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AUDITORIA OPERACIONAL PROGRAMA “ÁGUA PARA TODOS” AÇÕES 1871 (Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água), 1923 (Implantação, Ampliação e Melhoria de Sistema de Abastecimento de Água) e 1925 (Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água - PAC). Processo n° 2010/52049-9 Francimary de Souza Almeida (coordenadora) Cleyce das Graças Cunha de Souza Domingos Rodrigues Neto Maria Betânia Martins Pinheiro BELÉM NOVEMBRO/2011

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Page 1: AUDITORIA OPERACIONAL - Portal TCE-PA · PAC) promoveram melhoria ao acesso dos beneficiários ao abastecimento de água. Período abrangido pela auditoria: Exercícios de 2008 a

AUDITORIA OPERACIONAL

PROGRAMA “ÁGUA PARA TODOS”

AÇÕES 1871 (Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água),

1923 (Implantação, Ampliação e Melhoria de Sistema de

Abastecimento de Água) e 1925 (Ampliação de Sistema de

Abastecimento de Água - PAC).

Processo n° 2010/52049-9

Francimary de Souza Almeida (coordenadora)

Cleyce das Graças Cunha de Souza

Domingos Rodrigues Neto

Maria Betânia Martins Pinheiro

BELÉM

NOVEMBRO/2011

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Relatório de Auditoria Operacional

Ações 1871 (Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água), 1923 (Implantação,

Ampliação e Melhoria de Sistema de Abastecimento de Água) e 1925 (Ampliação de Sistema

de Abastecimento de Água - PAC) DO “PROGRAMA ÁGUA PARA TODOS”.

Vínculo:

Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional (SEDURB), hoje com a

nomenclatura de Secretaria de Estado de Integração Regional, Desenvolvimento Urbano e

Metropolitano (SEIDURB), assim denominada na Lei nº 7.543, de 20 de julho de 2011, que

dispõe sobre a reorganização da estrutura administrativa do poder executivo estadual,

ficando a mesma vinculada à Secretaria Especial de Estado de Infra Estrutura e Logística

para o Desenvolvimento Sustentável;

Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA).

Processo nº: 2010/52049-9

Unidades: Setor de Planejamento da SEDURB e COSANPA

Gerente do Programa:

José de Andrade Raiol (Secretário de Desenvolvimento Urbano e Regional do Estado) – até

31/12/2010;

Márcio Godoi Spindola (Secretário em exercício de Desenvolvimento Urbano e Regional do

Estado) – a partir de 01/01/2011;

Designação da equipe: Portaria Nº 24.072 de 24 de Março de 2010, publicada no Diário Oficial

do Estado-DOE de 31 de Março de 2010.

Objetivo da auditoria: objetiva verificar se as ações governamentais 1871 (Ampliação de

Sistema de Abastecimento de Água), 1923 (Implantação, Ampliação e Melhoria de Sistema

de Abastecimento de Água) e 1925 (Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água -

PAC) promoveram melhoria ao acesso dos beneficiários ao abastecimento de água.

Período abrangido pela auditoria: Exercícios de 2008 a 2010.

Equipe de auditoria: Francimary de Souza Almeida (coordenadora)

Cleyce das Graças Cunha de Souza

Domingos Rodrigues Neto

Maria Betânia Martins Pinheiro

Consultor: José Almir Rodrigues Pereira – Doutor em Saneamento e Professor da

Universidade Federal do Pará – UFPA.

Agradecimentos: Grupo de Pesquisa Hidráulica e Saneamento (GPHS) / UFPA

Marise Teles Condurú - Coordenadora de Informações Ambientais - Núcleo de Meio Ambiente

(NUMA) /UFPA.

Gleiciane Costa Moraes - Mestranda em Engenharia Civil – Linha de Pesquisa: Saneamento

Ambiental e Sistema de Infra Estrutura Urbana (UFPA).

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SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................... 4 LISTA DE FOTOGRAFIAS ................................................................................................... 5 LISTA DE GRÁFICOS ........................................................................................................... 8 LISTA DE SIGLAS .................................................................................................................. 9

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ 11 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12

Antecedentes ...................................................................................................................... 12 Identificação do Objeto da Auditoria ................................................................................ 15 Objetivos e Escopo da Auditoria ....................................................................................... 16

Metodologia ....................................................................................................................... 16 Análise Orçamentária e financeira .................................................................................... 18

Da implementação das ações 1871 e 1925 pela COSANPA .................................................... 20 Da implementação das ações 1871 e 1923 pela SEDURB ....................................................... 21

2. FRAGILIDADES ENCONTRADAS NO PLANEJAMENTO DAS AÇÕES DE

ABASTECIMENTO DE ÁGUA. .......................................................................................... 23 Ausência de política estadual formalmente estabelecida, com objetivos e metas para a

universalização do abastecimento de água no Estado. ..................................................... 23 Ausência de diagnóstico preciso para o planejamento das ações de abastecimento de

água. ................................................................................................................................... 25

Ausência de plano municipal de Saneamento Básico ........................................................ 27 Projetos Elaborados sem visão sistêmica .......................................................................... 28

Precariedade dos instrumentos jurídicos que regem as concessões nos municípios. ....... 28

3. NECESSIDADE DE APERFEIÇOAR OS MECANISMOS DE GERENCIAMENTO

DAS AÇÕES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E DE VIGILÂNCIA DA

QUALIDADE DA ÁGUA NOS MUNICÍPIOS DO ESTADO. .......................................... 31 Ausência de manuais e/ou normas próprias para planejar, gerenciar e executar ações de

abastecimento de água. ...................................................................................................... 31

Deficiências e fragilidades da SEDURB no gerenciamento e acompanhamento das ações

executadas pelos órgãos implementadores. ....................................................................... 32 Desarticulação entre o órgão gerenciador e os órgãos implementadores das ações de

abastecimento de água. ...................................................................................................... 36 Necessidade de melhoria nos mecanismos de controle das obras entregues pela SEDURB

aos municípios e à COSANPA ........................................................................................... 37 Necessidade de aperfeiçoamento dos mecanismos de gerenciamento para o exercício da

vigilância da qualidade da água ........................................................................................ 39

Precariedade dos mecanismos de controle social. ............................................................ 45

4. PRECARIEDADE DO SERVIÇO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA PRESTADO

À POPULAÇÃO ..................................................................................................................... 46 Funcionamento precário dos SAA’s e SAC´s nos municípios visitados ............................ 46

Quanto à estrutura física das instalações dos Sistemas .......................................................... 46 Quanto a operação dos Sistemas de Abastecimento ............................................................... 49 Quanto à manutenção e ausência de estoque nos sistemas de abastecimento ...................... 53 Quanto à proteção dos mananciais e dos pontos de captação ................................................ 56 Quanto a ação da COSANPA no Controle da Qualidade da Água nos municípios em que é

concessionária. ............................................................................................................................ 61

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Quanto à segurança e condições de trabalho dos operadores dos Sistemas ......................... 64 Quanto aos Sistemas Alternativos Coletivos – SAC’s............................................................. 67

Insuficiência de ações de vigilância da qualidade da água .............................................. 69 Insatisfação dos usuários quanto a qualidade, quantidade e regularidade da água. ....... 76

5. ANÁLISE DOS COMENTÁRIOS DO GESTOR .......................................................... 78 6. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 79 7. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO ....................................................................... 82

DETERMINAÇÕES ........................................................................................................... 83 RECOMENDAÇÕES ......................................................................................................... 84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 88 8. APÊNDICE ......................................................................................................................... 91 APÊNDICE I - GLOSSÁRIO ................................................................................................ 91 APÊNDICE II – MODELO DE PLANO DE AÇÂO .......................................................... 95

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RESUMO

Análise do déficit de abastecimento de água no estado do Pará, por meio de ações voltadas

para a ampliação do número de ligações de água prevista no Programa “Água Para Todos”.

Para isso, a presente auditoria teve como objetivo verificar se as ações governamentais 1871

(Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água), implementada pela Companhia de

Saneamento do Pará (COSANPA) e pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e

Regional (SEDURB), 1923 (Implantação, Ampliação e Melhoria do Sistema de

Abastecimento de Água), de responsabilidade da SEDURB e 1925 (Ampliação de Sistema de

Abastecimento de Água - PAC), implementadas pela COSANPA, promoveram melhoria ao

acesso dos beneficiários ao abastecimento de água. A metodologia aplicada para a realização

desta auditoria foi visitas de estudo, sendo utilizadas: matriz de planejamento, matriz de

achados, entre outros papeis de trabalho, sendo coletados dados através de observação direta,

entrevistas e questionários (presencial e via correio), utilizando também pesquisa documental

e a banco de dados. Como resultados foram encontrados: a) fragilidades no planejamento das

ações de abastecimento de água; b) necessidade de aperfeiçoamento dos mecanismos de

gerenciamento em relação às ações de abastecimento de água e de vigilância da qualidade da

água nos municípios do Estado; c) precariedade do serviço de abastecimento de água prestado

à população. A essas deficiências foram sugeridas medidas à SEDURB e à COSANPA,

órgãos gerenciador e implementadores das ações analisadas, por exemplo, definição de

política estadual de saneamento básico, diagnóstico preciso para o planejamento das ações de

abastecimento de água, regularização dos instrumentos jurídicos que regem as concessões nos

municípios, reestruturação dos SAA’s existentes, manter articulação do órgão gerenciador

com os órgãos implementadores das ações de abastecimento de água, Incremento das ações de

vigilância da qualidade da água, promoção do controle social, dentre outras.

Palavras-chave: Abastecimento de água. Ações governamentais. Estado do Pará.

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LISTA DE FOTOGRAFIAS

Fotografia 1 - Bomba escorada no SAA 5º setor em Belém. ................................................... 30 Fotografia 2 - Falta de manutenção no Painel de Comando no SAA Urumari em Santarém. . 30 Fotografia 3 - Falta de manutenção predial no SAA de Altamira. ........................................... 30 Fotografia 4 - Falta de manutenção predial no SAA Largo da Memória em Monte Alegre. ... 30

Fotografia 5 - Rompimento da laje de apoio das caixas d’água no SAC Vila Ponta de Pedra

em São João do Araguaia. ........................................................................................................ 34 Fotografia 6 - Rompimento da laje de apoio das caixas d’água no SAC Vila Ponta de Pedra

em São João do Araguaia. ........................................................................................................ 34 Fotografia 7 – Encurvadura da estrutura da laje provocando rachaduras no fundo da caixa no

SAC Vila 1º de Março em São João do Araguaia. ................................................................... 35 Fotografia 8 - Canalização da fiação elétrica da captação do SAC Vila Ponta de Pedra em São

João do Araguaia com profundidade inadequada, ficando exposta a danos e acidentes. ......... 35

Fotografia 9 - Reservatório de Altamira com rachaduras na estrutura. .................................... 47 Fotografia 10 - Falta de pintura e limpeza da edificação da Subestação do SAA Pajuçara no

município de Monte Alegre. ..................................................................................................... 47 Fotografia 11 - Reservatório da Folha 29 em Marabá com queda do reboco e rachaduras na

estrutura. ................................................................................................................................... 47 Fotografia 12 - Telhado da Casa de bomba comprometido do SAA Garrafão em Capanema. 47

Fotografia 13 - SAA 5° setor no município de Belém. ............................................................ 48 Fotografia 14 - SAA do município de Altamira. ...................................................................... 48 Fotografia 15 - SAA Urumari do município de Santarém........................................................ 48

Fotografia 16 - SAA Bacabal do município de Santarém. ....................................................... 48

Fotografia 17 - Unidade de captação do SAA município de Altamira. .................................... 48 Fotografia 18 - Unidade de captação do SAA município de Santana do Araguaia. ................ 48 Fotografia 19 - Reservatório de madeira com lodo do SAA de Tauari no município de

Capanema ................................................................................................................................. 49 Fotografia 20 – Instalações precárias e reservatório de pequena capacidade do SAA do

Campinho, no município de Capanema .................................................................................... 49 Fotografia 21 - Filtros paralisados por falta de manutenção na ETA 5º Setor município de

Belém. ....................................................................................................................................... 51 Fotografia 22 - Aerador da ETA Cordeiro de Farias no município de Belém. ........................ 51 Fotografia 23 – Distribuição de água da COSANPA por carro-pipa no município de Altamira.

.................................................................................................................................................. 52 Fotografia 24 - Distribuição de água da COSANPA por carro-pipa no município de Altamira.

.................................................................................................................................................. 52

Fotografia 25 - Bomba escorada no SAA Pajuçara em Monte Alegre. .................................... 54

Fotografia 26 - Vazamento na rede de distribuição sem conserto durante a semana da visita

“in loco”, no município de Altamira. ....................................................................................... 54 Fotografia 27 - Filtro da ETA Chumucuí no município de Bragança. ..................................... 55 Fotografia 28 - Material do leito filtrante comprometido da ETA Chumucuí no município de

Bragança. .................................................................................................................................. 55

Fotografia 29 - Adutora superficial do Utinga com risco de contaminação. ............................ 55 Fotografia 30 - Adutora superficial do Utinga com vazamento. .............................................. 55 Fotografia 31 - Falta de contenção lateral na ponte do rio Chumucuí para desvio do

escoamento das águas pluviais. ................................................................................................ 57

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Fotografia 32 - Contaminação da captação no rio Chumucuí pelas enxurradas de águas

pluviais no período de chuvas (foto cedida pelo Sindicato dos Urbanitários). ........................ 57 Fotografia 33 - Captação sem proteção no SAA Altamira e com funcionamento de “porto” nas

proximidades. ........................................................................................................................... 57 Fotografia 34 - Captação sem proteção do SAA Marabá Pioneira........................................... 57 Fotografia 35 - Esgoto sanitário lançado indevidamente no Parque do Utinga, no município de

Belém. ....................................................................................................................................... 58 Fotografia 36 - Proliferação de macrofitas no Lago Bolonha do Parque Utinga no município

de Belém. .................................................................................................................................. 58 Fotografia 37 - Captação lago Bolonha SAA Utinga (município de Belém). .......................... 58 Fotografia 38 - Equipamento utilizado para retirada das macrófitas do SAA Utinga no

município de Belém. ................................................................................................................. 58 Fotografia 39 - Invasão urbana e muro quebrado do Parque do Utinga, no município de

Belém. ....................................................................................................................................... 59

Fotografia 40 - Invasão Urbana e muro quebrado facilitando as invasões no Parque Utinga, no

município de Belém. ................................................................................................................. 59 Fotografia 41 - Muros quebrados do Parque do Utinga, no município de Belém. ................... 59 Fotografia 42 - Entrada de estranhos SAA Utinga no município de Belém............................. 59

Fotografia 43 – Poço em proteção no município de Santarém. ................................................ 60 Fotografia 44 - Invasão de animais no SAA Garrafão no município de Capanema. ............... 60

Fotografia 45 - Despejo de esgoto no igarapé ao lado do SAA Caiçara no município de

Castanhal, com risco de contaminação do lençol freático. ....................................................... 60 Fotografia 46 - Despejo de lixo pelos moradores do entorno do igarapé ao lado do SAA

Caiçara, no município de Castanhal. ........................................................................................ 60 Fotografia 47 - Precário estado de funcionamento do SAA Cordeiro de Farias no município de

Belém. ....................................................................................................................................... 62 Fotografia 48 - Painel de comando quebrado com fiação exposta do SAA 5º setor, no

município de Belém. ................................................................................................................. 62 Fotografia 49 - Vazamento 5º setor (município de Belém). ..................................................... 63 Fotografia 50 – Poço paralisado no SAA de Salvaterra. .......................................................... 63

Fotografia 51 - Cor da água a olho nu, no município de Altamira. .......................................... 63

Fotografia 52 - Cor da água a olho nu município de Santana do Araguaia. ............................. 63 Fotografia 53 - Cor água a olho nu (município de Salvaterra). ................................................ 64 Fotografia 54 - Laboratório precário do SAA Nova Marabá. .................................................. 64 Fotografia 55 - Laboratório precário do SAA do 5º Setor no município de Belém. ................ 64 Fotografia 56 - Laboratório precário do SAA do município de Altamira. ............................... 64

Fotografia 57 - instalações físicas precárias do SAA 5º Setor no município de Belém utilizada

pelos operadores como copa. .................................................................................................... 65 Fotografia 58 - Falta de EPI SAA Garrafão no município de Capanema. ............................... 65

Fotografia 59 – Falta de proteção e capinação da área do SAA da Cidade Nova município de

Ananindeua. .............................................................................................................................. 65 Fotografia 60 - Falta de proteção da área do SAA Urumari no município de Santarém.......... 65 Fotografia 61 - Casa do operador no Urumari, no município de Santarém.............................. 66

Fotografia 62 - Abrigo precário dos operadores do SAA Bacabal no município de Santarém.

.................................................................................................................................................. 66 Fotografia 63 – Obra abandonada do Projeto Alvorada no município de Capanema. ............. 67 Fotografia 64 - Obra abandonada do Projeto Alvorada no município de Vigia. ...................... 67

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Fotografia 65 – Material sub judice, destinados ao Projeto Alvorada dos municípios de

Augusto Correa, Bragança, Capanema, Peixe Boi e Tracuateua.............................................. 67 Fotografia 66 – Material sub judice, destinados ao Projeto Alvorada dos municípios de

Augusto Correa, Bragança, Capanema, Peixe Boi e Tracuateua.............................................. 67 Fotografia 67 - Pressão inadequada da água no município de Monte Alegre. ......................... 76 Fotografia 68 - Pressão inadequada da água no município de Santarém. ................................ 76

Fotografia 69 - Cor amarelada da água no município de Belém. ............................................. 77 Fotografia 70 - Cor amarelada da água no município de Capanema........................................ 77

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Internações por regiões de integração. ................................................................... 14 Gráfico 2 - Déficit de água nas regiões de integração .............................................................. 15 Gráfico 3 – Controle Andamento de Obras (COSANPA) ........................................................ 34 Gráfico 4 - Parâmetro Cloro Residual ...................................................................................... 40 Gráfico 5 - Parâmetro Turbidez ................................................................................................ 40

Gráfico 6 - Parâmetro Coliformes Totais ................................................................................. 41 Gráfico 7 - Relatório VIGIÁGUA 4ª CRS. .............................................................................. 74 Gráfico 8 - Relatório VIGIÁGUA 10ª CRS. ............................................................................ 75

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AGE/PA Auditora Geral do Estado

ALEPA Assembléia Legislativa

AOP Auditoria Operacional

ARCON Agência de Regulação de Serviço Público do Estado do Pará

BO Business Objects

CA Comunicação de Auditoria

CAOP Comissão de Auditoria Operacional

CGVAM Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental

CMB’s Conjunto Motor e Bomba

COEMA Conselho Estadual de Meio Ambiente

COFIS Comissão de Fiscalização

COSANPA Companhia de Saneamento do Pará

CREA Conselho Regional de Engenharia

CRS´s Centros Regionais de Saúde

CVS Coordenação de Vigilância em Saúde

DCE Departamento de Controle externo

DDA Doença Diarréica Aguda

DVH´s Doenças de Veiculação Hídrica

DVR Diagrama de Verificação de Risco

EPI Equipamento de Proteção Individual

ETA Estação de Tratamento de água

ETE Estação de tratamento de Esgoto

FICOP Fundo de Investimento de Combate à Pobreza

FUNASA Fundação Nacional de Saúde

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LACEN Laboratório Central

LNSB Lei Nacional de Saneamento Básico

LOA's Leis Orçamentárias anuais

LPB’s Laboratórios de Provas Básicas

MPE Ministério Público do Estado

MS Ministério da Saúde

OPAS Organização Pan-Americana da Saúde

PAAR Ocupação do complexo de conjuntos Pará, Amazonas, Acre, Rondônia

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

PPA Plano Plurianual

SAA Sistema de Abastecimento de Água

SAC Sistema Alternativo Coletivo

SAI Sistema Alternativo Individual

SEDURB Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional

SEGOV Secretaria Especial de Governo

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SEIDURB Secretaria de Estado de Integração Regional, Desenvolvimento Urbano e

Metropolitano

SEINFRA Secretaria Especial de Estado de Infra Estrutura e Logística para o

Desenvolvimento Sustentável

SEIR Secretaria de Estado de Integração Regional

SEMA Secretaria de Meio Ambiente

SESMA Secretaria Municipal de Saúde e Meio Ambiente

SESPA Secretaria de Estado de Saúde do Estado do Pará

SIAFEM Sistema Integrado de Administração Financeira para Estado e Municípios

SINAN NET Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SISÁGUA Sistema de Informação de Vigilância da qualidade da água para consumo

humano

SIVEP Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica

SMS’s Secretarias Municipais de Saúde

STIUPA Sindicato dos Urbanitários do Pará

SUS Sistema Único de Saúde

TCE/PA Tribunal de Contas do Estado do Pará

TCM - PA Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Pará

TCU Tribunal de Contas da União

UFPA Universidade Federal do Pará

VIGIÁGUA Vigilância em Saúde Ambiental relacionada a qualidade da água para

consumo humano

VISAMB Vigilância em Saúde Ambiental

VSA Vigilância à Saúde

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Internações Relacionadas com Doenças de veiculação Hídrica (DVH’s) e Déficit

de Água no ano de 2007 por Região de Integração. ................................................................. 14 Tabela 2 - Ampliação do Sistema de Abastecimento de Água SEDURB e COSANPA ......... 19 Tabela 3 - Implantação, Ampliação e Melhoria de Sistema de Abastecimento de Água

SEDURB e COSANPA. ........................................................................................................... 19 Tabela 4 - Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água (COSANPA) .......................... 20 Tabela 5 - Ampliação de Sistema de abastecimento de água – PAC (COSANPA) ................. 21 Tabela 6 - Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água (SEDURB) ............................. 22 Tabela 7 - Implantação, Ampliação e Melhoria de Sistema de Abastecimento de Água

(SEDURB). ............................................................................................................................... 22 Tabela 8 - Relatório VIGIÁGUA 4ª CRS (jan. a out 2010) referente à população estimada de

469.663 habitantes. ................................................................................................................... 74

Tabela 9 - Relatório VIGIÁGUA 10ª CRS (jan. a out 2010) apenas referente à população de

28.093 habitantes do município de Porto de Moz .................................................................... 75

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12

1. INTRODUÇÃO

Antecedentes

1.1 O Plano Estratégico do TCE/PA (Tribunal de Contas do Estado do Pará) para o

quadriênio 2008-2011 define, como objetivos estratégicos da instituição, entre outros,

contribuir para a melhoria contínua da gestão pública, estimular o controle social e a

adoção de postura orientadora. O Tribunal de Contas da União (TCU) coloca como

objetivos da auditoria operacional (AOP) justamente sua inserção ao processo de gestão,

estimulando o controle político e social, fornecendo informações à sociedade e ao

parlamento sobre o desempenho dos programas e sobre as organizações

governamentais.

1.2 A AOP na função saneamento encontra-se prevista no Plano Anual de Atividades

do TCE/PA para o exercício de 2010, aprovada em Plenário, através da Resolução nº

17.788 de 26/11/2009.

1.3 De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e Organização

Mundial de Saúde (1998), a água e a saúde da população são duas coisas inseparáveis e

indispensáveis para a vida humana e uma das metas da Declaração do Milênio das

Nações Unidas, de 8 de setembro de 2000, é garantir a sustentabilidade ambiental, pois

um bilhão de pessoas ainda não tem acesso a água potável. Essa questão de âmbito

mundial demandou ações do governo brasileiro, destacando-se entre essas a

institucionalização de programas para a área de Saneamento.

1.4 Em 2008, no estado do Pará foi implantado o Programa Água Para Todos, em

razão da cobertura, qualidade e sustentabilidade dos serviços de saneamento básico

(água, esgoto e resíduos sólidos urbanos1) serem insuficientes para atender as demandas

da população local (PARÁ, 2010). Entre os problemas observados estavam:

ausência de políticas de saneamento estadual;

dificuldade de acesso aos municípios e localidades;

capacidade institucional insuficiente para a gestão dos recursos naturais

(recursos hídricos);

baixa capacitação técnica das prefeituras;

capacidade institucional deficiente para implantação de sistemas de

abastecimento de água e esgotamento sanitário;

ausência de regularização fundiária;

ausência de estudos geofísicos e hidrogeológicos;

1 De acordo com a Lei 11.445/ 2007, o saneamento básico compreende os serviços de abastecimento de

água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo

das águas pluviais urbanas (BRASIL, 2007).

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insuficiência de planejamento e integração nas ações de saneamento;

baixo atendimento e qualidade de energia elétrica;

capacidade institucional insuficiente no monitoramento e controle da

qualidade da água;

baixa qualidade e cobertura dos sistemas de abastecimento de água,

esgotamento sanitário e manejo de resíduos sólidos;

Ausência de mecanismos de planejamento, regulação, fiscalização e

controle social na prestação dos serviços.

1.5 A finalidade do Programa “Água para Todos” é assegurar direitos humanos

fundamentais, como o acesso à água potável e à vida em ambiente salubre nas áreas

urbana e rural, mediante a implementação de ações para abastecimento de água,

serviços de esgotamento sanitário, política estadual de saneamento e outras

correlacionadas a salubridade ambiental, de forma a reverter o quadro deficitário de

saneamento no Estado do Pará (PARÁ, 2010).

1.6 Os dados do setor de saúde do estado do Pará indicam que, no ano de 2007, foram

registradas 53.063 internações referentes às doenças de cólera, de febre tifóide e para-

tifóide, de amebíase, de diarréias/ gastroenterite e outras infecções intestinais, as quais

estão relacionadas à veiculação hídrica (BRASIL, 2008).

1.7 Apesar de situado na maior bacia hidrográfica do planeta, o déficit de água

encanada no Estado do Pará foi elevado no ano de 2008, com valor médio de 53,36%,

sendo bem superior ao índice nacional que é de 16,09% .

1.8 O déficit de água encanada do Estado foi calculado com informações dos 143

municípios, pois na contagem não foram incluídos dados do recente munícipio criado de

Mojuí dos Campos, em 01 de janeiro de 2010, aprovado pela Lei Estadual nº.

6.268/1999.

1.9 Para melhor visualização dos dados descritos acima, será apresentado na Tabela 1,

Gráfico 1 e Gráfico 2 os números das internações (morbidade hospitalar) do Sistema

Único de Saúde (SUS), bem como o déficit de água encanada2, referente ao ano de

2007, nas diversas regiões de integração do Estado do Pará.

2 O valor médio do déficit de água encanada por região de integração do Estado do Pará foi calculado

com dados da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Regional (SEDURB).

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14

Tabela 1 - Internações Relacionadas com Doenças de veiculação Hídrica (DVH’s) e

Déficit de Água no ano de 2007 por Região de Integração.

Região de

Integração

População

(hab.)

