aula 00 comercio internacional estratégia concursos

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Comércio Internacional p/ AFRFB ʹ 2014 Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale- Aula 00 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 104 AULA 00: POLÍTICAS COMERCIAIS SUMÁRIO PÁGINA 1-Palavras Iniciais 1 - 4 2-Breves Considerações sobre as Teorias do Comércio Internacional 5 23 3-Políticas Comerciais 24 - 50 4- Modelos de Industrialização 51 - 63 5- Barreiras Tarifárias x Barreiras não-tarifárias 63 - 71 6- Questões Comentadas 71 - 84 5-Resumo O que vai cair na prova? 85 - 86 6- Lista de Questões e Gabarito 87 - 104 Olá, amigos (as), tudo bem? E foi publicado o edital de Auditor-Fiscal RFB 2014! Ele chegou de uma forma totalmente inesperada, mas foi um presente para quem já estava se preparando com antecedência. Hoje, começamos o curso de Comércio Internacional p/ AFRFB (2014). Esse curso tem uma particularidade bastante relevante se comparado aos nossos cursos anteriores: nele, você terá acesso a videoaulas gratuitas de todo o conteúdo de Comércio Internacional. É um material complementar, que será útil aos alunos que gostam dessa metodologia de ensino. Antes de mais nada, deixem que eu me apresente! Bem, minha missão é ajudá-los nesse caminho rumo à aprovação. Para aqueles que ainda não me conhecem, meu nome é Ricardo Vale e sou professor de Comércio Internacional e Direito Internacional Público em cursos preparatórios presenciais e on-line. Além disso, sou autor do livro Comércio Internacional - Questões Comentadas”, publicado pela Editora Método. Atualmente, sou Analista de Comércio Exterior, do MDIC, concurso em que fui aprovado em 2008. Como sempre gosto de enfatizar aos meus alunos, a disciplina de Comércio Internacional é fundamental para seus estudos, mas muita gente acaba deixando para estudá-la depois que sai o edital. Esse é um erro muito grande! São vários os motivos da importância dessa disciplina. Em primeiro lugar, está diretamente relacionada ao dia-a-dia do Auditor- Fiscal da RFB que exerce suas atribuições na Aduana. Em segundo lugar, porque o edital dessa disciplina é gigante e a ESAF não pega leve (muita gente acaba não conseguindo o mínimo). E, por fim, o que considero mais importante: com a

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  • 1. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00AULA 00: POLTICAS COMERCIAISSUMRIO PGINA1-Palavras Iniciais 1 - 42-Breves Consideraes sobre as Teorias do ComrcioInternacional5 233-Polticas Comerciais 24 - 504- Modelos de Industrializao 51 - 635- Barreiras Tarifrias x Barreiras no-tarifrias 63 - 716- Questes Comentadas 71 - 845-Resumo O que vai cair na prova? 85 - 866- Lista de Questes e Gabarito 87 - 104Ol, amigos (as), tudo bem?E foi publicado o edital de Auditor-Fiscal RFB 2014! Ele chegou deuma forma totalmente inesperada, mas foi um presente para quem j estavase preparando com antecedncia.Hoje, comeamos o curso de Comrcio Internacional p/ AFRFB(2014). Esse curso tem uma particularidade bastante relevante secomparado aos nossos cursos anteriores: nele, voc ter acesso a videoaulasgratuitas de todo o contedo de Comrcio Internacional. um materialcomplementar, que ser til aos alunos que gostam dessa metodologia deensino.Antes de mais nada, deixem que eu me apresente!Bem, minha misso ajud-los nesse caminho rumo aprovao.Para aqueles que ainda no me conhecem, meu nome Ricardo Vale e souprofessor de Comrcio Internacional e Direito Internacional Pblico emcursos preparatrios presenciais e on-line. Alm disso, sou autor do livroComrcio Internacional - Questes Comentadas, publicado pela EditoraMtodo. Atualmente, sou Analista de Comrcio Exterior, do MDIC, concursoem que fui aprovado em 2008.Como sempre gosto de enfatizar aos meus alunos, a disciplina deComrcio Internacional fundamental para seus estudos, mas muita genteacaba deixando para estud-la depois que sai o edital. Esse um erro muitogrande! So vrios os motivos da importncia dessa disciplina. Em primeirolugar, est diretamente relacionada ao dia-a-dia do Auditor- Fiscal da RFBque exerce suas atribuies na Aduana. Em segundo lugar, porque o editaldessa disciplina gigante e a ESAF no pega leve (muita gente acaba noconseguindo o mnimo). E, por fim, o que considero mais importante: com aProf. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 1 de 104

2. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00cobrana de provas discursivas a partir de 2009, saber ComrcioInternacional tornou-se um grande diferencial. Na prova de Auditor-Fiscal RFB2009, a ESAF literalmente destruiu inmeros alunos nessa disciplina(perguntem a quem fez a prova!). Em 2012, por sua vez, tivemos umaquesto dificlima de Legislao Aduaneira, matria intimamente relacionadaao Comrcio Internacional.Como sempre gosto de dizer, estudar a matria para saber marcarX em uma prova objetiva, algo simples! Saber a matria para resolveruma prova discursiva, algo bem diferente! Portanto, meu amigo, vamosestudar com tudo o Comrcio Internacional!Ao longo do curso, resolveremos inmeras questes de concursosanteriores, inclusive das provas mais recentes da ESAF que cobraram essadisciplina: AFRFB 2012 e MDIC 2012. Alm de utilizarmos inmerasquestes da ESAF, trabalharemos tambm com centenas de questes inditas.Ressalto que essa estratgia se mostrou bastante efetiva por ocasio doconcurso do MDIC 2012 e AFRFB 2012, ocasies em que tivemos a gratasatisfao de ter abordado em nossos cursos 100% das questes cobradasem prova.Sobre as questes de nosso curso, gostaria de dizer que seguiremosa seguinte metodologia:1) Logo aps expor cada assunto, apresentarei algumas questes aele relacionadas para que vocs as julguem em Certo ou Errado. O objetivo valorizar cada enunciado.2) Ao final da aula, trarei novas questes, as quais estaro, por suavez, no estilo ESAF.No vou mentir, meus amigos, o nosso curso ser bem grande! Nofiquem com preguia! Vamos nos preparar o melhor possvel para enfrentar aESAF! Para isso, seguiremos a filosofia do pensador Sun Tzu:Se voc conhece o inimigo e conhece a si mesmo, no precisatemer o resultado de cem batalhas. Se voc se conhece, masno conhece o inimigo, para cada vitria ganha sofrer tambmuma derrota. Se voc no conhece nem o inimigo nem a simesmo, perder todas as batalhas.O contedo de Comrcio Internacional muito dinmico e sedesatualiza rapidamente. Por isso, tenha cuidado ao utilizar materiais de anosanteriores. claro que a essncia continua sendo a mesma, mas vriosdetalhes vo sendo modificados... Esse justamente um diferencial do nossocurso. Ao adquiri-lo, voc ter a garantia de que as informaes estoatualizadas. Alm disso, o curso foi adequado exatamente ao edital deAuditor Fiscal da RFB.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 2 de 104 3. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00Amigos, minha misso auxili-los a gabaritar a prova deComrcio Internacional. Posso garantir-lhes: farei de tudo para cumpri-la!Posso contar com sua ajuda e esforo nessa caminhada? Ento, vamos emfrente!Para cumprir nosso objetivo, seguiremos o seguinte cronograma:Aula 00 - 1. Polticas comerciais. Protecionismo e livre cambismo.Polticas comerciais estratgicas. 1.1. Comrcio internacional edesenvolvimento econmico. 1.2. Barreiras tarifrias. 1.2.1Modalidades de Tarifas. 1.3. Formas de protecionismo no tarifrio.(J DISPONVEL)Aula 01 - 2. A Organizao Mundial do Comrcio (OMC): textoslegais, estrutura, funcionamento. 2.1. O Acordo Geral Sobre Tarifas eComrcio (GATT-1994); princpios bsicos e objetivos. 2.2. O AcordoGeral sobre o Comrcio de Servios (GATS). Princpios bsicos,objetivos e alcance. (J DISPONVEL)Aula 02 - 3. Sistemas preferenciais. 3.1. O Sistema Geral dePreferncias (SGP). 3.2. O Sistema Global de Preferncias Comerciais(SGPC). (J DISPONVEL)Aula 03 - 4. Integrao comercial: zona de preferncias tarifrias;rea de livre comrcio; unio aduaneira. 4.1 Acordos regionais decomrcio e a Organizao Mundial de Comrcio (OMC): o Artigo 24do GATT; a Clusula de Habilitao. 4.2. Integrao comercial nasAmricas: ALALC, ALADI, MERCOSUL, Comunidade Andina deNaes; o Acordo de Livre Comrcio da Amrica do Norte; CARICOM.(J DISPONVEL)Aula 04 - 5. MERCOSUL. Objetivos e estgio atual de integrao.5.1. Estrutura institucional e sistema decisrio. 5.2. Tarifa externacomum: aplicao; principais excees. 5.3. Regras de origem. (JDISPONVEL)Aula 05 - 6. Prticas desleais de comrcio. 6.1. Defesa comercial.Medidas Antidumping, medidas compensatrias e salvaguardascomerciais. (J DISPONVEL)Aula 06 - 7. Sistema administrativo e instituies intervenientes nocomrcio exterior no Brasil. 7.1. A Cmara de Comrcio Exterior(CAMEX). 7.2. Receita Federal do Brasil. 7.3 Secretaria de ComrcioExterior (SECEX). 7.4. O Sistema Integrado de Comrcio Exterior(SISCOMEX). 7.5. Banco Central do Brasil (BACEN). 7.6. Ministriodas Relaes Exteriores (MRE). (J DISPONVEL)Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 3 de 104 4. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00Aula 07 - 9. Contratos de Comrcio Internacional. 9.1. A Convenodas Naes Unidas sobre Contratos de Compra e Venda Internacionalde Mercadorias. 12. Termos Internacionais de Comrcio (INCOTERMS2010). (J DISPONVEL)Aula 08 - 8. Classificao aduaneira. 8.1. Sistema Harmonizado deDesignao e de Codificao de Mercadorias (SH). 8.2. NomenclaturaComum do MERCOSUL (NCM). (J DISPONVEL)Aula 09 - 13. Regimes aduaneiros. (Parte 01) (J DISPONVEL)Aula 10- 13. Regimes aduaneiros. (Parte 02). 10. Exportaes. 10.1Incentivos fiscais s exportaes. 11. Importaes. 11.1.Contribuio de Interveno no Domnio Econmico. Combustveis:fato gerador, incidncia e base de clculo. (J DISPONVEL)Aula 11- Simulado Final (J DISPONVEL)Todos preparados? Ento vamos nossa aula!Um abrao,Ricardo ValeO segredo do sucesso a constncia no objetivo!Observao importante: este curso protegido por direitosautorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza econsolida a legislao sobre direitos autorais e d outras providncias.Grupos de rateio e pirataria so clandestinos, violam a lei e prejudicam osprofessores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipeadquirindo os cursos honestamente atravs do site Estratgia Concursos ;-)Orientao sobre as Videoaulas: Como material complementar aula dehoje, h 10 videoaulas, de aproximadamente 30 minutos cada uma,disponveis na rea do aluno.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 4 de 104 5. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 001- BREVES CONSIDERAES SOBRE AS TEORIAS DO COMRCIOINTERNACIONAL:1.1- Introduo:O comrcio internacional compreende toda a circulao de bens eservios entre as fronteiras dos pases, abrangendo as operaes de compra evenda, aluguel, leasing, doao, financiamento e consignao, dentre outras.Em suma, no importa a natureza da operao realizada; se ela envolvercirculao de mercadorias e servios entre pases, poderemos consider-ladentro do escopo do comrcio internacional.Dessa forma, d-se o nome de comrcio internacional ao conjuntoglobal de relaes comerciais estabelecidas pelos pases entre si, por meio dasquais estes buscam satisfazer suas necessidades. Mas, afinal, qual ofundamento da existncia do comrcio internacional? O que motiva os pases arealizarem as trocas internacionais?As teorias do comrcio internacional buscam explicar o fundamentodas trocas internacionais, determinando o porqu de os pases comercializarembens e servios entre si. Ao mesmo tempo em que fundamentam a origem docomrcio internacional, elas tambm explicam as vantagens do livre comrcioe seus efeitos econmicos.Segundo Paul Krugman1, os pases participam do comrciointernacional por dois motivos bsicos. Em primeiro lugar, em razo dosbenefcios decorrentes das diferenas entre eles, o que lhes permite seespecializarem na produo daquilo que fazem melhor em relao aosoutros. Em segundo lugar, porque a especializao leva a economias deescala, isto , ao se especializarem, os pases produzem numa escala maior ede maneira mais eficiente do que se produzissem eles mesmos todos os bensde que necessitam.POR QUE OS PASESPARTICIPAM DO COMRCIOINTERNACIONAL?Diferenas na dotao defatores de produoEconomias de EscalaCom efeito, muito difcil imaginar o mundo de hoje sem o fenmenodo comrcio internacional. A globalizao e a interdependncia entre os pasesaprofundou-se destacadamente na segunda metade do sculo XX, gerando um1 KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria e poltica.8 edio, So Paulo: Pearson Prentice Hall. 2010Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 5 de 104 6. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00mercado global e intensificando as relaes econmicas internacionais. OsEstados esto cada vez mais ligados economicamente, por meio de elevadofluxo comercial de bens e servios e movimentos internacionais de capitais. Asempresas transnacionais ganham cada vez maior destaque, com aintensificao do fenmeno da internacionalizao da produo.Nesse cenrio globalizado, os governos buscam solucionar o dilemaentre liberalizar o comrcio ou proteger a indstria nacional, o que tem setornado a tarefa mais importante (e mais rdua) dos formuladores daspolticas de comrcio exterior. Sabendo que as relaes econmicasinternacionais influenciam decisivamente no desenvolvimento e crescimentodos Estados, os governos se deparam diariamente com a dvida a respeito dequal nvel de liberalizao comercial devem permitir.Essa uma questo muito difcil de ser resolvida, ainda mais portratar de interesses antagnicos: de um lado, a indstria nacional desejareceber proteo; do outro, os consumidores querem comprar produtos maisbaratos. Para Krugman2, os conflitos de interesses dentro das naesimpactam mais a determinao da poltica comercial do que os conflitos deinteresses entre as naes. Assim, nem sempre a anlise de custo-benefciofeita pelos economistas colocada em prtica. Ao contrrio, a polticacomercial , muitas vezes, conduzida ao arrepio de consideraes econmicas,com foco na proteo a setores com maior capacidade de fazer seu lobby juntoao governo.Compreender quem ganha e quem perde (e o quanto ganham equanto perdem) com as aes governamentais em matria de polticacomercial uma das grandes misses da economia internacional. Para que sepossa discutir os efeitos econmicos do comrcio e assessorar corretamente osgovernos na formulao de polticas comerciais, faz-se necessrio, todavia,compreender corretamente o padro do comrcio3 o que nos explicadopelas teorias do comrcio internacional.Em seguida, teceremos alguns comentrios sobre as principaisteorias do comrcio internacional. Embora esse assunto no estejaexplcito no edital, ele pr-requisito para entendermos corretamente ofenmeno das trocas internacionais.2 KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria e poltica.8 edio, So Paulo: Pearson Prentice Hall. 20103 Entenda-se padro do comrcio como a explicao dos fatores que determinam aexistncia do comrcio internacional.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 6 de 104 7. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 001.2 Teorias Clssicas do comrcio internacional:A cincia econmica tem suas origens no estudo do comrciointernacional, sendo este considerado, desde os primrdios, um fator dedesequilbrio no concerto das naes, permitindo que alguns Estados secolocassem na vanguarda do processo de desenvolvimento.No sculo XV, tem incio na Europa o expansionismo martimo, pormeio do qual os Estados buscavam encontrar novos mercados consumidores efornecedores de matrias-primas e metais preciosos. O antigo sistema feudaldescentralizado dava, ento, lugar aos Estados modernos, em que a decisopoltica estava centralizada nas mos do soberano. No contexto das GrandesNavegaes e centralizao do poder poltico, os Estados implementaram apoltica econmica do mercantilismo e a burguesia emergiu como classesocial de destacada importncia no perodo.Mais frente, estudaremos com mais detalhes sobre o mercantilismo.Por ora, basta sabermos que, sob a gide desse sistema econmico, o Estadoera eminentemente intervencionista. No que diz respeito ao comrciointernacional, o mercantilismo pregava a acumulao da maior quantidadepossvel de ouro e prata e supervits na balana comercial (exportaessuperiores s importaes).No final do sculo XVIII, a concepo mercantilista de riquezacomeou, todavia, a ser contestada pelo pensamento liberal, queconsagrava outro papel aos Estados. David Hume publica em 1758 seu ensaioDa Balana Comercial e Adam Smith publica em 1776 A Riqueza dasNaes. Eram os primeiros passos da filosofia liberal, que fundamentava aexistncia do comrcio internacional.1.2.1- Teoria das Vantagens Absolutas:No ano de 1776, Adam Smith publica a sua obra-prima Umainvestigao sobre a natureza e as causas da riqueza das naes, tambmchamada simplesmente de A riqueza das naes. Em sua tese, Smith advogaque a fonte da riqueza o trabalho, contrariando a idia mercantilista queatribua esse papel quantidade de metais preciosos existente no territrio deum pas.Segundo Adam Smith, o Estado deveria abster-se de intervir naeconomia, deixando que os mercados se autorregulassem. Adam Smithpregava, assim, a existncia da mo invisvel do mercado. Para ele, cadaindivduo, ao tentar satisfazer seu prprio interesse, promove de uma formamais eficaz o interesse da sociedade do que quando realmente o pretendeProf. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 7 de 104 8. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00fazer. Apesar de cada indivduo agir egoisticamente em prol de si mesmo, asociedade como um todo sai beneficiada. Existe uma frase que sintetiza muitobem as ideias de Adam Smith:No da benevolncia do padeiro, do aougueiro ou docervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim doempenho deles em promover seu auto-interesse .Realmente, as ideias de Adam Smith tm uma lgica muitointeressante. Eu no sei cozinhar nem fabricar cervejas, mas consigo escreveralguma coisa de Comrcio Internacional. Ento, acho melhor eu continuardando aulas! Essa a idia bsica. Cada um deve fazer aquilo em que formelhor.De acordo com Adam Smith, o Estado no deveria intervir naeconomia, a no ser para impedir a existncia de monoplios, ou ematividades que, embora no despertem interesse da iniciativa privada,sejam fundamentais. Jaime de Mariz Maia4, seguindo essa mesma linha depensamento, afirma que a filosofia liberal limitava a participao dos Estadoss atividades de preservao da justia, defesa nacional e complementao dainiciativa privada (realizao de empreendimentos para os quais hdesinteresse da iniciativa particular).No campo do comrcio internacional, as idias de Adam Smith deramfundamento diviso internacional da produo. Cada pas seespecializaria na produo de bens em que possusse maior eficincia, isto ,em bens que pudesse produzir a um custo menor. O excedente de produo(aquilo que excede a capacidade de consumo interno) deveria ser objeto detrocas comerciais com outros pases. Essa era a Teoria das VantagensAbsolutas, segundo a qual o comrcio internacional resultante da diviso daproduo possibilita diminuio de custos e aumento do bem-estar sociedadecomo um todo.Vejamos a um exemplo bem clssico!Imagine dois pases (Brasil e Inglaterra). No Brasil, um trabalhadorconsegue produzir 2 sapatos / hora ou 5 bolsas / hora. Na Inglaterra, umtrabalhador consegue produzir 5 sapatos / hora ou 2 bolsas / hora.Olhando os nmeros, percebe-se que o Brasil mais eficiente na produo debolsas, ao passo que a Inglaterra mais eficiente na produo de sapatos.Assim, segundo Adam Smith, o Brasil deve se especializar na produo debolsas enquanto a Inglaterra se especializa na produo de sapatos.Se cada pas se especializar na produo de um bem, teremos, aofinal de 4 horas de trabalho:4 MAIA, Jaime de Mariz. Economia Internacional e Comrcio Exterior. So Paulo:Atlas, 2008.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 8 de 104 9. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00- No Brasil: 5 bolsas / h x 4 h = 20 bolsas- Na Inglaterra: 5 sapatos / h x 4h = 20 sapatos- A sociedade como um todo produz 20 bolsas e 20 sapatosSe ningum se especializasse em nada e cada pas trabalhasse 2horas na produo de sapatos e 2 horas na produo de bolsas, teramos:- No Brasil: 5 bolsas / h x 2 h= 10 bolsas - 2 sapatos / h x 2 h =4 sapatos- Na Inglaterra: 2 bolsas / h x 2 h = 4 bolsas - 5 sapatos / h x 2h = 10 sapatos- A sociedade como um todo produz 14 bolsas e 14 sapatosComparando as duas situaes, percebe-se que melhor para asociedade como um todo que cada pas se especialize na produo de um bem,o que referenda a tese de Adam Smith. A Teoria das Vantagens Absolutasapresenta, portanto, uma alternativa para potencializar a produtividade daeconomia como um todo e trazer aumento de bem-estar sociedade.Recapitulando: pela Teoria das Vantagens Absolutas, cada pas devese especializar na produo de bens em que seja mais eficiente. E comoeu sei que um pas mais eficiente que o outro na produo de umdeterminado produto? Pela Teoria das Vantagens Absolutas, um pas ser maiseficiente na produo de um bem quando conseguir produz-lo a um custoinferior. E o custo de produo de um bem ser inferior quando for possvelempregar na fabricao deste a menor quantidade de trabalho possvel.A Teoria das Vantagens Absolutas no era suficiente, entretanto,para explicar o comrcio entre dois pases quando um deles fosse, comparadoao outro, mais eficiente na produo de todos os bens. A soluo a essequestionamento foi dada pela Teoria das Vantagens Comparativas, queestudaremos no prximo tpico.Outra crtica teoria das Vantagens Absolutas a de que AdamSmith considerou que os custos dos produtos eram determinadosexclusivamente pela mo-de-obra utilizada em sua produo. Na verdade,outros fatores entram na composio de custos de um produto, como adisponibilidade de matria-prima e de capital.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 9 de 104 10. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 001.2.2- Teoria das Vantagens Comparativas:A Teoria das Vantagens Comparativas, tambm chamada de Teoriados Custos Comparados, foi elaborada por David Ricardo. Ela tem comoobjetivo principal explicar que o comrcio internacional ser possvel mesmoquando um pas for mais eficiente na produo de todos os bens. Emoutras palavras, o comrcio internacional existir ainda que um pas possuavantagens absolutas na produo de todos os bens considerados.Para David Ricardo, o comrcio internacional no seria determinadopelas vantagens absolutas, mas sim pelas vantagens comparativas.Mas qual seria o conceito de vantagem comparativa?Vejamos a situao abaixo!Imaginemos 2 pases (Brasil e Inglaterra). No Brasil, um trabalhadorconsegue produzir 1 sapato / hora ou 4 bolsas / hora. Na Inglaterra, umtrabalhador consegue produzir 5 sapatos / hora ou 6 bolsas / hora. Sefssemos levar em considerao a Teoria das Vantagens Absolutas, nohaveria comrcio entre os dois pases, j que o Brasil no mais eficiente quea Inglaterra na produo de nenhum dos produtos.Todavia, segundo a Teoria das Vantagens Comparativas, o comrciointernacional traz benefcios mesmo diante desse tipo de situao. Embora sejamais eficiente que o Brasil tanto na produo de sapatos quanto na produo ebolsas, a Inglaterra relativamente mais eficiente na produo de sapatos.Para produzir bolsas, o Brasil at que chega perto da Inglaterra... Mas o Brasilno um produtor muito bom de sapatos. Concluso: as vantagenscomparativas no se baseiam na eficincia de um pas, mas sim nadeficincia deste na produo de um bem.No modelo ricardiano, os custos de produo esto baseadosunicamente na produtividade do trabalho. Assim, os pases seespecializaro na produo de bens que o seu trabalho produz de formarelativamente eficiente e importaro bens que seu trabalho produz de formacomparativamente ineficiente.5Segundo Paul Krugman6, o modelo das vantagens comparativas fazprojees equivocadas em vrios aspectos:5 KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria e poltica.8 edio, So Paulo: Pearson Prentice Hall. 20106 KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria e poltica.8 edio, So Paulo: Pearson Prentice Hall. 2010Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 11 de 104 11. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00produo de bens nos quais possa empregar a menor quantidade detrabalho possvel, independentemente das condies de produo e dopreo dos mesmos bens no outro pas, o que permitir a ambos auferirmaiores lucros com a exportao do que com a venda daqueles bensnos respectivos mercados internos.Comentrios:A Teoria das Vantagens Absolutas que determina que cada pas irse especializar na produo de bens nos quais possa empregar a menorquantidade de trabalho possvel. Pela Teoria das Vantagens Relativas, cadapas se especializa na produo de bens cujo custo de produo sejarelativamente inferior. Ademais, ao contrrio do que diz a assertiva, aespecializao depende dos preos dos produtos no mercado internacional.Afinal de contas, um pas no vai querer se especializar na produo de umbem que seja desvalorizado em mbito mundial. A questo est, portanto,errada.4. (ACE-2008) - De acordo com o modelo ricardiano, as vantagenscomparativas, baseadas em diferenas nos custos de produo, nademanda e na presena de economias de escala, justificam aexistncia do livre comrcio entre pases e se traduzem em ganhosadicionais para consumidores e produtores domsticos.Comentrios:As diferenas entre as demandas pelos produtos, bem como apresena de economias de escala no so levadas em considerao pelomodelo ricardiano. A questo est, portanto, errada.5. (ACE-2002-adaptada) - Ao se considerar a eficincia produtivados pases A e B, para que o pas A aproveite os ganhos devantagem comparativa ao produzir um bem ou servio especfico, eleprecisa possuir vantagem absoluta na produo do mesmo bem emrelao a B.Comentrios:O examinador fez uma grande mistura entre a Teoria das VantagensAbsolutas e a Teoria das Vantagens Comparativas. Questo errada.6. (AFRF-2000-adaptada)- O grande mrito de Adam Smith foimostrar que o comrcio seria proveitoso para dois pases, mesmo queum deles tivesse vantagem absoluta sobre o outro na produo detodas as mercadorias.Comentrios:Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 13 de 104 12. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00A Teoria das Vantagens Absolutas de Adam Smith no explica ocomrcio entre dois pases quando um deles mais eficiente que o outro naproduo de todos os bens. Foi David Ricardo, com a Teoria das VantagensComparativas, que mostrou que o comrcio seria proveitoso para dois pases,ainda que um deles possusse vantagem absoluta na produo de todas asmercadorias. Questo errada.7. (Questo Indita)- Cada pas especializa-se na produo dosbens em que possua vantagem relativa, importando do outro aquelesbens para os quais o custo de oportunidade de produo interna sejarelativamente menor.Comentrios:Pela Teoria das Vantagens Comparativas, um pas ir se especializarna produo de bens em que possua vantagem relativa, importando do outroaqueles bens em que possua maior custo de oportunidade. Questo errada.1.3-Teorema Hecksher-Ohlin:O Teorema Hecksher-Ohlin leva o nome de dois economistas suecos(Eli Hecksher e Bertil Ohlin), os quais buscaram explicar a causa do comrciointernacional. Afinal de contas, por que os pases comercializam entre si? Porque existe o comrcio internacional?Se nos lembrarmos da Teoria das Vantagens Absolutas e da Teoriadas Vantagens Comparativas, verificaremos que a produtividade do trabalhoera o fator que diferenciava os pases. O nico fator de produo consideradopor essas teorias era, justamente, o trabalho.Ocorre que as trocas internacionais no podem ser explicadasexclusivamente por diferenas na produtividade do trabalho. Ao contrrio, hvrios outros fatores de produo envolvidos. Segundo Krugman7, uma visorealista do comrcio deve levar em conta no apenas a importncia dotrabalho, mas tambm de outros fatores de produo, como terra, capital erecursos minerais.Imaginemos, por exemplo, o comrcio entre Brasil e Alemanha. OBrasil se especializa na produo de soja, enquanto a Alemanha se especializana produo de bens de alta tecnologia. Assim, o Brasil exporta soja para aAlemanha, importando bens de alta tecnologia. A que est a grande questo7 KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria e poltica.8 edio, So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 14 de 104 13. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00respondida pelo Teorema Hecksher-Ohlin! Por que o Brasil se especializou naproduo de soja e a Alemanha se especializou na produo de bens de altatecnologia?O Brasil se especializou na produo de soja porque, em seuterritrio, h abundncia do fator de produo terra. E soja um produtointensivo em terra! Por sua vez, a Alemanha se especializou na produo debens de alta tecnologia porque possui abundncia do fator de produo capital.E os bens de alta tecnologia so intensivos em capital.Segundo o Teorema Hecksher-Ohlin, os pases se especializam naproduo de bens intensivos no fator de produo abundante em seuterritrio. Dessa forma, se um pas possui abundncia do fator de produoterra, ele ir se especializar na produo e exportao de bens que sejamintensivos em terra. Do mesmo modo, se um pas possui abundncia do fatorde produo capital, ele se especializar na produo e exportao de bensintensivos em capital.O Teorema Hecksher-Ohlin no nega a Teoria das VantagensComparativas, mas sim a complementa, explicando o porqu cada pas possuivantagem na produo de determinado bem. Com efeito, o fator determinanteda especializao a dotao de fatores de produo. Da esse teorema sertambm conhecido como Teoria da Proporo dos Fatores.O modelo ricardiano levava em considerao um nico fator deproduo: o trabalho. J pelo modelo de Hecksher-Ohlin so levados emconsiderao todos os fatores de produo. Pode-se dizer que, nesse modelo,as vantagens comparativas so determinadas pela abundncia dosfatores de produo. Cabe enfatizar que estamos aqui falando emabundncia relativa (oferta relativa) de fatores de produo. Nessesentido, haver comrcio entre dois pases mesmo que um deles tenha maiordotao absoluta que o outro em todos os fatores de produo.O comrcio internacional , assim, decorrente das diferentesdotaes dos fatores de produo entre os pases. Em outras palavras, ocomrcio internacional somente existe em funo de os pases possuremdiferentes dotaes de terra, capital e produtividade da mo-de-obra. Aocomercializarem seus produtos, como se os pases estivessemcomercializando fatores de produo. Cabe destacar que no modelo Hecksher-Ohlin considera-se que as tecnologias dos pases so as mesmas, somentevariando a dotao dos fatores de produo.8 Destaque-se que dizer que astecnologias dos pases so as mesmas significa assumir que a tecnologia uma constante nesse modelo.8A tecnologia molda os fatores de produo, combinando-os de forma mais ou menoseficiente para a fabricao de um bem.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 15 de 104 14. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00em seu territrio. Nesse sentido, a oferta interna do fator de produo determinante para explicar o padro do comrcio. Questo errada.10. (AFRF-2002.2- adaptada) - De acordo com a moderna teoria docomrcio internacional, segundo o modelo Hecksher-Ohlin, aprodutividade da mo-de-obra determina os padres de especializaoe as possibilidades de comrcio entre os pases.Comentrios:Segundo o modelo de Hecksher-Ohlin, o padro de especializao determinado pela dotao dos fatores de produo. O modelo ricardiano queestabelece que a especializao decorre da produtividade da mo-de-obra. Aassertiva est, portanto, errada.11. (Questo Indita)-O Teorema Heckscher-Ohlin atribui o comrciointernacional diferena de produtividade entre os pases, o que resultado da diferena de tecnologias entre cada um deles.Comentrios:No modelo Heckscher-Ohlin, a tecnologia assumida constante,sendo o comrcio internacional decorrente da diferena entre os pases no quediz respeito dotao dos fatores de produo. Questo errada.12. (Questo Indita)- Segundo o Teorema Hecksher-Ohlin, ocomrcio entre dois pases no ser possvel quando um pas possuiruma dotao superior de outro pas em todos os fatores de produoconsiderados.Comentrios:Pelo teorema Hecksher-Ohlin, o comrcio internacional ser possvelmesmo quando um pas possuir dotao superior de outro pas em todos osfatores de produo considerados. Isso porque o que deve ser analisado so asdotaes relativas dos fatores de produo. Lembre-se de que o TeoremaHecksher-Ohlin no nega a Teoria das Vantagens Comparativas! A assertivaest, portanto, errada.13. (ACE-2012) O modelo Hecksher-Ohlin permite demonstrar comoa oferta relativa de fatores de produo e o emprego dos mesmos emdiferentes intensidades na produo explicam os padres deespecializao e as possibilidades do comrcio internacional.Comentrios:No modelo Hecksher-Ohlin, o que determina a especializao aabundncia relativa dos fatores de produo em um pas, ou seja, aProf. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 17 de 104 15. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00oferta relativa de fatores de produo. Os pases se especializam na produode bens intensivos no fator de produo relativamente abundante no pas.Questo correta.1.4-Novas Teorias do Comrcio Internacional:No modelo Hecksher-Ohlin, o que determinava a existncia docomrcio internacional eram as diferenas entre as dotaes de fatores deproduo dos pases. Nesse sentido, caso dois pases possussem estruturasprodutivas semelhantes, no haveria comrcio entre eles. Entretanto,alguns economistas refutaram essa ideia ao descobrir que uma grande partedo fluxo comercial era justamente entre pases com estruturas produtivassemelhantes.Segundo Paul Krugman9, as economias de escala permitem queexista comrcio entre dois pases mesmo que estes possuam idnticasdotaes de fatores de produo. Cabe destacar que as economias deescala tm um papel determinante para o comrcio internacional, na medidaem que a maioria dos setores produtivos caracteriza-se por possu-las.Mas o que so as economias de escala?As economias de escala, tambm chamadas de ganhos de escala,ocorrem quando o aumento dos fatores produtivos (trabalho, capital)empregados na fabricao de um bem leva a um aumento mais do queproporcional da produo. H economias de escala, por exemplo, quando osfatores de produo so duplicados e a produo mais do que dobra. Podemosdizer que, diante de economias de escala, o custo de se produzir o prximoproduto (custo marginal) cada vez menor.As economias de escala surgem com a especializao. Cada pas,ao produzir um nmero restrito de bens, ter condies de faz-lo de maneirabem mais eficiente do que se tentasse produzir tudo. A grande questo queessas economias de escala levam, na maioria das vezes, a estruturas demercado distintas da concorrncia perfeita.9 KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria e poltica.8 edio, So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 18 de 104 16. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 001.4.1- Concorrncia Monopolstica:A concorrncia monopolstica uma estrutura de mercado que secaracteriza pela presena de um grande nmero de empresas, cada umapossuindo o monoplio de seu prprio produto. Nesse tipo de estruturamercadolgica, existem caractersticas de uma concorrncia perfeita (grandenmero de vendedores) e caractersticas de um monoplio (cada empresa detentora nica de seu produto).Mas como assim uma empresa tem o monoplio de seu prprioproduto?Simples! Na concorrncia monopolstica, as empresas obtm omonoplio em virtude da diferenciao do produto. Existem vriosrefrigerantes, mas a marca Coca-Cola um monoplio daquela empresa.Existem vrias marcas de bolsas, mas a marca Dolce Gabana monopliodaquela empresa.Mas como aplicar o modelo de concorrncia monopolstica aocomrcio internacional?Imaginemos dois pases A e B, os quais possuem, cada um, vriasfbricas de automveis. Se considerarmos todas essas fbricas, so produzidosnesses dois pases cerca de 60 modelos de automveis. No entanto, no huma organizao nesse mercado! A Honda possui uma fbrica no pas A e umafbrica no pas B, as quais produzem, ao mesmo tempo, o Honda Civic e oHonda Accord. A Renault tambm possui uma fbrica no pas A e uma fbricano pas B, as quais produzem, simultaneamente, o Renault Clio e o RenaultMegane. Nesse mercado desorganizado, so produzidos, tanto no pas Aquanto no pas B, os 60 modelos de automveis fabricados na regio.Essa no a situao ideal! As empresas fabricantes de automveisesto perdendo os ganhos de escala. A Honda deveria produzir o Honda Civicapenas no pas A e o Honda Accord apenas no pas B. A Renault deveriaproduzir o Renault Clio apenas no pas A e o Renault Megane apenas no pas B.Fazendo essa diviso, as empresas iro conseguir otimizar seus recursos,reduzindo custos e produzindo em maior quantidade, o que lhes permitirbeneficiar-se das economias de escala, que resultaro dos ganhos deespecializao.Nessa nova situao, nenhum dos dois pases produz a totalidade dasmodelos de automveis, o que d ensejo ao comrcio internacional. Se umconsumidor do pas A deseja comprar um Renault Megane, ele dever import-lodo pas B. Da mesma forma, se um consumidor do pas B deseja comprarum Honda Civic, ele dever compr-lo do pas A.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 20 de 104 17. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 0015. (ACE-2012) Em um modelo de concorrncia imperfeita e emcondies monopolsticas, o comrcio internacional restringido pelasegmentao dos mercados, escalas de produo limitadas e pequenadiversidade de bens disponveis para o intercmbio comercial.Comentrios:Em um modelo de concorrncia monopolstica, h ganhos de escala euma maior diversidade de bens disponibilizada para o intercmbio comercial.Questo errada.16. (ACE-2012) Mesmo em condies de concorrncia imperfeita, aspossibilidades e os ganhos do comrcio resultam de vantagenscomparativas relativas tal como definidas no modelo ricardiano e nodo aproveitamento de economias de escala pelas indstrias.Comentrios:No modelo de concorrncia imperfeita, os ganhos do comrcioresultam das economias de escala. Em modelos de concorrncia perfeita, osretornos de escala so constantes. Questo errada.17. (ACE-2012) No modelo de concorrncia monopolstica centradona produo de manufaturas, um pas tanto produzir e exportarbens manufaturados como tambm os importar, alimentando assim ocomrcio intra-indstrias e gerando ganhos extras no comrciointernacional.Comentrios:O modelo de concorrncia monopolstica explica o comrciointraindstria, que resulta das economias de escala. Assim, cada pas exporta eimporta, ao mesmo tempo, bens manufaturados. Questo correta.18. (ACE-2012) Os rendimentos crescentes associados aoaproveitamento de economias de escala alimenta a concentraomonopolstica, levando assim ao aumento dos preos nos mercadosdomsticos e no mercado internacional e impactando negativamente ocomrcio internacional.Comentrios:Os rendimentos crescentes de escala esto, de fato, associados aoaproveitamento de economias de escala. No entanto, os ganhos de escalalevam reduo dos preos nos mercados domstico e internacional. Questoerrada.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 22 de 104 18. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 0019. (Questo Indita)- Segundo Krugman, o comrcio internacional possvel entre pases que tenham estruturas de produo semelhante,tendo em vista as economias de escala.Comentrios:O Teorema Hecksher-Ohlin no reconhecia a possibilidade de havercomrcio entre pases com a mesma estrutura de produo. Por sua vez,Krugman, ao explicar o papel das economias de escala, demonstra que ocomrcio internacional ser possvel mesmo entre pases que possuamestrutura de produo semelhante. Questo correta.20. (ACE-2008) - A hiptese de Linder de que o volume de comrcio maior entre pases ricos e semelhantes do que entre pases com nveisde rendimento per capita distintos decorre, em parte, da existncia deeconomias de escala e dos padres diferenciados de demanda queprevalecem nesses dois grupos de pases.Comentrios:Quanto mais semelhante for a estrutura de demanda entre doispases, maior ser o volume de comrcio entre eles. Questo correta.21. (Questo Indita)- Segundo Linder, o comrcio de produtosprimrios seria explicado pelo Teorema Heckscher-Ohlin. J ocomrcio de produtos industrializados determinado pela estrutura dademanda, cujo principal determinante a renda per capita de um pas.Comentrios:De fato, Linder no utilizou seu modelo para explicar o comrcio deprodutos primrios, mas to somente o comrcio de bens industrializados.Segundo Linder, quanto mais semelhantes forem os gostos dos consumidores(estrutura da demanda) de dois pases, maior ser o volume de comrcio entreeles. O principal determinante da estrutura da demanda a renda per capita.Questo correta.22. (Questo Indita)- O modelo ricardiano ignora o papel daseconomias de escala como uma causa do comrcio internacional, o quetorna impossvel explicar, pela Teoria das Vantagens Comparativas, osgrandes fluxos comerciais entre naes aparentemente similares.Comentrios:As economias de escala somente passaram a ser consideradas comoimpulsionadores do comrcio internacional a partir de Paul Krugman. Questocorreta.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 23 de 104 19. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 002- POLTICAS COMERCIAIS:2.1 Aspectos Gerais:Comecemos nosso assunto com uma srie de indagaes. O que poltica comercial? Qual importncia ela tem para um pas? Quais so asprincipais polticas comerciais? O que uma poltica comercial estratgica?Bem, a poltica comercial , ao lado da poltica monetria, fiscal ecambial, uma vertente da poltica macroeconmica conduzida por um governo.Ela determina a forma pela qual um pas se relaciona com outros pases no quediz respeito ao comrcio exterior (exportaes e importaes). Assim, apoltica comercial pode ser entendida como um conjunto de medidasgovernamentais que influencia as transaes comerciais que um pas tem comos outros.A conduo da poltica comercial determina o grau de aberturaeconmica de um pas. Em tempos de globalizao, h uma forte tendncia deinterconexo das economias e de aprofundamento do comrcio exterior.Todavia, nem sempre foi assim. Em outras pocas, as prticas protecionistaspreponderavam. Se analisarmos a prpria Histria do Brasil, perceberemos oquanto isso verdade.Fazendo uma rpida regresso temporal, voltemos dcada de 90. Oincio dessa dcada representa um ponto de inflexo na mudana da polticacomercial brasileira, na medida em que se promove a abertura comercial. Ogoverno Collor (1990-1992), logo em seu incio, levou a cabo notria mudanano regime de importaes brasileiras. Nesse sentido, foram eliminadasdiversas restries ao comrcio at ento existentes: reduziram-se asalquotas dos tributos na importao e acabou-se com as chamadas reservasde mercado (proibio s importaes), como a existente no setor deinformtica.Pois bem, deixando o Brasil de lado, quando falamos em polticacomercial, temos que nos lembrar automaticamente do protecionismo e doliberalismo, certo?O protecionismo uma poltica comercial que representa acontraposio s ideias liberalistas apregoadas pelas teorias do comrciointernacional. Os protecionistas enxergam o livre comrcio como algo perigosoaos interesses nacionais e pregam pela proteo indstria nacional. Assim,uma poltica comercial protecionista a que impe restries livrecirculao de mercadorias e servios.Na viso dos protecionistas, a indstria nacional no deve ser exposta concorrncia ou ento sair perdendo, sofrendo graves prejuzos. Se vocgosta de acompanhar jornais e revistas, j deve ter percebido o quanto aindstria nacional tem chorado nos ltimos tempos, pleiteando junto aoProf. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 24 de 104 20. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00governo brasileiro a adoo de medidas protecionistas. No Brasil, chega-se aargumentar que h um risco de desindustrializao do Pas diante daconcorrncia com os produtos chineses.Para falar um pouco sobre a histria do protecionismo, precisamosvoltar Idade Moderna, quando a poltica econmica dos Estados era baseadano mercantilismo, que no foi um sistema aplicado homogeneamente naEuropa. Na verdade, haviam vrios estilos de mercantilismo. Espanha ePortugal tinham como base fundamental a extrao das riquezas coloniais; aInglaterra, por sua vez, buscou desenvolver mais seu comrcio exterior deprodutos manufaturados.Podemos dizer que as principais caractersticas domercantilismo eram: i) protecionismo alfandegrio (com o objetivo de obtersupervits comerciais); ii) atuao ativa do Estado (intervencionismo estatal)e; iii) busca de acumulao de ouro e prata (quanto mais ouro e prata um paspossusse em seu territrio, mais rico ele seria). Os mercantilistasconsideravam tambm que a existncia de uma populao numerosaseria benfica ao pas, uma vez que resultaria em maior disponibilidade dofator de produo trabalho.Os tericos mercantilistas pregavam o desenvolvimentoeconmico por meio do enriquecimento das naes pelo comrcioexterior e pela explorao das riquezas coloniais. Quanto mais um pasexportasse e menos importasse, mais riqueza teria ele no seu territrio. Paraisso, os Estados adotavam prticas de protecionismo alfandegrio - com aimposio de barreiras tarifrias ao comrcio exterior - e medidas queincentivassem a exportao. O objetivo era aumentar o bem-estar nacional pormeio da acumulao de ouro e prata, que poderia ocorrer por meio docomrcio exterior ou da explorao colonial.Segundo os mercantilistas, quanto mais ouro e prata um paspossusse em seu territrio, mais caros se tornariam seus produtos, os quaisvaleriam mais no mercado internacional11. Assim, esses produtos seriamexportados por preos elevados e, consequentemente, entraria ainda maisouro e prata no territrio do pas. Mas ser que isso era verdade?No. David Hume contestou essa lgica mercantilista. Para ele, ossupervits e dficits que um pas tivesse em sua Balana Comercial seriamautomaticamente corrigidos pelas foras do mercado. Era a Teoria Fluxo-Espcie-Preo. Vejamos!Se um pas tiver muito ouro e prata em seu territrio, seus produtos,de fato, se tornam mais caros no mercado internacional. No entanto, como os11 A ideia de que quanto mais ouro e prata um pas tiver em seu territrio mais carosse tornam seus produtos compatvel com a Teoria Quantitativa da Moeda,assunto estudado em Economia.