atualização e diagnóstico laboratorial da febre por zika vírus

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Page 1: Atualização e Diagnóstico Laboratorial da Febre por Zika Vírus

Boletim Técnico

Atualização e Diagnóstico Laboratorial da Febre por Zika Vírus

Introdução

O Zika Vírus (ZIKV) é um RNA vírus de cadeia simples do gênero Flavivirus, endêmico no leste e oeste do continente africano. O ZIKV foi isolado inicialmente em macacos Rhesus, no ano de 1947, e em humanos, em 1952, na Uganda. Existe registro de casos de ZIKV isolados em mosquitos, primatas e humanos em mais de 14 países na África, Ásia e Oceania.

O primeiro surto registrado de infecção pelo ZIKV foi em 2007, na ilha de Yap (Micronésia). Subsequentemente, outro surto de infecção que chamou a atenção ocorreu em 2013, na Polinésia Francesa, com complicações neurológicas (Síndrome de Guillian Barré e meningoencefalite) e complicações autoimunes (Púrpura Trombocitopênica e leucopenia) possivelmente relacionadas à coinfeção com outra �avivirose, especialmente com a dengue. Nenhum caso de morte foi relacionado a infecção pelo ZIKV até então.

A Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde no Brasil con�rmou a transmissão vetorial de ZIKV na região nordeste, em maio de 2015. Em 17 novembro do mesmo ano houve a identi�cação molecular do ZIKV no líquido amniótico de duas gestantes que ao ultrassom apresentavam microcefalia. Em 25 de novembro, foram relacionados sete casos de Síndrome de Guillan Barré ao ZIKV. Apesar da possível associação entre a infecção pelo ZIKV e a ocorrência de microcefalia durante o desenvolvimento intrauterino do feto, como admitido pelo Ministério da Saúde, mais estudos ainda são necessários para a compreensão desta possível associação.

O principal modo de transmissão para o ser humano é o vetorial pelos mosquitos do gênero Aedes, incluindo a espécie Aedes aegypti, que faz a transmissão urbana. Existem relatos de transmissão perinatal, sexual e por transfusão de sangue.

Os mosquitos se reproduzem em recipientes de retenção de água para uso doméstico e em geral picam mais

agressivamente durante o dia, tanto em ambientes fechados, quanto ao ar livre.

Diagnóstico Clínico

Aproximadamente uma em cada cinco pessoas infectadas é sintomática. A infecção pelo ZIKV é autolimitada, os sintomas aparecem após um período de incubação de poucos dias depois da picada de um mosquito infectado e duram de 3 a 12 dias. Ela causa febre baixa, rash maculopapular, prurido, artralgia, conjuntivite, mialgia e dor retrorbital; edema de extremidades, odinofagia, tosse e vômitos são menos frequentes.

Diagnóstico Laboratorial

O diagnóstico da infecção por ZIKV é por meio de biologia molecular, pela técnica de RT-PCR em Tempo Real no período virêmico, que acredita ser de 4 a 7 dias após o início dos sintomas. O ideal é a realização da RT-PCR até o quarto dia do aparecimento dos sintomas, porém já foi detectado RNA do vírus até o 11º dia dos sintomas. Não foi veri�cada reação cruzada entre ZIKV e outras doenças febris exantemáticas. Os testes sorológicos (por imuno�uorescência) podem detectar anticorpos IgM/IgG especí�cos contra o ZIKV após 5 a 6 dias do aparecimento dos sintomas com

ANO 4 | NÚMERO 16 | JANEIRO DE 2016

Sinais e sintomas Dengue Chikungunya Zika Sarampo

Febre ++++ +++ +++ ++++

Mialgia/artralgia +++ ++++ ++ 0

Edema extremidades 0 0 ++ 0

Exantema macopapular ++ ++ +++ ++++²

Dor retrorbital ++ + ++ 0

Hiperemia conjuntival 0 + +++¹ ++++³

Linfadenopatia ++ ++ + +

Hepatomegalia 0 +++ 0 +

Leucopenia/trombocitopenia +++ +++ 0 +++

Hemorragia + 0 0 0

Tosse Produtiva 0 0 0 +++

1 Não apresenta prurido ou exsudação. 2 Evolução crâniocaudal. 3 Apresenta fotofobia. Ministério da Saúde – Comparação da frequência dos principais sinais e sintomas ocasionados pela infeção pelos vírus dengue, chikungunya e Zika vírus - Fonte: Adaptado de Halstead, et al.