Quantidade

Internação

Hospitalar no

ano 2007

População

Internada

(%)

Déficit de

Água

Encanada2

(%)

Rio Capim 534.715 6.445 1,21 50,57

Carajás 497.937 4.002 0,80 54,06

Marajó 414.310 2.163 0,52 65,81

Rio Caetés 431.418 3.332 0,77 55,64

Lago do Tucuruí 322.743 2.522 0,78 65,69

Araguaia 406.000 3.812 0,94 56,25

Tapajós 244.742 2.584 1,06 66,13

Tocantins 655.955 5.992 0,91 59,00

Xingu 317.472 2.905 0,92 60,48

Guamá 558.162 4.871 0,87 38,49

Baixo Amazonas 638.582 4.045 0,63 47,22

Metropolitana 2.043.537 10.390 0,51 22,73

Estado do Pará 7.065.573 53.063 0,75 53,51 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2007), Brasil (2008) e Pará (2007?).

1,21%

0,80%

0,52%

0,77% 0,78%

0,94%

1,06%

0,91% 0,92%0,87%

0,63%

0,51%

Media Internações Pará: 0,75%

0,00%

0,20%

0,40%

0,60%

0,80%

1,00%

1,20%

1,40%

Rio Capim Carajás Marajó Rio Caetés Lago doTucuruí

Araguaia Tapajós Tocantins Xingu Guamá BaixoAmazonas

Metropolitana

PERCENTUAL DE INTERNAÇÕES POR REGIÕES DE INTEGRAÇÃO (ESTADO DE PARÁ)

% População Internada Média Internações Estado do Pará

Gráfico 1 - Internações por regiões de integração.

Fonte: Brasil (2008).

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15

50,57%54,06%

65,81%

55,64%

65,69%

56,25%

66,13%

59,00% 60,48%

38,49%

47,22%

22,73%Média Déficit de Àgua

Brasil:16,06%

Media Déficit de Água Pará: 53,51%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Rio Capim Carajás Marajó Rio Caetés Lago doTucuruí

Araguaia Tapajós Tocantins Xingu Guamá BaixoAmazonas

Metropolitana

DÉFICIT DE ÁGUA POR REGIÕES DE INTEGRAÇÃO (ESTADO DE PARÁ)

Déficit de Água Encanada Déficit de ÁguaBrasil Déficit de Água Estado do Pará

Gráfico 2 - Déficit de água nas regiões de integração

Fonte: Pará (2007?).

Identificação do Objeto da Auditoria

1.10 A Constituição Federal de 1988 prevê no inciso IX do art. 23 que é competência

comum dos três níveis de governo promover melhoria das condições de saneamento

básico à população. Também no mesmo diploma legal, no inciso VI do art. 200,

estabelece como competência do SUS, dentre outras atribuições, a de fiscalizar e

inspecionar águas para o consumo humano.

1.11 A Constituição do Estado do Pará no art. 267 estabelece o dever do Estado e

municípios em garantir aos seus cidadãos saneamento básico, entre eles, sistemas de

abastecimento de água (SAA’s), cabendo aos referidos entes, adotarem mecanismos

institucionais e financeiros para tal fim.

1.12 O Governo do Estado do Pará em virtude dos serviços de saneamento básico

serem insuficientes para atender as demandas da população local, no que diz respeito à

cobertura, qualidade e sustentabilidade desses serviços, definiu como política prioritária

na área de saneamento a implantação do programa “Água para Todos” visando reverter

o quadro deficitário de saneamento em nosso Estado.

1.13 À luz dessa situação, considerou-se oportuno e relevante que a presente auditoria

avaliasse o programa governamental “Água para Todos” no que tange as questões

específicas de abastecimento de água, visto que é premente a reivindicação da

população ao acesso a esse bem hídrico tão precioso para a humanidade.

1.14 Vale ressaltar, o gerenciamento do Programa Água para Todos é atribuição da

Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional (SEDURB), sendo a sua

implementação realizada pelos seguintes órgãos estaduais:

a) Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional;

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16

b) Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA);

c) Secretarias de Estado de Meio Ambiente;

d) Secretaria de Estado de Saúde e seus Centros Regionais de Saúde

(CRS’s).

Objetivos e Escopo da Auditoria

1.15 Dessa forma, a auditoria objetiva verificar se as ações governamentais 1871

(Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água), 1923 (Implantação, Ampliação e

Melhoria do Sistema de Abastecimento de Água) e 1925 (Ampliação de Sistema de

Abastecimento de Água - PAC) constantes do “Programa Água para Todos”

promoveram melhoria no acesso dos beneficiários ao abastecimento de água, bem

como, a atuação dos órgãos executores no planejamento e gerenciamento das mesmas.

1.16 A partir dos estudos realizados no “Programa Água para Todos”, mais

especificamente nas ações 1871, 1923 e 1925, foram elaboradas três questões de

auditoria:

1) O planejamento das ações apresentam fragilidades que possam

comprometer o acesso da população ao abastecimento de água?

2) Como vem sendo realizado o gerenciamento das ações implementadas

para melhoria do abastecimento de água?

3) Os beneficiários das ações estão recebendo água com qualidade,

quantidade e regularidade?

Metodologia

1.17 O trabalho foi realizado por meio de visita de estudo. Os métodos de coleta de

dados usados foram observação direta, entrevistas e questionários (presencial e via

correio). Utilizou-se também pesquisa documental e a banco de dados.

1.18 Inicialmente, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com gestores,

coordenadores e especialistas, com o intuito de levantar o diagnóstico dos principais

problemas de saneamento no Estado do Pará.

1.19 Com o objetivo de subsidiar os trabalhos na avaliação das ações do Programa

“Água para Todos”, referente aos sistemas de abastecimento de água nos municípios do

Estado, dos 38 municípios previstos no Plano Plurianual (PPA) 2008/2011 a serem

contemplados com as ações de abastecimento de água do Programa ora avaliado, a

equipe de auditoria selecionou 16 municípios, que somam 3.223.859 habitantes, quais

sejam: Abaetetuba (141.054 hab.), Altamira (105.030 hab.), Ananindeua (471.744

hab.), Belém (1.392.031 hab.), Bragança (113.165 hab.), Capanema (63.628 hab.),

Castanhal (173.096 hab.), Marabá (233.462 hab.), Monte Alegre (55.459 hab.), Nova

Esperança do Piriá (20.159 hab.), Salvaterra (20.184 hab.), Santana do Araguaia

(56.132 hab.), Santarém (294.774 hab.), São João do Araguaia (13.149 hab.),

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17

Sebastião da Boa Vista (22.890 hab.) e Vigia (47.902 hab.), sendo visitados nesses

municípios um total de 26 SAA’s, mostrado no Mapa 1.

Mapa 1 – Municípios visitados pela equipe de AOP TCE/PA.

1.20 A referida amostra dos municípios a serem visitados, teve como critérios o

cruzamento de informações como: municípios de maior déficit de água encanada,

incidência de internações hospitalares por DVH’s e relevância material dos recursos

aplicados, levando em consideração a localização geográfica do município nas 12

regiões do Estado.

1.21 As visitas de estudo ocorridas na amostra selecionada dos municípios, se deram

nas obras de implantação, ampliação e melhoria dos Sistemas de Abastecimento de

Água (SAA´s), sendo que em 12 (doze) deles a COSANPA atua como concessionária

dos serviços de abastecimento, nos demais municípios as obras estavam sendo

Altamira

Santarém

Vigia Castanhal

Capanema

Salvaterra

Bragança

Nova Esperança do Piriá

São João do Araguaia

Marabá

Abaetetuba

Monte Alegre

São Sebastião da Boa Vista

Belém

Ananindeua

Santana do Araguaia

44°40'0"W

44°40'0"W

47°0'0"W

47°0'0"W

49°20'0"W

49°20'0"W

51°40'0"W

51°40'0"W

54°0'0"W

54°0'0"W

56°20'0"W

56°20'0"W

58°40'0"W

58°40'0"W

2°1

0'0

"N

2°1

0'0

"N

0°1

0'0

"S

0°1

0'0

"S

2°3

0'0

"S

2°3

0'0

"S

4°5

0'0

"S

4°5

0'0

"S

7°1

0'0

"S

7°1

0'0

"S

9°3

0'0

"S

9°3

0'0

"S

Escala: 1/9.000.000

Regiões de Integração - Pará

®

LAGO DE TUCURUÍ

MARAJÓ

RIO CAETÉ

TAPAJÓSARAGUAIA

BAIXO AMAZONAS

CARAJÁS

GUAMÁ METROPOLITANA

RIO CAPIM

TOCANTINS

XINGU

Altamira

Santarém

Vigia Castanhal

Capanema

Salvaterra

Bragança

Nova Esperança do Piriá

São João do Araguaia

Marabá

Abaetetuba

Monte Alegre

São Sebastião da Boa Vista

Belém

Ananindeua

Santana do Araguaia

44°40'0"W

44°40'0"W

47°0'0"W

47°0'0"W

49°20'0"W

49°20'0"W

51°40'0"W

51°40'0"W

54°0'0"W

54°0'0"W

56°20'0"W

56°20'0"W

58°40'0"W

58°40'0"W

2°1

0'0

"N

2°1

0'0

"N

0°1

0'0

"S

0°1

0'0

"S

2°3

0'0

"S

2°3

0'0

"S

4°5

0'0

"S

4°5

0'0

"S

7°1

0'0

"S

7°1

0'0

"S

9°3

0'0

"S

9°3

0'0

"S

Escala: 1/9.000.000

Regiões de Integração - Pará

®

LAGO DE TUCURUÍ

MARAJÓ

RIO CAETÉ

TAPAJÓSARAGUAIA

BAIXO AMAZONAS

CARAJÁS

GUAMÁ METROPOLITANA

RIO CAPIM

TOCANTINS

XINGU

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18

executadas pela SEDURB, sendo aplicados 575 questionários entre os usuários (551),

operadores e gerentes (24) dos sistemas de abastecimento de água.

1.22 Foram postados , via correio, 157 questionários para as 144 prefeituras municipais

e 13 CRS’s, com o fim de levantar informações relacionadas à atuação das prefeituras

quanto aos Sistemas Alternativos Coletivos (SAC’s), quanto à vigilância e controle da

qualidade da água, dentre outros, assim como, identificar possíveis achados que foram

levantados nos trabalhos de auditoria, totalizando o montante de 732 questionários

aplicados no decorrer da auditoria.

1.23 Vale ressaltar, que esse montante de 732 questionários aplicados conjuntamente

com os demais instrumentos de coleta de dados, forneceram as evidências e

informações necessárias para a consecução deste relatório, bem como das

recomendações, que se forem oportunamente adotadas, irão contribuir para minimizar o

déficit de água no estado do Pará.

Análise Orçamentária e financeira

1.24 O PPA para o quadriênio de 2008/2011, aprovado pela Lei nº 7.077 de

28/09/2007, traz dentre outras ações do Programa Finalístico de Governo “Água para

Todos” as ações, 1871-Ampliação de sistema de abastecimento de Água; 1923-

Implantação, ampliação e melhoria de sistema de abastecimento de água e 1925-

Ampliação de sistemas de abastecimento de água – PAC, objetiva melhorar o acesso

aos serviços de saneamento básico (abastecimento de água, esgotamento sanitário e

resíduos sólidos), no território do Estado, tanto em termos quantitativos quanto

qualitativos.

1.25 Para melhor entendimento das alocações orçamentárias e financeira das ações

1871, 1923 e 1925 escopo desta auditoria seguem tabelas com Demonstrativos das

Despesas previstas e executadas por fonte de Recursos dos órgãos implementadores

COSANPA e SEDURB.

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19

Ação: 1871- Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água

Tabela 2 - Ampliação do Sistema de Abastecimento de Água SEDURB e COSANPA

Fonte Nome da Fonte Previsão –

SEDURB Execução SEDURB Previsão - COSANPA Execução COSANPA

Exec. SEDURB

/COSANPA

001 Recursos Ordinários 13.940.999,23 9.046.411,55 600.000,00 0,00 9.046.411,55

006 Recur. prov. transf. conv. e

outros.

56.184.643,71 5.678.180,43 1.575.362,54 380.259,95 6.058.440,38

021 Rec. Ordinários Contrap.

Estadual

4.760.866,96 787.790,52 26.317.306,96 17.528.068,37 18.315.858,89

030 Operações de Crédito Internas 4.751.898,11 1.437.591,43 129.368.202,50 93.800.869,46 95.238.460,89

Total 79.638.408,01 16.949.973,93 157.860.872,00 111.709.197,78 128.659.171,71

Fonte: Business Objects (2010), Demonstrativo da COSANPA de 06.10.2010 e Demonstrativo da SEDURB de 05.10.2010.

Ação: 1923 – Implantação, Ampliação e Melhoria de Sistema de Abastecimento de Água (SEDURB) e 1925 – Ampliação de

Sistema de abastecimento de água – PAC (COSANPA)

Tabela 3 - Implantação, Ampliação e Melhoria de Sistema de Abastecimento de Água SEDURB e COSANPA.

Fonte Nome da Fonte Previsão – SEDURB (1923) Execução SEDURB Previsão - COSANPA

(1925) Execução COSANPA

001 Recurso Ordinários 11.788.760,07 2.593.623,30 0,00 0,00

006 Recur. prov.t ransf.conv. e outros. 0,00 0,00 119.099.843,67 22.740.014,80

021 Rec. Ordinários Contrap. Estadual 2.368.185,63 55.178,63 27.328.394,36 9.594.014,79

030 Operações de Crédito Internas 11.735.698,05 2.383.761,94 60.331.650,20 37.297.475,71

059 Rec. Próprios . do Fundo de

Investimento de Combate à Pobreza

(FICOP)

1.065.000,00 0,00 0,00 0,00

Total 26.957.643,75 5.032.563.87 206.759.888,23 69.631.505,30

Fonte: B.O em 01/03/2011às 12h: 2min7seg; Demonstrativo da COSANPA de 06.10.2010; Demonstrativo da SEDURB de 05.10.2010.

Page 21: AUDITORIA OPERACIONAL - Portal TCE-PA · PAC) promoveram melhoria ao acesso dos beneficiários ao abastecimento de água. Período abrangido pela auditoria: Exercícios de 2008 a

20

1.26 Conforme demonstrativos, para as ações 1871, 1923 e 1925, foram previstos R$

471.216.811, 99 e executados R$ 203.323.240,88 (43,14%).

1.27 De acordo com as Leis Orçamentárias Anuais (LOA´s) de 2008, 2009 e 2010 da

SEDURB e COSANPA para as ações 1871, 1923 e 1925 foram previstas 358.404

ligações a serem implantadas/realizadas nos municípios do Estado.

Da implementação das ações 1871 e 1925 pela COSANPA

1.28 Conforme informações da Companhia de Saneamento do Pará observou-se que

dos 144 municípios do Estado a concessionária dos serviços de Abastecimento de Água

atua em 58 deles, o que corresponde a 40,27%, demonstrando ainda baixa cobertura dos

serviços de abastecimento de água nos municípios.

1.29 Dos 58 municípios onde a COSANPA atua, no período entre 2007 a 2010, só 13

localidades (22,41%), foram beneficiados com os investimentos da companhia.

1.30 Quanto à atuação da COSANPA, nas LOA´s dos exercícios de 2008, 2009 e 2010,

foram previstas 167.245 ligações a serem implantadas/realizadas nos municípios do

Estado nas ações 1871 e 1925.

1.31 De acordo com o demonstrativo da COSANPA, de 2007 a 2010, para a

implementação das ações 1871 e 1925, foi previsto para os municípios de Monte

Alegre, Santarém, Marabá, Castanhal, Marituba, Itaituba, D. Elizeu, Igarapé – Miri,

Oriximiná, Santana do Araguaia, Novo Repartimento, Belém, Ananindeua e Altamira, o

montante de R$ 364.620.760,23, e executado R$ 181.340.703,08 (49,73%).

Ação: 1871- Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água

Tabela 4 - Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água (COSANPA)

Fonte Nome da Fonte Previsão –

COSANPA

Execução

COSANPA

%

Execução

001 Recurso Ordinários 600.000,00 0,00 0 %

006 Rec. prov. transf. Conv. e

outros.

1.575.362,54 380.259,95 24,13%

021 Rec. Ordinários Contrapartida

Estadual

26.317.306,96 17.528.068,37 65,57%

030 Operações de Crédito Internas 129.368.202,50 93.800.869,46 72,50%

Total 157.860.872,00 111.709.197,78 70,76%

Fonte: Demonstrativo da COSANPA de 06.10.2010;

1.32 A ação 1871 executou R$ 111.709.197,78 representando 70,76% do montante dos

recursos previstos. Cabe destacar que a fonte 030 (Operações de Crédito Internas) teve

maior execução, 72,50% do que foi previsto, enquanto que a fonte 006 (Rec. prov.

transf. Conv. e outros) foi a que menos executou, com apenas 24,13% do previsto.

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21

1925 – Ampliação de Sistema de abastecimento de água – PAC

(COSANPA)

Tabela 5 - Ampliação de Sistema de abastecimento de água – PAC (COSANPA)

Fonte Nome da Fonte Previsão –

COSANPA

Execução

COSANPA

%

Execução

006 Recur. prov. transf.conv. e

outros.

119.099.843,67 22.740.014,80 19,09 %

021 Rec. Ordinários Contrap.

Estadual

27.328.394,36 9.594.014,79 35,10 %

030 Operações de Crédito Internas 60.331.650,20 37.297.475,71 61,82 %

Total 206.759.888,23 69.631.505,30 33,67%

Fonte: Demonstrativo da COSANPA de 06.10.2010;

1.33 A ação 1925, executou R$ 69.631.505,30 representando 33,67%, do montante dos

recursos previstos. Cabe destacar que a fonte 006 (Recur. prov. transf. conv. e outros)

executou apenas 19,09% do que foi previsto, enquanto que a fonte 030 (Operações de

Crédito Internas) executou 61,82% do previsto.

1.34 Do valor executado pela COSANPA nos municípios acima mencionados, é

importante destacar que o município de Belém, R$ 67.825.422,47; Marabá, R$

40.665.768,36; Castanhal, R$ 21.270.571,08; Ananindeua, R$ 20.886.401,61 e

Santarém R$ 10.694.991,01, receberam juntos o montante de R$ 161.343.174,53,

representando 88,97% das ações 1871,1923 e 1925, restando pouco mais de 11% dos

recursos a serem aplicados nos demais municípios.

Da implementação das ações 1871 e 1923 pela SEDURB

1.35 Conforme informações da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano e

Regional (SEDURB), que é gerente do Programa “Água para Todos” e também

responsável pela implementação de parte da ação 1871 e 1923, no período de 2008 a

2010, dos 144 municípios do Estado, a mesma planejou investimentos para serem

aplicados em 26 deles, ou seja, 16,66%, quais sejam: Abaetetuba, Abel Figueiredo,

Ananindeua, Anajás, Aurora do Pará, Bagre, Belém, Bragança, Capanema, Capitão

Poço, Chaves, Castanhal, Gurupá, Jacareacanga, Melgaço, Nova Esperança do Piriá,

Novo Progresso, Ourilândia do Norte, Prainha, Salvaterra, Santa Cruz do Arari,

Santarém, São Sebastião da Boa Vista, São João do Araguaia, Tailândia e Vigia.

1.36 Vale salientar que dos 26 municípios onde a SEDURB planejou investimentos

para os serviços de abastecimento de água, 13 deles que se encontram em destaque, ou

seja, 50%, a COSANPA já atua como concessionária desses serviços.

1.37 Conforme LOA´s de 2008, 2009 e 2010 da SEDURB para as ações 1871 e 1923

foram previstas 191.159 ligações a serem implantadas/realizadas nos municípios do

Estado.

1.38 De acordo com as tabelas 2 e 3 , nas ações 1871 e 1923 a SEDURB, teve previsão

de R$ 106.596.051,76 e executou R$ 21.982.537,80, ou seja, o percentual de execução

foi de apenas 20,62%.

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Ação: 1871- Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água

Tabela 6 - Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água (SEDURB)

Fonte Nome da Fonte Previsão –

SEDURB

Execução –

SEDURB

%

Execução

001 Recurso Ordinários 13.940.999,23 9.046.411,55 64,89 %

006 Recur.prov.t ransf.conv. e

outros.

56.184.643,71 5.678.180,43 10,10 %

021 Rec. Ordinários Contrap.

Estadual

4.760.866,96 787.790,52 16,54 %

030 Operações de Crédito Internas 4.751.898,11 1.437.591,43 30,25 %

Total 79.638.408,01 16.949.973,93 21,28 %

Fonte: Demonstrativo da SEDURB de 05.10.2010;

1.39 A ação 1871 teve previsão de gastos no valor de R$ 79.638.408,01 e execução de

R$ 16.949.973,93 (21,28 %) os recursos são provenientes das seguintes fontes: 001

houve previsão de R$ 13.940.999,23 e houve execução R$ 9.046.411,55 (64,89%);

fonte 006: houve previsão de R$ 56.184.643,71 e execução R$ 5.678.180,43 (10,10%),

na fonte 021 houve previsão de R$ 4.760.866,96 e Execução R$ 787.790,52 e na fonte

030 houve previsão de R$ 4.751.898,11 e Execução de R$ 1.437.591,43.

Ação: 1923 – Implantação, Ampliação e Melhoria de Sistema de

Abastecimento de Água (SEDURB)

Tabela 7 - Implantação, Ampliação e Melhoria de Sistema de Abastecimento de Água

(SEDURB).

Fonte Nome da Fonte Previsão –

SEDURB

Execução -

SEDURB

%

Execução

001 Recursos Ordinários 11.788.760,07 2.593.623,30 22,00 %

021 Rec. Ordinários Contrap.

Estadual

2.368.185,63 55.178,63 2,32 %

030 Operações de Crédito Internas 11.735.698,05 2.383.761,94 20,31 %

059 Rec.prop. do FICOP 1.065.000,00 0,00 0,00 %

Total 26.957.643,75 5.032.563.87 18,66 %

Fonte: Demonstrativo da SEDURB de 05.10.2010;

1.40 A ação 1923 teve previsão de gastos no montante de R$ 26.957.643,75 e execução

de R$ 5.032.563,87(18,66%). Cabe destacar que a fonte 001 (Recursos Ordinários) teve

maior execução, 22,00% do que foi previsto, enquanto que a fonte 021 (Rec. Ordinários

Contrap. Estadual) foi a que menos executou, com apenas 22,32% do previsto.

1.41 Diante do exposto, considerando que o objetivo das ações 1871, 1923 e 1925 do

Programa “Água para Todos” é implantar novos sistemas de abastecimento de água e

elevar o nível de atendimento dos serviços de abastecimento de água para a população

do Estado, constatou-se que os investimentos realizados pela SEDURB e COSANPA,

foram aplicados em 39 municípios, representando apenas 27,08% dos 144 municípios

do Estado. Do que foi investido nos 39 municípios pelos referidos órgãos, pouco mais

de 40% foi efetivamente executado, o que contribuiu para o não atingimento das

358.404 ligações previstas/realizadas nas LOA’s (2008 a 2010) da SEDURB e

COSANPA.

1.42 Vale ressaltar que a SEDURB, como gerente do programa “Água para Todos”,

não informou a quantidade de ligações efetivamente implantadas/realizadas. De acordo

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com as visitas de estudos, a equipe verificou que dos 16 municípios visitados apenas 04

destes tiveram ligações implantadas/realizadas, tais como: Marabá, Salvaterra, Santana

do Araguaia e São João do Araguaia, ficando 12 dos municípios visitados com obras

não concluídas.

1.43 Desta feita, o não alcance das metas, por parte desses órgãos, resulta na

insatisfação da população que não chegou a ser beneficiada com água encanada em suas

residências, bem como, aumenta, ainda mais, o descrédito das instituições

governamentais envolvidas.

2. FRAGILIDADES ENCONTRADAS NO PLANEJAMENTO DAS AÇÕES DE

ABASTECIMENTO DE ÁGUA.

Ausência de política estadual formalmente estabelecida, com objetivos e metas para a

universalização do abastecimento de água no Estado.

2.1 A Lei Nacional de Saneamento Básico (LNSB - Lei nº. 11.445/2007) estabelece a

obrigatoriedade da elaboração da Política Pública (art. 9º) e do Plano de Saneamento

Básico (art. 19) como instrumentos centrais de gestão dos serviços de saneamento

básico, ratificando o que dispõe o inciso IX do art. 23 e inciso V do art. 30 da

Constituição Federal e §5° do art. 265 e art. 267 da Constituição Estadual.

2.2 Na Lei nº.11.445/2007 é estabelecido que a Política define o modelo jurídico-

institucional e as funções de gestão e fixa os direitos e deveres dos usuários, enquanto o

Plano estabelece as condições para a prestação dos serviços de saneamento básico,

definindo objetivos e metas para a universalização e programas, projetos e ações

necessários para alcançá-la.

2.3 Quanto à existência de política e/ou do plano estadual de saneamento, a

SEDURB, responsável pela gerência do Programa “Água para Todos” e por

implementar ações de abastecimento de água nos municípios do Estado, informou no

Oficio n°1544/2010-GABS/SEDURB de 25/11/2010, que não existe política estadual

formalmente estabelecida para os municípios não cobertos pela COSANPA, bem como,

“que os instrumentos concretos elaborados pelo governo do Estado voltados a

regulamentação do setor de saneamento são: roteiro de elaboração do plano estadual

de saneamento e projeto de lei da política estadual de saneamento”.

2.4 A Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA) também informou, nos

Ofícios n°885-P de 29/09/2010 e n°1084-P de 17/12/2010, da inexistência de política

e/ou plano estadual de saneamento formalmente estabelecido, tendo ainda citado que há

uma proposta de plano estadual de saneamento “elaborada por um grupo de trabalho,

coordenado pela câmara de infraestrutura [sic] da Secretaria Especial de Governo

(SEGOV), em que a COSANPA também fez parte, apreciada no Congresso das Cidades

e encaminhada ao gabinete da governadora para aprovação”. Contudo, nenhuma

informação do andamento dessa proposta foi repassada a esta equipe de auditoria, tanto

na gestão da ex-governadora Ana Júlia Carepa (2007-2010, Comunicação de Auditoria

(CA) 01 e 02 da COSANPA) quanto na atual gestão, quer seja pela SEGOV ou pela

Secretaria de Estado de Integração Regional (SEIR), ambas instadas pelas CA’s 01 de

14/02/2011.

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24

2.5 As 144 prefeituras do estado do Pará foram indagadas da participação municipal

no planejamento estadual das ações de abastecimento de água do Programa Água para

Todos, tendo apenas 34 prefeituras respondido aos questionários enviados via correio,

com 55,88% dessas afirmado que não foram convocadas pelo governo estadual para

participar do planejamento das ações de abastecimento de água na área do município.

