atualização tributário esquematizado 8ª para 9ª edição

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Série Esquematizados Direito Tributário Ricardo Alexandre 8ª para 9ª edição Pág. 109 – Substituir o último parágrafo pelo que segue: Até a 8.ª edição desta obra, o autor mantinha a esperança de que, no julgamento do Recurso Extraordinário 183.130/PR (que estava suspenso em virtude de pedido de vista do Min. Cezar Peluso), o Supremo viesse a analisar a matéria levando em consideração o princípio da anterioridade e sepultasse definitivamente a Súmula 584. Contudo, algo diferente aconteceu. Eram objeto de análise os efeitos da Lei 7.988 de 28.12.1989 que aumentou de 6% para 18% a alíquota do imposto de renda aplicável ao lucro decorrente de exportações, apurado no ano de 1989. Na prática, o aumento consistia na retirada de um incentivo que fora concedido pelo Decreto-lei 2.413/1988. Diante da peculiaridade do caso, o STF percebeu que o imposto de renda fora utilizado com a finalidade extrafiscal de incentivo às exportações, de forma que o aumento repentino do tributo com efeitos sobre o lucro auferido mediante o exercício da atividade incentivada significaria uma quebra do vínculo de confiança do particular no Poder Público, reduzindo a eficácia de políticas de incentivo fiscal (RE 183.130/PR). Por isso, determinou que os rendimentos das operações incentivadas deveriam ser tratados como unidades contábeis distintas das demais, sendo definitiva – e, portanto, não sujeita ao aumento imposto pela Lei 7.988/1989 – a tributação realizada com base na norma incentivadora, enquanto ela esteve vigente. O julgado foi concluído em 2014 e, apesar de ter afastado a aplicação da Súmula 584 ao caso em exame, a Suprema Corte destacou, como motivo, a peculiar utilização extrafiscal do imposto de renda, reafirmando expressamente que o entendimento tradicional cristalizado no verbete “continuaria sendo adotado para fins de interpretação do fato gerador do imposto de renda, de modo a corroborar orientação no sentido de que, em razão de o fato gerador do imposto de renda ocorrer somente em 31 de dezembro, se a lei fosse editada antes dessa data, sua aplicação a fatos ocorridos no mesmo ano da edição não violaria o princípio da irretroatividade” (RE 183.130). O autor não pode deixar de voltar a criticar, mesmo que de forma repetitiva, chata e redundante, a permanência da lamentável omissão da Corte no que concerne à apreciação da matéria também sob as luzes do princípio da anterioridade, que é de observância obrigatória para o imposto de renda. A análise da questão posta no julgado sob a ótica do princípio da confiança, apesar de ser tecnicamente adequada, guarda ares de subjetividade, e poderia ser mais bem introduzida com um “ademais”, logo após a matéria ter sido resolvida de maneira absolutamente objetiva e segura com base no princípio da anterioridade. Se assim se fizesse, o grau de objetividade e segurança seria tão elevado que não seria preciso a invocação de “peculiaridades” da utilização extrafiscal do imposto de renda, o que apõe desnecessárias nuances casuísticas ao julgado.

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Atualização do Livro Direito Tributário Esquematizado de Ricardo Alexandre da 8ª para a 9ª edição, Editora Método.

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  • Srie Esquematizados

    Direito Tributrio Ricardo Alexandre

    8 para 9 edio

    Pg. 109 Substituir o ltimo pargrafo pelo que segue:

    At a 8. edio desta obra, o autor mantinha a esperana de que, no julgamento do Recurso Extraordinrio 183.130/PR (que estava suspenso em virtude de pedido de vista do Min. Cezar Peluso), o Supremo viesse a analisar a matria levando em considerao o princpio da anterioridade e sepultasse definitivamente a Smula 584. Contudo, algo diferente aconteceu.

    Eram objeto de anlise os efeitos da Lei 7.988 de 28.12.1989 que aumentou de 6% para 18% a alquota do imposto de renda aplicvel ao lucro decorrente de exportaes, apurado no ano de 1989. Na prtica, o aumento consistia na retirada de um incentivo que fora concedido pelo Decreto-lei 2.413/1988.

    Diante da peculiaridade do caso, o STF percebeu que o imposto de renda fora utilizado com a finalidade extrafiscal de incentivo s exportaes, de forma que o aumento repentino do tributo com efeitos sobre o lucro auferido mediante o exerccio da atividade incentivada significaria uma quebra do vnculo de confiana do particular no Poder Pblico, reduzindo a eficcia de polticas de incentivo fiscal (RE 183.130/PR). Por isso, determinou que os rendimentos das operaes incentivadas deveriam ser tratados como unidades contbeis distintas das demais, sendo definitiva e, portanto, no sujeita ao aumento imposto pela Lei 7.988/1989 a tributao realizada com base na norma incentivadora, enquanto ela esteve vigente.

