajurídica.

Você pode nos perguntar: o mesmo pode ser afirmado quanto aopreâmbulo da Constituição? E quanto às normas integrantes do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT?

A resposta é não e sim, respectivamente. Vamos explicar:

A jurisprudência do STF assentou-se no sentido de que o preâmbulo não é norma constitucional; trata-se de mera manifestação de cunho político/filosófico/ideológico que não se insere no âmbito do DireitoConstitucional. Portanto, o preâmbulo não possui a mesma força normativa das demais normas constitucionais, não serve de parâmetro para a declaração da inconstitucionalidade das leis, não impõe limite ao poder constituinte derivado ao emendar a Constituição e não é de observância obrigatória pelos estados-membros na elaboração de suas Constituições (os estados não precisam nem mesmo criar preâmbulo naConstituição Estadual!).

Já o ADCT é uma norma constitucional como qualquer outra, ressalvada a sua natureza transitória; a única distinção entre uma norma do ADCT e uma norma que integra a parte dogmática (corpo principal) daConstituição é a natureza transitória da primeira; uma vez ocorrida asituação transitória prevista na norma do ADCT, esgota-se a sua eficácia; portanto, as normas do ADCT são formalmente constitucionais, têm a mesma rigidez das demais, situam-se no mesmo nível hierárquico dasdemais normas constitucionais (não há subordinação entre norma

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integrante do ADCT e norma do corpo principal da Constituição) epodem ser modificadas (ou revogadas, ou acrescentadas) por emendaà Constituição.

Veja que as peculiaridades dessas normas – do preâmbulo e do ADCT – não retiram a validade da máxima segundo a qual “todas as normasconstitucionais possuem eficácia jurídica”. Por que não? Porque o preâmbulo não integra o Direito Constitucional, e as normas do ADCT têm sim eficácia jurídica, enquanto não ocorrida a situação nelasprevista.

Antes de iniciarmos a primeira questão, vale comentar que quanto aoassunto “aplicabilidade das normas constitucionais”, o mais comum, em praticamente 100% dos casos, é a ESAF cobrar aquela famosaclassificação do prof. José Afonso da Silva: normas constitucionais deeficácia plena, limitada e contida.

Veja essa assertiva:

1) (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) As normas constitucionais de eficácia contida são aquelas que apresentam aplicabilidade reduzida, haja vista necessitarem de norma ulterior para que sejam aplicadas.

Item errado.

O Professor José Afonso da Silva divide as normas constitucionais em trêsdiferentes graus de eficácia: eficácia plena, eficácia contida e eficácialimitada.

As normas de eficácia plena são aquelas que já estão aptas paraproduzirem os seus plenos efeitos com a simples entrada em vigor daConstituição, independentemente de regulamentação por lei.

São, por isso, dotadas de aplicabilidade imediata (porque estão aptaspara produzir efeitos imediatamente, com a simples promulgação daConstituição), direta (porque não dependem de nenhuma norma regulamentadora intermediária para a produção de efeitos) e integral (porque já produzem seus essenciais efeitos).

As normas de eficácia contida (ou restringível) são aquelas que tambémestão aptas para a produção de seus plenos efeitos com a simples promulgação da Constituição (têm aplicabilidade direta e imediata), mas que podem ser restringidas. O direito nelas previsto é imediatamenteexercitável, com a simples promulgação da Constituição, mas esse exercício poderá ser restringido no futuro.

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São, por isso, dotadas de aplicabilidade imediata (porque estão aptaspara produzir efeitos imediatamente, com a simples promulgação daConstituição), direta (porque não dependem de nenhuma norma regulamentadora intermediária para a produção de efeitos), mas não- integral (porque sujeitas à imposição de restrições).

Ou seja, a assertiva está ERRADA, pois as normas de eficácia contida são dotadas de aplicabilidade imediata e, por isso, não necessitam de leiposterior para que sejam aplicadas. Na realidade, lei posterior viria para restringir o exercício do direito nelas previsto.

É importante comentar ainda que as restrições às normas de eficáciacontida podem ser impostas:

a) por lei (exemplo: art. 5º, XIII, da CF/88, que prevê as restrições ao exercício de trabalho, ofício ou profissão, que poderão ser impostas pela lei que estabelecer as qualificações profissionais);

b) por outras normas constitucionais (exemplo: art. 139 da CF/88, que impõe restrições ao exercício de certos direitos fundamentais, durante operíodo de estado de sítio);

c) por conceitos ético-jurídicos geralmente aceitos (exemplo: art. 5º, XXV, da CF/88, em que o conceito de “iminente perigo público” autoriza a autoridade competente a impor uma restrição ao direito depropriedade, requisitando administrativamente a propriedade particular).

Um bom exemplo de norma constitucional de eficácia contida é o inciso XIII do art. 5º: “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.

Veja que essa norma assegura, com a simples promulgação daConstituição, o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, mas se sujeita à imposição de restrições futuras por parte do legislador ordinário, devendo ser interpretada da seguinte maneira:

a) enquanto não estabelecidas em lei as qualificações profissionais necessárias para o exercício de determinada profissão, o seu exercícioserá amplo, vale dizer, qualquer pessoa poderá exercê-la;

b) em um momento seguinte, quando a lei vier a estabelecer as qualificações profissionais necessárias para o exercício dessa profissão, só poderão exercê-la aqueles que atenderem a essas qualificações previstas em lei.

Passemos à questão seguinte, que trata da última classificação: normas de eficácia limitada.

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2) (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) As normas constitucionais de eficácia limitada estreitam-se com o princípio da reserva legal, haja vista regularem interesses relativos àdeterminada matéria, possibilitando a restrição por parte do legislador derivado.

Item errado.

É de se observar que, apesar de se referir à eficácia limitada, a assertiva apresenta um conceito relacionado com as normas de eficácia contida,pois é característica desse tipo de norma a possibilidade de restrição pelo legislador ordinário. Portanto, está ERRADA.

As normas de eficácia limitada são aquelas que só produzem seus plenos efeitos depois da exigida regulamentação. Elas asseguram determinado direito, mas esse direito não poderá ser exercido enquanto não forregulamentado pelo legislador ordinário. Enquanto não expedida aregulamentação, o exercício do direito permanece impedido.

São, por isso, dotadas de aplicabilidade mediata (só produzirão seus efeitos essenciais posteriormente, depois da regulamentação por lei), indireta (não asseguram, diretamente, o exercício do direito, dependendo de norma regulamentadora intermediária para tal) ereduzida (com a promulgação da Constituição, sua eficácia é meramente “negativa”, isto é, com a simples entrada em vigor da Constituição, elas já servem de parâmetro para a realização do controlede constitucionalidade das leis, para o fim de ser declarada arevogação da legislação pretérita em sentido contrário, bem assim a inconstitucionalidade da legislação posterior em sentido contrário).

Sobre as normas de eficácia limitada ainda devemos comentar que sãodivididas pelo Professor José Afonso da Silva em dois grupos distintos:

a) de princípio institutivo ou organizativo;

b) de princípio programático.

As normas definidoras de princípio institutivo ou organizativo são aquelas em que a Constituição estabelece regras para a futura criação, estruturação e organização de órgãos, entidades ou institutos, mediante lei. São exemplos: “a lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios” (art. 33); “a lei disporá sobre a criação,estruturação e atribuições dos Ministérios” (art. 88); “a lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional” (art. 9 1 , § 2o); “a lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e condições de exercício dos órgãos da Justiçado Trabalho” (art. 113).

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As normas constitucionais definidoras de princípios programáticos são aquelas em que a Constituição estabelece os princípios e diretrizes a serem cumpridos futuramente pelos órgãos estatais (legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos), visando à realização dos fins sociais do Estado.

Constituem programas a serem realizados pelo Poder Público, disciplinando interesses econômico-sociais, tais como: realização dajustiça social; valorização do trabalho; amparo à família; combate aoanalfabetismo etc. Esse grupo é composto pelas chamadas normas programáticas. Exemplos: o art. 3º; o parágrafo único do art. 4º; o art. 7º, XX; o art. 7º, XXVII; o art. 173, § 4º; o art. 216, § 3º.

Veja que, embora essas terminologias - definidoras de princípio institutivo ou organizativo e definidoras de princípio programático - não sejam “amigáveis”, na prova é fácil distinguir um grupo do outro. Isso porque, como são apenas dois grupos, se a norma de eficácia limitada não está ligada à criação, estruturação e organização de órgãos ou entidades, certamente ela é uma norma definidora de princípio programático (norma programática).

Essas classificações elaboradas pelo prof. José Afonso da Silva são frequentemente cobradas em provas da ESAF. Portanto, não deixe dememorizá-las!

Sintetizando:

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3) (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) O condicionamento da aplicação de direitos e garantias fundamentais à preexistência de lei, não retira o poder normativo do dispositivo constitucional, haja vista impor ao legislador e ao aplicador da norma limites de atuação.

Item certo.

O fato de a Constituição condicionar o exercício da aplicação de certos direitos e garantias fundamentais à regulamentação por lei não retira aforça normativa dessas normas constitucionais de eficácia limitada.

É importante você ter em mente que mesmo uma norma constitucional dependente de regulamentação já tem alguma eficácia com a sua simples entrada em vigor.

Com efeito, podem-se destacar pelo menos dois efeitos da entrada em vigor de uma norma constitucional de eficácia limitada:

a) a revogação de todas as disposições contrárias ou incompatíveis comseus comandos; e

Eficácia

Plena

Eficácia

Contida

- Só produzem seus plenos efeitos depois da exigida regulamentação

- Aplicabilidade

- Princípio Institutivo → regras para a futura criação, estruturação e organização de órgãos, entidades ou institutos, mediante lei.

- Princípio Programático → princípios e diretrizes a serem cumpridos futuramente pelos órgãos

estatais visando à realização dos fins sociais do Estado.

Eficácia das normas constitucionais

Mediata (efeitos essenciais apenas após regulamentação)

Indireta (dependem de nenhuma norma regulamentadora)

Reduzida (com a promulgação da Constituição, sua eficácia é

meramente “negativa”, isto é, revogam a legislação pretérita

e proíbem a legislação futura em sentido contrário)

- Produzem seus efeitos essenciais com a simples entrada em vigor

Imediata (aptas para produzir efeitos imediatamente)

Direta (não dependem de nenhuma norma regulamentadora)

Integral (já produzem seus integrais efeitos)

- Aplicabilidade

- Produzem seus efeitos essenciais, mas eles podem ser restringidos

Imediata (aptas para produzir efeitos imediatamente)

Direta (não dependem de nenhuma norma regulamentadora)

Não integral (sujeitas à imposição de restrições)

- Aplicabilidade

Eficácia

Limitada

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b) a vedação à produção legislativa ulterior que seja com elaincompatível.

Significa dizer, em simples palavras, que com a simples entrada em vigor da Constituição, as normas de eficácia limitada, mormente as de princípio programático, já servem de parâmetro para a realização do controle de constitucionalidade das leis.

Ademais, mesmo antes de sua regulamentação por lei, essas normas deeficácia limitada servem como parâmetro para a interpretação do texto constitucional.

4) (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) Caberá mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Logo, poderá ser impetrado o remédio constitucional para sanar a omissão de norma de eficácia contida.

Item errado.

A primeira parte da assertiva está de acordo com o art. 5°, LXXI, que tratado mandado de injunção. Mas o questionamento é: seria compatível a utilização desse instrumento para exigir a edição de lei que vise a regulamentar norma de eficácia contida?

Bom, o direito previsto em norma constitucional de eficácia contida não depende de lei regulamentadora para o seu exercício (são dotadas de aplicabilidade direta e imediata). Assim, a lei regulamentadora, sehouver, virá para restringir o direito que era plenamente exercitável.

Logo, não cabe mandado de injunção diante da falta de normaregulamentadora de direito previsto em norma de eficácia contida.

O mandado de injunção é remédio para falta de normaregulamentadora de direito previsto em norma de eficácia limitada (poisneste tipo de norma sim, o exercício do direito depende da expediçãode norma regulamentadora).

5) (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata e eficácia plena.

Item errado.

Determina a Constituição Federal que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata (art. 5º, § 1º).

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Entretanto, isso não significa que sejam todos os direitos e garantias fundamentais dotados de eficácia plena, haja vista muitos deles estaremconsagrados em normas programáticas (de eficácia limitada, portanto), dependentes de regulamentação por lei para a produção de seus efeitos essenciais.

Por exemplo: os direitos fundamentais sociais previstos nos incisos XX (“proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei”) e XXVII (“proteção em face da automação, na forma da lei”) do art. 7º da Constituição são normas tipicamente programáticas, dependentes de lei para a produção de seus efeitos essenciais.

6) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) São constitucionais as normas que dizem respeito aos limites, e atribuições respectivas dos poderes políticos, e aos direitos fundamentais. As demais disposições que estejam na Constituição podem ser alteradas pelo quórum exigido para a aprovação das leis ordinárias.

Item errado.

Além da classificação do prof. José Afonso da Silva, observa-se que as normas constitucionais podem ser divididas em materiais e formais. A assertiva trata da classificação das normas constitucionais em sentidomaterial (ou substancial).

No sentido material de Constituição, as normas constitucionais são identificadas a partir do seu conteúdo, isto é, nessa concepção só são normas constitucionais aquelas que tratam de matérias substancialmenteconstitucionais (organização e finalidades do Estado e direitos fundamentais, por exemplo).

As demais normas constitucionais, ainda quando expressamente integrantes de uma Constituição escrita e rígida, são, tão-somente, formalmente constitucionais (isto é, têm forma de Constituição, porqueintegram um documento constitucional solenemente elaborado e dotado de rigidez; mas, não têm substância de Constituição, por nãoversarem sobre matéria de relevância para a organização do Estado).

Aí você nos pergunta: E quais são, exatamente, esses temas substancialmente constitucionais? Bom, esse assunto não é nadapacífico (muito pelo contrário, é altamente controvertido!), mas há um núcleo de temas sobre os quais não há muita controvérsia. Nesse sentido, pode ser considerado materialmente constitucional aquele conteúdo que verse sobre organização do Estado, distribuição de competências,

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regulação do exercício do poder e limites ao poder do Estado (direitos fundamentais).

Todavia, quando determinado Estado concentra a Constituição em umdocumento solene e rígido, escrito por um órgão soberano, são consideradas constitucionais não só as normas materialmente constitucionais, mas também as demais.

Veja o caso da nossa CF/88. Ao tratar de ordem econômica e social, elatraz normas que podem não ser materialmente constitucionais, mas nãosão hierarquicamente inferiores às demais, tendo sim caráterconstitucional. E, com isso, sua alteração requer procedimento maisrígido que o das leis ordinárias, como qualquer outra norma constitucional. Daí o erro da questão.

Por fim, guarde os seguintes detalhes sobre esse assunto:

I – O conceito de Constituição em sentido formal só existe em Estados deConstituição rígida e escrita;

II – O fato de determinada norma não tratar de temas propriamente(materialmente, substancialmente) constitucionais não a torna inferior às demais;

III – Para fins de controle de constitucionalidade e de aplicabilidade das normas constitucionais não importa se a norma inserida na Constituição é(ou não) substancialmente constitucional.

7) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A Constituição material é o peculiar modo de existir do Estado, reduzido, sob a forma escrita, a um documento solenemente estabelecido pelo poder constituinte esomente modificável por processos e formalidades especiais nela própria estabelecidos.

Item errado.

Observe que a assertiva trouxe a noção de Constituição formal, que serelaciona com um documento solene e rígido, independentemente do conteúdo tratado.

Como vimos, a Constituição em sentido material tem conteúdo propriamente constitucional, independentemente de estar ou nãosintetizada em determinado documento escrito.

8) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A constituição formal designa as normas escritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, a organização dos seus órgãos e os direitos fundamentais.

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Item errado.

A assertiva trouxe a definição de constituição material. Só faz sentidofalarmos em constituição formal caso haja um documento solene único, com formalidades especiais (constituições escritas e rígidas).

9) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A Constituição contém normas fundamentais da ordenação estatal que servem para regular os princípios básicos relativos ao território, à população, ao governo, à finalidade do Estado e suas relações recíprocas.

Item certo.

Correto. Estão entre as normas fundamentais de ordenação estatalaquelas que regulam território, população e finalidade do Estado. É dese observar que nesse núcleo concentram-se as normas de conteúdo materialmente constitucional.

10 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) As normasprogramáticas não são auto-aplicáveis porque retratam apenas diretrizes políticas que devem ser alcançadas pelo Estado Brasileiro, não possuindo caráter vinculante imediato.

Item errado.

Já comentamos sobre as normas programáticas, segundo a clássica lição de José Afonso da Silva. De outra forma, podemos também conceituar as normas programáticas como aquelas cuja concretização dependeria de providências situadas além do texto constitucional.

Está errado afirmar que não teriam as normas programáticas carátervinculante. Aliás, a entrada em vigor de um preceito de natureza programática vincula a atuação do Estado no sentido de buscar o seu alcance. Tanto é assim que pode ser questionada ainconstitucionalidade de uma ação estatal em sentido contrário.

11 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) As normasdefinidoras de direitos e garantias fundamentais são consideradas normas de aplicação mediata, embora direta e potencialmentenão integral.

Item errado.

Como regra, as normas definidoras de direitos e garantias fundamentais têm aplicabilidade imediata (CF, art. 5º, § 1º).

A regra, portanto, em se tratando de normas constitucionais definidorasde direitos e garantias fundamentais, é a auto-aplicabilidade (“eficácia plena”, nos dizeres de José Afonso da Silva).

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Mas já sabemos que essa regra não é absoluta, pois temos, no texto daConstituição Federal de 1988, direitos fundamentais consagrados em normas não auto-aplicáveis, dependentes de regulamentação para a produção dos seus efeitos essenciais. Mas, repita-se, a regra é a aplicação imediata, por força do § 1º do art. 5º da Constituição Federal.

12 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) É auto-aplicável anorma constitucional que prevê que a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedadas férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente.

Item certo.

As normas constitucionais podem classificar-se em auto-aplicáveis e nãoauto-aplicáveis.

No primeiro conceito enquadram-se aquelas disposições constitucionaisbastantes em si, completas e suficientemente precisas na sua hipótesede incidência.

Por outro lado, são não auto-aplicáveis as disposições incompletas ou insuficientes, para a efetivação das quais se faz necessária uma atuaçãodo legislador infraconstitucional.

Ressalte-se que não existe critério objetivo, preciso, que nos permitaidentificar, com segurança, quais normas constitucionais pertencem a um ou a outro grupo.

Nessa assertiva a ESAF cobrou o entendimento do STF sobre o art. 93, XII, incluído pela Reforma do Judiciário (EC n° 45/2004).

Num caso concreto, o Supremo entendeu que os atos normativos impugnados, que dispunham sobre as férias coletivas nos juízos e tribunais de 2º grau, violavam o art. 93 , XII. Na decisão é mencionado expressamente que essa norma constitucional proibitiva das fériascoletivas é auto-aplicável (ADI 3.823-MC, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 6-12-06, DJ de 23-11-07).

De qualquer forma, é de se observar não haver nesse inciso remissão ànecessidade de norma infraconstitucional para regulamentar ou dareficácia a esse preceito constitucional.

13 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) A norma constitucional que prevê que a lei só poderá restringir apublicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem é de eficácia limitada.

Item errado.

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A questão trata do art. 5°, LX, da CF/88:

“LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;”

Para não errar essa questão você deve identificar corretamente o sentido do comando constitucional. O direito fundamental em tela é o do princípio da publicidade dos atos processuais. Essa garantia do indivíduo decorre do princípio da proteção judicial efetiva e danecessidade de controle das decisões judiciais pelas partes e pelasociedade.

Entretanto, esse direito poderá vir a ser restringido pela lei, nos casos em que isso seja exigido pela defesa da intimidade ou pelo interesse social.

Diante disso, podemos concluir que, na realidade, trata-se de normaconstitucional de eficácia contida, uma vez que o direito previsto é imediatamente exercitável, com a simples promulgação da Constituição, mas esse exercício poderá ser restringido no futuro.

14 ) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) Sob o ponto de vista jurídico, a supremacia da Constituição sob os aspectos formal e material seapóia na regra da rigidez decorrente da maior dificuldade para modificação da Constituição do que para a alteração das demaisnormas jurídicas.

Item errado.

Devido à importância desse assunto para concursos, vamos nos deter um pouco mais nesse ponto.

Como visto, na concepção material (ou substancial) de Constituição, são constitucionais as normas – escritas ou não escritas – que estabelecem os elementos básicos de organização do Estado, vale dizer, as normas que tratam de matérias substancialmente constitucionais, tais como: as formas de aquisição e exercício do poder, a estruturação e as finalidades do Estado e os direitos fundamentais. Nessa concepção, leva-se em conta, para identificar uma norma constitucional, o seu conteúdo (não importando, em nada, o seu processo de elaboração).

Na concepção formal de Constituição, são constitucionais todas as normas que integram o texto de uma Constituição escrita, solenemente elaborada, por um processo distinto daquele de elaboração das demaisleis (constituição rígida), independentemente de seu conteúdo. Nessa concepção, leva-se em conta, para identificar uma norma constitucional, o processo de sua elaboração (não importando, emnada, o seu conteúdo).

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Aqui no Brasil, o conceito formal é o mais relevante, tendo em vista que adotamos uma Constituição do tipo rígida. E tudo que está no corpo danossa Constituição recebe o mesmo tratamento jurídico, consistente na sua supremacia sobre todo ordenamento jurídico.

Veja que a rigidez, ao exigir formalidades especiais para a elaboração das normas constitucionais, posiciona a Constituição em um patamar de superioridade hierárquica em relação a todas as demais normas doordenamento, em virtude da exigência dessas formalidades especiais. Essa superioridade hierárquica da Constituição, decorrente da exigência de formalidades especiais para elaboração de suas normas, é, precisamente, a chamada supremacia formal (isto é, supremaciadecorrente de forma, decorrente das formalidades especiais exigidaspara a elaboração das normas constitucionais).

Nesse sentido, não é o conteúdo, a matéria de que trata a norma, que lhe dará força sobre as demais. É o fato de estar dentro da Constituiçãoque proporcionará essa supremacia sobre todo o ordenamento jurídico.

Aliás, é por esse motivo que só se pode falar em supremacia formal dasnormas constitucionais sobre as demais leis do ordenamento num sistema de Constituição rígida. Afinal, se estamos num sistema de Constituição flexível, não há distinção entre os processos legislativos de elaboraçãodas normas constitucionais e das leis ordinárias. Ora, se no regime deConstituição flexível não há formalidades especiais para a elaboraçãodas normas constitucionais, não podemos falar em supremacia formal(que decorre, justamente, da exigência de formalidades especiais para a elaboração das normas constitucionais).

Assim, guarde que, independentemente do seu conteúdo, qualquernorma integrante de uma Constituição rígida terá o mesmo valor. Assim, podemos dizer que todo o processo de fiscalização daconstitucionalidade das leis leva em conta apenas o aspecto formal, asupremacia formal da Constituição.

Só não confunda esse conceito de supremacia formal (resultante darigidez constitucional) com a noção de supremacia material da Constituição, essa sim, decorrente da dignidade do conteúdo das normas constitucionais.

Como efeito, a noção de supremacia material da Constituição leva emconta a superioridade da norma constitucional em razão da dignidade de seu conteúdo (sem nenhuma relação com o seu processo de elaboração). Como exemplo, podemos destacar as normas que tratam

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de direitos fundamentais: diz-se que essas normas são dotadas desupremacia material, devido à dignidade de seu conteúdo, por tratar dematéria substancialmente constitucional.