2.6 As ausências da política e do plano estadual de saneamento básico comprometem

e fragilizam o planejamento e o alcance das metas programadas no Estado,

evidenciando a falta de diretrizes para minimizar ou solucionar os déficits de

saneamento básico nos municípios do Estado, em médio e longo prazo. Com isso, os

programas e ações de cada governo são realizados sem vínculo a uma política de

Estado, sendo apenas de governo, com prejuízos para o atendimento da população.

2.7 Vale ressaltar que o PPA vem sendo utilizado como ato formal da política de

governo para as ações do "Programa Água para Todos”, resultando em adoção de

políticas de curto prazo, em detrimento de uma política de Estado, que é planejada

vislumbrando a continuidade das ações governamentais, independente de mudança de

governos.

2.8 Também é oportuno frisar que a Resolução recomendada nº 33 de 01/03/2007, do

Ministério das Cidades, estabelece prazos para elaboração dos planos de saneamento

básico nos níveis nacionais, estaduais/regionais e municipais, observa-se ainda a

necessidade e a razoabilidade da existência de plano estadual de saneamento básico,

objetivando ser o instrumento norteador das ações de governo para a elaboração da

política de saneamento no Estado.

2.9 A falta dos instrumentos de gestão e a centralização das decisões no Governo

reduziram o apoio do Estado para a adequação dos municípios paraenses à Política

Nacional de Saneamento Básico, estabelecida na Lei n° 11.445/2007. Vale ressaltar que

outros estados brasileiros estão mais avançados na busca pelo estabelecimento de

dispositivos legais estaduais, a exemplo do estado da Paraíba (Lei 8.485).

2.10 Dessa forma, as ações de abastecimento de água do Programa Água para Todos

foram planejados de forma desarticulada e descontínua, tendo critérios incompletos na

definição das áreas prioritárias, projetos de engenharia inadequados à realidade do

município e soluções pontuais para o abastecimento de água da população. Vale

ressaltar que o trabalho isolado e com prioridades distintas dos órgãos estaduais resultou

em problemas para alguns municípios, como a duplicidade de serviços, obras

inacabadas , dentre outros, a exemplo do ocorrido nos municípios de Bragança e São

Sebastião da Boa Vista conforme exemplificado nos subitens da Precariedade dos

SAA’s no item 4, deste relatório.

2.11 Reforçando a assertiva do planejamento desarticulado e descontínuo dos órgãos

envolvidos no Programa Água para Todos, verificou-se que as ações foram definidas

sem considerar as problemáticas de saúde e de saneamento nos municípios do Estado,

especialmente no que se refere aos dados de DVH’s, gerando fragilidades no

planejamento quanto a sua eficácia e na aferição dos resultados do Programa, o que

reduziu o rigor no direcionamento dos investimentos aos municípios com maior

prioridade no atendimento das ações de abastecimento de água.

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25

2.12 Espera-se com a implementação das recomendações do item 2.13 que a SEDURB

e a COSANPA alcancem os seguintes benefícios: a existência de mecanismos e

informações para planejar as ações a serem implementadas pelo Estado e/ou pelos

municípios; integração de ações de abastecimento de água entre o Estado e os

municípios; articulação com outras políticas públicas (de desenvolvimento urbano e

regional, de habitação, de proteção ambiental, de recursos hídricos, de promoção da

saúde e outras de relevante interesse social); disponibilidade de elementos técnicos

(diagnóstico da situação, metas, programas, projetos, ações para emergências e

contingências, indicadores, mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática

da eficiência e eficácia das ações programadas) para justificar e estabelecer os

cronogramas físico-financeiros das ações; hierarquização e priorização na definição das

ações (projetos, obtenção de recursos e obras); agilidade, transparência das decisões e

possibilidade de controle social; aplicação de recursos com base em critérios objetivos

de elegibilidade e prioridade; ações articuladas e integradas entre os órgãos com melhor

aplicação dos recursos.

2.13 Por todo o exposto, esta equipe de auditoria sugere a esta Corte de Contas que

proponha à SEDURB e à COSANPA, objetivando institucionalizar a política e o plano

estadual de saneamento básico, bem como melhorar o planejamento das ações de

abastecimento de água, as seguintes recomendações:

promover ações para a Institucionalização da Política e do Plano Estadual

de Saneamento Básico;

Ausência de diagnóstico preciso para o planejamento das ações de abastecimento de

água.

2.14 Considerando o § 5° do art. 265 da Constituição do Estado do Pará e inciso I do

art.19 e IV do art.48 da 11.445/2007, foi questionado à SEDURB (CA 01, item 01) e à

COSANPA (CA 02, item 03) sobre o diagnóstico do abastecimento de água no estado

do Pará. A SEDURB encaminhou o documento “Quadro Diagnóstico da Situação do

Saneamento no Pará”, com dados insuficientes para subsidiar o planejamento das

ações, enquanto a COSANPA afirmou que “há informações de caráter preliminar e

não efetivamente um diagnóstico” da situação do saneamento no Estado. Assim, da

análise dos documentos recebidos foi constatado que as respostas apresentadas não

constituem diagnóstico da real situação de abastecimento de água no Estado.

2.15 Diante das inconsistências observadas nos documentos apresentados pela

SEDURB e pela COSANPA, ressalta-se a necessidade da elaboração de diagnóstico

preciso, para que informações imprecisas não comprometam o planejamento das ações

de abastecimento de água como: déficits de abastecimento de água, dados

planialtimétricos, áreas de maior incidência de DVH, dentre outras.

2.16 Por outro lado, a Secretaria de Estado de Saúde do Estado do Pará (SESPA),

responsável pela vigilância da qualidade água e detentora de informações da ocorrência

de doenças nos municípios paraenses, não subsidiou a elaboração do diagnóstico de

saneamento básico do Estado, demonstrando o reduzido compartilhamento de

informações/estudos de DVH pelos órgãos envolvidos com a função Saúde e

Saneamento.

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26

2.17 O repasse de informações da SESPA para a COSANPA e a SEDURB foi

questionado (CA 01, item 03), sendo constatado que a SESPA não foi solicitada e nem

remeteu os dados de DVH’s dos municípios paraenses. Com isso, as informações de

doenças não foram consideradas no diagnóstico da situação e, muito menos, utilizadas

no planejamento das ações de abastecimento de água do Programa Água para Todos.

2.18 Mediante questionários enviados às 144 prefeituras municipais, foi perguntado se

o município disponibilizou dados de DVH’s para o governo estadual elaborar o

planejamento das ações de abastecimento de água. Das que responderam o questionário,

70,59% informaram não ter disponibilizado estudos, relatórios e/ou dados de DVH para

o planejamento do Programa Água para Todos.

2.19 Além do diagnóstico impreciso, nas respostas da SEDURB (CA03, itens 04 e 05)

e da COSANPA (CA02, itens 16 e 17) também foi verificada a falta de critérios

formalmente definidos para a elegibilidade e prioridade dos municípios a serem

contemplados com as ações de abastecimento de água.

2.20 Diante do exposto, espera-se com a implementação das recomendações propostas

no item 2.21, que as instituições governamentais alcancem os seguintes benefícios:

conhecer, dispor e utilizar informações e/ou estudos nos programas e ações estaduais,

para a universalização dos serviços de abastecimento de água, assim como, para

aumentar a confiabilidade dessas informações, facilitando a tomada de decisão por parte

dos responsáveis pelos programas de saneamento.

2.21 Assim, esta equipe de auditoria sugere a esta Corte de Contas que proponha aos

órgãos estaduais, as seguintes determinações e recomendações:

Determinações à SEDURB e COSANPA:

adotar os critérios estabelecidos nas diretrizes nacionais no inciso IX do

art.48, da Lei n. 11.445/2007, objetivando relacionar os municípios por

ordem de necessidade de abastecimento de água, não descartando outros

advindos das especificidades regionais;

elaborar e utilizar diagnóstico técnico da situação de abastecimento de

água no planejamento, o que deve ser realizado de forma integrada com

os demais órgãos envolvidos, mapeando as necessidades prioritárias nos

municípios do Estado;

Recomendações à SEDURB e COSANPA:

criar sistema para registro das informações estaduais de saneamento

básico, com indicadores de saúde, epidemiológicos, ambientais,

hidrológicos e socioeconômicos, viabilizando informações para

elaboração e implementação das políticas públicas;

disponibilizar estatísticas a partir de informações do seu próprio sistema

e de outros co-relacionados que caracterizem a demanda e a oferta de

serviços públicos de saneamento básico;

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27

Ausência de plano municipal de Saneamento Básico

2.22 Com base na Lei 11.445/2007, os municípios precisam elaborar o plano municipal

de saneamento básico, ratificado no decreto nº. 7.217 de 21.06.2010, nos incisos I do

art. 23, inciso I do art. 24, e § 1° do art. 25, que regulamenta e reforça a importância do

processo de planejamento municipal, tendo como principal instrumento o plano

municipal de saneamento básico, que deve ser elaborado pelo titular, mas atendendo ao

princípio da solidariedade entre os entes da Federação, podendo desenvolver-se

mediante cooperação federativa.

2.23 Nesse contexto, o Estado não pode se eximir da responsabilidade de apoiar os

municípios diante das problemáticas de saneamento básico, visto que o princípio da

solidariedade visa o trabalho compartilhado dos entes da federação de forma articulada,

desde a formação de um banco de dados referente ao diagnóstico da situação e de seus

impactos nas condições de vida dos munícipes quanto à utilização de sistema de

indicadores (sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos) para detectar

as deficiências que darão suporte a descrição de objetivos e metas de curto, médio e

longo prazo para a universalização do saneamento no território do Estado, admitindo

soluções graduais e progressivas, observando a compatibilidade com os demais planos

setoriais e municipais, e ainda dispondo de mecanismos e procedimentos para a

avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações programadas.

2.24 Dessa forma, a falta de priorização e a procrastinação dos prazos legais para

elaboração e aprovação do plano municipal de saneamento básico comprometem o

desenvolvimento da política de saneamento básico na esfera estadual e municipal.

2.25 A ausência de política e do plano de saneamento básico na esfera municipal foram

verificados nas respostas dos questionários encaminhados, via correio, para os 144

municípios. Dos 34 municípios que responderam o questionário, 100% afirmaram não

utilizar plano municipal de saneamento básico em conformidade com a Lei nº.

11.445/2007, sendo que 58,82% não possuem qualquer forma de planejamento, 14,71%

utilizam Plano diretor setorial e 23,53% utilizam outros instrumentos de planejamento

para os serviços de abastecimento de água no município.

2.26 Contudo, é esperado que o plano municipal de saneamento básico venha a ser

elaborado, por ser facilitador no planejamento das ações de programas estaduais e

municipais de abastecimento de água. Assim, visando à universalização e a não omissão

do Estado quanto aos serviços de abastecimento de água em todo o Estado do Pará,

tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, propõe-se a esta Corte de Contas que

faça a seguinte recomendação à SEDURB e COSANPA:

fomentar junto aos municípios do Estado, a elaboração dos planos

municipais de saneamento básico.

2.28 Propõe-se ainda que esta Corte de Contas determine ao Tribunal de Contas dos

Municípios do Estado do Pará-TCM/Pa:

Atuar mediante controle externo de sua competência junto aos prefeitos

municipais, quanto à elaboração de Plano Municipal de Saneamento

Básico com observância à Lei nº. 11.445/2007 e Resolução nº. 75/2009

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do Concidades, visando garantir instrumento de planejamento para o

desenvolvimento de políticas públicas na área de saneamento.

Projetos Elaborados sem visão sistêmica

2.27 A concepção e a elaboração dos projetos de engenharia no Programa Água para

Todos foram prejudicadas pela ausência da política estadual e dos planos de saneamento

básico (estadual e municipal) e pelo desconhecimento da realidade municipal. Nesse

contexto, diversos projetos foram elaborados de forma pontual, não abrangendo áreas de

grande déficit de abastecimento de água, não considerando os sistemas existentes, as

informações consistentes de planialtimetria, estudos hidrológicos, dentre outros,

resultando em projetos básicos incompletos para a obtenção de recursos.

2.28 Com isso, os projetos básicos nem sempre atenderam as especificidades de

reforma, expansão e adequação dos SAA’s nos municípios, razão para a necessidade de

reformulação da concepção quando da elaboração do projeto executivo e/ou quando da

realização das obras, provocando atrasos nos cronogramas de execução e

comprometendo a aplicação dos recursos, resultando muitas vezes em empreendimento

que não atende com qualidade aos interesses da população.

2.29 Os objetivos dos projetos, básicos e executivos, também foram prejudicados pelo

planejamento segmentado do abastecimento de água na área municipal, o que dificultou

a compatibilização das unidades e estruturas projetadas com as existentes, resultando

em prorrogação e aditamento de contratos.

2.30 Esses projetos setorizados, sem abranger toda área do município, dificultam o

conhecimento das necessidades de ampliação do SAA’s no município, comprometendo

a continuidade dos programas e reforçando a característica de ação de governo e não de

Estado.

2.31 Além disso, as unidades projetadas de forma pontual, sem visão global em tempo

e espaço, nem sempre atenderam aos requisitos técnicos, prejudicando o cronograma de

execução das obras dos SAA’s. Um exemplo dessa situação foi observado em Castanhal

pela equipe de auditoria e também relatado pelo engenheiro do escritório local da

COSANPA, que a falta de conhecimento da planialtimetria da área, impediu a

implantação dos filtros na Estação de Tratamento de Água (ETA) do município.

2.32 Espera-se alcançar com a implementação das recomendações, que os projetos

elaborados tenham visão sistêmica das obras de implantação, ampliação e melhoria de

SAA’s, com vistas a evitar a morosidade nos cronogramas de execução, elevação de

custos, e a insatisfação da população. Deste modo, propõe-se a este TCE/PA que

recomende à SEDURB e à COSANPA:

elaborar projetos de engenharia de acordo com estabelecido no plano

municipal de saneamento básico, dispondo de todas as informações

técnicas necessárias.

Precariedade dos instrumentos jurídicos que regem as concessões nos municípios.

2.33 A legalização da relação titular/prestador do serviço é indispensável nos

programas governamentais, e é requisito previsto na Lei nº. 11.445/2007 (art. 8° c/c o §

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29

2° art.11) tendo grande importância para o atendimento da população, pois as obras

realizadas pelo Estado precisam de operação e manutenção do agente ou órgão no local

do empreendimento.

2.34 A COSANPA foi questionada (CA nº. 01 item 05 e CA nº. 02, item 13 e 14) da

existência de modelo adotado quando firmado concessão, da relação de municípios com

instrumentos jurídicos vencidos e das providências adotadas para as concessões

vencidas. Em resposta, a COSANPA remeteu os modelos utilizados para a celebração

dos convênios de cooperação com os municípios, contudo, não identificou os

municípios com os instrumentos jurídicos vencidos.

2.35 Quanto à adoção de providências para solucionar as pendências legais, a

COSANPA informou que, juntamente com o governo do Estado, está se ajustando ao

novo marco regulatório estabelecido no art. 8º da Lei nº. 11.445/2007. Contudo, não

detalhou ou anexou documentos que comprovassem as providências adotadas.

2.36 Perguntado à SEDURB do conhecimento da vigência dos prazos das concessões,

essa Secretaria informou que não exerce controle dos prazos de vigência dos

instrumentos jurídicos de concessão dos SAA’s e, apesar de gerenciar o Programa Água

para Todos, não adota providências quanto à regularização dos mesmos.

2.37 Instado os municípios, no item 2.4 do questionário enviado às 144 prefeituras

municipais, acerca da vigência do instrumento legal estabelecido com a prestadora que

atua no município, constatou-se que em 94,11% dos questionários respondidos, o

contrato com a concessionária de abastecimento de água está vencido, porém não foi

discriminado o inicio e o fim da vigência contratual.

2.38 As pendências das concessões também foram questionadas para o Sindicato dos

Urbanitários (CA nº. 01, item 01), que remeteu documentação datada de 02/03/2011,

intitulada “Situação Atual dos Contratos de Concessão – COSANPA e Municípios”. Da

análise procedida na documentação, constatou-se que dos 58 municípios do Estado em

que a COSANPA é a concessionária, 60,34% (35) dos contratos estão vencidos, sendo

62,85% (22) a mais de quatro anos, demonstrando a deficiência dessa Companhia no

acompanhamento e na adoção de medidas quanto à regularização dos instrumentos

jurídicos de concessão dos serviços de abastecimento de água, ou seja, a COSANPA

não dispõe de cobertura legal para atuar como prestadora dos serviços de abastecimento

de água e de esgotamento sanitário nos municípios.

2.39 É oportuno ressaltar que estão vencidos os contratos da COSANPA com os

municípios de maior população e poder econômico do Estado, como Belém, Marabá,

Santarém, Altamira e Ananindeua. Também vale citar seis municípios em que a

COSANPA atua sem contrato de concessão que garanta direitos e estabeleça deveres

entre as partes envolvidas, ou seja, os serviços são prestados sem a devida cobertura

legal nos municípios de Breu Branco, Dom Elizeu, Salvaterra, Santa Luzia, Terra

Santa e Tracuateua.

2.40 Também devem ser observado que as deficiências da COSANPA na operação e

manutenção dos SAA’s são fatores que contribuem para o não aditamento dos contratos

por parte dos municípios. Na visita realizada em 16 municípios do Estado, constatou-se

problemas de operação e manutenção de SAA’s atendidos pela COSANPA, conforme

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30

exemplificado nas Fotografia 1 a Fotografia 4 nos municípios de Belém, Santarém,

Altamira e Monte Alegre.

Fotografia 1 - Bomba escorada no SAA 5º setor

em Belém.

Fotografia 2 - Falta de manutenção no Painel

de Comando no SAA Urumari em Santarém.

Fotografia 3 - Falta de manutenção predial no

SAA de Altamira.

Fotografia 4 - Falta de manutenção predial no

SAA Largo da Memória em Monte Alegre.

2.41 Os questionários aplicados junto aos usuários também demonstraram as

deficiências dos serviços de abastecimento de água prestados pela COSANPA,

conforme detalhamento apresentado no item 4 deste relatório.

2.42 A não adoção de medidas para regularização dos contratos gera instabilidade

legal, que fragiliza o planejamento, assim como, compromete a existência da

COSANPA como concessionária do serviço público de abastecimento de água. Assim,

visando a adequação e regularização dos contratos de concessão dos serviços de

saneamento básico e restabelecer a imagem da concessionária, propõe-se a este TCE/PA

que recomende à COSANPA:

fomentar junto aos municípios o aditamento dos contratos de concessão

dos serviços de abastecimento de água, em que ela configura como

concessionária, bem como acompanhar os contratos a vencer, evitando a

vulnerabilidade jurídica das concessões;

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31

3. NECESSIDADE DE APERFEIÇOAR OS MECANISMOS DE

GERENCIAMENTO DAS AÇÕES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E DE

VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA NOS MUNICÍPIOS DO ESTADO.

Ausência de manuais e/ou normas próprias para planejar, gerenciar e executar ações

de abastecimento de água.

3.1 Mediante respostas das CA’s nº. 03/2010 do TCE/PA, item 03 da SEDURB e CA

nº. 02/2010 do TCE/PA, item 05 da COSANPA, foi identificado que esses órgãos não

possuem manuais e/ou normas próprias formalizadas para planejar, gerenciar e executar

ações de abastecimento de água, com descrição sistêmica das rotinas específicas quanto

às atribuições de acompanhamento, supervisão e avaliação definindo quem, o que, como

e quando realizar as referidas atividades.

3.2 A SEDURD e a COSANPA afirmaram que seguem as normas da Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A COSANPA, além destas, informou que

segue as normas vigentes da Caixa Econômica, Ministério das Cidades e Pará Obras.

Vale ressaltar que a Companhia de Abastecimento de Água apresentou minutas de

manuais próprios para gerenciamento, acompanhamento e fiscalização de obras.

3.3 Contudo, para adequar os documentos citados à realidade do abastecimento de

água no Estado e às características específicas do Programa “Água para Todos”, a

SEDURB e a COSANPA deveriam ter desenvolvido manuais próprios e específicos,

especialmente pelo grande número de municípios beneficiados, pelo grande volume de

recursos e pelos diferentes atores envolvidos (órgãos do governo estadual, prefeituras

municipais, empresas de engenharia e beneficiários etc.).

3.4 Vale ressaltar que manuais e normas próprias possibilitam a padronização dos

procedimentos, a definição de competências e a adesão dessas pelos

funcionários/técnicos no desenvolvimento de suas atividades, tornando-os mais

participativos e estimulados para a realização de tarefas e, com isso, aumentando a

eficiência da administração pública.

3.5 Um controle interno adequado é aquele, nos quais os procedimentos estejam bem

estruturados pela administração e que garantam que os objetivos e metas planejados

sejam atingidos de maneira eficaz, eficiente e com a necessária economicidade,

subsidiando os gestores nas tomadas de decisões.

3.6 Isto posto, verificou-se fragilidades no sistema de controle interno da SEDURB,

no que se refere a ausência de rotinas descritas e de procedimentos formalizados e

padronizados para planejar, gerenciar e executar ações de abastecimento de água,

resultando, entre outros fatores, prejuízos para o bom desempenho das obras e para a

função de gerente do Programa “Água para Todos”.

3.7 Vale observar que a formalização e utilização de manuais e/ou normas próprias

são imprescindíveis para avaliar, verificar deficiências e corrigir falhas de execução da

ação governamental, facilitando a padronização das atividades, visando a obtenção de

resultados positivos às instituições e a maximização dos recursos públicos que,

normalmente, são insuficientes para atender às necessidades sociais, como as de

saneamento básico.

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32

3.8 Assim, visando o desempenho de forma segura, padronizada e com controle

efetivo das atividades e rotinas de planejamento, execução, gerenciamento e

monitoramento das ações de abastecimento de água, bem como, para possibilitar o

conhecimento e a aderência dos técnicos, esta equipe de auditoria propõe ao TCE/PA

que recomende à SEDURB e à COSANPA que adotem as seguintes medidas:

elaborar e aprovar manuais e normas próprias com descrição de rotinas

das atividades de planejamento, gerenciamento, execução e

monitoramento, em consonância com o Decreto nº. 7.217/2010 e divulgá-

las para conhecimento e aderência do corpo funcional.

Deficiências e fragilidades da SEDURB no gerenciamento e acompanhamento das

ações executadas pelos órgãos implementadores.

3.9 Questionado à SEDURB (item 07, CA nº. 03/2010) e à COSANPA (item 08, CA

nº. 02/2010) da utilização de indicadores de desempenho no planejamento e execução

das atividades relacionadas com as ações de ampliação e melhoria dos SAA’s e/ou

SAC’s, responderam que os indicadores utilizados são os constantes no PPA, quais

sejam: taxa de ampliação de cobertura de esgotamento sanitário (percentual) e taxa de

ampliação de cobertura do SAA’s (percentual), estes apenas de caráter quantitativo.

3.10 Entretanto, no objetivo do Programa “Água para Todos” está previsto melhorar o

acesso dos serviços de saneamento básico - abastecimento de água, também em termos

qualitativos, ou seja, água de qualidade para consumo humano.

3.11 Outrossim, a SEDURB e a COSANPA não apresentaram relatórios de

acompanhamento e análise das ações desenvolvidas, comprovando a utilização de

indicadores.

3.12 Por outro lado, essas instituições não desenvolveram outros indicadores além dos

previstos no PPA, que proporcionassem melhor avaliação do desempenho das ações de

ampliação e melhoria dos SAA’s, tanto em termos qualitativos como quantitativos.

3.13 Vale a pena dizer que a SEDURB, como gerente do Programa, e a COSANPA,

como uma das principais implementadoras, não estão impedidas de desenvolver

indicadores qualitativos e outros quantitativos, para melhor planejar, gerenciar e

acompanhar as ações de abastecimento de água. Com isso, a avaliação das ações ficou

restrita a apenas um indicador, comprometendo o monitoramento da redução do déficit

de abastecimento de água potável para consumo humano no Estado do Pará.

3.14 O acompanhamento e avaliação das ações de governo são instrumentos

indispensáveis para a boa prática gerencial. A avaliação deve ocorrer em todas as etapas

e permitir ao gestor a revisão e redirecionamento, quando necessário. O monitoramento

ou acompanhamento das ações é realizado durante a execução, enquanto a avaliação

pode ocorrer antes ou durante a implementação e, até mesmo algum tempo depois,

devendo verificar o impacto da intervenção pública sobre os beneficiários e o resultado

da atuação estatal (COHEN; FRANCO, 1999 apud PARÁ, 2009).

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3.15 Nesse contexto, as deficiências da SEDURB para gerenciar e acompanhar as

ações de implantação, ampliação, e melhoria dos SAA’s, decorreram de fatores como:

a) estrutura organizativa incompatível para gerenciar o Programa “Água

para Todos”, em virtude do aumento das atividades além da capacidade

institucional (SEDURB ao item 15 da CA nº. 03/2010);

b) insuficiência de corpo técnico e de treinamento/capacitação (Diagrama

de Verificação de Risco (DVR) e item 16 da CA nº. 03/2010);

c) desarticulação entre o órgão gerenciador e os órgãos implementadores

das ações de abastecimento de água.

d) inexistência de procedimentos/mecanismos para gerenciar ações de

abastecimento de água, junto aos órgãos implementadores (item 17 da

CA nº. 03/2010);

e) ausência de relatórios de gerenciamento/acompanhamento (item 18 CA

nº. 03/2010);

f) insuficiência de indicadores para acompanhamento e avaliação;

g) fragilidades no controle das obras de abastecimento de água e/ou sistema

de alternativo coletivo/micro sistema executadas nos municípios do

Estado;

h) ausência de cadastro dos sistemas alternativo coletivo/micro sistema

implantados nos municípios do Estado, com descrição, localização,

responsável e plantas das edificações dos referidos sistemas municipais

(item 19 da CA nº. 03/2010);

i) Ausência de manuais e/ou normas próprias para planejar, gerenciar e

executar ações de abastecimento de água.

3.16 Diante do exposto, fica comprometido o acompanhamento, controle e avaliação

do alcance das metas das ações de implantação, ampliação e melhoria de abastecimento

de água do Programa. Essa situação restringe a avaliação quantitativa e impossibilita

avaliar o desempenho de forma qualitativa, resultando no desconhecimento da real

situação das obras, em andamento e concluídas, por parte do órgão gerenciador do

programa (SEDURB) prejudicando o bom andamento das obras, assim como, a tomada

de decisão para adoção de medidas preventivas e corretivas que minimizem as

deficiências e/ou fragilidades na execução das ações.