    O julgado foi concludo em 2014 e, apesar de ter afastado a aplicao da Smula 584 ao caso em exame, a Suprema Corte destacou, como motivo, a peculiar utilizao extrafiscal do imposto de renda, reafirmando expressamente que o entendimento tradicional cristalizado no verbete continuaria sendo adotado para fins de interpretao do fato gerador do imposto de renda, de modo a corroborar orientao no sentido de que, em razo de o fato gerador do imposto de renda ocorrer somente em 31 de dezembro, se a lei fosse editada antes dessa data, sua aplicao a fatos ocorridos no mesmo ano da edio no violaria o princpio da irretroatividade (RE 183.130).

    O autor no pode deixar de voltar a criticar, mesmo que de forma repetitiva, chata e redundante, a permanncia da lamentvel omisso da Corte no que concerne apreciao da matria tambm sob as luzes do princpio da anterioridade, que de observncia obrigatria para o imposto de renda. A anlise da questo posta no julgado sob a tica do princpio da confiana, apesar de ser tecnicamente adequada, guarda ares de subjetividade, e poderia ser mais bem introduzida com um ademais, logo aps a matria ter sido resolvida de maneira absolutamente objetiva e segura com base no princpio da anterioridade. Se assim se fizesse, o grau de objetividade e segurana seria to elevado que no seria preciso a invocao de peculiaridades da utilizao extrafiscal do imposto de renda, o que ape desnecessrias nuances casusticas ao julgado.

  • Srie Esquematizados

    Direito Tributrio Ricardo Alexandre

    8 para 9 edio

    Pg. 117 Antes do item 2.7.2.3 Anterioridade e medidas provisrias, inserir o

    trecho abaixo:

    No ano de 2014, o Supremo Tribunal Federal deu claras indicaes no sentido de que vai superar sua antiga jurisprudncia. O caso julgado no consistia numa revogao de norma concessiva de iseno, mas sim da revogao de uma lei concessiva de reduo de base de clculo do ICMS.

    fundamental registrar que, conforme afirmaram os Ministros Dias Toffoli e Rosa Weber (que foram vencidos ao defenderem a aplicao da antiga jurisprudncia), a reduo de base de clculo equivale a uma iseno parcial, devendo ambas se submeter a idntico regime jurdico. A ttulo de exemplo, uma hipottica reduo em um quarto da base de clculo do ICMS sobre certa operao teria o mesmo efeito prtico de uma concesso de iseno (dispensar de pagamento) equivalente a um quarto do tributo devido na mesma operao. Assim, ao menos num ponto, os Ministros vencidos apresentaram um argumento incontestvel: no parece razovel submeter a concesso e, o que aqui mais relevante, a revogao de benefcios fiscais dotados de idnticos efeitos a regras distintas, admitindo que o contribuinte esteja protegido num caso, mas no tenha qualquer garantia no outro.

    No novo julgado, o Supremo Tribunal Federal, invocando justamente a interpretao teleolgica do princpio, afirmou que a anterioridade visaria garantir que o contribuinte no fosse surpreendido com aumentos sbitos do encargo fiscal, o que propiciaria um direito implcito e inafastvel ao planejamento. Nesse contexto, entendeu que toda alterao do critrio quantitativo do consequente da regra matriz de incidncia deveria ser entendida como majorao do tributo e, dessa forma, sujeita anterioridade (RE 564.225 AgR/RS). A deciso da Primeira Turma do Tribunal, mas, conforme afirmado, mostra que a tendncia bastante clara no sentido de afirmar que a revogao de qualquer benefcio fiscal configura aumento

    indireto de tributo e, justamente por isso, somente gera efeitos financeiros no exerccio

    subsequente ao da publicao da lei revogadora.

    Pg. 611 e 612 Substituir os trs ltimos pargrafos do item 13.2.2.7 ICMS e

    operaes de leasing pelos que constam abaixo:

    A celeuma veio a ser pacificada no final de 2014 quando o Plenrio do Supremo Tribunal Federal, aps apreciar os argumentos que fundamentaram os julgados anteriormente citados, decidiu que o ICMS tributo prprio circulao de mercadorias qualificada pela compra e venda no incide na importao de bem mvel realizada mediante operao de

    arrendamento mercantil quando no exercida a opo de compra e, por consequncia,

    suscetvel de devoluo ao arrendador. Apesar da imprecisa meno a mercadoria (uma vez que atualmente a CF/1988 prev que na importao a incidncia abrange bem ou mercadoria) guarda perfeita consonncia com o ponto que tem servido como divisor de guas para diversos casos semelhantes: a necessidade de circulao jurdica do bem, caracterizada pela mudana de proprietrio, como requisito para que se verifique o fato gerador do tributo (RE 226.899/SP).

