atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA CÍNTIA MORAES DE SÁ ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA COM A UTILIZAÇÃO DA PEEP ATRAVÉS DO RECRUTAMENTO ALVEOLAR EM PACIENTES COM SARA RIO DE JANEIRO 2008.2

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Page 1: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

CÍNTIA MORAES DE SÁ

ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA COM A UTILIZAÇÃO DA PEEP ATRAVÉS DO

RECRUTAMENTO ALVEOLAR EM PACIENTES COM SARA

RIO DE JANEIRO 2008.2

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CÍNTIA MORAES DE SÁ

ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA COM A UTILIZAÇÃO DA PEEP ATRAVÉS DO

RECRUTAMENTO ALVEOLAR EM PACIENTES COM SARA

RIO DE JANEIRO 2008.2

Monografia apresentada ao curso de

graduação em Fisioterapia da

Universidade Veiga de Almeida como

requisito parcial para obtenção do título

de Fisioterapeuta.

Orientador: Profº. Othon Luis Brum de Almeida

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CÍNTIA MORAES DE SÁ

ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA COM A UTILIZAÇÃO DA PEEP ATRAVÉS DO

RECRUTAMENTO ALVEOLAR EM PACIENTES COM SARA

MONOGRAFIA

OBJETIVOS: este estudo visa demonstrar a importância do diagnóstico e tratamento precoce da SARA, buscando melhorar o quadro de insuficiência respiratória com a manobra de recrutamento alveolar e uso de PEEP durante a ventilação mecânica para assim minimizar ao máximo as seqüelas dessa doença. UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA CURSO DE FISIOTERAPIA

DATA DE APROVAÇÃO: ____/____/____.

_________________________________________________________ Profº. Othon Luiz Brum de Almeida

UVA Especialista

_________________________________________________________

Marcus Antonio Sena Pereira Fisioterapeuta

HSVP

_________________________________________________________ Profª. Ione Moezia de Lima

UVA Mestre

Page 4: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

Dedico este trabalho aos meus pais

Maria Gonçalo de Moraes de Sá e

Domício Nonato de Sá, que me apoiaram

durante todos os momentos de minha

vida e batalharam muito juntos para me

proporcionar esse momento de

realização.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, fonte de tudo, benção da vida e que me proporcionou chegar até aqui.

Em especial ao meu irmão Felipe Moraes de Sá, que torce por mim e vibra com

as minhas conquistas.

A todos os meus familiares que compreenderam as minhas ausências, e torceram

mesmo que distantes por minha conquista.

Ao Henrique Prado Sousa, pelo carinho, compreensão e pelo jeito de

compartilhar, com amor, um momento tão feliz, importante e rico na minha vida.

Ao meu orientador Profº. Othon Luiz Brum de Almeida pela orientação, apoio,

paciência e por passar tranqüilidade nos momentos mais difíceis.

Ao meu supervisor de estágio Marcus Antonio Sena Pereira pela

disponibilidade, orientação precisa, por me guiar no caminho das pedras e por ter

contribuído para o desenvolvimento e principalmente para o enriquecimento deste

trabalho.

As professoras Cléa Gois e Silva e Nelzir Trindade Reis, por estarem sempre à

disposição e ceder um ombro amigo nos momentos de angústia e ansiedade.

Em especial aos meus amigos, que sempre estão ao meu lado nos momentos

alegres e tristes, me alegrando com a beleza da amizade.

A todos que de alguma maneira, seja ela direta ou indiretamente, contribuíram

para a confecção desse trabalho o meu MUITO OBRIGADA !

Page 6: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

“Quanto maior o desafio, maior é a

necessidade de se trabalhar em equipe”.