3.17 Para melhor demonstrar as fragilidades da SEDURB como gerente do programa,

principalmente no controle do andamento das obras, apresentados no Gráfico 3, criado

com base no demonstrativo da COSANPA intitulado “Programação de Investimentos

Geral Programado X Liberado”, de 06/10/2010, que espelha a situação das obras

executadas pela Companhia:

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0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Previsão Obras Obras Concluídas Obras em andamento Obras Paralisadas Obras Não iniciadas

Obras Previstas pela COSANPA: 31 Obras

5 Obras:16,12%

18 Obras: 58,06%

3 Obras: 9,67%

5 Obras:16,12%

Controle Andamento das Obras (COSANPA)

Gráfico 3 – Controle Andamento de Obras (COSANPA)

3.18 Verifica-se no gráfico acima que das 31 obras a serem executadas pela

COSANPA, apenas cinco delas foram concluídas (16,12%) até outubro de 2010,

dezoito encontravam-se em andamento (58,06%), três estavam paradas (9,67%) e cinco

ainda não havia iniciado (16,12%). Vale dizer que grande parte das obras em andamento

e/ou paralisadas foram verificadas por esta equipe de AOP durante a visita “in loco” no

período de setembro a novembro de 2010, mesmo período do demonstrativo da

COSANPA, a exemplo dos municípios de Castanhal, Capanema, Bragança, São

Sebastião da Boa Vista, dentre outros.

3.19 Observou-se, ainda, nas visitas de estudos e nos relatórios da Comissão de

Fiscalização (COFIS), que foram entregues obras de SAC’s com problemas estruturais e

elétricos, conforme mostrado nas Fotografia 5 a Fotografia 8 das localidades Vila Ponta

de Pedra e 1° de Março no município de São João do Araguaia.

Fotografia 5 - Rompimento da laje de apoio das

caixas d’água no SAC Vila Ponta de Pedra em

São João do Araguaia.

Fotografia 6 - Rompimento da laje de apoio

das caixas d’água no SAC Vila Ponta de

Pedra em São João do Araguaia.

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Fotografia 7 – Encurvadura da estrutura da laje

provocando rachaduras no fundo da caixa no

SAC Vila 1º de Março em São João do

Araguaia.

Fotografia 8 - Canalização da fiação elétrica

da captação do SAC Vila Ponta de Pedra em

São João do Araguaia com profundidade

inadequada, ficando exposta a danos e

acidentes.

3.20 As evidências citadas e a ausência de relatórios gerenciais corroboram para a

afirmação de que foram insuficientes o acompanhamento, o controle e a avaliação das

ações auditadas do Programa “Água para Todos”.

3.21 Pelo exposto e objetivando a eficiência no controle e acompanhamento das ações

de abastecimento de água no estado do Pará, esta equipe de auditoria entende que deve

ser melhorada a estrutura administrativa, ampliado o quadro técnico-administrativo

efetivo e proporcionada a integração de informações entre as instituições envolvidas nas

ações de abastecimento de água, razão para propor a esta Corte de Contas recomendar o

seguinte:

À SEDURB:

Redimencionar formalmente a estrutura organizativa, tornando-a

compatível, para o gerenciamento de programas de saneamento;

criar cadastro com evolução e entrega das obras dos SAA’s e

SAC’s/micro sistemas implantados nos municípios do Estado;

À SEDURB e à COSANPA:

estabelecer e utilizar indicadores quantitativos e qualitativos para

acompanhar e gerenciar as ações de abastecimento de água, registrando-

os em relatórios;

adotar e utilizar sistemas de informações integrados para registro e

acompanhamento das execuções das obras, inclusive com metas previstas

e alcançadas;

realizar concurso público para contratação de pessoal efetivo;

realizar treinamento específico e continuado para capacitação de pessoal

nas ações de implantação, ampliação e melhoria dos sistemas de

abastecimento de água;

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Desarticulação entre o órgão gerenciador e os órgãos implementadores das ações de

abastecimento de água.

3.22 A SEDURB, criada pela Lei nº. 6.213 de 28/04/1999, têm como missão

institucional, “propor e implementar a política de organização urbana e regional, de

conformidade com o disposto nos arts. 50 e 236 da Constituição do Estado do Pará, e

gerenciar a execução dos planos, programas e projetos dela decorrentes, nas áreas de

competência estadual e de interesse urbano e regional, em consonância com a

Política Estadual de Desenvolvimento.”

3.23 Dentre os diversos objetivos elencados no art. 50 da Constituição Estadual

(CE/89), cabe destacar o inciso II que dispõe o seguinte: “a articulação, integração,

desconcentração e descentralização dos diferentes níveis de governo e das entidades da

administração pública direta e indireta com atuação na região”. Também é importante

ressaltar que o inciso III do art. 236 da Constituição do Estado do Pará, estabelece a

“promoção do direito de todos os cidadãos à moradia, transporte coletivo, saneamento

básico, energia elétrica, iluminação pública, abastecimento, comunicação, saúde,

educação, lazer e segurança, assim como à preservação do patrimônio cultural e

ambiental;”. (grifo nosso)

3.24 Em resposta a CA nº. 03/2010, a SEDURB afirmou não possuir relatórios de

gerenciamento/acompanhamento, com percepção de deficiências e fragilidades (item

18), não se manifestou quanto à realização de reuniões com os órgãos implementadores

das ações do Programa “Água para Todos” (item 20) e que não adota providências

tempestivas quando detectados problemas na consecução das atividades de

gerenciamento e acompanhamento das ações de abastecimento de água (item 21).

3.25 A falta de integração dos órgãos envolvidos no Programa Água para Todos

ressalta a desarticulação da SEDURB como órgão responsável pelo gerenciamento das

ações, o que impediu a identificação e a adoção de providências tempestivas em relação

aos problemas detectados nas ações avaliadas desse Programa.

3.26 A COSANPA, instada na CA nº. 02/2010, item 28, afirmou que participa das

reuniões convocadas pela SEDURB. Entretanto, não anexou cópia de relatórios e/ou ata

das reuniões relacionadas as atividades ao Programa Água para Todos, não

demonstrando a percepção das deficiências e/ou falhas detectadas e sugestões para

corrigi-las, reforçando a fragilidade apontada anteriormente.

3.27 Em resposta a CA nº. 02/2010, item 19, a SESPA afirmou que não há articulação

dessa Secretaria com o órgão gerenciador (SEDURB) e com os demais órgãos

implementadores das ações, tendo ainda informado (resposta do item 20 da CA nº.

02/2010) que não remeteu relatórios, dados e/ou informações dos resultados das ações

de vigilância da qualidade da água para a SEDURB e a COSANPA, alegando ser

responsabilidade das concessionárias o envio desses relatórios à SESPA.

3.28 Contudo, a alegação da SESPA é equivocada, pois a vigilância da qualidade da

água é de responsabilidade da Secretaria Estadual, enquanto o controle da qualidade

água é de responsabilidade das concessionárias.

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3.29 Em resposta ao questionário enviado aos CRS’s, 81,81% informaram não

remeter frequentemente à SESPA, relatórios, dados e informações das ações de

vigilância da qualidade da água dos municípios sob sua jurisdição. Essa falta de

integração institucional é ainda complementada pela SEDURB, como gerente do

Programa, não ter solicitado que a SESPA lhe remetesse os referidos relatórios.

3.30 É oportuno observar que as informações dos CRS’s e da SESPA são essenciais ao

gerenciamento e execução das ações de abastecimento de água, pois ao se conhecer a

qualidade da água distribuída pode-se relacionar com os dados de adoecimento da

população, servindo para subsidiar a atuação da SEDURB e da COSANPA na busca de

melhorar o desempenho nas ações relacionadas com a qualidade da água.

3.31 Outra deficiência no gerenciamento/acompanhamento da SEDURB é evidenciado

na resposta do item 17 e 18, da CA nº. 03/2010, em que essa Secretaria afirmou não

utilizar procedimentos/mecanismos de gerenciamento junto aos órgãos

implementadores, com percepção de deficiências e/ou fragilidades, o que concorre para

a desarticulação entre órgão gerenciador e os órgãos implementadores (SESPA/CRS’s,

COSANPA e SEDURB).

3.32 Essa desarticulação entre o órgão gerenciador e os órgãos implementadores das

ações de abastecimento de água comprometem a identificação e correção de falhas na

execução das obras, prejudicando o atendimento das metas e objetivos do programa.

3.33 No intuito de melhorar a integração e articulação entre os órgãos envolvidos com

as ações de abastecimento de água, bem como a padronização dos processos e

procedimentos de gerenciamento das referidas ações, esta equipe de auditoria propõe a

este TCE/PA que apresente as seguintes recomendações à SEDURB:

revisar e redefinir formalmente a responsabilidade dos órgãos envolvidos

no planejamento, gerenciamento e execução das ações de abastecimento

de água, definindo competências e atribuições.

Necessidade de melhoria nos mecanismos de controle das obras entregues pela

SEDURB aos municípios e à COSANPA

3.34 A entrega da obra pelo executor é prática comum na engenharia, pois isso permite

que o recebedor avalie se as condições da construção são adequadas para o atendimento

do objeto programado. Para evitar questionamentos posteriores, é comum os

construtores realizarem testes antes da entrega oficial da obra, sendo, muitas vezes, essa

fase de teste denominada de pré-operação, preferencialmente com o conhecimento e

acompanhamento do recebedor da obra. Quando esses procedimentos são adotados, é

comum a entrega oficial da obra ser realizada de forma organizada, transparente e com a

aceitação e concordância das partes envolvidas.

3.35 Apesar da SEDURB ter informado (resposta CA nº. 03/2010 deste TCE/PA, item

06) que utiliza instrumentos formais para entregar obras de abastecimento de água aos

municípios e/ou à COSANPA, esta equipe de auditoria não recebeu nenhuma cópia de

documento de entrega de obras devidamente assinado pelo representante dos municípios

e/ou da COSANPA, para comprovar o recebimento e aceitação da obra pelo recebedor.

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3.36 As respostas ao item 4.3 do questionário aplicado junto às prefeituras do Estado,

permitem identificar que 55,88% dos municípios não receberam as obras de

abastecimento de água realizadas pelo governo do Estado no período de 2007 a 2010.

3.37 Vale observar que 44,12% das prefeituras municipais informaram (respostas do

item 4.4 do questionário) não possuir estrutura compatível para receber, operar e manter

os sistemas de abastecimento de água concluídos pelo governo do Estado. Das

alegações apresentadas pelos municípios podem ser citadas:

Bagre – “as instalações da rede de distribuição estão precárias, precisa de

recursos [sic] humanos qualificados”;

Santa Luzia do Pará – “falta estrutura para levar água a todas as

residências, uma vez que apenas 465 estabelecimentos recebem água da

COSANPA”;

Soure – “o município não tem condições técnicas e financeiras para

operar o sistema”;

Porto de Moz – “o operador do sistema não foi capacitado”.

3.38 Das 34 prefeituras municipais que responderam ao questionário (item 4.5),

58,82% afirmaram que as obras realizadas pelo governo do Estado nos municípios, no

período de 2007 a 2010, não melhoraram o abastecimento de água. Essa situação pode

ser exemplificada pelos relatos dos seguintes municípios:

Abaetetuba: “continuam com escassez de água no município e em alguns

bairros está imprópria para consumo (com ferrugem) e nos bairros S.

João, S. Sebastião e Algodoal não há fornecimento de água”;

Abel Figueiredo: “as obras realizadas pelo governo do estado só atendeu

o bairro Nova Brasília, com um microssistema”;

Bagre: “as obras não foram concluídas, ficaram apenas em levantamento

de dados”;

Itaituba: “não houve investimento, entretanto houve previsão

orçamentária”;

Santa Luzia do Pará: “não se pôde fazer nenhuma obra relativa a

abastecimento de água, uma vez que, existe uma ação judicial referente

ao projeto alvorada, o qual não fora executado devidamente neste

município em meados de 2002 a 2004. Ressalte-se que o déficit de água

encanada neste município gira em torno de 74,98%”;

São Domingos do Capim: “a ultima obra inaugurada no município data

de 1998, e já não atende a demanda de consumo, embora na época de sua

implantação tenha representado uma melhoria. O mesmo SAA, hoje não

atende nem 50% da necessidade real, carecendo de remodelação e

ampliação. O sistema de captação armazena e distribui 2.500.000 l/dia,

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mas a péssima situação da rede existente não deixa fluir a água até os

domicílios, além disso, 50% desse volume de água e captação através de

bomba centrífuga, alimentada por motor elétrico agregado ainda em

bateria de poços. Urge, portanto que sejam canalizados recursos

destinados a resolução desse grave problema, nascido há muito tempo no

descompasso entre gestão planejada e crescimento desordenado da

cidade. Déficit de água encanada é de 66,14%”;

São João do Araguaia: “foram realizada (sic) as ampliações de 02 SAA,

obras executadas pela secretaria de estado de desenvolvimento urbano

(SEDURB) em duas áreas de assentamento, sem a participação do poder

público municipal. Constatou-se após concluída a obra, diversas

irregularidades da construção como o não encaminhamento à prefeitura

de nenhum projeto técnico da execução da obra. Os sistemas atuais,

captados do rio Araguaia, é todo ele operado e reformado com recursos

próprios do município. Outros sistemas são oriundos de recursos da

Fundação Nacional de Saúde (FUNASA)/Governo Federal. A

participação do estado em obras de saneamento no município é

insignificante”.

3.39 Vale ressaltar, que a equipe de auditoria visitou os microssistemas dos

assentamentos Vila 1º de Março e Vila Ponta de Pedra no município de S. João do

Araguaia, e também constatou as irregularidades descritas acima, evidenciado nas fotos

5, 6, 7 e 8 constantes do parágrafo 3.19 deste relatório.

3.40 Por todo exposto, a ausência de entrega das obras, a falta de articulação/parceria

entre a SEDURB (gerente do programa), COSANPA e as prefeituras municipais, são

fatores que contribuem para fragilidade dos mecanismos de controle, resultando em

obras que não atendem as necessidades da comunidade local.

3.41 No intuito de resguardar o recebimento de obras em desacordo com o projetado,

bem como para dispor de documentos técnicos que possibilitem a futura expansão do

sistema, esta equipe propõe a este TCE/PA que faça as seguintes recomendações à

SEDURB:

oficializar junto aos municípios e COSANPA o recebimento das obras de

acordo com os requisitos de qualidade e eficiência previstos nos projetos

de execução, após a aprovação da pré-operação e do registro de

conclusão das obras no Conselho Regional de Engenharia (CREA), bem

como definição da responsabilidade pela operação e manutenção do

sistema entregue.

Necessidade de aperfeiçoamento dos mecanismos de gerenciamento para o exercício

da vigilância da qualidade da água

3.42 A SESPA, representante do SUS no Estado do Pará, responsável pela vigilância

da qualidade da água para consumo humano, conforme estabelecido no inciso VI do art.

200 da CF/88 e regulamentado pela Portaria MS nº 518/2004, afirmou, em resposta ao

item 05 da CA nº. 02, que a vigilância da qualidade da água ocorre em dois momentos:

na pactuação e na supervisão. Ainda observou que, quando necessário, realiza

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esclarecimentos aos técnicos dos CRS’s e das Secretarias Municipais de Saúde

(SMS’s), por meio de comunicação oficial ou eletrônica. Vale ressaltar, que a SESPA

não discriminou as ações/procedimentos que adota nos municípios paraenses e nem os

esclarecimentos que efetua junto aos técnicos dos CRS’s e SMS’s.

3.43 Quanto ao estabelecimento de referências laboratoriais para dar suporte as ações

de vigilância da qualidade da água para consumo humano, a SESPA informou em

reposta ao item 02 da CA nº. 02/2010, que atualmente no estado do Pará existem sete

laboratórios implantados, estando apenas três em funcionamento. O Laboratório Central

(LACEN) é o maior, localizado na capital e realiza análise da qualidade da água para

53,85% dos CRS’s (1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º e 13º CRS’s). Portanto, atende 62 municípios

dos 144 existentes no Estado.

3.44 Percebe-se ser insuficiente a referência laboratorial estabelecida pela SESPA para

dar suporte as ações de vigilância da qualidade da água nos municípios do Estado, pois

mais da metade dos laboratórios implantados não estão funcionando, prejudicando o

alcance das metas pactuadas pelos municípios. A deficiência da rede laboratorial tem

prejudicado a verificação de parâmetros importantes como: cloro residual livre, turbidez

e coliformes totais.

3.45 No relatório de acompanhamento semestral das ações do VIGIÁGUA relacionada

a qualidade da água para consumo humano nos municípios do Estado, datado de

30/09/2010 e enviado pela SESPA, são apresentados valores percentuais pequenos da

relação do número de amostras realizadas com o número de amostras necessárias para o

cumprimento da meta no período, sendo verificados os valores de 1,12% para cloro

residual livre (252 de 22.584 amostras), de 5,51% para turbidez (1.245 de 22.584

amostras) e de 5,81% para Coliformes fecais (1.243 de 21.384 amostras), conforme

demonstrado no Gráfico 4, Gráfico 5 e Gráfico 6.

1,12%

98,88%

CLORO RESIDUAL

n° de amostras realizadasn° de amostras necessárias para o cumprimento da meta

Gráfico 4 - Parâmetro Cloro Residual

5,51%

94,49%

TURBIDEZ

n° de amostras realizadas

n° de amostras necessárias para o cumprimento da meta

Gráfico 5 - Parâmetro Turbidez

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5,81%

94,19%

COLIFORMES FECAIS

n° de amostras realizadasn° de amostras necessárias para o cumprimento da meta

Gráfico 6 - Parâmetro Coliformes Totais

3.46 Dessa forma, o LACEN exerce suas atividades com sobrecarga, pois não atende

tempestivamente as demandas dos municípios, demorando até um mês para a entrega

dos laudos das análises da água.

3.47 Ainda no referido relatório, no item “Análise sucinta das ações realizadas pelo

Estado e Municípios”, é ressaltado que: “mesmo a equipe da VISAMB (CVS) /SESPA

realizando supervisão, reuniões e orientações técnicas nos diversos centros regionais e

seus municípios, há necessidade de que o responsável pelas ações no nível regional e

municipal procure se dedicar e atuar de forma mais presente no que se refere ao

Programa VIGIÁGUA/ Sistema de Informação de Vigilância da qualidade da água para

consumo humano (SISÁGUA)”.

3.48 Contudo, nos itens 2 e 3 do mesmo Relatório de Acompanhamento, a própria

SESPA identifica as dificuldades de infraestrutura, recursos humanos, transporte,

material de coleta e laboratórios, que foram associadas a não estruturação da VISAMB

nos municípios, contribuindo, portanto, para o baixo desempenho dos municípios no

alcance das metas pactuadas com o Estado.

3.49 Instada a SESPA/CRS’s, no item 06 da CA nº. 02/2010 deste TCE/PA, sobre a

disponibilidade de estrutura administrativa para desenvolver atividades de vigilância da

qualidade da água no Estado, a referida Secretaria informou que apresenta carências

estruturais e administrativas, tais como: materiais, equipamentos, veículos e outros para

serem utilizados pelos técnicos das regionais.

3.50 A SESPA afirmou (resposta ao item 07 CA nº. 02/2010) não possuir manuais

próprios e específicos para a vigilância da qualidade da água no Estado do Pará,

utilizando manuais de caráter geral fornecidos pela Coordenação Geral de Vigilância

em Saúde Ambiental (CGVAM) /VISAMB, particularmente a Portaria MS nº 518/2004,

que também não tem sido atendida no que se refere aos números e frequências de

determinações dos parâmetros de qualidade da água nos municípios.

3.51 Os CRS’s também foram questionados (item 02 do questionário enviado) se as

atribuições de vigilância da qualidade da água estavam definidas em manuais de

procedimentos, normas internas de controle, rotinas de monitoramento e avaliação e/ou

outros procedimentos normatizados. Nas respostas de 11 dos 13 CRS’s foi constatado

que 63,64% desses afirmaram que suas atribuições são formalmente definidas e 36,36%

responderam que não.

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42

3.52 As informações divergentes da SESPA e dos CRS’s indicam atuação isolada e

sem integração desses órgãos, demonstrando a insuficiência de articulação entre o

gestor central (SESPA) e suas unidades gestoras (CRS’s), contribuindo para fragilidade

nos mecanismos de gerenciamento e controle da SESPA, que é representante do SUS no

estado do Pará. Essa situação prejudica o bom desempenho das ações de vigilância da

qualidade da água e o alcance das metas pactuadas no Estado, bem como evidencia que

a SESPA, como gestor central, precisa adotar rotinas e/ou procedimentos próprios

uniformizados para trabalhar de forma sincronizada com os CRS’s.

3.53 Questionados a SESPA e os CRS’s (item 08 da CA nº. 02/2010 - SESPA e item

05 do questionário enviado aos CRS’s) sobre os cronogramas das ações de vigilância da

qualidade da água nos municípios do Estado, a Secretaria apenas informou as datas

previstas para executar supervisão “in loco”, enquanto 90,91% dos CRS’s informaram

que não adotam cronograma para execução das ações de vigilância da qualidade da água

nos municípios sob sua jurisdição.

3.54 Vale observar que a SESPA não encaminhou nenhum relatório de visitas de

vigilância da qualidade da água e nem o cronograma formalizado, com informações dos

municípios a serem visitados, datas da visita, ações a serem realizadas, períodos de

execução e responsável (eis) pela visita. Por sua vez, apenas o 10°CRS (Altamira)

informou adotar tal cronograma, entretanto não encaminhando este documento à equipe

de AOP.

3.55 Além disso, das informações da SESPA é possível observar que apenas 12,50%

dos 144 municípios do Estado tinham previsão de supervisão “in loco” no período de

maio a outubro de 2010, ou seja, apenas 18 municípios seriam visitados, demonstrando

a insuficiência das ações de vigilância da qualidade da água “in loco” da SESPA e dos

CRS’s.

3.56 Apesar da SESPA relatar (resposta item 16 da CA nº. 02/2010) que “adota

metodologia e rotinas para análise dos dados produzidos pelo SISÁGUA”, não

comprovou a realização de ações para fomentar a adesão dos municípios a esse Sistema,

o que explica apenas 45,83% dos municípios paraenses (item 17 da CA nº. 02/2010)

alimentarem o SISÁGUA, conforme dados da SESPA jan./out. 2010.

3.57 Em relação aos 144 municípios do Estado, verificou-se que 22,92% não

pactuaram as ações de VISAMB/VIGIÁGUA-2010, sendo que 15,28% desses

municípios prestaram informações sobre a qualidade da água e 7,64% não remeteram

nenhum tipo de informação.

3.58 Foi verificado que 45,45% dos CRS’s (item 04 do questionário enviado) também

não adotam metodologia e rotina para a análise dos dados produzidos pelo SISÁGUA

ou por outros sistemas de informação para vigilância da qualidade da água nos

municípios sob sua jurisdição, por exemplo:

a) o 7° CRS – 1ª Regional do Marajó, com sede em Belém, capital do

Estado, relatou que não dispõe de senha de acesso do SISÁGUA para o

acompanhamento, monitoramento e análise do referido sistema, apesar já

ter solicitado essa senha ao nível central;

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b) o 3° CRS - Regional do Guamá, com sede no município de Castanhal,

informou que o LACEN remete os laudos das análises da qualidade da

água apenas para as SMS’s, ficando a atuação desses centros na

dependência do envio dos referidos laudos pelas SMS’s, para que os

CRS’s possam proceder as análises e possíveis cobrança para adoção de

medidas preventivas e corretivas;

c) o 8° CRS – 2ª Regional do Marajó (ilha), com sede no município de

Breves, relatou que os municípios sob sua jurisdição apenas realizam

cadastro dos sistemas de abastecimento: SAA, SAC e Sistema

Alternativo Individual (SAI), portanto não desempenha as demais

atividades correlatas à vigilância da qualidade da água para consumo

humano.

3.59 Com relação à elaboração de relatórios de vigilância pelos CRS’s (item 6 do

questionário enviado), 63,64% dos CRS’s informaram não produzir relatórios das ações

de vigilância da qualidade da água dos municípios sob sua jurisdição. Por outro lado,

36,36% dos CRS’s informaram elaborar seu próprio relatório, porém só enviaram

relatório de ações do VIGIÁGUA, que trata do acompanhamento das metas pactuadas

com o Estado, a exemplo do 12º CRS.

3.60 Entretanto, os CRS’s não fazem análise e interpretação dos dados dos relatórios

do VIGIÁGUA elaborados pelos municípios, bem como não apresentam proposição de

medidas para enfrentar as situações detectadas. Isso implica no descontrole das

incidências de DVH’s pelas autoridades estaduais e municipais, tendo influência no

aumento do índice de adoecimento da população.

3.61 A precariedade de ações de vigilância da qualidade da água para consumo

humano é exemplificada nas amostras pactuadas pelos 15 municípios da jurisdição do

12º CRS, sede em Conceição do Araguaia, que, no relatório de acompanhamento das

ações do VIGIÁGUA, registra 0% do alcance das metas dos parâmetros cloro residual

livre, turbidez e coliformes totais, em período não especificado do semestre de 2010.

3.62 O 12º CRS apresentou o seguinte relato para justificar as metas pactuadas e não

alcançadas:

o laboratório de análise de água, funcionava no município de Redenção, e por

falta de material foi interrompido sua atuação de análise de água para os

municípios pertencentes à 12ª CRS, e que foi decidido através da reunião de

colegiado sua transferência para a sede do 12ª CRS/Conceição do Araguaia, o

que está sendo ainda estruturado para voltar suas atividades normais. Os

municípios que estão alimentando o sistema VIGIÁGUA são: Conceição do

Araguaia e Xinguara e que a falta de técnicos concursados nesses municípios,

torna a rotatividade de funcionários quase que frequente, não tendo técnico

suficiente e capacitado para efetuar as ações de cadastro. Os municípios até o

momento não estão realizando amostra de água, por falta da

operacionalização do laboratório do 12ª CRS/ Vigilância à Saúde (VSA) [...].

3.63 As dificuldades enfrentadas pelos municípios para o cumprimento das metas

pactuadas com o Estado também podem ser explicadas pela falta de apoio dos gestores

municipais e estaduais, especialmente no que se refere ao suporte financeiro, transporte

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e materiais necessários para o desenvolvimento do trabalho, por exemplo, os Kit’s de

coleta de água.

3.64 Conclui-se que a SESPA e os CRS’s pouco tem contribuído para os municípios

paraenses alcançarem as metas pactuadas com o Estado, ou seja, não vem cumprindo o

papel de fomentador, gerenciador, executor das ações de vigilância da qualidade da

água nos municípios do estado do Pará. Vale observar que essa situação contribui para o

incremento dos gastos com saúde, decorrente do aumento das DVH’s nos municípios,

reforçando, ainda mais, a necessidade de aperfeiçoamento dos mecanismos de

gerenciamento para o exercício da vigilância da qualidade da água nos municípios do

estado do Pará.

