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Atualmente mais de 70% da receita da LBR vem do longa vida, já que a empresa reduziu de forma expressiva o número de derivados lácteos à venda no mercado por conta de suas dificuldades. Os preços de leite longa vida no atacado, segundo dados do CEPEA/ESALQ, subiram 28,6% até setembro, pico de preços de 2013. No entanto, de setembro a dezembro, o leite longa vida no atacado apresentou queda de 22,8%, enquanto o preço pago pela indústria ao produtor caiu 10,8%, o que demonstra que a indústria não conseguiu repassar as quedas de preços do leite longa vida ao produtor. Em 2013, com os preços do leite em alta e com a aprovação do plano de recuperação judicial, a LBR ganhou um fôlego, que se provou curto quando os preços do longa vida começaram a recuar. A mudança no cenário de preços afetou o fluxo de caixa da companhia, o que elevou a necessidade de capital de giro para manter o faturamento, explicou a fonte. Com isso, pagamentos a fornecedores, como empresas que intermedeiam a compra de leite cru para processamento, tiveram de ser renegociados, de acordo com a mesma fonte. Ela acrescentou que não houve atraso de pagamento de produtores de leite e que a captação da empresa segue em 3 milhões de litros por mês para processamento nas 12 unidades em atividade desde meados do ano passado. Além disso, afirmou, a LBR também tem feito negociações constantes com a Tetra Pak, sua principal fornecedora de embalagem. Procurada, a empresa sueca disse que não comenta negociações com clientes. Afora as renegociações de pagamentos, a LBR também tem recorrido a operações de recebíveis para "manter a normalidade da tesouraria e da atividade", afirmou essa mesma fonte. Em operações recentes, de curto prazo, a empresa levantou pouco mais de R$ 30 milhões para fazer frente à necessidade de capital de giro. Após esse período de preços mais baixos, a expectativa na LBR é de que o mercado de leite volte "à normalidade, o mais

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Atualmente mais de 70% da receita da LBR vem do longa vida, já que a empresa reduziu de forma expressiva o número de derivados lácteos à venda no mercado por conta de suas dificuldades. Os preços de leite longa vida no atacado, segundo dados do CEPEA/ESALQ, subiram 28,6% até setembro, pico de preços de 2013. No entanto, de setembro a dezembro, o leite longa vida no atacado apresentou queda de 22,8%, enquanto o preço pago pela indústria ao produtor caiu 10,8%, o que demonstra que a indústria não conseguiu repassar as quedas de preços do leite longa vida ao produtor.

Em 2013, com os preços do leite em alta e com a aprovação do plano de recuperação judicial, a LBR ganhou um fôlego, que se provou curto quando os preços do longa vida começaram a recuar. A mudança no cenário de preços afetou o fluxo de caixa da companhia, o que elevou a necessidade de capital de giro para manter o faturamento, explicou a fonte.

Com isso, pagamentos a fornecedores, como empresas que intermedeiam a compra de leite cru para processamento, tiveram de ser renegociados, de acordo com a mesma fonte. Ela acrescentou que não houve atraso de pagamento de produtores de leite e que a captação da empresa segue em 3 milhões de litros por mês para processamento nas 12 unidades em atividade desde meados do ano passado. Além disso, afirmou, a LBR também tem feito negociações constantes com a Tetra Pak, sua principal fornecedora de embalagem. Procurada, a empresa sueca disse que não comenta negociações com clientes.

Afora as renegociações de pagamentos, a LBR também tem recorrido a operações de recebíveis para "manter a normalidade da tesouraria e da atividade", afirmou essa mesma fonte. Em operações recentes, de curto prazo, a empresa levantou pouco mais de R$ 30 milhões para fazer frente à necessidade de capital de giro.

Após esse período de preços mais baixos, a expectativa na LBR é de que o mercado de leite volte "à normalidade, o mais tardar até abril" com a redução da oferta de matéria-prima no país. Isso significaria melhoria nas margens da empresa. Mas a ideia de vender ativos ou mesmo o controle da empresa - para que a LBR volte a ser lucrativa - segue firme. Desde o ano passado, a companhia vem conversando com "múliplos interlocutores" de "múltiplos países", admitiu a fonte próxima à LBR. Após "algum desenho que emergir dessas negociações, a LBR terá um papel no mercado brasileiro de leite", afirmou.

Em 2013, antes de sua recuperação judicial ser aprovada, a LBR esteve perto de vender o controle para a francesa Lactalis, mas o negócio esbarrou na difícil situação financeira da empresa brasileira. Além do potencial do mercado brasileiro, a LBR interessava à gigante francesa, controladora da Parmalat SpA, pois detém a licença da marca Parmalat no Brasil até 2017.

A LBR é resultado da associação entre a Leitbom, controlada pela Monticiano Participações (GP Investimentos e Laep), e a gaúcha Laticínios Bom Gosto. O maior acionista da LBR é a Monticiano (40,55%). Outro grande acionista da companhia é o BNDESPar (30,28%). A

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Bom Gosto Participações tem 26,3% da empresa e os fundos CRP VII e CRP BG têm fatias de 2,38% e 0,49%, respectivamente.

O plano de recuperação judicial da LBR prevê que parte dos credores dará desconto de 80% na dívida, que deverá ser paga até 2023.