Assim, num sistema de Constituição não-escrita, costumeira, flexível, não podemos falar na presença de supremacia formal das normasconstitucionais sobre as demais leis do ordenamento, pois não há diferença “de forma” entre elas (ambas são elaboradas pelo mesmoprocesso legislativo). Porém, mesmo nesse tipo de Constituição, podemosfalar na existência de supremacia material das normas constitucionais sobre as demais leis do ordenamento, em razão da “superioridade” doconteúdo daquelas sobre estas.

Exemplificando: num país de Constituição não-escrita, costumeira, não há processo legislativo especial para a elaboração de suas normas constitucionais (não há, portanto, rigidez constitucional). Assim, a uma lei será constitucional se versar sobre matéria considerada substancialmente constitucional pelo Estado; outra lei não terá esse mesmo status se tratar de assunto que nada tenha a ver com a organização do Estado. Nesse exemplo, a primeira lei (constitucional) é dotada de supremacia emrelação à segunda (ordinária), mas não em razão de formalidade, do processo legislativo de sua elaboração, pois o que as diferencia é a matéria, o seu conteúdo. Temos, aí, a chamada supremacia material (decorrente do conteúdo da norma).

Portanto, você deve saber distinguir “supremacia formal” (presentesomente nas Constituições que adotam a rigidez constitucional, porresultar do processo especial de elaboração das normas constitucionais)de “supremacia material” (decorrente da dignidade do conteúdo das normas substancialmente constitucionais sobre as demais leis do ordenamento).

Após essa explicação, você pode observar que a assertiva está ERRADA. A supremacia formal da Constituição relaciona-se com as Constituiçõesescritas e rígidas. Assim, ela se apóia na rigidez da Constituição como umdocumento solene que exige mais rigor na alteração de seu texto doque é exigido para as demais normas.

Todavia, essa não é uma característica da supremacia no aspecto material, que se apóia no conteúdo da norma.

15 ) (ESAF/APO/MPOG/2005) Uma norma constitucional que possua em seu texto a expressão “na forma da lei”, até a promulgação e publicação dessa lei, é classificada por José Afonso da Silva, quanto à sua aplicabilidade, como norma constitucional de eficácia contida.

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Item errado.

Embora essa regra não seja absoluta, a expressão “na forma da lei”normalmente indica uma norma constitucional de eficácia limitada (e não contida, como afirmado no enunciado).

Outras expressões que normalmente indicam uma norma constitucional de eficácia limitada são as seguintes: “cabe à lei...”; “a lei estabelecerá...”; “lei disporá sobre...”; “nos termos e limites estabelecidos em lei”.

Mas, que fique claro: não se trata de regra absoluta! Existem diversas normas constitucionais de eficácia limitada que não vêm acompanhadas de nenhuma dessas expressões. É o caso, por exemplo,do art. 3º e do parágrafo único do art. 4º da Constituição Federal, que são normas tipicamente programáticas (de eficácia limitada, portanto), mas não são acompanhadas de nenhuma dessas expressões indicativas.

16 ) (ESAF/AFT/2003) Segundo a melhor doutrina, as normas de eficácia contida são de aplicabilidade direta e imediata, no entanto, podem ter seu âmbito de aplicação restringido por uma legislação futura, por outras normas constitucionais ou por conceitos ético- jurídicos.

Item certo.

Como já comentado em assertiva no início desta aula, as normas de eficácia contida são aquelas que estão aptas para a produção de seus efeitos com a promulgação da Constituição (aplicabilidade direta e imediata), mas que podem ser ulteriormente restringidas. O direito nelas previsto é direta e imediatamente exercitável com a simples promulgação da Constituição, mas esse exercício poderá ser restringidono futuro.

Essa restrição poderá ser futuramente imposta por lei, por outras normas constitucionais ou pela utilização de conceitos ético-jurídicos geralmenteaceitos, tais como “eminente perigo público”, “utilidade pública”, “interesse social” etc.

17 ) (ESAF/AFRF/2000) As normas programáticas são, na sua maioria, normas auto-aplicáveis.

Item errado.

Às vezes acontece de haver uma questão antiga que precisamos utilizar para chamar sua atenção para determinado ponto. Nesses casos,continuaremos fazendo uso de questões um pouco mais antigas. Mas,

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fiquem tranqüilos, pois teremos o cuidado de não deixar de apresentar avocê questões recentes.

Feita essa ressalva, vamos à questão!

Como vimos, as chamadas “normas programáticas” são, na verdade, uma das espécies do gênero normas de eficácia limitada. Ora, se sãonormas de eficácia limitada, é porque não são auto-aplicáveis.

Com efeito, as normas de eficácia limitada são divididas pelo Prof. José Afonso da Silva em dois grupos: (i) de princípios institutivos ou organizativos; e (ii) definidoras de princípios programáticos. Lembre-se doque já falamos:

I - Princípios institutivos ou organizativos → criação, estruturação e organização de órgãos ou entidades

II - Princípios programáticos → diretrizes para serem seguidas pelosórgãos do Estado (legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos),visando à realização dos seus fins sociais.

Bem, as terminologias utilizadas pelo Prof. José Afonso da Silva não são tão simples, mas devem ser memorizadas. Então, para simplificar um pouco, pense nessa seqüência:

(1º) as normas de eficácia limitada podem ser de dois grupos distintos:definidoras de princípios institutivos ou organizativos e definidoras de princípios programáticos;

(2º) as primeiras dizem respeito à instituição, criação, estruturação ou organização de órgãos ou entidades;

(3º) as últimas são as chamadas “normas programáticas”, que estabelecem programas e diretrizes para a atuação futura dos órgãosestatais (desde que esses programas não digam respeito à criação, estruturação ou organização de órgãos ou entidades).

O enunciado está ERRADO porque afirma que as normas programáticassão, em sua maioria, normas auto-aplicáveis. Isso não é verdade, pois, sendo espécie de normas de eficácia limitada, tais normas não são auto- aplicáveis.

18 ) (ESAF/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/TCU/2006) Na aplicação do princípio da interpretação das leis em conformidade com a Constituição, o intérprete deve considerar, no ato deinterpretação, o princípio da prevalência da constituição e o princípio da conservação das normas.

Item certo.

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Iniciamos, agora, os comentários aos exercícios que abordam o assunto interpretação constitucional.

Esse enunciado está certo, pois retrata corretamente o princípio da interpretação conforme a Constituição.

Situado no âmbito do controle de constitucionalidade, esse princípio recomenda que, no caso de uma norma infraconstitucional de múltiplossignificados, seja dada prevalência àquele sentido que esteja conforme a Constituição.

Ou seja, ao invés de declarar inconstitucional a norma, o intérprete deve dar aplicação ao seu sentido compatível com a Constituição e afastar a aplicação daquele que seja desconforme.

Assim, prevalece a supremacia da Constituição (na medida em que repele a aplicação inconstitucional) e o princípio de presunção deconstitucionalidade das leis (que inclui o esforço de conservação danorma, já que deixa de declará-la inconstitucional como um todo).

Vale a ressalva de que nesse esforço não pode o aplicador da lei chegara uma interpretação que subverta o próprio sentido e teor da lei (ou seja, a fim de adequá-la à Constituição seguir interpretação dissonante com avontade do legislador). Isso porque essa forma de interpretação, naprática, transformaria o intérprete em legislador positivo.

Para você resolver as questões que possam vir na sua prova sobre osprincípios de interpretação constitucional, vamos revisar rapidamente os principais aspectos relacionados com o assunto.

Vamos, então, revisar a essência conceitual de cada um dos princípiosde interpretação constitucional.

Atenção: nesse assunto interpretação constitucional, convenhamos, aresponsabilidade maior será sua, caro concursando! Por quê? Ora, porque o conteúdo dos diferentes princípios é de fácil assimilação, dependendo apenas de uma boa leitura de sua parte, especialmente para se evitar que, na hora da prova, você confunda um princípio comoutro, pois alguns têm conceitos muito próximos!

PRINCÍPIO DA UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO

Segundo este princípio, o texto de uma Constituição deve ser interpretado de forma a evitar contradições (antinomias) entre suasnormas e, sobretudo, entre os princípios constitucionalmente estabelecidos. O intérprete deve considerar a Constituição na sua globalidade, procurando harmonizar suas aparentes contradições; não pode interpretar suas disposições como normas isoladas e dispersas, mas

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sim como preceitos integrados em um sistema interno unitário de regras e princípios.

PRINCÍPIO DO EFEITO INTEGRADOR

Corolário do princípio da unidade da Constituição, o princípio integradorsignifica que, na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, deve- se dar primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política.

PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE

O princípio da máxima efetividade (ou princípio da eficiência, ouprincípio da interpretação efetiva) reza que o intérprete deve atribuir ànorma constitucional o sentido que lhe dê maior eficácia, mais amplaefetividade social.

PRINCÍPIO DA JUSTEZA

O princípio da justeza (ou da conformidade funcional) estabelece que o órgão encarregado de interpretar a Constituição não pode chegar a umresultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcionalestabelecido pelo legislador constituinte.

PRINCÍPIO DA HARMONIZAÇÃO

O princípio da harmonização (ou da concordância prática) impõe acoordenação e combinação dos bens jurídicos – quando se verifique conflito ou concorrência entre eles – de forma a evitar o sacrifício (total) de uns em relação aos outros.

PRINCÍPIO DA FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO

Este princípio, desenvolvido por Konrad Hesse, impõe que, na interpretação constitucional, seja dada prevalência aos pontos de vistaque, tendo em conta os pressupostos da Constituição (normativa), contribuem para uma eficácia ótima da Lei Fundamental. O intérprete deve valorizar as soluções que possibilitem a atualização normativa, a eficácia e a permanência da Constituição.

INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO

O princípio da interpretação conforme a Constituição impõe que, no caso de normas polissêmicas ou plurissignificativas (que admitem mais de uma interpretação), dê-se preferência à interpretação que lhes compatibilize o sentido com o conteúdo da Constituição.

Como decorrência desse princípio, temos que:

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i) dentre as várias possibilidades de interpretação, deve-se escolher aque não seja contrária ao texto da Constituição (aqui, valoriza-se a supremacia da Constituição);

ii) a regra é a conservação da validade da lei, e não a declaração de sua inconstitucionalidade; uma lei não deve ser declarada inconstitucional quando for possível conferir a ela uma interpretação emconformidade com a Constituição (aqui, valoriza-se a presunção deconstitucionalidade das leis).

19 ) (ESAF/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/TCU/2006) Quando o intérprete, na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, dá primazia aos critérios que favoreçam a integração política e sociale o reforço da unidade política, pode-se afirmar que, no trabalho hermenêutico, ele fez uso do princípio da conformidade funcional.

Item errado.

Não tem jeito, você vai ter que memorizar os princípios de interpretação.Perceba que apenas pelo teor das expressões não é possível acertas asquestões sobre o assunto.

Sintetizando:

A assertiva trocou os conceitos do princípio do efeito integrador com oprincípio da conformidade funcional. Em verdade, segundo o princípio da conformidade funcional, ou da justeza, o intérprete deve prezar pelo esquema organizatório funcional estabelecido pelo constituinte, evitando subvertê-lo.

Unidade da Constituição

Efeito integrador

Máxima efetividade

Justeza (conformidade

funcional)

Harmonização

Força normativa da

constituição

Interpretação conforme a

constituição

evitar contradições (antinomias)

integração política e social e o reforço da unidade política

sentido que dê maior eficácia, mais ampla efetividade social

esquema organizatório-funcional

evitar o sacrifício (total) de uns em relação aos outros

atualização normativa, a eficácia e a permanência da

Constituição

preferência ao sentido da norma que a compatibilize com o

conteúdo da Constituição

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20 ) (ESAF/AFRF/2003) Somente o Supremo Tribunal Federal – STF está juridicamente autorizado para interpretar a Constituição.

Item errado.

Interpretar as normas constitucionais significar captar, compreender, investigar o conteúdo do texto constitucional em busca de seu sentido. Não é difícil perceber que essa tarefa é função não só do SupremoTribunal Federal, mas de todos os juízes e tribunais ao exercer a jurisdição.

O que talvez não seja intuitivo é que a interpretação da Constituição é tarefa que não se restringe nem mesmo ao Judiciário, visto que desempenhada pelos demais poderes no exercício de suas funções.

21 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) A interpretação conforme a Constituição consiste em procurar extrair o significado de uma norma da Lei Maior a partir do que dispõem as leisordinárias que preexistiam a ela.

Item errado.

O princípio da interpretação conforme a Constituição impõe que, no caso daquelas normas que admitem mais de uma interpretação, dê-se preferência à interpretação que lhes compatibilize o sentido com oconteúdo da Constituição.

Ao contrário, o conceito apresentado na questão seria o de interpretar as normas constitucionais de acordo com as leis pré-existentes. Ora, nãose interpreta a Constituição segundo as leis, mas sim essas em confrontocom aquela!

22 ) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Segundo a doutrina do conceito de constituição, decorrente do movimento constitucional do início do século XIX, deve ser afastado qualquer conteúdo que se relacione com o princípio de divisão ou separação de poderes, uma vez que tal matéria não se enquadra entre aquelas que se referem de forma direta à estrutura do Estado.

Item errado.

A doutrina apresenta a Constituição como sendo a lei fundamental e suprema do Estado e da sociedade. Assim, contém normas referentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma degoverno e aquisição do poder de governar, distribuição decompetências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos.

Segundo J. J. Gomes Canotilho, o conceito ideal de constituição, imposto a partir do triunfo do movimento constitucional no início doséculo XIX, identifica-se fundamentalmente com os postulados político-

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liberais, considerando-os como elementos materiais caracterizadores edistintivos os seguintes:

a) a constituição deve consagrar um sistema de garantias da liberdade (esta essencialmente concebida no sentido do reconhecimento de direitos individuais e da participação dos cidadãos nos atos do poder legislativo através do parlamento);

b) a constituição contém o princípio da divisão de poderes, no sentido de garantia orgânica contra os abusos dos poderes estatais;

c) a constituição deve ser escrita (documento escrito).

Já comentamos que o rol de temas substancialmente constitucional nãoé assunto totalmente pacificado (ao contrário, trata-se de assunto altamente controvertido). De qualquer forma, não há controvérsia em que as normas que tratam de organização do Estado, distribuição de competências e limitações ao poder são materialmente constitucionais. Assim, mesmo que você não conheça a lição de Canotilho, deve saber que o princípio da separação dos poderes inclui-se entre esses temas de organização do Estado e do poder estatal.

23 ) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) De acordo com o princípio da máxima efetividade ou da eficiência, princípio deinterpretação constitucional, a interpretação de uma norma constitucional exige a coordenação e combinação dos bens jurídicos em conflito, de forma a evitar o sacrifício total de uns em relação a outros.

Item errado.

O conceito apresentado refere-se ao princípio da harmonização.

24 ) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) O princípio de interpretação conforme a constituição não pode ser aplicado na avaliação da constitucionalidade de artigo de uma Emenda à Constituição promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputadose do Senado Federal.

Item errado.

Como visto, o princípio da interpretação conforme a Constituição éaplicável no âmbito do controle de constitucionalidade.

Imagine que uma emenda constitucional, regularmente aprovada (quanto ao aspecto procedimental) no Parlamento, venha a ter sua constitucionalidade questionada perante o Supremo Tribunal Federal.

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Primeiramente, pode uma emenda constitucional ter sua constitucionalidade contestada? Sim, pode, e veremos esse assunto commaiores detalhes na aula sobre controle de constitucionalidade.Continuando na nossa situação hipotética...

Ao julgar a matéria, suponha que o Supremo se depare com dois sentidos (duas formas de interpretação) para essa emenda, um compatível com a CF/88 e outro não. Assim, a fim de conservar a norma válida, o Supremo declarará constitucional a emenda, desde queinterpretada de determinada maneira (excluindo-se as demaisinterpretações).

Ou seja, a interpretação conforme a Constituição tem aplicação sobre qualquer norma que possa ser objeto de controle deconstitucionalidade, incluindo, portanto, as emendas constitucionais.

25 ) (ESAF/AFC/CGU/2006) O princípio de interpretação conforme aconstituição comporta o princípio da prevalência da constituição, o princípio da conservação de normas e o princípio da exclusão da interpretação conforme a constituição mas contra legem.

Item certo.

Observe como a ESAF adora o princípio da interpretação conforme aconstituição!

Está correta a questão, de acordo com o que foi explicado anteriormente. A interpretação conforme a constituição comporta:

I – o princípio da supremacia (ou prevalência) da Constituição, ao admitir apenas aquela interpretação compatível com a Lei Maior;

II – o princípio da conservação das normas, ao manter a normamediante a aplicação da interpretação que seja válida, protegendo-a contra a invalidação por inconstitucionalidade; e

III – vedação da interpretação contra legem , ao não admitir que seja encontrada uma forma de interpretação desconexa com a finalidadeoriginal do legislador, mesmo que seja compatível com a Constituição.

26 ) (ESAF/AFC/CGU/2006) A eficácia do método de interpretação jurídico clássico não é afetada pela estrutura normativo-material da norma constitucional a serem interpretada.

Item errado.

Passemos a analisar os métodos de interpretação.

O método jurídico (hermenêutico clássico) adota a premissa de que aConstituição é uma lei. Logo, interpretar a Constituição é interpretar uma

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lei. Daí o erro da questão, já que a estrutura normativo-material da norma influenciará de maneira preponderante o processo de interpretação.

Em suma, para a atividade de interpretação da Constituição, atribui-se grande importância ao texto constitucional: a função do intérprete é desvendar o sentido do texto, sem ir além do teor literal dos seuspreceitos.

Assim, desvenda-se o sentido as normas constitucionais por meio da utilização dos elementos: (i) literal ou textual (filológico); (ii) lógico(sistemático); (iii) histórico; (iv) teleológico (finalidade da norma); (v) genético (investigação das origens dos conceitos empregados no texto constitucional).

27 ) (ESAF/AFC/CGU/2006) No método de interpretação constitucional tópico-problemático, há prevalência da norma sobre o problema concreto a ser resolvido.

Item errado.

Essa questão trata dos métodos modernos de interpretaçãoconstitucional.

Além do método clássico de hermenêutica, a doutrina e a jurisprudência desenvolveram alguns métodos diferentes, mas que se complementam.

MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO

Baseia-se na priorização do estudo do caso concreto sobre a norma, já que parte da premissa de que a interpretação tem um caráter prático. Assim, procura-se encaixar o problema na interpretação mais conveniente, em face de possibilidades extraídas da polissemia desentido do texto constitucional. Observe que o caso concreto é o centrodo método. Em outras palavras, o problema concreto prevalece sobre anorma.

MÉTODO HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR

Reconhece a importância do aspecto subjetivo, da pré-compreensão que o intérprete tem daquela situação. Assim, a interpretaçãoconstitucional dá-se pela conjugação dessa pré-compreensão (juízo abstrato e antecipado sobre a norma) e o caso concreto (problema emrelação ao qual a norma constitucional é aplicada).

Em outras palavras, a interpretação tem como ponto de partida a pré-compreensão do intérprete, a quem compete concretizar a norma a partir de uma dada situação histórica.

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MÉTODO CIENTÍFICO-ESPIRITUAL

Método de interpretação sistêmico e espiritualista, que se baseia napremissa de que o intérprete deve levar em conta os valores subjacentes à Constituição (econômicos, sociais, políticos e culturais), integrando o sentido de suas normas a partir da "captação espiritual" da realidade da comunidade. Ou seja, as normas são analisadas menos pelo seu sentido textual e mais pela ordem de valores do mundo real, a fim de alcançar aintegração da Constituição com a realidade espiritual da comunidade.

MÉTODO NORMATIVO-ESTRUTURANTE

Distingue a “norma constitucional” do “texto da norma”. Ou seja, além do texto, a norma constitucional compreende também um domínio normativo, isto é, pedaço da realidade concreta, que o programa normativo só parcialmente contempla. Assim, a tarefa do intérprete abrange interpretar o texto da norma (elemento literal) e também verificar os modos de sua concretização na realidade social.

INTERPRETAÇÃO COMPARATIVA

Pretende captar a evolução de institutos jurídicos, normas e conceitos de vários ordenamentos jurídicos, identificando semelhanças e diferenças. Essa análise pode esclarecer o significado a ser atribuído a determinadas expressões presentes nas normas constitucionais.

Bom, quanto à nossa questão, você já percebeu o erro, não é? Diferentemente do que afirma a assertiva, no método tópico- problemático, o problema prevalece sobre a norma.

28 ) (ESAF/AFC/CGU/2006) O método de interpretação hermenêutico- concretizador prescinde de uma pré-compreensão da norma a ser interpretada.

Item errado.

Assim como vimos, o método hermenêutico-concretizador valoriza a pré- compreensão do intérprete sobre a norma a ser interpretada.

Bom, sabemos que não é fácil tentar captar todos esses conceitos deuma vez só... De qualquer forma, guarde o mais importante de cada método.

Sintetizando:

I) método jurídico = interpreta-se a constituição como se interpreta uma lei, utilizando-se dos tradicionais elementos filológico, lógico, histórico, teleológico e genético;

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II) método tópico problemático = confere primazia ao problema perante a norma, parte-se do problema para a norma;

III) método hermenêutico concretizador = pré-compreensão do sentido do texto constitucional através do intérprete, conferindo primazia à norma perante o problema, formando um círculo hermenêutico;

IV) método científico-espiritual = de cunho sociológico, leva em conta a ordem de valores subjacente ao texto constitucional, bem assim a integração do texto constitucional com a realidade da comunidade;

V) método normativo-estruturante = valorização da norma propriamente dita e da situação normada, do texto e da realidade social que o mesmo intenta conformar;

VI) método comparativo = comparação entre diferentes ordenamentos constitucionais, a partir do direito constitucional comparado.

29 ) (ESAF/AFC/STN/2008) “E preciso, pois, dizer o óbvio: a Constituição constitui (no sentido fenomenológico-hermenêutico); a Constituição vincula (não metafisicamente); a Constituiçãoestabelece as condições do agir político-estatal. Afinal, como bemassinala Miguel Angel Pérez, uma Constituição democrática é, antes de tudo, normativa, de onde se extrai duas conclusões: que a Constituição contém mandatos jurídicos obrigatórios, e que estes mandatos jurídicos não somente são obrigatórios senão que, muito mais do que isso, possuem uma especial força de obrigar, uma vez que a Constituição é a forma suprema de todo o ordenamentojurídico.” (STRECK, Lenio Luiz, Jurisdição constitucional e hermenêutica: uma crítica do direito. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004 , p.287).

Assinale a opção que indica com exatidão os princípios de hermenêutica constitucional utilizados no texto para sustentar a aplicabilidade das normas constitucionais.

a) Unidade da Constituição e razoabilidade.

b) Eficácia integradora e lógica do razoável.

c) Harmonização e proporcionalidade.

d) Reserva do possível e conformidade funcional.

e) Máxima efetividade e força normativa da Constituição.

Gabarito: “e”

Observa-se que o trecho ressalta a máxima efetividade e forçanormativa da Constituição.

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Pelas definições apresentadas anteriormente, é de se notar que, como observa a doutrina, os conceitos dos princípios da máxima efetividade eforça normativa da Constituição estão estreitamente vinculados, havendo vozes que consideram o primeiro como subprincípio do segundo.

30 ) (ESAF/AFRF/2000) Normas constitucionais não auto-aplicáveissomente se tornam normas jurídicas depois de reguladas por lei, uma vez que, antes disso, não são capazes de produzir efeito jurídico.

Item errado.

Vimos que o direito previsto em uma norma constitucional de eficácialimitada somente pode ser exercido após a exigida regulamentação.

Em face dessa realidade, desenvolveu-se uma tese doutrinária segundo a qual as normas de eficácia limitada somente se tornariam normas jurídicas depois de regulamentadas por lei, haja vista que, antes disso, não seriam capazes de produzir os seus efeitos jurídicos essenciais.