3.65 Pelo exposto, a equipe de auditoria propõe a esta Corte de Contas que determine e

recomende à SESPA /CRS’s o seguinte:

Determinações à SESPA/CRS´s:

fortalecer o setor de Vigilância em Saúde (água) da SESPA e CRS’s nos

seguintes aspectos: aporte financeiro, espaço físico adequado, recursos

humanos efetivos, capacitação/treinamentos contínuos, Kit’s de coleta de

água, transporte, equipamentos laboratoriais e materiais tecnológicos

necessários para fomentar a promoção e execução da vigilância da

qualidade da água nos municípios do Estado;

estruturar os laboratórios existentes e implantar novos, onde for

necessário, visando dar suporte as ações de vigilância da qualidade da

água nos municípios do Estado;

Recomendações à SESPA/CRS´s:

estabelecer referências laboratoriais no Estado para dar suporte às ações

de vigilância da qualidade da água para consumo humano;

fomentar e executar ações de vigilância da qualidade da água, visando a

estruturação da vigilância nos municípios do Estado, quando constatada

insuficiência técnica da ação municipal;

definir formalmente mecanismos, procedimentos e rotinas de

acompanhamento e monitoramento da vigilância da qualidade da água

nos municípios, elaborando cronograma de atividades “in loco”,

objetivando o trabalho sincronizado do órgão central (SESPA) com seus

centros regionais;

elaborar relatórios com análise dos dados de DVH’s por município,

relacionando-os à água distribuída à população, remetendo-os aos órgãos

envolvidos em saneamento;

determinar que o LACEN envie tempestivamente aos CRS’s cópia dos

laudos das análises da água realizadas pelos municípios, objetivando o

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efetivo conhecimento da qualidade da água e adoção de providências

quando se fizerem necessárias.

Precariedade dos mecanismos de controle social.

3.66 A COSANPA, na resposta da CA nº. 02/2010, nos itens 29 e 30, informou que

disponibiliza canais de comunicação para a apresentação de sugestões, críticas e

denúncias relacionadas aos serviços de abastecimento de água, tendo citado o “call

center” 0800 e o site www.cosanpa.pa.gov.br, bem como observado que divulga esses

mecanismos de comunicação social nas faturas mensais enviadas aos seus clientes.

3.67 Por sua vez, a SEDURB (resposta item 22 e 23 da CA nº. 03/2010) citou o COFIS

como o canal de comunicação disponibilizado à sociedade, que existe apenas nas

dependências da instituição. Ainda informou que não faz divulgação da existência desse

canal aos beneficiários e sociedade civil organizada, para sugestões, críticas e denúncias

relacionadas as ações de implantação, ampliação e melhoria dos sistemas de

abastecimento de água.

3.68 A COSANPA (resposta item 31 da CA nº. 02/2010) e SEDURB (reposta item 24

da CA nº. 03/2010) ainda observaram não informar aos beneficiários e à sociedade civil

organizada quanto à adoção de medidas confiáveis e tempestivas com relação as

sugestões, criticas e denúncias decorrente da prestação de serviços de abastecimento de

água.

3.69 Diante disso, constata-se que há insuficiência de canais de comunicação e

precária divulgação dos existentes nos diversos meios de veiculação, tais como: rádio,

TV, jornais, internet entre outros, de forma continuada. Essa situação restringe a

participação dos beneficiários para sugestões, críticas e denúncias; comprometendo o

real conhecimento da qualidade da prestação dos serviços de abastecimento de água por

parte das instituições responsáveis, gerente do programa e concessionária, bem como

resultando em descrédito dessas instituições perante a sociedade.

3.70 Apesar da SESPA ter informado (itens 14 e 15 da CA nº. 02/02010) possuir

canais de comunicação para os beneficiários apresentarem sugestões, críticas, e

denúncias relacionadas as ações de vigilância da qualidade da água, não comprovou

quais os canais existentes, bem como não citou as providências confiáveis e tempestivas

adotadas para solucionar problemas identificados pela sociedade.

3.71 Quanto aos questionários enviados aos CRS’s, 81,81% responderam não

disponibilizar canais de comunicação aos beneficiários (item 18 do questionário), e

90,90% dos CRS’s/SESPA não informam aos utentes a adoção de providências

confiáveis e tempestivas referente à sugestões, críticas e denúncias relacionadas as

ações de vigilância da qualidade da água (item 19).

3.72 O único CRS (7º CRS) que informou adotar providências advindas de denúncias

dos usuários, transferiu a responsabilidade ao especificar o seguinte: “tratar sua própria

água de consumo; reivindicar junto às autoridades providências, no sentido de adotar

tratamento nos sistemas; encaminhar quando for o caso uma cópia a vigilância

ambiental, dos laudos de exames particulares.”

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3.73 O que se observa é que a regional de saúde, acima citada, não tomou providências

para solucionar os casos denunciados pelos usuários, não se posicionando como

autoridade legal responsável pela vigilância da qualidade da água, conforme previsto na

Portaria MS nº 518/2004, levando ao descrédito a instituição perante a sociedade.

3.74 Dos 34 questionários respondidos pelas prefeituras municipais do estado do Pará,

constatou-se que a precariedade dos mecanismos de controle social também são

decorrentes da insuficiência de canais de comunicação disponibilizados aos

beneficiários e a reduzida divulgação em outros meios de veiculação, de forma

continuada. Pois 63,70% afirmaram que não possuem canais de comunicação e 63,64%

declararam que o município não informa aos beneficiários e à sociedade civil quanto à

adoção de providências confiáveis e tempestivas com relação às sugestões, críticas e

denúncias relacionadas a qualidade dos serviços de abastecimento de água.

3.75 Face às evidências expostas, a precariedade nos mecanismos de controle social, é

ainda ratificada pelos beneficiários. Em resposta ao questionário, do total de 551

entrevistados nos diversos municípios paraenses, 64,61% sabem onde reclamar do

fornecimento/qualidade da água da sua residência (item 11), enquanto 59,14% afirmam

não ter a solução providenciada após sua reclamação (item 12).

3.76 Visando melhorar os mecanismos de controle social; a satisfação dos

beneficiários quanto ao atendimento de suas sugestões, críticas e denúncias; o resgate da

credibilidade das instituições responsáveis pelo abastecimento e a vigilância da

qualidade da água pela sociedade, a equipe de auditoria propõe a esta Corte de Contas

que recomende à SEDURB, COSANPA e SESPA/CRS’s, o que segue:

criar e implementar canais diversificados de comunicação compatíveis e

diretos, a exemplo: “fale conosco” ou 0800, as rádios comunitárias,

panfletos, cartilhas, audiências/ conferências/ consultas públicas, dentre

outros para recepção de sugestões, críticas e denúncias, divulgando-os

em diversos meios de veiculação, considerando as especificidades de

cada localidade;

adotar e informar aos beneficiários e/ou sociedade civil organizada as

providências confiáveis e tempestivas com relação às sugestões, críticas e

denúncias por eles apresentadas, estimulando o controle social.

4. PRECARIEDADE DO SERVIÇO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

PRESTADO À POPULAÇÃO

Funcionamento precário dos SAA’s e SAC´s nos municípios visitados

Quanto à estrutura física das instalações dos Sistemas

4.1 Os SAA’s devem ser constituídos pelas unidades de captação, adução, tratamento,

elevação, reservação e distribuição de água. Contudo, essa configuração não foi

constatada em todos os municípios visitados, pela inexistência de unidades de

tratamento e/ou de reservação.

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4.2 Em 50% dos 16 municípios visitados não existe unidade de tratamento de água,

como: em Castanhal, São Sebastião da Boa Vista, Vigia, Nova Esperança do Piriá,

Capanema, São João do Araguaia, Santarém e Monte Alegre.

4.3 Nos outros 8 municípios visitados foi observado que a operação das ETA é

precária nos seguintes municípios: Marabá (ETA Pioneira), Belém (ETA 5º setor e ETA

Cordeiro de Farias), Bragança (ETA Chumucuí), Santana do Araguaia e Altamira.

4.4 Por outro lado, as instalações físicas dos sistemas visitados encontram-se em

condições estruturais comprometidas, como: falta de pintura e limpeza da edificação,

paredes com rachaduras, infiltrações e telhados deteriorados, reservatórios com

rachaduras e vazamentos, a exemplo dos municípios de Monte Alegre, Altamira,

Santarém, Marabá e Capanema, como exemplificado nas Fotografia 9 a Fotografia 12.

Fotografia 9 - Reservatório de Altamira com

rachaduras na estrutura.

Fotografia 10 - Falta de pintura e limpeza da

edificação da Subestação do SAA Pajuçara

no município de Monte Alegre.

Fotografia 11 - Reservatório da Folha 29 em

Marabá com queda do reboco e rachaduras na

estrutura.

Fotografia 12 - Telhado da Casa de bomba

comprometido do SAA Garrafão em

Capanema.

4.5 Também foram verificadas instalações elétricas e hidráulicas necessitando de

reparo e equipamentos obsoletos e danificados, como os Conjuntos Motor e Bomba

(CMB’s) dos SAA’s dos municípios de Santarém e Monte Alegre.

4.6 Essa aparência de abandono de alguns sistemas pode ser exemplificado no SAA

5° setor e no SAA Cordeiro de Farias no município de Belém, nos SAA’s Urumari,

Bacabal e Caranazal em Santarém, no SAA Pioneira em Marabá, nos SAA’s Garrafão,

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Campinho e Tauari em Capanema e no SAA do município de Altamira, conforme

mostrado nas Fotografia 13 a Fotografia 16.

Fotografia 13 - SAA 5° setor no município de

Belém.

Fotografia 14 - SAA do município de Altamira.

Fotografia 15 - SAA Urumari do município de

Santarém.

Fotografia 16 - SAA Bacabal do município de

Santarém.

4.7 Os equipamentos precários e/ou obsoletos também prejudicam o funcionamento

dos SAA’s, como constatado nas balsas utilizadas para captação de água bruta nos

municípios de Altamira (Fotografia 17), Marabá, no SAA Pioneira e Santana do

Araguaia (Fotografia 18), sendo que neste último a balsa precisava ficar amarrada com

cordas para não se perder no rio Campo Alegre.

Fotografia 17 - Unidade de captação do SAA

município de Altamira.

Fotografia 18 - Unidade de captação do SAA

município de Santana do Araguaia.

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4.8 O sistema do Tauari e Campinho, no município de Capanema, é outro exemplo

de instalações precárias. Na visita “in loco” foi constatado que o reservatório de madeira

do SAA Tauari estava aberto e com lodo no seu interior (Fotografia 19), bem como que

estavam desativados 03 dos 08 poços rasos existentes. Da mesma forma ocorrendo com

o reservatório do SAA do Campinho que além das condições precárias (Fotografia 20),

sua capacidade está defasada para atender a população, estas situações geram grande

insatisfação dos usuários pela baixa produção de água no período da estiagem.

Fotografia 19 - Reservatório de madeira

com lodo do SAA de Tauari no município

de Capanema

Fotografia 20 – Instalações precárias e

reservatório de pequena capacidade do SAA do

Campinho, no município de Capanema

4.9 As constatações encontradas demonstram que a COSANPA precisa investir,

com urgência e de forma continuada, na revitalização das instalações físicas dos SAAs,

visando a distribuição de água com a quantidade, qualidade e regularidade esperados

pela população.

Quanto a operação dos Sistemas de Abastecimento

4.10 Nos questionários e visitas de estudo foram constatados problemas na operação

dos SAA’s, desde a retirada de água do manancial até o uso pelo consumidor, como: a)

quantidade da água insuficiente (produção); b) qualidade da água sem atender aos

padrões de potabilidade (tratamento); c) fornecimento inadequado de água

(distribuição).

4.11 Esses problemas operacionais são agravados pelo reduzido controle e pelo

déficit de equipamentos de monitoramento (macro medidores, manômetros, sensores de

nível de água, analisadores de energia elétrica, hidrômetros etc.), que reduzem a

precisão, confiabilidade e segurança das informações operacionais, dificultando o

conhecimento de indicadores de desempenho, do volume perdido de água (real e

aparente) e dos custos de operação dos SAA’s em praticamente todos os municípios

paraenses.

4.12 Quanto à produção da água, nos SAA’s dos municípios de Monte Alegre,

Capanema, Ananindeua, entre outros, foi constatado que o volume de água captado é

insuficiente para atender à demanda da população, por exemplo:

a) no SAA Pajuçara do município de Monte Alegre, dos 38 poços

existentes, 10 estão paralisados por falta de CMB’s.

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b) no município de Capanema foram observados problemas operacionais

nas unidades do SAA do Garrafão (22 poços com profundidade de 16 m

cada), que tinha quatro poços paralisados a mais de 10 anos por falta de

CMB; do SAA do Tauari (oito poços de 14 a 16 metros cada), que tinha

três poços desativados e do SAA do Campinho, que tinha CMB de baixa

capacidade para atender a demanda de água.

c) no município de Ananindeua foi constatado (visita 15/12/2010) que

funcionavam apenas dois dos quatro poços profundos (250 m de

profundidade) do SAA PAAR.

4.13 Vale observar as características da água captada (produzida), com alto teor de

ferro nos municípios de Abaetetuba, Vigia, São Sebastião da Boa Vista e Salvaterra;

com alto teor de dureza (cálcario) no município de Capanema; alto índice de turbidez e

cor nos municípios de Marabá, Altamira e Santana do Araguaia.

4.14 Quanto ao tratamento da água, foi verificado que a COSANPA utiliza

tratamento denominados Convencional e Simplificado. Nessa auditoria deve ser

entendido tratamento convencional como o realizado em ETA’s com unidades de

coagulação, floculação, decantação, filtração e desinfecção, bem como em ETA’s com

unidades de aeração, filtração e desinfecção. Por sua vez, o tratamento citado pela

COSANPA como simplificado deve ser entendido como somente a aplicação de cloro

na tentativa de desinfecção da água.

4.15 Nos municípios de Abaetetuba, Ananindeua (ETA PAAR), Marabá, Salvaterra,

Bragança e Belém (ETA Bolonha e 5° Setor) é utilizado tratamento denominado

convencional, já nos municípios de Altamira, Capanema, Castanhal, Monte Alegre,

Santarém e Vigia é utilizado tratamento do tipo simplificado.

4.16 Nos municípios com tratamento de água denominado convencional foram

constatados os seguintes problemas que tornam a água distribuída inadequada para o

consumo humano, sendo exemplificada tal situação nas Fotografia 21 e Fotografia 22:

a) dos quatro filtros existentes na ETA Chumucuí, em Bragança apenas um

filtro executa a filtragem da água, esta misturando-se com a água dos

demais, portanto não ocorrendo a efetiva filtração, sendo distribuída água

sem qualidade à população;

b) na ETA 5° Setor, em Belém, foi constatado que estavam parados 3 dos

15 filtros existentes, sendo que os 12 restantes o tratamento é realizado

de forma incompleta e precária;

c) no SAA Cordeiro de Farias do município de Belém (visita em

15/12/2010) a limpeza dos filtros não ocorria a mais de 3 meses, bem

como, estavam paralisados dois dos três CMB’s existentes, além das

péssimas condições do aerador.

d) na ETA do município de Altamira foi informado que é reduzida a

remoção de turbidez, que ocorre perda do material do leito filtrante e que

apenas o cloro é utilizado como produto químico.

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Fotografia 21 - Filtros paralisados por falta de

manutenção na ETA 5º Setor município de

Belém.

Fotografia 22 - Aerador da ETA Cordeiro de

Farias no município de Belém.

4.17 A falta de cloro para desinfecção da água é outro grave problema observado nos

tratamentos denominados convencional e simplificado, resultando na deficiência de

remoção de microrganismos da água distribuída nos municípios visitados, como:

a) em Vigia (visita em 13/10/2010) e Castanhal (visita em 14 e15/10/2010)

foi verificado que há cerca de dois dias faltava cloro;

b) em Santana do Araguaia, o operador da ETA do município informou que

faltava cloro a mais de 4 meses;

c) em Belém, os operadores do SAA Cordeiro de Farias (visita em

15/12/2010) informaram que faltava cloro a mais de 15 dias;

d) em Ananindeua, no SAA PAAR (visita em 15/12/2010) também foi

confirmada a falta de cloro para o tratamento da água;

4.18 Vale ressaltar, que a COSANPA gerencia sistemas sem utilizar nenhum tipo de

tratamento na água distribuída à população, por exemplo: Caranazal, Bacabal e Urumari

(Santarém) e Campinho e Tauari (Capanema).

4.19 Também foi verificado a falta de tratamento da água distribuída à população em

municípios não gerenciados pela COSANPA, a exemplo de São Sebastião da Boa Vista,

São João do Araguaia e Nova Esperança do Piriá, ou seja, sendo distribuído água à

população fora dos padrões de potabilidade exigidos pelo ministério da saúde .

4.20 Quanto à distribuição, o fornecimento irregular e o racionamento de água são

comumente observados nos municípios visitados, a exemplo:

a) nos municípios de Belém (Cordeiro de Farias), Marabá (Nova Marabá)

Ananindeua (PAAR), Capanema (Campinho e Tauari) a demanda de

água é maior que a capacidade de produção, que resulta em interrupção

da distribuição de água em alguns períodos do dia;

b) no município de Monte Alegre, foi relatado em parte do bairro Pajuçara,

que ocorre interrupção no abastecimento de água por até uma semana.

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Também foi relatado pelos usuários que essa situação gera o comércio de

água por terceiros;

c) no município de Capanema no SAA do Campinho, a população é

abastecida de forma racionada, durante 10 minutos, duas vezes ao dia;

d) no município de Ananindeua, no SAA PAAR foi constatado (visita

15/12/2010) a ocorrência de alternância no abastecimento de água nas

áreas atendidas pelo sistema;

e) no município de Altamira existem bairros sem rede de distribuição, com

abastecimento de água realizado de forma racionada por 02 carros pipa,

fornecidos pela prefeitura para transportar água do reservatório da

COSANPA até os reservatórios coletivos e/ou individuais.

Fotografia 23 – Distribuição de água da

COSANPA por carro-pipa no município de

Altamira.

Fotografia 24 - Distribuição de água da

COSANPA por carro-pipa no município de

Altamira.

4.21 A falta de delimitação da área de atendimento (setorização) e de equipamentos

de monitoramento (macromedidores e micromedidores) impede a determinação do

balanço de vazões de água (entrada, saída, perda e consumo no SAA), dificultando o

controle operacional do desempenho do sistema, a exemplo dos municípios de

Salvaterra, Bragança, Altamira, Vigia, Castanhal, Abaetetuba, Marabá, Santarém e

outros.

4.22 Apesar de necessária, a macro medição permanente não é realizada em nenhum

município do Estado, pois o pequeno número de equipamentos existentes na capital é

utilizado na forma de rodízio entre as unidades dos SAA’s. Contudo tais equipamentos

também são deslocados para SAA’s dos municípios de Ananindeua (3 vezes por ano),

Marabá (3 vezes ao ano) e Santarém (2 vezes ao ano).

4.23 Vale ressaltar que nenhum macro medidor estava instalado nos SAA’s visitados

do município de Belém, demonstrando que, mesmo na capital do Estado, predominam

as estimativas das vazões de água produzida, tratada e distribuída, ao invés de valores

registrados, com segurança e precisão, em equipamentos de medição de volume.

4.24 A transcrição das respostas do técnico e do operador do sistema de Marabá ao

questionário demonstram as precariedades de medição nos sistemas:

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“............ demonstram que as vazões de água captada e

distribuída somente são registradas três vezes ao ano, o que,

pela falta de pessoal e equipamentos no município, depende do

deslocamento da equipe de pitometria de Belém. O técnico da

COSANPA ainda relatou que o funcionamento do sistema está

deficitário em decorrência de falta de investimento pela

empresa estatal, no sentido de mantê-lo operando

adequadamente, sem que haja desperdício”.

4.25 Além disso, a rede de distribuição não setorizada, com vazamentos e/ou

obstruídas, bem como pela não utilização de reservatório elevado, dificultam o

atendimento do valor mínimo de 10mca, recomendado pela ABNT, para pressão no

ponto mais desfavorável da rede. Como exemplo dessa situação podem ser citados os

municípios de Marabá, Belém (5° setor), Ananindeua (PAAR), Monte Alegre,

Santarém, dentre outros.

Quanto à manutenção e ausência de estoque nos sistemas de abastecimento

4.26 O bom funcionamento de um SAA requer manutenção preditiva, preventiva e

corretiva. Nas visitas “in loco” foi verificado que a COSANPA não realiza, de forma

adequada, esses três tipos de manutenção, conforme exemplificado nas Fotografia 25 e

Fotografia 26, sendo encontrados:

a) equipamentos funcionando de forma improvisada, como CMB’s

escorados com madeira, registros automatizados danificados etc.;

b) CMB’s antigos e com funcionamento comprometido inclusive com

vazamento de água, com problemas nas instalações elétricas e

hidráulicas;

c) ETA’s com vazamentos em registros, sem reposição do material do leito

filtrante e sem estoque de produtos químicos;

d) morosidade na recuperação de vazamentos em adutoras e redes de

distribuição de água;

e) improvisação de tubos (aquecidos), como luva de correr, para

recuperação de vazamentos em rede de distribuição e ramal predial de

água;

f) falta de limpeza e desobstrução da rede de distribuição de água;

g) reduzida substituição de hidrômetros danificados.

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54

Fotografia 25 - Bomba escorada no SAA

Pajuçara em Monte Alegre.

Fotografia 26 - Vazamento na rede de

distribuição sem conserto durante a semana da

visita “in loco”, no município de Altamira.

4.27 A falta de estoque de peças e de equipamentos para a manutenção dos SAA’s

torna inexpressiva a manutenção preventiva, o que foi constatado pelo grande número

de poços paralisados por falta de CMB’s reserva em todos os municípios visitados. Um

exemplo é a situação deficiente nos 17 poços profundos e 50 poços rasos do SAA do

Complexo Irurá, no município de Santarém, que praticamente não tiveram manutenção

nos últimos 20 anos, desde sua inauguração.

4.28 Também foi constatado que não são substituídos os CMB com vazamento de

água, conforme observado nas visitas ao SAA do município de Santarém, dentre outros.

4.29 Em todos os municípios visitados foi relatado, durante a aplicação do

questionário, junto aos operadores do sistema e gerente do escritório local da

COSANPA, que já houve falta de produtos químicos para tratamento da água no

exercício de 2010. Essa falta de estoque prejudica a qualidade da água, como constatado

nos SAA’s dos municípios de Marabá (ETA Pioneira), Capanema (Campinho e Tauari),

Santarém (Caranazal, Urumari e Bacabal), Belém (Cordeiro de Farias), dentre outros.

4.30 A falta de complementação/substituição do material do leito filtrante (areia,

seixo, etc.) foi identificada nos filtros da ETA (Chumucuí) do município de Bragança,

da ETA do município de Altamira e da ETA do 5° setor do município de Belém,

prejudicando o fornecimento de água própria para consumo humano, conforme dispõe

os arts. 8° e 9° da Portaria MS nº 518/2004, quanto ao controle da qualidade da água

pela concessionária (COSANPA).

4.31 Um exemplo dessa situação alarmante foi observada na operação dos quatro

filtros da ETA Chumucuí, em Bragança, em que a água do único filtro em condição de

realizar a filtração é misturada com a água que passa nos 3 filtros que estão com

deficiências no leito filtrante, em razão da falta de substituição/complementação nos

últimos 10 anos. Vale ressaltar, que o fundo deteriorado e as rachaduras nas paredes

desses filtros contribuíram para a perda do material do leito filtrante, conforme

evidenciado “in loco” (Fotografia 27 e Fotografia 28).

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Fotografia 27 - Filtro da ETA Chumucuí no

município de Bragança.

Fotografia 28 - Material do leito filtrante

comprometido da ETA Chumucuí no município

de Bragança.

4.32 Outro grave problema de falta de manutenção é a morosidade na recuperação de

vazamentos em adutoras e redes de distribuição de água. Um exemplo de adutora

superficial com vazamento e falta de proteção contra depósitos de lixo é a adutora do

Utinga (Fotografia 29 e Fotografia 30), não sendo adotado nenhuma ação da

concessionária no sentido de eliminar o risco de contaminação da água tratada que por

ali passa. Já nas redes de distribuição foram constatados vazamentos nos municípios de

Altamira e Santarém.

Fotografia 29 - Adutora superficial do Utinga

com risco de contaminação.

Fotografia 30 - Adutora superficial do Utinga

com vazamento.

4.33 Vale ressaltar que também há ausência de estoque de tubos, luvas, conexões e de

ferramentas para a recuperação de vazamentos em rede de distribuição de água, o que

resulta na improvisação de soluções pela equipe de manutenção, como o aquecimento

de tubos para utilização em substituição às luvas de correr. Com isso, é comum a

ocorrência de repetidas rupturas nas tubulações do sistema, tendo como consequência o

aumento do volume perdido de água e seu fornecimento interrompido.

4.34 Ainda foi constatada a falta de limpeza e desobstrução da rede de distribuição de

água, como as dos municípios de Abaetetuba, Vigia, Capanema, dentre outros. Essa

situação reduz a pressão na rede e aumenta o valor da cor da água, especialmente nos

SAA's que utilizam água subterrânea, o que resulta em problemas aos consumidores,

como: alteração do gosto da água, roupas manchadas, etc.

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4.35 As deficiências da manutenção são também verificadas pela reduzida

substituição de hidrômetros danificados, em razão da falta de estoque desses

equipamentos em todos os municípios visitados. Essa situação prejudica os

consumidores, que ficam impedidos de terem o real volume consumido devidamente

medido pela COSANPA, ou seja, a tarifa de água acaba sendo estimada e não medida.

4.36 A manutenção deficiente e a frequente falha no provimento de estoque de

materiais e equipamentos por parte da COSANPA foram constatadas em todos os

sistemas visitados, evidenciando a omissão da empresa diante da sociedade ao distribuir

água imprópria à população, ou seja, com impurezas e microrganismos que podem

causar doenças aos consumidores.

Quanto à proteção dos mananciais e dos pontos de captação

4.37 A captação de água é realizada em mananciais superficiais (rios, lagos e

igarapés) ou subterrâneos (poços), sendo nas visitas “in loco” verificados os seguintes

problemas na captação de água:

a) falta de proteção da área de captação no manancial superficial (rios e

igarapés) de SAA’s dos municípios: Belém, Bragança, Marabá, Santana

do Araguaia e Altamira;

b) falta de proteção da área de captação no manancial subterrâneo (poços)

de SAA’s dos municípios: Castanhal, Capanema, Santarém, Abaetetuba,

dentre outros;

c) ausência de proteção e sinalização dos equipamentos nos pontos de

captação: Altamira, Marabá, Santana do Araguaia e Bragança.