(JOHN C. MAXWELL)

Page 7: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

RESUMO

A Síndrome da angústia respiratória aguda (SARA), no adulto é uma patologia

que acomete os pulmões levando a um edema agudo pulmonar não cardiogênico, o que

causa um estado de insuficiência respiratória aguda. Essa patologia tornou-se uma

grande preocupação para toda a equipe de terapia intensiva, pois esses pacientes

necessitam de cuidados especiais para evitar ou minimizar as morbidades que possam

surgir e até mesmo a mortalidade. Este trabalho visa demonstrar através de artigos

científicos e da revisão na bibliografia, a atuação fisioterapêutica com o uso de

recrutamento alveolar e a intitulação da PEEP ideal visando à melhora do quadro

respiratório destes pacientes, bem como demonstrar a importância da realização do

tratamento por uma equipe multidisciplinar.

Palavras-chave: Fisioterapia, SARA, Recrutamento alveolar, PEEP, hipoxemia.

Page 8: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

ABSTRACT

The acute distress respiratory syndrome (ADRS) in the adult it’s a pathology that

attacks the lungs taking to an edema lung sharp non cardiogenic, what causes a state of

sharp breathing inadequacy. That pathology became a great concern for the whole team

of intensive therapy, because those patients needs special cares to avoid or to minimize

the morbidities that can appear and even the mortality. This work aims to demonstrate

through scientific papers and the bibliographic review, the performance physiotherapy

with the use of alveolar recruitment and the entitlement of ideal PEEP seeking to the

improvement of the breathing picture of these patient ones, as well as to demonstrate the

importance of the accomplishment of the treatment by a multidisciplinary team.

Key-Words: Physiotherapy, ADRS, Alveolar recruitment, PEEP, hypoxemia.

Page 9: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..............................................................................................................12

1. ANATOMIA PULMONAR......................................................................................15

1.1. Sistema respiratório............................................................................................15

1.3. Alvéolos, surfactante e tensão superficial ...........................................................16

1.4. Músculos ventilatórios .......................................................................................17

2. FISIOLOGIA ............................................................................................................18

2.1. Relações estrutura-função ..................................................................................18

2.2. Mecânica ventilatória.........................................................................................18

2.2.2. Expiração: ...................................................................................................19

2.2.3. Pressão intapleural: .....................................................................................19

2.3. Volumes e capacidades pulmonares...................................................................19

2.4. Ventilação alveolar e trocas gasosas ..................................................................20

2.5. Controle da ventilação .......................................................................................21

2.6 . Controle químico da respiração .........................................................................22

2.7. Controle neural do músculo liso da via aérea....................................................22

3. FISIOPATOLOGIA..................................................................................................24

4. CAUSAS DA SARA ................................................................................................27

5. CONSEQÜÊNCIAS DA SARA...............................................................................29

6. QUADRO-CLÍNICO................................................................................................30

7. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS ...............................................................................32

8. TRATAMENTOS.....................................................................................................34

8.1. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO............................................................34

8.1.1. Corticóides ..................................................................................................34

8.1.2. Suporte Nutricional .....................................................................................35

8.1.3. Aporte Hídrico e o uso de Diuréticos...........................................................35

8.1.4. Antibióticos.................................................................................................36

8.1.5. Heparina .......................................................................................................36

8.1.6. Vasodilatadores ...........................................................................................36

8.1.7. Sedação e Curarização ................................................................................36

8.1.8. Óxido Nitroso..............................................................................................37

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8.2. TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO..........................................................38

8.2.1. Suporte Ventilatório ....................................................................................38

8.2.2. Cuidados realizados antes e durante o recrutamento alveolar ....................39

8.2.3. Recrutamento Alveolar ...............................................................................40

8.2.3.1. Cálculo da PEEP Ideal .............................................................................43

8.2.3.2. Conceito open Lug ...................................................................................44

8.2.4. Secreção e Aspiração Traqueal ...................................................................44

CONCLUSÃO ................................................................................................................45

REFERÊNCIAS..............................................................................................................46

ANEXOS ........................................................................................................................50

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1– Apresenta o diagrama dos segmentos broncopulmonares e as variações entre

o pulmão direito e o esquerdo. ........................................................................................50