Entretanto, essa tese jurídica não é aceita pelo constitucionalismo moderno, que refuta a idéia da existência de “letra morta” no texto de uma Constituição.

O entendimento moderno é o de que as normas constitucionais nãoauto-aplicáveis (as normas de eficácia limitada) não produzem os seusplenos/essenciais efeitos com a sua promulgação. Porém, não se pode afirmar que sejam elas totalmente desprovidas de eficácia jurídica, pois, como já vimos exaustivamente nesta aula, com a simples promulgaçãoda Constituição, já produzem, pelo menos, os seguintes efeitos:

a) revogam as disposições pretéritas em sentido contrário;

b) impedem a produção legislativa posterior contrária aos seus comandos.

Assim, peguemos como exemplo o direito de greve do servidor público, em que temos o seguinte:

a) trata-se de norma constitucional de eficácia limitada, de cunho programático, dependente de regulamentação por lei ordináriaespecífica (CF, art. 37, VII);

b) as leis do regime constitucional pretérito que proibiam o direito de greve ao servidor foram revogadas pelo art. 37, VII, da CF/88, com a sua simples promulgação, em 5/10/1988;

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c) ademais, qualquer lei posterior à promulgação da CF/88 que proíba o direito de greve do servidor público será flagrantemente inconstitucional, por desrespeito ao comando programático do art. 37, VII, da CF/88.

Essa eficácia especial das normas constitucionais não auto-aplicáveis é chamada “eficácia negativa”. Eficácia negativa porque ela nãoassegura ao titular do direito a sua imediata fruição, mas impede aatuação do Estado em sentido contrário (pela revogação das leis pretéritas em sentido contrário, e pelo impedimento à elaboração de leisposteriores contrárias ao comando programático).

Por isso, diz-se que uma norma programática pode ser parâmetro para a realização do controle de constitucionalidade das leis, abstrato ouconcreto. Na verdade, uma norma programática poderá ser usada como parâmetro para fiscalizar a validade das leis pré-constitucionais(que serão consideradas revogadas pela nova Constituição, casocontrariem norma programática) e também das leis editadas após a promulgação da Constituição (que serão consideradas inconstitucionais, caso contrariem o programa estabelecido na norma programática).

O enunciado está ERRADO porque afirma que essas normasconstitucionais não auto-aplicáveis não produziriam efeitos jurídicos antes de sua regulamentação por lei, o que, conforme explicado acima, não éverdade.

31 ) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) O art. 5º, inciso XXII, da Constituição Federal de 1988, que estabelece “Art. 5º [...] inciso XXII – é garantido o direito de propriedade”, é uma norma constitucional de eficácia contida ou restringível.

Item certo.

O Professor José Afonso da Silva classifica o direito de propriedade (art. 5º, XXII) como típica norma de eficácia contida.

Segundo ele, o direito de propriedade é norma de eficácia contida porque, embora a Constituição Federal assegure sua imediata eficácia (art. 5º, XXII), o mesmo texto constitucional já autoriza a imposição de restrição ao seu gozo, mediante desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social (art. 5º, XXIV) e também mediante requisição administrativa, em caso de iminente perigo público (art. 5º, XXV).

32 ) (ESAF/APO/MPOG/2005) Quanto à natureza jurídica, a doutrinamais moderna considera que certas disposições de umaConstituição, por não possuírem eficácia positiva direta e imediata,

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não devem ser classificadas como normas jurídicas, mas comonormas meramente diretivas, de caráter não obrigatório.

Item errado.

Conforme dito durante essa aula, a doutrina moderna não admite aexistência de normas constitucionais sem força jurídica. Ao contrário, oentendimento moderno é de que todas as normas constitucionaispossuem eficácia jurídica. O que se admite é a existência de umavariação no grau dessa eficácia. Fique atento!

33 ) (ESAF/ADVOGADO/IRB/2006) Uma norma constitucional classificada quanto à sua aplicabilidade como uma norma constitucional de eficácia contida não possui como característica a aplicabilidade imediata.

Item errado.

Como vimos, uma norma constitucional de eficácia contida tem como característica a aplicabilidade direta e imediata, podendo o exercíciodo direito nela previsto ser restringido posteriormente por lei, por outras normas constitucionais ou por conceitos ético-jurídicos amplamente aceitos.

34 ) (ESAF/Auditor-Fiscal do Trabalho/2006) Segundo a doutrina mais atualizada, nem todas as normas constitucionais têm natureza de norma jurídica, pois algumas não possuem eficácia positiva direta e imediata.

Item errado.

De novo? Veja a importância de se fazer questões anteriores da banca!

Conforme já exaustivamente comentado nesta aula, a doutrinamoderna não admite a existência de normas constitucionais sem força jurídica. Ao contrário, o entendimento moderno é de que todas as normas constitucionais possuem eficácia jurídica, sendo admitida, apenas, a existência de variação no grau dessa eficácia.

35 ) (ESAF/Procurador da Fazenda Nacional/2006) Uma normaconstitucional programática pode servir de paradigma para o exercício do controle abstrato de constitucionalidade.

Item certo.

Vimos que, com a mera promulgação da Constituição, a norma programática poderá ser parâmetro para o controle de constitucionalidade das leis (abstrato ou concreto), haja vista que nem a

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legislação pretérita, nem a legislação futura poderão contrariar os seus comandos programáticos.

Assim, a legislação pretérita conflitante com a norma programática será por esta revogada, e a legislação futura que a contrariar poderá ser declarada inconstitucional.

36 ) (ESAF/Procurador da Fazenda Nacional/2006) Normas constitucionais de eficácia restringida não apresentam eficácia jurídica alguma senão depois de desenvolvidas pelo legislador ordinário.

Item errado.

Essa questão está errada duas vezes!

Primeiro, porque que as normas constitucionais de eficácia restringível (ou contida) não dependem de legislação ordinária regulamentadora paraproduzirem eficácia jurídica, pois têm elas aplicabilidade direta e imediata.

Segundo, que esse enunciado estaria errado ainda que ele se referisse àsnormas de eficácia limitada. Por quê? Ora, porque mesmo as normas de eficácia limitada possuem eficácia jurídica antes de regulamentadas porlei, pois, com a simples promulgação da Constituição, elas:

a) revogam a legislação pretérita em sentido contrário; e

b) impedem a produção legislativa futura em sentido contrário.

37 ) (ESAF/AFRF/2001) As normas do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de 1988 não se definem como normas formalmente constitucionais.

Item errado.

Como visto na introdução dessa aula, o ADCT reveste-se de caráter constitucional, da mesma forma que as demais disposições constitucionais. Pode, até mesmo, ser parâmetro para controle de constitucionalidade das leis.

Daí o erro da questão, já que o ADCT é uma norma constitucional como qualquer outra, ressalvada a sua natureza transitória.

Assim, uma integrante do ADCT só difere de uma norma que integra a parte permanente da Constituição pela sua natureza transitória. Uma vez ocorrida a situação transitória prevista na norma do ADCT, esgota-se a sua eficácia.

Sintetizando:

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a) as normas do ADCT são formalmente constitucionais;

b) situam-se no mesmo nível hierárquico das demais normas constitucionais (não há relação de subordinação entre uma normaintegrante do ADCT e as demais normas do corpo principal daConstituição);

c) podem ser modificadas (ou revogadas, ou acrescentadas) poremenda à Constituição; e

d) podem ser parâmetro para o controle da constitucionalidade das leis.

38 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) No caso das normas constitucionais de eficácia contida, a atividadeintegradora do legislador infraconstitucional é vinculada e não discricionária, ante a necessidade, para fins de auto-execução, de delimitar o ambiente da sua atuação restritiva.

Item errado.

A assertiva dá a entender que, para fins de auto-execução das normasde eficácia contida, seria necessária atuação do legisladorinfraconstitucional, o que é incorreto.

Como visto, as normas constitucionais de eficácia contida sãoplenamente exercitáveis independentemente de regulamentação. Diante disso, também não há que se falar em vinculação dessaatividade legislativa.

Tratando desse último aspecto, vale comentar um detalhe sobre asnormas constitucionais de eficácia limitada definidoras de princípioinstitutivo ou organizativo. Elas podem ser impositivas ou facultativas.

São impositivas aquelas vinculadas, em que se determina ao legislador aobrigação de emissão da legislação integrativa (por exemplo, art. 20, §2°; art. 32, §4°; art. 33; art. 88; art. 91, § 2°).

São facultativas ou permissivas quando dão ao legislador ordinário apossibilidade (e não a obrigação) de instituir ou regular a situação nelasdelineada (por exemplo, art. 22, § único; art. 125, § 3°; art. 195, § 4°; art. 25 , § 3°; art. 154, I).

Quando tratarmos do mandado de injunção, diremos a você que só cabe mandado de injunção quando a norma constitucional semregulamentação for de eficácia limitada definidora de princípioprogramático ou de eficácia limitada definidora de princípio institutivo ou organizativo de caráter impositivo. Isso porque não cabe mandado de injunção quando o constituinte estabeleceu uma mera faculdade ao legislador ordinário (natureza facultativa ou permissiva). Aguarde.

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39 ) (ESAF/AFC/CGU/2006) Uma norma constitucional de eficáciacontida não possui eficácia plena, no momento da promulgação do texto constitucional, só adquirindo essa eficácia após a edição da norma que nela é referida.

Item errado.

A questão está ERRADA, pois trocou os conceitos. A definiçãoapresentada refere-se às normas de eficácia limitada.

Bom, o tema “eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais”, de acordo com a classificação de José Afonso da Silva, já foi bem revisado,concorda? Mas, antes de mudar de assunto, vale a pena apresentar a classificação da Professora Maria Helena Diniz, já cobrada em questões de outras bancas.

A Professora Maria Helena Diniz divide as normas constitucionais em quatro grupos, a saber:

a) normas com eficácia absoluta;

b) normas com eficácia plena;

c) normas com eficácia relativa restringível;

d) normas com eficácia relativa dependente de complementação legislativa.

As normas de eficácia absoluta são normas constitucionais intangíveis, que não poderão ser contrariadas nem mesmo por meio de emendaconstitucional. É o caso das cláusulas pétreas, previstas no art. 60, § 4º, da Constituição Federal.

As normas com eficácia plena são aquelas plenamente eficazes desde a entrada em vigor da Constituição, por conterem todos os elementos imprescindíveis para que haja a produção imediata dos efeitos previstos. Diferem das normas de eficácia absoluta porque, ao contrário destas, poderão ser atingidas por emenda constitucional.

As normas com eficácia relativa restringível correspondem em suadescrição às que o professor José Afonso da Silva denomina normas deeficácia contida. Têm aplicabilidade imediata, embora sua eficácia possa ser reduzida, restringida nos casos e na forma que a leiestabelecer.

As normas com eficácia relativa dependente de complementação legislativa não têm aplicação imediata, por dependerem de normaposterior que lhes desenvolva a eficácia, para então permitir o exercício do direito ou benefício nelas consagrado. Correspondem às normas de

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eficácia limitada, na terminologia adotada pelo Professor José Afonso da Silva.

Veja que, em suma, a novidade trazida pela classificação da Professora Maria Helena Diniz é a existência das normas com eficácia absoluta. Nosdemais grupos, há certa correspondência com a classificação doProfessor José Afonso da Silva, apenas com mudança de terminologia.

Vamos, agora sim, mudar de assunto e tratar sobre a classificação das Constituições. Iniciemos com uma questão bem recente da ESAF.

40 ) (ESAF/APOFP/SEFAZ/SP/2009) Assinale a opção correta relativa à classificação da Constituição Federal de 1988.

a) É costumeira, rígida, analítica.

b) É parcialmente inalterável, outorgada, sintética.

c) É rígida, outorgada, analítica.

d) É rígida, parcialmente inalterável, promulgada.

e) É flexível, promulgada, analítica.

Gabarito: “d”

Essa é uma ótima questão para tratarmos do assunto “Classificação dasConstituições”, já que ela apresenta classificações quanto à origem, aomodo de elaboração, à estabilidade e à extensão.

Quanto à origem, as Constituições são tradicionalmente classificadasem: outorgadas, promulgadas (democráticas ou populares), cesaristas epactuadas.

As Constituições outorgadas são aquelas elaboradas sem participaçãopopular.

As Constituições promulgadas são aquelas elaboradas com participação popular, normalmente mediante a atuação de uma Assembléia Nacional Constituinte.

As Constituições cesaristas têm o seu texto elaborado unilateralmente, mas esse texto é posteriormente submetido à aprovação do povo, mediante referendo. A eficácia do texto constitucional depende, pois, de confirmação popular, mediante referendo. Veja que o povo participada formação dessa espécie de Constituição não por meio da eleição de representantes para a elaboração do texto constitucional, mas sim mediante referendo, ratificando o texto já elaborado.

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As Constituições pactuadas são aquelas resultantes de um pacto de governabilidade celebrado entre a monarquia (em processo de decadência) e a nobreza (em processo de ascensão).

Vale lembrar que na história do constitucionalismo brasileiro tivemos Constituições outorgadas (1824, 1937, 1967 e 1969) e Constituições promulgadas (1891, 1934, 1946 e 1988).

Quanto ao modo de elaboração, as Constituições são classificadas em dogmáticas e históricas (ou costumeiras).

São dogmáticas quando escritas por um órgão constituinte, segundo asideias reinantes no momento de sua elaboração.

São históricas ou costumeiras quando não-escritas, mas sim formadaspelo lento passar do tempo, representando uma síntese histórica da evolução do Estado.

No que tange à classificação quanto à estabilidade ou alterabilidade, as Constituições são: imutáveis, rígidas, flexíveis ou semirrígidas (ou semiflexíveis).

As Constituições imutáveis são aquelas que não admitem alteração doseu texto, tipo esse absolutamente em desuso nos dias atuais.

As Constituições rígidas são aquelas que admitem alteração do seutexto, mas somente mediante um processo legislativo solene, mais dificultoso do que aquele de elaboração das leis.

As Constituições flexíveis são aquelas que admitem alteração do seu texto mediante processo legislativo simples, igual ao de elaboração das leis.

As Constituições semirrígidas são aquelas que exigem um procedimento especial para alteração de parte do seu texto (parte rígida) e permitema alteração da outra parte mediante procedimento simples, igual ao de elaboração das leis (parte flexível).

Há, ainda, na doutrina (Alexandre de Moraes), pensamento segundo oqual a nossa Constituição Federal é do tipo super rígida, haja vista que, além de exigir um processo especial para a modificação do seu texto, possui um núcleo inabolível (cláusulas pétreas).

Destaque-se que, no Brasil, todas as Constituições foram do tipo rígida, exceto a Imperial de 1824, que foi do tipo semirrígida.

No aspecto da extensão, as Constituições classificam-se em sintéticas, breves ou concisas (de texto abreviado, que tratam apenas de matérias substancialmente constitucionais) ou analíticas, extensas ou prolixas (de

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texto extenso, tratando de matérias variadas, e não só de temassubstancialmente constitucionais).

Em suma, tratando da nossa Constituição de 1988, podemos dizer que ela é classificada como: promulgada (elaborada com participação popular), dogmática (escrita por um órgão constituinte, apresentando as idéias reinantes no momento de sua elaboração), rígida (sua alteração exige procedimento mais dificultoso do que o das leis ordinárias) e analítica (de texto extenso, tratando das mais variadas matérias).

Assim, a única alternativa que satisfaz corretamente a classificação daCF/88 é a letra “d”.

Cabe destacar que nossa Constituição pode ser caracterizada comoparcialmente inalterável, tendo em vista a existência de um núcleo quenão está sujeito à supressão: as cláusulas pétreas.

Sabemos que essa explicação ficou extensa, mas não havia como nãofazer essa revisão (que só terminará nas questões seguintes).

41 ) (ESAF/AFC/CGU/2003) Em sua concepção materialista ou substancial, a Constituição se confundiria com o conteúdo de suas normas, sendo pacífico na doutrina quais seriam as matérias consideradas como de conteúdo constitucional e que deveriam integrar obrigatoriamente o texto positivado.

Item errado.

Esse enunciado versa sobre a classificação das Constituições quanto aoconteúdo, que as divide em: materiais e formais.

Na concepção material (ou substancial) de Constituição, sãoconstitucionais as normas – escritas ou não escritas – que estabelecem oselementos básicos de organização do Estado, vale dizer, as normas que tratam de matérias substancialmente constitucionais, tais como: as formas de aquisição e exercício do poder, a estruturação e as finalidades do Estado e os direitos fundamentais. Nessa concepção, leva-se emconta, para identificar uma norma constitucional, o seu conteúdo (não importando, em nada, o seu processo de elaboração).

Na concepção formal de Constituição, são constitucionais todas as normas que integram o texto de uma Constituição escrita, solenemente elaborada, por um processo distinto daquele de elaboração das demaisleis (constituição rígida), independentemente de seu conteúdo. Nessa concepção, leva-se em conta, para identificar uma norma constitucional, o processo de sua elaboração (não importando, emnada, o seu conteúdo).

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Um detalhe: não é correto afirmar que a nossa Constituição Federal de 1988 é parte material (parcela que trata de assuntos substancialmente constitucionais) e parte formal (demais assuntos). Em verdade, numaConstituição como a nossa (que é formal), qualquer matéria inserida naquele documento é matéria constitucional, independentemente doconteúdo. Ou seja, a CF/88 é classificada como formal. Entretanto, compõe-se de algumas normas apenas formalmente constitucionais eoutras formal e materialmente constitucionais.

Quanto à questão, veja que a primeira parte do enunciado está correta, pois, de fato, na concepção materialista ou substancial, a Constituiçãose confundiria com o conteúdo de suas normas, haja vista que a Constituição, na concepção material, é identificada a partir doconteúdo das normas.

Porém, a parte final do enunciado está errada, ao afirmar que é pacíficona doutrina quais seriam as matérias substancialmente constitucionais, eque, por isso, deveriam integrar obrigatoriamente o texto das Constituições. Nós vimos lá no início da aula que não há consenso sobresisso, afinal de contas, essas concepções jurídicas – material e formal – sãomuito subjetivas.

O erro do enunciado está, portanto, em afirmar que é pacífico nadoutrina o entendimento sobre quais seriam as normas materialmente constitucionais.

42 ) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a classificação das Constituições, adotada por Karl Lowenstein, uma constituição nominativa é um mero instrumento de formalização legal da intervenção dosdominadores de fato sobre a comunidade, não tendo a função ou a pretensão de servir como instrumento limitador do poder real.

Item errado.

O constitucionalista alemão Karl Loewenstein (houve um erro dedigitação da Esaf, que omitiu a vogal “e” no nome do jurista!)desenvolveu uma classificação ontológica para as Constituições levando em conta a existência, ou não, de correspondência entre o texto constitucional e a vida política do Estado, dividindo as Constituições emtrês grupos: normativas, nominativas e semânticas.

Para ele, em alguns países há uma perfeita correspondência entre o quediz a Constituição e o que, de fato, ocorre na vida política do Estado, isto é, a Constituição consegue efetivamente normatizar a vida política do Estado, limitando a ingerência deste e estabelecendo direitos aos

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indivíduos. Nesse caso, em que há correspondência entre Constituição e vida política do Estado, temos a chamada Constituição normativa.

Em outros países, a Constituição tem o objetivo de regular a vida política do Estado, mas não consegue cumprir o seu papel. A Constituição, nesse caso, é chamada de nominativa.

Já em outros países, a Constituição sequer tem por objetivo limitar aingerência estatal em favor do indivíduo, mas somente legitimar os atosde determinados governantes, servindo aos exclusivos interesses dos atuais detentores do poder. Nesse caso, a Constituição é chamada de semântica.

O enunciado está errado porque o conceito nele apresentado refere-se à Constituição semântica (e não à Constituição nominativa, como afirmado).

43 ) (ESAF/AFRF/2000) Numa Constituição classificada como dirigente, não se encontram normas programáticas.

Item errado.

Esse enunciado se refere à classificação das Constituições quanto aos fins (ou quanto à finalidade), que divide as Constituições em três grupos: garantia, balanço e dirigente.

As Constituições do tipo garantia são aquelas de texto abreviado(sintéticas) que se limitam a estabelecer as garantias fundamentais frente ao Estado. São também chamadas “constituições negativas”, pois suapreocupação é com a fixação de limites à atuação do Estado, emrespeito às garantais dos indivíduos.

As Constituições balanço são aquelas elaboradas para retratar a vida doEstado por um período certo de tempo. A Constituição retrataria aevolução do Estado num determinado período de tempo, findo o qual, far-se-ia um “balanço” dessa evolução e seria elaborado um novo textoconstitucional, para um novo período. Existiram na antiga URSS, como meio de acompanhamento da evolução do antigo Estado comunista russo.

As Constituições dirigentes (ou programáticas) são aquelas de texto extenso (analíticas) que, além de estabelecer as garantias fundamentais frente ao Estado, preocupam-se com a fixação de programas e diretrizes para a atuação futura dos órgãos estatais, normalmente de cunho social. Nasceram com o surgimento do chamado Estado Social, e passaram a introduzir no texto constitucional verdadeiros programas sociais a serem concretizados no futuro pelos órgãos estatais. Esses

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programas, em sua maioria de cunho social-democrático, correspondem às chamadas “normas programáticas”.

Portanto, podemos afirmar que a marca de uma Constituição dirigente é a presença nela de normas programáticas. Tanto é assim que algunsautores denominam esse tipo de Constituição de “Constituiçãoprogramática ou dirigente”.

O enunciado está errado porque diz justamente o contrário: que numa Constituição dirigente não teríamos normas programáticas.

Vale lembrar que a tendência moderna é de elaboração de Constituições dirigentes, recheadas de programas sociais para concretização futura, como a nossa Constituição Federal de 1988. Por sua vez, essa tendência de introduzir cada vez mais programas sociaisnos textos das Constituições é que fez com que os textos dessaspassassem a ser cada vez mais extensos, dando origem às chamadas Constituições analíticas. Entenderam? A tendência moderna é de elaboração de Constituições analíticas, de textos extensos. Por quê? Porque com a elaboração de Constituições do tipo dirigentes, com a inserção de programas e mais programas de cunho social para concretização futura, os textos constitucionais foram ficando cada vez mais extensos.

44 ) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Uma constituição não- escrita é aquela cujas normas decorrem de costumes e convenções, não havendo documentos escritos aos quais seja reconhecida a condição de textos constitucionais.

Item errado.

Esse item nos remete à classificação das Constituições quanto à forma,em que são divididas em: escritas e não-escritas.

As Constituições escritas são aquelas solenemente elaboradas por um órgão constituinte, num determinado momento, resultando numdocumento escrito único do qual constam todas as normas constitucionais. É o caso da Constituição Federal de 1988, que foiformalmente elaborada num determinado momento (1987/1988), por um órgão constituinte (Assembléia Nacional Constituinte) e em que todas as normas constitucionais estão consolidadas num único documento escrito.

As Constituições não-escritas são aquelas que surgem com o lento passar do tempo, como resultado de lenta síntese da evolução histórica do Estado. São integradas por leis escritas esparsas, jurisprudências, normas costumeiras e convenções. É o caso da Constituição da Inglaterra.

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O enunciado está ERRADO porque afirma que as Constituições não- escritas são compostas exclusivamente por normas costumeiras, jurisprudência e convenções. A expressão “exclusivamente” invalida a assertiva, porque num regime de Constituição não-escrita temos, também, leis escritas esparsas.

A diferença é que, num regime de Constituição não-escrita, as leisconstitucionais escritas não foram formalmente elaboradas como tais, por um processo especial, num determinado momento, tampouco estão consolidadas num único documento. Foram elas elaboradas como leis comuns, estão espalhadas pelo ordenamento jurídico e, com o lento passar dos tempos, em razão da importância que assumiram para oEstado, passaram a ser consideradas leis constitucionais.