aumento dos títulos em um intervalo de duas semanas. Porém, a con�rmação é realizada com o teste de neutralização de redução de placas (PRNT) com aumento de, pelo menos, quatro vezes os títulos dos anticorpos neutralizantes. Os exames de sorologia para ZIKV podem ter reatividade cruzada com os exames da dengue, principalmente se o paciente já teve a doença anteriormente.

Podem ser encontrados ainda leucopenia, trombocitopenia, elevação discreta da LDH e da GGT, assim como aumento da proteína C reativa, �brinogênio e ferritina (marcadores de atividade in�amatória).

Tratamento:

Não existe tratamento especí�co ou vacina. O tratamento é apenas sintomático, com acetaminofeno para controle de febre e dor, e anti-histamínicos para controle das erupções pruriginosas. A prevenção contra a infecção se baseia na erradicação do mosquito ao nível de sociedade, pela redução de local de postura de ovos (como pratos de vasos de plantas, reservatórios de água, pneus usados, etc.) e na proteção individual contra as picadas do mosquito (uso de roupas longas e claras, repelentes anti-mosquito, mosquiteiros para proteção de bebês e pessoas acamadas).

Page 2: Atualização e Diagnóstico Laboratorial da Febre por Zika Vírus

Introdução

O Zika Vírus (ZIKV) é um RNA vírus de cadeia simples do gênero Flavivirus, endêmico no leste e oeste do continente africano. O ZIKV foi isolado inicialmente em macacos Rhesus, no ano de 1947, e em humanos, em 1952, na Uganda. Existe registro de casos de ZIKV isolados em mosquitos, primatas e humanos em mais de 14 países na África, Ásia e Oceania.

O primeiro surto registrado de infecção pelo ZIKV foi em 2007, na ilha de Yap (Micronésia). Subsequentemente, outro surto de infecção que chamou a atenção ocorreu em 2013, na Polinésia Francesa, com complicações neurológicas (Síndrome de Guillian Barré e meningoencefalite) e complicações autoimunes (Púrpura Trombocitopênica e leucopenia) possivelmente relacionadas à coinfeção com outra �avivirose, especialmente com a dengue. Nenhum caso de morte foi relacionado a infecção pelo ZIKV até então.

A Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde no Brasil con�rmou a transmissão vetorial de ZIKV na região nordeste, em maio de 2015. Em 17 novembro do mesmo ano houve a identi�cação molecular do ZIKV no líquido amniótico de duas gestantes que ao ultrassom apresentavam microcefalia. Em 25 de novembro, foram relacionados sete casos de Síndrome de Guillan Barré ao ZIKV. Apesar da possível associação entre a infecção pelo ZIKV e a ocorrência de microcefalia durante o desenvolvimento intrauterino do feto, como admitido pelo Ministério da Saúde, mais estudos ainda são necessários para a compreensão desta possível associação.

O principal modo de transmissão para o ser humano é o vetorial pelos mosquitos do gênero Aedes, incluindo a espécie Aedes aegypti, que faz a transmissão urbana. Existem relatos de transmissão perinatal, sexual e por transfusão de sangue.

Os mosquitos se reproduzem em recipientes de retenção de água para uso doméstico e em geral picam mais

agressivamente durante o dia, tanto em ambientes fechados, quanto ao ar livre.

Diagnóstico Clínico

Aproximadamente uma em cada cinco pessoas infectadas é sintomática. A infecção pelo ZIKV é autolimitada, os sintomas aparecem após um período de incubação de poucos dias depois da picada de um mosquito infectado e duram de 3 a 12 dias. Ela causa febre baixa, rash maculopapular, prurido, artralgia, conjuntivite, mialgia e dor retrorbital; edema de extremidades, odinofagia, tosse e vômitos são menos frequentes.

