aula 01 - direito civil

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DIREITO CIVIL: AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL PROFESSOR LAURO ESCOBAR Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1 1 AULA 01 DAS PESSOAS NATURAIS (arts. 1° ao 39; 70 a 78, CC) Itens específicos previstos nos últimos editais e que serão abordados nesta aula: Pessoa Natural: conceito, capacidade e incapacidade, começo e fim, direitos da personalidade. Subitens: Pessoa Natural. Conceito. Personalidade: Início, Individualização e Término. Nascituro. Domicílio Civil. Residência. Direitos da Personalidade. Capacidade: classificação. Incapacidade. Emancipação. Registro e Averbação. Meus amigos e alunos. Após a análise da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que não faz parte do Código Civil (e que, apesar de ser considerada como “aula demonstrativa”, é muito importante, pois também consta do edital e por isso pode cair na prova), vamos analisar nesta aula o tema “Pessoas”, que é o primeiro ponto do Código Civil (Parte Geral). Dividiremos este tema em duas partes. Hoje veremos as Pessoas Naturais (ou Físicas). Na próxima aula veremos as Pessoas Jurídicas. Comecemos... Podemos conceituar pessoa como sendo todo ente físico ou jurídico, suscetível de direitos e obrigações. É sinônimo de sujeito de direitos. No Brasil temos duas espécies de pessoas: naturais e jurídicas. Ambas possuem aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. Hoje veremos as Pessoas Naturais (termo mais técnico) ou físicas, analisando, basicamente, três aspectos: personalidade, capacidade e emancipação. PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL É o conjunto de caracteres próprios da pessoa, reconhecida pela ordem jurídica a alguém, sendo a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. É atributo da dignidade do homem. Prevê o art. 1° do Código Civil que: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Assim, o conceito de Pessoa inclui homens, mulheres e crianças; qualquer ser humano sem distinção de idade, saúde mental, sexo, cor, raça, credo, nacionalidade, etc. Por outro lado exclui os animais (que gozam de proteção legal, mas não são sujeitos de direito), os seres inanimados, etc. Concluindo: Pessoa Natural (ou Física) é o próprio ser humano.

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AULA 01

DAS PESSOAS NATURAIS

(arts. 1° ao 39; 70 a 78, CC)

���Itens específicos previstos nos últimos editais e que serão abordados

nesta aula: Pessoa Natural: conceito, capacidade e incapacidade, começo e fim, direitos da personalidade.

Subitens: Pessoa Natural. Conceito. Personalidade: Início, Individualização e Término. Nascituro. Domicílio Civil. Residência. Direitos da Personalidade. Capacidade: classificação. Incapacidade. Emancipação. Registro e Averbação.

Meus amigos e alunos. Após a análise da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que não faz parte do Código Civil (e que, apesar de ser considerada como “aula demonstrativa”, é muito importante, pois também consta do edital e por isso pode cair na prova), vamos analisar nesta aula o tema “Pessoas”, que é o primeiro ponto do Código Civil (Parte Geral). Dividiremos este tema em duas partes. Hoje veremos as Pessoas Naturais (ou Físicas). Na próxima aula veremos as Pessoas Jurídicas. Comecemos...

Podemos conceituar pessoa como sendo todo ente físico ou jurídico,

suscetível de direitos e obrigações. É sinônimo de sujeito de direitos. No Brasil temos duas espécies de pessoas: naturais e jurídicas. Ambas possuem aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. Hoje veremos as Pessoas Naturais (termo mais técnico) ou físicas, analisando, basicamente, três aspectos: personalidade, capacidade e emancipação.

PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL

É o conjunto de caracteres próprios da pessoa, reconhecida pela ordem jurídica a alguém, sendo a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. É atributo da dignidade do homem. Prevê o art. 1° do Código Civil que: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Assim, o conceito de Pessoa inclui homens, mulheres e crianças; qualquer ser humano sem distinção de idade, saúde mental, sexo, cor, raça, credo, nacionalidade, etc. Por outro lado exclui os animais (que gozam de proteção legal, mas não são sujeitos de direito), os seres inanimados, etc.

���Concluindo: Pessoa Natural (ou Física) é o próprio ser humano.

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INÍCIO DA PERSONALIDADE

Há muita polêmica doutrinária envolvendo o início da personalidade civil. São três as principais teorias sobre o tema:

a) Teoria Concepcionista: a personalidade tem início com a concepção; ou seja, com a própria gravidez (momento em que o óvulo fecundado pelo espermatozoide se junta à parede do útero).

b) Teoria Natalista: a personalidade se inicia a partir do nascimento da criança com vida.

c) Teoria da Viabilidade: pressupõe a possibilidade de sobrevivência da criança. Países que adotam esta teoria entendem que se uma criança nasceu com uma doença que a levará a morte em poucos dias, não haverá a aquisição da personalidade.

No Brasil a doutrina se manifesta de forma divergente, pois, se por um lado a lei estabelece que a personalidade civil tem início com o nascimento com vida, o mesmo dispositivo a seguir assegura ao nascituro direitos desde sua concepção.

No concurso como eu faço? Em uma prova objetiva o aluno deve se limitar ao texto expresso da lei. Na omissão da banca opte pela teoria natalista que ainda é a mais aceita nos concursos. Em um prova dissertativa cite as três teorias, expondo que no Brasil há ferrenhos defensores da concepção e da natalidade, abordando os aspectos mais relevantes de cada uma. Lembrem-se: a tendência atual é proteger, cada vez mais, o nascituro e seus direitos desde a concepção.

Analisando o texto legal, podemos afirmar que a personalidade da pessoa natural ou física inicia-se com o nascimento com vida, ainda que por poucos momentos. Esta é a primeira parte do art. 2° do CC. Se a criança nascer com vida, ainda que por um instante, já adquire a personalidade.

Ocorre o nascimento quando a criança é separada do ventre materno (parto natural ou por intervenção cirúrgica), mesmo que ainda não tenha sido cortado o cordão umbilical. Além disso, é necessário que tenha respirado. Há nascimento e há parto quando a criança, deixando o útero materno, respira. Portanto... se o recém-nascido respirou... nasceu com vida. E é nesse momento que a personalidade civil terá início em sua plenitude, com todos os efeitos subsequentes, conforme veremos.

NASCITURO

O termo nascituro significa “aquele que há de nascer”. É o ente que já foi gerado ou concebido, mas ainda não nasceu, embora tenha vida intrauterina e natureza humana. Tecnicamente (teoria natalista), ele não tem personalidade, pois ainda não é pessoa sob o ponto de vista jurídico. Mas apesar de não ter personalidade jurídica, a lei põe a salvo os direitos do nascituro desde a concepção. Trata-se da segunda parte do art. 2°, CC. Na realidade o nascituro tem uma expectativa de direito. Ex.: o nascituro tem o direito de nascer e de viver (o aborto, como regra é considerado como crime - arts. 124 a 127 do Código Penal).

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☺☺☺ Proteção ao nascituro. Ele é titular de direitos personalíssimos: vida (a lei proíbe o aborto, salvo raríssimas exceções), honra, imagem, etc.; tem direito à filiação, direito de ser contemplado por doação ou por testamento (legado ou herança) sem prejuízo do recolhimento do imposto de transmissão, pode ser nomeado curador para a defesa de seus interesses, etc. Além disso, o art. 8° do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n° 8.069/90 – ECA) determina que a gestante tem condições de obter judicialmente os alimentos para garantia do bom desenvolvimento do feto (alimentos gravídicos), adequada assistência pré-natal, como consultas médicas, remédios, etc.

O principal direito do nascituro é o de ter direito à sucessão. Se ele já foi concebido no momento da abertura da sucessão (morte do de cujus) legitima-se a suceder de forma legítima (conferir arts. 1.784 e 1.798, CC). Também se legitimam a suceder por testamento “os filhos ainda não concebidos de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão” (art. 1.799, I, CC).

Por tal motivo, tendo já tantos “direitos”, é que está crescendo a teoria concepcionista, considerando o nascituro como sendo uma Pessoa Natural. Justifica-se esta posição porque somente uma pessoa pode ser titular de direitos... e o art. 2°, CC afirma que o nascituro tem direitos... logo, tendo direitos, ele já poderia ser considerado como tendo personalidade. A situação fica ainda mais definida (segundo os seguidores desta teoria) com o art. 542, CC que estabelece: “A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal”.

Polêmicas à parte, o que se pode afirmar, sem medo de errar, é que o nascituro é titular de um direito eventual. Exemplo: homem falece deixando a esposa grávida. Não se pode concluir o processo de inventário e partilha enquanto a criança não nascer. O nascituro, nesta hipótese, tem direito ao resguardo à herança. Os direitos assegurados ao nascituro estão em estado potencial, sob condição suspensiva: só terão eficácia se nascer com vida. A representação do nascituro se dá por intermédio de seus pais. Nascendo com vida, as expectativas de direito se transformam em direitos subjetivos e a sua existência, no tocante aos seus interesses, retroage ao momento de sua concepção.

� Mas há um problema, de ordem filosófica, religiosa e jurídica envolvendo o nascituro. Isto devido ao avanço da medicina, com as técnicas de fertilização in vitro. Indaga-se: qual o momento em que podemos usar o termo nascituro de uma forma técnica? Uma corrente afirma que a vida tem início legal no momento da penetração do espermatozoide no óvulo, mesmo que fora do corpo da mulher. Para outra corrente a vida somente teria início com a concepção no ventre materno (embora ainda não se possa considerar como sendo uma pessoa). Isto porque é com a nidação (fixação do óvulo fecundado no útero) que se garante eventual gestação e o nascimento. Portanto somente será considerado como nascituro, o óvulo fecundado que for implantado no útero materno. Assim, o embrião humano congelado não poderia ser tido como nascituro, embora tenha proteção jurídica como pessoa virtual, com uma carga genética própria.

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Com o objetivo de regulamentar o art. 225, §1°, inciso II da CF/88, foi editada inicialmente a Lei n° 8.974/95, proibindo e considerando como crime a manipulação genética de células humanas, a intervenção em material genético humano e a produção, guarda e manipulação de embriões humanos destinados a servir como material biológico disponível. No entanto foi aprovada a Lei n° 11.105/05, dividindo opiniões: trouxe esperança para alguns e indignação para outros. Pela nova lei é permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias, obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro, desde que: a) sejam inviáveis, ou estejam congelados há três anos ou mais; b) haja consentimento dos seus genitores.

�Importância de se nascer com vida �

Como vimos, o nascituro tem apenas expectativa de vida e é importante que nasça vivo, nem que seja por um segundo. Se nascer vivo, adquire personalidade. Será um sujeito de direitos e obrigações. No entanto, caso nasça morto, nenhum direito terá adquirido e/ou transmitido. Observem.

Demonstração Ordem de vocação hereditária

1. Descendentes (em concorrência com o cônjuge sobrevivente): filhos, netos, bisnetos, etc.

2. Ascendentes (em concorrência com o cônjuge sobrevivente): pais, avós, bisavós, etc.

3. Cônjuge sobrevivente.

4. Colaterais até o 4° grau: irmãos, sobrinhos, tios, primos, etc.

Levando em consideração o quadro demonstrativo acima, suponhamos que X comprou um apartamento e a seguir se casou com Y pelo regime de separação parcial de bens. Faleceu um ano depois, deixando viúva grávida, pais vivos e apenas aquele apartamento para ser partilhado. Para saber quem será o proprietário do imóvel devemos aguardar o nascimento de Z. Não se pode fazer a partilha antes de seu nascimento. Vejamos as situações que podem ocorrer a partir daí.

☺ Situações: 1) Se Z (filho de X - descendente) nascer morto, o apartamento irá para

A e B, que são os pais (ascendentes) de X (observe o quadro da ordem de vocação hereditária). Neste caso Y (que é o cônjuge sobrevivente) também terá direitos sucessórios, pois atualmente é considerado herdeiro necessário e concorre com os ascendentes do falecido.

2) Se Z (descendente) nascer vivo, herdará o imóvel, em concorrência com sua a mãe Y, pois como vimos atualmente o cônjuge é considerado

A B

X Y

Z

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herdeiro necessário e também concorre na herança com os descendentes do falecido. Observem que neste caso os pais de X nada herdarão.

3) Se Z nascer vivo e logo depois morrer, os bens irão todos para sua mãe. Isto porque inicialmente Z herdará parte dos bens de seu pai; no instante em que nasceu vivo, ele foi um ‘sujeito de direito’. Morrendo a seguir, transmite tudo o que recebeu a seus herdeiros. Como não tinha descendentes e nem cônjuge (até porque era recém-nascido) e seu pai já havia falecido, seu único herdeiro será o ascendente remanescente, ou seja, sua mãe. Neste caso A e B nada herdarão.

É necessário dizer ainda, que todo nascimento deve ser registrado, mesmo que a criança tenha nascido morta ou morrido durante o parto. Se for natimorta, o assento será feito no “Livro C Auxiliar". Neste livro irá constar apenas: “o natimorto de Dona Fulana...”. Ou seja, pela nossa lei não se dá nome ao natimorto. No entanto, parte da doutrina entende que o “natimorto tem humanidade” e por isso teria direito a um nome. Sobre o tema, temos o Enunciado 01 da I Jornada de Direito Civil do STJ: “A proteção que o Código confere ao nascituro alcança o natimorto, no que concerne aos direito da personalidade, tais como o nome, imagem e sepultura”.

Por outro lado, é inquestionável que se a criança nasceu viva e logo depois morreu (chegou a respirar), serão feitos dois registros: o do nascimento (constando o nome da criança, pois naqueles poucos segundos a criança teve personalidade) e logo depois o de óbito.

☺☺☺ Observações ☺☺☺

01) Durante nosso curso, às vezes, vamos mencionar a expressão “Jornadas do STJ”. Na realidade estas “jornadas” foram encontros de pessoas ligadas ao Direito Civil, promovidas pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal, sob os auspícios do Superior Tribunal de Justiça em que foram aprovados alguns enunciados, que têm sido acolhidos pelo mundo jurídico. Quando nos referirmos a elas, vamos mencionar que jornada foi essa e o número do enunciado (como fizemos acima).

02) Segundo a doutrina, nascituro é uma expressão mais ampla do que feto, pois este seria o nascituro somente depois que adquiriu a forma humana.

03) É importante salientar que a expressão natimorto não é considerada juridicamente técnica. O vocábulo é composto pelas palavras latinas natus (nascido) e mortus (morto), não tendo previsão no Código Civil. Possui um duplo sentido. Os dicionários jurídicos conceituam o natimorto como sendo "aquele que nasceu sem vida OU aquele que veio à luz, com sinais de vida, mas, logo morreu". Portanto, qualquer uma dessas situações está correta para conceituar natimorto.

DIREITOS DE PERSONALIDADE (arts. 11 a 21, CC)

Adquirindo personalidade (aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações), o ser humano adquire o direito de defender o que lhe é próprio, como sua integridade física ou corporal (vida, corpo, órgãos, voz, imagem,

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liberdade, identidade, alimentos, etc.), intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica, artística e intelectual, etc.), moral (honra, segredo pessoal ou profissional, privacidade, imagem, opção religiosa, sexual, etc.). Os direitos de personalidade são subjetivos e seu titular pode exigir de todos que tais direitos lhe sejam respeitados. Por isso dizemos que eles são erga omnes (extensíveis a todos).

O art. 227 da Constituição Federal dispõe sobre os deveres da Família, da Sociedade e do Estado em relação à criança e ao adolescente, disposições completadas com a Lei n° 8.069/90 – ECA. Observem que a relação dos direitos de personalidade não é taxativa, mas apenas exemplificativa. Lembrem-se: a dignidade é um direito fundamental, previsto em nossa Constituição, que também prevê que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente dessa violação (confiram também o art. 5°, inciso X, CF/88).

Estabelece o art. 11, CC que com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Assim, nem mesmo o agente pode renunciar a estes direitos, colocando-se em uma situação de risco e renunciando expressamente qualquer indenização futura decorrente de uma lesão a estes direitos. No entanto neste caso, levando-se em consideração o art. 945, CC, pode haver uma redução na indenização.

Sobre o tema, vejamos o Enunciado 04 da I Jornada de Direito Civil do STJ: “Art. 11: o exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral”.

Apesar do Código fazer referência a apenas três características a respeito do direito de personalidade, a doutrina lhe dá maior extensão, afirmando que eles são:

• Inatos: os direitos de personalidade já nascem com o seu titular e acompanham até sua morte; alguns direito ultrapassa o evento morte (honra, memória, imagem, direitos autorais, etc.).

• Absolutos: são opostos contra todos (erga omnes), que devem respeitá-los.

• Intransmissíveis: pertencem de forma indissolúvel ao próprio titular. Neste tópico, cabe uma observação: embora estes direitos sejam intransmissíveis em sua essência, os efeitos patrimoniais dos direitos de personalidade podem ser transmitidos. Ex.: a autoria de uma obra literária é intransmissível; porém podem ser negociados os direitos autorais sobre esta obra (ex.: cessão da imagem mediante retribuição financeira).

• Indisponíveis: não podem ser cedidos, a título oneroso ou gratuito a terceiros.

• Irrenunciáveis: nem mesmo o seu titular pode abrir mão destes direitos.

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• Imprescritíveis: valem durante toda vida, não correndo os prazos prescricionais; podem ser reclamados judicialmente a qualquer tempo; não se extinguem pelo não-uso ou pelo decurso de tempo.

• Impenhoráveis: se não podem ser objeto de cessão ou venda, também não pode recair penhora sobre os mesmos.

• Inexpropriáveis: ninguém pode removê-los de uma pessoa.

���Atenção ��� Já vi provas de concursos em que foram colocadas algumas das expressões acima nas alternativas e a afirmação foi considerada como errada. Isto porque apesar de serem consideradas corretas pela doutrina, não estavam previstas expressamente na lei. Portanto, cuidado... leiam bem o cabeçalho da questão e comparem bem as alternativas. Se houver ambiguidade, fique com o texto expresso da lei.

☺☺☺ Vamos acompanhar os próximos dispositivos a respeito ☺☺☺

O art. 12 e seu parágrafo, CC prevê a possibilidade de exigir que cesse lesão a direito da personalidade, por meio de ação própria, sem prejuízo da reparação de eventuais danos materiais e morais suportados pela pessoa. A lei prevê também a possibilidade de defesa do direito do morto, por meio de ação promovida por seus sucessores, ou seja, pelo cônjuge sobrevivente, parentes em linha reta (descendentes ou ascendentes) e os colaterais até quarto grau (irmãos, tios, sobrinhos, primos, etc.). Aliás, estes parentes podem pedir indenização em nome próprio, se provaram que os efeitos do ato ilícito repercutiram também em suas pessoas. Ou seja, o ato envolve determinada pessoa (que no caso já faleceu), mas também pode causar sofrimento a outras pessoas a ela ligadas por estreitos laços de parentesco que não foram diretamente atingidas. É o que se chama de dano reflexo (ou por ricochete).

O corpo, como projeção física da individualidade humana, é inalienável. O art. 13 e seu parágrafo único, CC prevê o direito de disposição de partes, separadas do próprio corpo em vida para fins de transplante, ao prescrever que, “salvo por exigência médica, é defeso (proibido) o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial” (conferir com o art. 199, §4°, CF/88). Em hipótese alguma será admitida a disposição onerosa de órgãos, partes ou tecido do corpo humano. É possível, também, com objetivo científico ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte, podendo essa disposição ser revogada a qualquer momento (art. 14 e seu parágrafo único, CC).

☺☺☺ Resumindo ☺☺☺ A disposição sobre o próprio corpo: a) é proibida quando importar diminuição permanente da integridade física (salvo por exigência médica), ou contrariar os bons costumes; b) é válida com o objetivo científico ou altruístico, para depois da morte, ou, em vida, para fins de transplante. O Código Civil adotou o chamado princípio do consenso afirmativo (termo usado pela doutrina e que caiu em alguns concursos),

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segundo o qual o titular do direito pode manifestar sua vontade em ser doador de órgãos, mas a qualquer tempo pode revogar esta intenção.

���OBSERVAÇÃO��� A Lei 9.434/97 (regulamentada pelo Decreto 2.268/97 e posteriormente alterada pela Lei 10.211/01) trata do assunto, estabelecendo as regras para transplantes. Permite-se a doação voluntária nas seguintes hipóteses: a) órgãos duplos (rins) e b) partes recuperáveis de órgão (fígado) ou de tecido (pele, medula óssea), sem que sobrevenham mutilações ou deformações.

O art. 15, CC trata do direito do paciente, proibindo que uma pessoa seja constrangida a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Trata-se do princípio da autonomia do paciente (ou consentimento esclarecido). Não há mais a chamada supremacia do interesse médico-científico, que se invocava em nome da coletividade, em face ao interesse individual. Atribui-se à pessoa a opção ao tratamento médico ou intervenção cirúrgica para corrigir ou atenuar determinado mal ou doença. Todo procedimento médico deve ser precedido de esclarecimentos e concordância do paciente. O direito não pertence ao médico, à ciência, ou à família, mas, exclusivamente, ao paciente que após ser informado do seu estado de saúde e das alternativas terapêuticas, decidirá se se submete ou não ao tratamento ou à intervenção cirúrgica. Mesmo que saiba ou tenha consciência de que isso abreviará a sua expectativa da vida. Excetuam-se algumas hipóteses (ex.: a pessoa não consegue expressar a sua vontade) em que o direito se desloca para a família do enfermo. E em situações extremas, à presença do estado de necessidade, em evidente risco de vida, pode o médico realizar a intervenção necessária sem o consentimento de quem de direito.

Notem agora que os artigos de 16 a 19 do Código Civil tutelam o direito ao nome (falaremos sobre ele logo adiante, em um item especial) e contra o atentado de terceiros, expondo-o ao desprezo público, ao ridículo, acarretando dano moral ou patrimonial.

O art. 20, CC tutela, de forma autônoma, o direito à imagem e os direitos a ele conexos (art. 5°, XXVIII, letra “a”, CF/88). Dividem-se em a) imagem-retrato: é a representação física da pessoa, implicando o reconhecimento de seu titular por meio de fotografia, escultura, desenho, pintura, interpretação dramática, cinematográfica, televisiva, sites, etc.; b) imagem-atributo: refere-se ao conjunto de caracteres e qualidades cultivadas pela pessoa, como a habilidade, competência, lealdade, etc.; é a repercussão social da imagem. A redação do dispositivo é um pouco confusa. E os examinadores aproveitam isso para exigir questões sobre o tema. Por isso, vamos aprofundar.

O direito à imagem se refere ao direito de ninguém ver seu rosto estampado em público ou comercializado sem seu consenso e o de não ter sua personalidade alterada, material ou intelectualmente, causando dano à sua reputação. Como normalmente ocorre, há certas limitações ao direito de imagem, com dispensa da anuência para sua divulgação. Vejamos algumas situações: a) pessoas famosas (ex.: artistas, políticos, etc.), pois elas têm sua imagem divulgada em razão de sua atividade; mas mesmo assim, não pode

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haver abusos, pois a sua vida íntima deve ser preservada; b) necessidade de divulgação da imagem por questões de segurança pública (ex.: publicação da fotografia de um perigoso marginal procurado pela polícia); c) quando se obtém uma imagem, mas a pessoa é tão somente parte do cenário, pois o que se pretende divulgar é o acontecimento em si (ex.: um congresso, uma exposição de objetos de arte, a inauguração de uma obra pública, um hotel ou um restaurante, reportagens sobre tumultos, enchentes, shows, etc.). Há diversas decisões de que não cabe direito de imagem em fotografia de acontecimento carnavalesco, pois a pessoa que dele participa, de certa forma, “renuncia a sua privacidade”. Na prática todas estas questões são delicadas. Caberá ao Juiz, diante de um caso concreto, decidir se houve abuso e se há direito à indenização. Recomendamos o aluno, para fins de concurso, novamente se ater ao texto legal.

O titular de um direito de personalidade, quando este for violado, poderá pleitear reparação de danos morais e patrimoniais. E se ele já for falecido o direito será exercido pelo cônjuge, ascendente ou descendente (trata-se do art. 20, parágrafo único, CC). Ficou famoso um caso em que uma empresa elaborou um “álbum de figurinhas” estampando a fotografia de jogadores de futebol. Como no caso havia o intuito de lucro da empresa e não houve o consentimento dos atletas, concluiu-se que foi uma prática ilícita, sujeita à indenização. A Súmula 221 do STJ estabelece que é cabível a reparação do dano decorrente de publicação da imprensa, tanto do autor do escrito, quanto do proprietário do veículo de divulgação.

Finalmente, no art. 21, CC, nossa legislação tutelou o direito à intimidade (art. 5°, X, CF/88), prescrevendo que a vida privada da pessoa natural é inviolável (ex.: inviolabilidade de domicílio, de correspondência, bancário, conversas telefônicas, etc.), prevendo a possibilidade de se requerer medidas visando a proteção (impedir ou fazer cessar) dessa inviolabilidade.