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 25 de 104 21. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00produtos esto muito caros, a demanda por eles se reduz (Lei da Oferta e daProcura) e, portanto, entra menos ouro e prata no territrio do pas (dficitcomercial). Com a entrada de menos ouro e prata em seu territrio, os preosdos produtos iro se reduzir e, consequentemente, aumentar a demanda poreles no mercado internacional. A consequncia sero supervits na BalanaComercial e o aumento do ingresso de ouro e prata. Percebam, caros amigos,que trata-se de um mecanismo de ajuste automtico da Balana Comercial.Assim, para Hume, no haveria uma acumulao infinita de ouro e prata.Modernamente, fala-se na existncia de um neomercantilismo, que uma poltica comercial eminentemente protecionista, baseada em estmuloss exportaes e imposio de restries s importaes. O objetivo principaldessas polticas alcanar supervits na Balana Comercial, o que conquistado por meio de estmulos s exportaes e imposio de barreiras simportaes. A caracterstica marcante do neomercantilismo(neoprotecionismo) a ampla utilizao de barreiras no-tarifrias, o quenos permite afirmar que trata-se de um protecionismo mais requintado. um nova forma de protecionismo.No sculo XVIII, com o surgimento da Teoria das VantagensAbsolutas de Adam Smith e, em seguida, da Teoria das VantagensComparativas de David Ricardo, o protecionismo comea a perder ainda maisseu espao. Isso no quer dizer que ele no fosse empregado a essa poca,mas j existia uma nova forma de se pensar o comrcio internacional. Surge olivre-cambismo, que pregava que os mercados possuem a capacidade dese autorregularem e que um comrcio internacional livre de barreiras seriafundamental para o crescimento e desenvolvimento econmico. O livre-cambismoapregoado por Adam Smith pregava a remoo dos obstculoslegais ao comrcio internacional.Todavia, no perodo entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundiais,particularmente a partir da quebra da Bolsa de Nova York em 1929, os pasesrecrudesceram fortemente as prticas protecionistas.Numa tentativa de combater o protecionismo, em 1947, os pasesassinaram o GATT (General Agreement on Tariffs and Trade) e por meio desucessivas Rodadas de Negociao foram progressivamente reduzindo astarifas aduaneiras incidentes nas importaes.Com essas progressivas redues tarifrias e o crescenteacesso a mercados, comea a ganhar expresso uma nova forma deprotecionismo: a utilizao de barreiras no-tarifrias. Se no passado astarifas eram muito elevadas - impedindo o comrcio - e agora elas haviam sidorebaixadas, como proteger as indstrias nacionais? Os pases no podiamvoltar atrs em relao s suas concesses tarifrias. Logo, eles precisavamproteger sua indstria com o uso de barreiras no-tarifrias.Mas Ricardo, o que so essas barreiras no-tarifrias?Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 26 de 104 22. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00No existe uma definio precisa do que sejam barreiras no-tarifrias.O entendimento que vocs precisam ter o de que barreiras no-tarifriasso todas as restries ao comrcio internacional que no soimpostas por meio de tarifas aduaneiras. Assim, uma regulamentaotcnica (requisitos de segurana para brinquedos, por exemplo) ou umamedida sanitria e fitossanitria so espcies de barreiras no-tarifrias. Mais frente, ns falaremos maiores detalhes sobre as barreiras no-tarifrias,combinado?As barreiras no-tarifrias se transformaram, assim, na nova carado protecionismo, muitas vezes passando a constituir-se em obstculosarbitrrios e desnecessrios ao comrcio internacional. Era preciso, portanto,regulament-las. E quem melhor do que uma organizao internacional parafaz-lo?Pois bem, em 1994 foi criada a Organizao Mundial doComrcio. Nosso objetivo, pelo menos por agora, no falar detalhadamentesobre a OMC. O que precisamos saber que desde sua criao, oprotecionismo continuou a decrescer. A partir daquele momento, haveria umaorganizao internacional responsvel por administrar o sistema multilateral decomrcio, contribuindo para a liberalizao do comrcio internacional, seja pormeio da progressiva reduo tarifria, seja por meio de um esforo deregulamentao das barreiras no-tarifrias.Mas ser que podemos dizer que o protecionismo no existe hoje emdia? Com certeza no! As prticas protecionistas perduram at os dias atuais.Logo, embora possamos dizer que, ao longo do tempo houve uma progressivareduo do protecionismo, este, de forma alguma, foi eliminado. Destaque-se,ainda, que a crise financeira de 2008 provocou um recrudescimento dasprticas protecionistas. E um detalhe importante: o protecionismo adotado tanto por pases desenvolvidos quanto por pases emdesenvolvimento.Atualmente, o protecionismo se evidencia principalmente nocampo agrcola, setor econmico bastante protegido, principalmente pelospases desenvolvidos. Como exemplo, cita-se os elevados subsdios concedidospelos pases europeus aos produtos agrcolas. Esse , inclusive, umempecilho ao fechamento da Rodada de Doha os pases desenvolvidosno querem fazer concesses em termos de acesso a mercado no que dizrespeito aos produtos agrcolas, enquanto pedem concesses em NAMA (NonAgricultural Market Access).A dicotomia entre protecionismo e liberalismo uma das grandesquestes da cincia econmica na atualidade. Segundo diversos economistas,o comrcio internacional considerado o grande motor dodesenvolvimento econmico. Nesse sentido, cresce de importncia apoltica de comrcio exterior adotada por cada pas, a qual pode variar desde oprotecionismo exacerbado at a ampla liberalizao comercial.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 27 de 104 23. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00A poltica comercial adotada por um pas est, portanto, diretamenterelacionada estratgia de desenvolvimento por ele levada a cabo. Em outraspalavras, a estratgia de desenvolvimento de cada pas varia segundo ograu de exposio de sua economia ao mercado internacional. Os pasesque adotam polticas comerciais de orientao liberal so a favor dosesquemas preferenciais (SGP e SGPC) e dos acordos regionais de integrao.Em aulas futuras, abordaremos detalhadamente os acordos regionais e osesquemas preferenciais. Por ora, basta sabermos que todos esses acordos(esquemas preferenciais e acordos regionais) se baseiam na reduo e ateliminao dos direitos aduaneiros incidentes sobre as operaes de comrcioexterior e, portanto, esto diretamente, ligados ao liberalismo.Vejamos como esses assuntos j foram cobrados em prova!23. (AFTN- 1998-adaptada) Segundo a lgica protecionista, ocomrcio e a indstria so mais importantes para um pas do que aagricultura e, portanto, devem ser submetidos a tarifas para evitar aconcorrncia com produtos estrangeiros.Comentrios:Os protecionistas no consideram o comrcio e a indstria maisimportantes para o pas do que a agricultura. Na verdade, eles noestabelecem uma carga valorativa para cada uma dessas atividadeseconmicas. O que se v, todavia, na prtica, que os produtos agrcolas soos mais afetados pelo protecionismo. Questo errada.24. (AFTN-1998-adaptada)- Est relacionada com a prtica domercantilismo o princpio segundo o qual o Estado deve incrementar obem-estar nacional.Comentrios:De fato, o objetivo central do mercantilismo o incremento do bem-estarnacional, o que alcanado por meio do acmulo de metais preciosos noterritrio do pas. Questo correta.25. (AFTN-1998-adaptada)- Est relacionado com a prtica domercantilismo o conjunto de concepes que inclua o protecionismo, aatuao ativa do Estado e a busca de acumulao de metais preciosos,que foram aplicadas em toda a Europa homogeneamente no sculoXVII.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 28 de 104 24. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00Comentrios:O mercantilismo no foi aplicado na Europa de forma homognea.Questo errada.26. (AFTN 1998- adaptada)- Segundo o mercantilismo, o comrcioexterior deve ser estimulado, pois um saldo positivo na balanafornece um estoque de metais preciosos.Comentrios:Segundo as ideias mercantilistas, quanto mais ouro e prata um paspossuir em seu territrio, mais rico ele ser. Uma das formas de acumulaode ouro e prata por meio da obteno de saldos comerciais positivos.Questo correta.27. (AFTN 1998 adaptada)- Segundo o mercantilismo, a riquezada economia depende do aumento da populao e do volume de metaispreciosos do pas.Comentrios:Para os mercantilistas, quanto mais metais preciosos um pas possuirem seu territrio, mais rico ele ser. O aumento da populao tambm fatorque contribui para o aumento da riqueza nacional, pois representa maior forade trabalho. Questo correta.28. (AFTN 1998 adaptada)- Segundo o mercantilismo, uma forteautoridade central essencial para a expanso dos mercados e aproteo dos interesses comerciais.Comentrios:O mercantilismo se baseava em um forte intervencionismo estatal,que se materializava na imposio de restries s importaes e incentivos sexportaes. O objetivo era a obteno de supervits na Balana Comercial.Questo correta.29. (AFTN-1998-adaptada)- Segundo o livre-cambismo, corretoafirmar-se que o governo deve se limitar manuteno da lei e daordem.Comentrios:O livre cambismo se baseia na noo de que os mercados socapazes de se autorregularem. Nesse sentido, o governo no deve intervir naeconomia, atuando somente na manuteno da lei e da ordem. Questocorreta.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 29 de 104 25. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 0030. (AFTN 1998- adaptada)- Segundo o livre cambismo, o governodeve remover todos os obstculos legais para o funcionamento de umcomrcio livre.Comentrios:Essa assertiva descreveu em poucas palavras o livre cambismo!Segundo entendimento da ESAF, essa poltica comercial se caracteriza pelaremoo de todos os obstculos legais ao funcionamento de um comrcio livre.Questo correta.31. (AFTN 1998- adaptada)- Segundo o livre cambismo, todas asmoedas devem ser conversveis em ouro.Comentrios: indiferente aos liberalistas que as moedas sejam todas conversveisem ouro. O ponto central do livre cambismo a inexistncia de obstculos aocomrcio. Questo errada.32. (AFRFB-2009)- A participao no comrcio internacional importante dimenso das estratgias de desenvolvimento econmicodos pases, sendo perseguida a partir de nfases diferenciadas quantoao grau de exposio dos mercados domsticos competiointernacional.Comentrios:A poltica comercial de um pas est relacionada sua estratgia dedesenvolvimento. Alguns pases, como o Brasil, por exemplo, so maisprotecionistas. Outros, como o Chile, possuem a economia mais aberta aomercado internacional. Questo correta.33. (AFRFB-2009- adaptada)- As polticas comerciais inspiradas peloneo-mercantilismo privilegiam a obteno de supervits comerciaisnotadamente pela via da diversificao dos mercados de exportaopara produtos de maior valor agregado.Comentrios:Os supervits na Balana Comercial defendidos peloneomercantilismo so conquistados por meio de estmulo s exportaes eimposio de restries s importaes (e no pela diversificao dosmercados de exportao!). Questo errada.34. (AFRF 2000)- O livre cambismo uma doutrina de comrcioestabelecida atravs de tarifas protecionistas, a subveno decrditos, a adoo de cmbios diferenciados.