Diagnóstico Laboratorial

O diagnóstico da infecção por ZIKV é por meio de biologia molecular, pela técnica de RT-PCR em Tempo Real no período virêmico, que acredita ser de 4 a 7 dias após o início dos sintomas. O ideal é a realização da RT-PCR até o quarto dia do aparecimento dos sintomas, porém já foi detectado RNA do vírus até o 11º dia dos sintomas. Não foi veri�cada reação cruzada entre ZIKV e outras doenças febris exantemáticas. Os testes sorológicos (por imuno�uorescência) podem detectar anticorpos IgM/IgG especí�cos contra o ZIKV após 5 a 6 dias do aparecimento dos sintomas com

Grupo Hermes PardiniRua Aimorés, 66, Funcionários, Belo Horizonte/MG. Cep: 30140-070 · Tel.: (31) 3228-6200.

Acesse www.hermespardini.com.br para baixar este e os demais Boletins Técnicos.

1. Febre pelo vírus Zika: uma revisão narrativa sobre a doença - Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde - Boletim epidemiológico volume 46 - Nº 26-2015.

2. D. Tappe et al. Acute Zika Virus Infection after Travel to Malaysian Borneo, September 2014. Emerg Infect Dis. 2015 May; 21(5): 911–913.

3. S. Ioos et al. Infections par le virus Zika et épidémies recentes. Médecine et maladies infectieuses 44 (2014) 302–307.

4. Zika Virus – Centers for Disease Control and Prevention - Page last reviewed: June 1, 2015.

5. Epidemiological update: Evolution of the Zika virus global outbreaks and complications potentially linked to the Zika virus outbreaks. European Center for Disease Prevention and Control – 04/12/2015.

6. Epidemiological Alert – Zika Virus Infection – 7 May-2015 – Pan American Health Organization/OMS.

Referências

AMORIM, Eliane Gomes Residência em Clínica MédicaResidência em Neurologia ClínicaPós-graduação em Auditoria da Saúde

Assessora Médica de Relacionamento com Cliente do Hermes Pardini [email protected]

BICALHO, Silvia NascimentoMédica com especialização em ClínicaMédica pelo Hospital Felício RochoEspecialização em Endocrinologiae Metabologia pelo Hospital Mater Dei

Assessora Médica de Relacionamentocom Cliente do Hermes Pardini [email protected]

ZAULI, DanielleBióloga com Mestrado e Doutorado em Microbiolo�a pela UFMGPós-doutora em Microbiologia e Biologia Molecular pela Faculdade de Medicina da UFMG e Université Paul Cézanne Aix Marseille III (França)

Pesquisa e Desenvolvimento do Hermes Pardini [email protected]

Responsável Técnico: Ariovaldo Mendonça - CRMMG 33477 / Inscrição CRM 356 - MG

Ministério da Saúde - Oportunidade de detecção do Zika vírus segundo técnica laboratorial (isolamento, reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa (RT-PCR) – e sorologia – IgM/IgG)

aumento dos títulos em um intervalo de duas semanas. Porém, a con�rmação é realizada com o teste de neutralização de redução de placas (PRNT) com aumento de, pelo menos, quatro vezes os títulos dos anticorpos neutralizantes. Os exames de sorologia para ZIKV podem ter reatividade cruzada com os exames da dengue, principalmente se o paciente já teve a doença anteriormente.

Podem ser encontrados ainda leucopenia, trombocitopenia, elevação discreta da LDH e da GGT, assim como aumento da proteína C reativa, �brinogênio e ferritina (marcadores de atividade in�amatória).

Tratamento:

Não existe tratamento especí�co ou vacina. O tratamento é apenas sintomático, com acetaminofeno para controle de febre e dor, e anti-histamínicos para controle das erupções pruriginosas. A prevenção contra a infecção se baseia na erradicação do mosquito ao nível de sociedade, pela redução de local de postura de ovos (como pratos de vasos de plantas, reservatórios de água, pneus usados, etc.) e na proteção individual contra as picadas do mosquito (uso de roupas longas e claras, repelentes anti-mosquito, mosquiteiros para proteção de bebês e pessoas acamadas).

Até o momento não existem testes comercialmente disponíveis para sorologia (IgM e IgG) para o ZIKA vírus.

O Grupo Hermes Pardini realiza o exame de diagnóstico de Zika Vírus por biologia molecular (RT- PCR).