���OBSERVAÇÕES���

01) Recomendamos o aluno uma atenção especial comparativa entre os arts. 12 e 20, CC. Observem que o primeiro é genérico (direitos da personalidade em geral) e o segundo é específico em relação ao direito de imagem, sendo que neste os colaterais foram excluídos. Além disso, embora o dispositivo não especifique, entende a doutrina que o companheiro(a) também é parte legítima.

02) O Código Civil não exauriu a matéria referente aos direitos de personalidade. O tratamento é bem genérico e a enumeração exposta é meramente exemplificativa, deixando margem para que se estenda a proteção a situações não previstas expressamente, acompanhando, assim, a rápida evolução dos costumes do mundo atual.

03) Embora agora não seja o momento de aprofundar, mas é interessante deixar claro que a Pessoa Jurídica também pode ser titular de direitos de personalidade no tange à honra, imagem e nome, pois o art. 52, CC estabelece que “aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”.

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INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL

Individualiza-se a pessoa natural de três formas: nome, estado e domicílio. Vejamos cada um deles.

A) NOME

É o sinal exterior pelo qual se designa e se reconhece uma pessoa. É pelo nome que ela fica conhecida no seio da família e da comunidade em que vive. Prevê o art. 16, CC que toda pessoa tem o direito ao nome, nele compreendido o prenome e o sobrenome. Trata-se de direito inalienável (não pode ser vendido), imprescritível (não correm prazos prescricionais) e personalíssimo, essencial para o exercício de direitos e cumprimento das obrigações. Há uma proteção especial da lei em relação ao nome, mediante as ações judiciais. A lei protege a honra da pessoa, proibindo que o seu nome seja usado ou empregado em situações agressivas à intimidade de quem se vê exposto à veiculação pública que provoque depreciação ética, moral ou jurídica, mesmo que a intenção na publicação ou representação não revele intuito difamatório (art. 17, CC). O nome é um direito da personalidade, que também é conferido às pessoas jurídicas, pois estas também têm direito ao nome. São elementos constitutivos do nome:

• Prenome é o nome individual, próprio da pessoa, que pode ser simples (ex.: João, José, Rodrigo, Laura, Aparecida, etc.) ou composto (ex.: José Carlos, Antônio Pedro, Ana Maria, etc.).

• Patronímico ou nome de família, ou apelido de família, ou simplesmente sobrenome identifica a procedência da pessoa, o tronco familiar do qual provém, indicando sua filiação ou estirpe, podendo também ser simples ou composto.

• Agnome é o sinal distintivo entre pessoas da mesma família com nomes iguais, que se acrescenta ao nome completo (ex.: Júnior, Filho, Neto, etc.).

O pseudônimo (em latim: nome falso) consiste no nome atrás do qual se abriga um autor de obra cultural ou artística, para o exercício desta atividade específica (ex.: cantor, ator, autor de um livro, etc.). A lei prevê, de forma expressa, como um direito inerente à personalidade (art. 19, CC), gozando da mesma proteção que se dá ao nome, quando usado para finalidades lícitas.

☺☺☺ Em regra o nome é imutável. No entanto o princípio da inalterabilidade do nome sofre diversas exceções em casos justificados. A lei e a jurisprudência admitem a retificação ou a alteração de qualquer dos seus elementos. No entanto na prática há um maior rigor quanto à modificação do prenome e um menor rigor em relação ao sobrenome. A propósito, vejam a alteração que a Lei n° 9.708/98 fez na Lei de Registros Públicos (LRP – Lei n° 6.015/73), em especial no art. 58: “O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios”. O parágrafo único deste mesmo dispositivo estabelece outra possibilidade: “A substituição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em

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sentença, de Juiz competente, ouvido o Ministério Público”. Outro exemplo é o previsto no art. 56 da própria LRP que permite que o interessado, no primeiro ano, após completar a maioridade civil, altere seu nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa. No entanto o art. 57 determina que qualquer alteração posterior de nome, somente será feita por exceção e motivadamente, após audiência do Ministério Público, e por sentença do Juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração na imprensa. Vejamos outras situações:

• quando expuser seu portador ao ridículo ou situações vexatórias.

• quando houver evidente erro gráfico (ex.: Nerson, Osvardo, etc.).

• quando causar embaraços comerciais e/ou morais trata-se da homonímia (ou homônimo).

• com uso prolongado e constante de um nome diverso do que figura no registro admite-se a alteração do nome adicionando-se o apelido ou alcunha (ex.: Edson Pelé Arantes do Nascimento, Luiz Inácio Lula da Silva, etc.).

• com o casamento – atualmente o art. 1.565, §1°, CC permite que qualquer dos nubentes acrescente ao seu, o sobrenome do outro.

• com a união estável a lei permite que os conviventes adotem o patronímico de seus parceiros, desde que haja concordância recíproca.

• adoção, reconhecimento de filho, divórcio, serviço de proteção de vítimas e testemunhas, tradução de nomes estrangeiros, etc.

B) ESTADO

O estado é definido como sendo o modo particular de existir, ou seja, a soma de qualificações de uma pessoa na sociedade. Apresenta três aspectos:

Individual (ou físico) são as características pessoais: idade, sexo, saúde mental e física, altura, peso, etc. Familiar indica a situação que a pessoa ocupa na família: a) quanto ao matrimônio (solteiro, casado, viúvo, divorciado); b) quanto ao parentesco consanguíneo (pai, mãe, filho, avô, irmão, primo, tio, etc.); c) quanto à afinidade (sogro, sogra, genro, nora, cunhado, etc.). Político identifica a pessoa a partir do local em que nasceu ou de sua condição política dentro de um País: nacional (nato ou naturalizado), estrangeiro, apátrida. Obs.: já vi cair em concurso a expressão heimatlos (origem alemã) que significa apátrida.

O estado é regulado por normas de ordem pública. É irrenunciável, pois não se pode renunciar aquilo que é uma característica pessoal. É uno e indivisível, pois ninguém pode ser simultaneamente casado e solteiro; maior e menor, etc. Por ser um reflexo da personalidade, é inalienável, não podendo ser objeto de comércio. Trata-se de um direito indisponível (não se transferem as características pessoais) e imprescritível (o decurso de tempo não faz com

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que se percam as qualificações pessoais). As ações tendentes a afirmar, obter ou negar determinado estado, também chamadas de ações de estado (ex.: investigação de paternidade, divórcio, etc.). Estas ações são personalíssimas.

C) DOMICÍLIO

O conceito de domicílio surge da necessidade legal que se tem de fixar as pessoas em determinado ponto, onde possam ser encontradas para responder por suas obrigações. Distinção:

Residência é o lugar em que o indivíduo se estabelece habitualmente, com a intenção de permanecer, mesmo que dele se ausente temporariamente; trata-se de uma situação de fato. Domicílio é a sede da pessoa, tanto física como jurídica, onde se

presume a sua presença para efeitos de direito e onde exerce ou pratica, habitualmente, seus atos e negócios jurídicos. É o lugar onde a pessoa estabelece sua residência com ânimo definitivo de permanecer; trata-se de um conceito jurídico. Possui dois elementos:

a) Objetivo: é o estabelecimento físico da pessoa; a fixação da residência. b) Subjetivo: é a intenção, o ânimo de ali permanecer em definitivo (a doutrina chama isso de animus manendi). Se uma pessoa viajou de férias para a praia, evidentemente que seu domicílio não foi alterado, pois falta a intenção de permanecer definitivamente neste local.

���Regra Básica: O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a residência com ânimo definitivo (art. 70, CC). É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida (art. 72, CC).

☺ Outras Regras ☺

A) Uma pessoa pode residir em mais de um local, tomando apenas um como sendo o centro principal de seus negócios; este local então será o seu domicílio. Mas se a pessoa tiver várias residências, onde alternadamente viva, sem que se possa considerar uma delas como sendo o seu centro principal, o domicílio pode ser qualquer delas →→→ o Brasil adotou o sistema da pluralidade domiciliar (art. 71, CC).

B) Pode ocorrer que uma pessoa não tenha uma residência habitual; ela não tem um ponto central de negócios. O exemplo clássico é o dos circenses e ciganos que a cada momento estão em uma localidade diferente (a doutrina os chama de adômidas). O domicílio destas pessoas então será o lugar onde elas forem encontradas (art. 73, CC). É o chamado domicílio aparente ou ocasional. Trata-se de uma ficção jurídica, uma hipótese de aplicação da Teoria da Aparência, pois todo sujeito necessita de um local para ser encontrado e ter um domicílio.

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Espécies de Domicílio

1) Domicílio Voluntário escolhido livremente pela própria vontade do indivíduo e por ele pode ser modificado (geral: art. 70, CC) ou estabelecido conforme interesses das partes em um contrato (especial: art. 78, CC).

2) Domicílio Legal ou Necessário é a lei que determina o domicílio, em razão da condição ou situação de certas pessoas. Deixa de existir a liberdade de escolha do domicílio. Observem o art. 76, CC. Assim:

Incapazes (qualquer tipo de incapacidade): os incapazes têm por domicílio o de seus representantes legais (pais, tutores ou curadores).

Servidor Público: seu domicílio é o lugar onde exerce permanentemente sua função.

Militar em serviço ativo: o domicílio do militar do Exército é o lugar onde está servindo; o da Marinha ou da Aeronáutica é a sede do comando a que se encontra imediatamente subordinado. Aplica-se este dispositivo, por analogia, também aos Policiais Militares estaduais. O militar reformado (aposentado) não tem mais este domicílio.

Preso: é o lugar onde a pessoa cumpre a sentença (não se aplica ao preso provisório; é necessário que haja uma decisão condenatória).

Marítimos (são os oficiais e tripulantes da marinha mercante): marinha mercante é a que se ocupa do transporte de passageiros e mercadorias. O domicílio legal é no lugar onde estiver matriculado o navio.

���Observação: o art. 77, CC ainda traz uma situação especial para o Agente Diplomático do Brasil que, citado no estrangeiro, alega extraterritorialidade, sem indicar seu domicílio no país; neste caso poderá ser demandado no Distrito Federal ou no seu último domicílio.

3) Especial O domicílio voluntário especial merece um destaque à parte. Segundo a doutrina ele pode ser subdividido: a) domicílio contratual (art. 78, CC): local especificado no contrato para o cumprimento das obrigações dele resultantes; b) domicílio (ou foro) de eleição ou cláusula de eleição de foro (previsto no art. 111 do Código de Processo Civil): escolhido pelas partes para a propositura de ações relativas às obrigações. Quando se tratar de ação que verse sobre imóveis a competência é a da situação da coisa. Há uma forte corrente jurisprudencial negando o foro de eleição nos contratos de adesão, “quando constitui um obstáculo à parte aderente, dificultando-lhe o comparecimento em juízo”. Trata-se de uma orientação do STJ, que entende ser cláusula abusiva, pois ela prejudica o consumidor, uma vez que o obriga a responder ação judicial em local diverso de seu domicílio (“é nula a cláusula que não fixar o domicílio do consumidor”). Lembrando que contrato de adesão (ou por adesão) é aquele que já está pronto, elaborado de forma unilateral. Ou você assina (adere) o contrato da forma como que ele foi redigido ou o mesmo não sai. Não é possível ficar discutindo cláusulas contratuais. Por tal motivo a tendência é não ser possível colocar o foro ou domicílio de eleição no contrato (até porque ele não foi eleito; foi imposto por uma das partes).

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Domicílio Pessoa Natural – Resumo

Regra = lugar onde estabelecer residência com ânimo definitivo (muda-se o domicílio transferindo a residência).

Quando possui diversas residências = qualquer delas será o domicílio.

Quanto às relações concernentes à profissão = lugar onde a profissão é exercida.

Quanto às relações concernentes à profissão em lugares diversos = cada um deles constituirá domicílio.

Sem residência habitual = lugar onde for encontrada.

Agente diplomático do Brasil citado no estrangeiro = poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.

Domicílio Necessário

Incapaz = representante ou assistente.

Servidor público = onde exercer permanentemente suas funções.

Militar (em geral) = onde servir.

Militar da Marinha ou Aeronáutica = sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado.

Marítimo = onde o navio estiver matriculado.

Preso = onde estiver cumprindo a sentença.

FIM DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL

A existência da pessoa natural termina com a morte (art. 6°, CC). Verificada a morte de uma pessoa, desaparecem, como regra, os direitos e as obrigações de natureza personalíssima (ex.: dissolução do vínculo matrimonial, relação de parentesco, etc.). Já os direitos não personalíssimos (em especial os de natureza patrimonial) são transmitidos aos seus sucessores.

Num sentido genérico podemos dizer que há três espécies de morte: a) real; b) civil; c) presumida. A doutrina acrescenta também a hipótese da Lei n° 9.140/95 que reconheceu como mortos, para todos os efeitos legais, os “desaparecidos políticos”.

MORTE REAL A personalidade civil termina com a morte física, deixando o indivíduo de ser sujeito de direitos e obrigações. No momento do falecimento a pessoa deixa de ser um sujeito de direitos e obrigações. A morte real se dá com o óbito comprovado da pessoa natural. A regra geral é que inicialmente se

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exige um atestado de óbito (para isso é necessário o corpo), que irá comprovar a certeza do evento morte, devendo o mesmo ser lavrado por profissional registrado no Conselho Regional de Medicina. Com este documento é lavrada a certidão de óbito, por ato do oficial do registro civil de pessoa natural, sendo esta a condição para o sepultamento. Na falta do corpo, recorre-se aos meios indiretos de comprovação morte real (também chamada de justificação judicial de morte real). Isto está disciplinado no art. 88 da Lei n° 6.015/73 (Lei de Registros Públicos): "Poderão os juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágios, incêndio, terremoto ou outra qualquer catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar o cadáver para exame". Se um avião explode matando todos os passageiros, há o óbito comprovado de todos; entretanto, pode ser que não tenhamos os corpos de todos os passageiros. Mesmo assim podemos dizer que houve a morte real, pela justificação judicial: não foram encontrados todos os corpos, mas há certeza da morte de todos.

MORTE CIVIL A morte civil era a perda da personalidade em vida. A pessoa estava viva, mas era tratada como se estivesse morta. Geralmente era uma pena aplicada a pessoas condenadas criminalmente, em situações especiais. Atualmente, pode-se dizer ela não existe mais. No entanto, há resquícios de morte civil. Ex.: exclusão de herança por indignidade do filho, “como se ele morto fosse” (vejam esta expressão no art. 1.816, CC); embora viva, a pessoa é ignorada para efeitos de herança.

MORTE PRESUMIDA Ocorre quando não se consegue provar que houve a morte real. O tema é tratado inicialmente pelos arts. 6° e 7°, CC.

• O art. 6°, CC é genérico: trata da morte presumida, “quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva”.

• O art. 7°, CC é bem específico: citando situações em que se declara a morte presumida, sem decretação de ausência.

Vejamos primeiro o art. 6°, CC, que é bem mais complexo, pois exige a declaração de ausência, que está prevista nos arts. 22 a 39, CC. Ausência é o desaparecimento de uma pessoa do seu domicílio. A pessoa que deixa de dar notícias de seu paradeiro por um longo período de tempo, sem deixar um representante (procurador) para administrar seus bens (art. 22, CC). Os efeitos da morte presumida são patrimoniais (protege-se o patrimônio do ausente) e alguns pessoais (ex.: o estado de viuvez do cônjuge do ausente). A ausência só pode ser reconhecida por meio de um processo judicial composto de três fases: a) curadoria de ausentes; b) sucessão provisória; c) sucessão definitiva. Vejamos.

PRIMEIRA FASE: Declaração de Ausência. Ausente uma pessoa, qualquer interessado na sua sucessão (e até mesmo o Ministério Público) poderá requerer ao Juiz a declaração de ausência e a nomeação de um curador, obedecendo a ordem do art. 25, CC. Trata-se da curadoria dos bens do ausente. Os bens são arrecadados e entregues ao curador apenas para os

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mesmos sejam administrados (não há efeitos pessoais). Durante um ano (no caso do ausente não deixar representante ou procurador) devem-se expedir editais convocando o ausente para retomar a posse de seus haveres. Com a sua volta opera-se a cessação da curatela, o mesmo ocorrendo se houver notícia de seu óbito comprovado. No entanto, se o ausente deixou um representante para cuidar de seus interesses, aquele prazo (de um ano) eleva-se para três anos. É o que diz o art. 26, CC.

SEGUNDA FASE: Sucessão Provisória. Se o ausente não comparecer no prazo (um ou três anos, dependendo da hipótese), poderá ser requerida e aberta a sucessão provisória e o início do processo de inventário e partilha dos bens. No processo de ausência a sentença do Juiz é dada logo no início do processo, para que se inicie a sucessão provisória. Mas esta sentença determinando a abertura da sucessão ainda não produz efeitos de imediato. O art. 28, CC prevê uma cautela a mais. Ou seja, concede um prazo de mais 180 dias para que o ausente reapareça e tome conhecimento da sentença que determinou a abertura da sucessão provisória de seus bens. Assim, a sentença somente irá produzir efeitos após 180 dias de sua publicação na imprensa. Trata-se, digamos, de uma “última chance” que se dá ao ausente. Após este prazo, a ausência passa a ser presumida. Nesta fase cessa a curatela dos bens do ausente. É feita a partilha dos bens deixados e agora são os herdeiros, de forma provisória e condicional (e não mais o curador) que irão administrar os bens, prestando caução (ou seja, dando garantias de que os bens serão restituídos no caso do ausente aparecer). No entanto, se estes herdeiros forem descendentes, ascendentes ou cônjuge do ausente, não necessitam prestar a caução.

Nesta fase os herdeiros ainda não têm a propriedade; exercem apenas a posse dos bens do ausente. Apenas se antecipa a sucessão, sem delinear definitivamente o destino dos bens desaparecido. Por isso os sucessores ainda não podem vender os bens. Os imóveis somente podem ser vendidos com autorização judicial. A sucessão provisória é encerrada se o ausente retornar ou se comprovar a sua morte real. Convém acrescentar que o descendente, o ascendente e o cônjuge (herdeiros necessários) que forem sucessores provisórios do ausente e estiverem na posse dos bens terão direito a todos os frutos e rendimentos desses bens. Ex.: Uma pessoa foi considerada “ausente”; era proprietário de duas casas e uma fazenda. Seu filho entrou na posse dos bens: mora em uma das casas, alugou a outra e tornou a fazenda extremamente produtiva. Se seu pai retornar posteriormente, o filho não será obrigado a restituir os aluguéis que recebeu com a casa e nem o que lucrou explorando a fazenda. Já os demais sucessores (ex.: irmãos, tios, sobrinhos, etc.) terão direito somente à metade destes frutos ou rendimentos.

TERCEIRA FASE: Sucessão Definitiva. Após 10 (dez) anos do trânsito em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória, sem que o ausente apareça, será declarada a morte presumida. Nesta ocasião converte-se a sucessão provisória em definitiva. Os sucessores deixam de ser provisórios, adquirindo a propriedade plena (ou o domínio) e a disposição dos bens recebidos. Porém esta propriedade é considerada resolúvel. Isto é, se o ausente retornar em até 10 (dez) anos seguintes à

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abertura da sucessão definitiva terá direito aos bens, mas no estado em que se encontrarem. Ou então terá direito ao preço que os herdeiros houverem recebido com sua venda. Se regressar após esse prazo (portanto após 21 anos de processo), não terá direito a mais nada.

É interessante acrescentar que o art. 38, CC possibilita se requerer a sucessão definitiva provando-se que o ausente conta com 80 anos de idade e que de cinco datam as últimas notícias dele.

É nesta fase (na sucessão definitiva – ou seja, até 10 anos após o trânsito em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória) que também se dissolve a sociedade conjugal, considerando-se rompido o vínculo matrimonial. É o que prevê o art. 1.571, §1° do CC. Neste caso o cônjuge será considerado viúvo (torna-se irreversível a dissolução da sociedade conjugal), podendo se casar novamente.

No entanto este cônjuge não precisa esperar tanto tempo para se casar novamente. Mesmo antes de ser considerado viúvo ele pode ingressar com um pedido de divórcio, atualmente, com a edição da Emenda Constitucional n° 66/2010, muito mais simples e sem necessidade de aguardar prazos. Divorciada, a pessoa já está livre para convolar novas núpcias.

☺☺☺ Resumindo ☺☺☺

a) Ausência (curadoria dos bens do ausente): 01 ou 03 anos, dependendo da hipótese (com ou sem representante), arrecadando-se os bens que serão administrados por um curador. b) Sucessão Provisória: é feita a partilha de forma provisória, aguardando-se 10 anos. c) Sucessão Definitiva: na abertura já se concede a propriedade plena e se declara a morte (presumida) do ausente. Seu cônjuge é reputado viúvo. Aguardam-se mais dez anos. d) Fim.

Vejamos no gráfico abaixo, a demonstração das fases do processo.

Desaparecimento Início do Processo Morte Presumida Fim

1 (3) anos 10 anos 10 anos

Ausência Sucessão Sucessão Curadoria Provisória Definitiva

A hipótese do art. 7°, CC, é bem mais fácil, pois permite a declaração da morte presumida sem decretação de ausência. Isto é assim para melhor viabilizar o registro do óbito, resolver problemas jurídicos e regular a sucessão causa mortis. Vejamos as duas situações excepcionais:

For extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.

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Pessoa desapareceu em campanha ou feito prisioneiro e não foi encontrado até dois anos após o término da guerra.

A declaração de ausência nestes casos somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. Com a declaração de ausência nas hipóteses previstas, abre-se a sucessão definitiva. O patrimônio do “morto presumido” se transforma em herança, sendo que os herdeiros já podem ter a posse dos bens.

COMORIÊNCIA

Comoriência é o instituto pelo qual se considera que duas ou mais pessoas morreram simultaneamente, sempre que não se puder averiguar qual delas pré-morreu, ou seja, quem morreu em primeiro lugar. Art. 8°, CC: “Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos”. Ex.: um avião caiu e todos os passageiros faleceram no acidente; nesse caso vamos presumir que todos eles morreram no mesmo momento. Comoriência também é chamada de morte simultânea. Trata-se de uma presunção relativa (juris tantum), ou seja, que admite prova em contrário.

Aplica-se o instituto da morte simultânea sempre que houver uma relação de sucessão hereditária entre os mortos. Se não houver esta relação também não haverá qualquer interesse jurídico na questão. A consequência prática é que se os comorientes forem herdeiros uns dos outros, não haverá transferência de direitos entre eles; um não sucederá o outro.

☺☺☺ Exemplo: vamos supor que um casal esteja viajando de carro e sofre um acidente. Eles não têm descendentes e nem ascendentes. Mas cada um tem um irmão. Se ficar provado que o marido ou a mulher faleceu primeiro no acidente, não haverá comoriência. No momento da morte do primeiro cônjuge toda a herança se transmite para o outro cônjuge. E com a morte deste toda a herança será transmitida somente para o irmão do que morreu por último. Mas se não se conseguir demonstrar quem morreu primeiro, aplica-se a comoriência. Neste caso, a herança de ambos é dividida à razão de 50% para os herdeiros de cada cônjuge (os irmãos), se o regime de bens do casamento for o da comunhão universal.

� Questão Polêmica � E se duas pessoas falecerem em locais diferentes, mas nas mesmas circunstâncias de tempo? Há autores que defendem a posição de que somente haverá comoriência se as mortes se derem no mesmo acontecimento, lugar e tempo. Outros (Maria Helena Diniz) afirmam: "Embora o problema da comoriência tenha começado a ser regulado a propósito de caso de morte conjunta no mesmo acontecimento, ele se coloca, como se pode ver da redação do art. 8° do Código Civil, com igual relevância em matéria de efeitos dependentes de sobrevivência, nos casos de pessoas falecidas em lugares e acontecimentos distintos, mas em datas e horas simultâneas ou muito próximas. A expressão “na mesma ocasião” não requer que o evento morte se tenha dado na mesma localidade; basta que haja inviabilidade na apuração exata da ordem cronológica dos óbitos”.

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EFEITOS DO FIM DA PERSONALIDADE

São efeitos do fim da personalidade: dissolução do vínculo conjugal e do regime matrimonial; extinção do poder familiar; extinção dos contratos personalíssimos, etc. Outro efeito de suma importância é a extinção da obrigação de prestar alimentos com o falecimento do credor. Observem que o credor é a pessoa que estava recebendo a pensão alimentícia; morrendo não faz mais jus ao benefício e este não se transmite a seus herdeiros. No entanto, no caso de morte do devedor (que é a pessoa que paga a pensão alimentícia), os herdeiros deste assumirão a obrigação até as forças da herança. Trata-se de uma inovação do atual Código, tratada no Direito das Sucessões.

A morte não aniquila com toda a vontade do de cujus, que pode sobreviver por meio de um testamento. Ao cadáver é devido respeito; os militares e os servidores públicos de uma forma geral podem ser promovidos post mortem; permanece o direito à imagem, à honra, aos direitos autorais, etc.