Figura 2 – Mostra um alvéolo normal sendo comparado com apresentando SARA

(acima); Depois mostrando um alvéolo na fase de reparação após a SARA (abaixo)....51

Figura 3 – Escore de Murray...........................................................................................51

Figura 4 – Ilustrando a diferença entre fase inicial e tardia da SARA em Raio-x e TC.52

Figura 5 – Critérios para diagnóstico de LPA e SARA..................................................52

Figura 6 – Mostrando raio-x que diferencia ICC de SARA............................................52

Figura 7 – APACHE II....................................................................................................53

Figura 8 – Sistema de estratificação para lesão pulmonar aguda (GOCA).....................54

Figura 9 – Avaliação da sedação (escala de Ramsay).....................................................54

Figura 10 – Demonstra a comparação entre ventilação mecânica comum e ventilação

mecânica protetora. .........................................................................................................54

Figura 11 – Tabela com informações dos protocolos de recrutamento alveolar de

diversos autores...............................................................................................................55

Figura 12 – Esquema teórico das quatro fases inspiratórias e expiratórias da curva P-V

.........................................................................................................................................56

Figura 13 – Sonda para aspiração em circuito fechado (Trake care)..............................56

Figura 14 - Raios-X apresentando SARA por pancreatite ..............................................56

Figura 15 – Tomografia computadorizada demonstrando um pulmão sem recrutamento

e com recrutamento alveolar ...........................................................................................57

Figura 16 – Cortes tomográficos representando o estudo realizado por GATTIONONI

com PEEP de 0, 5, 10 e 20. Podemos observar como houve melhora significativa com a

utilização de PEEP para o recrutamento. ........................................................................57

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INTRODUÇÃO

Atualmente apesar dos inúmeros avanços no que se trata de cuidados gerais dentro

da terapia intensiva, as grandes alterações na fisiologia respiratória fazem com que os

pacientes com a Síndrome da angústia respiratória aguda no adulto, continuem

apresentando mortalidade bastante elevada. Isso explica a grande necessidade de mais

estudos com o intuito de melhorar este quadro.

A SARA é uma patologia caracterizada por um quadro de insuficiência

respiratória aguda, devido a uma intensa resposta inflamatória pulmonar, que pode

ocorrer frente a diversos agentes agressores, sendo esses diretos como aspiração,

infecção pulmonar difusa, quase afogamento, inalação de gases tóxicos, contusão

pulmonar, ou indiretos como, sepse, politraumatismo, intoxicação por drogas,

pancreatite, embolia gordurosa, entre outros. Essa insuficiência respiratória se dá devido

à alteração na permeabilidade da membrana alvéolo-capilar, causando uma condição de

edema pulmonar agudo não hidrostático, em que o pulmão passa a não atender de forma

normal à sua principal função que é a de troca gasosa a fim de oxigenar adequadamente

o sangue e eliminar o gás carbônico em excesso proveniente do metabolismo do

organismo.

Na literatura existem relatos que descrevem uma situação de colapso pulmonar

agudo em feridos durante a Primeira Guerra Mundial. Na década de 20, Osler descreveu

sua fase inicial, no entanto os estudos não foram aprofundados. No final da Segunda

Guerra Mundial, Burford, relatou achados de edema agudo de pulmão e insuficiência

respiratória em soldados que tinham sido feridos durante o combate. Já Jenkins, em

1950, descreveu pela primeira vez um quadro compatível com o de SARA em vítima de

acidente.

Foi apenas em 1967 que Asbaugh e Petty descreveram mais detalhadamente uma

Síndrome de angústia respiratória aguda no adulto, que era caracterizada por

insuficiência respiratória aguda com hipoxemia progressiva grave, refratária à

oxigenioterapia, associada a infiltrados pulmonares bilaterais e queda na complacência

pulmonar, um quadro que se instala após algumas horas de agressão a um pulmão

previamente normal.

Page 13: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

13

Atualmente já temos grandes progressos na compreensão dos mecanismos

fisiopatológicos, com o desenvolvimento de modelos experimentais em animais o que

propiciou o entendimento do que realmente acontecia a nível do epitélio pulmonar.