Vejamos como surge uma lei constitucional na Inglaterra, que adota Constituição não-escrita. Uma lei constitucional na Inglaterra não surge a partir da sua elaboração solene por um órgão constituinte, que receba competência especial para essa tarefa. A lei é elaborada normalmentepelo parlamento inglês, como norma ordinária e, com o passar do tempo, caso essa norma assuma relevância para o Estado inglês, osTribunais passam a considerá-la uma norma constitucional, isto é, em razão de a lei, com o tempo, assumir relevância para o Estado inglês, ela é alçada ao nível de norma constitucional.

Enfim, em um regime de Constituição não-escrita, há as seguintes normas constitucionais: convenções, jurisprudência, leis esparsas e normascostumeiras. Portanto, não só de normas costumeiras é formada uma Constituição não-escrita; temos, também, no regime de Constituição não-escrita, textos escritos de natureza constitucional (convenções, jurisprudência e leis esparsas).

45 ) (ESAF/AFCE/TCU/2000) Em relação à supremacia material e formal das constituições, podemos afirmar:

a) a formal é reconhecida nas constituições flexíveis

b) a material está relacionada à produção de um documento escrito

c) a material tem a ver com o modo como as normas constitucionais são elaboradas

d) a formal resulta da situação da Constituição no topo da hierarquia das normas, independentemente da matéria tratada

e) a jurisdição constitucional está concebida para proteger a supremacia material, mas não a supremacia formal da Constituição

Gabarito: “d”

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Conforme vimos anteriormente, a supremacia formal das normasconstitucionais decorre da rigidez constitucional, que posiciona aConstituição num patamar de superioridade em relação às demais leisdo ordenamento. A supremacia formal decorre do processo especial deelaboração da Constituição e, portanto, só está presente nasConstituições que possuem conteúdo rígido (ou, ainda, numaConstituição do tipo semirrígida, no tocante à sua parte rígida, somente).

Por sua vez, a supremacia material decorre da dignidade do conteúdo da norma constitucional, isto é, do fato de a norma tratar de matériarelevante, substancialmente constitucional. A supremacia material independe do processo de elaboração da norma e, por isso, está presente também nas Constituições flexíveis, não-escritas, históricas e costumeiras.

Feita essa breve revisão, passemos ao exame das assertivas da questão.

A assertiva “a” está ERRADA porque afirma que a supremacia formal está presente nas Constituições flexíveis, o que não é verdade. Afinal, asupremacia formal é decorrência da exigência de um procedimento especial para a modificação do texto constitucional (rigidez), o que nãoexiste em um sistema de Constituição flexível.

A assertiva “b” está ERRADA porque a supremacia material não tem nenhuma relação com o processo de elaboração da normaconstitucional, com o fato de a Constituição ser, ou não, escrita. A supremacia material decorre unicamente da dignidade do conteúdo danorma constitucional, seja ela escrita ou não-escrita.

A assertiva “c” está ERRADA porque a supremacia material não temnada a ver com o modo como as normas constitucionais sãoelaboradas. Decorre, como vimos, da dignidade do conteúdo da normaconstitucional, isto é, do fato de tratar de matéria substancialmente constitucional.

A assertiva “d” é a CERTA, pois, de fato, a supremacia formal decorre dofato de a Constituição posicionar-se no topo da hierarquia das normas, em razão da rigidez constitucional, nada importando a matéria tratada pela norma. É o que temos, por exemplo, na Constituição Federal de1988 : todos os seus dispositivos são dotados de supremacia formal emrelação às demais leis do ordenamento porque a Constituição está, porforça da rigidez, posicionada no topo do ordenamento jurídico brasileiro.

A letra “e” está ERRADA porque a jurisdição constitucional, integrada por todos os juízes e tribunais do Poder Judiciário, está concebida paraproteger, especialmente, a supremacia formal da Constituição.

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No Brasil, por exemplo, os órgãos do Poder Judiciário – juízes e tribunais –realizam o controle de constitucionalidade levando em conta asupremacia formal da Constituição. Com efeito, independentemente doconteúdo da norma, se ela integra o texto da Constituição Federal, nãopoderá ser desrespeitada pelas leis inferiores, sob pena de inconstitucionalidade. Ou, em outras palavras: ainda que seja uma norma apenas formalmente constitucional (dotada, portanto, somentede supremacia formal), não poderá ela ser desrespeitada pela legislação inferior, sob pena de inconstitucionalidade.

46 ) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) São classificadas como dogmáticas, escritas e outorgadas as constituições que se originam de um órgão constituinte composto por representantes do povo eleitos para o fim de as elaborar e estabelecer, das quais são exemplos as Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988.

Item errado.

Revendo essa questão: realmente, podemos dizer que são classificadascomo dogmáticas e escritas as Constituições que se originam de umórgão constituinte composto por representantes do povo, escolhidos emdeterminado momento para o fim de elaborar a Constituição como um documento solene.

Todavia, essa definição não se aplica às Constituições outorgadas, que são aquelas impostas, originadas sem a participação popular. Daí o erroda questão.

Observe que todas as Constituições brasileiras citadas na questão foram promulgadas ou democráticas.

Sei que não é fácil guardar as características de todas as Constituições anteriores à CF/88, mas sabendo um pouquinho de história você pode ter uma noção inicial do perfil daquela Constituição. Quer ver?

Observe que, além da Constituição Imperial de 1824 (que foi outorgada), as demais Constituições outorgadas foram aquelas que se seguiram aos regimes de força:

I – 1937: durante do Estado Novo, com o regime totalitário de Getúlio Vargas;

II – 1967 e 1969: constituição e emenda constitucional que seguiram ao golpe militar de 1964 e regeram o país até 1988.

Viu? Agora você não se esquece mais.

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47 ) (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) As constituições classificadas quanto à forma como legais são aquelas sistematizadas e apresentadas em um texto único.

Item errado.

Nesse enunciado, a Esaf cobrou uma classificação das Constituições pouco tradicional, apresentada pelo Professor André Ramos Tavares. Para ele, as Constituições podem ser Codificadas ou legais.

As Constituições codificadas são aquelas sistematizadas em um único documento.

As Constituições legais são aquelas integradas por documentos diversos, fisicamente distintos, como foi o caso da Terceira República Francesa, formada por inúmeras leis constitucionais, redigidas em momentosdistintos, tratando cada qual de elementos substancialmente constitucionais.

Como se vê, o enunciado está errado, pois ele apresenta a definição deConstituição codificada, e não de Constituição legal.

48 ) (ESAF/AFC/CGU/2003) As Constituições outorgadas, sob a ótica jurídica, decorrem de um ato unilateral de uma vontade política soberana e, em sentido político, encerram uma limitação ao poder absoluto que esta vontade detinha antes de promover a outorga de um texto constitucional.

Item certo.

O enunciado versa sobre a classificação das Constituições quanto àorigem, que as divide em: outorgadas, promulgadas, cesaristas e pactuadas.

Já vimos essa classificação. As Constituições outorgadas são aquelas elaboradas unilateralmente por um agente revolucionário, sem a participação popular.

O enunciado está correto porque, de fato, sob a ótica jurídica, as Constituições outorgadas são resultado de uma vontade unilateralsoberana (do agente revolucionário). Por outro lado, em sentido político, representam a decisão desse agente revolucionário em fixar certos limites ao seu próprio poder, até então absoluto.

É verdade que, convenhamos, os golpistas não outorgam umaConstituição, limitando em parte sua soberania, preocupados com osdireitos dos indivíduos! A preocupação, normalmente, é com a manutenção do seu próprio poder! No intuito de perpetuarem no poder,

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dão uma de “bonzinhos” e outorgam uma Constituição, limitando, emparte, sua soberania e “legitimando” seu governo antidemocrático!

Lembre-se que, no Brasil, tivemos Constituições outorgadas (1824, 1937, 1967 e 1969) e Constituições promulgadas (1891, 1934, 1946 e 1988).

49 ) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a melhor doutrina, a tendência constitucional moderna de elaboração de Constituições sintéticas se deve, entre outras causas, à preocupação de dotar certosinstitutos de uma proteção eficaz contra o exercício discricionário da autoridade governamental.

Item errado.

Esse enunciado versa sobre a classificação das Constituições quanto à extensão, que as divide em: sintéticas e analíticas.

O enunciado está errado porque a tendência moderna não é de elaboração de Constituições sintéticas, mas sim de elaboração de Constituições analíticas.

Constituição sintética, de texto abreviado, é coisa do passado, como foia Constituição dos Estados Unidos da América, de 1787, que possuisomente 7 artigos originários.

Essa tendência moderna de elaboração de Constituições analíticas é decorrência, sobretudo, de dois fatores:

a) conferir maior estabilidade a certas matérias, levando-as para o texto da Constituição, no intuito de limitar a discricionariedade do Estadosobre elas; e

b) assegurar uma maior proteção social aos indivíduos (a partir do surgimento do Estado social, as Constituições passaram a ter conteúdo extenso, de cunho social e programático, estabelecendo não só as bases de organização do Estado, mas, também, fixando programas e diretrizes de política social para a concretização futura pelos órgãosestatais).

50 ) (ESAF/AFC/CGU/2003) Na história do Direito Constitucionalbrasileiro, apenas a Constituição de 1824 pode ser classificada, quanto à estabilidade, como uma constituição semi-rígida.

Item certo.

Esse item nos remete à classificação das Constituições quanto à estabilidade (ou alterabilidade), em que, a depender da maior ou menor dificuldade para modificação do seu texto, as Constituições podem ser: imutáveis, rígidas, flexíveis e semi-rígidas.

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No Brasil, todas as Constituições foram rígidas, exceto a Constituição Imperial de 1824, que foi do tipo semirrígida.

Como funciona uma Constituição semi-rígida? Como sabemos qualparte do seu texto é rígida, e qual é a parte flexível? Bem, a própria Constituição traz um dispositivo que indica qual é a sua parte rígida (e que, portanto, exige um processo especial para sua modificação) e qual é a sua parte flexível (que pode ser modificada por processo legislativo simples, igual ao de elaboração das leis). No caso brasileiro, aConstituição de 1824 apresentava essa regra no seu artigo 178, nos termos seguintes:

“Art. 178. É só Constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos Poderes Políticos, e aos Direitos Políticos e individuais dosCidadãos. Tudo o que não é Constitucional pode ser alterado, sem asformalidades referidas, pelas Legislaturas ordinárias.”

Veja que este artigo estabelecia uma distinção no tocante àsformalidades necessárias para a alteração dos diferentes dispositivos damesma Constituição:

a) os dispositivos substancialmente constitucionais (limites e atribuiçõesrespectivas dos Poderes Políticos e os Direitos Políticos e individuais dos Cidadãos) só podiam ser modificados por um procedimento especial(parte rígida da Constituição);

b) os demais dispositivos, considerados não-constitucionais, podiam ser modificados pelo processo legislativo ordinário (parte flexível da Constituição).

Quanto à estabilidade das Constituições, além dessa classificação tradicional, vá para a prova com o seguinte detalhe: embora a Constituição Federal de 1988 seja tradicionalmente classificada como rígida, o Professor Alexandre de Moraes a classifica como super rígida.Para ele, ela é super rígida porque, além de exigir um procedimentoespecial para sua alteração, possui um núcleo que não pode ser abolido(cláusulas pétreas).

Sabemos que a banca desse nosso concurso é a ESAF, mas o CESPE já cobrou esse termo em suas provas, e pode ser que a ESAF venha a cobrá-lo nos próximos concursos. Portanto, fique atento: para a sua prova, a nossa Constituição é classificada como rígida, mas, caso lheseja exigido o conceito de Constituição super rígida você já sabe que está certo classificá-la também dessa forma, segundo o entendimentodo Professor Alexandre de Moraes.

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51 ) (ESAF/AFC/CGU/2003) A existência de supremacia formal da Constituição independe da existência de rigidez constitucional.

Item errado.

A supremacia formal das Constituições decorre, precisamente, da rigidezdo seu texto.

Vejamos como nasce a supremacia formal. A rigidez, ao exigirformalidades especiais para a elaboração das normas constitucionais, posiciona a Constituição em um patamar de superioridade hierárquicaem relação a todas as demais normas do ordenamento, em virtude da exigência dessas formalidades especiais. Essa superioridade hierárquica da Constituição, decorrente da exigência de formalidades especiaispara elaboração de suas normas, é, precisamente, a chamadasupremacia formal (isto é, supremacia decorrente de forma, decorrentedas formalidades especiais exigidas para a elaboração das normas constitucionais).

Aliás, é por esse motivo que só se pode falar em supremacia formal dasnormas constitucionais sobre as demais leis do ordenamento num sistema de Constituição rígida (ou semirrígida, no tocante à sua parte rígida).

Afinal, se estamos num sistema de Constituição flexível, não há distinção entre os processos legislativos de elaboração das normas constitucionais e das leis ordinárias. Ora, se no regime de Constituição flexível não há formalidades especiais para a elaboração das normas constitucionais, não podemos falar em supremacia formal (que decorre, justamente, da exigência de formalidades especiais para a elaboração das normasconstitucionais).

Essa noção de supremacia formal, resultante da rigidez constitucional, não pode ser confundida com o conceito de supremacia material da Constituição, decorrente da dignidade do conteúdo das normas constitucionais.

Fala-se em supremacia material da Constituição quando se tem em conta a superioridade da norma constitucional em razão da dignidade de seu conteúdo (sem nenhuma relação com o seu processo de elaboração). Por exemplo: diz-se que a norma constitucional queassegura o direito à vida é uma norma dotada de supremacia material, devido à dignidade de seu conteúdo, por tratar de matéria substancialmente constitucional (direito fundamental individual à vida).

Assim, num sistema de Constituição não-escrita, costumeira, flexível, não podemos falar na presença de supremacia formal das normas constitucionais sobre as demais leis do ordenamento, pois não há

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diferença “de forma” entre elas (ambas são elaboradas pelo mesmoprocesso legislativo). Porém, mesmo nesse tipo de Constituição, podemosfalar na existência de supremacia material das normas constitucionais sobre as demais leis do ordenamento, em razão da “superioridade” doconteúdo daquelas sobre estas.

Melhor explicando. Imagine a Inglaterra, que adota Constituição não-escrita, costumeira, em que não há um processo legislativo especial para a elaboração de suas normas constitucionais (não há, portanto, rigidezconstitucional). Ora, se não há um processo especial para a elaboraçãodas normas constitucionais, como se distingue, na Inglaterra, uma leiordinária de uma lei constitucional? Se tivermos pela frente duas leisinglesas (Lei “A” e Lei “B”), elaboradas pelo mesmo parlamento, pelo mesmo processo legislativo, como saberemos qual delas é constitucionale qual é ordinária?

Ah, essa distinção é feita levando-se em conta o conteúdo das duas normas. Como assim? Muito fácil: a Lei “A” será constitucional se versarsobre matéria considerada substancialmente constitucional pelo Estado inglês; a Lei “B” será ordinária se tratar de matéria que nada tenha a vercom a organização do Estado inglês. Nesse caso, a Lei “A” (constitucional) é dotada de supremacia em relação à Lei “B”(ordinária), mas não em razão de formalidade, do processo legislativo de sua elaboração. A Lei “A” é dotada de supremacia sobre a Lei “B” em razão da dignidade do seu conteúdo (em razão da matéria). Temos, aí, a chamada supremacia material (decorrente do conteúdo da norma).

Muito interessante esse tema, bonito mesmo, de emocionar!

E, além de emocionante, é importantíssimo numa prova você saber distinguir “supremacia formal” (presente nas Constituições que adotam arigidez constitucional, por resultar do processo especial de elaboração das normas constitucionais) de “supremacia material” (decorrente dadignidade do conteúdo das normas substancialmente constitucionais sobre as demais leis do ordenamento).

E não se esqueça: numa Constituição do tipo semirrígida só se pode falar em supremacia formal dos seus dispositivos sobre as demais leis do ordenamento no tocante à sua parte rígida.

Com efeito, se estivermos diante de uma Constituição semi-rígida, poderemos falar em supremacia formal das normas constitucionais que integram a parte dessa Constituição que é rígida (parte que só pode ser alterada por um procedimento especial). Em relação à parte flexível (que pode ser modificada por procedimento simples, de elaboração das

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demais leis), não há que se falar em supremacia formal. Poderemos, neste último caso, falar, apenas, em supremacia material.

52 ) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Constituições semi-rígidas são as constituições que possuem um conjunto de normas que não podem ser alteradas pelo constituinte derivado.

Item errado.

Constituições semirrígidas são aquelas que permitem a modificação de parte do seu texto por procedimento simples (parte flexível daConstituição), mas exigem um procedimento especial, mais dificultoso, para a modificação da outra parte do seu texto (parte rígida da Constituição).

Veja que, ao contrário do que afirma o enunciado, todo o texto constitucional de uma Constituição semirrígida poderá ser modificado,embora por procedimentos legislativos distintos: uma parte porprocedimento simples, outra parte por procedimento dificultoso.

53 ) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Constituições populares são aquelas promulgadas apenas após a ratificação, pelos titulares do poder constituinte originário, do texto aprovado pelos integrantes da Assembléia Nacional Constituinte.

Item errado.

Constituições populares são aquelas elaboradas com participaçãopopular. A regra é a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte (ANC) ou Convenção para, em nome do povo, elaborar o texto constitucional. Com a aprovação da Constituição pelos representantes do povo, não há necessidade de ulterior ratificação do texto pelo povo. Veja o que aconteceu em 1988: a Constituição Federal foi aprovada pela Assembléia Nacional Constituinte (representantes dopovo) e não houve nenhuma ratificação popular ulterior do textoaprovado (não houve referendo para aprovação do texto aprovado pela ANC).

54 ) (ESAF/AFC/2000/ADAPTADA) Apresenta característica típica de Constituição rígida aquela que

a) somente admite mudanças no seu texto por meio de procedimentos mais demorados e difíceis do que o procedimento comum de elaboração das leis.

b) resulta de lenta formação histórica, do lento evoluir das tradições, sendo por isso mesmo dotada de maior estabilidade, decorrente do prestígio social das suas prescrições.

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c) não consagra direitos fundamentais no seu texto, em razão de ter sido elaborada sem nenhuma participação popular.

d) não admite a reforma do seu texto por meios institucionais.

e) possui conteúdo abreviado, versando somente sobre matérias substancialmente constitucionais.

Gabarito: “a”

Constituição rígida é aquela que exige um procedimento especial, maisdificultoso do que aquele de elaboração das demais leis, para amodificação do seu texto.

São dois os principais mecanismos para se outorgar rigidez a umaConstituição:

a) exigência de um procedimento mais árduo, mais demorado(exigência de dois turnos de votação em cada Casa Legislativa, por exemplo); e

b) exigência de uma deliberação qualificada para a aprovação da matéria (exigência de três quintos dos votos dos integrantes doLegislativo, por exemplo).

A Constituição Federal de 1988 adotou os dois mecanismos (CF, art. 60, §2º): exigência de um procedimento mais demorado (dois turnos de votação em cada uma das Casas do Congresso Nacional) e de umadeliberação qualificada para aprovação da matéria (votos de três quintos dos integrantes das Casas Legislativas).

A assertiva “a”, portanto, responde perfeitamente ao enunciado da questão.

A assertiva “b” está ERRADA porque apresenta o conceito de Constituição histórica, que não é elaborada por procedimento especial, dificultoso.

A assertiva “c” está ERRADA porque Constituição elaborada sem nenhuma participação popular é a outorgada, e esse aspecto não tem nenhuma relação com a rigidez constitucional (isto é, tanto Constituições democráticas quanto Constituições outorgadas podem ser rígidas).

A assertiva “d” está ERRADA porque Constituição que não admite a reforma do seu texto por meios institucionais é do tipo imutável. A rigidez admite modificações do seu texto, desde que por procedimentoespecial.

A assertiva “e” está ERRADA porque Constituição que possui conteúdoabreviado, versando somente sobre matérias substancialmente

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constitucionais é a sintética, aspecto que não tem nenhuma relação com rigidez constitucional (isto é, tanto Constituições sintéticas quanto Constituições analíticas podem ser rígidas).

55 ) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) A Constituição brasileira de 1988 pode ser classificada como:

a) Constituição democrática, histórica, programática e analítica.

b) Constituição semi-rígida, promulgada, programática e dogmática.

c) Constituição flexível, sintética, promulgada e democrática.

d) Constituição rígida, promulgada, escrita e programática.

e) Constituição rígida, dogmática, analítica e histórica.

Gabarito: “d”

A assertiva que responde ao enunciado é a letra “d”, pois a ConstituiçãoFederal de 1988 é do tipo rígida (porque exige um procedimentoespecial para modificação do seu texto), promulgada (porque foielaborada com participação popular), escrita (porque está consubstanciada em um único documento escrito, solenementeelaborado por um órgão constituinte, num determinado momento) e programática (porque está recheada de normas programáticas, que estabelecem programas e diretrizes de ordem social para a atuação futura dos órgãos estatais).

As assertivas “a” e “e” estão ERRADAS porque afirmam ser a ConstituiçãoFederal histórica; a assertiva “b” está ERRADA porque afirma ser a Constituição Federal semirrígida; e a assertiva “c” está ERRADA porque afirma ser a Constituição Federal flexível e sintética.

56 ) (ESAF/AFC/CGU/2006 - MODIFICADA) Sobre Teoria Geral da Constituição, Poderes do Estado e suas respectivas funções e Supremacia da Constituição, assinale a única opção correta.

a) Nem toda constituição classificada como dogmática foi elaborada por um órgão constituinte.

b) Uma constituição rígida não pode ser objeto de emenda.

c) A distinção de conteúdo entre uma norma constitucional em sentido formal e uma norma constitucional em sentido material tem reflexos sobre a aplicabilidade das normas constitucionais.

d) Uma constituição é classificada como popular, quanto à origem, quando se origina de um órgão constituinte composto de representantes do povo.

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e) Segundo a doutrina, não há relação entre a rigidez constitucional e o princípio da supremacia da constituição.

Gabarito: “d”

A assertiva “a” está errada porque as Constituições dogmáticas são necessariamente escritas e, como tais, são elaboradas por um órgão constituinte. Tais constituições são elaboradas num determinadomomento, por um órgão constituinte, segundo os dogmas e idéias entãoreinantes.

A assertiva “b” está errada, pois uma Constituição rígida pode sim ser objeto de emenda. Essas modificações, entretanto, deverão se dar porum processo legislativo especial, mais complexo que o processo de alteração das demais normas do ordenamento.

A assertiva “c” está errada porque, num sistema de Constituição formal, como é o nosso, as normas constitucionais se equivalem em termos dedignidade, independente de terem conteúdo materialmente constitucional ou não. Isso se deve ao fato de terem sido elaboradassegundo um procedimento mais solene do que aquele de elaboração das demais leis, sendo todas elas dotadas, portanto, de supremacia formal. Dessa forma, num sistema de Constituição rígida como o nosso, não há que se falar em diferenciação da aplicabilidade das normasconstitucionais em razão de seu conteúdo.

A assertiva “d” está certa porque Constituição popular é aquela originada de um órgão constituinte formado por representantes do povo.

A assertiva “e” está errada porque, segundo a doutrina, o princípio da supremacia formal da Constituição decorre da rigidez constitucional, isto é, da existência de um processo legislativo distinto, mais complexo, paraelaboração da norma constitucional. Portanto, ao contrário do que afirmado o enunciado, a supremacia (formal) da Constituição decorrediretamente da rigidez constitucional.

57 ) (ESAF/Auditor-Fiscal do Trabalho/2006) Na concepção materialista de Constituição, é dada relevância ao processo de formação dasnormas constitucionais, que, além de ser intencional, deve produzir um conjunto sistemático com unidade, coerência e força jurídica próprias, dentro do sistema jurídico do Estado.