4.38 A captação de água do rio Chumucuí, município de Bragança, não é protegida,

tendo, cerca de 100 metros acima, o balneário denominado “Deco”, utilizado por

banhistas como área de lazer e recreação, não sendo fotografado pela equipe durante a

visita “in loco” por não ter sido permitido pelo caseiro do balneário.

4.39 Questionada verbalmente, a representante da Secretaria de Meio Ambiente do

município de Bragança, informou que não é desenvolvida nenhuma ação para proteção

do manancial, alegando que a secretaria somente foi criada há seis meses, ainda em

processo de estruturação para viabilizar a proteção dos mananciais e da área dos

manguezais.

4.40 A ausência de contenção (Fotografia 31) e o assoreamento (Fotografia 32) são

problemas observados na captação de água no rio Chumucuí, prejudicando o

funcionamento do CMB instalado a um metro e meio do leito. Além disso, a

declividade do terreno facilita o escoamento das águas pluviais, com arraste de material

particulado, tornando a água barrenta no ponto de captação. Apesar do conhecimento da

situação, inclusive com denúncias do Sindicato dos Urbanitários, a COSANPA não

adotou nenhuma providência.

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Fotografia 31 - Falta de contenção lateral na

ponte do rio Chumucuí para desvio do

escoamento das águas pluviais.

Fotografia 32 - Contaminação da captação no rio

Chumucuí pelas enxurradas de águas pluviais no

período de chuvas (foto cedida pelo Sindicato

dos Urbanitários).

4.41 Em Altamira, a área de captação não é protegida, tendo próximo um porto, com

risco de contaminação da água por combustível, resíduos líquidos e dejetos oriundos de

pequenas embarcações, de pontos comerciais e de residências próximas. Vale ressaltar a

informação de pessoas que utilizam o “porto” de que animais mortos e resíduos das

embarcações são lançados no rio.

4.42 Forma semelhante foi constatada nos municípios de Santana do Araguaia e

Marabá e Altamira. No primeiro, a área de captação do rio Campo Alegre não é

protegida, funcionando próximo a ela balneário conhecido como “praia do Ceará”,

bastante frequentado nos finais de semana pela comunidade de Santana do Araguaia e

ainda, é lançado água servida e outros resíduos do frigorífico da cidade no rio Campo

Alegre. No segundo a captação de água ocorre em dois pontos do rio Tocantins, um na

velha Marabá (Pioneira) e o outro na Fazenda Bandeira (Nova Marabá), sendo ambos

sem proteção, as Fotografia 33, na e Fotografia 34 pode ser observado a captação de

água do município de Altamira sem proteção e ainda há nas proximidades

funcionamento de um “porto”.

Fotografia 33 - Captação sem proteção no

SAA Altamira e com funcionamento de

“porto” nas proximidades.

Fotografia 34 - Captação sem proteção do SAA

Marabá Pioneira.

4.43 Diante do exposto, fica evidenciado que as áreas pertencentes aos mananciais

não são protegidas ambientalmente, assim como, as águas captadas podem estar sujeita

à contaminação.

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4.44 Em Belém, a ocupação desordenada e a falta de infraestrutura de saneamento,

onde o esgoto doméstico é lançado in natura pela ausência de rede coletora de esgoto

sanitário, resultam em contaminação da água dos mananciais superficiais do SAA

Utinga (Lagos Bolonha e Água Preta), prejudicando a captação de água no lago

Bolonha, em razão da eutrofização gerar o aumento de macrófitas na superfície da água,

inclusive com invasão do ponto de captação, havendo necessidade de existência de uma

área de contenção. Apesar da existência de balsa para retirada dessas plantas aquáticas,

foi constatado que esse equipamento não funciona a 02 (dois) anos, o que agrava o

problema (Fotografia 35 a Fotografia 38).

Fotografia 35 - Esgoto sanitário lançado

indevidamente no la Bolonha (parque Utinga),

no município de Belém.

Fotografia 36 - Proliferação de macrofitas no Lago

Bolonha do Parque Utinga no município de Belém.

Fotografia 37 - Captação lago Bolonha SAA

Utinga (município de Belém).

Fotografia 38 - Equipamento utilizado para

retirada das macrófitas do SAA Utinga no

município de Belém.

4.45 Foi verificado ainda que esse crescimento desenfreado das macrófitas, já ocorre

há alguns anos, sendo inclusive tema de trabalhos científicos, os quais apresentam

soluções, o mesmo ocorrendo com reportagens na mídia. Contudo, as poucas

providências adotadas pela COSANPA não resolveram esse problema.

4.46 Fica evidenciado que a COSANPA não fomenta ações, conjuntamente com os

demais órgãos envolvidos (Secretarias de Meio Ambiente, Policia Ambiental), para os

locais de captação da água de rios, igarapés e lagos, a exemplo do Lago Bolonha e Água

Preta que, apesar de localizado em parque ambiental, ainda não recebe ações efetivas de

proteção e regularização das invasões existentes, conforme constatado na visita “in

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loco”, que além das invasões urbanas, verificou-se ainda: muros derrubados em vários

pontos da área do parque; vigilância precária para fiscalização do entorno; esgoto

sanitário lançado indevidamente; proliferação de vegetação cobrindo os lagos acima

mencionados (Fotografia 39 a Fotografia 42).

Fotografia 39 - Invasão urbana e muro

quebrado do Parque do Utinga, no município

de Belém.

Fotografia 40 - Invasão Urbana e muro

quebrado facilitando as invasões no Parque

Utinga, no município de Belém.

Fotografia 41 - Muros quebrados do Parque do

Utinga, no município de Belém.

Fotografia 42 - Entrada de estranhos SAA

Utinga no município de Belém.

4.47 Quanto às captações subterrâneas foi verificado que em sua maioria são

suscetíveis de ações externas por falta de muro de proteção e/ou gradio, facilitando a

invasão de meliantes e animais (Fotografia 43 e Fotografia 44), colocando em risco a

área em torno dos poços. A exemplo dos municípios de Abaetetuba, Capanema, Monte

Alegre, Santarém, Castanhal, dentre outros.

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Fotografia 43 – Poço em proteção no município de

Santarém.

Fotografia 44 - Invasão de animais no

SAA Garrafão no município de Capanema.

4.48 É importante destacar que durante a visita “in loco” no SAA Garrafão, em

Capanema, o cercamento foi danificado pelos donos de gado da redondeza, para os

animais pastarem no local, colocando em risco as tubulações dos poços à vácuo, que

ficam dispostos na superfície, fazendo a adução da água subterrânea até o reservatório

de distribuição de água para a população. Além disso, as captações dos SAA’s

Campinho e Tauari também estão desprotegidas.

4.49 Outro exemplo de descaso com a proteção dos mananciais subterrâneos é o

sistema do Caiçara, em Castanhal na qual a captação é proveniente de 13 poços com

12metros de profundidade ao lado de um igarapé, que foi transformado em esgoto, pois

são despejados dejetos e lixos pela população circunvizinha, ocorrendo o risco de

contaminação do lençol freático que abastece os pontos de captação do referido sistema.

(Fotografia 45 e Fotografia 46).

Fotografia 45 - Despejo de esgoto no igarapé

ao lado do SAA Caiçara no município de

Castanhal, com risco de contaminação do

lençol freático.

Fotografia 46 - Despejo de lixo pelos

moradores do entorno do igarapé ao lado do

SAA Caiçara, no município de Castanhal.

4.50 Quanto à proteção e sinalização dos equipamentos de bombeamento da água,

verificou-se que não existe nenhum tipo de sinalização nos pontos de captação dos

municípios de Altamira, Marabá, Bragança e Santana do Araguaia, visando proteger

esses equipamentos, conforme evidenciado nas fotos do parágrafo 4.7 deste relatório.

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Quanto a ação da COSANPA no Controle da Qualidade da Água nos municípios

em que é concessionária.

4.51 Conforme disposto no art. 8° da Lei 11.445/2007 o ente municipal pode

outorgar, através de contrato de concessão a execução dos serviços de saneamento

básico. No estado do Pará a COSANPA atua como concessionária desses serviços em

58 municípios e 9 vilas.

4.52 A Portaria MS nº 518/2004 prevê que as concessionárias dos serviços de

saneamento são responsáveis pelo controle da qualidade da água a ser distribuída à

população, devendo para tanto avaliar suas águas em todas as fases, quais sejam:

captação, produção, reservação e distribuição.

4.53 A COSANPA no item 22 da CA nº. 02/2010, informou que realiza avaliação

sistemática dos SAA’s sob a perspectiva dos riscos à saúde pública com base: na

ocupação da bacia contribuinte ao manancial; no histórico das características de suas

águas; na característica física do sistema; na prática operacional; na qualidade da água

distribuída. No entanto, não anexou relatório de avaliação comprovando a realização

dessas ações.

4.54 Nas visitas “in loco” da equipe de AOP foi verificado o estado alarmante em que

se encontram SAA’s administrados pela COSANPA, como já foi descrito no tópico 4

(Precariedade dos SAA’s Visitados) deste relatório, inclusive com aspecto de abandono,

sucateamento dos equipamentos e indícios de comprometimento dos mananciais.

4.55 Esta situação é evidenciada na resposta da CA nº. 02/2010, no item 23, em que a

COSANPA afirma não promover ações, conjuntamente com os órgãos ambientais e

gestores de recursos hídricos, para proteção dos mananciais de abastecimento de água e

de sua bacia contribuinte.

4.56 A COSANPA informou ainda, que notifica às autoridades de saúde pública

municipal e estadual quando as análises do controle da qualidade da água apresentam

riscos à saúde da população, e que encaminha, as respectivas autoridades, relatórios

mensais com informações sobre a qualidade da água. Entretanto no relatório de

notificação anexado pela COSANPA remetido a SEMA (Secretaria de Estado de Meio

Ambiente), não foi identificado nenhum agravo na análise da água, bem como o

atestado de recebimento por este órgão. Com relação à notificação à SESPA e Secretaria

Municipal de Saúde e Meio Ambiente (SESMA), a COSANPA não comprovou remessa

desses relatórios.

4.57 Quanto às medidas cabíveis visando a correção de anomalias detectadas na água

para consumo humano, a COSANPA novamente alegou que toma medidas, entretanto

não especificou nenhuma dessas ações, demostrando a fragilidade nas ações de controle

da qualidade da água dos SAA’s que ela operacionaliza e gerencia.

4.58 Por todo exposto, não ficou comprovado que a COSANPA exerce o controle da

qualidade da água, com avaliação sistemática dos SAA’s sob sua jurisdição, tanto sob a

perspectiva dos riscos à saúde da população quanto às práticas operacionais, bem como

do encaminhamento de relatórios mensais, com informações sobre o controle da

qualidade da água, às autoridades de saúde pública municipal e estadual.

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4.59 Assim, constata-se que a atuação da COSANPA ocorre de forma ineficiente, não

garantindo ações efetivas de avaliação e controle da qualidade da água, podendo

implicar na contaminação dos mananciais e sua bacia contribuinte.

4.60 Nos itens 5.2 e 5.3 do questionário enviado às Prefeituras do Estado do Pará,

cerca de 60% das que responderam, afirmaram não realizar com frequência os

procedimentos laboratoriais para avaliar a qualidade da água quanto à cor, turbidez,

coliformes fecais e totais, bem como, 60% também afirmaram que esses procedimentos

quando realizados não estão de acordo com a Portaria MS nº 518/2004.

4.61 Cerca de 50% das prefeituras que responderam o questionário, no item 5.4,

afirmaram que não realizam tratamento da água com cloro e flúor. Apesar dos

municípios de Abaetetuba, Altamira e Marabá informarem, no questionário, que

utilizam esses produtos, foi constatado durante as visitas “in loco” que utilizam apenas

cloro. Saliente-se que este produto é de suma importância para o procedimento de

desinfecção da água, devendo ser realizado antes de ser distribuída e consumida pela

população.

4.62 Nos municípios visitados, verificou-se que não há regularidade no fornecimento

de cloro em 52,17% dos SAA’s gerenciados pela COSANPA, implicando na

distribuição de água imprópria para consumo humano à população, conforme

demonstrado nos questionários aplicados junto aos operadores dos sistemas. Observou-

se, ainda nesses sistemas, que além da carência desse produto, a água era distribuída à

população sem nenhum tratamento, quais sejam: Capanema, no bombeamento do

Campinho e Tauari; Vigia; Castanhal; Santarém, nos sistema de Bacabal,

Caranazal e Urumari. Ressalte-se ainda, que apesar dos municípios de Nova

Esperança do Piriá, São João do Araguaia, São Sebastião da Boa Vista e Santana

do Araguaia não estarem sob a administração da concessionária, foi constatado nas

visitas “in loco” que a água distribuída à população não recebia nenhum tratamento.

4.63 Constatou-se que dos 26 SAA visitados, 82,61% encontravam-se em precário

estado de funcionamento, com bombas quebradas, filtros com material do leito filtrante

comprometido, chaves de comando com vazamento, poços desativados, etc. A titulo de

exemplificação dessas situações ocorridas estão os municípios de Belém, Bragança,

Marabá, Capanema, Salvaterra, dentre outros, conforme Fotografia 47a Fotografia 50.

Fotografia 47 - Precário estado de

funcionamento do SAA Cordeiro de Farias no

município de Belém.

Fotografia 48 - Painel de comando quebrado

com fiação exposta do SAA 5º setor, no

município de Belém.

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Fotografia 49 - Vazamento 5º setor (município

de Belém).

Fotografia 50 – Poço paralisado no SAA de

Salvaterra.

4.64 Dos 16 municípios visitados, 75% (12) tem parte do abastecimento de água

gerenciado pela COSANPA, entretanto o nível de cobertura da concessionária é baixo,

ou seja, ainda fica grande parte da população descoberta de água encanada, ficando

sujeita a ações pontuais dos órgãos municipais que não solucionam a problemática do

abastecimento de água.

4.65 Outro fator constatado é a insuficiência de laboratórios nos sistemas gerenciados

pela COSANPA, assim como, a precariedade dos já existentes. Dos 16 municípios

visitados, apenas 4 municípios possuem laboratórios, estando estes funcionando de

forma precária, realizando exames da água apenas nos aspectos físico-químico.

4.66 Diante do exposto, a atuação da COSANPA quanto ao controle da qualidade da

água ocorre de forma insuficiente, visto que as constatações a olho nu da má qualidade

da água nos municípios visitados é latente, corroborando para esta assertiva a

deficiência de laboratórios e de químicos da companhia para atuar neste controle da

qualidade da água produzida e distribuída à população. A exemplo das Fotografia 51 a

Fotografia 56 retiradas quando da aplicação dos questionários aos usuários nos

municípios visitados.

Fotografia 51 - Cor da água a olho nu, no

município de Altamira.

Fotografia 52 - Cor da água a olho nu

município de Santana do Araguaia.

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Fotografia 53 - Cor água a olho nu (município

de Salvaterra).

Fotografia 54 - Laboratório precário do SAA

Nova Marabá.

Fotografia 55 - Laboratório precário do SAA

do 5º Setor no município de Belém.

Fotografia 56 - Laboratório precário do SAA do

município de Altamira.

4.67 A população de um modo geral, ou seja, usuária ou não da água fornecida pela

COSANPA, não acredita nos serviços desempenhados por ela, seja pela má qualidade

da água (péssima aparência e mal cheiro), seja pela prestação do serviço, com as

constantes interrupções no fornecimento de água nas residências, comprometendo a

credibilidade da concessionária de água, diante da população.

4.68 De forma alternativa, a população toma suas providências cavando poços na

busca de água, sem qualquer rigor técnico (próximo a fossas sépticas) e de controle da

qualidade da água que passa a ser consumida sem tratamento e imprópria para o

consumo humano, contribuindo para o adoecimento da população. À título de exemplo,

verificou-se em Bragança, na ETA Chumucuí, que a última análise microbiológica

realizada pela COSANPA foi a seis meses atrás. (Data da visita in loco 08/11/2010).

Quanto à segurança e condições de trabalho dos operadores dos Sistemas

4.69 Nas visitas “in loco” foram constatadas condições inadequadas de trabalho para

os operadores dos SAA’s (Fotografia 57 e Fotografia 58), tais como:

a) falta de segurança da área, por exemplo: ausência de portões,

insuficiência de iluminação, de cercas/muro e de vigilância;

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b) ausência de instalações físicas adequadas (edificações) e/ou revitalização

das existentes;

c) ausência de equipamentos de proteção individual- EPI;

d) falta de limpeza e capinação nas áreas dos SAA’s.

Fotografia 57 - instalações físicas precárias

do SAA 5º Setor no município de Belém

utilizada pelos operadores como copa.

Fotografia 58 - Falta de EPI SAA Garrafão

no município de Capanema.

4.70 As áreas em que estão as edificações dos SAA’s são, geralmente, grandes e

arborizadas, necessitando de proteção, limpeza, iluminação artificial e vigilância diurna

/noturna, especialmente pelo relativo abandono dessas áreas facilitar a entrada de

pessoas desconhecidas e de meliantes, tornando insegura a área e dificultando a

operação do sistema, principalmente no período noturno (Fotografia 59 e Fotografia

60).

Fotografia 59 – Falta de proteção e

capinação da área do SAA da Cidade Nova

município de Ananindeua.

Fotografia 60 - Falta de proteção da área do

SAA Urumari no município de Santarém.

4.71 Essa situação foi constatada em diversos sistemas visitados, como: no sistema

Nova Marabá e reservatório Folha 29, em Marabá, no sistema do Garrafão, em

Capanema, nos SAA’s Urumari, Bacabal e Caranazal, em Santarém, nos SAA’s 5°

Setor e Utinga, em Belém, com os operadores ameaçados e intimidados quando se

opõem a entrada de estranhos, o que torna arriscada a labuta deles no dia-a-dia.

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4.72 Os operadores de plantão em Santarém (SAA’s Urumari e Caranazal) relataram

que se sentem inseguros no trabalho com constante invasão da área por moradores da

redondeza e por meliantes, que ali fazem suas necessidades fisiológicas, consomem

bebidas alcoólicas e drogas, utilizam os igarapés para banho e o terreno para

piqueniques. Esses operadores ainda relataram que recebem ameaças de morte caso

denunciem o ocorrido.

4.73 Outro aspecto observado foi a ausência de salas/ abrigos para os operadores que,

normalmente, não dispõem de banheiro, copa, geladeira e/ou bebedouro, ventilador e/ou

ar condicionado, ficando expostos ao sol e chuva.

4.74 O estado de conservação precário de instalações físicas foi verificado nas áreas

dos SAA’s dos municípios de Marabá (ETA Pioneira), Capanema (SAA’s Garrafão,

Campinho e Tauari), Santarém (unidades operacionais do Urumari e Caranazal). Vale

observar que os operadores entrevistados dos SAA’s Caranazal e Urumari, município de

Santarém, informaram que eles mesmos construíram o alojamento, recuperaram o

portão de entrada, para melhor proteger o local, bem como que o alojamento de madeira

construídos por eles ainda é desprovido de banheiro e bebedouros, conforme

exemplificado nas Fotografia 61 e Fotografia 62.

Fotografia 61 - Casa do operador no Urumari,

no município de Santarém.

Fotografia 62 - Abrigo precário dos operadores

do SAA Bacabal no município de Santarém.

4.75 A falta de manutenção das instalações dos SAA’s por parte da COSANPA foi

evidenciada nas entrevistas realizadas com os operadores dos SAA’s Caranazal e

Urumari, município de Santarém, que relataram que eles mesmos é que construíram o

alojamento.

4.76 Por outro lado, a falta de EPIs faz com que os operadores fiquem expostos ao

barulho das máquinas, prejudicando a saúde desses funcionários, a exemplo dos SAA’s

dos municípios de Marabá (reservatório Folha 29), Capanema (SAA’s Garrafão),

Santarém (unidades operacionais do Urumari e Caranazal).

4.77 Os operadores ainda observaram que, apesar de comunicarem por diversas

vezes, a administração da COSANPA, esta não havia tomado nenhuma providência até

o momento da visita da equipe de AOP. Vale ressaltar que quando existe vigilância na

área do sistema, esta ocorre à noite nos dias da semana, somente sendo realizada 24

horas aos domingos e feriados.

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67

Quanto aos Sistemas Alternativos Coletivos – SAC’s.

4.78 As obras realizadas nos SAC’s foram visitadas pela equipe de auditoria, em

razão da SEDURB ser responsável pelo gerenciamento e implementação das ações 1871

e 1923 que viabiliza essas ampliações/construções desses sistemas. Vale ressaltar, que

algumas dessas obras são remanescentes do “Projeto Alvorada”, as quais ficaram

pendentes de conclusão, sendo as mesmas constatadas durante visita “in loco” nos

municípios de Bragança, São Sebastião da Boa Vista, Vigia, Capanema, dentre outros

exemplificados nas Fotografia 63 a Fotografia 66.

Fotografia 63 – Obra abandonada do Projeto

Alvorada no município de Capanema.

Fotografia 64 - Obra abandonada do Projeto

Alvorada no município de Vigia.

Fotografia 65 – Material sub judice, destinados

ao Projeto Alvorada dos municípios de

Augusto Correa, Bragança, Capanema, Peixe

Boi e Tracuateua.

Fotografia 66 – Material sub judice,

destinados ao Projeto Alvorada dos

municípios de Augusto Correa, Bragança,

Capanema, Peixe Boi e Tracuateua.

4.79 Foram visitados SAC’s nos municípios de Santarém (localidade de Santa Rosa),

São João do Araguaia (Vilas 1° de Março e Ponta de Pedra), Salvaterra (Vila Jubim).

4.80 Além dos SAC’s em ampliação e/ou construção, outros foram visitados por

estarem localizados nas áreas que serão atendidas pelas obras de abastecimento de água,

a exemplo dos SAC’s dos bairros da Conquista e Maracanã, no município de Santarém,

do bairro Pajuçara e Planalto, no município de Monte Alegre, do bairro Aviação em

Abaetetuba e do bairro Tartarugão, em Salvaterra.

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68

4.81 Constatou-se que os SAC’s não suprem a questão do abastecimento de água à

população local, já que os mesmos, não tem capacidade para abastecer durante 24 horas

a população pertencente ao micro sistema, ou seja as famílias são abastecidas por

quantidades de ruas e em horários alternados, de um modo geral são abastecidos cerca

de 02 horas pela manhã e 02 horas à tarde.

4.82 Outro problema é a sustentabilidade dos SAC’s, que em virtude do

gerenciamento ficar sob a responsabilidade de um morador da área ou de associação de

moradores, verificou-se que em virtude da ocorrência do alto índice de inadimplência

no pagamento das taxas, este fato implica na arrecadação de recursos insuficiente para

manutenção e conservação do micro sistema, bem como, afeta a compra de produtos

químicos para o tratamento da água.

4.83 Essa problemática decorre das prefeituras não assumirem a administração desses

sistemas, quer seja pela falta de estrutura municipal, quer seja pela desarticulação com o

poder Estadual objetivando colaboração deste na sustentabilidade desses sistemas

quanto ao tratamento (qualidade) e a distribuição de água potável à população.

4.84 Diante de todo o exposto, nos itens anteriores, fica claro a situação de

precariedade que se encontram os SAA’s gerenciados pela COSANPA, mais precário

ainda, encontram-se as soluções alternativas coletivas que também não solucionam a

questão do abastecimento de água da nossa população.

4.85 Assim, é premente a necessidade de reestruturação dos SAA’s existentes, bem

como implantações de novos, visando solucionar as questões evidenciadas, melhorando

desde a estrutura física até o controle da qualidade da água, este último obrigação das

concessionárias dos serviços de abastecimento de água, no qual está previsto na Portaria

MS n° 518/2004 e art. 9º da Lei 11.445/2007.

4.86 Esta equipe objetivando a boa operacionalização dos SAA’s e visando a

distribuição de água de qualidade à população, sugere ao plenário desta Corte de

Contas, que determine e recomende:

Determine à COSANPA:

Construir estação de tratamento de esgoto (ETE) sanitário nas áreas do

entorno dos mananciais superficiais do SAA Utinga (Lagos Bolonha e

Água Preta);

proceder manutenção adequada nos sistemas de abastecimento de água:

revitalização de prédios e equipamentos, regularidade nos estoques de

produtos químicos, limpeza e substituição da rede de distribuição de

água, proteção das captações subterrâneas e superficiais, dentre outros

necessários para a boa operação dos sistemas;

estruturar laboratórios com equipamentos e materiais necessários para

realizar o controle da qualidade da água;

recuperar os alojamentos dos operadores, bem como, construir

alojamentos aonde não existem;

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69

Recomende à COSANPA:

adotar providências para controle operacional nos sistemas de

abastecimento de água: implantação de macromedição, instalação de

micromedidores, setorização da rede de distribuição de água,

monitoramento da qualidade da água distribuída para a população;

estruturar os setores de cadastros técnico e comercial, para compatibilizar

as informações nas áreas atendidas por cada sistema de abastecimento de

água;

Insuficiência de ações de vigilância da qualidade da água

4.87 A qualidade da água fornecida à população precisa ser conhecida e

acompanhada pelo poder público, sendo estabelecido na Portaria MS n° 518/2004 que o

monitoramento da vigilância da qualidade da água é de responsabilidade da Secretaria

Estadual de Saúde, cabendo às Secretarias Municipais a vigilância da qualidade da água

em Plano de Amostragem pactuado com a autoridade Estadual de Saúde.

O monitoramento da vigilância da qualidade da água consiste em avaliar,

continuamente, a qualidade da água consumida pela população, permitindo a

identificação de fatores de riscos e a definição de estratégias de melhoria da

situação existente, além do acompanhamento dos impactos resultantes das

medidas implementadas (BRASIL, 2006).

4.88 Vale ressaltar as competências estabelecidas na Portaria MS n° 518/2004,

referentes aos deveres e obrigações das Secretarias Estaduais (artigo 6º) e Municipais de

Saúde (artigo 7º) quanto ao monitoramento e à vigilância da qualidade da água:

Art. 6º [...]

I. promover e acompanhar a vigilância da qualidade da água em sua área de

competência, em articulação com o nível municipal e os responsáveis pelo

controle de qualidade da água, nos termos da legislação que regulamenta o

SUS;

II. garantir, nas atividades de vigilância da qualidade da água, a

implementação de um plano de amostragem pelos municípios, observadas as

diretrizes específicas a serem elaboradas pela SVS/MS

Art. 7º

[...]