CAPACIDADE Embora baste nascer com vida para se adquirir a personalidade, nem

sempre se terá capacidade. Costuma-se dizer que a personalidade é a potencialidade resultante de um fato natural (nascer com vida); já na capacidade temos os limites desta potencialidade. A capacidade pode assim ser classificada:

• Capacidade de direito ou de gozo (ou de aquisição de direito): própria de todo ser humano; inerente à personalidade. Adquire-se com o nascimento com vida e extingue-se com a morte. É a capacidade para adquirir direitos e contrair obrigações. "Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil" (art. 1°, CC).

• Capacidade de fato ou de exercício da capacidade de direito: é a capacidade de exercitar por si mesmo os atos da vida civil, independentemente de assistência ou representação.

Toda pessoa natural tem capacidade de direito; é inerente à personalidade. Quem tem personalidade (está vivo) tem capacidade de direito. Mas essa pessoa pode não ter a capacidade de fato, pois pode lhe faltar a plenitude da consciência e da vontade, limitando o exercício (e não o gozo) dos direitos.

���No Brasil não existe a incapacidade de direito.

A capacidade de direito não pode ser negada ao indivíduo, mas pode sofrer restrições quanto ao seu exercício. Ex.: o “louco”, por ser pessoa (ele está vivo, possui personalidade), tem capacidade de direito, podendo receber uma doação; porém não tem capacidade de fato, não podendo vender o bem que ganhou.

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Quem possui as duas espécies de capacidade (de direito e de fato) tem a chamada capacidade plena. (capacidade plena = capacidade de direito + capacidade de fato).

Quem só possui a de direito tem a chamada capacidade limitada. A incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil (em outras palavras: é uma restrição ao poder de agir). Visa proteger os que são portadores de alguma deficiência jurídica apreciável, graduando a forma de proteção: pode ser absoluta ou relativa. Veremos todas as hipóteses mais adiante.

☺☺☺ Por ora fiquemos com o seguinte resumo:

• Incapacidade Absoluta → Pessoas completamente privadas (proibição total) de agir na vida civil. A deficiência pode ser suprida (o ato pode ser praticado) pela representação. Ou seja, os representantes legais é que vão praticar o ato em nome do incapaz, pois este não manifesta a sua vontade. A falta de representação no ato acarreta a nulidade absoluta (ato nulo) do mesmo.

• Incapacidade Relativa → Pessoas relativamente incapazes, ou seja, que podem atuar na vida civil, embora com restrições. A deficiência pode ser suprida pela assistência. Ou seja, o próprio incapaz decide se pratica ou não o ato, manifestando sua vontade. Se praticar o ato, deve ser assistido por seu representante legal (que apenas irá presenciar o ato e assinar, junto com o incapaz, a documentação pertinente). A falta de assistência no ato acarreta a nulidade relativa (ato anulável) do mesmo.

CAPACIDADE DE FATO Capacidade é a regra; incapacidade é a exceção. Ou seja, toda

pessoa tem a capacidade de direito, sendo presumida a capacidade de fato. A incapacidade não restringe a personalidade ou a capacidade de direito; ela apenas limita o exercício pessoal e direto dos direitos. E essa limitação deve ser sempre interpretada de forma restritiva. Somente através de exceções prevista em lei (ordem pública) o indivíduo pode ser privado da capacidade de fato. Vejamos.

A) ABSOLUTAMENTE INCAPAZES (art. 3°, CC)

Ocorre quando houver proibição total do exercício do direito do incapaz, acarretando, em caso de violação, a nulidade absoluta do ato jurídico (art. 166, I, CC). Os absolutamente incapazes possuem direitos, mas estes não podem ser exercidos pessoalmente. Há uma restrição legal ao poder de agir por si. Por isso estes indivíduos devem ser representadas. São eles:

1) Os menores de 16 (dezesseis) anos (critério etário) Também chamados de menores impúberes. Devem ser representados por seus pais ou, na falta deles, por tutores. O legislador entende que, devido a essa tenra idade, a pessoa ainda não atingiu o discernimento pleno para distinguir o que pode ou não fazer.

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2) Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil São as pessoas que, por motivo de ordem patológica ou acidental, congênita ou adquirida, não estão em condições de reger sua própria pessoa ou administrar seus bens. Abrange pessoas que têm desequilíbrio mental (ex.: demência, paranoia, psicopatas, etc.). Para que seja declarada a incapacidade absoluta neste caso, é necessário um processo de interdição. Trata-se de uma medida de proteção, em que o Poder Judiciário declara se determinada pessoa tem ou não a plena capacidade para gerir seus próprios negócios. Pode ser total ou parcial, dependendo da hipótese concreta. Trata-se de um procedimento especial de jurisdição voluntária (não há bem uma disputa entre as partes, porém a intervenção do Juiz é necessária, exercendo-se a jurisdição no sentido de simples administração). A jurisdição voluntária se contrapõe à jurisdição contenciosa (que é caracterizada pela disputa entre duas ou mais partes, que pleiteiam providências opostas ao Juiz). O rito é previsto pelo Código de Processo Civil e a sentença (de natureza declaratória) deverá ser registrada no Registro Civil das Pessoas Naturais.

Em regra, só depois de decretada a interdição é que se recusa a capacidade de exercício, sendo nulo qualquer ato praticado pela pessoa interditada, ainda que a outra pessoa não saiba da interdição. Isto porque há uma presunção da publicidade da sentença de interdição e conhecimento geral. Se o ato praticado pelo enfermo mental foi antes de sua interdição, em regra não se anula o negócio. No entanto, jurisprudência e a doutrina admitem a produção retroativa dos efeitos da interdição em hipóteses especiais.

Nosso direito não admite os chamados “intervalos lúcidos”. Ou seja, se a pessoa praticou o ato após a sua interdição, este ato é considerado nulo, não se aceitando a demonstração de que naquele momento, embora interditada, a pessoa estava lúcida.

3) Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade O exemplo clássico deste item é o da pessoa que sofreu um acidente e “está em coma no hospital”. Mas a expressão é genérica e muito abrangente. Pode incluir também o surdo-mudo, desde que ele não possa manifestar sua vontade de forma alguma. Se puder exprimir sua vontade, pode ser considerado relativamente capaz ou até plenamente capaz, dependendo do grau de sua expressão, embora estejam impedidos de praticar atos que dependam de audição (ex.: testemunha em testamento). O dispositivo pode incluir, também, as pessoas que perderam a memória, embora de forma transitória e outros casos análogos.

���IMPORTANTE ��� O Código Civil não estende a incapacidade: a) ao cego, que somente terá restrição aos atos que dependem da visão, como testemunha ocular de um fato, testemunha em testamentos, etc.; além disso, o cego somente poderá fazer testamento da forma pública; b) ao analfabeto; e c) a senilidade ou senectude (pessoa com idade avançada), por si só, não é causa de restrição da capacidade.

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B) RELATIVAMENTE INCAPAZES (art. 4º, CC)

Trata-se de uma situação intermediária entre a incapacidade total e a capacidade plena. A incapacidade relativa diz respeito àqueles que podem praticar por si os atos da vida civil, desde que assistidos por seus representantes legais. O efeito da violação desta norma é gerar a anulabilidade (ou nulidade relativa) do ato jurídico (art. 171, I, CC), dependendo da iniciativa do lesado. Certos atos a pessoa já pode praticar sem assistência e são considerados válidos. Há outras hipóteses em que o ato pode ser ratificado ou convalidado pelo representante legal, posteriormente. A grande diferença entre os absolutamente incapazes e os relativamente incapazes é que no primeiro caso a pessoa não pode praticar o ato, por isso ela será representada; já na segunda hipótese a pessoa pratica pessoalmente o ato, sua vontade é levada em conta, mas não pode praticar este ato sozinha, sendo necessária a assistência. Se houver um conflito de interesses entre o incapaz e o assistente, o Juiz lhe nomeará um curador especial. São eles:

1) Maiores de 16 anos e menores de 18 anos Também chamados de menores púberes. Afirma a doutrina que a sua pouca experiência e insuficiente desenvolvimento intelectual não lhes possibilitam a plena participação na vida civil. Eles somente poderão praticar certos atos mediante assistência de seus representantes, sob pena de anulação. No entanto há atos que o relativamente incapaz pode praticar mesmo sem assistência. Ex.: casar (necessitando neste caso apenas de uma autorização de seus pais); fazer testamento (art. 1.860, parágrafo único do CC); servir como testemunha (art. 228, I, CC), inclusive em atos jurídicos e em testamento; aceitar mandato (ser mandatário); ser eleitor, etc.

O menor, entre 16 e 18 anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, espontaneamente se declarou maior (art. 180, CC). Explicando: Em um contrato, um rapaz com 17 anos se passou por maior de 18 anos e assumiu determinada obrigação. Depois, para não cumprir esta obrigação, alegou ser menor e revelou sua idade verdadeira. Pela lei o menor não poderá fugir desta obrigação, pois conscientemente declarou-se maior (não se pode, para eximir de uma obrigação, alegar sua própria torpeza).

2) Ébrios habituais (alcoólatras), os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido Nestes casos também deve haver um processo de interdição, onde o Juiz irá estabelecer os limites da curatela (maior ou menor dependendo do grau de comprometimento mental do interditado). A dependência por álcool ou drogas faz com que a pessoa seja considerada relativamente incapaz. No entanto se o grau de dependência atingir níveis excepcionais, essa pessoa poderá ser considerada absolutamente incapaz.

3) Excepcionais, sem desenvolvimento mental completo Trata-se de uma expressão de caráter genérico, abrangendo as pessoas portadoras de alguma anomalia psíquica que apresentam sinais de desenvolvimento mental incompleto. Neste caso também é necessário um processo regular de

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interdição. O exemplo clássico da doutrina são os portadores da “Síndrome de Down”.

4) Pródigos são os que dilapidam os seus bens ou seu patrimônio, fazendo gastos excessivos e anormais, podendo chegar à miséria. Trata-se de um desvio de personalidade e não de uma alienação mental propriamente dita. O exemplo clássico é o da pessoa viciada em jogos de azar, que de forma compulsiva, dissipa seu patrimônio. Neste caso a pessoa deve ser interditada para a sua própria proteção, e, em seguida, nomeia-se um curador para cuidar de seus interesses. O pródigo interditado não pode (sem assistência): emprestar, transigir, dar quitação, alienar (ou seja, vender, doar, etc.), hipotecar, agir em juízo (vejam o art. 1.782, CC). Como ele fica privado somente dos atos que possam comprometer seu patrimônio, ele pode: exercer atos de mera administração, exercer profissão, etc. O pródigo poderá até se casar. No entanto se houver necessidade de pacto antenupcial haverá assistência de um curador, pois o ato nupcial pode envolver disposição de bens.

���Atenção��� Índios O atual Código Civil afirma que a capacidade dos índios (chamados pela legislação anterior de silvícolas) será regulada por meio de lei especial (art. 4°, parágrafo único, CC). A Lei n° 6.001/73 (Estatuto do Índio) coloca o índio e sua comunidade, enquanto não integrado à comunhão nacional, sob o regime tutelar. O órgão que deve assisti-los é a FUNAI.

TUTELA E CURATELA

A tutela é um instituto de caráter assistencial que tem por finalidade substituir o poder familiar. Protege o menor (impúbere ou púbere) não emancipado e seus bens, se seus pais falecerem ou forem suspensos ou destituídos do poder familiar, dando-lhes representação ou assistência no plano jurídico. Pode ser oriunda de provimento voluntário, de forma testamentária, ou em decorrência da lei. Observem que o tutor pode representar o incapaz (se este for menor de 16 anos) ou assisti-lo (se ele for maior de 16, porém menor de 18 anos). O tutor pode realizar quase todos os atos em nome do menor (não poderá emancipá-lo, pois isso depende de sentença judicial). Observem que poder familiar e tutela são institutos que se excluem. Somente se o menor não tiver pais é que será nomeado o tutor.

Já a curatela é um encargo público (também chamado de munus) previsto em lei e que é dado para pessoas maiores, mas que não estão em condições de realizar os atos da vida civil pessoalmente, geralmente em razão de alguma enfermidade, deficiência mental ou prodigalidade. O curador além de administrar os bens do incapaz, deve, também, reger e defender a pessoa. Decorre de nomeação pelo Juiz em decisão prolatada em processo de interdição.

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☺☺☺ Resumindo ☺☺☺

• Tutela: amparo a menores órfãos ou com pais suspensos ou destituídos do poder familiar.

• Curatela: amparo a maiores sem condições de praticar atos da vida civil.

C) CAPACIDADE PLENA

A incapacidade termina, via de regra, ao desaparecerem as causas que a determinaram. Assim, nos casos de loucura, da toxicomania, etc., cessando a enfermidade que a determinou, pode-se levantar a interdição, cessando a incapacidade. Já em relação à menoridade, a incapacidade cessa quando o menor completar 18 anos (art. 5°, caput, CC). Dessa forma, torna-se apto a exercer pessoalmente todos os atos da vida civil sem necessidade de ser assistido por seus pais. Além disso, o menor pode adquirir a capacidade civil plena pela emancipação, que veremos a seguir.

☺☺☺ Fim da Incapacidade: a) levantamento da interdição; b) maioridade (18 anos); c) emancipação.

���Cuidado��� Não confundir capacidade civil com imputabilidade (ou responsabilidade) penal, que também se dá aos 18 anos completos. E nem com a capacidade eleitoral que se inicia, facultativamente, aos 16 anos.

EMANCIPAÇÃO Emancipação é a aquisição da capacidade plena antes dos 18 anos,

habilitando o indivíduo para todos os atos da vida civil.

Características: a) pura e simples (não se admitem condições ou termos); b) irrevogável (uma vez concedida os pais não podem mais revogar); c) definitiva (se a pessoa se divorciar a emancipação continua).

���Atenção ���

01) Em casos raros a emancipação pode ser anulada (ex.: foi baseada em documentos falsos). Nestes casos, lembrem-se que anular (cancelar ato inválido) é diferente de revogar (cancelar um ato válido).

02) Emancipar não significa “tornar-se maior”; a emancipação não é causa de maioridade. Na realidade ela é causa de cessação de incapacidade ou de antecipação da capacidade de fato (ou de exercício). Por isso é que se justifica o fato de uma pessoa poder vender sua casa (tem capacidade para tanto) e não pode tirar carteira de habilitação (o art. 140 do Código de Trânsito Brasileiro exige que para a condução de veículos automotores o condutor seja penalmente imputável; o menor, embora emancipado, continua sendo menor, principalmente para fins penais, permanecendo como inimputável).

Adquire-se a emancipação (art. 5°, parágrafo único, CC):

1) Pela concessão dos pais ou apenas de um deles na falta do outro (emancipação parental ou voluntária) os pais reconhecem que seu

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filho já tem maturidade suficiente para reger sua pessoa e seus bens. Deve ser concedida pelos pais por instrumento público (escritura) e posteriormente registrada no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais, não sendo necessária a homologação do Juiz. O menor deve ter, no mínimo, 16 anos completos. É necessária a anuência de ambos os pais. Na falta de um deles (morte ou interdição) permite-se que somente o outro conceda.

2) Por Sentença do Juiz ocorre em duas hipóteses: a) quando um dos pais não concordar com a emancipação, contrariando a intenção do outro (conflito de vontades entre os pais); b) quando o menor estiver sob tutela. O tutor não pode emancipar o menor. Evita-se, assim, a emancipação destinada apenas para livrar o tutor do encargo. Neste caso a emancipação deve ser feita pelo Juiz, se o menor tiver 16 anos, ouvido o tutor, com a participação do Ministério Público, depois de verificada a conveniência para o bem do menor.

3) Pelo casamento a idade nupcial (ou idade núbil) do homem e da mulher é de 16 anos. O art. 1.517, CC exige a autorização de ambos os pais, enquanto não atingida a maioridade. Caso os pais não consintam com o casamento, ou em havendo divergência entre eles, a autorização poderá ser suprida pelo Juiz. Após a celebração do casamento, os cônjuges, mesmo que menores, são considerados emancipados. O divórcio, a viuvez e mesmo a anulação do casamento não implicam no retorno à incapacidade. No entanto o casamento nulo pode fazer com que se retorne à situação de incapaz. Mas há uma exceção: se o casamento for contraído de boa-fé. Nesta hipótese o ato produzirá efeitos de um casamento válido e a pessoa será considerada emancipada.

Somente em casos excepcionais admite-se o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (16 anos). Ex.: gravidez. Digamos que uma jovem de 15 anos engravidou de seu namorado que tem 23 anos e uma situação financeira confortável. Eles querem se casar. Mas a jovem ainda não tem a idade núbil. Neste caso exige-se uma sentença judicial de suprimento de idade.

4) Pelo exercício de emprego público efetivo excluem-se os diaristas, contratados e os nomeados para cargos em comissão. Há entendimento que deve ser funcionário da administração direta (excluindo-se, assim, os funcionários de autarquias). Há pouca aplicação prática deste dispositivo, pois os editais de concursos públicos exigem que o candidato tenha, no mínimo, 18 anos completos.

5) Pela colação de grau em curso de ensino superior também há pouca aplicação prática devido às particularidades de nosso sistema de ensino.

6) Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que em função deles, o menor tenha economia própria é necessário que o menor tenha no mínimo 16 anos completos, pois já revelaria suficiente amadurecimento. Na prática há certa dificuldade para se provar o que seja "economia própria" Ex.: pessoas que com 16 anos e que já é um artista expondo obras em galerias mediante remuneração; jogador de futebol profissional, etc.

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☺☺☺ Vamos agora fornecer alguns conceitos rápidos e quadrinhos para

melhor fixar a matéria ☺☺☺

Pessoa: é o ente físico ou jurídico suscetível de direitos e obrigações.

Pessoa natural (ou física): é o ser humano, considerado como sujeito de direitos e obrigações.

Personalidade Jurídica: aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações.

Direitos da Personalidade: direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio

Capacidade: medida jurídica da personalidade; maior ou menor extensão dos direito de uma pessoa.

Incapacidade: restrição legal ao exercício de atos da vida civil. Divide-se em absoluta e relativa

Cessação da Incapacidade: quando o menor atinge 18 anos e pela emancipação.

Emancipação: formas de se adquirir a capacidade civil plena antes da maioridade.

INCAPACIDADE

ABSOLUTA (art. 3°, CC) RELATIVA (art. 4°, CC)

1. Menores de 16 anos.

2. Enfermidade ou deficiência mental sem discernimento para a prática de atos.

3. Não puderem exprimir a vontade, mesmo que por causa transitória.

1. Maiores de 16 e menores de 18 anos.

2. Ébrios habituais, viciados em tóxico e deficiência mental (discernimento reduzido).

3. Excepcionais, sem desenvolvimento mental completo.

4. Pródigos.

EMANCIPAÇÃO (art. 5°, parágrafo único, CC)

1. Concessão dos pais (na falta de um, só a do outro), por instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos.

2. Casamento. 3. Exercício de emprego público efetivo. 4. Colação de grau em curso de ensino superior. 5. Estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de

emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

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REGISTRO e AVERBAÇÃO

O último tópico desta aula diz respeito ao registro. Ele é o meio técnico de prova legal do estado da pessoa (registro das pessoas) ou da situação dos bens (registro imobiliário). Em relação às pessoas serve para preservar eventual direito de terceiros; para que estes saibam com quem estão se relacionando (se a pessoa é solteira ou casada; incapaz e interditada ou plenamente capaz, etc.). Na realidade, o registro das pessoas naturais é um resumo de toda nossa vida, espelhando os fatos jurídicos relativos à vida em sua dinâmica. Segundo o art. 9°, CC devem ser registrados no Registro Público:

• nascimentos, casamentos e óbitos. • emancipação por outorga dos pais ou por sentença do Juiz. • interdição por incapacidade absoluta ou relativa. • sentença declaratória de ausência e de morte presumida.

A lei também prevê a averbação de outros fatos importantes no Registro Público. Trata-se do art. 10, CC. Lembrando que averbação, nestes casos, apenas esclarece alguma eventual modificação ou complemento no estado de uma pessoa. Vejamos as hipóteses:

• sentenças que decretam a nulidade ou anulação do casamento, bem como separação judicial, restabelecimento da sociedade conjugal (entende parte da doutrina que estes dois últimos itens estariam revogados em virtude da EC n° 66/2010; de qualquer forma não se exige mais a separação para a efetivação do divórcio) e divórcio.

• atos judiciais ou extrajudiciais que declaram ou reconhecem a filiação.

Obs.: o dispositivo ainda tinha mais um inciso, que tratava sobre a adoção. Ou seja, a adoção era averbada no registro de nascimento. No entanto este item foi revogado, pois a adoção agora é regulada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), sendo que não é mais feita a averbação, mas sim o cancelamento do registro anterior e a abertura de um novo registro. Os dados sobre o processo de adoção mantém-se sob sigilo, mas ficam armazenados, sendo que só o adotado poderá ter acesso aos mesmos.

Vamos dar um exemplo para deixar bem clara a distinção entre o Registro e a Averbação. Duas pessoas se casam. Pelo art. 9°, CC deve ser lavrado o registro, ou seja, a certidão de casamento. Posteriormente estas pessoas se divorciam. Pelo art. 10, CC esta situação deve ser averbada no próprio registro de casamento, pois modifica o registro anterior. Como regra o registro é o ato principal e a averbação representa um ato secundário que modificou o principal.

Meus Amigos e Alunos. Após apresentar a matéria em aula, sempre faço um quadro sinótico que é o resumo da matéria dada. Este é um “esqueleto da matéria”. Tem a função de ajudar o aluno a melhor assimilar os conceitos

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dados em aula. A experiência nos mostra que este quadro é de suma importância, pois se aluno conseguir memorizar este quadro, saberá situar a matéria e completá-la de uma forma lógica e sequencial. Portanto após ler todo o ponto, o quadrinho de resumo deve ser também lido e relido, mesmo que o aluno tenha entendido a matéria dada. Esta é mais uma forma de fixação da aula. Além disso, é ótimo para uma rápida revisão da matéria às vésperas de uma prova.

RESUMO DA AULA

PESSOAS NATURAIS (FÍSICAS)

CONCEITO: todo ser humano considerado como sujeito de obrigações e direitos, sem qualquer distinção. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil (art. 1° do CC). Compõe: a) personalidade; b) capacidade; c) emancipação.

I. PERSONALIDADE: conjunto de caracteres próprios da pessoa, reconhecida pela ordem jurídica a alguém; aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações.

A) Início da Personalidade: nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (o que está por nascer) – art. 2°, CC. Cuidado com a expressão natimorto, pois o vocábulo possui duplo sentido: aquele que nasceu sem vida OU aquele que veio à luz, com sinais de vida, mas, logo morreu.

B) Individualização (atributos da personalidade)

1. Nome: sinal exterior pelo qual se designa e se reconhece uma pessoa perante a sociedade (arts. 16 a 19 do CC). Características: inalienável, imprescritível e personalíssimo. Elementos: prenome, patronímico (sobrenome) e agnome (Júnior, Neto, etc.). A lei protege de forma expressa o pseudônimo. Em princípio o nome é imutável, mas a lei permite inúmeras exceções (ex.: situações vexatórias, erro gráfico, homônimo, casamento, etc.).

2. Estado: soma das qualificações de uma pessoa na sociedade. Estado individual (idade, sexo, saúde mental e física, altura, peso, etc.); Estado político (brasileiro nato, naturalizado, estrangeiro, etc.); Estado familiar: quanto ao matrimônio (solteiro, casado, viúvo, etc.), quanto ao parentesco (pai, mãe, filho, avô irmão, etc.).

3. Domicílio (arts. 70 a 78 do CC). Regra básica: local onde a pessoa se presume presente para efeitos de direito. Lugar onde se estabelece a residência com ânimo definitivo (art. 70, CC). É domicílio também, quanto às relações concernentes à profissão, onde esta é exercida (art. 72, CC). Elementos: a) objetivo (estabelecimento físico); b) subjetivo (intenção de ali permanecer). Outras regras: a) pluralidade domiciliar: pessoa com diversas residências onde alternadamente viva → domicílio será qualquer delas (art. 71, CC); b) pessoa sem residência habitual → domicílio será o local onde for encontrada (art. 73, CC). Domicílio legal ou necessário: incapaz (absoluta ou relativamente), servidor público, militar, preso e marítimo (art. 76, CC). Domicílio voluntário especial: a) domicílio contratual (art. 78, CC) que é o local especificado no contrato para o cumprimento das obrigações dele resultantes; b) domicílio (ou foro) de eleição ou cláusula de eleição de foro (previsto no art. 111 do Código de

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Processo Civil), que é o escolhido pelas partes para a propositura de ações relativas às obrigações. Jurisprudência → não se admite o foro de eleição nos contratos por adesão quando dificultar os direitos do aderente em comparecer em juízo; considera-se como sendo uma cláusula abusiva e, por isso, nula. Situação especial: agente diplomático do Brasil citado no estrangeiro poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.