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    Direito Tributrio Ricardo Alexandre

    8 para 9 edio

    Em resumo, e seguindo as linhas bsicas traadas pelo STF, aconselhamos aos que se preparam para concursos pblicos que, nas provas, adotem as seguintes premissas:

    a) nas operaes de leasing interno, seja operacional, seja financeiro, no h a incidncia do ICMS, salvo quando efetivada a venda do bem arrendado ao arrendatrio;

    b) nas operaes de lease back no h a incidncia do ICMS;

    c) na importao realizada mediante operao leasing internacional, no incide o ICMS, salvo se houver exerccio da opo de compra pelo arrendatrio, tornando a mercadoria insuscetvel de devoluo ao arrendador.

    Pg. 659 Substituir todo o texto da pgina pelo que consta a seguir:

    Esses fundos so formados por 49% da arrecadao do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados.

    Dizer que os fundos so formados de 49% da soma da arrecadao do IPI e do IR a mesma coisa que afirmar que os fundos so formados pela soma de 49% da arrecadao do IPI e de 49% da arrecadao do IR.

    Algebricamente tem-se: 49% (IR + IPI) = 49% IR + 49% IPI.

    Em provas so comuns assertivas que afirmam que 49% da arrecadao nacional do IPI so destinados composio dos fundos ora analisados. Ora, a assertiva verdadeira e completa, apesar de os fundos tambm possurem 49% da arrecadao do IR em sua composio. Registre-se que as questes anteriores ao advento da Emenda Constitucional 55/2007 apontam como correto o percentual de 47%, que foi aplicvel at o dia 31 de agosto de 2007 (art. 2. da prpria EC 55/2007). Da mesma forma, nas questes posteriores EC 55/2007, mas anteriores edio da EC 84/2014, o percentual utilizado era o de 48%, que esteve em vigor at 3 de dezembro de 2014.

    Especificamente no que concerne parcela do IR destinada composio dos fundos, uma ressalva deve ser feita.

    Seria incorreto afirmar que 49% da arrecadao total nacional do IR destinada composio dos fundos, pois a arrecadao total nacional compreende o que foi arrecadado aos cofres pblicos federais e o que ficou nos cofres pblicos do Distrito Federal, dos Estados e dos Municpios em virtude da regra de repartio direta prevista nos arts. 157, I, e 158, I, ambos da CF/1988, conforme j estudado.

    Em resumo, 49% da arrecadao total nacional do IPI so destinados aos fundos constitucionais. No que concerne ao IR, a regra semelhante, mas a base para clculo apenas a arrecadao federal, ou seja, aquela efetivamente ingressada nos cofres pblicos federais.

    Os recursos so assim repartidos:

    a) 21,5% destinados ao Fundo de Participao dos Estados e do Distrito Federal (CF, art. 159, I, a);

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    8 para 9 edio

    b) 22,5% destinados ao Fundo de Participao dos Municpios (CF, art. 159, I, b);

    c) 3% destinados aplicao em programas de financiamento ao setor produtivo das Regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste, por meio de suas instituies financeiras de carter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento (CF, art. 159, I, c);

    d) 1% destinado ao Fundo de Participao dos Municpios, entregue no primeiro decndio do ms de dezembro de cada ano (CF, art. 159, I, d dispositivo acrescido pela EC 55, de 20 de setembro de 2007).

    e) 1% destinado ao Fundo de Participao dos Municpios, entregue no primeiro decndio do ms de julho de cada ano (CF, art. 159, I, e dispositivo acrescido pela EC 84, de 2 de dezembro de 2014).

    Pg. 660 Aps o terceiro pargrafo, inserir:

    Em dezembro de 2014, dessa vez formalmente invocando os efeitos negativos que a crise econmico-financeira mundial tem provocado nas finanas da grande maioria dos municpios brasileiros (Exposio de Motivos da PEC 39/2013), o Congresso Nacional editou a Emenda Constituio 84/2014), acrescendo ao Fundo de Participao dos Municpios mais 1% do somatrio da arrecadao de IPI e IR. Dessa feita, os recursos devem ser creditados no primeiro decndio do ms de julho (CF, art. 159, I, e).

    Foi tambm estabelecida uma regra de transio segundo a qual no exerccio de 2015 o acrscimo ser de apenas 0,5%, de forma que a integralidade do novo repasse (1%) somente ocorrer a partir de julho de 2016 (art. 2. da EC 84/2014).