XI. implementar um plano próprio de amostragem de vigilância da qualidade

da água, consoante diretrizes específicas elaboradas pela SVS; e

XII. definir o responsável pelo controle da qualidade da água de solução

alternativa.

4.89 Ainda é oportuno observar que quando a administração do SAA está em regime

de concessão ou permissão, a concessionária ou a permissionária é a responsável por

exercer o controle da qualidade da água.

4.90 No questionário respondido pelas prefeituras, é possível destacar que 70% das

prefeituras não possuem plano municipal de amostragem de vigilância da qualidade da

água. Vale ressaltar que no plano são definidos os pontos de coletas de amostras, a

frequência, número de amostra por parâmetro a ser analisado, os métodos de

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70

amostragem laboratorial, a programação da coleta e os critérios gerais de implantação

do plano.

4.91 Quanto a proteção dos mananciais de água utilizados nos sistemas de

abastecimento, cerca de 45% das prefeituras declararam não tomar nenhuma medida

para proteger os mananciais, a exemplo do rio Chumucuí, em Bragança, funcionando

cerca de 100 metros acima da captação balneário denominado “Deco”, tendo a

secretaria municipal de meio ambiente relatado que a secretaria foi criada há apenas seis

meses e ainda não houve tempo para estruturar a proteção dos mananciais e manguezais.

4.92 Quanto às informações de doenças ocasionadas pela contaminação da água,

69,70% das prefeituras afirmaram não possuir os dados referentes as doenças

ocasionadas pelas vulnerabilidades existentes nos sistemas de abastecimento, 24,24%

não anexaram informações e/ou documentos das referidas doenças e 6,06% enviaram

relatório anual do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica (SIVEP) -

Doença Diarréica Aguda (DDA) e Sistema de Informação de Agravos de Notificação (

SINAN NET) hepatite viral.

4.93 Vale ressaltar, ainda, que cerca de 50% das prefeituras não fiscalizam as práticas

operacionais e a qualidade da água (física, química e biológica) dos SAA’s, nos

municípios com ou sem concessionárias, assim como, cerca de 75% delas não dispõem

de dados históricos da qualidade da água produzida/captada, tratada e distribuída.

4.94 Quanto ao município possuir condições técnicas para exercer as atividades de

vigilância da qualidade da água de acordo com as diretrizes nacionais impostas pela

Portaria MS n° 518/2004, 57,58% das prefeituras afirmaram que a SESPA não tem dado

nenhum tipo de apoio. Dessas, 89,47% especificaram as carências existentes para

executar ações de vigilância da qualidade da água, a exemplo dos municípios de:

Abel Figueiredo – “carência de laboratório próprio, capacitação técnica em

vigilância”;

Almeirim – “em função da ausência de qualidade e técnico para efetivas

análises”;

Altamira – “existe laboratório e técnicos habilitados, porém falta apenas suprir

o laboratório com reagentes para analises físico-químicas e kits para análises

bacteriológicas, os instrumentos para analises existem”;

Aurora do Pará – “não possui instalações físicas como também corpo técnico”;

Bagre – “falta de laboratório para analise, falta de materiais que são usados para

executar as ações de vigilância”;

Ipixuna do Pará – “insuficiência de pessoal, localização geográfica (acesso e

distância), transporte exclusivo”;

Itaituba – “implantação de um laboratório para análise da água, hoje o

município utiliza esse serviço no laboratório de Belém”;

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Mãe do Rio – “o município necessita de profissionais suficiente para trabalhar

na ação”;

Marabá – “o maior entrave para execução da vigilância da qualidade da água é

veiculo para deslocamento dos técnicos para realização das ações” ;

Maracanã – “estrutura logística pois, houve o aumento da população local e não

houve investimento no abastecimento de água ocasionando o sucateamento dos

maquinários” ;

Melgaço – “profissionais capacitados, laboratório para análise da água, estrutura

física”;

Muaná – “estrutura de laboratório equipado (preferencialmente móvel e fluvial),

treinamento para os técnicos do SAAE”;

Ourilândia do Norte – “não possui laboratórios para realização de analise da

água, o município aguarda o funcionamento do laboratório regional de

Conceição do Araguaia”;

Santa Maria do Pará – “falta de estrutura técnica e financeira”;

São João do Araguaia – “não possui profissionais capacitados, o município não

possui técnicas para execução das ações de vigilância da qualidade da água, a

vigilância sanitária municipal não é dotados com especialização para executar o

serviço”;

Sapucaia – “inexistência de equipamentos, tecnologia necessária para a

realização de teste laboratoriais que identifique vetores poluentes e orgânicos

transmissores de patologias, que esteja presente na água”;

Soure – “infra estrutura, qualidade técnica, transporte, material e equipamento

especifico para coleta, conservadores de amostragem”;

Tucuruí – “falta de equipamentos”.

4.95 Em relação à atuação da SESPA e dos CRS’s quanto à promoção e

acompanhamento da vigilância da qualidade da água em articulação com o nível

municipal. A SESPA através do oficio n° 46 VISAMB/CVS/SESPA de 26/10/2010,

destacou as seguintes deficiências para execução das ações de vigilância da água no

Estado do Pará: insuficiência de Laboratórios de Provas Básicas (LPB´s), capacidade

técnica, recursos humanos e insuficiência de Kit´s para coleta e análise da qualidade da

água.

4.96 O mesmo questionamento foi aplicado aos 13 CRS’s do Estado do Pará. Nas

respostas desses centros predominaram as seguintes deficiências: ausência de

laboratórios, de passagens para locomoção, de diárias, capacitação técnica, de recursos

humanos, insuficiência de kits para coleta e análise da qualidade da água.

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72

4.97 Além disso, os CRS´s ainda destacaram a ausência de equipamentos de

informática para cadastramento de dados nos sistemas de controle e monitoramento da

qualidade da água; de equipes municipais não comprometidas com a vigilância da

qualidade da água; de falta de apoio do nível central da SESPA, pois a vigilância

ambiental fica em segundo plano e de acesso ao SISÁGUA, que restringe-se ao nível

central da SESPA.

4.98 Quanto aos treinamentos e capacitação, em resposta a CA nº 02/2010, item 04, a

SESPA informou que os técnicos dos centro regionais e demais servidores da secretaria

de saúde recebem treinamento/cursos de capacitação para executar ações de vigilância

da qualidade da água no Estado, mencionando como último curso realizado o ocorrido

no período de 18 a 20/08/2010, na sede do 11º CRS no município de Marabá, que teve

23 participantes de 17 municípios e carga horária de 24 horas.

4.99 Contudo, a SESPA não informou o conteúdo programático do referido curso,

impossibilitando verificar se o treinamento estava voltado, especificamente, para as

ações de vigilância da qualidade da água.

4.100 Vale ressaltar que, com base nos números de participantes, de municípios

alcançados e de carga horária ministrada, os cursos/treinamentos promovidos pela

SESPA são insuficientes para a capacitação de servidores dos centros regionais para a

execução das ações de vigilância da água, ratificada pela resposta da própria SESPA ao

item 03 da CA 02/2010, que assume suas deficiências quanto à capacitação técnica.

4.101 Essa deficiente capacitação técnica dos servidores, também foi apontada nas

respostas dos CRS´s, em que 54,54% afirmaram não receber nenhum tipo de

cursos/treinamentos promovidos pela SESPA voltados às ações de vigilância.

4.102 Quanto às ações de promoção e acompanhamento de vigilância da qualidade da

água nos municípios do estado do Pará, a SESPA informou que essas ocorrem de 6 em

6 meses por meio de relatório virtual do Programa VIGIÁGUA, porém não identificou e

nem especificou as ações que desenvolve.

4.103 Observa-se, ainda, que apenas 45,33% dos municípios do Estado alimentam o

Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano -

SISÁGUA, sendo que a SESPA não demonstrou as ações desenvolvidas para os

municípios que não estão inseridos no sistema.

4.104 A SESPA também não relatou as ações referente às inspeções realizadas nos

diversos tipos de SAA’s existentes nos municípios do Estado, assim como, não

informou e/ou demonstrou em nenhum momento a atuação dos CRS´s no interior do

Estado.

4.105 Quanto à promoção de ações de vigilância da qualidade da água nos municípios

sob sua jurisdição, 63,64% dos CRS’s afirmaram que não promovem ações dessa

natureza. Já quanto ao acompanhamento da execução da vigilância da qualidade da água

pelos municípios, 54,56% dos CRS´s informaram que não efetuam nenhum tipo de

acompanhamento.

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73

4.106 Quanto ao acompanhamento e monitoramento das doenças mais frequentes

causadas pela contaminação da água nos municípios do Estado. A SESPA apesar de

afirmar que realiza essas atividades, não anexou nenhum relatório que comprovasse a

implementação dessas atividades.

4.107 É oportuno dizer que as atividades de acompanhamento e monitoramento das

doenças causadas pela contaminação da água, devem considerar a identificação dos

fatores de riscos, a definição de estratégias de melhoria da situação existente, além do

acompanhamento dos impactos resultantes das medidas implementadas.

4.108 O mesmo questionamento foi aplicado aos 13 CRS’s do estado do Pará, apesar

de 72,73% dos CRS´s afirmarem que acompanham e monitoram as doenças mais

frequentes causadas pela água, não há interpretação dos dados informados,

demonstrando o comportamento da incidência dessas doenças com o número de

habitantes do município, bem como as medidas preventivas e corretivas para combatê-

las.

4.109 Quanto à atuação da SESPA para apoiar os municípios do Estado nas ações de

vigilância da qualidade da água, quando constatada tecnicamente insuficiência da ação

municipal, conforme preconiza inciso IV, art. 6º da Portaria MS nº 518/2004, a

Secretaria tem se mostrado incipiente em suas ações de apoio aos municípios, pois essas

se restringem em constatar apenas as ineficiências das ações de cadastro, controle e

vigilância, que constituem a estrutura básica do programa VIGIÁGUA.

4.110 Quanto aos CRS´s, 63,64% afirmaram executar ações de vigilância da qualidade

da água nos municípios, por exemplo:

12º CRS – “Foi realizado coleta de amostra de água para fins de análise da qualidade

da água para consumo humano no município de Rio Maria atendendo a solicitação de

técnicos do município.”.

13º CRS – “Quando o município alega que não faz as ações de vigilância, geralmente é

devido à falta de apoio do gestor, falta de material (saco coletor), transporte, mas os

técnicos, o município tem. Então aqui no 13 CRS o problema é o mesmo (falta de

transporte, a falta de apoio, visto que a vigilância da água não é vista como mais

importante). Mas o que podemos fazer para viabilizar o trabalho do município com

certeza fazemos.”

4º CRS – “Em todos os municípios principalmente na ocorrência de surtos, e outros

agravos que mereça o acompanhamento e o apoio da regional.”.

1º CRS – “Em 2006, durante um período, foi dado apoio ao município da Santa

Bárbara, com veículo da regional e técnico.”.

10º CRS – “Em 2007, foi realizado em Altamira, orientação técnica no SISÁGUA, para

o cadastramento dos sistemas de abastecimento e soluções alternativas coletivas e

individuais (in loco).”.

7º CRS – “Educação sanitária através de cursos e treinamentos em boas práticas na

manipulação dos alimentos incluindo-se a água e orientações técnicas para que os

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74

responsáveis pelo abastecimento de água do município execute tratamento preconizada

para o saneamento do abastecimento público.”

2º CRS – “Até o momento não houve demanda.” (entretanto, respondeu que sim).

4.111 Contudo, percebe-se que as ações executadas pelos CRS’s foram insuficientes

para a vigilância da qualidade da água nos municípios, o que pode ser verificado nas

respostas dos questionários aplicados às prefeituras, a exemplo das carências técnicas

relatadas no parágrafo 3.36.

4.112 O apoio deficiente da Secretaria Estadual de Saúde aos CRS’s também é

refletido na implantação dos planos de amostragem dos municípios, com 72,73% dos

CRS´s afirmando que não executam atividades de vigilância suficientes para garantir a

implementação do referido plano, conforme pactuado com os municípios, sob sua

jurisdição.

4.113 Dos CRS´s que afirmaram executar atividades de vigilância, essas são

principalmente de reuniões de pactuação, que acontecem anualmente; e de envio de

ofícios para solicitar relatório das ações realizadas pelos municípios, contribuindo para

o baixo desempenho no alcance das metas pactuadas entre os municípios e a

SESPA/CRS´s. Isso reforça a assertiva da insuficiência das ações de vigilância da

qualidade da água desenvolvidas nas esferas estadual e municipal, o que foi constatado

nos relatórios enviados pelos CRS’s, conforme exemplificado nas Tabela 8, Tabela 9,

Gráfico 7 e Gráfico 8.

Tabela 8 - Relatório VIGIÁGUA 4ª CRS (jan. a out 2010) referente à população

estimada de 469.663 habitantes.

Relatório Vigiágua Meta do

período

Realizado no

período

% Realizado da

meta

N° de relatórios 1656 16 0,97

N° de amostras de cloro residual livre 4.464 93 2,08

N° de amostras de turbidez 4.464 614 13,75

N° de amostras Coliformes totais 4.212 613 14,55

Gráfico 7 - Relatório VIGIÁGUA 4ª CRS.

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Tabela 9 - Relatório VIGIÁGUA 10ª CRS (jan. a out 2010) apenas referente à

população de 28.093 habitantes do município de Porto de Moz

Relatório Vigiágua Meta no

período

Realizado no

período % realizado

N° de relatórios 6 0 0,0

N° de amostras de cloro residual livre 25 0 0,0

N° de amostras de turbidez 25 0 0,0

N° de amostras Coliformes totais 25 0 0,0

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

N° de relatórios N° de amostras decloro residual livre

N° de amostras deturbidez

N° de amostrasColiformes totais

0 0 0 0

100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

RELATÓRIO VIGIÁGUA 10º CRS

% Realizado da meta % Não Realizado da meta

Gráfico 8 - Relatório VIGIÁGUA 10ª CRS.

4.114 Vale ressaltar que os Relatórios do VIGIÁGUA são elaborados com os dados

registrados pelos municípios no SISÁGUA, sendo na presente auditoria identificado que

parte dos municípios paraenses não alimenta esse sistema e dos que alimentam, alguns

não realizam de forma correta a inserção dos dados de cadastro, controle e vigilância no

SISÁGUA, apesar de a SESPA informar que realiza a conscientização dos técnicos das

SMS´s para o adequado registro dos dados.

4.115 Por todo o exposto, conclui-se que a SESPA/CRS’s e as prefeituras (SMS’s) não

exercem as atividades de vigilância da qualidade da água de acordo com a Portaria MS

n° 518/2004, tendo sua atuação ações insuficientes nos municípios paraenses para o

efetivo desempenho de suas responsabilidades preconizadas na Portaria supra do

Ministério da Saúde.

4.116 Objetivando o efetivo desempenho na vigilância da qualidade da água nos

municípios paraenses, esta equipe propõe a esta Corte de Contas que faça as seguintes

recomendações à SESPA/CRS’s:

elaborar política estadual com o objetivo de estruturar os municípios para

que possam realizar ações de vigilância da qualidade da água com maior

desempenho, tais como: estruturar e equipar laboratórios fixo e móvel, de

acordo com as especificidades de cada localidade;

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76

garantir, nas atividades de vigilância da qualidade da água, a

implementação do plano de amostragem pactuado pelos municípios, bem

como o cumprimento de suas metas.

4.117 Propõe-se ainda que esta Corte de Contas determine ao Tribunal de Contas dos

Municípios do Estado do Pará:

Atuar mediante controle externo de sua competência junto aos prefeitos

municipais no sentido de garantir o efetivo exercício das atividades de

vigilância e/ou controle da qualidade da água, como preconizado na

Portaria MS nº. 518/2004, que constitui questão de saúde pública.

Insatisfação dos usuários quanto a qualidade, quantidade e regularidade da água.

4.117 Nas visitas de estudo foram aplicados 551 questionários junto aos beneficiários

em que 65,34% afirmaram não estarem satisfeitos com o abastecimento de água pelos

seguintes aspectos:

62,25% informaram que o abastecimento de água não é realizado durante

24 horas;

47,00% afirmaram que falta água o dia todo;

44,28% reclamaram que a água não chega à torneira/chuveiro com

quantidade e pressão adequada, inclusive com relatos de usuários que

quando utilizam água em determinado ambiente da casa, falta água em

outros; (Fotografia 67 e Fotografia 68);

56,99% disseram que a água apresenta cor, tais como:

amarelada/ferrugem e esbranquiçada; (Fotografia 69 e Fotografia 70);

38,84% reclamaram que a água apresenta cheiro, tais como: lama/pitiú;

3,19% afirmaram que a água apresenta gosto, tais como: ferrugem, cloro

/ Q-boa. Este último com baixa expressão de percepção dos usuários em

decorrência da maioria afirmarem não utilizar a água distribuída para

beber.

Fotografia 67 - Pressão inadequada da água no

município de Monte Alegre.

Fotografia 68 - Pressão inadequada da água

no município de Santarém.

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Fotografia 69 - Cor amarelada da água no

município de Belém.

Fotografia 70 - Cor amarelada da água no

município de Capanema.

4.118 Vale ressaltar que diante desses percentuais tem-se a fazer alguns comentários

resultantes das observações verificadas nas visitas “in loco”:

4.119 De modo geral nas 10 regiões visitadas do estado do Pará, das 12 existentes,

ainda há muita carência de água própria para consumo humano, pois os SAA’s da

COSANPA estão funcionando precariamente, em decorrência da falta de manutenção

nesses sistemas, tais como: manutenção dos filtros e troca do material do leito filtrante;

bombas com vazamento de água tratada; reservatórios de água tratada a céu aberto, sujo

e com lodo; falta de produtos químicos para desinfecção da água, como cloro e

polímero; deficiência no controle e vigilância da qualidade da água; ausência de atuação

da agência reguladora estadual; obras paralisadas e/ou inacabadas; ausência de

manutenção na rede de distribuição de água, bem como sua substituição, visto que

grande parte dos municípios visitados, a rede ainda é de amianto.

4.120 Acrescente-se que os projetos de implantação, ampliação e melhoria dos SAA’s,

na sua maioria, não atendem as especificidades dos municípios, pois são planejados sem

a participação municipal, onde 55,88% dos questionários respondidos pelos municípios,

afirmaram que não participam, conjuntamente com o Estado, da elaboração dos

respectivos projetos, acarretando execução de obras que não vislumbram a

proporcionalidade entre o crescimento populacional local e o aumento da capacidade de

produção, tratamento e distribuição de água.

4.121 Considera-se um apelo a manifestação da prefeitura de São Domingos do Capim

no questionário respondido, ratificando a situação alarmante encontrada nos diversos

SAA´s visitados por esta equipe, afetando na regularidade, quantidade, e qualidade da

água distribuída ao usuário: –“ a última obra inaugurada no município data de 1998, e

já não atende a demanda de consumo, embora na época de sua implantação tenha

representado uma melhoria. O mesmo SAA, hoje não atende nem 50% da necessidade

real, carecendo de remodelação e ampliação. O sistema de captação armazena e

distribui 2.500.000 l/dia, mas a péssima situação da rede existente não deixa fluir a

água até os domicílios, além disso 50% desse volume de água e captação através de

bomba centrífuga, alimentada por motor elétrico agregado ainda em bateria de poços.

Urge, portanto que sejam canalizados recursos destinados a resolução desse grave

problema, nascido há muito tempo no descompasso entre gestão planejada e

crescimento desordenado da cidade.”.(grifo nosso)

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4.122 Por todo o exposto, as situações acima evidenciadas têm trazido danos à

população, bem como, prejuízos ao prestador do serviço, tais como: alto índice de

inadimplência (40,29% - evidenciado no item 10 do questionário aplicado), perda da

clientela e baixa credibilidade da concessionária de abastecimento de água, causando

desequilíbrio econômico e financeiro da prestadora de serviços.

4.123 Objetivando o fortalecimento da atuação da agência reguladora estadual,

servindo de referência aos municípios para a regulação, fiscalização e controle dos

serviços de abastecimento de água, assim como para a COSANPA resgate da imagem e

credibilidade perante seus usuários e o aumento da cobertura de água encanada e

potável nos domicílios. Propõe -se a esta Corte de Contas que determine e recomende:

Determine à ARCON/PA (Agência de Regulação de Serviço Público do Estado do

Pará):

estruturar a agência reguladora estadual quanto à prestação dos serviços

de abastecimento de água;

Recomende à COSANPA e SEDURB:

implantar ações para “eliminar” Perdas e desperdícios de água, visando o

uso racional da água e o melhor atendimento da população em termos de

vazão, pressão e qualidade da água distribuída;

implantar ações para controle da qualidade da água distribuída para a

população.

conclusão das obras iniciadas nos municípios, oriundas do programa

água para todos;

5. ANÁLISE DOS COMENTÁRIOS DO GESTOR

5.1 Com vistas à implementação do monitoramento que é a última etapa da

metodologia da auditoria operacional, foi entregue à Secretaria de Estado de

desenvolvimento Urbano e Regional (SEDURB), hoje Secretaria de Estado de

Integração Regional, Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (SEIDURB),

Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA), Secretaria de Estado de Saúde

Pública (SESPA) e Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Estado do

Pará (ARCON) a versão preliminar deste relatório, datado de 18 de agosto de 2011,

mediante Ofícios 2011/03945 DCE/CAOP, 2011/03946 DCE/CAOP, 2011/03947

DCE/CAOP e 2011/03948/ DCE/CAOP, respectivamente, datados de 30/08/2011, em

reunião realizada neste TCE/PA, com a finalidade de obter seus comentários e sugestões

até o dia 15/09/2011.

5.2 Ressalte-se que a COSANPA solicitou prorrogação de prazo mediante Ofício nº

643-P de 14/09/2011, ficando estabelecido novo prazo até o dia 14/10/2011, mediante

Ofício nº 2011/ 04460 DCE/CAOP de 16/09/2011

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5.3 Acerca das manifestações dos órgãos que responderam aos ofícios deste

Tribunal, observou-se que não houve contraposições ao relatório de auditoria

operacional na função saneamento.

5.4 Saliente-se que a Secretaria de Estado de Integração Regional, Desenvolvimento

Urbano e Metropolitano – SEIDURB deu entrada de sua manifestação neste TCE em

26/10/2011, mediante Ofício nº 1049/2011- GB/SEIDURB.

5.5 É válido registrar que a ARCON foi o único órgão que não se pronunciou acerca

do relatório de auditoria operacional deste TCE/PA.

6. CONCLUSÃO

6.1 Uma das metas da Declaração do Milênio das Nações Unidas, de 8 de setembro de

2000, é garantir a sustentabilidade ambiental, já que estudo da OPAS afirma que um

bilhão de pessoas ainda não tem acesso a água potável no planeta.

6.2 Essa questão de âmbito mundial demandou ações do governo brasileiro,

destacando-se entre essas o advento do marco regulatório de saneamento básico, qual

seja, a Lei 11.445/2007 que estabelece as diretrizes nacionais para este seguimento, bem

como, a institucionalização de programas para a área de Saneamento.

6.3 A presente auditoria objetivou avaliar se as ações governamentais 1871

(Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água), 1923 (Implantação, Ampliação e

Melhoria do Sistema de Abastecimento de Água) e 1925 (Ampliação de Sistema de

Abastecimento de Água - PAC) do Programa “Água para Todos” promoveram melhoria

ao acesso dos beneficiários ao abastecimento de água.

6.4 A partir dessa perspectiva, foram elaboradas questões de auditoria relativas ao

planejamento, gerenciamento e efetividade dos serviços de abastecimento de água

disponibilizados à população, no que se refere à quantidade, qualidade e regularidade.

6.5 Vale ressaltar que na presente auditoria foram respondidas as três questões

centrais, pois foi constatado que: a) o planejamento das ações apresenta fragilidades que

comprometem o acesso da população ao abastecimento de água; b) a estrutura de

gerenciamento não é adequada e nem compatível com os objetivos das ações

implementadas para melhoria do abastecimento de água; c) os beneficiários das ações

não estão recebendo água com qualidade, quantidade e regularidade.

6.6 Na auditoria foi constado o não atendimento dos objetivos e metas das ações

governamentais 1871 (Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água), 1923

(Implantação, Ampliação e Melhoria do Sistema de Abastecimento de Água) e 1925

(Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água - PAC) do Programa “Água para

Todos”, pois os problemas observados no planejamento e gerenciamento reduziram a

contribuição dessas ações para melhorar o acesso dos beneficiários ao abastecimento de

água no estado do Pará.

6.7 A falta de atendimento dos objetivos do Programa “Água para Todos” no período

auditado (2008 a 2010) também foi identificada na avaliação dos recursos aplicados,

pois apenas foram utilizados R$ 203.323.240,88 do valor total previsto (R$

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471.216.811, 99) para a realização das ações 1871, 1923 e 1925, o que representa

43,14% do recursos planejados para as melhorias da infraestrutura dos sistemas de

abastecimento de água nos municípios paraenses.

6.8 Em relação ao número de ligações de água efetivamente implantadas nos

municípios do Estado nas ações 1871, 1923 e 1925, a SEDURB e a COSANPA não

forneceram dados completos e/ou consistentes para a quantificação dessas ligações

efetivamente implantadas no período 2008/2010.

6.9 A falta de política estadual de saneamento básico, formalmente estabelecida e a

ausência de diagnóstico preciso dificultaram o planejamento das ações de abastecimento

de água no estado do Pará. Com isso, as ações de abastecimento de água do Programa

“Água para Todos” foram planejadas de forma desarticulada e descontínua, tendo

critérios incompletos na definição das áreas prioritárias, projetos de engenharia

inadequados à realidade do município atendido, ou seja, os programas e ações de cada

governo são realizados sem vínculo a uma política de Estado, sendo apenas de governo,

com prejuízos para o atendimento da população.

6.10 Por outro lado, a SEDURB, como gestora e executora do Programa, não

apresentou informações suficientes das atividades realizadas no planejamento do

Programa Água para Todos, não tendo elementos que comprovassem a seleção e

hierarquização dos municípios atendidos.

6.11 Um exemplo dos problemas do planejamento da SEDURB e da COSANPA é que

a SESPA, responsável pela vigilância da qualidade água e detentora de informações da

ocorrência de doenças nos municípios paraenses, não subsidiou a elaboração do

diagnóstico de saneamento básico do Estado, demonstrando o reduzido

compartilhamento de informações/estudos de DVH pelos órgãos envolvidos com a

função Saúde e Saneamento.

6.12 Vale ressaltar que o trabalho isolado e com prioridades distintas dos órgãos

estaduais contribuiu para o não atendimento dos objetivos dos projetos e obras de

abastecimento de água em alguns municípios, culminando em duplicidade de serviços,

obras paralisadas, dentre outros.