C) Direitos da Personalidade: são os direitos subjetivos da pessoa de controlar o uso de seu corpo, nome, imagem, aparência ou quaisquer outros aspectos constitutivos da sua identidade. Com exceção das hipóteses previstas em lei são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Estão previstos nos arts. 11 a 21, que não exaurem a matéria (são exemplificativos). Direito ao corpo: arts. 13/15, CC; direito ao nome: arts. 16 a 19, CC; direito à imagem: art. 20, CC; direito à privacidade: art. 21, CC. A duas formas de proteção: a) preventiva; b) reparatória.

D) Fim da Personalidade 1. Morte Real com corpo (certidão de óbito) ou sem corpo (justificação judicial: art. 88 da Lei n° 6.015/73 – Lei de Registros Públicos). 2. Morte Civil: não existe mais. Deixou resquícios no Direito das Sucessões. Ex.: indignidade (art. 1.816, CC) 3. Morte Presumida: efeitos patrimoniais e pessoais. Depende de processo judicial:

a) Sem decretação de ausência (art. 7°, CC): a) for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; b) pessoa desapareceu em campanha ou feito prisioneiro e não foi encontrado até dois anos após o término da guerra.

b) Com decretação de ausência (art. 6°, CC): processo passa por três fases (arts. 22 a 39, CC): a) Ausência (curadoria dos bens do ausente): 01 ou 03 anos, arrecada-se os bens que serão administrados por um curador; b) Sucessão Provisória: feita a partilha de forma provisória; aguarda-se 10 anos o retorno do ausente; c) Sucessão Definitiva: na abertura já se concede a propriedade plena dos bens e se declara a morte (presumida) do ausente. Seu cônjuge é reputado viúvo. Aguardam-se mais dez anos; d) Fim: após o decurso deste prazo, encerra-se o processo e o ausente, se retornar, não terá direito a nada.

4. Efeitos da Morte: dissolução do vínculo conjugal e do regime matrimonial; extinção do poder familiar; extinção da obrigação de prestar alimentos com o falecimento do credor; extinção dos contratos personalíssimos, etc. Por outro lado a vontade do de cujus (falecido) pode sobreviver por meio de um testamento. Além disso, ao cadáver é devido respeito; os militares e os servidores públicos de uma forma geral podem ser promovidos post mortem; permanece o direito à imagem, à honra, aos direitos autorais, etc.

E) Comoriência: presunção relativa (juris tantum: que admite prova em contrário) de morte simultânea de duas ou mais pessoas, sempre que não se puder averiguar quem faleceu em primeiro lugar (art. 8°, CC). Aplica-se o instituto sempre que houver uma relação de sucessão hereditária. A consequência prática é que os comorientes não herdam entre si; não há transferência de bens e direitos entre eles; um não sucede o outro.

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II. CAPACIDADE. Aptidão da pessoa para exercer direitos e assumir obrigações, ou seja, de atuar sozinha perante o complexo das relações jurídicas. Espécies: Capacidade de Direito e Capacidade de Fato. Quem tem as duas espécies de capacidade tem a capacidade plena. Incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil.

A) Capacidade de Direito (ou de gozo): própria de todo ser humano; quem tem personalidade (está vivo) possui capacidade de direito.

B) Capacidade de Fato (ou de exercício): aptidão para exercer por si os atos da vida civil. Subdivide-se em: 1. Absolutamente Incapazes (art. 3°, CC): proibição total de exercício dos direitos pelo incapaz:

a) menores de 16 anos. b) enfermidade ou deficiência mental sem discernimento. c) mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a vontade.

2. Relativamente Incapazes (art. 4°, CC): possibilidade de prática dos atos da vida civil com assistência:

a) maiores de 16 e menores de 18 anos. b) ébrios habituais, viciados em tóxico e os que por deficiência mental tenham discernimento reduzido. c) excepcionais, sem desenvolvimento completo. d) pródigos (os que dissipam seus bens).

3. Cessação da Incapacidade (capacidade plena): levantamento da interdição, maiores de 18 anos (art. 5°, caput, CC) ou emancipação (art. 5°, parágrafo único, CC).

Obs. 1: Os absolutamente incapazes serão representados e os relativamente serão assistidos por seus representantes legais (pais, tutores ou curadores). Obs. 2: Os índios são regulados por legislação especial (Lei n° 6.001/73 – Estatuto do Índio).

III. EMANCIPAÇÃO: aquisição da capacidade plena antes dos 18 anos, habilitando o indivíduo para todos os atos da vida civil. Definitiva e irrevogável. Art. 5°, parágrafo único, CC:

a) concessão dos pais (na falta de um deles, apenas a do outro), por instrumento público, independentemente de homologação judicial – 16 anos. b) sentença do Juiz (ouvido o tutor, nos casos em que não há poder familiar) – 16 anos. c) casamento – idade núbil (homens e mulheres) → 16 anos. d) exercício de emprego público efetivo. e) colação de grau em curso de ensino superior. f) estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de emprego, com economia própria → 16 anos.

IV. Devem ser registrados (art. 9°, CC): • nascimentos, casamentos e óbitos. • emancipação por outorga dos pais ou por sentença do Juiz. • interdição por incapacidade absoluta ou relativa. • sentença declaratória de ausência e de morte presumida.

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V. Devem ser averbados (art. 10, CC): • sentenças que decretam a nulidade ou anulação do casamento, bem como

separação judicial, restabelecimento da sociedade conjugal (não se exige mais a separação para a efetivação do divórcio - EC n° 66/2010) e divórcio.

• atos judiciais ou extrajudiciais que declaram ou reconhecem a filiação.

EXERCÍCIOS

Observação: como nesta aula tratamos sobre diversos assuntos, tentei separar os exercícios por tema (personalidade, capacidade, domicílio e emancipação), situando a matéria de forma mais didática e evitando que fique “misturada”. Vamos a eles:

A) PERSONALIDADE A.01) De acordo com o Código Civil, os direitos inerentes à dignidade da pessoa humana são:

a) absolutos, intransmissíveis, irrenunciáveis, ilimitados e imprescritíveis.

b) relativos, transmissíveis, renunciáveis, limitados.

c) absolutos, transmissíveis, imprescritíveis, ilimitados, renunciáveis, impenhoráveis.

d) inatos, absolutos, intransmissíveis, renunciáveis em determinadas situações, limitados e imprescritíveis.

e) absolutos, intransmissíveis, irrenunciáveis, ilimitados e penhoráveis.

Comentários:

Nascendo uma pessoa com vida adquire ela a personalidade, que é a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. Desta forma uma pessoa, embora recém nascida, pode receber uma herança, uma doação, etc. Adquirindo a personalidade, o ser humano adquire o direito de defender o que lhe é próprio, como sua integridade física (vida, liberdade, identidade, alimentos, etc.), intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica, artística e intelectual), moral (honra, segredo pessoal ou profissional, privacidade, imagem, opção religiosa, sexual, etc.). Lembrem-se: a dignidade é um direito fundamental, previsto em nossa Constituição, que também prevê que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente dessa violação. Os direitos da personalidade são direitos que existem para garantir a manifestação da personalidade humana; é o direito subjetivo ao respeito ao conjunto de características personalíssimas denominado "personalidade". O art. 11, CC prescreve: “Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. Os direitos referentes à personalidade (arts. 11 a 21, CC), portanto, não permitem que o seu exercício sofra limitação voluntária. Em outras palavras, mesmo que a pessoa queira, não pode assinar um contrato abrindo mão de sua vida, da sua integridade física ou moral, etc. Mas em alguns casos expressamente previstos em lei é

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possível esta limitação. Exemplo: eu não posso vender a autoria de um livro; porém eu posso ceder os direitos autorais referentes a este livro. Apesar do Código Civil se referir apenas a algumas características, a doutrina costuma relacionar outros exemplos. No caso concreto, a questão teve um cunho doutrinário. Portanto, podemos arrolar, de uma forma completa, que os direitos de personalidade são: inatos (ou seja, o direito já nasce com o indivíduo), absolutos (ou seja, podem ser opostos contra todos, impondo à coletividade o dever de respeitá-los – costumamos dizer “oponível erga omnes”), intransmissíveis (não se transmitem – por exemplo – pela sucessão), indisponíveis (nem mesmo o seu titular pode desprezá-los ou deles dispor de forma onerosa ou gratuita), irrenunciáveis (que não se pode abrir mão), imprescritíveis (não correm os prazos prescricionais, podem ser reclamados judicialmente a qualquer tempo; no entanto não se deve confundir imprescritibilidade da lesão do direito de personalidade – o exercício do direito da personalidade é imprescritível – com a prescritibilidade da pretensão indenizatória de eventual dano decorrente da violação do direito de personalidade – este prescreve em três anos conforme o art. 206, §3o, V, CC), impenhoráveis (se não pode ser objeto de cessão, muito menos de penhora) e inexpropriáveis (ninguém pode removê-los de uma pessoa). Observem que o art. 11, CC não utiliza a expressão “ilimitados”. Isto é fruto de uma construção doutrinária. Este termo se refere à impossibilidade de se imaginar um número fechado de direitos. O que se quer dizer é que não existe um número certo, determinado ou limitado de direitos. Eles não se resumem ao que está na lei. Podem existir direitos de personalidade que não estejam previstos expressamente na lei. A expressão não se refere à extensão do direito propriamente dito (pois na realidade todos os direitos possuem certos limites... Costumo sempre citar a seguinte expressão: "o seu direito termina quando começa o direito de seu próximo"), mas sim à possibilidade de existirem outros direitos de personalidade que não estejam previstos na lei. Notem que nas demais alternativas há sempre pelo menos uma palavra errada: a letra “b” todas as palavras estão erradas; na “c” estão erradas as palavras ‘transmissíveis’ e ‘renunciáveis’; na “d” renunciáveis e limitados e finalmente na letra “e” penhoráveis. Gabarito: “A”.

A.02) (OAB/SP – 2005) Os direitos da personalidade são irrenunciáveis e ... a) disponíveis, podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. b) intransmissíveis, podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. c) intransmissíveis, podendo o seu exercício sofrer, parcialmente, limitação voluntária. d) intransmissíveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

Comentários:

Como vimos, os direitos da personalidade decorrem da própria pessoa natural, que compreende, entre outros, o direito à vida, à liberdade, à privacidade, à intimidade, à honra, ao nome, à integridade física, etc. Com fundamento no art. 11, CC tais direitos são irrenunciáveis e intransmissíveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária, salvo algumas exceções previstas na

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própria lei. O titular do direito pode ceder o exercício (e não a titularidade) de alguns dos direitos de personalidade (ex.: o direito de imagem pode ser cedido, a título gratuito ou oneroso durante certo lapso de tempo). Gabarito: “D”.

A.03) Sobre tutela dos direitos da personalidade assinale a alternativa CORRETA:

a) falecida a pessoa, cessa a possibilidade de tutela desses direitos.

b) é vedada à pessoa a disposição gratuita do próprio corpo.

c) no ordenamento jurídico brasileiro, não se admite a possibilidade de alteração do sobrenome.

d) para a manutenção da ordem pública, o Código Civil admite a exposição da imagem da pessoa sem sua autorização.

e) uma pessoa pode ser constrangida a submeter-se a uma intervenção cirúrgica, mesmo que esta exponha o paciente a risco de vida.

Comentários:

O direito à imagem é o de não ver a sua efígie exposta em público ou comercializada sem a sua autorização. Ele é um direito autônomo, isto é, não precisa, necessariamente, estar ligado a outro direito como a identidade, honra, etc. (embora muitas vezes estejam ligados entre si). No entanto em hipóteses especiais a lei permite a exposição da imagem sem autorização. O art. 20, CC prevê que “salvo se autorizadas ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escrito, a transmissão da palavra ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais”. A letra “a” está errada, pois embora o art. 11, CC diga que os direitos personalíssimos sejam intransmissíveis, há ressalva de “exceções previstas na lei”. Assim, alguns direitos podem se transmitem com a morte da pessoa (ex.: direitos autorais), havendo ainda a proteção (ou tutela) dos mesmos. As pessoas que podem requerer a proteção destes direitos são: os cônjuges, os ascendentes ou os descendentes (art. 20, parágrafo único, CC). A letra “b” também está errada, pois o art. 14, CC permite a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, com o objetivo científico ou altruístico. Como vimos o nome (incluindo o prenome e o sobrenome) da pessoa natural pode ser alterado em diversas situações (alternativa “c” está errada, portanto). Finalmente a letra “e” está errada, pois o art. 15, CC prevê que ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Gabarito: “D”.

A.04) Sobre os direitos de personalidade, pode-se afirmar que: a) a pessoa jurídica não é titular de tais direitos, por não ser detentora de honra. b) são renunciáveis, podendo seu exercício sofrer limitação voluntária.

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c) é permitida a disposição livre e onerosa do próprio corpo, para quaisquer fins. d) embora eles sejam intransmissíveis, o direito de exigir sua reparação transmite-se aos sucessores. e) caracterizam-se por serem apenas extrapatrimoniais.

Comentários:

Notem, mais uma vez, que o art. 11, CC prescreve que os direitos de personalidade são intransmissíveis. Mas este próprio artigo faz a ressalva: “com exceção dos casos previstos em lei”. Vejam como o examinador gosta das “exceções”. Para a resposta ficar completa e bem fundamentada, devemos combinar este artigo com o art. 943, CC que prescreve que “o direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança”. Por isso esta alternativa acabou ficando certa. A letra “a” está totalmente errada, pois o art. 52, CC assegura às pessoas jurídicas a mesma proteção cabível para a proteção da personalidade, no que lhes couber. A letra “b” está errada, pois os direitos da personalidade, como vimos, são irrenunciáveis. A letra “c” também está errada. Os arts. 13 e 14, CC regulam o tema; observem o que dispõe o art. 14: “É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte”. Assim a disposição do próprio corpo deve ser gratuita e para fins específicos (e não qualquer finalidade, como ficou na questão). Finalmente a letra “e” também está errada, não só pela expressão “apenas”, mas porque os direitos da personalidade podem ser patrimoniais em algumas hipóteses. Gabarito: “D”.

A.05) (Procurador do Distrito Federal – 2005) Quanto aos direitos de personalidade, pode-se afirmar:

a) é vedado, seja qual for a hipótese, à pessoa juridicamente capaz, dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo, pois os direitos de personalidade, entre os quais se pode citar a integridade física, são irrenunciáveis.

b) é viável a utilização, por terceiro, da imagem de uma pessoa, desde que tal uso não lhe atinja a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, nem se destine a fins comerciais.

c) pelo Código Civil os direitos de personalidade são irrenunciáveis, porém são admitidas diversas limitações voluntárias.

d) embora o nome de uma pessoa goze de proteção legal, o mesmo não se dá quanto ao pseudônimo utilizado em atividades lícitas.

e) apenas o titular do direito de personalidade pode exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, sendo vedado a qualquer outra pessoa levar a efeito tais medidas, ainda que o titular do direito de personalidade já tenha falecido.

Comentários:

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O art. 5°, XXVIII, “a”, CF/88, combinado com o art. 20, CC tutelam o direito à imagem, porém não proíbem o seu uso por terceiros se isto não atingir a honra, a boa fama, a respeitabilidade, nem se destine a fins comerciais. A letra “a” está errada, pois o art. 14, CC permite a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Já o art. 13 e o seu parágrafo único, CC permite a disposição do próprio corpo, mesmo estando a pessoa viva, desde que para fins de transplante e desde que não importe em diminuição permanente da integridade física ou contrarie os bons costumes. A letra “c” é a mais sutil: ela está errada, pois o art. 11, CC não admite limitação voluntária ao direito de personalidade; eventuais exceções são raras e devem estar expressamente prevista na lei. A letra “d” está errada, pois o art. 19, CC equipara o pseudônimo ao nome para fins de proteção civil. A letra “d” está errada, uma vez que o pseudônimo, utilizado para atividades lícitas tem a mesma proteção jurídica que se dá ao nome (art. 19, CC). A letra “e” está errada, pois o art. 12, parágrafo único do CC prevê que em se tratando de pessoa falecida, terá legitimidade para proteger sua personalidade o cônjuge ou qualquer parente em linha reta (que são os descendentes ou ascendentes) ou colaterais até quarto grau (que são os irmãos, tios, sobrinhos, primos, etc.), portanto não é só apenas o titular do direito que pode mover ações judiciais. Gabarito: “B”.

A.06) (Tribunal Regional Federal - 1a Região – Técnico Administrativo – 2006) Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos de personalidade são:

a) irrenunciáveis, mas transmissíveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

b) renunciáveis e transmissíveis, podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

c) irrenunciáveis e intransmissíveis, mas pode o seu exercício sofrer limitação voluntária.

d) renunciáveis e transmissíveis, mas não pode o seu exercício sofrer limitação voluntária.

e) irrenunciáveis e intransmissíveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

Comentários:

Trata-se, mais uma vez, do texto literal do art. 11, CC. O examinador apenas deseja que se complete o texto do cabeçalho com a alternativa que esteja exatamente de acordo com o dispositivo legal. Gabarito: “E”.

A.07) (Magistratura do Trabalho – 8a Região/PA – 2007) Assinale a alternativa CORRETA da disciplina do Código Civil sobre os direitos de personalidade:

a) os direitos de personalidade são sempre intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

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b) é sempre defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes; todavia é válida a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte, com objetivo altruístico ou científico.

c) com a finalidade de preservação do direito à integridade física é possível, mediante determinação judicial, a adoção coativa de tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.

d) o nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, desde que presente a intenção difamatória, bem como, sem autorização, não será utilizado em propaganda comercial.

e) o pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.

Comentários:

A alternativa “e” está correta, pois se trata do texto exato previsto no art. 19, CC. A alternativa “a” está errada por causa da expressão “sempre”. Notem que o art. 11, CC prevê inicialmente que: “com exceção dos casos previstos em lei, os direitos de personalidade são intransmissíveis...”. A letra “b” está errada. Trata-se do mesmo problema da alternativa anterior: a expressão sempre. Isto porque o art. 13 inicia sua redação prevendo que “salvo por exigência médica...”. A letra “c” está errada, pois o art. 15, CC determina que ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Portanto, não há mais a chamada supremacia do interesse médico-científico, que se invocava em nome da coletividade. Atualmente adotou-se o Princípio da Autonomia do Paciente. A alternativa “d” também está errada por uma sutileza. A alternativa utiliza a expressão “desde que presente a intenção difamatória”. No entanto o art. 17, CC prevê o direito ao nome, “ainda quando não haja a intenção difamatória”. Gabarito: “E”.

A.08) (CESPE/UnB - OAB/SP – 2008) Não é própria aos direitos da personalidade a qualidade de: a) imprescritibilidade. b) irrenunciabilidade. c) disponibilidade. d) efeitos erga omnes. e) impenhorabilidade.

Comentários:

Cuidado com a forma de elaboração da questão. O “não” pode confundir. Na verdade a questão quer saber qual a alternativa errada. Como vimos os direitos de personalidade, salvo as exceções previstas em lei, entre outras características, são imprescritíveis, irrenunciáveis, possuem efeitos erga omnes (extensíveis a todos) e impenhoráveis. Portanto não é própria aos direitos de personalidade a disponibilidade (ou seja, em regra eles são indisponíveis). Gabarito: “C”.

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A.09) (Fundação Getúlio Vargas – Magistratura do Estado do Pará) O Código Civil, no âmbito dos direitos da personalidade, no que concerne às circunstâncias de transgenitalização: a) proíbe. b) impõe. c) estimula. d) permite. e) vilipendia.

Comentários:

Transgenitalização é a cirurgia para alteração de sexo, adaptando o corpo (sexo biológico) à mente (sexo psíquico) da pessoa. Não há uma previsão expressa autorizando a operação. No entanto o entendimento é de que tanto a Constituição Federal como o Código Civil, de forma implícita, permitem a cirurgia. Inclusive já há inúmeras decisões judiciais garantindo o direito dos transexuais de realizar a cirurgia de transgenitalização pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Gabarito: “D”.

A.10) (OAB/RS – 2006) Em se tratando de direitos da personalidade, assinale a alternativa CORRETA.

a) na hipótese de manutenção da ordem pública, a lei civil autoriza a divulgação da imagem da pessoa sem a sua devida e prévia autorização.

b) os direitos da personalidade se enquadram no campo dos direitos eminentemente relativos.

c) ocorrendo a morte da pessoa, cessa a tutela sobre sua personalidade.

d) não há previsão legal que regule a possibilidade de alteração do sobrenome da pessoa.

e) o elemento que permite integrar o nome, objetivando distinguir pessoas de uma mesma família com nomes iguais denomina-se codinome.

Comentários:

O art. 20, CC determina que “salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais”. Portanto é possível, em casos especiais, a divulgação da imagem da pessoa sem a sua devida e prévia autorização. A letra “b” está errada, pois segundo a doutrina tais direitos são absolutos, ou seja, podem ser opostos contra todos. A letra “c” está errada, pois tanto o parágrafo único do art. 12, CC, como o parágrafo único do art. 20, CC, preveem que ao morto também há proteção dos direitos de personalidade e atribuem legitimidade ao cônjuge sobrevivente ou a seus parentes para a propositura de ações pertinentes. Quanto à possibilidade de alteração do nome, a Lei de Registros Públicos (6.015/73) prevê expressamente inúmeras hipóteses em que isso é possível. Já a letra “e” não

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estava na prova original. Caiu em outro exame do Distrito Federal. Mas acrescentei nesta questão para ficar mais completa. A alternativa está errada, pois este sinal distintivo se refere ao agnome (Júnior, Neto, Sobrinho, etc.) e não ao codinome. A doutrina se refere a este termo (não está previsto na lei) como sinônimo de apelido. Quem não se lembra da música “Codinome Beija-flor” do Cazuza? Gabarito: “A”.

A.11) (OAB/MG – 2007) Assinale a afirmativa CORRETA:

a) a publicação, exposição ou utilização da imagem da pessoa é, de maneira geral, permitida, sendo necessária sua autorização se lhe atingir a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se destinar a fins comerciais.

b) a existência legal da pessoa natural se dá a partir do registro no Cartório Civil das Pessoas Naturais.

c) o nome da pessoa natural é protegido contra qualquer divulgação ou publicação não autorizada pelo titular, podendo este obter judicialmente a cessação da divulgação ou publicação ou, ainda, indenização pelas perdas e danos daí decorrentes.

d) havendo alguma lesão ao direito de personalidade, o interessado tem direito de reclamar somente as eventuais perdas e danos desta lesão.

Comentários:

Na verdade é exatamente esse o sentido e o alcance da lei. Confiram o art. 20, CC. A letra “b” está errada, pois a existência legal da pessoa natural se dá com o nascimento com vida (art. 2o, CC), e não com o registro. A letra “c” está errada e o erro é sutil, pois embora o nome da pessoa seja protegido, esta proteção não é contra qualquer divulgação como exposto na questão, mas apenas em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, conforme o art. 17, CC. Também não se pode usar o nome alheio, sem autorização, em propaganda comercial (art. 18, CC). A letra “d” está errada, pois o interessado pode, além de reclamar perdas e danos, exigir também que cesse a ameaça ou lesão a direito de personalidade, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Gabarito: “A”.

A.12) (Delegado de Polícia Civil do Estado de Goiás – 2003) O Código Civil preceitua que “se pode exigir que cesse a ameaça ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei”. Em caso de morte, tem legitimação para requerer a medida prevista no artigo citado:

a) o cônjuge sobrevivente e os demais descendentes.

b) o cônjuge sobrevivente, qualquer parente em linha reta e colateral até o terceiro grau.

c) o cônjuge sobrevivente, qualquer parente em linha reta e colateral até o quarto grau.

d) o cônjuge sobrevivente, qualquer parente em linha reta e colateral até o segundo grau.

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e) o cônjuge sobrevivente, os descendentes e os colaterais até o quarto grau.

Comentários:

Trata-se do texto exato previsto no parágrafo único do art. 12, CC. Observem que a diferença entre as alternativas é muito sutil. Gabarito: “C”.

A.13) (Defensoria Pública do Estado do Ceará – FCC – 2009) O envelhecimento é um direito personalíssimo e sua proteção um direito social, razão pela qual fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos, urbanos e semiurbanos, a toda pessoa com mais de:

a) 65 anos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.

b) 60 anos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.

c) 65 anos, incluindo-se os serviços seletivos e especiais, ainda que prestados paralelamente aos serviços regulares.

d) 70 anos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.

e) 65 anos, exceto nos serviços seletivos e especiais, mesmo quando inexistir serviços regulares.

Comentários:

Esta matéria está prevista na Lei n° 10.741/03 (Estatuto do Idoso). Ela apenas complementa o Código Civil. Não faz parte da aula, embora caia em alguns concursos, que exige a lei de forma expressa. Selecionamos esta questão devido à curiosidade do tema. Estabelece a lei: Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares. §1o Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade. §2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para os idosos, devidamente identificados com a placa de reservado preferencialmente para idosos. §3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a critério da legislação local dispor sobre as condições para exercício da gratuidade nos meios de transporte previstos no caput deste artigo. Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual observar-se-á, nos termos da legislação específica: I. a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos; II. desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, no valor das passagens, para os idosos que excederem as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos. Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os mecanismos e os critérios para o exercício dos direitos previstos nos incisos I e II. Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao idoso. Art. 42. É assegurada a prioridade do idoso no embarque no sistema de transporte coletivo. Gabarito: “A”.