Item errado.

Na concepção material de Constituição, é dada relevância ao conteúdo da norma, isto é, só serão normas constitucionais aquelas que tratarem dos elementos essenciais de organização do Estado – nada importando o processo de sua elaboração.

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58 ) (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) Constituições rígidas são as que possuem cláusulas pétreas, que não podem ser abolidas pelo poder constituinte derivado.

Item errado.

Constituições rígidas são aquelas que só admitem a mudança do seutexto mediante processo especial, mais árduo do que aquele deelaboração das demais leis. A Constituição pode ser rígida e não possuircláusula pétrea (isto é, pode exigir um procedimento especial para amodificação do seu texto, permitindo, porém, desde que obedecido esse procedimento, a abolição de qualquer matéria constitucional).

59 ) (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) Segundo a doutrina, são características das constituições concisas: a menorestabilidade do arcabouço constitucional e a maior dificuldade de adaptação do conteúdo constitucional.

Item errado.

Ao contrário do afirmado no enunciado, as Constituições sintéticas são mais estáveis e apresentam uma maior facilidade para a suaatualização/adaptação em face da evolução da sociedade.

Isso porque, como ela praticamente se restringe à apresentação dosprincípios basilares de organização do Estado, a atualização do seu conteúdo é facilmente efetuada, por meio da interpretaçãoconstitucional. Bem diferente de uma Constituição analítica ou prolixa, como a nossa, de 1 9 8 8 , que, para qualquer atualização, exige modificação formal do seu texto, mediante a aprovação de emenda constitucional.

A partir dos exercícios até aqui comentados, examinamos todas as classificações tradicionais, a saber: quanto à origem (outorgadas, promulgadas, cesaristas e pactuadas); quanto à forma (escritas e não- escritas); quanto ao modo de elaboração (históricas e dogmáticas); quanto à estabilidade (imutáveis, rígidas, flexíveis e semi-rígidas); quanto ao conteúdo (materiais e formais); quanto à extensão (analíticas e sintéticas); quanto à correspondência com a realidade (normativas, nominativas e semânticas); e quanto aos fins (garantia, dirigentes ebalanço).

Guarde essas classificações, que são as mais importantes. De qualquer forma, apresentaremos, a seguir, algumas outras denominaçõesutilizadas pela doutrina para designar certas Constituições. Sãoclassificações que, embora ainda não cobradas em concursos públicos

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até esta data, poderão aparecer em certames futuros. Então, não custa nada conhecê-las...

Constituição nominalista - é aquela cujo texto da Carta Constitucional já contém verdadeiros direcionamentos para os problemas concretos, a serem resolvidos mediante aplicação pura e simples das normasconstitucionais (ao intérprete caberia tão-somente interpretá-la de forma gramatical-literal); por outro lado, há a Constituição semântica – aquela cuja interpretação depende da averiguação de seu conteúdo sociológico, ideológico, metodológico, possibilitando uma maior aplicabilidade político-normativa-social do texto constitucional (Alexandre de Moraes).

Constituições reduzidas - aquelas sistematizadas, cujas normas estãoconsolidadas em um único código; e Constituições variadas - aquelasformadas por textos esparsos, espalhados no ordenamento jurídico (Pinto Ferreira).

Constituições liberais - são aquelas resultantes do triunfo da ideologia burguesa, dos ideais do Liberalismo, correspondentes ao primeiro período de surgimento dos direitos humanos, que exigiam a não-intervenção doEstado na esfera privada dos particulares; e Constituições sociais - correspondem a um momento posterior do constitucionalismo, em que se passou a exigir do Estado atuação positiva, corrigindo as desigualdadessociais e proporcionando o surgimento do Estado do bem comum (André Ramos Tavares).

Constituição expansiva – como a Constituição Federal de 1988, que é caracterizada por dois aspectos: (i) a abordagem de novos temas, não presentes nas Constituições brasileiras pretéritas; e (ii) a ampliação dotratamento de temas permanentes, já presentes nas Constituiçõespretéritas (Raul Machado Horta).

Alguns autores referem-se, ainda, à Constituição plástica, embora nãohaja consenso quanto ao seu significado.

Para o Professor Pinto Ferreira, Constituição plástica é sinônimo deConstituição flexível, isto é, que admite modificações no seu textomediante procedimento simples, igual ao de elaboração das leisinfraconstitucionais.

Entretanto, para o constitucionalista Raul Machado Horta, o vocábulo “plástica” designa as Constituições nas quais há grande quantidade de disposições de conteúdo aberto, de tal sorte que é deixada ao legislador ordinário ampla margem de atuação em sua tarefa de mediaçãoconcretizadora, de densificação ou “preenchimento” das normas

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constitucionais, possibilitando, com isso, que o texto constitucionalacompanhe as oscilações da vontade do povo, assegurando acorrespondência entre a Constituição normativa e a Constituição real.

Vistas essas classificações, passamos, a partir de próxima questão, a comentar as questões que versam sobre os sentidos político, sociológicoe jurídico da Constituição.

60 ) (ESAF/AFC/STN/2005) Na concepção de constituição em seu sentido político, formulada por Carl Schmmitt, há uma identidadeentre o conceito de constituição e o conceito de leisconstitucionais, uma vez que é nas leis constitucionais que se materializa a decisão política fundamental do Estado.

Item errado.

Esse enunciado trata das tradicionais concepções de Constituição:jurídica, política e sociológica.

Para a visão política de Constituição, defendida por Carl Schmitt, a Constituição é uma decisão política fundamental (do poder constituinte).

Carl Schmitt estabeleceu uma distinção entre Constituição (que disporiasomente sobre as matérias substancialmente constitucionais, de granderelevância jurídica, as ditas decisões políticas fundamentais) e leis constitucionais (as demais matérias integrantes do texto da Constituição, de menor relevância).

Para Lassalle, defensor da concepção sociológica de Constituição, a Constituição é concebida como fato social, como resultado da realidade social do país, e não propriamente como norma; a Constituição seria, assim, a soma dos fatores reais de poder que imperamna sociedade, tais como a aristocracia, a burguesia, os banqueiros etc.

Para Lassalle, há, no país, duas Constituições: a real (“soma dos fatores reais de poder”) e a escrita (“folha de papel”), sendo que, em caso deconflito, aquela sempre prevalecerá sobre esta. Observe que, dessa forma, Lassalle nega a força normativa da Constituição escrita.

Para Hans Kelsen, defensor da concepção jurídica de Constituição, a Constituição é norma jurídica pura, sem qualquer consideração deordem social, política, moral ou filosófica.

Kelsen estabeleceu uma distinção entre Constituição em sentido lógico- jurídico (norma fundamental hipotética, fundamento da Constituição em sentido jurídico-positivo) e Constituição em sentido jurídico-positivo (norma positiva suprema, que regula a criação das demais normas).

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Note-se que a visão de Kelsen valoriza a força normativa daConstituição, contrapondo-se à concepção sociológica de Ferdinand Lassalle.

Como você já deve ter percebido, a assertiva está ERRADA, pois naconcepção política não há identidade entre Constituição e leis constitucionais. Pelo contrário, Carl Schmitt estabelece uma claradistinção entre esses dois conceitos.

61 ) (ESAF/AFTE/RN/2005) A constituição em sentido político pode ser entendida como a fundamentação lógico-política de validade das normas constitucionais positivas.

Item errado.

Caro aluno, você deve observar que é comum a ESAF apresentar determinado conceito, trocando o sentido de Constituição que a ele serefere.

Nessa questão, por exemplo, foi apresentada uma característica relacionada com o sentido jurídico de Constituição. Com efeito, em seu sentido jurídico, a Constituição é compreendida como norma fundamental do Estado, paradigma de validade de todo ordenamentojurídico.

Já no sentido político, a validade da Constituição apóia-se na decisão política fundamental que lhe dá existência.

62 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Para FerdinandLassalle, a constituição é dimensionada como decisão global efundamental proveniente da unidade política, a qual, por isso mesmo, pode constantemente interferir no texto formal, pelo que se torna inconcebível, nesta perspectiva materializante, a idéia de rigidez de todas as regras.

Item errado.

Ferdinand Lassalle defende o conceito sociológico de Constituição.

A definição apresentada aproxima-se da noção de sentido político deconstituição ao mencionar a decisão política fundamental. Nesse sentido, a Constituição disporia apenas sobre as matérias de granderelevância jurídica, as decisões políticas fundamentais. Diferentemente, as demais normas da Constituição são tão somente leis constitucionais.

Observe, ainda, que essa distinção tem certa relação com os conceitos de Constituição material e formal.

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63 ) (ESAF/AUDITOR FISCAL DO TRABALHO/MTE/2003) Para Hans Kelsen, a norma fundamental, fato imaterial instaurador do processo de criação das normas positivas, seria a constituição em seu sentido lógico-jurídico.

Item certo.

O nome de Hans Kelsen relaciona-se à concepção jurídica, em que aConstituição é tratada de uma perspectiva estritamente formal, como norma-pura desprovida de influência de valores sociais, morais, políticosou filosóficos.

Assim, a palavra Constituição se segmentaria em dois sentidos: (i) lógico- jurídico; e (ii) jurídico-positivo.

De acordo com o sentido lógico-jurídico, a Constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógicotranscendental da validade da Constituição jurídico-positiva.

Em seu sentido jurídico-positivo, a Constituição equivale à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau.

O conceito apresentado na assertiva está CORRETO, pois relaciona osentido lógico-jurídico à norma fundamental, fato imaterial instaurador do processo de criação das normas positivas.

Por fim, dê uma olhada no quadro abaixo que sintetiza os conceitosapresentados:

SOCIOLÓGICA POLÍTICA JURÍDICA

Ferdinand Lassalle Carl Schmitt Hans Kelsen

A Constituição é a soma dos fatores reais depoder, como aaristocracia, a burguesia, osbanqueiros etc.

A Constituição é uma decisão política fundamental (poder constituinte)

A Constituição é norma jurídica pura, sem qualquer consideração de ordem social, política ou filosófica

Há, no país, duas Constituições: a real (soma dos fatores reais de poder) e a escrita(“folha de papel”), sendo que, em caso deconflito, aquela sempre prevalecerá

Estabelece umadistinção entre Constituição (matérias substancialmente constitucionais) e leis constitucionais (matérias apenas formalmenteconstitucionais)

Estabelece umadistinção entre Constituição em sentido lógico-jurídico (normafundamental hipotética, fundamento daConstituição em sentido jurídico-positivo) e

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Constituição em sentido jurídico-positivo (norma positiva suprema, que regula a criação dasdemais normas)

64 ) (ESAF/ENAP/2006) Na concepção sociológica, defendida por Ferdinand Lassale, a Constituição seria o resultado de uma lenta formação histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sócio- políticos, que se cristalizam como normas fundamentais da organização de determinado Estado.

Item errado.

Não há relação entre a concepção sociológica e uma Constituiçãoresultante do lento evoluir das tradições.

Para Lassalle, a Constituição seria um fato social, espelho da realidade social em determinada conjuntura e da distribuição de forças nasociedade (banqueiros, aristocracia, burguesia etc.). A Constituiçãorepresenta, pois, a soma dos fatores reais de poder que atuam no país (Constituição real).

Para Lassalle, a Constituição escrita seria apenas uma folha de papel. Assim, independentemente de estar ancorada na evolução históricadaquele país não teria validade se estivesse desconexa dos fatores reaisde poder.

65 ) (ESAF/AUDITOR FISCAL DO TRABALHO/MTE/2003) A concepção de constituição, defendida por Konrad Hesse, não tem pontos emcomum com a concepção de constituição defendida porFerdinand Lassale, uma vez que, para Konrad Hesse, os fatoreshistóricos, políticos e sociais presentes na sociedade nãoconcorrem para a força normativa da constituição.

Item errado.

Como você já está cansado de saber, segundo a tese de Lassalle, a Constituição de um país expressa as relações de poder nele dominantes. A conjugação dos fatores reais de poder forma a Constituição real do país. O documento jurídico escrito chamado Constituição é apenas uma folha de papel e tem sua capacidade de regular e de motivar a sociedade limitada à sua compatibilidade com a Constituição real.

Em caso de conflito entre as duas, o desfecho há de se verificar contra aConstituição escrita, que sucumbirá frente aos fatores reais de poderdominantes no país.

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Pois bem, a noção de força normativa da Constituição, desenvolvida por Konrad Hesse tem alguns pontos em comum e outros pontos contrários àconcepção de Lassalle. Por isso, errada a questão.

Segundo Konrad Hesse, a Constituição realmente está vinculada àrealidade histórica concreta do seu tempo, e nisso sua visão assemelha- se à concepção de Lassalle.

Todavia, Hesse defende que a Constituição escrita não está condicionada simplesmente por essa realidade. Nesse sentido, em casode confronto, a Constituição escrita não deve ser consideradanecessariamente a parte mais fraca, pois há pressupostos que asseguram força normativa a esse documento jurídico.

Ou seja, para Konrad Hesse, Constituição real e Constituição jurídicaestão em uma relação de coordenação (e nesse sentido, os fatores reaisde poder concorrem para a força normativa da Constituição). Elascondicionam-se mutuamente, mas não dependem pura e simplesmente, uma da outra.

Vejamos, a partir de agora, algumas questões sobre a organização dos poderes.

66 ) (ESAF/APOFP/SEFAZ/SP/2009) São Poderes do Estado, independentes e harmônicos entre si, o Ministério Público, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Item errado.

De acordo com o art. 2° da CF/88:

“São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, oLegislativo, o Executivo e o Judiciário.”

Ou seja, a CF não inclui o Ministério Público dentro dos Poderes da União.

Esse é o erro da questão, que cobrou a literalidade da Constituição.Nada obstante, devemos alertar que a CF/88 também institui o Ministério Público como forma de controle do poder, assegurando prerrogativas eautonomia para que possa desempenhar essa função.

Esse artigo 2° consagra o princípio da separação dos poderes, oudistinção funcional do poder do Estado.

A divisão funcional do poder consiste em atribuir a órgãos independentes entre si o exercício precípuo das funções estatais essenciais. Nesse sentido, como funções típicas:

a) compete ao Poder executivo as funções de Governo e Administração;

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b) compete ao Poder Legislativo o exercício da elaboração de leis e afiscalização dos atos de caráter público; e

c) cabe ao Poder Judiciário o exercício da jurisdição.

67 ) (ESAF/MRE/2004) É característica fundamental do poder político do Estado ser ele divisível, o que dá origem às três funções que serão atribuídas a diferentes órgãos.

Item errado.

Você deve entender bem o conceito da divisão funcional do poder.

Aliás, esse termo é mais preciso do que o mais comumente utilizado:“separação dos poderes”. Isso porque o poder do Estado é uno eindivisível.

Ou seja, o poder não é divisível. Ocorre uma tripartição das funções estatais para que o Estado possa exercer sua vontade (ou poder).

Em suma, apesar de o termo “separação de poderes” ser bastantecomum em concursos, considera-se ERRADO afirmar que é divisível o poder do Estado.

68 ) (ESAF/AFT/2006) Segundo a doutrina, "distinção de funções dopoder" e "divisão de poderes" são expressões sinônimas e, no caso brasileiro, é um dos princípios fundamentais da RepúblicaFederativa do Brasil.

Item errado.

Essa questão reforça o que acabamos de afirmar. Segundo a doutrina, o termo correto é distinção entre as funções do poder do Estado, visto que esse poder é uno, indivisível.

69 ) (ESAF/TRF/2006) Em razão da independência funcional, um dos elementos essenciais do princípio de separação dos poderes, o exercício das funções que integram o poder político da União é exclusivo.

Item errado.

Vimos que determinadas funções do poder do Estado são exercidas de forma predominante por determinados órgãos independentes.

Entretanto, essas funções não são atribuídas de forma exclusiva e, porisso, está ERRADA a questão.

Assim, os Poderes exercem suas funções típicas, bem como funções atípicas. Por exemplo, o chefe do Poder Executivo exerce a função legislativa de forma atípica ao editar uma medida provisória. O mesmo

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acontece a um tribunal do Poder Judiciário ao elaborar e publicar seu regimento.

Outro exemplo é o Poder Legislativo. Por um lado, tem como típicas as funções de fiscalização e de legislação. Mas exerce funçãoadministrativa ao emitir atos administrativos internos (por exemplo, a nomeação ou posse de um consultor de orçamentos do SenadoFederal). Além disso, o Senado Federal exerce função jurisdicional nojulgamento do Presidente da República nos crimes de responsabilidade.

70 ) (ESAF/AFC/CGU/2006) O poder político de um Estado é composto pelas funções legislativa, executiva e judicial e tem por características essenciais a unicidade, a indivisibilidade e aindelegabilidade.

Item certo.

A doutrina apresenta como características do poder político a unicidade, a indivisibilidade e também a indelegabilidade.

Assim, fique atento às questões que afirmem ser o poder estatal divisívelem 3 partições ou que afirmem ser possível sua delegação, pois estãoERRADAS.

71 ) (ESAF/AFT/2006) O exercício da função jurisdicional, uma das funções que integram o poder político do Estado, não é exclusivo do Poder Judiciário.

Item certo.

As funções estatais não são atribuídas aos órgãos de forma exclusiva.

Assim, ao julgar o Presidente da República nos crimes de responsabilidade, o Senado Federal exerce a função jurisdicional deforma atípica.

72 ) (ESAF/AFRF/2005) A especialização funcional, elemento essencial do princípio de divisão de poderes, implica o exercício exclusivodas funções do poder político - legislativa, executiva e judiciária -pelo órgão ao qual elas foram cometidas no texto constitucional.

Item errado.

Como visto, a especialização funcional não implica exercício exclusivodas funções estatais. Daí o erro da questão. Não erre isso!

73 ) (ESAF/AFTE/RN/2005) A adoção do princípio de separação de poderes, inspirado nas lições de Montesquieu e materializado na atribuição das diferentes funções do poder estatal a órgãos

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diferentes, afastou a concepção clássica de que a unidade seriauma das características fundamentais do poder político.

Item errado.

Como dissemos, o termo “separação de poderes” não é, a rigor, muito adequado, apesar de ser frequentemente utilizado.

Mas, observe que apenas isso não torna a questão ERRADA. O erro daassertiva está na parte em que afirma estar afastada a concepção de que a unidade seja uma das características fundamentais do poderpolítico.

Em realidade, o poder político do Estado caracteriza-se por ser uno, indivisível e indelegável.

74 ) (ESAF/MRE/2004) O exercício de uma das funções do poder político do Estado por um determinado órgão se dá sob a forma de exclusividade, com vistas à preservação do equilíbrio no exercício desse poder.

Item errado.

Está ERRADO afirmar que o exercício de alguma das funções do poder político seria atribuída de forma exclusiva a determinado órgão. Naverdade, cada uma das funções estatais é exercida por determinadoórgão em sua função típica e pelos demais de forma atípica.

75 ) (ESAF/ASSISTENTE TÉCNICO-ADMINISTRATIVO/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A limitação do poder estatal foi um dos grandes desideratos do liberalismo, o qual exalta a garantia dos direitos do homem como razão de ser do Estado.

Item certo.

Você deve lembrar de que o advento da ideologia liberal traz em si a ideia de que o Estado “atrapalha a vida” do indivíduo e, principalmente, sua atividade econômica. Assim, as Constituições passam a limitar o poder estatal através da garantia de uma esfera de direitos fundamentais, que irão proteger o indivíduo dessa atuação do Estado. Esse assunto será desenvolvido na aula 3.

Saiba, porém, que as revoluções americana e francesa trouxeram também outra forma de limitação do poder do Estado: a própriarepartição das funções estatais entre três órgãos distintos, evitando a concentração de todo o poder nas mãos de uma única pessoa. De certa forma, esse modelo foi tratado por Montesquieu, que defendeu que as três funções – administrativa, legislativa e judiciária – fossem

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exercidas por órgãos diferentes, segundo a ideia de que o poder corrompe-se quando não encontra limites.

Observe que o célebre artigo XVI da Declaração dos Direitos do Homeme do Cidadão já declarava que não haveria Constituição numasociedade em que não estivessem assegurados os direitos dos indivíduos, nem separados os poderes estatais.

76 ) (ESAF/ASSISTENTE TÉCNICO-ADMINISTRATIVO/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A divisão do poder, segundo o critério geográfico, é a descentralização, e a divisão funcional do poder é a base da organização do governo nas democracias ocidentais.

Item certo.

A descentralização do poder é sua divisão segundo o critério geográfico. Isso é o que ocorre, por exemplo, na forma de Estado Federal, em que opoder está distribuído por várias entidades autônomas.

Nessa parte da aula estamos tratando da divisão funcional do poder,que é a atribuição das funções do poder a órgãos independentes entre si. Essa estruturação do governo é uma forma de limitação do poder estatal, esforço que se coaduna com o espírito do principio democrático.

77 ) (ESAF/ASSISTENTE TÉCNICO-ADMINISTRATIVO/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Aristóteles apresenta as funções do Estado em deliberante, executiva e judiciária, sendo que Locke as reconhece como: a legislativa, a executiva e a federativa.

Item certo.

Antes da divulgação do tema por Montesquieu, o chamado princípio daseparação dos poderes (atualmente é mais correto falar-se emcolaboração ou harmonia) já havia sido sugerido por Aristóteles e Locke.

Aristóteles é considerado como sendo aquele que primeiro estabeleceua distinção das funções do Estado em deliberante, executiva e judiciária.

John Locke, por seu turno, formulou uma construção sistemática dessa teoria, dividindo os poderes em Legislativo (aquele poder supremo, superior aos demais), Executivo (relativo ao príncipe) e Federativo (relacionado às relações exteriores, guerra, paz, alianças e tratados).

Fique tranquilo, caro aluno! Na realidade, essa questão acabou fugindodo padrão de cobrança da Esaf para esses assuntos. Aliás, uma dica de concurseiro: não se assuste caso a sua prova traga um assunto totalmente inédito ou extremamente avançado. Não é isso que decideum concurso, nem será isso que irá tirar sua vaga!

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Aqui você está tendo a oportunidade de ter uma noção do que é mais importante para a banca examinadora. Então, caso venha uma questão fora do comum, primeiro verifique se você consegue resolver pelas outrasalternativas. Se não der, marque o que lhe parece mais factível com oconhecimento que você já acumulou e passe rapidamente à próxima questão. Em suma, não deixe isso te atrapalhar durante a prova, hajavista que uma questão fora da realidade não decide concurso algum!

78 ) (ESAF/ASSISTENTE TÉCNICO-ADMINISTRATIVO/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A divisão funcional do poder é, mais precisamente, o próprio federalismo.

Item errado.

O federalismo é a divisão geográfica do poder. A divisão funcional relaciona-se com a distinção das funções de governo.

79 ) (ESAF/AFRE/RN/2005) Sistema de governo pode ser definido como a maneira pela qual se dá a instituição do poder na sociedade e como se dá a relação entre governantes e governados.

Item errado.

A relação entre governantes e governados é definida pela forma de governo.

Estudar os sistemas de governo é examinar como se dá a relação entreos Poderes Executivo e Legislativo no Estado, isto é, se há uma maiorindependência (separação) ou interdependência (proximidade, colaboração) entre eles. Daí a relação entre sistemas de governo e nosso edital.

O Presidencialismo é o sistema de governo marcado pelas seguintes características:

a) independência entre os Poderes Executivo e Legislativo (o exercício do Poder no âmbito do Executivo independe da vontade do Legislativo, e vice-versa);

Vejamos o caso do Brasil. O Presidente da República é eleito para o exercício de um mandato de quatro anos, e tem direito a cumpri-lo integralmente, até o último dia de seu governo, sem nenhumainterferência do Legislativo (isto é, o Legislativo não pode abreviar o mandato do Presidente da República).