De acordo com a Conferência de Consenso Européia-Americana, a Síndrome da

Angústia Respiratória Aguda (SARA) ou Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo

(SDRA) é definida como, uma síndrome de insuficiência respiratória com instalação

aguda, caracterizada por infiltrado pulmonar bilateral visto em radiografia de tórax,

compatível com edema pulmonar, apresentando hipoxemia grave, definida como

relação PaO2/FIO2 ≤ 200; pressão de oclusão da artéria pulmonar ≤ 18 mmHg ou

ausência de sinais clínicos ou ecocardiográficos de hipertensão atrial esquerda e a

presença de um fator de risco para lesão pulmonar. É sugestão também deste Consenso

o uso de forma indistinta dos termos SARA ou SDRA, uma vez que esta tem sido a

realidade no cotidiano das nossas especialidades.

A instalação do edema pulmonar não cardiogênico levará a uma diminuição da

complacência pulmonar, aumento do shunt, com conseqüente hipoxemia refratária à

administração de oxigênio. Embora a alteração de permeabilidade da membrana

alvéolo-capilar na SARA seja difusa, estudos recentes de tomografia computadorizada

na SARA mostram que esta é uma doença bastante heterogênea, com as áreas

dependentes de gravidade, principalmente nas áreas do pulmão que ficam junto ao leito.

A incidência de SARA ainda é bastante discutida e incerta, foi estimada

inicialmente em cerca de 150.000 pacientes por ano nos Estados Unidos, mas esse

numero foi logo questionado, pois ainda são escassos estudos epidemiológicos mesmo

após a Conferência do Consenso de 1994 onde os critérios diagnósticos foram

redefinidos e várias estratégias foram discutidas em relação ao tratamento da SARA,

passando a incidência ser considerada supostamente menor, em torno de 20.000 a

30.000 casos por ano. No momento, está em andamento um estudo populacional nos

EUA para determinar a incidência da síndrome. Em unidades de terapia intensiva, a

freqüência geralmente gira em torno de 2 a 26% do total de internações.

De acordo com o III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica, a incidência de

SARA foi estimada em 79 casos por 100 mil habitantes ao ano, com variações sazonais

nítidas, sendo mais freqüente no inverno. Também se observou que a incidência é

crescente com a idade, chegando a 306 casos por 100 mil habitantes/ano, na faixa dos

75 aos 84 anos.

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Os pacientes que sobrevivem acabam tendo uma permanência prolongada na

unidade de terapia intensiva (UTI), apresentam significantes limitações funcionais, o

que acaba afetando principalmente a atividade muscular, e reduz a qualidade de vida

podendo persistir por, pelo menos, um ano após a alta hospitalar.

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1. ANATOMIA PULMONAR

1.1. Sistema respiratório

A respiração é um processo bastante complexo e que compreende, de forma

simplificada, na captação de oxigênio (O2) para unir os diversos tecidos do corpo e na

eliminação de dióxido de carbono (CO2) que resulta do metabolismo celular. Como a

maioria dos tecidos do corpo humano necessitam de oxigênio, principalmente como

fonte de energia, o processo de captação deve ser efetuado durante toda a vida. Desta

forma pode-se dizer que o oxigênio é o “combustível da vida”. No entanto, não

podemos esquecer que a eliminação do dióxido de carbono também é de extrema

importância, uma vez que o acúmulo anormal de CO2 pode ter como conseqüência o

aumento do pH sanguíneo e até mesmo a morte. O sistema respiratório é composto por:

pulmões, caixa torácica, músculos ventilatórios, vias aéreas superiores (que inicia no

nariz e vai até a traquéia) e inferiores (que tem início na traquéia e vai até os alvéolos).