A.14) (Advogado Contencioso do BNDES – 2009) Desaparecendo alguém em uma catástrofe, provada a sua presença no local do acidente e não sendo encontrado o cadáver para exame:

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a) será declarado morto à vista após a confecção do Boletim de Ocorrência registrando o sinistro e de sua apresentação no Cartório de Pessoas Naturais.

b) somente será considerado morto vinte anos depois de passada em julgado a sentença de abertura da sucessão provisória.

c) se o ausente contar com 70 anos e decorrendo cinco anos de suas últimas notícias, será declarado morto.

d) poderão os juízes togados, mediante justificação, determinar a lavratura do assento de óbito.

e) será declarado morto apenas depois de contar oitenta anos de idade e haverem decorrido cinco anos de suas últimas notícias.

Comentários:

Trata-se da justificação judicial, disciplinada no art. 88 da Lei n° 6.015/73 (Lei de Registros Públicos). Lembrando que “juiz togado” é uma expressão da própria lei referindo-se ao Juiz graduado em Direito, aprovado em concurso de provas e títulos para o ingresso na Magistratura. Toga é o vestuário especial que o Juiz usa nas audiências (eu, particularmente, costumo usar nas audiências de julgamento). Gabarito: “D”.

A.15) (ESAF – AFRFB/2009) Se uma pessoa, que participava de operações bélicas, não for encontrada até dois anos após o término da guerra, configurada está a:

a) declaração judicial de morte presumida, sem decretação de ausência. b) comoriência. c) morte civil. d) morte presumida pela declaração judicial de ausência. e) morte real.

Comentários:

O art. 7°, inciso II, CC determina que “pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência de pessoa desaparecida em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra”. Gabarito: letra “A”.

A.16) (CESPE/UnB FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos- Analista Jurídico - 2009) Pedro, seu filho Paulo, dez outras pessoas, o piloto e o copiloto viajavam de avião quando sofreram grave acidente aéreo. Após vinte dias, a equipe de resgate havia encontrado apenas 10 corpos, em grande parte, carbonizados, fato que dificultou a identificação, e encerrou as buscas. Nove corpos foram identificados e nenhum era de Pedro ou de Paulo. A perícia concluiu pela impossibilidade de haver sobrevivente. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção CORRETA.

a) essa situação configura típico caso de morte civil, que a lei considera como fato extintivo da pessoa natural. b) trata-se de morte presumida, sem decretação de ausência.

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c) nessa situação, deve ser declarada a ausência, somente podendo ser considerado como morto presumido nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva. d) nesse caso, não há de se falar em comoriência, por tratar-se de circunstância vedada na legislação vigente. e) o desaparecimento de Pedro e Paulo impõe preliminarmente a nomeação de curador para administrar os bens dos ausentes, se houver, devendo o juiz, de ofício, declarar ambos como ausentes e promover, em seguida a sucessão provisória. Comentários:

Pessoalmente entendo que o mais fácil seria entrar com pedido de justificação judicial, nos termos da LRP. No entanto, diante das alternativas apresentadas a única correta é a letra “b”, nos termos do art. 7°, CC (morte presumida, sem decretação de ausência). Gabarito: “B”.

A.17) (VUNESP – Magistratura do Estado do Rio de Janeiro – 2011) Considerando a jurisprudência majoritária do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa correta quanto ao direito de ser reconhecido como filho, mediante a ação própria de investigação de paternidade. a) é imprescritível, por se tratar de direito personalíssimo. b) prescreve em quatro anos, a contar da maioridade ou emancipação do filho. c) somente pode ser intentada após a ação de anulação de registro. d) somente pode ser proposta se vivo o pai.

Comentários:

O direito de ser reconhecido como filho, descobrindo-se sua origem genética, é um dos direitos da personalidade, de natureza vitalícia, que não se submete a qualquer prazo prescricional ou decadencial. Gabarito: “A”.

B) CAPACIDADE B.01) São consideradas absolutamente incapazes pela atual legislação civil:

I. Os menores de 16 anos. II. Os maiores de 80 anos. III. Os silvícolas. IV. Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiveram o necessário discernimento para a prática desses atos. V. Os que, por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

ASSINALE:

a) os itens I, II e IV são considerados corretos. b) somente o item I está correto. c) os itens I, IV e V estão corretos.

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d) somente o item V está incorreto. e) todas as alternativas estão corretas.

Comentários:

O art. 3°, CC arrola as pessoas que são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I. os menores de dezesseis anos; II. os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III. os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Portanto o que está afirmado nas proposições I, IV e V está correto. O maior de 80 anos, por si só não é incapaz. A velhice (senilidade ou senectude), por si só não limita a capacidade da Pessoa Natural. Esta somente será considerada incapaz se a velhice originar um estado patológico, uma doença (esclerose mental), hipótese em que a incapacidade resulta do estado psíquico e não da velhice propriamente dita (item II errada). A palavra “silvícola” não consta mais do Código Civil. O Código anterior dizia que o silvícola era relativamente incapaz. O atual, além de não usar mais este termo, determina que a capacidade do índio será regulada pela legislação especial (Estatuto do Índio), portanto o item III também está errado. Gabarito: “C”.

B.02) São absolutamente incapazes os menores de:

a) 16 anos; os que somente não puderem exprimir sua vontade, em razão e por causa permanente.

b) 18 anos; os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil; os excepcionais sem desenvolvimento mental completo.

c) 16 anos; os que por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil; os que mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

d) 16 anos; os ébrios habituais; os pródigos; os toxicômanos.

e) 16 anos, os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil; os pródigos.

Comentários:

Esta alternativa está completa, pois contempla todas as hipóteses do art. 3°, CC, que trata dos absolutamente incapazes. A alternativa “a” esta errada, pois fala daqueles que não podem expressar ou exprimir a vontade somente por causa permanente, no entanto o inciso III do art. 5° fala em “mesmo por causa transitória não puderem exprimir a sua vontade”. A letra “b” está errada quanto à idade (o correto seria 16 anos) e no tópico “os excepcionais sem desenvolvimento mental completo” (pois esta é uma causa de incapacidade relativa). A letra “d” também está errada, pois os ébrios habituais, os pródigos e os toxicômanos são causas de incapacidade relativa. Finalmente a alternativa “e” também está errada, pois menciona o pródigo, que é relativamente incapaz. Gabarito: “C”.

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B.03) É INCORRETO afirmar que são incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de exercê-los:

a) os ébrios habituais e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido.

b) os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo.

c) os maiores de 14 e menores de 18 anos.

d) os pródigos.

e) os viciados em tóxicos que por este motivo tenham o discernimento reduzido.

Comentários:

São relativamente incapazes (art. 4o, CC) os: maiores de 16, mas menores de 18 anos; os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo e os pródigos. Portanto o critério etário (relativo à idade) apontado na questão (entre 14 e 18 anos) está errado. Observem que todas as demais alternativas estão previstas no mencionado dispositivo e, portanto, corretas. Gabarito: “C”.

B.04) Uma pessoa com dezenove anos de idade, que sempre trabalhou na roça, sendo que por esse motivo não teve o seu registro de nascimento realizado: a) por não ter sido registrada ainda, não existe juridicamente como pessoa natural. b) é pessoa plenamente capaz. c) é pessoa relativamente incapaz. d) é pessoa absolutamente incapaz. e) não será considerada pessoa, nem mesmo se for registrada, pois não há registro retroativo.

Comentários:

O início da personalidade civil da pessoa natural ou física se dá com o nascimento com vida (art. 2°, CC). E não com o efetivo registro do nascimento. Para a pessoa física o registro é um ato declaratório, isto é, a certidão de nascimento somente vai declarar uma situação que já ocorreu (o próprio nascimento). Veremos na aula sobre pessoas jurídicas que o registro delas é um ato constitutivo, ou seja, é o registro da pessoa jurídica que faz com que ela “nasça”. No teste em análise, a pessoa tem 19 anos e não há nada que limite a sua capacidade. Portanto ela é absolutamente capaz. No entanto, apesar disso, na prática terá muitos problemas pela falta de registro (ou certidão de nascimento). Gabarito: “B”.

B.05) (OAB/RS – 2006) Quanto à capacidade civil, podemos afirmar que:

a) os menores de 18 anos são absolutamente incapazes para exercer pessoalmente qualquer ato da vida civil.

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b) são relativamente incapazes os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

c) os menores de 16 anos já podem contratar, sem haja vício de vontade.

d) os pródigos são incapazes relativamente a certos atos.

Comentários:

Capacidade é a aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil. Trata-se da capacidade de fato (ou capacidade para exercício do direito). Segundo o art. 4°, IV, CC os pródigos são incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de exercê-los. O pródigo (pessoa que de forma compulsiva dissipa seu patrimônio) pode praticar, por si só e de forma válida os atos da vida civil que não envolvam e nem comprometam seu patrimônio. Não pode emprestar, dar quitação, alienar, hipotecar, etc. Ele será interditado e o seu representante legal irá assisti-lo nos atos. A letra “a” está errada, pois a incapacidade absoluta neste caso seria para os menores de 16 anos. A letra “b” está errada, pois as pessoas que mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade são absolutamente incapazes (art., 3°, III, CC). A letra “c” está errada, pois os menores de 16 anos são absolutamente incapazes e não podem realizar os negócios da vida civil, entre eles o de contratar, sob pena de nulidade, portanto há vício de vontade. Gabarito: “D”.

B.06) (Magistratura - São Paulo. Concurso 171) O Código Civil exige, para a validade na realização de um ato jurídico, que o agente seja capaz. Tal disposição legal configura a exigência de que o agente:

a) tenha capacidade de gozo ou de direito. b) tenha capacidade de fato ou exercício. c) seja pessoa física, dotado de personalidade jurídica. c) somente tenha sempre mais de 18 anos. d) mesmo menor de 16 anos, seja assistido por seu representante legal.

Comentários:

Embora baste nascer com vida para se adquirir a personalidade, nem sempre se terá capacidade. A capacidade pode ser classificada em: a) de direito ou de gozo, que é própria de todo ser humano, inerente à personalidade e que só se perde com a morte. É a capacidade para adquirir direitos e contrair obrigações; b) de fato ou de exercício que serve para exercitar por si os atos da vida civil. A capacidade de direito não pode ser negada ao indivíduo, mas pode sofrer restrições quanto ao seu exercício. A questão trata da capacidade para os atos jurídicos. Logo está se referindo à capacidade de fato, ou seja, para exercitar os direitos. Portanto as alternativas “a” e “c” estão erradas. A alternativa “d” está errada, pois uma pessoa pode ter mais de 18 anos e ser incapaz (ex.: doente mental); a letra “e” também está errada, pois o menor de 16 anos deve ser representado (e não assistido) por seus representantes legais. Gabarito: “B”.

B.07) A venda de um imóvel por um menor, com dezessete anos de idade, sem ter sido assistido, mas após sua aprovação no concurso

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vestibular, do qual participou pagando a inscrição com suas próprias economias, será:

a) inexistente, porque o menor não foi emancipado. b) ineficaz, porque o agente não foi assistido nem representado. c) anulável, porque o agente é relativamente incapaz. d) anulável, porque o agente é absolutamente incapaz.

Comentários:

Como vimos anteriormente, o menor, entre 16 e 18 anos, é considerado relativamente incapaz. Logo, para realizar um negócio jurídico válido (ex.: a compra e venda de um imóvel), seria necessário ser assistido pelos seus representantes legais, sob pena de anulação deste negócio (se fosse menor de 16 anos, seria considerado absolutamente incapaz e o negócio seria reputado como nulo). O fato de ter ingressado em uma faculdade não o emancipa, pois a causa de emancipação é o fato ter colado grau em curso de ensino superior. Da mesma forma, o fato de ter pago sua inscrição com economia própria não o emancipa, pois a causa legal de emancipação é “pelo estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria”. Gabarito: “C”.

B.08) Assinale a alternativa CORRETA:

a) a incapacidade será absoluta, quando houver proibição total do exercício do direito pelo incapaz, acarretando, em caso de violação do preceito, a possibilidade de decretação da anulação do ato.

b) os menores somente são capazes de direitos e obrigações, quando representados ou assistidos.

c) os menores relativamente incapazes, independente da presença de assistente, podem ser testemunhas em atos jurídicos e elaborar o seu próprio testamento.

d) nosso Código Civil trata do instituto da comoriência, no livro do Direito das Sucessões, em razão de sua relevância para esse ramo do Direito Civil, que trata sobre a presunção absoluta de morte simultânea.

Comentários:

Observem como uma questão relativamente fácil pode se tornar um pouco mais difícil pela redação das alternativas. O examinador redigiu as alternativas de uma maneira em que o candidato deve pensar um pouco mais ao analisá-las. Além disso, exige conhecimentos específicos da parte especial do Código. De fato, a letra “c” está correta, pois um menor, entre 16 e 18 anos, já pode praticar alguns atos, mesmo sem assistência, tais como: casar (embora necessite para tanto de autorização dos pais – art. 1517, CC), fazer testamento (art. 1.860, parágrafo único, CC), servir como testemunha em contratos (art. 228, I, CC), celebrar contrato de trabalho, ser eleitor, receber poderes no contrato de mandato (art. 666, CC), etc. A alternativa “a” está errada, pois menciona que a incapacidade absoluta gera a anulação do ato. Na

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verdade a incapacidade absoluta gera a nulidade absoluta do ato; ou seja, o ato é nulo de pleno direito. O problema da nulidade ou anulabilidade será visto mais adiante, com maior profundidade, quando tratarmos do tema Negócio Jurídico. A “b” também está errada, pois uma pessoa, mesmo menor pode ser considerada capaz, se for emancipada; além disso, os menores possuem capacidade de direito ou gozo (que é inerente à personalidade). Portanto a expressão ‘somente’ está errada. Já a letra “d” também está errada, pois a comoriência é tratada na Parte Geral do Código e trata da presunção relativa de morte simultânea. Gabarito: “C”.

B.09) (Analista Judiciário – 4a Região – 2005) A respeito das Pessoas Naturais, é CERTO que:

a) os ébrios habituais, os viciados em tóxico e os pródigos são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil.

b) a personalidade civil da pessoa começa com a concepção e termina com a morte, ainda que presumida, com ou sem declaração de ausência.

c) os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo são incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer.

d) a menoridade cessa aos 21 anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

e) a declaração da morte presumida só poderá ser requerida se alguém, desaparecido em campanha, não for encontrado até 02 (dois) anos após o término da guerra.

Comentários:

Esta alternativa está certa, pois traz o texto expresso do art. 4°, III, CC. A alternativa “a” está errada, pois de acordo com o art. 4°, CC as pessoas nele arroladas são relativamente incapazes. A alternativa “b” está errada, pois o Brasil (art. 2°, CC) adotou a Teoria Natalista; ou seja, inicia-se a personalidade com o nascimento com vida, e não com a concepção (embora a lei ponha a salvo os direitos do nascituro). A segunda parte da alternativa está correta, pois o art. 6°, CC prevê que a existência da pessoa natural termina com a morte, ainda que presumida e o art. 7°, CC permite, em circunstâncias especiais a declaração de morte presumida sem a decretação de ausência, como veremos na análise da alternativa “e”. A letra “d” está errada, pois o art. 5°, CC determina que a menoridade cessa ao 18 anos completos. A letra “e” também está errada. Embora a alternativa traga um exemplo de morte presumida sem declaração de ausência, não é apenas esta hipótese que autoriza a declaração da morte presumida. Outro exemplo é o caso em que “for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida” (art. 7°, II, CC). Portanto a expressão “só” tornou a alternativa errada. Gabarito: “C”.

B.10) (Procurador do Banco Central – 2005) São relativamente incapazes:

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a) os que por enfermidade ou deficiência mental não tiverem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil.

b) os maiores de 18 (dezoito) e menores de 21 (vinte e um anos).

c) os ébrios habituais e os viciados em tóxicos que tenham o discernimento reduzido.

d) os que, por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

e) os menores de 16 (dezesseis) anos.

Comentários:

Embora a alternativa apontada como correta não esteja completa, isto é, não traga todas as hipóteses do rol dos relativamente incapazes (art. 4°, CC), no entanto é a única que não contém erros. Observem que as letras “a”, “d” e “e” trazem hipóteses de absolutamente incapazes (art. 3°, CC). A letra “b” também está errada, pois a pessoa natural (ou física) quando completa 18 anos já é considerada absolutamente capaz. Gabarito: “C”.

B.11) (Procurador do Banco Central – 2005) A existência da Pessoa Natural termina com a morte,

a) a qual pode ser declarada, pelo Juiz, sem decretação de ausência, se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.

b) presumindo-se a morte quanto aos ausentes, desde que aberta a sua sucessão provisória.

c) a qual nunca pode ser presumida.

d) e o ausente será presumido morto somente depois de contar 80 (oitenta) anos de idade e de 05 (cinco) anos antes forem suas últimas notícias.

e) e o ausente será considerado presumidamente morto depois de 10 (dez) anos do pedido de sucessão definitiva.

Comentários:

De fato, o art. 6°, CC determina que a existência da pessoa natural termina com a morte, presumindo-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva. No entanto o art. 7°, I, CC permite a declaração de morte presumida sem a declaração de ausência, se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida. A letra “b” está errada, pois como vimos da leitura do art. 6°, CC a presunção da morte se dá nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva (e não provisória, como na questão). A letra “c” está errada, pois afirma que a morte nunca poderia ser presumida, o que vai de encontro com os artigos mencionados. A letra “d” está errada, pois o art. 38, CC prevê que se pode requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta com 80 (oitenta) anos de idade e que de 05 (cinco) datam as últimas notícias dele. Trata-se, portanto, de uma hipótese a mais de presunção de morte e não ‘somente’ esta hipótese (como afirmado na questão). Finalmente a letra “e” está errada, pois afirma que o ausente será presumido morto depois de 10 (dez) anos do pedido de sucessão definitiva, quando o correto seria 10 (dez)

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anos depois do trânsito em julgado da sentença que concedeu a abertura da sucessão provisória (art. 37, CC). Gabarito: “A”.

B.12) (ESAF - Advogado da IRB – Brasil Resseguros – 2008) Assinale a opção FALSA:

a) o direito à personalidade é o direito da pessoa defender o que lhe é próprio, como a vida, a identidade, a liberdade, a imagem, a privacidade, a honra, etc.

b) pessoa idosa poderá sofrer interdição se a senectude originar um estado patológico, retirando-lhe o necessário discernimento para pratica atos negociais.

c) o pródigo é considerado, se sofre interdição, relativamente incapaz, estando privado, sem assistência do curador, da prática de atos que possam comprometer o seu patrimônio.

d) o direito brasileiro não admite a declaração de morte presumida sem decretação de ausência, para, em casos excepcionais, viabilizar o registro do óbito, resolver problemas jurídicos e regular a sucessão causa mortis.

e) o instituto da incapacidade visa proteger os que são portadores de alguma deficiência jurídica apreciável, graduando a forma de proteção.

Comentários:

O que ocorre é exatamente o contrário. O art. 7°, CC admite a declaração de morte presumida sem decretação de ausência, sempre que for extremamente provável a morte de alguém que estava em perigo de vida e se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. A alternativa “a” está correta, pois adquirindo a personalidade, o ser humano adquire o direito de defender o que lhe é próprio, como sua integridade física (vida, liberdade, identidade, alimentos, etc.), intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica, artística e intelectual), moral (honra, segredo pessoal ou profissional, privacidade, imagem, opção religiosa ou sexual, etc.). É o que se extrai da Constituição Federal e dos artigos de 11 a 21 do CC. A alternativa “b” está correta. A senectude ou senilidade (ou seja, a velhice), por si só, não é causa de interdição. As pessoas com idade avançada podem realizar os negócios da vida civil normalmente. No entanto, poderá haver interdição se a velhice originar de um estado patológico, retirando o discernimento para a prática desses negócios, como a arteriosclerose, hipótese em que a incapacidade resulta do estado psíquico e não da velhice propriamente dita. A letra “c” está correta, pois o pródigo é o que dilapida, dissipa os seus bens ou seu patrimônio, fazendo gastos excessivos e anormais. Trata-se de um desvio de personalidade e não de alienação mental. Por isso deve ser interditado, nomeando-se um curador, que irá assisti-lo, para cuidar de seus bens. Portanto ele fica privado dos atos que possam comprometer seu patrimônio. Por fim a letra “e” está exata, quanto à definição de incapacidade, que visa a proteção, com certa graduação (incapacidade absoluta →→→ art. 3°, CC e incapacidade relativa →→→ art. 4°, CC). Gabarito: “D”.

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B.13) (Controladoria Geral da União – 2006) Assinale a opção VERDADEIRA.

a) a capacidade de exercício pressupõe a de gozo e esta não pode subsistir sem a de fato ou de exercício.

b) artista plástico menor, com 16 anos de idade, que, habitualmente, expõe, mediante remuneração, numa galeria, não adquire capacidade.

c) a condenação criminal acarreta incapacidade civil.

d) o estado civil é uno e indivisível, pois ninguém pode ser simultaneamente casado e solteiro, maior e menor, brasileiro e estrangeiro, salvo nos casos de dupla nacionalidade.

e) se alguém desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra, seus parentes poderão requerer ao Juiz a declaração de sua ausência e nomeação de curador.

Comentários:

De fato, o estado de uma pessoa é regulado por normas de ordem pública, sendo: irrenunciável, uno e indivisível, inalienável, indisponível e imprescritível. A letra “a” está errada, pois afirma que a capacidade de gozo não pode subsistir sem a capacidade de fato. A situação inversa é a verdadeira: a capacidade de fato (ou exercício) depende da capacidade de gozo (ou direito). A letra “b” está errada: a doutrina costuma citar esse exemplo como causa de emancipação “por estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 (dezesseis) anos completos tenha economia própria”. A letra “c” está errada, pois capacidade civil e a criminal são independentes. Finalmente a letra “e” está errada, pois se alguém desaparecer em campanha ou for feito prisioneiro, e não for encontrado até dois anos após o termino da guerra, já pode se declarada a morte presumida sem a declaração de sua ausência (art. 7°, CC). De fato deve haver um requerimento dos interessados (parentes). Mas não há nomeação de curador, pois esta figura somente aparece na fase de ausência, fase esta que não existe nesta hipótese. Com a declaração do Juiz, os bens transmitem-se, de imediato, para os herdeiros. Gabarito: “D”.

B.14) (Tribunal de Contas da União – Analista de Controle Externo – ESAF - 2006) Aponte a opção FALSA.

a) a capacidade de fato é a aptidão de exercer por si os atos da vida civil.

b) o portador de doença neurológica degenerativa progressiva grave, por não ter discernimento, é tido como absolutamente incapaz, devendo ser interditado e representado.

c) a capacidade dos índios, pela sua gradativa assimilação à civilização, nos termos do atual Código Civil, deverá ser regida por leis especiais.

d) admite-se a morte presumida sem decretação de ausência, em casos excepcionais (ex.: naufrágio), para viabilizar o registro de óbito, resolver problemas jurídicos gerados com o desaparecimento e regular a sucessão causa mortis.

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e) a curatela é um instituto de interesse público, ou melhor, é um munus público, cometido por lei a alguém somente para administrar os bens de pessoa maior que, por si só, não está em condições de fazê-lo, em razão de enfermidade mental ou de prodigalidade.

Comentários:

O erro da questão está na expressão “somente”. O curador deve, além de administrar os bens do incapaz, também reger e defender esta pessoa. Gabarito: “E”.

B.15) (FCC - Defensoria Pública do Estado do Ceará - 2009) A capacidade de fato...

a) da pessoa natural inicia-se com o nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

b) da pessoa moral inicia-se com o nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

c) é relativa entre os dezesseis e vinte e um anos de idade e absoluta a partir de então.

d) será absoluta a partir dos dezoito anos incompletos e não é perdida em razão do envelhecimento.

e) não se apura exclusivamente com base no critério etário.

Comentários:

A capacidade de fato realmente não é apurada exclusivamente com base no critério etário, ou seja, relativo à idade. Há outros fatores que também são levados em conta (arts. 3° e 4° do CC) como: a enfermidade ou deficiência mental, impossibilidade (mesmo que transitória) de expressar a vontade, alcoolismo ou vício em drogas, prodigalidade, etc. A letra “a” está errada, pois se refere à personalidade e consequentemente à capacidade de direito (e não de fato ou exercício). A letra “b” está errada, pois a pessoa moral é a pessoa jurídica, e a personalidade desta tem início com a inscrição de seu ato constitutivo no respectivo registro (art. 45, CC). A letra “c” está errada, pois a capacidade relativa é entre os 16 e 18 anos (e não 21 como na questão), A letra “d” está errada, pois a partir dos 18 anos completos (e não incompletos) a pessoa passa a ser absolutamente capaz. Gabarito: “E”.