Por outro lado, os membros do Legislativo, deputados e senadores, são eleitos para mandatos de quatro e oito anos, respectivamente, e terão também direito a cumprir integralmente tais períodos, sem nenhuma interferência do Executivo (isto é, o Presidente da República não pode

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determinar a dissolução do Congresso Nacional, a fim de abreviar o mandado dos congressistas).

b) mandatos por prazo certo (membros do Executivo e do Legislativo exercem mandatos por prazo certo, que não podem ser abreviados);

Como dito acima, o Presidente da República (Executivo) e os congressistas (Legislativo) exercem mandatos por prazo certo, que não podem ser abreviados.

c) chefia monocrática ou unipessoal (as chefias de Estado e de Governo estão concentradas numa mesma pessoa).

Novamente, temos o exemplo do Brasil, em que o Presidente da República exerce, simultaneamente, a chefia de Estado e a chefia deGoverno.

O Presidente da República exerce a chefia de Estado quando representaa República Federativa do Brasil frente a outros Estados soberanos ou perante organizações internacionais (quando celebra um tratadointernacional, por exemplo), bem assim quando corporifica internamente a unidade nacional (quando decreta a intervenção federal para mantera integridade nacional – art. 34, I –, por exemplo).

O exercício da chefia de governo se dá quando o Presidente daRepública cuida dos negócios internos de interesse da sociedade brasileira (quando ele discute a reforma tributária com os governadores eprefeitos, por exemplo).

Por outro lado, o parlamentarismo é o sistema de governo marcado pelas seguintes características:

a) interdependência, maior proximidade e colaboração entre os Poderes Executivo e Legislativo (o exercício do poder no âmbito do Executivo depende da vontade do Legislativo, e vice-versa);

b) mandatos por prazo incerto (os membros do Parlamento e o chefe de Governo exercem mandados por prazo incerto);

c) chefia dual (as chefias de Estado e de Governo são exercidas por duas pessoas distintas: a chefia de Estado é exercida pelo Monarca ou Presidente da República, conforme seja a forma de governo Monarquiaou República, e a chefia de Governo é exercida pelo Primeiro Ministro).

Em resumo, o parlamentarismo funciona assim:

a) os membros do Parlamento são eleitos pelo povo;

b) o chefe de Estado escolhe o seu chefe de Governo;

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c) a partir daí, estabelece-se uma interdependência entre os Poderes, haja vista que o chefe de Governo só permanecerá no seu mandatoenquanto o seu projeto de governo obtiver apoio da maioria do Parlamento (se ele perder o apoio parlamentar será automaticamenteexonerado); por outro lado, os parlamentares também exercem mandato por prazo incerto, porque o Governo (Executivo) poderá determinar a dissolução do Parlamento, abreviando a duração do mandato dos parlamentares (hipótese em que serão convocadas novas eleições parlamentares).

O item está errado porque a relação entre os governantes e governados é relacionado às formas de governo.

Os sistemas de governo dizem respeito à relação entre os poderes Executivo e Legislativo.

80 ) (ESAF/AFC/CGU/2003) Em um Estado Parlamentarista, a chefia de governo tem uma relação de dependência com a maioria do Parlamento, havendo, por isso, uma repartição, entre o governo e o Parlamento, da função de estabelecer as decisões políticas fundamentais.

Item certo.

Como vimos, no parlamentarismo há uma relação de interdependência entre os Poderes Executivo e Legislativo, visto que a sustentação dochefe de governo depende do apoio do parlamento.

De se observar que se estabelece uma co-responsabilidade entre oParlamento e o chefe de Governo, principalmente tendo em vista que este submete àquele seu plano de governo, que estabelecerá aquelas decisões políticas mais relevantes.

relação entre o Poder Executivo e Poder Legislativo Sistema de

Governo

Presidencialismo

Parlamentarismo

Independência entre os Poderes Executivo e Legislativo

Mandatos por prazo certo

Chefia monocrática ou unipessoal

Interdependência (maior colaboração entre os poderes)

Mandatos por prazo incerto

Chefia dual

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Nesse sentido, entende-se que o próprio Parlamento responsabiliza-se perante o povo.

81 ) (ESAF/Procurador da Fazenda Nacional/2006) O princípio da separação dos poderes não constitui obstáculo a que os Estados- membros adotem a solução parlamentarista no desenho darepartição de poderes da sua constituição estadual.

Item errado.

Sabe-se que a CF/88 não estabelece de forma expressa o sistema degoverno a ser adotado pelo Brasil.

Aliás, veremos na aula sobre o Poder Constituinte que a forma de Estado federativa foi gravada expressamente como cláusula pétrea (art. 60, §4°, I).

Por outro lado, a CF/88 não estabelece a mesma garantia para a formade governo (republicana) tampouco para o sistema de governo (presidencialista).

Ou seja, forma e sistema de governo não são limitações materiais explícitas ao poder constituinte derivado reformador.

Se você não for tão jovem se lembrará que, no ano de 1993, tivemos um plebiscito nacional para a escolha tanto da forma quanto do sistema de governo. Isso significa que essas características poderiam ser alteradas, concorda? Tai uma boa dica para você memorizar essa informação!

Todavia, sem entrar demais no assunto da aula seguinte, podemos dizer que esses temas são limitações à capacidade dos estados-membros se auto-organizarem por meio da elaboração de suas constituições (limitações ao poder constituinte derivado decorrente).

Em suma: se, por um lado, esse modelo de estado republicano e sistema presidencialista não é petrificado expressamente na ConstituiçãoFederal, por outro lado, a forma e o sistema de governo são limitações àConstituição Estadual. Em outras palavras, é vedado ao estado-membro,município ou Distrito Federal estabelecer a monarquia como forma de governo ou o parlamentarismo como sistema de governo.

Enfim, duas dicas para deixá-lo realmente preparado, caso a ESAF resolva aprofundar (esses detalhes é que colocam o candidato em um nível superior de conhecimento):

I - na vigência da Constituição Federal pretérita, de 1969, a forma republicana de governo era expressamente gravada como cláusula pétrea; e

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II - há autores que consideram que não seria válida uma emenda constitucional que instituísse a monarquia ou o parlamentarismo, pois elaestaria em colisão com a decisão direta do Poder Constituinte Originário,tomada em 1993, no plebiscito.

82 ) (ESAF/AFC/CGU/2008) O princípio da separação do exercício das funções estatais não impede que o Poder Legislativo examine o acerto ou o desacerto de decisão judicial, especialmente quandoo próprio regimento interno da Casa Legislativa admitapossibilidade de instauração de comissão parlamentar de inquérito sobre matérias pertinentes à competência do Poder Judiciário.

Item errado.

Não é legítimo que o Poder Legislativo venha a descaracterizar uma decisão do Poder Judiciário, por desrespeito ao princípio da separação dos poderes. É dizer, o exercício da jurisdição tem caráter de definitividade.

Aliás, essa prática perniciosa às instituições já foi admitida em regimesconstitucionais anteriores (por exemplo, a Constituição de 1937 permitia ao Executivo submeter uma lei declarada inconstitucional pelo judiciário ao crivo do Legislativo, podendo este Poder torná-la aplicável novamente).

Vale lembrá-lo que o mesmo princípio impede que uma CPI convoque um juiz para prestar informações sobre sua atividade jurisdicional (pode convocá-lo apenas para prestar informações sobre a atividade administrativa).

83 ) (ESAF/AFC/CGU/2008) Não é plausível, em face do ordenamento constitucional brasileiro, a existência de leis interpretativas que veiculariam a denominada interpretação autêntica. Leis interpretativas consubstanciariam usurpação das atribuições institucionais do Poder Judiciário e, em conseqüência, ofenderiam o postulado fundamental da divisão funcional do Poder.

Item errado.

A interpretação autêntica é aquela realizada pelo responsável pela elaboração da norma. Leis interpretativas não afetam o princípio da divisão funcional do poder, tendo em vista que a atividade deinterpretação não é exclusiva do Poder Judiciário.

84 ) (ESAF/TFC/CGU/2008) Compete privativamente ao Senado Federal julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo.

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Item errado.

Essa questão pode ser resolvida a partir do conhecimento das funçõesdo Congresso Nacional, disciplinadas pelos artigos 48 e 49 da CF/88, maisespecificamente o inc. IX do art. 49

“Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

(...)

IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da Repúblicae apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo;”

Já comentamos que a função fiscalizadora é função típica do PoderLegislativo. Aliás, estabelece a Constituição que a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e dasentidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia dereceitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controleexterno, e pelo sistema de controle interno de cada Poder (art. 70).

Ou seja, a titularidade do Controle Externo é do Congresso Nacional.Mas, para o desempenho dessa função, ele será auxiliado pelo TCU. Nem por isso há uma relação de subordinação e dependência entre eles, visto que o TCU detém e exerce algumas funções de controle, as quais lhe são próprias e privativas.

Alguém poderia perguntar: e o TCU, não é quem julga as contas do presidente?

Observe o teor do art. 71, II:

“Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, seráexercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

(...)

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis pordinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravioou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;”

Ou seja, compete ao TCU a função administrativa de julgar as contas de administradores e demais responsáveis.

Mas observe o detalhe mais importante desse assunto para provas de direito constitucional: no caso das contas do Presidente da República, a

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função o TCU restringe-se à sua apreciação e emissão de parecer prévio meramente opinativo.

Com efeito, como visto inicialmente, é competência exclusiva doCongresso Nacional o julgamento anual das contas do Presidente daRepública (art. 49, IX).

Caro aluno, veja como esse assunto tem relação com a independência entre os Poderes, bem como com o sistema de freios e contrapesos estabelecidos pela nossa ordem constitucional!

O controle externo, por meio do qual é dado ao Poder Legislativo fiscalizar os demais Poderes, é uma das bases do sistema de freios e contrapesos.

Observe que interessante esse outro detalhe (que ainda relaciona direito constitucional, direito administrativo e direito financeiro): enquanto ocontrole externo é uma das manifestações do sistema de freios econtrapesos, o mesmo não se pode afirmar a respeito do controle interno. Por quê? É simples, porque o controle interno não trata de controle recíproco, de um Poder sobre o outro, pois é um controle dentro do mesmo Poder.

85 ) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Não é da competência exclusiva do Congresso Nacional

a) sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem dopoder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.

b) autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar.

c) autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado.

d) resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.

e) aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar oestado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas.

Gabarito: “c”

A questão cobra do candidato o conhecimento do art. 49 da CF/88.

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O Congresso Nacional é o órgão legislativo federal, cabendo a ele disporsobre todas as matérias de competência da União.

As competências do Congresso estão expressas no art. 48 (em regra,exercidas mediante lei ordinária ou complementar, com sançãopresidencial) e no art. 49 (exercidas mediante a edição de decreto legislativo, sem sanção presidencial).

A letra “a” apresenta uma função muito importante do CongressoNacional. Importante porque é frequentemente cobrada em concursos. E observe que trata de um caso de relacionamento entre Executivo x Legislativo. Portanto, guarde o teor do art. 49, V, da CF/88, segundo o qual compete ao Congresso Nacional “sustar os atos normativos doPoder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa”.

A letra “b” está correta, por reproduzir o teor do inciso II do art. 49 da CF/88.

A letra “c” está errada. Com efeito, de acordo com o art. 51, I, compete à Câmara dos Deputados autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado.

A letra “d” reproduz corretamente o art. 49, I. É competência do Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados, acordos ouatos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravososao patrimônio nacional.

A letra “e” está correta e de acordo com o art. 49, IV, da CF/88. Observeque a manifestação do Congresso é necessária na intervenção federal, no estado de defesa e no estado de sítio. Mas observe que nesse último caso (estado de sítio) ela deve ser antes da execução da medida. Nos casos de estado de defesa e intervenção federal a atuação doCongresso Nacional é posterior, restringindo-se a aprovar (ou reprovar) a execução da medida.

86 ) (ESAF/AFC/CGU/2008) Ainda que os Poderes Legislativo e Executivodetenham prerrogativas de formular e executar políticas públicas, o Poder Judiciário pode determinar a órgãos estatais inadimplentes que implementem políticas públicas definidas pela própria Constituição, cuja omissão possa comprometer a eficácia e a integridade de direitos sociais e culturais.

Item certo

Fique atento, pois esse assunto está na moda!

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Por terem seus agentes eleitos de forma democrática, compete aos Poderes Executivo e Legislativo definir e implementar as políticas públicas. Afinal de contas são os legítimos representantes do povo.

Todavia, decisões recentes do STF vão no sentido de que é possível ao Poder Judiciário, excepcionalmente, determinar a implementação de políticas públicas, sempre que os órgãos estatais competentes descumprirem os encargos político-jurídicos impostos pela ConstituiçãoFederal, comprometendo, com sua injustificada inércia, a concretizaçãodos direitos sociais.

Um exemplo desse ativismo judicial no Brasil pode ser atribuído àquela decisão do STF que determinou a aplicação temporária ao setor público, no que couber, da lei de greve vigente no setor privado. Naquela ocasião, o STF resolveu que não poderia se abster de reconhecer que, assim como o controle judicial deve incidir sobre a atividade do legislador, é possível que a Corte Constitucional atue também nos casos de inatividade ou omissão do Legislativo.

Em diversos outros julgados, o STF tem determinado ao Poder Público que adote, de imediato, políticas públicas concretizadoras de direitos sociais, especialmente relacionados à saúde (fornecimento de medicação aportadores de vírus HIV, por exemplo) e à educação (garantia dematrícula em escola pública, independentemente da existência devaga, por exemplo).

87 ) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) O decreto autônomo, isto é, o decreto de perfil não regulamentar, cujo fundamento de validade repousa diretamente na Constituição, não é admitido pela ordem constitucional em vigor.

Item errado.

Tenha em mente que até a EC n° 32/2001 nossa Constituição autorizava ao Presidente da República a edição de decretos regulamentares, apenas (art. 84, IV).

Com a aprovação da referida emenda, o chefe do Poder Executivo passa a ter a competência para a edição dos chamados decretosautônomos, nas seguintes hipóteses (art. 84, VI):

I - organização e funcionamento da administração federal, quando nãoimplicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

II - extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.

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Ou seja, hoje, o chamado decreto autônomo (atos primários, diretamente hauridos no texto da Constituição) está expressamente autorizado, mas apenas nessas situações restritas explicitadas no inciso VIdo art. 84 do texto constitucional.

88 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Considerando o contexto da independência do Poder Legislativo, é norma derepetição obrigatória nas Constituições Estaduais oreconhecimento às Assembléias Legislativas do poder de determinar a exoneração de Secretário de Estado.

Item errado.

Na esfera federal, os Ministros de Estado são de livre nomeação e exoneração pelo Presidente da República (sem nenhuma ingerência doLegislativo federal). Logo, no âmbito estadual, por força do princípio da simetria, que informa o federalismo cooperativo, os cargos de Secretário de Estado também são de livre nomeação e exoneração peloGovernador (sem nenhuma ingerência do Legislativo estadual).

Enfim, por respeito ao princípio da separação dos poderes, não se podeatribuir à Assembléia Legislativa o poder de exonerar os Secretários de Estado.

Evidentemente, essa mesma regra vale para os Secretários Municipais, que também são de livre nomeação e exoneração pelo Prefeito.

89 ) (ESAF/ANALISTA CONTÁBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) A leidelegada será elaborada pelo Presidente da República, em razão de delegação do Congresso Nacional. Editada a norma, comextrapolação de seus limites, resta ao Poder Legislativo suscitar a inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, haja vista não mais possuir competência para sustar o ato normativo.

Item errado.

Na situação hipotética apresentada na assertiva, pode, sim, o Congresso Nacional sustar a lei delegada que extrapole os limites da delegação.

Com efeito, estabelece a Constituição Federal que é da competência exclusiva do Congresso Nacional sustar os atos normativos do PoderExecutivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites dedelegação legislativa (art. 49, V).

Quer ver uma questão difícil sobre esse assunto? Imagine que o TSE, aoregulamentar certa lei eleitoral, emita um ato administrativo de caráter normativo extrapolando os seus limites e atingindo reserva de lei. Poderia

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o Congresso Nacional sustar esse ato do TSE diretamente, com base no art. 49, V, da CF/88?

Não, não poderia.

Anote-se que tal competência é restrita à sustação de atos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar (art. 84, IV) ou doslimites de delegação legislativa para elaboração de lei delegada (art. 68 , § 2º), não contemplando a sustação de atos da competência do Judiciário, do Ministério Público ou do Tribunal de Contas da União.

Restaria ao Congresso, nessa situação hipotética, acionar o PoderJudiciário, a fim de ver declarada a suposta ilegalidade do ato do TSE.

Ademais, entende a doutrina que essa competência do Congresso Nacional, por possuir conteúdo de alcance externo, deverá ser exercida mediante a expedição de decreto legislativo, e não mediante resolução.

Observe que no exercício dessa função do Congresso exerce uma forma de controle de constitucionalidade político (ou não jurisdicional).

Guarde, ainda, a seguinte informação: esse ato do Congresso que susta o ato normativo ou a lei delegada pode ser questionado no Supremo por meio de ADIN.

90 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) Consolidou-se o entendimento de que matéria que, no âmbito federal, está sujeita à legislação ordinária sob reserva de iniciativa do Presidente da República não pode ser regulada em Constituição Estadual.

Item certo.

A Constituição Federal prevê um rol de matérias cuja iniciativa de lei é privativa do Presidente da República (art. 61, §1°).

Evidentemente, esse comando restringe a atuação do legisladorordinário, não alcançando o poder constituinte originário ou derivadoreformador da Constituição Federal. Ou seja, não pode uma lei que concede remuneração para servidores, por exemplo, ser de iniciativa de um parlamentar, pois esse assunto é tema de iniciativa privativa doPresidente da República. Entretanto, uma emenda constitucional sobre esses assuntos pode ser aprovada mesmo que o Presidente não seja o iniciador.

Pois bem, o que às vezes não se sabe é que o Supremo entende que osassuntos de iniciativa privativa do chefe do Executivo não podemintegrar a Constituição Estadual, sob pena de desrespeito ao princípio da separação dos poderes. Em outras palavras, a iniciativa privativa do

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Presidente da República é uma limitação ao poder constituinte derivado decorrente.

Observe como esse assunto tem estreita relação com a independência e harmonia entre os poderes e com o próprio sistema de freios e contrapesos!

Se você ainda não “captou o espírito” do que estamos querendo dizer, veja o caso do processo legislativo. Se você observar com cuidado, poderá verificar como todo o processo é regido por relações deindependência, controle e harmonia entre os Poderes.

91 ) (ESAF/PROCURADOR/BACEN/2001) No sistema de separação de poderes vigente entre nós, não se admite caso de edição, porórgão do Judiciário, de normas estabelecendo direitos e obrigações.

Item errado.

Como visto diversas vezes, atualmente, entende-se que o princípio da separação dos poderes não implica exercício exclusivo das funções de

1 – A elaboração de leis é funçãoprecípua do Poder Legislativo

2 – Entretanto, há assuntos que são de iniciativa privativa do Presidente d R úbli

3 – Quanto a esses assuntos, o Congresso não pode iniciar o processo legislativo sob pena de inconstitucionalidade por vício de iniciativa

4 – Mas, os parlamentares podem emendar esses projetos de lei (desde que as emendas não aumentem despesa e sejam pertinentes ao tema do projeto original)

5 – Aprovado o projeto no Congresso, ele volta ao Presidente, que poderá vetá-lo

7 – Superado o veto, o projeto aindavai ao Presidente para promulgação, que, entretanto, não é obrigatória

8 – O Congresso não fica dependente da promulgação do Presidente, pois caso ele não o faça, a competênciapassa ao Presidente do Senado.

9 – Por fim, depois de elaborada a lei, poderá o Judiciário declará-la inconstitucional

6 – Caso ocorra o veto, poderá ele sersuperado pelo voto dos parlamentares

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governo. Assim, pode o Poder Judiciário legislar de forma atípica. É o queocorre, por exemplo, com a edição dos regimentos dos tribunais.

92 ) (ESAF/TFC/CGU/2008) Compete privativamente ao Senado Federal proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro desessenta dias após abertura da sessão legislativa.

Item errado.

Vimos que é da competência do Congresso o julgamento das contas do Presidente, com base em parecer prévio emitido pelo Tribunal de Contasda União.

E caso o Presidente da República não preste as contas? É o Senado quem tem competência para a tomada de contas?

A resposta é não. Nos termos do art. 51, II, da CF/88, compete à Câmara dos Deputados proceder à tomada de contas do Presidente daRepública, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.

93 ) (ESAF/PGFN/2007) Diante de ato normativo do Poder Executivo, que exorbite do poder regulamentar, compete exclusivamente ao Congresso Nacional emendar o ato, a fim de enquadrá-lo aos limites da delegação legislativa.

Item errado.

Não faça confusão! O ato normativo do Poder Executivo que extrapoleos limites do poder regulamentar deve ser sustado pelo Congresso nacional, nos termos do art. 49, V, da Carta da República.

94 ) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Ao Poder Legislativo é conferida a atribuição para sustar os atos normativos do Poder Executivo, podendo inclusive, essa função fiscalizadora, recair sobre os decretos que não exorbitarem da função regulamentar.

Item errado.

Viu como esse aspecto é importante? Sempre é cobrado nas provas daESAF!

Bom, o Congresso Nacional pode sustar os atos do Poder Executivo queexorbitem do poder regulamentar, no exercício do controle de constitucionalidade.

Caso fosse atribuída ao Congresso competência para sustar indistintamente quaisquer atos do Poder Executivo, haveria um desrespeito à separação e independência entre os poderes.

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95 ) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) A Constituição de Estado-membro pode atribuir competência ao Governador para dispor, mediante decreto, sobre organização e funcionamento da administração estadual, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, não havendo ilegalidade ou inconstitucionalidade se tal decreto revogar lei anterior em sentido contrário.

Item certo.

Como dito, estabelece a Constituição que compete privativamente ao Presidente da República dispor, mediante decreto, sobre (art. 84, VI):

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.

Trata-se da competência excepcional outorgada ao Presidente da República para a expedição do chamado decreto autônomo, desde que no trato dessas específicas matérias enumeradas.

Essa competência, por força do federalismo, é automaticamente estendida aos Governadores dos Estados e do Distrito Federal e aosPrefeitos, que poderão, nas respectivas esferas, disciplinar as referidasmatérias por meio de decreto autônomo.

A parte final diz que não haverá ilegalidade ou inconstitucionalidade se o decreto autônomo revogar lei anterior em sentido contrário, o que está correto. Com efeito, uma lei ordinária que trata da organização efuncionamento da administração estadual pode ser revogada por umdecreto autônomo do Governador, desde que não ocorra aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos. Isso porque odecreto autônomo tem força lei, e, como tal, pode revogar lei anterior em sentido contrário.

Vale lembrar que o Presidente da República poderá delegar essa atribuição aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações (CF, art. 84, parágrafo único).

Da mesma forma, fazendo-se a devida adequação, temos que o Governador de Estado poderá delegar essa atribuição aos Secretários de Estado, ao Procurador-Geral de Justiça e ao Advogado-Geral doEstado, e o Prefeito poderá delegar aos Secretários Municipais e aoAdvogado-geral do Município (nos Municípios não há que se falar em

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delegação ao chefe do Ministério Público, pois não temos esse órgão no âmbito municipal).

96 ) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Lei cujo projeto tenha sido de iniciativa parlamentar pode prever eleições diretas, comparticipação da comunidade escolar, para os cargos de direção das instituições públicas de ensino.

Item errado.

Os cargos de direção das instituições públicas de ensino são cargos em comissão, providos mediante livre nomeação e exoneração do chefe doPoder Executivo.