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 30 de 104 26. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00Comentrios:Exatamente o contrrio do que afirma a assertiva! O livre cambismose baseia na retirada dos entraves ao comrcio internacional, sejam eles decarter tarifrio ou no-tarifrio. Questo errada.35. (AFRF 2000)- O livre cambismo rege que a livre troca deprodutos no campo internacional, os quais seriam vendidos a preosmnimos, num regime de mercado, se aproximaria ao da livreconcorrncia perfeita.Comentrios:Em um mercado de concorrncia perfeita, h muitos vendedores emuitos compradores, nenhum dos quais possui poder para influenciar ospreos. Com a livre circulao de mercadorias, h um aumento da oferta deprodutos que, consequentemente, leva a uma reduo de preos. Os preoschegam, ento, a um valor mnimo. Questo correta.36. (AFRF 2000)- O livre cambismo uma doutrina pela qual ogoverno no prev a remoo dos obstculos legais em relao aocomrcio e aos preos.Comentrios:Ao contrrio do que afirma a questo, no livre cambismo o governoprev a remoo dos obstculos legais em relao ao comrcio e aos preos.Questo errada.37. (AFRFB-2009)- Pases que adotam polticas comerciais deorientao liberal so contrrios aos esquemas preferenciais, como oSistema Geral de Preferncias, e aos acordos regionais e sub-regionaisde integrao comercial celebrados no marco da Organizao Mundialdo Comrcio por conterem, tais esquemas e acordos, componentesprotecionistas.Comentrios:Os pases que seguem uma orientao liberalista em suas polticas decomrcio exterior so a favor dos acordos regionais e dos esquemaspreferenciais (SGP e SGPC). Questo errada.38. (AFRF -2003)- Sobre o protecionismo, em suas expressescontemporneas, correto afirmar-se que tem aumentado em razoda proliferao de acordos de alcance regional que mitigam o impulsoliberalizante da normativa multilateral.Comentrios:Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 31 de 104 27. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00Conforme afirma a questo, os acordos regionais de comrcio tmefetivamente proliferado nos ltimos anos. Em consulta ao site da OMC, pode-severificar que h, atualmente, mais de 200 acordos regionais notificadosjunto quela organizao internacional. No entanto, a proliferao de acordosregionais, ao contrrio do que afirma a questo, um fato que deve serassociado ao liberalismo. Questo errada.39. (AFRF-2002.2) - Com relao s prticas protecionistas, tal comoobservadas nas ltimas cinco dcadas, correto afirmar-se queassumiram expresso preponderantemente no-tarifria medidaque, por fora de compromissos multilaterais, de acordos regionais ede iniciativas unilaterais, reduziram-se as barreiras tarifrias.Comentrios:De fato, o protecionismo tornou-se eminentemente no-tarifrio nasltimas dcadas, uma vez que as tarifas foram sendo progressivamentereduzidas em razo das negociaes comerciais, motivo pelo qual a questoest correta.40. (AFRF 2003)- Sobre o protecionismo, em suas expressescontemporneas, correto afirmar-se que possui expressoeminentemente tarifria desde que os membros da OMC acordaram atarificao das barreiras no-tarifrias.Comentrios:O protecionismo possui, atualmente, expresso eminentemente no-tarifria.Questo errada.41. (AFRF-2002.1)- No que se refere ao comrcio internacional, adcada de noventa foi caracterizada pelo recrudescimento doprotecionismo em virtude do contexto recessivo herdado da dcadaanterior.Comentrios:A dcada de 90 ficou caracterizada pela reduo do protecionismo.Questo errada.42. (AFRF-2002.1)- No que se refere ao comrcio internacional, adcada de noventa foi caracterizada pela preponderncia dasexportaes de servios aos pases desenvolvidos.Comentrios:Os pases desenvolvidos que so os grandes exportadores deservios. Questo errada.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 32 de 104 28. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 002.2- O protecionismo no mbito do sistema multilateral de comrcio:Em primeiro lugar, eu gostaria de fazer um questionamento. Para quevocs acham que foram criadas regras de comrcio internacional?O sistema multilateral de comrcio, hoje administrado pela OMC, foicriado para limitar a adoo de prticas protecionistas. No que a OMC(Organizao Mundial do Comrcio) impea a adoo desse tipo de prtica,mas suas regras so um fator dissuasrio do protecionismo.Na prxima aula trataremos de forma bem aprofundada sobre asregras da OMC, mas por ora basta sabermos que as regras do sistemamultilateral inibem a utilizao de prticas protecionistas, na medidaem que regulamentam como estas podem ser usadas. Desta forma, ficaexpressamente condenado o uso de medidas protecionistas que seconfigurem em prticas arbitrrias e discriminatrias ou ainda emrestries veladas ao comrcio internacional.Mas, Ricardo, quando que a OMC autoriza a utilizao de prticasprotecionistas?Meus amigos, existem vrias situaes em que a OrganizaoMundial do Comrcio autoriza sejam adotadas prticas protecionistas. Asprticas protecionistas encontram amparo na normativa da OMC quandodestinadas proteo da indstria nascente, promoo da segurana nacional,deslealdade comercial, diante de restries no Balano de Pagamentos, diantede um surto de importaes ou, ainda, em razo de excees geraisrelacionadas no art. XX do GATT.Proteo Indstria NascentePromoo da Segurana NacionalDeslealdade ComercialRestries no Balano de PagamentosSurto de ImportaesExcees GeraisARGUMENTOSPROTECIONISTASAMPARADOS PELANORMATIVA DA OMCProf. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 33 de 104 29. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 002.2.1- Proteo Indstria Nascente:A proteo indstria nascente, ideia originalmente concebidapelo alemo Friedrich List, est regulamentada pelo art. XVIII do GATT,intitulado Ajuda do Estado em favor do desenvolvimento econmico.Vejamos o teor do referido dispositivo:ARTIGO XVIII- AJUDA DO ESTADO EM FAVOR DODESENVOLVIMENTO ECONMICO1. As Partes Contratantes reconhecem que a realizao dosobjetivos do presente Acordo ser facilitada pelo desenvolvimentoprogressivo de suas economias, em particular nos casos dasPartes Contratantes cuja economia no asseguram populaoseno um baixo nvel de vida e que est nos primeiros estgiosde seu desenvolvimento.2. As Partes Contratantes reconhecem, alm disso, que podeser necessrio para as Partes Contratantes previstas no pargrafoprimeiro, com o objetivo de executar seus programas e suaspolticas de desenvolvimento econmico orientados para aelevao do nvel geral de vida de suas populaes, tomarmedidas de proteo ou outras medidas que afetem asimportaes e que tais medidas so justificadas na medida emque elas facilitem a obteno dos objetivos deste Acordo. Elasestimam, em conseqncia, que estas Partes Contratantesdeveriam usufruir facilidades adicionais que as possibilitem:(a) conservar na estrutura de suas tarifas aduaneiras suficienteflexibilidade para que elas possam fornecer a proteo tarifrianecessria criao de um ramo de produo determinado, e(b) instituir restries quantitativas destinadas a proteger oequilbrio de suas balanas de pagamento de uma maneira queleve plenamente em conta o nvel elevado e permanente daprocura de importao suscetvel de ser criada pela realizao deseus programas de desenvolvimento econmico.Percebam, meus amigos, que a normativa da OMC bem restritivaem relao aos pases que podem utilizar esse mecanismo protecionista.Segundo o dispositivo supracitado, somente podem invocar a proteo indstria nascente como argumento para adotar medidas que afetem asimportaes aqueles pases cujas economias estejam nos primeiros estgiosde desenvolvimento. Assim, pela normativa da OMC, no qualquer pasque poder alegar a proteo indstria nascente como argumento para apoltica protecionista. No pensem que o Brasil, por exemplo, conseguiria faz-lo!Esse instrumento para pases como Haiti, Somlia, etc.Destaque-se que no poder ser concedida indstria nacional portempo indeterminado com fundamento no art. XVIII do GATT. Tal proteo temporria, limitada ao tempo necessrio para que a indstria possa sair dosprimeiros estgios de desenvolvimento.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 34 de 104 30. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00Como j dissemos anteriormente, o fundamento terico para aproteo indstria nascente so as idias de Friedrich List. Segundo ele, complicado que a indstria nacional possa se desenvolver caso o mercadoesteja dominado por empresas estrangeiras oriundas de paseseconomicamente mais desenvolvidos. Assim, para que a indstria nacionalpossa se desenvolver e, a mdio prazo, concorrer com as indstriasestrangeiras, faz-se mister a adoo de um protecionismo educador.De acordo com List, o livre comrcio no seria bom, portanto, paratodos os pases, mas somente para aqueles que tivessem uma economia maismadura. Assim, somente pases que se encontrassem no mesmo estgio dedesenvolvimento poderiam comercializar produtos entre si.O princpio do aprender fazendo (learning by doing) permitejustificar a proteo indstria nascente. Isso quer dizer que uma indstriaprotegida durante seus primeiros estgios de desenvolvimento conseguedesenvolver-se tecnologicamente e, ao acumular conhecimento e experincia,passa a gozar dos benefcios das economias de escala.O argumento da indstria, embora tenha muita lgica, tem algumaspremissas questionveis. H indstrias, por exemplo, que so protegidas emsua fase inicial e, posteriormente, se tornam competitivas por outro motivoque no o protecionismo. Segundo Krugman12, para justificar o argumento daindstria nascente, necessrio ir alm do ponto de vista plausvel, ainda quequestionvel, de que os setores sempre precisam ser protegidos quandonovos. Nesse sentido, a teoria econmica defende que a proteo indstria nascente se justifica diante de falhas de mercado, como asimperfeies do mercado de capitais.Apesar das controvrsias em torno do argumento da indstrianascente, trs das maiores economias mundiais (EUA, Alemanha e Japo)promoveram seu desenvolvimento econmico com base nessa ideia. Assim, noincio de seu desenvolvimento industrial, estes pases fecharam as portas aocomrcio exterior.Segundo alguns economistas, a existncia de falhas de mercado(mercado financeiro ineficiente, por exemplo) um argumento para autilizao de prticas protecionistas (tarifas e subsdios) que tenham comoobjetivo proteger a indstria nascente. Mais frente, nos aprofundaremossobre as falhas de mercado.12 KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria epoltica. 8 edio, So Paulo: Pearson Prentice Hall. 2010Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 35 de 104 31. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00As falhas de mercado so consideradas pela doutrinaeconmica um argumento legtimo para a adoo deprticas protecionistas. No entanto, a OMC no consideraeste um argumento legtimo para o protecionismo. Seuma questo falar sobre as falhas de mercado e no sereferir expressamente OMC, ela deve ser analisada luzda doutrina econmica.2.2.2- Promoo da Segurana Nacional:A promoo da segurana nacional est definida no art. XXI doGATT, dispositivo transcrito a seguir:ARTIGO XXI- EXCEES RELATIVAS SEGURANANenhuma disposio do presente Acordo ser interpretada:(a) como impondo a uma Parte Contratante a obrigao defornecer informaes cuja divulgao seja, a seu critrio,contrria aos interesses essenciais de sua segurana;(b) ou como impedindo uma Parte Contratante de tomar todas asmedidas que achar necessrias proteo dos interessesessenciais de sua segurana:(i) relacionando-se s matrias desintegrveis ou s matriasprimas que servem sua fabricao;(ii) relacionando-se ao trfico de armas, munies e material deguerra e a todo o comrcio de outros artigos e materiaisdestinados direta ou indiretamente a assegurar oaprovisionamento das foras armadas;(iii) aplicadas em tempo de guerra ou em caso de grave tensointernacional;(c) ou como impedindo uma Parte Contratante de tomar medidasdestinadas ao cumprimento de suas obrigaes em virtude daCarta das Naes Unidas, a fim de manter a paz e a seguranainternacionais.Com base nesse dispositivo, alguns tericos protecionistas justificama proteo a certas indstrias, como por exemplo, a indstria blica, aindstria energtica ou mesmo a indstria de alimentos. Segundo estes, se opas entrar em um conflito armado, precisar contar com uma indstria blicaeficiente para poder lhe fornecer os armamentos de que necessita, nodependendo de nenhum fornecedor estrangeiro em uma situao destas.Em relao proteo indstria de alimentos, muitos pases ajustificam por consider-la uma atividade estratgica, com o argumento de quesua populao no pode ficar dependendo do fornecimento de alimentos poroutro pas. H algum tempo atrs, os Estados Unidos se utilizaram doargumento da segurana nacional para impor restries exportao deProf. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 36 de 104 32. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00alimentos e commodities agrcolas para seu territrio. Alegavam comofundamento o receio do bioterrorismo.2.2.3- Deslealdade Comercial:A deslealdade comercial outro argumento que pode ser utilizadopara a adoo de prticas protecionistas, estando definida no art. VI do GATT.Falaremos mais desse assunto em aulas posteriores. Por enquanto, bastasabermos que, para combater prticas desleais de comrcio, como o dumpingou o subsdio, admite-se que sejam adotados mecanismos protecionistas,respectivamente as medidas antidumping e compensatrias.2.2.4- Restries no Balano de Pagamentos:Polticas protecionistas tambm podem ser usadas quando um pasestiver sofrendo restries em seu Balano de Pagamentos. Essapossibilidade est definida no art. XII do GATT, que estabelece que uma ParteContratante poder, com o fim de resguardar sua posio financeira exterior eequilibrar o seu Balano de Pagamentos, restringir o volume ou o valor dasmercadorias permitidas para importar. Essas restries devero, no entanto,ser impostas na medida do necessrio para afastar a ameaa iminente dediminuio relevante de suas reservas monetrias ou deter tal diminuio ouainda para aumentar suas reservas monetrias no caso de estas serem muitoexguas, considerando uma taxa razovel de crescimento.Diante da crise financeira internacional de 2008, alguns pasesalegaram restries em seu Balano de Pagamentos para adotarem medidasprotecionistas. Foi o caso, por exemplo, do Equador, que adotou salvaguardascomerciais para se proteger diante do desequilbrio de suas contas externas.2.2.5- Surto de Importaes:Um surto de importaes tambm pode exigir uma polticacomercial protecionista, estando prevista essa possibilidade no art. XIX doGATT. Falaremos mais sobre isso na aula sobre Defesa Comercial. Porenquanto, basta sabermos que, diante de um surto de importaes que causeou ameace causar dano indstria nacional possvel que sejam adotadassalvaguardas comerciais. Essa medida tem como objetivo fornecer umaproteo temporria indstria nacional, de forma que esta possa ganharflego por um instante.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 37 de 104 33. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 002.2.6- Excees Gerais:O art. XX do GATT relaciona vrias situaes em que se admitemprticas protecionistas. Dentre as mais importantes citamos: i) medidasnecessrias proteo da sade e da vida das pessoas e dos animais e preservao dos vegetais ( o que d embasamento para a aplicao demedidas sanitrias e fitossanitrias e regulamentaes tcnicas); ii) medidasrelativas conservao dos recursos naturais esgotveis, se tais medidasforem aplicadas conjuntamente com restries produo ou ao consumonacionais; iii) medidas necessrias proteo da moralidade pblica.Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova!43. (AFRF-2002.2) - Com relao s prticas protecionistas, tal comoobservadas nas ltimas cinco dcadas, correto afirmar-se queencontram amparo na normativa da Organizao Mundial do Comrcio(OMC), quando justificadas pela necessidade de corrigir falhas demercado, proteger indstrias nascentes, responder a prticas desleaisde comrcio e corrigir desequilbrios comerciais.Comentrios:Conforme a questo afirma, a normativa multilateral d respaldo imposio de prticas protecionistas como forma de proteger a indstrianascente e combater prticas desleais de comrcio. No entanto, a OMC noampara o protecionismo para fins de correo de falhas de mercado,tampouco para corrigir desequilbrios na Balana Comercial (admite-seo protecionismo para corrigir desequilbrios no Balano de Pagamentos!).Questo errada.44. (AFRF-2000-adaptada) So razes que levam adoo detarifas alfandegrias: a necessidade de aumento da arrecadaogovernamental, o desequilbrio no Balano de Pagamentos, a proteo indstria nascente, a promoo da segurana nacional e o estmulo competitividade de uma empresa.Comentrios:O estmulo competitividade de uma empresa no um motivo paraa adoo de tarifas alfandegrias. Ao proteger a indstria nacional, com aimposio de tarifas aduaneiras, ela fica isolada da concorrncia e no temProf. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 38 de 104 34. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00estmulos para desenvolver-se tecnologicamente, ou seja, no desenvolve suacompetitividade. Questo errada.45. (ACE 2002)- O argumento que analisa a aquisio deexperincia pela economia nacional, baseado no princpio de seaprender fazendo, o que permite justificar a proteo a taisindstrias por tempo indeterminado, preferencialmente longo, j que ainovao condio necessria manuteno da competitividadeindustrial.Comentrios:A proteo indstria nascente no deve ser feita por tempoindeterminado. Ao contrrio, a proteo dever ser temporria. Caso aproteo fosse mantida indefinidamente, poderia haver prejuzos capacidadede inovao da economia. Se a indstria nacional fica isolada da concorrncia,ela fica desestimulada a inovar e desenvolver-se tecnologicamente. Questoerrada.46. (AFTN-1996-adaptada) Segundo as ideias de Friedrich List, olivre cambismo incapaz de promover a justia social.Comentrios:As ideias de Friedrich List esto associadas proteo indstrianascente e no incapacidade do livre cambismo promover a justia social.Questo errada.47. (AFTN-1996-adaptada) Segundo as idias de Friedrich List, olivre cambismo atende apenas aos interesses dos grandesexportadores, que usam a liberdade econmica para estabelecermonoplios e cartis.Comentrios:As ideias de Friedrich List esto associadas proteo indstrianascente. Questo errada.48. (AFTN 1996)- Segundo Friedrich List, no existe livre cambismona prtica. Todos os pases so protecionistas em razo da intervenodo Estado.Comentrios:As ideias de Friedrich List esto associadas proteo indstrianascente. Cabe destacar, todavia, que a assertiva est correta quando afirmaque no existe livre cambismo na prtica e que todos os pases soProf. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 39 de 104 35. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00protecionistas, em maior ou menor medida. O problema da questo foi terassociado essa afirmao ao pensamento de List. Questo errada.49. (ACE-2008) - A ausncia de um sistema financeiro eficiente, quepermita canalizar a poupana dos setores tradicionais para as novasindstrias, por representar uma falha de mercado, justifica o uso derestries comerciais, tais como tarifas e subsdios, para proteger aindstria nascente.Comentrios:A existncia de falhas de mercado argumento para a utilizao deprticas protecionistas que tenham como objetivo proteger a indstrianascente. Com efeito, um sistema financeiro ineficiente impede que osrecursos disponveis sejam canalizados para o desenvolvimento denovas indstrias. Por tudo isso, a questo est correta.50. (AFTN 1998 adaptada)- Segundo a lgica protecionista, asindstrias-chave da defesa nacional devem ser protegidas para evitara ao de fornecedores estrangeiros.Comentrios:A promoo da segurana nacional um argumento protecionista,previsto, inclusive, no art. XXI do GATT. Questo correta.51. (AFTN-1996-adaptada) Segundo as ideias de Friedrich List, olivre cambismo bom para os pases de economia madura, mas ospases com indstrias nascentes necessitam de alguma forma deproteo.Comentrios:Segundo List, somente deveriam engajar-se no comrciointernacional pases que estivessem no mesmo estgio dedesenvolvimento. Nesse sentido, os pases deveriam conferir proteo sindstrias nascentes, isto , aquelas que estivessem em seus primeirosestgios de desenvolvimento. Questo correta.2.3- Argumentos Protecionistas no amparados na normativa dosistema multilateral de comrcio:Ns acabamos de falar sobre os argumentos protecionistas que estoamparados pela normativa da OMC. Mas ser que existem argumentosutilizados pelos tericos protecionistas que no esto respaldados pelanormativa multilateral?Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 40 de 104 36. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00A resposta positiva! Existem ideias protecionistas no amparadaspela OMC que afirmam que o livre comrcio pode gerar desemprego ou, ainda,que os pases em desenvolvimento devem se industrializar a qualquer custo.2.3.1- Desemprego Urbano:Um dos argumentos mais fortes a favor do protecionismo o de que,se a indstria nacional for exposta concorrncia, ela poder sofrerprejuzos de tal ordem que ela seja levada a demitir trabalhadores.Esse argumento bastante utilizado pela indstria como forma de fazerpresso sobre o governo. como se ela ficasse dizendo: Governo, ou voc meprotege ou haver demisses!De fato, esse argumento , primeira vista, bastante plausvel. Algica a de que se o Governo impe barreiras s importaes, h estmulo produo domstica e, consequentemente, demanda por mo-de-obra.Cabe ressaltar, todavia, que a literatura econmica aponta algumascontrovrsias quanto a esse ponto de vista. Uma das principais teses nessesentido a de que, quando o governo impe barreiras s importaes, eleestimula o setor industrial urbano e, com isso, h migrao em massa docampo para a cidade. Ocorre que essa migrao to intensa que no hemprego pra todo mundo na cidade! Com isso, o efeito das barreiras importao torna-se exatamente o inverso do esperado: elas acabam gerandodesemprego! importante destacar, ainda, que h vrias importaes que,notoriamente, promovem a utilizao de mo-de-obra nacional. o caso, porexemplo, da importao de insumos ou de bens de capital para mobiliar novasfbricas.2.3.2- Falhas de Mercado:Muitos economistas de ndole protecionista defendem as barreiras simportaes tendo como argumento a existncia de falhas de mercado.Mas o que so falhas de mercado?As falhas de mercado podem ser de vrios tipos, variando desdeimperfeies no mercado de trabalho at a ineficincia do mercado de capitais.Pode ser que o sistema financeiro de um Estado no permita a alocaoeficiente de recursos; ou ento, a mo-de-obra utilizada em umdeterminado setor to especializada que estaria desempregada emoutro setor; ou ainda, as empresas inovadoras no conseguem auferirProf. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 41 de 104 37. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00os lucros das suas inovaes. 13 Em todos esses casos, pode-se identificarmercados que no esto em equilbrio.Segundo parte da literatura econmica, quando existirem falhas demercado, os benefcios do livre comrcio no sero adequadamentequantificveis. Alm disso, a produo industrial gera benefcios que no socaptados pela anlise convencional. H, por exemplo, a possibilidade de que aproduo de um determinado bem aperfeioe a tecnologia de toda a economia.Dessa forma, quando ocorrem falhas de mercado, uma tarifa poderaumentar o nvel de bem-estar no interior do pas.Por outro lado, cabe destacar que tericos liberalistasargumentam que as falhas de mercado devem ser corrigidas poroutras polticas domsticas que no comerciais.14 Nesse sentido, a opopelo protecionismo tarifrio seria apenas a segunda melhor opo (teoriado segundo melhor).Exemplificando, suponha que o mercado de trabalho de umdeterminado pas est em desequilbrio, impedindo o pleno emprego. Nessecaso, o ideal seria uma poltica econmica direcionada para flexibilizar asrelaes trabalhistas, tornando menos gravosos os encargos patronais.Todavia, essa pode ser no ser uma soluo politicamente aceitvel, j que ostrabalhadores fazem parte de sindicatos com poder de presso. A polticacomercial intervencionista (protecionista) surge, ento, como uma segundamelhor opo para solucionar o problema.2.3.3- Reduo do Diferencial de Salrios:Alguns defensores de polticas protecionistas argumentam que asbarreiras s importaes so teis para a reduo do diferencial de salriosentre os trabalhadores urbanos e os trabalhadores rurais. Esse argumentopressupe a existncia de uma economia dual, em que h dois setores bemdefinidos: o campo e a cidade.Nesse cenrio, os trabalhadores urbanos recebem salrios muitosuperiores aos salrios dos trabalhadores rurais e, portanto, possuem melhorqualidade de vida. Com a proteo indstria domstica, haveria estmulo aosetor industrial, que necessitaria de mais mo-de-obra.A demanda por mo-de-obra promoveria fluxos migratrios do campopara a cidade e, consequentemente, haveria um aumento do nmero de13 KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria epoltica. 8 edio, So Paulo: Pearson Prentice Hall. 201014 KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria epoltica. 8 edio, So Paulo: Pearson Prentice Hall. 2010.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 42 de 104 38. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00trabalhadores urbanos. Esses novos trabalhadores urbanos passariam, assim,a receber salrios mais elevados ao que faziam jus no campo. Da mesmaforma, por haver menor nmero de trabalhadores rurais (pouca oferta de mo-de-obra rural), estes seriam mais valorizados e, consequentemente,receberiam maiores salrios.2.4- Argumentos a Favor do Liberalismo:Segundo as teorias do comrcio internacional, o liberalismo capazde proporcionar melhor eficincia alocativa dos fatores de produo.Isso quer dizer que, cada pas se especializando na produo de bens em quepossua maior eficincia, a sociedade como um todo sai ganhando. medida em que as trocas comerciais so feitas de forma livre, possvel perceber que h maior oferta de bens no territrio nacional.Afinal de contas, no est disposio dos consumidores somente aquilo que produzido localmente, mas tambm o que produzido no mercadointernacional. Com a reduo das barreiras comerciais, esses produtos tm oacesso facilitado ao mercado nacional. Da dizermos que h um aumento deoferta!E qual a consequncia do aumento da oferta de bens no territrionacional? Bom, pela lei da oferta e da procura, fcil concluirmos que oaumento da oferta ir implicar a reduo dos preos. Do ponto de vista doconsumidor, isso timo, j que com preos mais baixos, h um aumento doseu poder de compra ou, em outras palavras, um aumento do salrio real.Alm disso, a diversidade de opes de consumo maior do que a existenteem uma economia fechada. Dessa forma, o liberalismo leva a uma situao demaior satisfao do consumidor.O efeito de reduo dos preos que o livre comrcio induz tambmum fator de estabilizao dos preos internos, isto , de controle dainflao. No h como um produtor nacional estabelecer um preo elevadopara seu produto, j que ele estar concorrendo com fornecedoresestrangeiros. Enquanto em uma economia fechada o preo formado emfuno dos custos produtivos, em uma economia aberta o preo estabelecidoem funo do preo dos concorrentes.A liberalizao do comrcio tambm responsvel pelo aumento dacompetitividade da indstria nacional, ou seja, pelo aumento de suaeficincia. Com o livre comrcio, a indstria nacional fica exposta concorrncia, o que a leva ao aperfeioamento de processos, inovao, adoode novas tcnicas, desenvolvimento tecnolgico e aperfeioamento do produto.Alm dos ganhos de eficincia, a especializao leva a economias deescala, aumentando a produtividade e reduzindo custos. Segundo AmauryProf. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 43 de 104 39. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00Gremaud15, os ganhos de escala so os provenientes do ajuste tecnolgico dasempresas em direo a volumes de produo com custos unitrios inferiores.De fato, o aumento do mercado consumidor tem como efeito o aumento daproduo, o que proporciona ganhos de escala, na medida em que os custosfixos se diluem mais a cada nova unidade produzida.Outro efeito do livre comrcio o aumento da remunerao dofator de produo abundante no territrio nacional, o que est definidopelo Teorema Hecksher-Ohlin-Samuelson.16 fundamental entendermos todos esses efeitos econmicos positivosdo liberalismo. Todavia, ser que o liberalismo no possui pontos negativos?Os defensores do protecionismo afirmam que o liberalismo possuivrios problemas, os quais enumeramos a seguir:1) A diviso internacional da produo pode levar a uma situaode dependncia externa. Diante de uma guerra ou de uma crise financeira,isso pode trazer problemas. Exemplo interessante nos d Jaime de MarizMaia17! Segundo esse autor, a crise financeira de 1929 trouxe gravssimosprejuzos ao Brasil, principalmente pelo fato de sua economia ser toda baseadana monocultura do caf. Como o caf um produto de sobremesa, diante deuma crise, ele um dos primeiros a ter o consumo diminudo. Logo, nessasituao, a especializao brasileira na produo de caf foi um fatorprejudicial sua economia.2) O liberalismo pode causar desemprego no curto prazo. Nosanos 90, a abertura comercial brasileira foi feita de forma muito abrupta, semdar tempo para que a indstria nacional pudesse se preparar para enfrentar aconcorrncia estrangeira. Conseqncia: vrios setores industriais saramprejudicados, muitas firmas fecharam e houve desemprego. Ressalte-se que odesemprego causado pela abertura comercial de curto prazo, j que no longoprazo h uma realocao dos fatores de produo, inclusive da mo-de-obra.15GREMAUD, Amaury; VASCONCELLOS, Marco Antnio Sandoval de; JNIOR, RudineiToneto. Economia Brasileira Contempornea. So Paulo: Editora Atlas S.A, 2009.16 O Teorema Hecksher-Ohlin-Samuelson explica que o livre comrcio produzefeitos sobre a distribuio de renda em uma economia. Como decorrncia do livrecomrcio, h aumento da remunerao do fator de produo abundante e reduo daremunerao do fator de produo escasso. Embora esse Teorema no seja maisobjeto das provas da AFRFB, importante saber que o comrcio internacionalinfluencia na distribuio de renda em uma economia.17MAIA, Jaime de Mariz. Economia Internacional e Comrcio Exterior. So Paulo:Atlas, 2008.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 44 de 104 40. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 00Comentrios:De fato, as diversas teorias do comrcio internacional apregoam queo livre comrcio permite a maior eficincia alocativa dos fatores deproduo, que nada mais do que a especializao de cada pas na produode bens em que possua vantagem comparativa.O equvoco da questo est em dizer que so benefcios do livrecomrcio a substituio de importaes e a gerao de supervits comerciais.Substituio de importaes est ligada ao protecionismo (e no ao livrecomrcio!). Questo errada54. (AFRF 2002.2)- Entre os fatores que explicam o efeito positivodo comrcio sobre o crescimento destacam-se a crescente importnciadas exportaes para o Produto Interno dos pases; a importncia dasimportaes para o aumento da competitividade; e o melhoraproveitamento de economias de escala.Comentrios:As exportaes so importantes para o PIB dos pases? Sim. O PIB igual ao Consumo + Investimentos +Gastos do Governo + Exportaes Importaes.As importaes so importantes para o aumento da competitividade?Sim. Se a indstria nacional exposta concorrncia, ela necessitardesenvolver-se tecnologicamente, aumentando sua competitividade.O livre comrcio permite o melhor aproveitamento das economias deescala? Sim. O livre comrcio d ensejo existncia de mercadosconsumidores maiores e, ainda, leva especializao, fatores que contribuempara as economias de escala. Questo correta.55. (AFTN- 1998 adaptada)- Segundo o livre cambismo, existe umadiviso internacional do trabalho.Comentrios:De fato, o livre cambismo defende que deve existir uma divisointernacional do trabalho, isto , que cada pas se especialize na produo dedeterminados produtos. Questo correta.Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 46 de 104 41. Comrcio Internacional p/ AFRFB 2014Teoria e QuestesProf. Ricardo Vale- Aula 002.5- Efeitos Econmicos do Protecionismo:O Prof. Welber Barral, de forma bem descontrada, afirma que odiscurso a favor do livre comrcio pode ser comparado com a evocao da idapara o plano divino: todos esto a favor, mas o mais tarde possvel! 18De fato, a teoria econmica tem identificado inmeros argumentos afavor do livre comrcio. No entanto, apesar disso, os governos continuamadotando polticas protecionistas, as quais, segundo a viso de inmeroseconomistas, geram prejuzos superiores aos lucros.Mas por que isso ocorre? Afinal, quais so os efeitos econmicos doprotecionismo?A resposta a essa pergunta no simples! Existem fortes argumentoscontra e a favor do protecionismo, os quais iremos analisar. Antes, porm, preciso destacar que os efeitos do protecionismo so variveis,dependendo de diferentes fatores.19O primeiro fator a ser considerado o tamanho do mercadoafetado. Se um pas grande, com amplo mercado consumidor, impuser umatarifa sobre a importao de um determinado produto, tal medida poderafetar o preo mundial desse produto. Isso porque, quando um pas grandeimpe uma tarifa e dificulta a importao de um determinado produto, umexcedente considervel ficar disponvel no mercado internacional. A oferta doproduto se tornar elevada e, com isso, seu preo ir diminuir.Do ponto de vista