C) DOMICÍLIO C.01) (FCC – TRF/1a Região – Analista Judiciário – 2006) Considere as seguintes assertivas a respeito do domicílio:

I. Se a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.

II. O domicílio do marítimo é, em regra, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado.

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III. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde residam seus ascendentes e, na falta deles, onde residam os descendentes.

IV. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.

De acordo com o Código Civil brasileiro, está CORRETO o que se afirma SOMENTE em: a) I e III. b) I e IV. c) I, II e III. d) I, III e IV. e) II, III e IV.

Comentários:

Somente as alternativas I e IV estão corretas. A questão trata do Domicílio da pessoa física ou natural, que é o lugar onde a pessoa estabelece a sua residência com ânimo definitivo. A afirmativa I está correta, pois o art. 71, CC determina que se uma pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente viva, considera-se domicílio qualquer uma delas. Conclui-se que nosso legislador adotou o princípio da pluralidade domiciliar. A afirmativa IV também está correta, pois prevê o art. 76, CC que têm domicílio necessário: o incapaz (seja absoluta ou relativamente), o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Completa o parágrafo único deste dispositivo afirmando: o domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. A afirmativa II está errada, pois o domicílio do marítimo é o lugar onde o navio estiver matriculado (parte final do parágrafo único do art. 76, CC). A afirmativa III também está errada, pois quando uma pessoa não tem uma residência habitual seu domicílio é o lugar onde ela for encontrada (art. 73, CC) e não o lugar onde residem seus ascendentes ou descendentes. Gabarito: “B”.

C.02) (FCC – TRT 16a Região/MA – Analista Judiciário – 2009) Pessoa que seja possuidora de duas residências regulares. O seu domicílio poderá ser: a) a localidade em que por último passou a residir. b) o local de sua propriedade em que começou a residir em primeiro lugar. c) qualquer das residências. d) o local onde estiver residindo há mais tempo. e) somente se o imóvel for de sua propriedade.

Comentários:

Qualquer das residências, nos termos do art. 71, CC. Gabarito: “C”.

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C.03) (FCC – TRF/1ª Região – Técnico Administrativo – 2006) Maria é artista circense. Sua vida é viajar pelo Brasil fazendo espetáculos. Considerando que Maria nasceu no Rio de Janeiro, que seus pais residem em São Paulo e que seus filhos residem em Salvador, de acordo com o Código Civil brasileiro, ter-se-á como domicílio civil de Maria:

a) o lugar em que for encontrada. b) Rio de Janeiro ou Salvador. c) Rio de Janeiro, somente. d) Salvador, somente. e) São Paulo, somente.

Comentários:

O conceito de domicílio surge da necessidade legal que se tem de fixar as pessoas em determinado ponto do território nacional. Por isso, mesmo que uma pessoa não tenha uma residência fixa habitual, não tenha um ponto central de negócios, o Código Civil aponta um domicílio para ela, sendo este o lugar onde ela for encontrada. Assim, o domicílio dos circenses, dos ciganos, etc. é o lugar onde eles forem encontrados, nos termos do art. 73, CC. Gabarito: “A”.

C.04) (Advogado do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – 2006) A respeito do domicílio, marque a afirmação CORRETA:

a) o conceito de domicílio confunde-se com o de residência, nos inovadores termos do Código Civil de 2002.

b) as pessoas jurídicas estatais – União, Estados e Municípios – não possuem um domicílio.

c) como vigora em nosso sistema o princípio da unicidade de domicílio, é vedado ao particular possuir domicílio.

d) havendo pluralidade de residências, cabe à autoridade pública indicar o domicílio da pessoa natural, a qual não terá direito de opção.

e) é instituto caracterizado por um elemento objetivo, qual seja, o estabelecimento físico da pessoa e outro subjetivo, configurado pela intenção (animus) de permanência definitiva.

Comentários:

O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece residência em um estabelecimento físico (elemento objetivo) com ânimo definitivo (elemento subjetivo) conforme o art. 70, CC. No entanto existem várias exceções a este princípio (arts. 71 a 73, CC). A letra “a” está errada, pois mesmo nos dias atuais o conceito de residência (lugar em que o indivíduo habita com a intenção de permanecer, mesmo que dele se ausente temporariamente, sendo uma situação de fato) é diferente do domicílio, que é uma situação jurídica. A alternativa “b” está errada, pois as Pessoas Jurídicas, inclusive as estatais (ou seja, as de Direito Público), possuem domicílio, sendo que o art. 75, CC aponta

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quais são estes domicílios. As alternativas “c” e “d” estão erradas, pois nossa legislação adotou o princípio da pluralidade domiciliar (art. 71, CC), quando a pessoa tiver mais de uma residência, sendo que será domicílio qualquer uma delas, a sua escolha. Gabarito: “E”.

C.05) Assinale a alternativa CORRETA de acordo com as normas do Código Civil em vigor. Possui(em) domicílio necessário: a) o servidor público. b) apenas o preso e o militar. c) somente o marítimo, o militar e o incapaz. d) o militar da ativa ou da reserva. e) as pessoas casadas.

Comentários:

Esta questão está prevista no art. 76, CC. A letra “b” está errada por causa da palavra ‘apenas’; o mesmo se diga em relação à expressão ‘somente’ da alternativa “c”. A letra “d” está errada, pois o militar da reserva (em outras palavras, o aposentado) não possui domicílio necessário. As pessoas casadas atualmente também não possuem domicílio casado (a título de curiosidade citamos que pelo Código anterior a mulher casada tinha domicílio necessário: era o de seu marido... mas isso já está totalmente ultrapassado). Gabarito: “A”.

C.06) O domicílio, como consagrado pelo Código Civil,

a) é único e consiste no local em que a pessoa estabelece residência com ânimo definitivo.

b) é único e consiste no centro de ocupação habitual da pessoa natural.

c) é considerado o local onde a pessoa exerce sua profissão. Se a pessoa exercer a profissão em locais diversos, deverá indicar um local específico para todas as relações correspondentes.

d) pode ser plural, desde que a pessoa natural tenha diversas residências onde alternadamente viva.

Comentários:

Já vimos que a lei brasileira prevê a possibilidade da pluralidade domiciliar (art. 71, CC). Observem que o parágrafo único do art. 72, CC não traz o dever de se indicar um local específico para as relações correspondentes. Daí estar a letra “c” errada. Gabarito: “D”.

C.07) (OAB/MG 2007) Sobre domicílio, assinale a alternativa INCORRETA:

a) o domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente.

b) o domicílio do preso é o lugar onde foi processado.

c) o domicílio do militar é o lugar onde servir.

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d) o domicílio do servidor público é o lugar em que exerce permanentemente suas funções.

e) o domicílio do marítimo é o do lugar onde o navio estiver matriculado

Comentários:

Na realidade o domicílio do preso é o local onde ele cumpre a sentença (e não onde foi processado), conforme o art. 76, parágrafo único do CC. Notem que a lei menciona “sentença”. Não está errado. No entanto, para ser mais técnico, é interessante deixar claro que sentença é a decisão do Juiz de primeiro grau. Se houver recurso desta sentença o processo será encaminhado para o Tribunal de Justiça. A decisão do Tribunal é chamada de Acórdão (e não sentença). Por isso costumo dizer que o domicílio do preso é o local onde cumpre a decisão (termo que abrange tanto a sentença como o acórdão) condenatória. Gabarito: “B”.

C.08) (Procurador do Banco Central – 2005) Considera-se domicílio da Pessoa Natural, quanto às relações concernentes à profissão:

a) somente o lugar em que a pessoa natural estabelecer a sua residência com ânimo definitivo.

b) o lugar onde esta é exercida, e se exercitar a profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.

c) o lugar em que for encontrada em dia útil.

d) somente um único lugar onde esta é exercida em caráter permanente e principal, desconsiderando-se qualquer outra localidade onde também a exerça, ainda que com habitualidade.

e) apenas o lugar para o qual estiver inscrita em caráter permanente no órgão de classe correspondente, independentemente de exercê-la com habitualidade em outro local.

Comentários:

De uma forma geral, domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo (art. 70, CC). No entanto é também domicílio, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde ela é exercida. Observem que se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada uma deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem (art. 72 e parágrafo único do CC). Gabarito: “B”.

C.09) (Controladoria Geral da União – 2006) Os marítimos têm por domicílio o local onde estiver matriculado o navio. Tal domicílio é: a) voluntário geral. b) aparente. c) legal. d) ocasional. e) voluntário especial.

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Comentários:

A doutrina costuma classificar o domicílio em: a) voluntário (geral ou especial) e b) legal (ou necessário). O art. 76, CC enumera as hipóteses de domicílio necessário. Entre eles está o domicílio dos marítimos (oficiais e tripulantes da marinha mercante). Gabarito: “C”.

C.10) (FCC – TJ/PE – Técnico Judiciário – 2007) Considere as afirmativas abaixo sobre domicílio civil.

I. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. II. Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, apenas sua sede será considerada domicílio para quaisquer atos praticados. III. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. IV. Nos contratos escritos, o domicílio deve ser necessariamente o local da residência dos contraentes.

É correto o que se afirma APENAS em: (A) I e II. (B) I, II e III. (C) I e III. (D) II e III. (E) III e IV.

Comentários:

A afirmação I está correta (art. 73, CC); a afirmação II está errada (art. 75, §1°, CC); a afirmação III está correta (art. 76); a afirmação IV está errada (art. 78, CC). Gabarito: “C”.

C.11) (Auditor Fiscal do Estado da Paraíba – ICMS/PB – 2006) O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo, porém

a) quanto às relações concernentes à profissão também será domiciliada onde a profissão for exercida.

b) o preso em cumprimento de sentença, ainda que a pena seja elevada, não perde o seu domicílio, que será considerado o local de sua última residência.

c) o itinerante não tem domicílio.

d) se tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domiciliada no local em que primeiro houver estabelecido residência.

e) o domicílio do diplomata será, sempre, o Distrito Federal, enquanto servir no estrangeiro.

Comentários:

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Nos termos do art. 72, CC. Lembrando apenas que o no caso do diplomata o domicílio será o Distrito Federal ou no último ponto do território nacional onde o teve (art. 77, CC). Gabarito: “A”.

C.12) (CESPE – Defensor Público Estadual/PI – 2009) A respeito do domicílio civil, julgue os itens seguintes.

I. Se alguém puder ser encontrado habitualmente em determinado endereço, no qual se sabe que pernoita, este será seu domicílio. II. Ao estabelecer os requisitos para determinação do domicílio civil, afastando-o do conceito de residência, a lei civil optou por acolher a unidade de domicílio em oposição à pluralidade adotada em outros ordenamentos. III. Pessoa que tenha diversas moradas, sem que se consiga detectar qualquer habitualidade na sua permanência em qualquer uma delas, pode ser demandada onde se encontre, conforme a teoria do domicílio aparente. IV. O domicílio do servidor público é o local onde ele exerce suas funções com caráter de permanência, de modo que o exercício de cargo de confiança em caráter transitório não modifica o domicílio original.

Estão certos apenas os itens a) I e II. b) I e III. c) III e IV. d) I, II e IV. e) II, III e IV.

Comentários:

O gabarito oficial afirmou que somente as afirmativas III e IV estariam corretas. De fato, o item III está certo, pois se a pessoa não tem residência, então o seu domicílio será considerado o local onde for encontrada (art. 73, CC). E o item IV também está correto, pois o art. 76, parágrafo único estabelece como domicílio necessário do servidor público o lugar onde exercer permanentemente suas funções; no caso o servidor era em caráter transitório, não alterando o domicílio original. O item II realmente está errado, pois nosso ordenamento admite a pluralidade domiciliar. No entanto, no caso do item I, tenho minhas dúvidas. Houve uma tentativa para anular a questão sendo que a banca alegou que no exemplo dado, nos termos do art. 70, CC, o domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Na questão faltou esse “ânimo definitivo”. E o fato de a pessoa apenas pernoitar em determinado lugar não caracteriza o ânimo definitivo em residir. Discordo desse entendimento. O art. 73, CC é muito claro no sentido de que não tendo residência habitual o domicílio da pessoa será no local onde for encontrada. Ora, se ela pernoita habitualmente em um determinado lugar conhecido, este poderá, sim ser o seu domicílio. Exercícios como esse servem para demonstrar que nem sempre as provas são “redondinhas”... Gabarito oficial: “C”.

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C.13) (ESAF – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC – Analista de Comércio Exterior – 2012) Assinale a opção incorreta.

a) o domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. b) o domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, será considerado o lugar onde esta é exercida. c) nos contratos escritos, não poderão os contratantes especificar como domicílio o lugar onde exerçam e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. d) tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicilio para os atos nele praticados. e) quanto às pessoas jurídicas, o domicílio do município é o lugar onde funcione a administração municipal.

Comentários:

A alternativa “a” está correta nos termos do art. 70, CC. A letra “b” está correta nos termos do art. 72, CC. A letra “c” está errada nos termos do art. 78, CC. A alternativa “d” está certa conforme o disposto no art. 75, §1°, CC. Finalmente a alternativa “e” está correta segundo o art. 75, III, CC. Gabarito: “C”.

D) EMANCIPAÇÃO D.01) (FCC – TRF - Analista Judiciário – 2006 – 1a Região) Maria, Mariana e Mônica são menores de idade. Considerando-se que Maria contraiu matrimônio com João; Mariana exerceu emprego público transitório e Mônica colou grau em curso de ensino médio, cessou a incapacidade para os atos da vida civil para: a) Maria e Mônica. b) Maria e Mariana. c) Maria, Mariana e Mônica. d) Mônica. e) Maria.

Comentários:

A questão trata da emancipação da Pessoa Natural, prevista no art. 5°, CC: A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade pelo(a): I. concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do Juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II. casamento; III. exercício de emprego público efetivo; IV. colação de grau em curso de ensino superior; V. estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Somente no caso de Maria é que realmente houve a cessação da incapacidade

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para os atos da vida civil. Notem que Maria se casou e o casamento é uma modalidade de emancipação (inciso II). Mariana exerceu emprego público transitório, sendo que apenas o emprego público efetivo é causa de emancipação (inciso III). Já Mônica colou grau em curso de ensino médio. Mas apenas o curso superior é causa de emancipação (inciso IV). Gabarito: “E”

D.02) É considerado como uma das formas de emancipação: a) o contrato de trabalho. b) o ingresso em curso superior. c) o exercício do direito ao voto. d) o casamento. e) o consentimento do tutor mediante instrumento público.

Comentários:

O art. 5°, parágrafo único do CC, arrola as hipóteses de emancipação, sendo certo que o casamento é uma delas. Um contrato de trabalho (letra “a”) por si só, não emancipa ninguém. Veja a “pegadinha” da letra “b”: é a colação de grau em ensino superior que emancipa uma pessoa natural. E não o seu ingresso em curso superior. Por isso que eu sempre digo que as questões não podem ser lidas de forma afoita. Tenha calma: leia o cabeçalho com atenção e a seguir todas as alternativas; vá eliminando as mais absurdas e somente ao final da leitura atenta de todas as alternativas assinale a que entenda como correta. Continuando: quanto ao exercício do direito de voto não há previsão legal relacionado com a capacidade civil; logo está errada. Finalmente deve ser esclarecido que o tutor não pode emancipar seu representado, pois desta forma ele estaria se livrando de uma obrigação legal (de um encargo, um munus). Neste caso a emancipação é feita pelo Juiz, se o menor tiver 16 anos, ouvido o tutor, depois de verificada a conveniência para o bem do menor. Assim quem emancipa é o Juiz e o tutor deve ser apenas consultado sobre a possibilidade. Gabarito: “D”.

D.03) (Ordem dos Advogados do Brasil/MG – 2007) A incapacidade cessará para os menores:

a) pelo ingresso em curso de ensino superior.

b) pela aprovação em concurso público.

c) pela existência de relação de emprego, desde que, em função dela, o menor, com dezesseis anos completos, tenha economia própria.

d) por sentença do Juiz, ouvidos os pais, ainda que o menor não tenha dezesseis anos completos.

Comentários:

Trata-se da aplicação do art. 5°, parágrafo único, V, CC. A letra “a” está errada, pois a emancipação se dá com a colação de grau (e não com o ingresso) em ensino superior; a letra “b” está errada, pois é pelo exercício de emprego público efetivo (e não pela simples aprovação em concurso); a letra

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“d” está errada, pois a emancipação será concedida pelo Juiz, ouvido o tutor (e não os pais), desde que o menor tenha 16 anos completos. Gabarito: “C”.

D.04) Flávia, divorciada, com dezessete anos de idade, celebra um contrato de locação de um imóvel de sua propriedade, sem a assistência de seus pais. Pode-se afirmar que o contrato é:

a) nulo em virtude da incapacidade de Flávia, já que com o divórcio a emancipação perdeu seus efeitos.

b) anulável em virtude da incapacidade de Flávia, já que com o divórcio a emancipação perdeu seus efeitos.

c) nulo, pois Flávia não atingiu a maioridade.

d) válido, pois Flávia está emancipada.

e) válido, pois em qualquer locação de imóvel basta a idade de dezesseis anos do locador para sua validade.

Comentários:

Observem que apesar de ter 17 anos e ter celebrado um contrato sem a assistência de seus, Flávia é divorciada. Logo foi casada. E o casamento é uma forma de emancipação (art. 5°, parágrafo único, II do CC) e o divórcio não faz com que se perca a emancipação. Logo o negócio é plenamente válido por ter sido realizado por pessoa emancipada. Gabarito: “D”.

D.05) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) a incapacidade relativa, ao contrário da incapacidade absoluta, não afeta a aptidão para o gozo de direitos, uma vez que o exercício será sempre possível com a representação.

b) a emancipação do menor pode ser obtida com a relação de emprego que proporcione economia própria, desde que tenha 16 anos completos.

c) pode ser declarada a morte presumida, sem decretação da ausência se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.

d) a mulher pode casar-se com 16 anos, desde que com autorização dos pais ou responsáveis.

e) os viciados em tóxicos e os alcoólatras são considerados como relativamente incapazes.

Comentários:

A questão trata de temas variados desta aula. E observem que a questão pede que seja assinalada a alternativa incorreta. A letra “a”, realmente está errada, pois a incapacidade relativa é suprida pela assistência e não pela representação. Além disso, tanto a incapacidade absoluta como a relativa (espécies de capacidade de fato ou exercício), não afetam a aptidão para o gozo de direitos (capacidade de direito). A alternativa “b” está correta, pois o art. 5°, parágrafo único, inciso V do CC permite a emancipação pela existência de emprego, desde que tenha 16 anos completos. A letra “c” também está correta, pois o art. 7°, CC permite a declaração de morte presumida sem

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decretação de ausência na hipótese narrada na questão. A letra “d” também está correta, pois tanto a mulher como o homem podem se casar aos 16 anos, necessitando, para tanto, de autorização dos pais. Trata-se de um dispositivo referente ao Direito de Família (art. 1.517, CC: O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil). Acrescente-se que celebrado o casamento de uma pessoa com 16 anos ocorre a emancipação, cessando a incapacidade e ficando o menor habilitado para a prática de todos os atos na vida civil (arts. 5° e 1.511, CC). A letra “e” está correta, pois o art. 4°, II, CC prevê que os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido são relativamente incapazes. Gabarito: “A”.

D.06) Assinale a alternativa CORRETA:

a) são considerados relativamente capazes os maiores de dezoito e menores de vinte e um anos.

b) os absolutamente incapazes, desde que assistidos pelos pais, estão aptos a praticar os atos da vida civil.

c) os pródigos são considerados absolutamente incapazes.

d) para os menores a incapacidade poderá cessar com o casamento.

e) o tutor pode emancipar o relativamente incapaz.

Comentários:

O casamento é uma das hipóteses de emancipação, por isso é uma das causa em que a incapacidade poderá cessar. A letra “a” está errada, pois os relativamente capazes (embora este termo não esteja errado, é mais técnico usar a expressão “relativamente incapazes”) são as pessoas maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. A letra “b” também está errada, pois os absolutamente incapazes devem ser representados (e não assistidos) por seus representantes legais. Os pródigos são considerados relativamente incapazes (letra “c” errada). Finalmente vimos que o tutor não pode emancipar o menor. Se este não tiver pais a emancipação deve ser concedida pelo Juiz, que irá apenas consultar o tutor a respeito (letra “e” errada). Gabarito: “D”.

D.07) Assinale, considerando as normas do Código Civil em vigor, entre as alternativas seguintes, a CORRETA.

a) a existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão provisória.

b) a emancipação pode se dar com a concessão dos pais, com a sentença do Juiz, ouvido o tutor, nos casos em que não há poder familiar; com o casamento; com emprego público efetivo, com a colação de grau superior e com o estabelecimento civil ou comercial com economia própria.

c) o embrião fecundado in vitro e não implantado no útero materno é sujeito de direito, equiparado ao nascituro, de acordo com a legislação em vigor.

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d) embora o nome de uma pessoa goze de proteção legal, o mesmo não se dá quanto ao pseudônimo utilizado em atividades lícitas.

e) se dois indivíduos falecerem na mesma ocasião, ocorreu o instituto da comociência em que se presume que a pessoa mais velha morreu primeiro.

Comentários:

A alternativa correta trata da leitura atenta do art. 5° e seu parágrafo único do CC, ou seja, as hipóteses de emancipação. No entanto a questão como um todo, pode ser considerada perigosa! A letra “a” está errada. Trata-se de um erro sutil, pois o art. 6°, CC fala em abertura da sucessão definitiva (e não provisória, como na questão). A letra “c” está incorreta, pois em que pese algumas posições doutrinárias divergentes, devemos nos ater ao que diz o texto de nosso Código Civil. O art. 2°, CC prevê que a lei põe a salvo os direitos do nascituro, nada mencionando sobre embriões e a hipótese da fecundação in vitro. Portanto não há esta equiparação pela lei. Isto ainda pode mudar no futuro. Mas atualmente não há equiparação do embrião fecundado in vitro e ainda não implantado no útero materno com o nascituro propriamente dito. Além disso, o nascituro não é um sujeito de direitos, pois ainda não nasceu. A alternativa “d” também está incorreta, pois o art. 19, CC equipara o pseudônimo ao nome para fins de proteção civil, principalmente sendo a atividade lícita. A letra “e” está errada, pois o instituto é da comoriência (e não comociência). Além disso, a presunção (que é relativa, ou seja, admite prova em contrário) é de que ambos morreram simultaneamente (art. 8°, CC). Gabarito: “B”.

D.08) A emancipação do menor estará CORRETA, se:

a) o menor tiver 16 (dezesseis) anos completos, automaticamente.

b) por concessão dos pais, ao menor de 16 (dezesseis) anos completos, por instrumento público, homologado judicialmente.

c) o menor tiver 16 (dezesseis) anos completos, concedida por seus pais por instrumento público, independentemente de homologação judicial.

d) o menor tiver 16 (dezesseis) anos completos, por sentença do Juiz, independentemente de ser ouvido o tutor.

e) se o menor tiver 16 (dezesseis) anos completos qualquer um dos pais poderá emancipá-lo, mas em havendo um conflito de interesses entre ambos o juiz nomeará um tutor para a emancipação.

Comentários:

A emancipação do menor de 18, mas maior de 16 anos se dará por concessão de ambos os pais (na falta de um o outro), por meio de instrumento público, independentemente de homologação judicial (alternativa “b” errada). Se houver um conflito entre os pais o próprio Juiz é quem decidirá pela emancipação (ou não) do menor, tendo-se em vista o que será melhor para o menor (alternativa “e” errada). Vejam que se o aluno for afoito, pode assinalar a alternativa “a” como correta, mas ela está incompleta, pois não basta somente ter 16 anos; alcançada esta idade não há emancipação automática. A

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letra “d” também está errada, pois se o menor não estiver sob o poder familiar por algum motivo, será nomeado um tutor; mas este não poderá emancipar o menor; a emancipação neste caso será feita pelo Juiz, através de uma sentença, sendo que no processo o tutor será apenas consultado sobre a possibilidade de emancipação. Gabarito: “C”.

D.09) (Magistratura do Trabalho – 8a Região/PA – 2007) Diz a lei que são hipóteses em que cessa a incapacidade dos menores, EXCETO:

a) pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial.

b) pelo casamento.

c) pelo exercício de emprego público efetivo.

d) pela colação de grau em curso de ensino superior.

e) pela existência de relação de emprego, desde que, em função dela, o menor com quinze anos completos detenha economia própria.

Comentários:

O art. 5°, parágrafo único, V, CC determina que a emancipação, neste caso, se dá se o menor tiver dezesseis anos completos. As demais alternativas estão previstas no dispositivo citado. Gabarito: “E”.

Meus amigos e alunos: a exemplo da aula anterior, para que ela fique ainda mais completa, inserimos mais exercícios. Só que estes seguem o padrão da CESPE/UnB, julgando as assertivas e colocando CERTO ou ERRADO.