Assim, o STF já decidiu que fere a separação dos poderes o Poder Legislativo decidir outra forma de provimento desses cargos (ADI 123, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 03/02/1997, DJ 12-09-1997).

Foi o caso do Estado de Santa Catarina, em que a Constituição Estadual previa eleição direta para escolha de dirigentes das instituições de ensino. Naquela ocasião o STF julgou inconstitucional tal dispositivo.

97 ) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) O Poder Legislativo está autorizado a aprovar lei em cujos dispositivos se declarem nulas e de nenhuma eficácia, por serem inconstitucionais, outras leis de sua autoria.

Item errado.

Nosso ordenamento jurídico não admite a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo com força de lei por meio de lei ou ato normativo posterior.

Ou seja, essa competência de retirar uma lei do mundo jurídico é exclusiva do Poder Judiciário.

Veremos com mais detalhes em aula seguinte que o Poder Legislativo exerce controle de constitucionalidade, mas nas seguintes hipóteses:

a) por meio da atuação da Comissão de Constituição e Justiça (queopina sobre a constitucionalidade das proposições legislativas);

b) por meio do veto legislativo (art. 49, V); e

c) por meio da apreciação das medidas provisórias.

98 ) (ESAF/ANALISTA/CVM/2001) Cabe ao Congresso Nacional, e não ao Tribunal de Contas da União, julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República.

Item certo.

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Como já comentado, o controle externo da administração pública é função do Congresso Nacional. No exercício dessa competência, o Parlamento é auxiliado pelo TCU.

Nem por isso há uma relação de subordinação e dependência entre eles, visto que o TCU detém e exerce funções de controle, as quais lhe são próprias e privativas.

Compete ao Tribunal de Contas da União julgar as contas dosadministradores públicos em geral, nos termos do art. 71, II da CF/88.

Mas, no caso das contas do Presidente da República, a função o TCU restringe-se na sua apreciação e emissão de parecer prévio opinativo.

Isso porque é competência exclusiva do Congresso Nacional o julgamento anual das contas do Presidente da República (art. 49, IX).

99) (ESAF/PFN/2004) Cabe exclusivamente ao Poder Executivo e ao Poder Legislativo a análise dos pressupostos da urgência e da relevância das medidas provisórias.

Item errado.

Foi objeto de grande controvérsia na doutrina a possibilidade de o Poder Legislativo e o Poder Judiciário apreciarem os critérios de urgência erelevância situados no âmbito da discricionariedade do chefe do PoderExecutivo para a expedição de medidas provisórias.

O STF firmou entendimento de que esses critérios têm caráter político, estando no âmbito de controle do Poder Executivo (na edição) e do Poder Legislativo (na apreciação).

Todavia, o Poder Judiciário pode, excepcionalmente, diante de abuso do Presidente da República, examinar a presença desses pressupostos.

Esse o entendimento do STF sobre a matéria, de permitir o excepcional controle judicial dos pressupostos de urgência e relevância para aedição de medida provisória, sempre que caracterizado abuso doPresidente da República.

Em concurso público, o candidato deve tomar cuidado com o enunciado da questão, pois se é certo que o Poder Judiciário pode, excepcionalmente, apreciar os pressupostos de urgência e relevânciapara edição de medida provisória, é também certo simplesmente afirmar-se que o Poder Judiciário pode apreciar esses pressupostos (sem menção ao caráter de excepcionalidade). Certo?

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Ora, se o Poder Judiciário pode apreciá-los excepcionalmente, é porque pode apreciá-los (não há necessidade de o enunciado referir-se, expressamente, ao “excepcionalmente”).

100 ) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Assinale a opção correta.

a) É constitucionalmente ilegítimo o projeto de lei sobre matéria da iniciativa exclusiva do Presidente da República que foi proposto por grupo de parlamentares no Congresso Nacional, mesmo que a lei tenha sido sancionada pelo Chefe do Executivo.

b) Num projeto de lei do Chefe do Executivo que concede gratificação a certa categoria de servidores da Administração Pública Direta, é legítima a emenda parlamentar que estende a vantagem a outras categorias do serviço público, que estejam sob as mesmas condições da beneficiada inicialmente, sob o fundamento da isonomia.

c) Não há impedimento a que, num projeto de lei, fixando novos vencimentos para certa carreira do serviço público, encaminhado pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, seja aprovada emenda parlamentar sobre tema diverso, modificando regras sobre promoção de militares.

d) A Constituição veda a apresentação de emendas parlamentares a projeto de lei de iniciativa popular.

e) As regras básicas do processo legislativo federal referentes a reserva de iniciativa são facultativamente seguidas pelos Estados- membros.

Gabarito: “a”

A assertiva “a” está certa porque se a matéria é de iniciativa exclusiva do Presidente da República, não podem os parlamentares apresentarprojeto de lei sobre ela, sob pena de inconstitucionalidade, ainda que o Presidente da República posteriormente sancione o projeto resultante dessa iniciativa viciada. Isso porque, segundo a jurisprudência do STF, a sanção do chefe do Executivo não convalida o vício verificado nainiciativa.

Logo, se houver vício na iniciativa, ainda que o Presidente da República posteriormente sancione o projeto de lei resultante, esse ato de sanção não convalidará o vício verificado na iniciativa, isto é, a lei resultante seráinconstitucional, e sua invalidade poderá ser arguida a qualquermomento perante o Poder Judiciário.

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A assertiva “b” está errada porque essa emenda parlamentar, que estende vantagem a outras categorias do serviço público, é inconstitucional, por implicar aumento de despesa em projeto de lei de iniciativa privativa do chefe do Executivo (art. 61, § 1º, II, a). Nem mesmo a sanção presidencial terá o condão de sanar o vício de emenda.

A assertiva “c” está errada porque a emenda parlamentar estaria tratando de tema diverso daquele apresentado pelo chefe do Executivoe, como vimos, a emenda parlamentar a projeto de lei de iniciativaprivativa do chefe do Executivo deve guardar pertinência temática coma matéria apresentada no projeto de lei.

A assertiva “d” está errada porque não há nenhuma proibição àapresentação de emenda parlamentar a projeto de lei resultante de iniciativa popular (art. 61, § 2º).

Aliás, vale lembrar que o projeto de lei resultante de iniciativa popular será apresentado à Câmara dos Deputados e, daí por diante, seguirá o trâmite de projeto de lei apresentado por qualquer outro legitimado(discussão e votação, apresentação de emendas, envio para sanção ou veto do chefe do Executivo etc.).

A assertiva “e” está errada porque, segundo a jurisprudência do STF, asregras básicas do processo legislativo federal são de observânciaobrigatória pelos estados-membros, inclusive no tocante à iniciativa delei.

Assim, as matérias que na esfera federal são de iniciativa privativa doPresidente da República (art. 61, § 1º, e art. 165) são, no âmbito estadual, de iniciativa privativa do Governador.

Sobre isso guarde aquele detalhe mais importante, por nós estudado anteriormente: aquelas matérias que por reprodução do processo legislativo federal sejam de iniciativa privativa do Governador, nãopodem ser tratadas nem mesmo na Constituição Estadual.

101 ) (ESAF/AFC/CGU/2006 - adaptada) Os membros do Conselho Nacional de Justiça serão nomeados pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

Item errado.

Os membros do CNJ são nomeados pelo Presidente da República após aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. Nãoefetuadas as indicações no prazo legal, caberá ao STF fazê-las.

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O CNJ é um assunto relevante tendo em vista que foi criado pela EC n°45/2004 e a ESAF adora questões sobre essa reforma do judiciário.

Observe ainda que a constitucionalidade da criação do CNJ foi questionada no STF, quanto ao fato de estar ferindo o princípio daseparação dos Poderes e o princípio federativo.

O Tribunal entendeu que o CNJ configura órgão administrativo interno ao Judiciário, tendo sua composição majoritariamente formada pormembros desse Poder. Ademais, suas decisões estariam sujeitas aocontrole jurisdicional do Supremo Tribunal Federal, órgão ao qual se subordina. Por esse motivo, o CNJ não exerce nenhum poder sobre o STF, nem sobre seus ministros.

Diante disso, o STF considerou constitucional a criação do CNJ, nãohavendo, segundo o Tribunal, nenhuma ofensa à separação dos Poderes.

Outro aspecto ressaltado pelo STF foi o caráter nacional do CNJ, assim como o Poder Judiciário como um todo, não havendo como se alegar prejuízo à Federação.

Outros detalhes sobre o CNJ.

Primeiro, os membros do CNJ são julgados pelo Senado Federal nos crimes de responsabilidade (art. 52, II).

Quanto aos crimes comuns, não há foro especial por desempenho defunção no CNJ. Seus membros continuam sendo julgados no foro anteriorao seu ingresso no CNJ. Por exemplo, se o membro é um juiz federal, continua sendo julgado pelo TRF correspondente; mas, o cidadão comum, membro do CNJ, continua sendo julgado pela justiça comum.

Outro aspecto: o CNJ dispõe de poder normativo para editar atosnormativos com força de lei nas matérias de sua competência privativa (indicadas no art. 103-B, §4°, da CF/88).

Tenha em mente, ainda, que o CNJ dispõe de competênciaadministrativa, e não jurisdicional. É dizer, está ERRADO dizer que ao CNJfoi atribuída jurisdição nacional. Nesse sentido, por exemplo, a quebra dos sigilos fiscal, telefônico e bancário não está ao alcance desse Conselho.

Por fim, lembre-se que compete ao STF julgar as ações instauradas contra o CNJ (art. 102, I, “r”).

102 ) (ESAF/OFICIAL/MRE/2002) O princípio da independência dos poderes, como adotado pela Constituição Federal, é incompatível com o julgamento de membro do Judiciário pelo Poder Legislativo.

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Item errado.

A independência entre os Poderes não obsta o julgamento de ummembro do Judiciário pelo Legislativo. Esse á um dos aspectos do controle recíproco, proporcionado pelo sistema de freios e contrapesos.

Compete ao Senado Federal processar e julgar os Ministros do SupremoTribunal Federal e os membros do Conselho Nacional de Justiça nos crimes de responsabilidade (CF, art. 52).

Essa competência mostra duas vertentes da relação entre os Poderes:

I – é um caso de controle de um Poder por outro, sem prejuízo daindependência entre eles; e

II – mostra que não há exclusividade no exercício das funções do poderestatal, visto que se trata de caso de exercício da função jurisdicionalpelo Poder Legislativo.

103 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Diversamente do que ocorre no presidencialismo, no sistema parlamentarista o chamado referendo ministerial tem o valor de sustentar a validade do ato praticado pelo Chefe de Estado.

Item certo.

Esse assunto não é pacificado na doutrina.

Mas, de se observar que a Esaf respaldou a posição que, a nosso ver, é dominante, sendo defendida, por exemplo, pelo prof. José Afonso daSilva.

Segundo essa linha doutrinária, não é condição de validade do ato presidencial a referenda ministerial, ou seja, a chancela dada aos atos do Presidente da República pelo ministro da pasta correspondente.

José Afonso registra que os ministros de Estado têm importância maior no parlamentarismo, em que eles efetivamente exercem o comando das funções de governo. Ao contrário, no presidencialismo, os ministros nãopassam de meros auxiliares do Presidente da República.

Continua o respeitado professor afirmando que o referendo ministerial é de pouca importância no sistema presidencialista, já que não interferena validade do ato. Ou seja, se o ministro não assina o ato, nem por issoele deixa de valer ou ter eficácia.

104 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) Suponha que o Congresso Nacional aprove lei, de iniciativa de Deputado Federal, que reduz alíquota do Imposto de Renda de Pessoas Físicas. O

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Presidente da República sanciona o projeto. Mais tarde, percebe que a lei é ruinosa e ouve seus conselheiros jurídicos que lhe dizem:

1 . Houve vício de iniciativa na elaboração da lei.

2. O Presidente da República não pode provocar o Supremo Tribunal Federal a exercer o controle de constitucionalidade sobre a lei, porque sancionou o projeto.

3 . O Presidente da República pode, desde que se atenha ao prazo de veto de que dispõe constitucionalmente, voltar atrás na sanção e vetar o projeto.

4. Tendo o Presidente da República sancionado a lei, toda discussão sobre eventual invasão da sua iniciativa privativa fica prejudicada, jáque, qualquer que seja o caso, a sanção supre o vício de iniciativa.

Assinale a opção correta.

a) Todas as afirmações estão corretas.

b) Apenas uma das afirmações está correta.

c) Apenas duas das afirmações estão corretas.

d) Apenas três das afirmações estão corretas.

e) Nenhuma das afirmações está correta.

Gabarito: “e”

Examinemos, separadamente, as afirmações dos conselheiros jurídicos do Presidente da República.

A afirmação nº 1 está errada, porque matéria tributária não é de iniciativa privativa do Presidente da República, podendo os membros do Legislativo apresentar projeto de lei de conteúdo tributário, como na hipótese dada, para reduzir a alíquota do imposto de renda. Há muito, o STF firmou entendimento de que matéria tributária, nas três esferas degoverno, não é de iniciativa privativa do chefe do Executivo.

A afirmação nº 2 está errada, porque o fato de o Presidente daRepública ter sancionado o projeto de lei não lhe retira a legitimidadepara, ulteriormente, impugnar a respectiva lei. Nada impede que elesancione o projeto hoje e, posteriormente, impugne perante o PoderJudiciário a lei resultante, mediante a propositura de uma ADI perante o STF, por exemplo.

A afirmação nº 3 está errada, porque o veto e a sanção a projeto de leisão atos irretratáveis, isto é, que não admitem desistência. Não pode oPresidente da República sancionar o projeto de lei e, ulteriormente,

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manifestar sua desistência quanto a esse ato, com o fim de vetarexpressamente o projeto. Da mesma forma, não pode o chefe do Executivo vetar o projeto de lei e, posteriormente, desistir desse ato, para o fim de considerar o projeto sancionado.

A afirmação nº 4 está errada porque, segundo a atual jurisprudência doSTF, a sanção a projeto de lei não supre o vício verificado na iniciativa. Sehouve vício no momento da iniciativa, ainda que o chefe do Executivosancione expressamente o projeto resultante, esse ato não suprirá o tal vício de iniciativa. Significa dizer que, mesmo com a sanção ao projeto, a lei resultante nascerá com o vício da inconstitucionalidade, que poderá, pelas vias próprias, ser posteriormente requerida ao Poder Judiciário.

Cabe repisar, apenas, que na situação acima apresentada pela Esafnão houve vício de iniciativa, haja vista que os membros do CongressoNacional – deputados e senadores - podem apresentar projeto de lei sobre matéria tributária.

Portanto, a resposta CERTA é a assertiva “e”, pois, conforme comentado acima, nenhuma das afirmações dos conselheiros do Presidente daRepública está correta.

105 ) (ESAF/PFN/2006) O princípio da separação dos poderes impedeque o Ministério Público investigue fatos que possam consistir em crimes contra a ordem tributária, antes de que a investigação, com igual objeto, por parte da Receita Federal, esteja concluída.

Item errado.

Muito boa essa questão, e tem tudo a ver com concurso da área fiscal!

O Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil que, no exercício de suasatribuições, deparar-se com a suposta prática de crime contra a ordem tributária, definido na Lei nº 8.137/90, deverá, observando procedimentoadministrativo próprio, elaborar a chamada “Representação Fiscal paraFins Penais”, com vistas a instruir futura e eventual persecução criminal instaurada contra o infrator. Entretanto, essa representação só terá odevido seguimento (encaminhamento ao Ministério Público) após oesgotamento do processo administrativo tributário, caso instaurado. Enfim, a atuação do AFRFB, no tocante à representação fiscal para fins penais, está condicionada ao esgotamento da via administrativa.

Entretanto, segundo o STF, essa condição – exigência do esgotamento do processo administrativo tributário – não se aplica ao membro do Ministério Público, que poderá instaurar a persecução criminalindependentemente da conclusão do respectivo processo administrativo tributário.

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106 ) (ESAF/ASSISTENTE JURÍDICO/AGU/1999) A deliberação doCongresso Nacional que suspende a eficácia de ato regulamentar do Poder Executivo é insuscetível de controle judicial.

Item errado.

Como você já aprendeu, o ato do Congresso Nacional no exercício da competência de sustar atos (que exorbitem do poder regulamentar) ou lei delegada (que exorbite dos limites da delegação) pode ser objeto de controle de constitucionalidade judicial.

107 ) (ESAF/AFC/2000) O Supremo Tribunal Federal pode declararinconstitucional uma medida provisória, por considerar nãopreenchidos os pressupostos formais da relevância e urgência para a sua edição.

Item certo.

Conforme visto anteriormente, embora a regra seja a apreciação dos pressupostos de urgência e relevância para edição de medida provisória ficar a cargo do Chefe do Poder Executivo (ao editá-la) e das Casas doPoder Legislativo (ao apreciá-la), o Poder Judiciário também poderá examiná-los, para o fim de declarar a inconstitucionalidade da medidaprovisória na hipótese do desatendimento desses pressupostos.

Assim, segundo a jurisprudência do STF, o Poder Judiciário dispõe de competência para apreciar a presença, ou não, dos pressupostosconstitucionais de urgência e relevância para a adoção de medida provisória.

Esse controle poderá ser efetivado na via incidental (diante de casosconcretos a ele submetidos) ou pela via abstrata (por iniciativa de umdos legitimados pelo art. 103 da Constituição Federal, mediante apropositura de ação direta de inconstitucionalidade, por exemplo).

Vale lembrar que, segundo recente jurisprudência do STF, a conversãoem lei da medida provisória não prejudica o controle de constitucionalidade dos pressupostos formais para a sua edição.

108 ) (ESAF/AFC/STN/2008) Os Ministros do Supremo Tribunal Federalserão nomeados pelo Presidente da República, entre cidadãoscom mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, entre advogados, promotores de justiça e membros do Poder Judiciário.

Item errado.

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Vamos encerrar nossa aula de hoje com essa questão, que tambémtrata de separação e independência entre os poderes.

Há algumas semanas houve celeuma acerca da escolha do novo Ministro para o Supremo. A polêmica não importa para você, que deve estar focado na sua prova! Mas, com isso, você já deve ter ficado sabendo pela própria imprensa como se dá a indicação desses magistrados.

Esse assunto é disciplinado na CF/88 em seu art. 101:

“O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serãonomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

É isso aí.

Observe que não há necessidade de que a escolha se dê dentre advogados, promotores de justiça e membros do Poder Judiciário. Daí oerro da questão.

Aliás, ao contrário do que muita gente pensa, se considerada apenas a literalidade do texto constitucional, não precisa ter diploma em Direitopara se tornar um Ministro do STF! Nem para dar aulas de direito constitucional... rs

Bom, leve esse conhecimento para sua prova.

Para te ajudar a memorizar, observe que nenhum de nós dois, que estamos ministrando esse curso, possui (ainda) o diploma de graduaçãoem Direito. Mas, como você aprendeu, esse aspecto não seria impeditivo para sermos indicados para Ministros do Supremo Tribunal Federal, veja só! ...rs

(Texto do Fred) Outro detalhe: veja que o texto constitucional exige, porém, idade mínima para o cargo de Ministro do STF. Por isso, só um de nós (Vicente) preenche esse requisito, pois já acumula bem mais do que os 35 anos exigidos pela Constituição!...rs

(Texto do Vicente) Pois é, o Fred não pode, hoje, ser nomeado Ministro do STF, devido ao critério da idade mínima. Ademais, talvez o Fred nuncapossa ser Ministro do STF, pois ouvi dizer que estão pensando em alterar aConstituição Federal para acrescentar mais um requisito para ser Ministrode nossa Suprema Corte, que é a altura mínima – e, posso estar errado, mas acredito que o Fred não crescerá mais nesta vida!...rs

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Um grande abraço e bons estudos!

Vicente Paulo e Frederico Dias

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RELAÇÃO DAS QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA

1) (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) As normas constitucionais de eficácia contida são aquelas que apresentam aplicabilidade reduzida, haja vista necessitarem de norma ulterior para que sejam aplicadas.

2) (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) As normas constitucionais de eficácia limitada estreitam-se com o princípio da reserva legal, haja vista regularem interesses relativos àdeterminada matéria, possibilitando a restrição por parte do legislador derivado.

3) (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) O condicionamento da aplicação de direitos e garantias fundamentais à preexistência de lei, não retira o poder normativo do dispositivo constitucional, haja vista impor ao legislador e ao aplicador da norma limites de atuação.

4) (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) Caberá mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Logo, poderá ser impetrado o remédio constitucional para sanar a omissão de norma de eficácia contida.

5) (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata e eficácia plena.

6) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) São constitucionais as normas que dizem respeito aos limites, e atribuições respectivas dos poderes políticos, e aos direitos fundamentais. As demais disposições que estejam na Constituição podem ser alteradas pelo quórum exigido para a aprovação das leis ordinárias.

7) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A constituição material é o peculiar modo de existir do Estado, reduzido, sob a forma escrita, a um documento solenemente estabelecido pelo poder constituinte esomente modificável por processos e formalidades especiais nela própria estabelecidos.

8) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A constituição formal designa as normas escritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, a organização dos seus órgãos e os direitos fundamentais.

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9) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A Constituição contém normas fundamentais da ordenação estatal que servem para regular os princípios básicos relativos ao território, à população, ao governo, à finalidade do Estado e suas relações recíprocas.

10 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) As normasprogramáticas não são auto-aplicáveis porque retratam apenas diretrizes políticas que devem ser alcançadas pelo Estado Brasileiro, não possuindo caráter vinculante imediato.

11 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) As normasdefinidoras de direitos e garantias fundamentais são consideradas normas de aplicação mediata, embora direta e potencialmentenão integral.

12 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) É auto-aplicável anorma constitucional que prevê que a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedadas férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente.

13 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) A norma constitucional que prevê que a lei só poderá restringir apublicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem é de eficácia limitada.

14 ) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) Sob o ponto de vista jurídico, a supremacia da Constituição sob os aspectos formal e material se apóia na regra da rigidez decorrente da maior dificuldade para modificação da Constituição do que para a alteração das demais normas jurídicas.

15 ) (ESAF/APO/MPOG/2005) Uma norma constitucional que possua em seu texto a expressão “na forma da lei”, até a promulgação e publicação dessa lei, é classificada por José Afonso da Silva, quanto à sua aplicabilidade, como norma constitucional de eficácia contida.

16 ) (ESAF/AFT/2003) Segundo a melhor doutrina, as normas de eficácia contida são de aplicabilidade direta e imediata, no entanto, podem ter seu âmbito de aplicação restringido por uma legislação futura, por outras normas constitucionais ou por conceitos ético- jurídicos.

17 ) (ESAF/AFRF/2000) As normas programáticas são, na sua maioria, normas auto-aplicáveis.

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18 ) (ESAF/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/TCU/2006) Na aplicação do princípio da interpretação das leis em conformidade com a Constituição, o intérprete deve considerar, no ato deinterpretação, o princípio da prevalência da constituição e o princípio da conservação das normas.

19 ) (ESAF/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/TCU/2006) Quando o intérprete, na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, dá primazia aos critérios que favoreçam a integração política e sociale o reforço da unidade política, pode-se afirmar que, no trabalho hermenêutico, ele fez uso do princípio da conformidade funcional.

20 ) (ESAF/AFRF/2003) Somente o Supremo Tribunal Federal – STF está juridicamente autorizado para interpretar a Constituição.

21 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) A interpretação conforme a Constituição consiste em procurar extrair o significado de uma norma da Lei Maior a partir do que dispõem as leisordinárias que preexistiam a ela.

22 ) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Segundo a doutrina do conceito de constituição, decorrente do movimento constitucional do início do século XIX, deve ser afastado qualquer conteúdo que se relacione com o princípio de divisão ou separação de poderes, uma vez que tal matéria não se enquadra entre aquelas que se referem de forma direta à estrutura do Estado.