6.13 A indefinição da competência para a prestação e regulação dos serviços foi

constatada na auditoria, sendo que a morosidade na adoção de medidas para

regularização dos contratos de concessão também gera instabilidade legal, que fragiliza

o planejamento, assim como, compromete a existência da COSANPA como

concessionária do serviço público de abastecimento de água.

6.14 Além disso, na auditoria também foram constatadas fragilidades e problemas no

desenvolvimento das ações, como as deficiências no gerenciamento e acompanhamento

do gerente do programa (SEDURB); a desarticulação e falta de integração dos órgãos

estaduais envolvidos no processo de construção, operação e manutenção dos sistemas

de abastecimento de água; a precariedade das estruturas físicas dos sistemas, a

vigilância e controle insuficiente da qualidade da água pela COSANPA, SESPA e

prefeituras municipais, respectivamente; a precariedade dos mecanismos de controle

social; entre outros.

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81

6.15 Também foram inadequados e deficientes os procedimentos de acompanhamento,

controle e avaliação do alcance das metas das ações de implantação, ampliação e

melhoria de abastecimento de água do Programa. As fragilidades da SEDURB e da

COSANPA dificultaram a realização de avaliações quantitativa e qualitativa do

desempenho das ações, o que resultou no desconhecimento da real situação das obras,

em andamento e concluídas, prejudicando a tomada de decisão para adoção de medidas

preventivas e corretivas que minimizem as deficiências e/ou problemas ocorridos na

execução das ações.

6.16 Vale dizer ainda, que a SESPA/CRS’s e as prefeituras (Secretarias municipais de

Saúde) não desempenham efetivamente a vigilância da qualidade da água distribuída

para a população, de acordo com a Portaria MS n° 518/2004. Essa situação também

contribuiu para distribuição de água de má qualidade à população.

6.17 É oportuno ressaltar a forma pontual com que foram projetadas e construídas

unidades do sistema de abastecimento de água, ou seja, sem a visão global de tempo e

espaço, sendo que a falta de atendimento de requisitos técnicos acabou prejudicando o

cronograma de execução das obras dos sistemas de abastecimento de água das ações

auditadas.

6.18 Pelos problemas expostos, as ações auditadas não disponibilizaram água com a

quantidade, qualidade e regularidade esperadas pela população dos municípios

contemplados, portanto, sem alterar expressivamente a situação do abastecimento de

água e da saúde pública da população, especialmente por ainda ser constatado grande

percentual de obras não concluídas.

6.19 As respostas dos beneficiados demonstram que o Estado precisa solucionar as

deficiências e fraquezas observadas nas ações auditadas, bem como fortalecer os

municípios e a COSANPA para a construção, operação e manutenção dos sistemas de

abastecimento de água eficientes e de acordo com o esperado pela população.

6.20 As deficiências e fragilidades constatadas no decorrer da auditoria, também já

foram descritas em estudos realizados em governos anteriores (PARÁ 2010), nos quais

foram apontadas deficiências quanto às problemáticas do saneamento no Estado, como:

ausência de política de saneamento estadual, dificuldade de acesso aos municípios e

localidades, capacidade institucional insuficiente para a gestão dos recursos naturais

(recursos hídricos), baixa capacitação técnica das prefeituras, capacidade institucional

deficiente para implantação de sistemas de abastecimento de água, dentre outras.

6.21 Vale salientar que as constatações de precariedade nos sistemas de abastecimento

de água dos municípios visitados no Estado, também foram verificadas pela Auditoria

Interna da COSANPA, desde 2006, sendo, de um modo geral, as mesmas detectadas

pela equipe de auditoria deste TCE. Portanto, as situações encontradas nos SAA’s já

eram do conhecimento da direção da Companhia de saneamento que, no entanto, não

desenvolveu ações suficientes para combater os problemas existentes no setor de

saneamento.

6.22 Nesse contexto, o Estado não pode se eximir da sua responsabilidade de

desenvolver ações de saneamento básico nos municípios. Entre estas, é fundamental que

o Estado formalize seu Plano Estadual de Saneamento Básico, fomente e apoie a

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elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico, constante na Lei

11.445/2007, visto que o princípio da solidariedade visa o trabalho compartilhado dos

entes da federação de forma articulada.

6.23 Os achados e constatações da presente auditoria são suficientemente consistentes

e seguros para demonstrar a situação crítica e de precariedade do abastecimento de água

nos municípios do Estado do Pará, especialmente pelas informações obtidas em

questionários, entrevistas e documentos de órgãos estaduais serem confirmadas nas

visitas realizadas aos 16 municípios da amostra do presente trabalho. Com isso, é

possível concluir que as fragilidades observadas também podem ser encontradas nos

demais municípios contemplados pelas ações auditadas do Programa “Água para

Todos”, o que explica os inúmeros problemas relatados pela população e as notícias

divulgadas pelos veículos de comunicação no estado do Pará.

6.24 É importante e indispensável à implantação do sistema de informações, como

preconizado na Lei 11.445/2007, referente ao diagnóstico da situação de saneamento

básico e de seus impactos nas condições de vida dos munícipes, pois a utilização de

sistema de indicadores (sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos)

facilitará a identificação das deficiências de cada município, dando suporte à definição

de objetivos e metas de curto, médio e longo prazo para a universalização do

saneamento nos municípios do Estado.

6.25 Com isso, o planejamento de ações estaduais de abastecimento de água se torna

mais preciso quando são observadas as diretrizes traçadas no Plano Estadual e nos

Planos Municipais de saneamento básico, os quais deverão definir soluções graduais e

progressivas de abastecimento de água, sempre observando a compatibilidade com os

demais planos setoriais e municipais, e, ainda, apresentando mecanismos e

procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações

programadas.

6.26 Finalizando, espera-se que as recomendações desta auditoria contribuam para a

melhoria dos processos de construção, expansão, operacionalização, assessoramento,

gerenciamento, controle e monitoramento das ações relacionadas ao abastecimento de

água, bem como para o fortalecimento e ampliação do exercício da participação

popular, visando o estabelecimento da política de saneamento, com a finalidade de que

o Estado apoie efetivamente os municípios no planejamento e gerenciamento das ações

de saneamento, estimulando a regulação da prestação dos serviços e o controle social,

conforme definido na lei 11.445/2007, fatores importantes de democracia e cidadania,

além de instrumentos de suporte à tomada de decisões para as autoridades na área de

saneamento básico.

7. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

7.1 Por todo o exposto e objetivando contribuir de forma efetiva para

operacionalização das ações governamentais 1871 (Ampliação de Sistema de

Abastecimento de Água), 1923 (Implantação, Ampliação e Melhoria do Sistema de

Abastecimento de Água) e 1925 (Ampliação de Sistema de Abastecimento de Água -

PAC), submete-se o presente relatório de auditoria à apreciação superior, com as

seguintes propostas de determinações e recomendações:

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Determinações

7.2 Determinar à COSANPA:

a) Construir elevatória de esgotamento sanitário nas áreas do entorno dos

mananciais superficiais do SAA Utinga (Lagos Bolonha e Água Preta);

b) proceder manutenção adequada nos sistemas de abastecimento de água:

revitalização de prédios e equipamentos, regularidade nos estoques de

produtos químicos, limpeza e substituição da rede de distribuição de

água, proteção das captações subterrâneas e superficiais, dentre outros

necessários para a boa operação dos sistemas;

c) estruturar laboratórios com equipamentos e materiais necessários para

realizar o controle da qualidade da água;

d) recuperar os alojamentos dos operadores, bem como, construir

alojamentos aonde não existem.

7.3 Determinar à SESPA/CRS´s:

a) fortalecer o setor de Vigilância em Saúde (água) da SESPA e CRS’s nos

seguintes aspectos: aporte financeiro, espaço físico adequado, recursos

humanos efetivos, capacitação/treinamentos contínuos, Kit’s de coleta de

água, transporte, equipamentos laboratoriais e materiais tecnológicos

necessários para fomentar a promoção e execução da vigilância da

qualidade da água nos municípios do Estado;

b) estruturar os laboratórios existentes e implantar novos, onde for

necessário, visando dar suporte as ações de vigilância da qualidade da

água nos municípios do Estado.

7.4 Determinar à ARCON/PA:

a) estruturar a agência reguladora estadual quanto à prestação dos serviços

de abastecimento de água.

7.5 Determinar à SEIDURB e COSANPA:

a) adotar os critérios estabelecidos nas diretrizes nacionais no inciso IX do

art. 48, da Lei n. 11.445/2007, objetivando relacionar os municípios por

ordem de necessidade de abastecimento de água, não descartando outros

advindos das especificidades regionais;

b) elaborar e utilizar diagnóstico técnico da situação de abastecimento de

água no planejamento, o que deve ser realizado de forma integrada com

os demais órgãos envolvidos, mapeando as necessidades prioritárias nos

municípios do Estado.

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7.6 Determinar ao Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Pará – TCM/PA:

a) Atuar mediante controle externo de sua competência junto aos prefeitos

municipais, quanto à elaboração de Plano Municipal de Saneamento

Básico com observância à Lei nº. 11.445/2007 e Resolução nº. 75/2009

do Concidades, visando garantir instrumento de planejamento para o

desenvolvimento de políticas públicas na área de saneamento.

7.7 Atuar mediante controle externo de sua competência junto aos prefeitos

municipais no sentido de garantir o efetivo exercício das atividades de vigilância e/ou

controle da qualidade da água, como preconizado na Portaria MS nº. 518/2004, que

constitui questão de saúde pública.

Recomendações

7.8 Recomendar à SEIDURB, a adoção das seguintes medidas:

a) Redimencionar formalmente a estrutura organizativa, tornando-a

compatível, para o gerenciamento de programas de saneamento;

b) criar cadastro com evolução e entrega das obras dos SAA’s e

SAC’s/micro sistemas implantados nos municípios do Estado;

c) revisar e redefinir formalmente a responsabilidade dos órgãos envolvidos

no planejamento, gerenciamento e execução das ações de abastecimento

de água, definindo competências e atribuições;

d) oficializar junto aos municípios e COSANPA o recebimento das obras de

acordo com os requisitos de qualidade e eficiência previstos nos projetos

de execução, após a aprovação da pré-operação e do registro de

conclusão das obras no Conselho Regional de Engenharia (CREA), bem

como definição da responsabilidade pela operação e manutenção do

sistema entregue.

7.9 Recomendar à COSANPA, a adoção das seguintes medidas:

a) fomentar junto aos municípios o aditamento dos contratos de concessão

dos serviços de abastecimento de água, em que ela configura como

concessionária, bem como acompanhar os contratos a vencer, evitando a

vulnerabilidade jurídica das concessões;

b) adotar providências para controle operacional nos sistemas de

abastecimento de água: implantação de macromedição, instalação de

micromedidores, setorização da rede de distribuição de água,

monitoramento da qualidade da água distribuída para a população;

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c) estruturar os setores de cadastros técnico e comercial, para compatibilizar

as informações nas áreas atendidas por cada sistema de abastecimento de

água.

7.10 Recomendar à SESPA/CRS´s:

a) estabelecer referências laboratoriais no Estado para dar suporte às ações

de vigilância da qualidade da água para consumo humano;

b) fomentar e executar ações de vigilância da qualidade da água, visando a

estruturação da vigilância nos municípios do Estado, quando constatada

insuficiência técnica da ação municipal;

c) definir formalmente mecanismos, procedimentos e rotinas de

acompanhamento e monitoramento da vigilância da qualidade da água

nos municípios, elaborando cronograma de atividades “in loco”,

objetivando o trabalho sincronizado do órgão central (SESPA) com seus

centros regionais;

d) elaborar relatórios com análise dos dados de DVH’s por município,

relacionando-os à água distribuída à população, remetendo-os aos órgãos

envolvidos em saneamento;

e) determinar que o LACEN envie tempestivamente aos CRS’s cópia dos

laudos das análises da água realizadas pelos municípios, objetivando o

efetivo conhecimento da qualidade da água e adoção de providências

quando se fizerem necessárias;

f) elaborar política estadual com o objetivo de estruturar os municípios para

que possam realizar ações de vigilância da qualidade da água com maior

desempenho, tais como: estruturar e equipar laboratórios fixo e móvel, de

acordo com as especificidades de cada localidade;

g) garantir, nas atividades de vigilância da qualidade da água, a

implementação do plano de amostragem pactuado pelos municípios, bem

como o cumprimento de suas metas.

7.11 Recomendar à SEIDURB e à COSANPA, a adoção das seguintes medidas:

a) promover ações para a Institucionalização da Política e do Plano Estadual

de Saneamento Básico;

b) criar sistema para registro das informações estaduais de saneamento

básico, com indicadores de saúde, epidemiológicos, ambientais,

hidrológicos e socioeconômicos, viabilizando informações para

elaboração e implementação das políticas públicas;

c) disponibilizar estatísticas a partir de informações do seu próprio sistema

e de outros co-relacionados que caracterizem a demanda e a oferta de

serviços públicos de saneamento básico;

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d) fomentar junto aos municípios do Estado, a elaboração dos planos

municipais de saneamento básico;

e) elaborar projetos de engenharia de acordo com estabelecido no plano

municipal de saneamento básico, dispondo de todas as informações

técnicas necessárias;

f) elaborar e aprovar manuais e normas próprias com descrição de rotinas

das atividades de planejamento, gerenciamento, execução e

monitoramento, em consonância com o Decreto nº. 7.217 (21.06.10) e

divulgá-las para conhecimento e aderência do corpo funcional;

g) estabelecer e utilizar indicadores quantitativos e qualitativos para

acompanhar e gerenciar as ações de abastecimento de água, registrando-

os em relatórios;

h) adotar e utilizar sistemas de informações integrados para registro e

acompanhamento das execuções das obras, inclusive com metas previstas

e alcançadas;

i) realizar concurso público para contratação de pessoal efetivo;

j) realizar treinamento especifico e continuado para capacitação de pessoal

nas ações de implantação, ampliação e melhoria dos sistemas de

abastecimento de água;

k) implantar ações para “eliminar” Perdas e desperdícios de água, visando o

uso racional da água e o melhor atendimento da população em termos de

vazão, pressão e qualidade da água distribuída;

l) implantar ações para controle da qualidade da água distribuída para a

população;

m) conclusão das obras iniciadas nos municípios, oriundas do programa

água para todos.

7.12 Recomendar à SEIDURB, COSANPA e SESPA/CRS´s a adoção das seguintes

medidas:

a) criar e implementar canais diversificados de comunicação compatíveis e

diretos, a exemplo: “fale conosco” ou 0800, as rádios comunitárias,

panfletos, cartilhas, audiências/ conferências/ consultas públicas, dentre

outros para recepção de sugestões, críticas e denúncias, divulgando-os

em diversos meios de veiculação, considerando as especificidades de

cada localidade;

b) adotar e informar aos beneficiários e/ou sociedade civil organizada as

providências confiáveis e tempestivas com relação às sugestões, críticas e

denúncias por eles apresentadas, estimulando o controle social.

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7.13 Encaminhar cópia da Decisão a ser adotada pelo Tribunal, do Relatório e do Voto

que a fundamentarem, bem como, do inteiro teor deste Relatório Final de Auditoria

Operacional para os seguintes destinatários: à Secretaria de Estado de Integração

Regional, Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (SEIDURB), à Companhia de

Saneamento do Estado do Pará (COSANPA), à Secretária de Estado de Saúde

(SESPA), à Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Estado do Pará

(ARCON), ao Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Pará (TCM-PA), Secretaria Especial de Estado de Infra Estrutura e Logística para o Desenvolvimento

Sustentável (SEINFRA), à Auditora Geral do Estado (AGE/PA), ao Presidente da

Assembléia Legislativa (ALEPA), ao Ministério Público do Estado (MPE), Secretaria

de Meio Ambiente (SEMA), Conselho Estadual de Meio Ambiente (COEMA) ao

Sindicato dos Urbanitários do Pará (STIUPA), à Controladoria da 3ª CCE, a qual se

vincula a clientela da função de urbanismo e saúde, e à 5ª CCE, a qual se vincula à

Companhia de Saneamento do Estado do Pará.

7.14 Determinar à SEIDURB, COSANPA, SESPA e ARCON que:

a. elabore e encaminhe a esta Corte de Contas, no prazo de 60 dias, plano

de ação contendo cronograma das ações a serem desenvolvidas e

implementadas por esse órgão, estabelecendo prazos, atividades e os

responsáveis pela execução das ações, nos termos das recomendações e

determinações acima relacionadas, de acordo com o modelo contido no

apêndice II.

b. indique os servidores que irão compor grupo de contato com a equipe de

auditoria operacional deste TCE/PA para elaboração do plano de ação.

7.15 Retornar os autos a Comissão de Auditoria Operacional para que se programe a

realização do monitoramento do Acórdão que vier a ser prolatado.

Belém (PA), 18 de Novembro de 2011.

Francimary de Souza Almeida

AACE – mat. 0100326- Coordenadora

Cleyce das Graças Cunha de Souza

AACE – mat. 0100441

Domingos Rodrigues Neto

AACE – mat. 0100367

Maria Betânia Martins Pinheiro

AACE – mat. 0100423

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APÊNDICE

APÊNDICE I - GLOSSÁRIO

Água bruta - “é a água da forma como é encontrada na natureza. O termo bruta designa

apenas que ela não foi trabalhada pelo homem, não significando que ela não se preste

para consumo.” (VIANNA, 1997).

Água potável - “água para consumo humano cujos parâmetros microbiológicos, físicos,

químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereça riscos à

saúde.” (Dec. Nº. 5.440/2005).

Aerador - “dispositivo de tratamento que promove a aeração” (Batalha, 1987).

Normalmente utilizado para remoção do ferro de água de manancial subterrâneo.

Aeração - “remover substâncias orgânicas voláteis causadoras de odor e sabor, bem

como oxidar compostos ferrosos e manganosos que poderiam se precipitar mais adiante,

ao longo do tratamento, conferindo cor à água.” (REBOUÇAS, A. C.; BRAGA, B.;

TUNDISI, J. G, 1999).

Clorador – “equipamento utilizado para cloração da água.”

Cloração – “com a finalidade primordial de matar os microrganismos patogênicos que

eventualmente escapem dos processos da estação de tratamento de água. Esse cloro

garantirá à água distribuída um desejável efeito residual. Isto significa que se a água

tratada vier a se contaminar na rede ou nos reservatórios do sistema distribuidor, ela

ainda será capaz de combater essa contaminação. A Organização Mundial da Saúde

fixou o valor de 3mg/L para a concentração limite desses produtos na água potável, o

que afasta qualquer possibilidade de riscos à saúde de quem a ingerir.” (VIANNA,

1997).

Controle da qualidade da água para consumo humano: conjunto de atividades

exercidas de forma contínua pelos responsáveis pela operação de sistema ou solução

alternativa de abastecimento de água, destinadas a verificar se a água fornecida à

população é potável, assegurando a manutenção desta condição (Dec. Nº. 5.440/2005).

Coagulação - “consiste numa série de processos físicos e químicos envolvendo os

coagulantes, a superfície das partículas, algumas substâncias químicas presentes na

água, especialmente as que lhe conferem a denominada alcalinidade, e a própria água.”

(VIANNA, 1997).

Decantação - “água decantada é aquela que se purificou através de separação, por

gravidade, das partículas sólidas trazidas consigo. Tais partículas sólidas separam-se por

ação da gravidade, sedimentando-se no interior da água.” (VIANNA, 1997).

Decantador - “tanque circular ou retangular destinado ao escoamento lento da massa

líquida para facilitar a sedimentação das partículas com peso específico superior ao da

água.”

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Doenças de veiculação hídrica - “são as doenças causadas por substâncias presentes

acidentalmente na água, como, por exemplo, a contaminação por chumbo, cianetos,

mercúrio, defensivos agrícolas etc., ou então pelos microrganismos patogênicos como

os vírus, bactérias, protozoários, fungos e helmintos, que não fazem parte da fauna e

flora naturais da água e que causam doenças infecciosas, direta ou indiretamente, como

por exemplo, febre tifóide, cólera, amebíase, disenteria bacilar, hepatite infecciosa,

leptospirose, giardíase, dengue, febre amarela, malária, filariose, ancilostomíase,

ascaridíase, salmonelose, escabiose, pediculose, tracoma, conjuntivite, esquistossomose

etc.” (IGAM, 2008).

Desinfecção - “remoção ou inativação de organismos potencialmente patogênicos.”

(CONAMA 357/2005).

Eutrofização - Eutrofização é o processo de poluição de corpos d´água, como rios e

lagos, que acabam adquirindo uma coloração turva ficando com níveis baixíssimos de

oxigênio dissolvido na água. Isso provoca a morte de diversas espécies animais e

vegetais, e tem um altíssimo impacto para os ecossistemas aquáticos (LANGANKE,

2010).

Filtração - “remove, da água em tratamento, as partículas em suspensão que não foram

retidas na decantação.” (VIANNA, 1997)

Floculador - “equipamento destinado a movimentar a massa líquida para propiciar o

encontro (choques) entre as partículas sólidas presentes na massa líquida e, com isso, a

formação de flocos”.

Floculação - “é o fenômeno através do qual as partículas já desestabilizadas chocam-se

umas com as outras para formar coágulos maiores.” (VIANNA, 1997).

Fluoretação - “teor de concentração do íon fluoreto presente na água destinada ao

consumo humano, apto a produzir os efeitos desejados à prevenção da cárie dental.”

(PORT. N.º 635/BSB/1975).

Ligação predial - “derivação da água da rede de distribuição que se liga às edificações

ou pontos de consumo por meio de instalações assentadas na via pública até a

edificação.” (Dec. Nº. 5.440/2005).

Macrófitas – conjunto de espécies herbáceas, visíveis a olho nu, que se desenvolvem

em água, em solos cobertos por água ou saturados, podendo estar submersas em água

doce ou salobra, ou ainda, flutuantes na mesma.

Ortopólio fosfato - “é um produto à base de poli e ortofosfatos, utilizado no tratamento

de água potável. É atóxico. Inibe a agressividade da água pela formação de um filme

protetivo sobre as superfícies metálicas. Previne e elimina o problema de água vermelha

e de água preta, pela estabilização do ferro e do manganês presentes na água.”

(ADETEC-TECNLOGIA AMBIENTAL LTDA).

PAAR - bairro do município de Ananindeua, estado do Pará. Surgiu no início da década

de 90, com a ocupação do complexo de conjuntos Pará, Amazonas, Acre, Rondônia. A

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união das iniciais de cada conjunto forma a sigla que da nome ao lugar: P.A.A.R.

(http://wikimapia.org/7556070/pt/Paar).

Polímero - “material orgânico ou inorgânico, natural ou sintético, de alto peso

molecular, formados por muitas macromoléculas, sendo que cada uma destas

macromoléculas deve possuir uma estrutura interna onde há a repetição de pequenas

unidades chamadas meros (unidades de repetição); o termo polímeros vem de: poli =

muitas e meros = partes, unidades de repetição; o termo polímero é massivo, sendo

utilizado para designar o material cuja composição é baseada em um conjunto de

cadeias poliméricas, e cada uma das muitas cadeias poliméricas que formam o polímero

é uma macromolécula formada por união de moléculas simples ligadas por covalência.”

(BRASKEM, 2002).

Pitiú - “de origem tupi-guarani, foi incorporado ao vernáculo como regionalismo

amazônico. A população local na região em que trabalhei emprega-o especialmente para

caracterizar o fedor exalado pela capivara quando sua pele é retirada.” (FAUSTO,

2001).

Sic - geralmente aparece nos textos entre colchetes, é usada internacionalmente para

informar ao leitor que um determinado erro ou incongruência não foi erro de digitação.

Diferentemente de etc., sic não é uma abreviatura, mas um advérbio latino que significa

"assim". (Vivian Magalhães).

Sistema de abastecimento de água para consumo humano - “instalação composta

por conjunto de obras civis, materiais e equipamentos, destinada à produção e à

distribuição canalizada de água potável para populações, sob a responsabilidade do

poder público, mesmo que administrada em regime de concessão ou permissão.” (Dec.

Nº. 5.440/2005).

Solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano –

“toda modalidade de abastecimento coletivo de água distinta do sistema público de

abastecimento de água, incluindo, dentre outras, fonte, poço comunitário, distribuição

por veículo transportador, instalações condominiais horizontais e verticais.” (Dec. Nº.

5.440/2005).

Sistemas isolados - “sistemas que abastecem isoladamente bairros, setores ou

localidades.” (Dec. Nº. 5.440/2005).

Sistemas integrados - “sistemas que abastecem diversos municípios simultaneamente

ou quando mais de uma unidade produtora abastece um único município, bairro, setor

ou localidade.” (Dec. Nº. 5.440/2005).

Tubo de cimento-amianto - “Os tubos de cimento-amianto (transite) são fabricados de

argamassa de cimento e areia com armação de fibras de amianto. A resistência mecânica

é pequena, só podendo ser usados para baixas pressões e onde não estejam sujeitos a

grandes esforços externos. O cimento-amianto tem excelente resistência à atmosfera, ao

solo, às águas neutras e alcalinas, à água salgada, aos álcalis, aos óleos e aos compostos

orgânicos em geral. Para a maioria desses meios o material é completamente inerte,

resistindo por tempo indefinido. Os ácidos, águas ácidas e soluções ácidas atacam

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fortemente o cimento- amianto, que não deve ser usado para esses serviços.” (TELES,

2010).

Unidade de informação - “área de abrangência do fornecimento de água pelo sistema

de abastecimento.” (Dec. Nº. 5.440/2005).

Vigilância da qualidade da água para consumo humano – “conjunto de ações

adotadas continuamente pela autoridade de saúde pública, para verificar se a água

consumida pela população atende aos parâmetros estabelecidos pelo Ministério da

Saúde, e avaliar os riscos que os sistemas e as soluções alternativas de abastecimento de

água representam para a saúde humana.” (Decreto Nº. 5.440/2005).

Vigilância ambiental em saúde - “é um conjunto de ações que proporciona o

conhecimento e a detecção de qualquer mudança nos fatores determinantes e

condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de

identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambientais

relacionados às doenças ou outros agravos à saúde.” (FUNASA, 2002).

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APÊNDICE II – MODELO DE PLANO DE AÇÂO

Recomendação TCE/Pa:

Ação3 (O que o

gestor irá

fazer para

implementar a

recomendação

proposta, pelo

TCE-Pa)

Quando3

(prazo de

execução da

implementação

da ação)

Onde3 (local de

realização)

Quem3 (Responsável/Cargo

pelo departamento,

equipe)

Como3 (metodologia

a ser

utilizada)

Benefícios3 (o que espera-

se com a

implementação

da ação)

Dificuldades3 (possíveis

obstáculos a serem

considerados)

3 Requisitos mínimos a serem considerados pelo gestor na confecção de plano de ação.