QUESTÃO 01 (CESPE/UnB – Analista Processual – MPU/2010) Considerando a regulamentação constitucional e civilista, julgue os próximos itens:

a) De acordo com o Código Civil, o domicílio do marítimo e do militar do Exército é o de eleição da pessoa natural; o do preso condenado e do incapaz, o domicílio necessário.

b) Para que a ocorrência de fato natural não resulte em extinção de uma pessoa jurídica, pode-se prever, no ato constitutivo da entidade, manutenção de suas atividades.

c) Personalidade jurídica, definida como a maior ou menor extensão dos direitos e das obrigações de uma pessoa, representa um atributo.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. O domicílio do marítimo é o local onde o navio estiver matriculado e o do militar do exército, o local onde servir (portanto, nestas hipóteses, não há domicílio de eleição, mas sim domicílio necessário). Já o domicílio do preso condenado é lugar onde está cumprindo a sentença e o do incapaz o do seu representante ou assistente (portanto, estas pessoas possuem domicílio necessário). Conferir art. 76 e seu parágrafo único do CC.

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b) Certo. A expressão “ocorrência de fato natural” utilizada pelo examinador para a extinção da pessoa jurídica significa que pelo menos um dos sócios faleceu (a morte é um fato natural). E esta, de fato, pode ser uma causa de extinção da pessoa jurídica. Ocorre que o ato constitutivo da entidade pode prever o prosseguimento das suas atividades por intermédio dos demais membros ou de seus herdeiros. Prescreve o art. 46, VI, CC que o registro deve conter as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio.

c) Errado. Personalidade é o conjunto de caracteres próprios da pessoa, reconhecida pela ordem jurídica a alguém, sendo a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. É atributo da dignidade do homem. Está errado afirmar que ela se define como maior ou menor extensão dos direitos e obrigações.

QUESTÃO 02 (CESPE/UnB – Analista e Técnico Judiciário – Área Judiciária – TRT 17a Região/ES – 2009) A respeito das pessoas naturais e jurídicas, e do domicílio, julgue os seguintes itens.

a) No caso de preso ainda não condenado, o domicílio deste será o voluntário.

b) Personalidade jurídica é a potencialidade de a pessoa adquirir direitos ou contrair obrigações na ordem civil.

c) Pode ser declarada por sentença a morte presumida da pessoa natural sem a necessidade da decretação da sua ausência.

COMENTÁRIOS:

a) Certo. O art. 76, CC exige que haja uma sentença. Portanto, o domicílio necessário do preso somente se aplica quando houver sentença condenatória, não abrangendo casos de prisão provisória. Alguns autores ainda exigem que haja o trânsito em julgado da decisão condenatória.

b) Certo. Personalidade é o conjunto de caracteres próprios da pessoa, reconhecida pela ordem jurídica a alguém, sendo a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações.

c) Certo. Pode ser declarada por sentença a morte presumida da pessoa natural sem a necessidade da decretação da sua ausência, nas hipóteses do art. 7°, CC.

QUESTÃO 03 (CESPE/UnB - TCU – Analista de Controle Externo – 2008) Julgue os itens a seguir:

a) Os pais de Hortelino, jovem de 19 anos de idade, faleceram em grave acidente automobilístico, herdando ele todos os bens e passando a residir com seus avós maternos. Tempos depois, necessitando saldar dívidas contraídas com cartão de crédito, fez, sozinho e de boa-fé, a venda de uma casa de praia a um casal de argentinos residentes na França. Nessa situação, essa venda é anulável, pois trata-se de negócio jurídico efetuado por indivíduo relativamente incapaz não assistido por seus representantes legais.

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b) Ranulfo, auditor-fiscal lotado na Delegacia da Receita Federal em Boa Vista-RR, foi nomeado para o cargo em comissão de diretor financeiro de uma autarquia com sede em Brasília. Nessa situação, durante o período em que ele estiver exercendo esse cargo, Ranulfo passará a ter por domicílio a Capital Federal, configurando-se o que se denomina domicílio necessário.

c) Genivaldo, residente em Teresina-PI, adquiriu um automóvel por meio de financiamento obtido junto à financeira da própria montadora, com sede em São Paulo. Nesse caso, inobstante tal fato, Genivaldo poderá demandar judicialmente a referida instituição financeira na própria capital piauiense, local onde foi assinado o contrato.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. Hortelino possui 19 (dezenove) anos de idade. Com essa idade já é absolutamente capaz (art. 5o, caput, CC). Portanto a venda que realizou é considerada válida.

b) Errado. O domicílio necessário do servidor público é o local onde ele exerce permanentemente suas funções (art. 76, CC). No caso ele foi nomeado para um cargo em comissão (que não é permanente). Portanto seu domicílio continua sendo em Boa Vista, Roraima.

c) Certo. O art. 78, CC prevê que os contratantes podem especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. No caso concreto é Teresina, no Estado do Piauí.

QUESTÃO 04 (CESPE/UnB – Advogado Geral da União - 2008) Suponha-se que Aldo, com dezesseis anos de idade, deseja ser emancipado por seus pais. Nessa situação e de acordo com a legislação civil vigente relativa à emancipação e à família, julgue os itens em seguida.

a) Se apenas o pai de Aldo desejar emancipá-lo, essa emancipação terá efeito de pleno direito, nos termos do Código Civil vigente.

b) A hipótese de emancipação apresentada é classificada pela doutrina como emancipação voluntária.

c) Caso Aldo se case com Maria, de dezessete anos de idade, tornar-se-á plenamente capaz, apesar de não ter 18 anos de idade, o mesmo ocorrendo com ela.

d) Supondo que Aldo esteja concluindo a 3a série do ensino médio; caso ele seja aprovado no vestibular, será automaticamente emancipado.

e) Caso Aldo seja emancipado com a concordância de seus pais e queira se casar após a emancipação, ainda assim deverá ter a autorização deles.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. De acordo com o art. 5°, parágrafo único, inciso I do CC, para se emancipar alguém é necessária a concessão de ambos os pais. Somente na hipótese de um dos pais faltar (ex.: morte, ausência, perda ou suspensão do poder familiar, etc.) o outro poderá emancipar sozinho.

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b) Certo. A emancipação também é conhecida como antecipação dos efeitos da maioridade e possui muitas espécies. Uma delas é emancipação voluntária (ou emancipação parental), em que os pais autorizam a emancipação, sem necessitar de homologação do Juiz. Trata-se de uma questão em que se exige do candidato o conhecimento de expressões sinônimas.

c) Certo. O casamento é forma de emancipação da pessoa natural, conforme o art. 5°, parágrafo único, II, CC, lembrando que a idade nupcial é de 16 anos. Ambos necessitarão apenas da autorização de seus pais para o casamento (art. 1.511, CC). A emancipação se dá com a efetiva realização do casamento. Lembrando que o divórcio e a viuvez não implicam no retorno à incapacidade.

d) Errado. A emancipação se dá com a colação de grau superior (faculdade) e não o fato de ter sido aprovado em um vestibular (confira: art. 5°, parágrafo único, inciso IV, CC).

e) Errado. Uma vez emancipado pela concessão dos pais, a pessoa já pode realizar todos os atos negociais em nome próprio, sem assistência ou autorização de seus pais. Pode comprar, vender, doar, hipotecar, enfim, realizar todos os atos da vida civil, inclusive se casar, pois já é emancipado e, por tal motivo, absolutamente capaz.

QUESTÃO 05 (CESPE/UnB - INSS/2008 – Analista do Seguro Social com Formação em Direito) No que concerne ao direito civil das pessoas, julgue os itens subsequentes.

a) A capacidade de fato ou de exercício da pessoa natural é a aptidão oriunda da personalidade para adquirir direitos e contrair obrigações na vida civil.

b) Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

c) O foro de eleição constitui espécie de domicílio necessário ou legal especial.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. É a capacidade de direito que é oriunda da personalidade, para adquirir direitos e contrair obrigações, própria de todo ser humano e que só se perde com a morte. Já a capacidade de fato ou de exercício é a aptidão para exercitar por si próprio os atos da vida civil.

b) Certo. Trata-se do instituto da comoriência, previsto no art. 8o, CC.

c) Errado. O foro de eleição é uma espécie de domicílio voluntário especial.

QUESTÃO 06 (CESPE/UnB - INSS/2008 – Analista do Seguro Social) Acerca da tutela e curatela no direito civil, julgue os seguintes itens.

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a) Tutela e poder familiar são institutos jurídicos que não se excluem, ou seja, podem coexistir e, assim, terem ambos, por objeto, a um só tempo, o mesmo incapaz.

b) A sentença que declara a interdição do incapaz, em qualquer hipótese, somente produz efeitos após o seu trânsito em julgado.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. A tutela é um instituto de caráter assistencial que tem por finalidade substituir o poder familiar. Protege o menor (impúbere ou púbere) não emancipado e seus bens, se seus pais falecerem ou forem suspensos ou destituídos do poder familiar. Somente se pode falar em tutela se não houver poder familiar. Portanto são institutos que se excluem.

b) Errado (questão de doutrina). A regra é que a sentença somente produz efeitos após o seu trânsito em julgado. Admite-se, porém, em situações bem especiais, a produção de efeitos de forma retroativa, como no caso em que uma pessoa, reconhecidamente por todos da comunidade em que vive (inclusive pelo comprador) como doente mental, mas ainda não declarado por sentença como tal, vendeu sua casa e a ação de interdição somente foi proposta posteriormente à venda. Neste caso a doutrina entende que há a possibilidade de retroatividade da sentença de interdição. Leva-se em consideração: a data da realização do negócio (próxima a do ingresso com ação), grau da doença mental, se a doença era aparente ou não, se era ou não do conhecimento da outra parte, valor do negócio, etc. Assim, o erro da questão reside na expressão “em qualquer hipótese”.

QUESTÃO 07 (CESPE/UnB – Analista Judiciário TST – 2008) O cientista francês Philippe Charlier trouxe à tona uma revelação inimaginável: os restos mortais da guerreira e mártir francesa Joana d’Arc são falsos — e, na realidade, podem ser de uma múmia egípcia. (Revista IstoÉ - 11/4/2007, p. 75 - com adaptações). Considerando a notícia acima e a legislação civil brasileira, julgue os itens a seguir.

a) Se Joana d’Arc fosse brasileira, a personalidade jurídica dessa heroína teria se iniciado no momento em que foi concebida, pois a partir desse momento estariam legalmente assegurados os seus direitos.

b) A divulgação da referida descoberta, feita pelo cientista francês à imprensa, classifica-se como um fato jurídico stricto sensu.

c) O nome do renomado pesquisador faz parte de seus direitos de propriedade, o que lhe assegura compensação financeira pelo uso não autorizado de seu nome.

d) Se o cientista em questão fosse de nacionalidade brasileira, porém domiciliado na Alemanha, as regras relativas ao princípio e término de sua personalidade jurídica seriam as contidas no direito alemão.

COMENTÁRIOS:

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a) Errado. O art. 2o, CC prevê que embora a lei ponha a salvo os direitos do nascituro, a personalidade da pessoa natural se inicia com o nascimento com vida.

b) Errado. Veremos em aula mais adiante que fato jurídico em sentido estrito é o nascimento, a morte, bem como outros fatos naturais dos quais não dependem da vontade humana. No caso concreto a divulgação da descoberta é um fato que depende da vontade humana

c) Errado. Os arts. 17 e 18, CC determinam que o nome de uma pessoa não pode ser usado em publicações que exponham a pessoa ao desprezo publico, bem como em propagandas comerciais sem autorização. Como o relatado na questão não se encaixa nestas hipóteses, não haverá esta compensação financeira.

d) Certo. A resposta para esta questão está na aula anterior, sobre a Lei de Introdução do Código Civil. O art. 7o, caput, da LICC prevê que “a lei do País em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”.

QUESTÃO 08 (CESPE/UnB – Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo – 2009) De acordo com o Código Civil, julgue os itens seguintes.

a) O indivíduo não pode ser constrangido a submeter-se a tratamento ou a intervenção cirúrgica com risco de morte.

b) No que concerne a domicílio, é correto afirmar que, tendo uma pessoa natural vivido sucessivamente em diversas residências, qualquer uma delas será considerada como domicílio seu.

c) A fixação da residência em determinado lugar configura o elemento subjetivo inerente ao conceito legal do domicílio da pessoa natural.

COMENTÁRIOS:

a) Certo. É o que prevê o art. 15, CC.

b) Errado (pegadinha). A pluralidade domiciliar somente é aplicável na hipótese de alternância da residência. A questão fala em “tendo vivido sucessivamente”. Esta situação não se enquadra no disposto no art. 71, CC.

c) Errado. A fixação da residência em determinado local configura o elemento objetivo. O elemento subjetivo é a intenção de permanecer neste local, com ânimo definitivo (também chamado de animus manendi).

QUESTÃO 09 (CESPE/UnB – Analista Judiciário STM/2011) No que se refere ao Novo Código Civil, julgue o item a seguir.

a) O menor que for emancipado aos dezesseis anos de idade em razão de casamento civil e que se divorciar aos dezessete anos retornará ao status de relativamente incapaz.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. Após a celebração de um casamento, se um dos cônjuges for menor, será considerado emancipado. O divórcio, a viuvez e mesmo a

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anulação do casamento ocorrida logo a seguir não implicam no retorno à incapacidade. Em relação a um casamento nulo (não é a hipótese da questão) “pode” fazer com que se retorne à situação de incapaz. Obs.: a questão original falava em “separar judicialmente”. No entanto a doutrina entende que a separação judicial foi revogada de nosso ordenamento jurídico.

LISTA DE EXERCÍCIOS SEM COMENTÁRIOS

A) PERSONALIDADE A.01) De acordo com o Código Civil, os direitos inerentes à dignidade da pessoa humana são:

a) absolutos, intransmissíveis, irrenunciáveis, ilimitados e imprescritíveis.

b) relativos, transmissíveis, renunciáveis, limitados.

c) absolutos, transmissíveis, imprescritíveis, ilimitados, renunciáveis, impenhoráveis.

d) inatos, absolutos, intransmissíveis, renunciáveis em determinadas situações, limitados e imprescritíveis.

e) absolutos, intransmissíveis, irrenunciáveis, ilimitados e penhoráveis.

A.02) (OAB/SP – 2005) Os direitos da personalidade são irrenunciáveis e ...

a) disponíveis, podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

b) intransmissíveis, podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

c) intransmissíveis, podendo o seu exercício sofrer, parcialmente, limitação voluntária.

d) intransmissíveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

A.03) Sobre tutela dos direitos da personalidade assinale a alternativa CORRETA:

a) falecida a pessoa, cessa a possibilidade de tutela desses direitos.

b) é vedada à pessoa a disposição gratuita do próprio corpo.

c) no ordenamento jurídico brasileiro, não se admite a possibilidade de alteração do sobrenome.

d) para a manutenção da ordem pública, o Código Civil admite a exposição da imagem da pessoa sem sua autorização.

e) uma pessoa pode ser constrangida a submeter-se a uma intervenção cirúrgica, mesmo que esta exponha o paciente a risco de vida.

A.04) Sobre os direitos de personalidade, pode-se afirmar que:

a) a pessoa jurídica não é titular de tais direitos, por não ser detentora de honra.

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b) são renunciáveis, podendo seu exercício sofrer limitação voluntária.

c) é permitida a disposição livre e onerosa do próprio corpo, para quaisquer fins.

d) embora eles sejam intransmissíveis, o direito de exigir sua reparação transmite-se aos sucessores.

e) caracterizam-se por serem apenas extrapatrimoniais.

A.05) (Procurador do Distrito Federal – 2005) Quanto aos direitos de personalidade, pode-se afirmar:

a) é vedado, seja qual for a hipótese, à pessoa juridicamente capaz, dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo, pois os direitos de personalidade, entre os quais se pode citar a integridade física, são irrenunciáveis.

b) é viável a utilização, por terceiro, da imagem de uma pessoa, desde que tal uso não lhe atinja a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, nem se destine a fins comerciais.

c) pelo Código Civil os direitos de personalidade são irrenunciáveis, porém são admitidas diversas limitações voluntárias.

d) embora o nome de uma pessoa goze de proteção legal, o mesmo não se dá quanto ao pseudônimo utilizado em atividades lícitas.

e) apenas o titular do direito de personalidade pode exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, sendo vedado a qualquer outra pessoa levar a efeito tais medidas, ainda que o titular do direito de personalidade já tenha falecido.

A.06) (FCC – Tribunal Regional Federal - 1a Região – Técnico Administrativo – 2006) Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos de personalidade são:

a) irrenunciáveis, mas transmissíveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

b) renunciáveis e transmissíveis, podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

c) irrenunciáveis e intransmissíveis, mas pode o seu exercício sofrer limitação voluntária.

d) renunciáveis e transmissíveis, mas não pode o seu exercício sofrer limitação voluntária.

e) irrenunciáveis e intransmissíveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

A.07) (Magistratura do Trabalho – 8a Região/PA – 2007) Assinale a alternativa CORRETA da disciplina do Código Civil sobre os direitos de personalidade:

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a) os direitos de personalidade são sempre intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

b) é sempre defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes; todavia é válida a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte, com objetivo altruístico ou científico.

c) com a finalidade de preservação do direito à integridade física é possível, mediante determinação judicial, a adoção coativa de tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.

d) o nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, desde que presente a intenção difamatória, bem como, sem autorização, não será utilizado em propaganda comercial.

e) o pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.

A.08) (CESPE/UnB - OAB/SP – 2008) Não é própria aos direitos da personalidade a qualidade de: a) imprescritibilidade. b) irrenunciabilidade. c) disponibilidade. d) efeitos erga omnes. e) impenhorabilidade.

A.09) (Fundação Getúlio Vargas – Magistratura do Estado do Pará) O Código Civil, no âmbito dos direitos da personalidade, no que concerne às circunstâncias de transgenitalização:

a) proíbe. b) impõe. c) estimula. d) permite. e) vilipendia.

A.10) (OAB/RS – 2006) Em se tratando de direitos da personalidade, assinale a alternativa CORRETA.

a) na hipótese de manutenção da ordem pública, a lei civil autoriza a divulgação da imagem da pessoa sem a sua devida e prévia autorização.

b) os direitos da personalidade se enquadram no campo dos direitos eminentemente relativos.

c) ocorrendo a morte da pessoa, cessa a tutela sobre sua personalidade.

d) não há previsão legal que regule a possibilidade de alteração do sobrenome da pessoa.

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e) o elemento que permite integrar o nome, objetivando distinguir pessoas de uma mesma família com nomes iguais denomina-se codinome.

A.11) (OAB/MG – 2007) Assinale a afirmativa CORRETA:

a) a publicação, exposição ou utilização da imagem da pessoa é, de maneira geral, permitida, sendo necessária sua autorização se lhe atingir a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se destinar a fins comerciais.

b) a existência legal da pessoa natural se dá a partir do registro no Cartório Civil das Pessoas Naturais.

c) o nome da pessoa natural é protegido contra qualquer divulgação ou publicação não autorizada pelo titular, podendo este obter judicialmente a cessação da divulgação ou publicação ou, ainda, indenização pelas perdas e danos daí decorrentes.

d) havendo alguma lesão ao direito de personalidade, o interessado tem direito de reclamar somente as eventuais perdas e danos desta lesão.

A.12) (Delegado de Polícia Civil do Estado de Goiás – 2003) O Código Civil preceitua que “se pode exigir que cesse a ameaça ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei”. Em caso de morte, tem legitimação para requerer a medida prevista no artigo citado:

a) o cônjuge sobrevivente e os demais descendentes.

b) o cônjuge sobrevivente, qualquer parente em linha reta e colateral até o terceiro grau.

c) o cônjuge sobrevivente, qualquer parente em linha reta e colateral até o quarto grau.

d) o cônjuge sobrevivente, qualquer parente em linha reta e colateral até o segundo grau.

e) o cônjuge sobrevivente, os descendentes e os colaterais até o quarto grau.

A.13) (Defensoria Pública do Estado do Ceará – FCC – 2009) O envelhecimento é um direito personalíssimo e sua proteção um direito social, razão pela qual fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos, urbanos e semiurbanos, a toda pessoa com mais de:

a) 65 anos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.

b) 60 anos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.

c) 65 anos, incluindo-se os serviços seletivos e especiais, ainda que prestados paralelamente aos serviços regulares.

d) 70 anos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.

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e) 65 anos, exceto nos serviços seletivos e especiais, mesmo quando inexistir serviços regulares.

A.14) (Advogado Contencioso do BNDES – 2009) Desaparecendo alguém em uma catástrofe, provada a sua presença no local do acidente e não sendo encontrado o cadáver para exame:

a) será declarado morto à vista após a confecção do Boletim de Ocorrência registrando o sinistro e de sua apresentação no Cartório de Pessoas Naturais.

b) somente será considerado morto vinte anos depois de passada em julgado a sentença de abertura da sucessão provisória.

c) se o ausente contar com 70 anos e decorrendo cinco anos de suas últimas notícias, será declarado morto.

d) poderão os juízes togados, mediante justificação, determinar a lavratura do assento de óbito.

e) será declarado morto apenas depois de contar oitenta anos de idade e haverem decorrido cinco anos de suas últimas notícias.

A.15) (ESAF – AFRFB/2009) Se uma pessoa, que participava de operações bélicas, não for encontrada até dois anos após o término da guerra, configurada está a:

a) declaração judicial de morte presumida, sem decretação de ausência. b) comoriência. c) morte civil. d) morte presumida pela declaração judicial de ausência. e) morte real.

A.16) (CESPE/UnB FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos- Analista Jurídico - 2009) Pedro, seu filho Paulo, dez outras pessoas, o piloto e o copiloto viajavam de avião quando sofreram grave acidente aéreo. Após vinte dias, a equipe de resgate havia encontrado apenas 10 corpos, em grande parte, carbonizados, fato que dificultou a identificação, e encerrou as buscas. Nove corpos foram identificados e nenhum era de Pedro ou de Paulo. A perícia concluiu pela impossibilidade de haver sobrevivente. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção CORRETA.

a) essa situação configura típico caso de morte civil, que a lei considera como fato extintivo da pessoa natural. b) trata-se de morte presumida, sem decretação de ausência. c) nessa situação, deve ser declarada a ausência, somente podendo ser considerado como morto presumido nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva. d) nesse caso, não há de se falar em comoriência, por tratar-se de circunstância vedada na legislação vigente. e) o desaparecimento de Pedro e Paulo impõe preliminarmente a nomeação de curador para administrar os bens dos ausentes, se houver, devendo o juiz,

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de ofício, declarar ambos como ausentes e promover, em seguida a sucessão provisória.

A.17) (VUNESP – Magistratura do Estado do Rio de Janeiro – 2011) Considerando a jurisprudência majoritária do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa correta quanto ao direito de ser reconhecido como filho, mediante a ação própria de investigação de paternidade. a) é imprescritível, por se tratar de direito personalíssimo. b) prescreve em quatro anos, a contar da maioridade ou emancipação do filho. c) somente pode ser intentada após a ação de anulação de registro. d) somente pode ser proposta se vivo o pai.

B) CAPACIDADE B.01) São consideradas absolutamente incapazes pela atual legislação civil:

I – os menores de 16 anos.

II – os maiores de 80 anos.

III – os silvícolas.

IV – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiveram o necessário discernimento para a prática desses atos.

V – os que, por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

ASSINALE:

a) os itens I, II e IV são considerados corretos. b) somente o item I está correto. c) os itens I, IV e V estão corretos. d) somente o item V está incorreto. e) todas as alternativas estão corretas.

B.02) São absolutamente incapazes os menores de:

a) 16 anos; os que somente não puderem exprimir sua vontade, em razão e por causa permanente.

b) 18 anos; os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil; os excepcionais sem desenvolvimento mental completo.

c) 16 anos; os que por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil; os que mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

d) 16 anos; os ébrios habituais; os pródigos; os toxicômanos.

e) 16 anos, os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil; os pródigos.

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B.03) É INCORRETO afirmar que são incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:

a) os ébrios habituais e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido.

b) os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo.

c) os maiores de 14 e menores de 18 anos.

d) os pródigos.

e) os viciados em tóxicos que por este motivo tenham o discernimento reduzido.

B.04) Uma pessoa com dezenove anos de idade, que sempre trabalhou na roça, sendo que por esse motivo não teve o seu registro de nascimento realizado:

a) por não ter sido registrada ainda, não existe juridicamente como pessoa natural.

b) é pessoa plenamente capaz.

c) é pessoa relativamente incapaz.

d) é pessoa absolutamente incapaz.

e) não será considerada pessoa, nem mesmo se for registrada, pois não há registro retroativo.

B.05) (OAB/RS – 2006) Quanto à capacidade civil, podemos afirmar que:

a) os menores de 18 anos são absolutamente incapazes para exercer pessoalmente qualquer ato da vida civil.

b) são relativamente incapazes os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

c) os menores de 16 anos já podem contratar, sem haja vício de vontade.

d) os pródigos são incapazes relativamente a certos atos.