23 ) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) De acordo com o princípio da máxima efetividade ou da eficiência, princípio de interpretação constitucional, a interpretação de uma norma constitucional exige a coordenação e combinação dos bens jurídicos em conflito, de forma a evitar o sacrifício total de uns em relação a outros.

24 ) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) O princípio de interpretação conforme a constituição não pode ser aplicado na avaliação da constitucionalidade de artigo de uma Emenda à Constituição promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

25 ) (ESAF/AFC/CGU/2006) O princípio de interpretação conforme a constituição comporta o princípio da prevalência da constituição, o princípio da conservação de normas e o princípio da exclusão da interpretação conforme a constituição mas contra legem.

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26 ) (ESAF/AFC/CGU/2006) A eficácia do método de interpretação jurídico clássico não é afetada pela estrutura normativo-material da norma constitucional a serem interpretada.

27 ) (ESAF/AFC/CGU/2006) No método de interpretação constitucional tópico-problemático, há prevalência da norma sobre o problema concreto a ser resolvido.

28 ) (ESAF/AFC/CGU/2006) O método de interpretação hermenêutico- concretizador prescinde de uma pré-compreensão da norma a ser interpretada.

29 ) (ESAF/AFC/STN/2008) “E preciso, pois, dizer o óbvio: a Constituição constitui (no sentido fenomenológico-hermenêutico); a Constituição vincula (não metafisicamente); a Constituiçãoestabelece as condições do agir político-estatal. Afinal, como bemassinala Miguel Angel Pérez, uma Constituição democrática é, antes de tudo, normativa, de onde se extrai duas conclusões: que a Constituição contém mandatos jurídicos obrigatórios, e que estes mandatos jurídicos não somente são obrigatórios senão que, muito mais do que isso, possuem uma especial força de obrigar, uma vez que a Constituição é a forma suprema de todo o ordenamentojurídico.” (STRECK, Lenio Luiz, Jurisdição constitucional e hermenêutica: uma crítica do direito. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004 , p.287).

Assinale a opção que indica com exatidão os princípios de hermenêutica constitucional utilizados no texto para sustentar a aplicabilidade das normas constitucionais.

a) Unidade da Constituição e razoabilidade.

b) Eficácia integradora e lógica do razoável.

c) Harmonização e proporcionalidade.

d) Reserva do possível e conformidade funcional.

e) Máxima efetividade e força normativa da Constituição.

30 ) (ESAF/AFRF/2000) Normas constitucionais não auto-aplicáveis somente se tornam normas jurídicas depois de reguladas por lei, uma vez que, antes disso, não são capazes de produzir efeito jurídico.

31 ) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) O art. 5º, inciso XXII, da Constituição Federal de 1988, que estabelece “Art. 5º [...] inciso XXII – é garantido o direito de propriedade”, é uma norma constitucional de eficácia contida ou restringível.

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32 ) (ESAF/APO/MPOG/2005) Quanto à natureza jurídica, a doutrinamais moderna considera que certas disposições de umaConstituição, por não possuírem eficácia positiva direta e imediata, não devem ser classificadas como normas jurídicas, mas comonormas meramente diretivas, de caráter não obrigatório.

33 ) (ESAF/ADVOGADO/IRB/2006) Uma norma constitucional classificada quanto à sua aplicabilidade como uma norma constitucional de eficácia contida não possui como característica a aplicabilidade imediata.

34 ) (ESAF/Auditor-Fiscal do Trabalho/2006) Segundo a doutrina mais atualizada, nem todas as normas constitucionais têm natureza de norma jurídica, pois algumas não possuem eficácia positiva direta e imediata.

35 ) (ESAF/Procurador da Fazenda Nacional/2006) Uma normaconstitucional programática pode servir de paradigma para o exercício do controle abstrato de constitucionalidade.

36 ) (ESAF/Procurador da Fazenda Nacional/2006) Normasconstitucionais de eficácia restringida não apresentam eficácia jurídica alguma senão depois de desenvolvidas pelo legislador ordinário.

37 ) (ESAF/AFRF/2001) As normas do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de 1988 não se definem como normas formalmente constitucionais.

38 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) No caso dasnormas constitucionais de eficácia contida, a atividadeintegradora do legislador infraconstitucional é vinculada e não discricionária, ante a necessidade, para fins de auto-execução, de delimitar o ambiente da sua atuação restritiva.

39 ) (ESAF/AFC/CGU/2006) Uma norma constitucional de eficáciacontida não possui eficácia plena, no momento da promulgação do texto constitucional, só adquirindo essa eficácia após a edição da norma que nela é referida.

40 ) (ESAF/APOFP/SEFAZ/SP/2009) Assinale a opção correta relativa à classificação da Constituição Federal de 1988.

a) É costumeira, rígida, analítica.

b) É parcialmente inalterável, outorgada, sintética.

c) É rígida, outorgada, analítica.

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d) É rígida, parcialmente inalterável, promulgada.

e) É flexível, promulgada, analítica.

41 ) (ESAF/AFC/CGU/2003) Em sua concepção materialista ou substancial, a Constituição se confundiria com o conteúdo de suas normas, sendo pacífico na doutrina quais seriam as matérias consideradas como de conteúdo constitucional e que deveriam integrar obrigatoriamente o texto positivado.

42 ) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a classificação das Constituições, adotada por Karl Lowenstein, uma constituição nominativa é um mero instrumento de formalização legal da intervenção dosdominadores de fato sobre a comunidade, não tendo a função ou a pretensão de servir como instrumento limitador do poder real.

43 ) (ESAF/AFRF/2000) Numa Constituição classificada como dirigente, não se encontram normas programáticas.

44 ) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Uma constituição não- escrita é aquela cujas normas decorrem de costumes e convenções, não havendo documentos escritos aos quais seja reconhecida a condição de textos constitucionais.

45 ) (ESAF/AFCE/TCU/2000) Em relação à supremacia material e formal das constituições, podemos afirmar:

a) a formal é reconhecida nas constituições flexíveis

b) a material está relacionada à produção de um documento escrito

c) a material tem a ver com o modo como as normas constitucionaissão elaboradas

d) a formal resulta da situação da Constituição no topo da hierarquia das normas, independentemente da matéria tratada

e) a jurisdição constitucional está concebida para proteger a supremacia material, mas não a supremacia formal da Constituição

46 ) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) São classificadas como dogmáticas, escritas e outorgadas as constituições que se originam de um órgão constituinte composto por representantes do povo eleitos para o fim de as elaborar e estabelecer, das quais são exemplos as Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988.

47 ) (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) As constituições classificadas quanto à forma como legais são aquelassistematizadas e apresentadas em um texto único.

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48 ) (ESAF/AFC/CGU/2003) As Constituições outorgadas, sob a ótica jurídica, decorrem de um ato unilateral de uma vontade política soberana e, em sentido político, encerram uma limitação ao poder absoluto que esta vontade detinha antes de promover a outorga de um texto constitucional.

49 ) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a melhor doutrina, a tendência constitucional moderna de elaboração de Constituições sintéticas se deve, entre outras causas, à preocupação de dotar certosinstitutos de uma proteção eficaz contra o exercício discricionário da autoridade governamental.

50 ) (ESAF/AFC/CGU/2003) Na história do Direito Constitucional brasileiro, apenas a Constituição de 1824 pode ser classificada, quanto à estabilidade, como uma constituição semi-rígida.

51 ) (ESAF/AFC/CGU/2003) A existência de supremacia formal da Constituição independe da existência de rigidez constitucional.

52 ) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Constituições semi-rígidas são as constituições que possuem um conjunto de normas que não podem ser alteradas pelo constituinte derivado.

53 ) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Constituições populares são aquelas promulgadas apenas após a ratificação, pelos titulares do poder constituinte originário, do texto aprovado pelos integrantes da Assembléia Nacional Constituinte.

54 ) (ESAF/AFC/2000/ADAPTADA) Apresenta característica típica de Constituição rígida aquela que

a) somente admite mudanças no seu texto por meio de procedimentos mais demorados e difíceis do que o procedimento comum de elaboração das leis.

b) resulta de lenta formação histórica, do lento evoluir das tradições, sendo por isso mesmo dotada de maior estabilidade, decorrente do prestígio social das suas prescrições.

c) não consagra direitos fundamentais no seu texto, em razão de ter sido elaborada sem nenhuma participação popular.

d) não admite a reforma do seu texto por meios institucionais.

e) possui conteúdo abreviado, versando somente sobre matérias substancialmente constitucionais.

55 ) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) A Constituição brasileira de 1988 pode ser classificada como:

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a) Constituição democrática, histórica, programática e analítica.

b) Constituição semi-rígida, promulgada, programática e dogmática.

c) Constituição flexível, sintética, promulgada e democrática.

d) Constituição rígida, promulgada, escrita e programática.

e) Constituição rígida, dogmática, analítica e histórica.

56 ) (ESAF/AFC/CGU/2006 - MODIFICADA) Sobre Teoria Geral da Constituição, Poderes do Estado e suas respectivas funções e Supremacia da Constituição, assinale a única opção correta.

a) Nem toda constituição classificada como dogmática foi elaborada por um órgão constituinte.

b) Uma constituição rígida não pode ser objeto de emenda.

c) A distinção de conteúdo entre uma norma constitucional em sentido formal e uma norma constitucional em sentido material tem reflexos sobre a aplicabilidade das normas constitucionais.

d) Uma constituição é classificada como popular, quanto à origem, quando se origina de um órgão constituinte composto de representantes do povo.

e) Segundo a doutrina, não há relação entre a rigidez constitucional e o princípio da supremacia da constituição.

57 ) (ESAF/Auditor-Fiscal do Trabalho/2006) Na concepção materialista de Constituição, é dada relevância ao processo de formação dasnormas constitucionais, que, além de ser intencional, deve produzir um conjunto sistemático com unidade, coerência e força jurídica próprias, dentro do sistema jurídico do Estado.

58 ) (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) Constituições rígidas são as que possuem cláusulas pétreas, que não podem ser abolidas pelo poder constituinte derivado.

59 ) (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) Segundo a doutrina, são características das constituições concisas: a menorestabilidade do arcabouço constitucional e a maior dificuldade de adaptação do conteúdo constitucional.

60 ) (ESAF/AFC/STN/2005) Na concepção de constituição em seu sentido político, formulada por Carl Schmmitt, há uma identidade entre o conceito de constituição e o conceito de leisconstitucionais, uma vez que é nas leis constitucionais que se materializa a decisão política fundamental do Estado.

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61 ) (ESAF/AFTE/RN/2005) A constituição em sentido político pode ser entendida como a fundamentação lógico-política de validade das normas constitucionais positivas.

62 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Para Ferdinand Lassalle, a constituição é dimensionada como decisão global efundamental proveniente da unidade política, a qual, por isso mesmo, pode constantemente interferir no texto formal, pelo que se torna inconcebível, nesta perspectiva materializante, a idéia de rigidez de todas as regras.

63 ) (ESAF/AUDITOR FISCAL DO TRABALHO/MTE/2003) Para Hans Kelsen, a norma fundamental, fato imaterial instaurador do processo de criação das normas positivas, seria a constituição em seu sentido lógico-jurídico.

64 ) (ESAF/ENAP/2006) Na concepção sociológica, defendida por Ferdinand Lassale, a Constituição seria o resultado de uma lenta formação histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sócio- políticos, que se cristalizam como normas fundamentais da organização de determinado Estado.

65 ) (ESAF/AUDITOR FISCAL DO TRABALHO/MTE/2003) A concepção de constituição, defendida por Konrad Hesse, não tem pontos em comum com a concepção de constituição defendida porFerdinand Lassale, uma vez que, para Konrad Hesse, os fatores históricos, políticos e sociais presentes na sociedade nãoconcorrem para a força normativa da constituição.

66 ) (ESAF/APOFP/SEFAZ/SP/2009) São Poderes do Estado, independentes e harmônicos entre si, o Ministério Público, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

67 ) (ESAF/MRE/2004) É característica fundamental do poder político do Estado ser ele divisível, o que dá origem às três funções que serão atribuídas a diferentes órgãos.

68 ) (ESAF/AFT/2006) Segundo a doutrina, "distinção de funções do poder" e "divisão de poderes" são expressões sinônimas e, no caso brasileiro, é um dos princípios fundamentais da RepúblicaFederativa do Brasil.

69 ) (ESAF/TRF/2006) Em razão da independência funcional, um dos elementos essenciais do princípio de separação dos poderes, o exercício das funções que integram o poder político da União é exclusivo.

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70 ) (ESAF/AFC/CGU/2006) O poder político de um Estado é composto pelas funções legislativa, executiva e judicial e tem por características essenciais a unicidade, a indivisibilidade e aindelegabilidade.

71 ) (ESAF/AFT/2006) O exercício da função jurisdicional, uma das funções que integram o poder político do Estado, não é exclusivo do Poder Judiciário.

72 ) (ESAF/AFRF/2005) A especialização funcional, elemento essencial do princípio de divisão de poderes, implica o exercício exclusivodas funções do poder político - legislativa, executiva e judiciária -pelo órgão ao qual elas foram cometidas no texto constitucional.

73 ) (ESAF/AFTE/RN/2005) A adoção do princípio de separação de poderes, inspirado nas lições de Montesquieu e materializado na atribuição das diferentes funções do poder estatal a órgãos diferentes, afastou a concepção clássica de que a unidade seriauma das características fundamentais do poder político.

74 ) (ESAF/MRE/2004) O exercício de uma das funções do poder político do Estado por um determinado órgão se dá sob a forma de exclusividade, com vistas à preservação do equilíbrio no exercício desse poder.

75 ) (ESAF/ASSISTENTE TÉCNICO-ADMINISTRATIVO/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A limitação do poder estatal foi um dos grandes desideratos do liberalismo, o qual exalta a garantia dos direitos do homem como razão de ser do Estado.

76 ) (ESAF/ASSISTENTE TÉCNICO-ADMINISTRATIVO/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A divisão do poder, segundo o critério geográfico, é a descentralização, e a divisão funcional do poder é a base da organização do governo nas democracias ocidentais.

77 ) (ESAF/ASSISTENTE TÉCNICO-ADMINISTRATIVO/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Aristóteles apresenta as funções do Estado em deliberante, executiva e judiciária, sendo que Locke as reconhece como: a legislativa, a executiva e a federativa.

78 ) (ESAF/ASSISTENTE TÉCNICO-ADMINISTRATIVO/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A divisão funcional do poder é, mais precisamente, o próprio federalismo.

79 ) (ESAF/AFRE/RN/2005) Sistema de governo pode ser definido como a maneira pela qual se dá a instituição do poder na sociedade e como se dá a relação entre governantes e governados.

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80 ) (ESAF/AFC/CGU/2003) Em um Estado Parlamentarista, a chefia de governo tem uma relação de dependência com a maioria do Parlamento, havendo, por isso, uma repartição, entre o governo e o Parlamento, da função de estabelecer as decisões políticas fundamentais.

81 ) (ESAF/Procurador da Fazenda Nacional/2006) O princípio da separação dos poderes não constitui obstáculo a que os Estados- membros adotem a solução parlamentarista no desenho darepartição de poderes da sua constituição estadual.

82 ) (ESAF/AFC/CGU/2008) O princípio da separação do exercício das funções estatais não impede que o Poder Legislativo examine o acerto ou o desacerto de decisão judicial, especialmente quandoo próprio regimento interno da Casa Legislativa admitapossibilidade de instauração de comissão parlamentar de inquérito sobre matérias pertinentes à competência do Poder Judiciário.

83 ) (ESAF/AFC/CGU/2008) Não é plausível, em face do ordenamento constitucional brasileiro, a existência de leis interpretativas que veiculariam a denominada interpretação autêntica. Leis interpretativas consubstanciariam usurpação das atribuições institucionais do Poder Judiciário e, em conseqüência, ofenderiam o postulado fundamental da divisão funcional do Poder.

84 ) (ESAF/TFC/CGU/2008) Compete privativamente ao Senado Federal julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo.

85 ) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Não é da competência exclusiva do Congresso Nacional

a) sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem dopoder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.

b) autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar.

c) autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado.

d) resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.

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e) aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar oestado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas.

86 ) (ESAF/AFC/CGU/2008) Ainda que os Poderes Legislativo e Executivo detenham prerrogativas de formular e executar políticaspúblicas, o Poder Judiciário pode determinar a órgãos estatais inadimplentes que implementem políticas públicas definidas pela própria Constituição, cuja omissão possa comprometer a eficácia e a integridade de direitos sociais e culturais.

87 ) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) O decreto autônomo, isto é, o decreto de perfil não regulamentar, cujo fundamento de validade repousa diretamente na Constituição, não é admitido pela ordem constitucional em vigor.

88 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Considerando o contexto da independência do Poder Legislativo, é norma derepetição obrigatória nas Constituições Estaduais oreconhecimento às Assembléias Legislativas do poder de determinar a exoneração de Secretário de Estado.

89 ) (ESAF/ANALISTA CONTÁBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) A leidelegada será elaborada pelo Presidente da República, em razão de delegação do Congresso Nacional. Editada a norma, comextrapolação de seus limites, resta ao Poder Legislativo suscitar a inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, haja vista não mais possuir competência para sustar o ato normativo.

90 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) Consolidou-se o entendimento de que matéria que, no âmbito federal, está sujeita à legislação ordinária sob reserva de iniciativa do Presidente da República não pode ser regulada em Constituição Estadual.

91 ) (ESAF/PROCURADOR/BACEN/2001) No sistema de separação de poderes vigente entre nós, não se admite caso de edição, por órgão do Judiciário, de normas estabelecendo direitos e obrigações.

92 ) (ESAF/TFC/CGU/2008) Compete privativamente ao Senado Federal proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após abertura da sessão legislativa.

93 ) (ESAF/PGFN/2007) Diante de ato normativo do Poder Executivo, que exorbite do poder regulamentar, compete exclusivamente ao Congresso Nacional emendar o ato, a fim de enquadrá-lo aos limites da delegação legislativa.

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94 ) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Ao Poder Legislativo é conferida a atribuição para sustar os atos normativos do Poder Executivo, podendo inclusive, essa função fiscalizadora, recair sobre os decretos que não exorbitarem da função regulamentar.

95 ) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) A Constituição de Estado-membro pode atribuir competência ao Governador para dispor, mediante decreto, sobre organização e funcionamento da administração estadual, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, não havendo ilegalidade ou inconstitucionalidade se tal decreto revogar lei anterior em sentido contrário.

96 ) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Lei cujo projeto tenha sido deiniciativa parlamentar pode prever eleições diretas, comparticipação da comunidade escolar, para os cargos de direção das instituições públicas de ensino.

97 ) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) O Poder Legislativo está autorizado a aprovar lei em cujos dispositivos se declarem nulas e de nenhuma eficácia, por serem inconstitucionais, outras leis de sua autoria.

98 ) (ESAF/ANALISTA/CVM/2001) Cabe ao Congresso Nacional, e não ao Tribunal de Contas da União, julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República.

99 ) (ESAF/PFN/2004) Cabe exclusivamente ao Poder Executivo e ao Poder Legislativo a análise dos pressupostos da urgência e da relevância das medidas provisórias.

100) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Assinale a opção correta.

a) É constitucionalmente ilegítimo o projeto de lei sobre matéria dainiciativa exclusiva do Presidente da República que foi proposto porgrupo de parlamentares no Congresso Nacional, mesmo que a lei tenha sido sancionada pelo Chefe do Executivo.

b) Num projeto de lei do Chefe do Executivo que concedegratificação a certa categoria de servidores da Administração Pública Direta, é legítima a emenda parlamentar que estende a vantagem a outras categorias do serviço público, que estejam sob as mesmas condições da beneficiada inicialmente, sob o fundamento daisonomia.

c) Não há impedimento a que, num projeto de lei, fixando novos vencimentos para certa carreira do serviço público, encaminhado pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, seja aprovada

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emenda parlamentar sobre tema diverso, modificando regras sobre promoção de militares.

d) A Constituição veda a apresentação de emendas parlamentaresa projeto de lei de iniciativa popular.

e) As regras básicas do processo legislativo federal referentes a reserva de iniciativa são facultativamente seguidas pelos Estados-membros.

101 ) (ESAF/AFC/CGU/2006 - adaptada) Os membros do Conselho Nacional de Justiça serão nomeados pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

102 ) (ESAF/OFICIAL/MRE/2002) O princípio da independência dospoderes, como adotado pela Constituição Federal, é incompatível com o julgamento de membro do Judiciário pelo Poder Legislativo.

103 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Diversamente doque ocorre no presidencialismo, no sistema parlamentarista o chamado referendo ministerial tem o valor de sustentar a validade do ato praticado pelo Chefe de Estado.

104 ) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) Suponha que o Congresso Nacional aprove lei, de iniciativa de Deputado Federal, que reduz alíquota do Imposto de Renda de Pessoas Físicas. O Presidente da República sanciona o projeto. Mais tarde, percebe que a lei é ruinosa e ouve seus conselheiros jurídicos que lhe dizem:

1 . Houve vício de iniciativa na elaboração da lei.

2. O Presidente da República não pode provocar o Supremo Tribunal Federal a exercer o controle de constitucionalidade sobre a lei, porque sancionou o projeto.

3 . O Presidente da República pode, desde que se atenha ao prazo de veto de que dispõe constitucionalmente, voltar atrás na sanção e vetar o projeto.

4. Tendo o Presidente da República sancionado a lei, toda discussão sobre eventual invasão da sua iniciativa privativa fica prejudicada, jáque, qualquer que seja o caso, a sanção supre o vício de iniciativa.

Assinale a opção correta.

a) Todas as afirmações estão corretas.

b) Apenas uma das afirmações está correta.

c) Apenas duas das afirmações estão corretas.

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d) Apenas três das afirmações estão corretas.

e) Nenhuma das afirmações está correta.

105 ) (ESAF/PFN/2006) O princípio da separação dos poderes impede que o Ministério Público investigue fatos que possam consistir em crimes contra a ordem tributária, antes de que a investigação, com igual objeto, por parte da Receita Federal, esteja concluída.

106 ) (ESAF/ASSISTENTE JURÍDICO/AGU/1999) A deliberação doCongresso Nacional que suspende a eficácia de ato regulamentar do Poder Executivo é insuscetível de controle judicial.

107 ) (ESAF/AFC/2000) O Supremo Tribunal Federal pode declarar inconstitucional uma medida provisória, por considerar nãopreenchidos os pressupostos formais da relevância e urgência para a sua edição.

108 ) (ESAF/AFC/STN/2008) Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, entre cidadãoscom mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, entre advogados, promotores de justiça e membros do Poder Judiciário.

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GABARITOS OFICIAIS

1) E

2) E

3) C

4) E

5) E

6) E

7) E

8) E

9) C

10) E

11) E

12) C

13) E

14) E

15) E

16) C

17) E

18) C

19) E

20) E

21) E

22) E

23) E

24) E

25) C

26) E

27) E

28) E

29) E

30) E

31) C

32) E

33) E

34) E

35) C

36) E

37) E

38) E

39) E

40) D

41) E

42) E

43) E

44) E

45) D

46) E

47) E

48) C

49) E

50) C

51) E

52) E

53) E

54) A

55) D

56) D

57) E

58) E

59) E

60) E

61) E

62) E

63) C

64) E

65) E

66) E

67) E

68) E

69) E

70) C

71) C

72) E

73) E

74) E

75) C

76) C

77) C

78) E

79) E

80) C

81) E

82) E

83) E

84) E

85) C

86) C

87) E

88) E

89) E

90) C

91) E

92) E

93) E

94) E

95) C

96) E

97) E

98) C

99) E

100) A

101) E

102) E

103) C

104) E

105) E

106) E

107) C

108) E

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