B.06) (Magistratura - São Paulo. Concurso 171) O Código Civil exige, para a validade na realização de um ato jurídico, que o agente seja capaz. Tal disposição legal configura a exigência de que o agente:

a) tenha capacidade de gozo ou de direito. b) tenha capacidade de fato ou exercício. c) seja pessoa física, dotado de personalidade jurídica. c) somente tenha sempre mais de 18 anos. d) mesmo menor de 16 anos, seja assistido por seu representante legal.

B.07) A venda de um imóvel por um menor, com dezessete anos de idade, sem ter sido assistido, mas após sua aprovação no concurso

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vestibular, do qual participou pagando a inscrição com suas próprias economias, será:

a) inexistente, porque o menor não foi emancipado. b) ineficaz, porque o agente não foi assistido nem representado. c) anulável, porque o agente é relativamente incapaz. d) anulável, porque o agente é absolutamente incapaz.

B.08) Assinale a alternativa CORRETA:

a) a incapacidade será absoluta, quando houver proibição total do exercício do direito pelo incapaz, acarretando, em caso de violação do preceito, a possibilidade de decretação da anulação do ato.

b) os menores somente são capazes de direitos e obrigações, quando representados ou assistidos.

c) os menores relativamente incapazes, independente da presença de assistente, podem ser testemunhas em atos jurídicos e elaborar o seu próprio testamento.

d) nosso Código Civil trata do instituto da comoriência, no livro do Direito das Sucessões, em razão de sua relevância para esse ramo do Direito Civil, que trata sobre a presunção absoluta de morte simultânea.

B.09) (Analista Judiciário – 4a Região – 2005) A respeito das Pessoas Naturais, é CERTO que:

a) os ébrios habituais, os viciados em tóxico e os pródigos são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil.

b) a personalidade civil da pessoa começa com a concepção e termina com a morte, ainda que presumida, com ou sem declaração de ausência.

c) os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo são incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer.

d) a menoridade cessa aos 21 anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

e) a declaração da morte presumida só poderá ser requerida se alguém, desaparecido em campanha, não for encontrado até 02 (dois) anos após o término da guerra.

B.10) (Procurador do Banco Central – 2005) São relativamente incapazes:

a) os que por enfermidade ou deficiência mental não tiverem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil.

b) os maiores de 18 (dezoito) e menores de 21 (vinte e um anos).

c) os ébrios habituais e os viciados em tóxicos que tenham o discernimento reduzido.

d) os que, por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

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e) os menores de 16 (dezesseis) anos.

B.11) (Procurador do Banco Central – 2005) A existência da Pessoa Natural termina com a morte,

a) a qual pode ser declarada, pelo Juiz, sem decretação de ausência, se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.

b) presumindo-se a morte quanto aos ausentes, desde que aberta a sua sucessão provisória.

c) a qual nunca pode ser presumida.

d) e o ausente será presumido morto somente depois de contar 80 (oitenta) anos de idade e de 05 (cinco) anos antes forem suas últimas notícias.

e) e o ausente será considerado presumidamente morto depois de 10 (dez) anos do pedido de sucessão definitiva.

B.12) (ESAF - Advogado da IRB – Brasil Resseguros – 2008) Assinale a opção FALSA:

a) o direito à personalidade é o direito da pessoa defender o que lhe é próprio, como a vida, a identidade, a liberdade, a imagem, a privacidade, a honra, etc.

b) pessoa idosa poderá sofrer interdição se a senectude originar um estado patológico, retirando-lhe o necessário discernimento para pratica atos negociais.

c) o pródigo é considerado, se sofre interdição, relativamente incapaz, estando privado, sem assistência do curador, da prática de atos que possam comprometer o seu patrimônio.

d) o direito brasileiro não admite a declaração de morte presumida sem decretação de ausência, para, em casos excepcionais, viabilizar o registro do óbito, resolver problemas jurídicos e regular a sucessão causa mortis.

e) o instituto da incapacidade visa proteger os que são portadores de alguma deficiência jurídica apreciável, graduando a forma de proteção.

B.13) (Controladoria Geral da União – 2006) Assinale a opção VERDADEIRA.

a) a capacidade de exercício pressupõe a de gozo e esta não pode subsistir sem a de fato ou de exercício.

b) artista plástico menor, com 16 anos de idade, que, habitualmente, expõe, mediante remuneração, numa galeria, não adquire capacidade.

c) a condenação criminal acarreta incapacidade civil.

d) o estado civil é uno e indivisível, pois ninguém pode ser simultaneamente casado e solteiro, maior e menor, brasileiro e estrangeiro, salvo nos casos de dupla nacionalidade.

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e) se alguém desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra, seus parentes poderão requerer ao Juiz a declaração de sua ausência e nomeação de curador.

B.14) (Tribunal de Contas da União – Analista de Controle Externo – ESAF - 2006) Aponte a opção FALSA.

a) a capacidade de fato é a aptidão de exercer por si os atos da vida civil.

b) o portador de doença neurológica degenerativa progressiva grave, por não ter discernimento, é tido como absolutamente incapaz, devendo ser interditado e representado.

c) a capacidade dos índios, pela sua gradativa assimilação à civilização, nos termos do atual Código Civil, deverá ser regida por leis especiais.

d) admite-se a morte presumida sem decretação de ausência, em casos excepcionais (ex.: naufrágio), para viabilizar o registro de óbito, resolver problemas jurídicos gerados com o desaparecimento e regular a sucessão causa mortis.

e) a curatela é um instituto de interesse público, ou melhor, é um munus público, cometido por lei a alguém somente para administrar os bens de pessoa maior que, por si só, não está em condições de fazê-lo, em razão de enfermidade mental ou de prodigalidade.

B.15) (FCC - Defensoria Pública do Estado do Ceará - 2009) A capacidade de fato...

a) da pessoa natural inicia-se com o nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

b) da pessoa moral inicia-se com o nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

c) é relativa entre os dezesseis e vinte e um anos de idade e absoluta a partir de então.

d) será absoluta a partir dos dezoito anos incompletos e não é perdida em razão do envelhecimento.

e) não se apura exclusivamente com base no critério etário.

C) DOMICÍLIO C.01) (Analista Judiciário – TRF 1a Região – 2006 – FCC) Considere as seguintes assertivas a respeito do domicílio:

I. Se a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.

II. O domicílio do marítimo é, em regra, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado.

III. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde residam seus ascendentes e, na falta deles, onde residam os descendentes.

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IV. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.

De acordo com o Código Civil brasileiro, está CORRETO o que se afirma SOMENTE em:

a) I e III.

b) I e IV.

c) I, II e III.

d) I, III e IV.

e) II, III e IV.

C.02) (Analista Judiciário – TRT 16a Região/MA – 2009 – FCC) Pessoa que seja possuidora de duas residências regulares. O seu domicílio poderá ser:

a) a localidade em que por último passou a residir.

b) o local de sua propriedade em que começou a residir em primeiro lugar.

c) qualquer das residências.

d) o local onde estiver residindo há mais tempo.

e) somente se o imóvel for de sua propriedade.

C.03) (Técnico Administrativo – TRF 1a Região – 2006) Maria é artista circense. Sua vida é viajar pelo Brasil fazendo espetáculos. Considerando que Maria nasceu no Rio de Janeiro, que seus pais residem em São Paulo e que seus filhos residem em Salvador, de acordo com o Código Civil brasileiro, ter-se-á como domicílio civil de Maria: a) o lugar em que for encontrada. b) Rio de Janeiro ou Salvador. c) Rio de Janeiro, somente. d) Salvador, somente. e) São Paulo, somente.

C.04) (Advogado do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – 2006) A respeito do domicílio, marque a afirmação CORRETA:

a) o conceito de domicílio confunde-se com o de residência, nos inovadores termos do Código Civil de 2002.

b) as pessoas jurídicas estatais – União, Estados e Municípios – não possuem um domicílio.

c) como vigora em nosso sistema o princípio da unicidade de domicílio, é vedado ao particular possuir domicílio.

d) havendo pluralidade de residências, cabe à autoridade pública indicar o domicílio da pessoa natural, a qual não terá direito de opção.

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e) é instituto caracterizado por um elemento objetivo, qual seja, o estabelecimento físico da pessoa e outro subjetivo, configurado pela intenção (animus) de permanência definitiva.

C.05) Assinale a alternativa CORRETA de acordo com as normas do Código Civil em vigor. Possui(em) domicílio necessário: a) o servidor público. b) apenas o preso e o militar. c) somente o marítimo, o militar e o incapaz. d) o militar da ativa ou da reserva. e) as pessoas casadas.

C.06) O domicílio, como consagrado pelo Código Civil,

a) é único e consiste no local em que a pessoa estabelece residência com ânimo definitivo.

b) é único e consiste no centro de ocupação habitual da pessoa natural.

c) é considerado o local onde a pessoa exerce sua profissão. Se a pessoa exercer a profissão em locais diversos, deverá indicar um local específico para todas as relações correspondentes.

d) pode ser plural, desde que a pessoa natural tenha diversas residências onde alternadamente viva.

C.07) (OAB/MG 2007) Sobre domicílio, assinale a alternativa INCORRETA:

a) o domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente.

b) o domicílio do preso é o lugar onde foi processado.

c) o domicílio do militar é o lugar onde servir.

d) o domicílio do servidor público é o lugar em que exerce permanentemente suas funções.

e) o domicílio do marítimo é o do lugar onde o navio estiver matriculado

C.08) (Procurador do Banco Central – 2005) Considera-se domicílio da Pessoa Natural, quanto às relações concernentes à profissão:

a) somente o lugar em que a pessoa natural estabelecer a sua residência com ânimo definitivo.

b) o lugar onde esta é exercida, e se exercitar a profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.

c) o lugar em que for encontrada em dia útil.

d) somente um único lugar onde esta é exercida em caráter permanente e principal, desconsiderando-se qualquer outra localidade onde também a exerça, ainda que com habitualidade.

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e) apenas o lugar para o qual estiver inscrita em caráter permanente no órgão de classe correspondente, independentemente de exercê-la com habitualidade em outro local.

C.09) (Controladoria Geral da União – 2006) Os marítimos têm por domicílio o local onde estiver matriculado o navio. Tal domicílio é:

a) voluntário geral. b) aparente.

c) legal.

d) ocasional.

e) voluntário especial.

C.10) (FCC - Técnico Judiciário TJ-PE/2007) Considere as afirmativas abaixo sobre domicílio civil.

I. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. II. Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, apenas sua sede será considerada domicílio para quaisquer atos praticados. III. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. IV. Nos contratos escritos, o domicílio deve ser necessariamente o local da residência dos contraentes.

É correto o que se afirma APENAS em: a) I e II. b) I, II e III. c) I e III. d) II e III. e) III e IV.

C.11) (Auditor Fiscal do Estado da Paraíba – ICMS PB/2006) O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo, porém

a) quanto às relações concernentes à profissão também será domiciliada onde a profissão for exercida.

b) o preso em cumprimento de sentença, ainda que a pena seja elevada, não perde o seu domicílio, que será considerado o local de sua última residência.

c) o itinerante não tem domicílio.

d) se tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domiciliada no local em que primeiro houver estabelecido residência.

e) o domicílio do diplomata será, sempre, o Distrito Federal, enquanto servir no estrangeiro.

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C.12) (CESPE – Defensor Público Estadual/PI – 2009) A respeito do domicílio civil, julgue os itens seguintes.

I. Se alguém puder ser encontrado habitualmente em determinado endereço, no qual se sabe que pernoita, este será seu domicílio. II. Ao estabelecer os requisitos para determinação do domicílio civil, afastando-o do conceito de residência, a lei civil optou por acolher a unidade de domicílio em oposição à pluralidade adotada em outros ordenamentos. III. Pessoa que tenha diversas moradas, sem que se consiga detectar qualquer habitualidade na sua permanência em qualquer uma delas, pode ser demandada onde se encontre, conforme a teoria do domicílio aparente. IV. O domicílio do servidor público é o local onde ele exerce suas funções com caráter de permanência, de modo que o exercício de cargo de confiança em caráter transitório não modifica o domicílio original.

Estão certos apenas os itens a) I e II. b) I e III. c) III e IV. d) I, II e IV. e) II, III e IV.

C.13) (ESAF – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC – Analista de Comércio Exterior – 2012) Assinale a opção incorreta.

a) o domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. b) o domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, será considerado o lugar onde esta é exercida. c) nos contratos escritos, não poderão os contratantes especificar como domicílio o lugar onde exerçam e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. d) tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicilio para os atos nele praticados. e) quanto às pessoas jurídicas, o domicílio do município é o lugar onde funcione a administração municipal.

D) EMANCIPAÇÃO D.01) (TRF - Analista Judiciário – 2006 – 1a Região) Maria, Mariana e Mônica são menores de idade. Considerando-se que Maria contraiu matrimônio com João; Mariana exerceu emprego público transitório e Mônica colou grau em curso de ensino médio, cessou a incapacidade para os atos da vida civil para: a) Maria e Mônica.

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b) Maria e Mariana. c) Maria, Mariana e Mônica. d) Mônica. e) Maria.

D.02) É considerado como uma das formas de emancipação: a) o contrato de trabalho. b) o ingresso em curso superior. c) o exercício do direito ao voto. d) o casamento. e) o consentimento do tutor mediante instrumento público.

D.03) (Ordem dos Advogados do Brasil/MG – 2007) A incapacidade cessará para os menores:

a) pelo ingresso em curso de ensino superior.

b) pela aprovação em concurso público.

c) pela existência de relação de emprego, desde que, em função dela, o menor, com dezesseis anos completos, tenha economia própria.

d) por sentença do Juiz, ouvidos os pais, ainda que o menor não tenha dezesseis anos completos.

D.04) Flávia, divorciada, com dezessete anos de idade, celebra um contrato de locação de um imóvel de sua propriedade, sem a assistência de seus pais. Pode-se afirmar que o contrato é:

a) nulo em virtude da incapacidade de Flávia, já que com o divórcio a emancipação perdeu seus efeitos.

b) anulável em virtude da incapacidade de Flávia, já que com o divórcio a emancipação perdeu seus efeitos.

c) nulo, pois Flávia não atingiu a maioridade.

d) válido, pois Flávia está emancipada.

e) válido, pois em qualquer locação de imóvel basta a idade de dezesseis anos do locador para sua validade.

D.05) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) a incapacidade relativa, ao contrário da incapacidade absoluta, não afeta a aptidão para o gozo de direitos, uma vez que o exercício será sempre possível com a representação.

b) a emancipação do menor pode ser obtida com a relação de emprego que proporcione economia própria, desde que tenha 16 anos completos.

c) pode ser declarada a morte presumida, sem decretação da ausência se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.

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d) a mulher pode casar-se com 16 anos, desde que com autorização dos pais ou responsáveis.

e) os viciados em tóxicos e os alcoólatras são considerados como relativamente incapazes.

D.06) Assinale a alternativa CORRETA:

a) são considerados relativamente capazes os maiores de dezoito e menores de vinte e um anos.

b) os absolutamente incapazes, desde que assistidos pelos pais, estão aptos a praticar os atos da vida civil.

c) os pródigos são considerados absolutamente incapazes.

d) para os menores a incapacidade poderá cessar com o casamento.

e) o tutor pode emancipar o relativamente incapaz.

D.07) Assinale, considerando as normas do Código Civil em vigor, entre as alternativas seguintes, a CORRETA.

a) a existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão provisória.

b) a emancipação pode se dar com a concessão dos pais, com a sentença do Juiz, ouvido o tutor, nos casos em que não há poder familiar; com o casamento; com emprego público efetivo, com a colação de grau superior e com o estabelecimento civil ou comercial com economia própria.

c) o embrião fecundado in vitro e não implantado no útero materno é sujeito de direito, equiparado ao nascituro, de acordo com a legislação em vigor.

d) embora o nome de uma pessoa goze de proteção legal, o mesmo não se dá quanto ao pseudônimo utilizado em atividades lícitas.

e) se dois indivíduos falecerem na mesma ocasião, ocorreu o instituto da comociência em que se presume que a pessoa mais velha morreu primeiro.

D.08) A emancipação do menor estará CORRETA, se:

a) o menor tiver 16 (dezesseis) anos completos, automaticamente.

b) por concessão dos pais, ao menor de 16 (dezesseis) anos completos, por instrumento público, homologado judicialmente.

c) o menor tiver 16 (dezesseis) anos completos, concedida por seus pais por instrumento público, independentemente de homologação judicial.

d) o menor tiver 16 (dezesseis) anos completos, por sentença do Juiz, independentemente de ser ouvido o tutor.

e) se o menor tiver 16 (dezesseis) anos completos qualquer um dos pais poderá emancipá-lo, mas em havendo um conflito de interesses entre ambos o juiz nomeará um tutor para a emancipação.

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D.09) (Magistratura do Trabalho – 8a Região/PA – 2007) Diz a lei que são hipóteses em que cessa a incapacidade dos menores, EXCETO:

a) pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial.

b) pelo casamento.

c) pelo exercício de emprego público efetivo.

d) pela colação de grau em curso de ensino superior.

e) pela existência de relação de emprego, desde que, em função dela, o menor com quinze anos completos detenha economia própria.

LISTA DE EXERCÍCIOS SEM COMENTÁRIOS

CESPE/UnB – Certo ou Errado

QUESTÃO 01 (CESPE/UnB – Analista Processual – MPU/2010) Considerando a regulamentação constitucional e civilista, julgue os próximos itens:

a) De acordo com o Código Civil, o domicílio do marítimo e do militar do Exército é o de eleição da pessoa natural; o do preso condenado e do incapaz, o domicílio necessário.

b) Para que a ocorrência de fato natural não resulte em extinção de uma pessoa jurídica, pode-se prever, no ato constitutivo da entidade, manutenção de suas atividades.

c) Personalidade jurídica, definida como a maior ou menor extensão dos direitos e das obrigações de uma pessoa, representa um atributo.

QUESTÃO 02 (CESPE/UnB – Analista e Técnico Judiciário – Área Judiciária – TRT 17a Região/ES – 2009) A respeito das pessoas naturais e jurídicas, e do domicílio, julgue os seguintes itens.

a) No caso de preso ainda não condenado, o domicílio deste será o voluntário.

b) Personalidade jurídica é a potencialidade de a pessoa adquirir direitos ou contrair obrigações na ordem civil.

c) Pode ser declarada por sentença a morte presumida da pessoa natural sem a necessidade da decretação da sua ausência.

QUESTÃO 03 (CESPE/UnB - TCU – Analista de Controle Externo – 2008) Julgue os itens a seguir:

a) Os pais de Hortelino, jovem de 19 anos de idade, faleceram em grave acidente automobilístico, herdando ele todos os bens e passando a residir com seus avós maternos. Tempos depois, necessitando saldar dívidas contraídas com cartão de crédito, fez, sozinho e de boa-fé, a venda de uma casa de praia a um casal de argentinos residentes na França. Nessa situação, essa venda é anulável, pois trata-se de negócio jurídico efetuado

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por indivíduo relativamente incapaz não assistido por seus representantes legais.

b) Ranulfo, auditor-fiscal lotado na Delegacia da Receita Federal em Boa Vista-RR, foi nomeado para o cargo em comissão de diretor financeiro de uma autarquia com sede em Brasília. Nessa situação, durante o período em que ele estiver exercendo esse cargo, Ranulfo passará a ter por domicílio a Capital Federal, configurando-se o que se denomina domicílio necessário.

c) Genivaldo, residente em Teresina-PI, adquiriu um automóvel por meio de financiamento obtido junto à financeira da própria montadora, com sede em São Paulo. Nesse caso, inobstante tal fato, Genivaldo poderá demandar judicialmente a referida instituição financeira na própria capital piauiense, local onde foi assinado o contrato.

QUESTÃO 04 (CESPE/UnB – Advogado Geral da União - 2008) Suponha-se que Aldo, com dezesseis anos de idade, deseja ser emancipado por seus pais. Nessa situação e de acordo com a legislação civil vigente relativa à emancipação e à família, julgue os itens em seguida.

a) Se apenas o pai de Aldo desejar emancipá-lo, essa emancipação terá efeito de pleno direito, nos termos do Código Civil vigente.

b) A hipótese de emancipação apresentada é classificada pela doutrina como emancipação voluntária.

c) Caso Aldo se case com Maria, de dezessete anos de idade, tornar-se-á plenamente capaz, apesar de não ter 18 anos de idade, o mesmo ocorrendo com ela.

d) Supondo que Aldo esteja concluindo a 3a série do ensino médio; caso ele seja aprovado no vestibular, será automaticamente emancipado.

e) Caso Aldo seja emancipado com a concordância de seus pais e queira se casar após a emancipação, ainda assim deverá ter a autorização deles.

QUESTÃO 05 (CESPE/UnB - INSS/2008 – Analista do Seguro Social com Formação em Direito) No que concerne ao direito civil das pessoas, julgue os itens subsequentes.

a) A capacidade de fato ou de exercício da pessoa natural é a aptidão oriunda da personalidade para adquirir direitos e contrair obrigações na vida civil.

b) Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

c) O foro de eleição constitui espécie de domicílio necessário ou legal especial.

QUESTÃO 06 (CESPE/UnB - INSS/2008 – Analista do Seguro Social) Acerca da tutela e curatela no direito civil, julgue os seguintes itens.

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a) Tutela e poder familiar são institutos jurídicos que não se excluem, ou seja, podem coexistir e, assim, terem ambos, por objeto, a um só tempo, o mesmo incapaz.

b) A sentença que declara a interdição do incapaz, em qualquer hipótese, somente produz efeitos após o seu trânsito em julgado.

QUESTÃO 07 (CESPE/UnB – Analista Judiciário TST – 2008) O cientista francês Philippe Charlier trouxe à tona uma revelação inimaginável: os restos mortais da guerreira e mártir francesa Joana d’Arc são falsos — e, na realidade, podem ser de uma múmia egípcia. (Revista IstoÉ - 11/4/2007, p. 75 - com adaptações). Considerando a notícia acima e a legislação civil brasileira, julgue os itens a seguir.

a) Se Joana d’Arc fosse brasileira, a personalidade jurídica dessa heroína teria se iniciado no momento em que foi concebida, pois a partir desse momento estariam legalmente assegurados os seus direitos.

b) A divulgação da referida descoberta, feita pelo cientista francês à imprensa, classifica-se como um fato jurídico stricto sensu.

c) O nome do renomado pesquisador faz parte de seus direitos de propriedade, o que lhe assegura compensação financeira pelo uso não autorizado de seu nome.

d) Se o cientista em questão fosse de nacionalidade brasileira, porém domiciliado na Alemanha, as regras relativas ao princípio e término de sua personalidade jurídica seriam as contidas no direito alemão.

QUESTÃO 08 (CESPE/UnB – Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo – 2009) De acordo com o Código Civil, julgue os itens seguintes.

a) O indivíduo não pode ser constrangido a submeter-se a tratamento ou a intervenção cirúrgica com risco de morte.

b) No que concerne a domicílio, é correto afirmar que, tendo uma pessoa natural vivido sucessivamente em diversas residências, qualquer uma delas será considerada como domicílio seu.

c) A fixação da residência em determinado lugar configura o elemento subjetivo inerente ao conceito legal do domicílio da pessoa natural.

QUESTÃO 09 (CESPE/UnB – Analista Judiciário STM/2011) No que se refere ao Novo Código Civil, julgue o item a seguir.

a) O menor que for emancipado aos dezesseis anos de idade em razão de casamento civil e que se divorciar aos dezessete anos retornará ao status de relativamente incapaz.

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GABARITO “SECO” DOS EXERCÍCIOS

A.01) A

A.02) D

A.03) D

A.04) D

A.05) B

A.06) E

A.07) E

A.08) C

A.09) D

A.10) A

A.11) A

A.12) C

A.13) A

A.14) D

A.15) A

A.16) B

A.17) A

B.01) C

B.02) C

B.03) C

B.04) B

B.05) D

B.06) B

B.07) C

B.08) C

B.09) C

B.10) C

B.11) A

B.12) D

B.13) D

B.14) E

B.15) E

C.01) B

C.02) C

C.03) A

C.04) E

C.05) A

C.06) D

C.07) B

C.08) B

C.09) C

C.10) C

C.11) A

C.12) C

C.13) C

D.01) E

D.02) D

D.03) C

D.04) D

D.05) A

D.06) D

D.07) B

D.08) C

D.09) E

GABARITO “SECO” CESPE/UnB

Questão 01 a) Errado b) Certo c) Errado

Questão 02 a) Certo b) Certo c) Certo

Questão 03 a) Errado b) Errado c) Certo

Questão 04 a) Errado b) Certo c) Certo d) Errado e) Errado

Questão 05 a) Errado b) Certo c) Errado

Questão 06 a) Errado b) Errado

Questão 07 a) Errado b) Errado c) Errado d) Certo

Questão 08 a) Certo b) Errado c) Errado

Questão 09 a) Errado