(PRESTO, 2007)

As vias aéreas são constituídas por uma série de tubos ramificados que vão

estreitando-se e se curvado cada vez mais, além de tornarem-se mais numerosos à

medida que penetram mais profundamente em direção ao pulmão. (WEST, 1978)

1.2. Pulmão e pleuras

Os pulmões estão situados no tórax e estão separados pelo coração e por outros

conteúdos mediastinais como a traquéia e as estruturas hílares. Estão envolvidos pelas

pleuras parietal e visceral, além de protegidos dentro da caixa torácica por ossos e

músculos. (GRAY, 1995)

São órgãos em forma de cone, os quais enchem completamente os espaços

pleurais, estendendo-se do diafragma até a uma altura de 13 cm acima da clavícula. A

parte do pulmão acima da clavícula é chamada de cúpula. A superfície medial de cada

pulmão é côncava em volta do mediastino. Os brônquios principais e as artérias

pulmonares entram de cada lado do pulmão numa fenda chamada hilo, via raiz dos

pulmões. (JACOB,1990)

Page 16: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

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Os pulmões apresentam um ápice superior, uma base inferior e duas faces, costal

e medial. A base descansa sobre o diafragma, músculo que separa, inteiramente, o tórax

do abdome, e por esta razão, ela é conhecida também como face diafragmática. Os

pulmões se subdividem em lobos cujo número, embora possam existir variações, é de

três para o direito e de dois para o esquerdo, no homem (como mostra a Figura 1 em

anexos). Os lobos do pulmão direito, superior, médio e inferior, são separados entre si

por fendas profundas, as fissuras oblíqua e horizontal. Já o pulmão esquerdo, com seus

dois lobos superior e inferior, apresenta apenas a fissura oblíqua. (DANGELO &

FATTINI, 2005)

Cada pulmão é revestido (e fechado) por um saco pleural seroso que consiste em

duas membranas contínuas, as pleuras. A pleura visceral (pleura pulmonar) reveste os

pulmões, incluindo as faces dentro das fissuras horizontal e oblíqua; ela não pode ser

separada dos pulmões. A pleura parietal reveste as cavidades pulmonares. A cavidade

pleural é um espaço potencial entre as duas pleuras que contêm uma lamina de liquido

pleural seroso, que lubrifica as faces pleurais e permite às laminas da pleura deslizar

suavemente uma contra a outra durante a respiração. (MOORE, 2001)

1.3. Alvéolos, surfactante e tensão superficial

Os alvéolos são bolsas de paredes finas que fornecem coletivamente ampla área

respiratória, constituindo uma barreira mínima para a troca gasosa entre a atmosfera e o

sangue dos capilares que se situam próximos de sua superfície de revestimento.

(GRAY,1995)

Os alvéolos nos pulmões são cobertos com uma substância ativa em superfície, o

surfactante (uma lipoproteína na qual os componentes ativos são fosfolipídios), que

diminui a tensão superficial à medida que o raio do alvéolo diminui. A tensão

superficial nos pulmões (resultante da contração na fina camada de água que umedece

as superfícies alveolares na interface ar-água) é uma força poderosa, respondendo por

cerca de metade a dois terços da retração elástica do pulmão. (JACOB, 1990)

A superfície alveolar é composta, basicamente, por células conhecidas como

pneumócitos tipo I (célula epitelial escamosa). Essas células são extremamente finas e,

conseqüentemente, possibilitam uma difusão gasosa rápida. Os pneumócitos tipo II são

maiores que as células tipo I e estão dispersas na superfície alveolar, possuem como

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17

função a secreção de surfactante, além de mecanismos de defesa, resposta inflamatória e

reparação alveolar. (PRESTO, 2007)

1.4. Músculos ventilatórios

Durante a inspiração em repouso ou forçada os músculos ventilatórios são os

responsáveis pela variação das pressões pulmonares possibilitando a movimentação dos

gases pelas vias aéreas. Na expiração em repouso não há contração muscular, na

verdade a energia potencial armazenada durante a inspiração é utilizada como fonte de

energia para o processo de expiração. Os principais músculos inspiratórios são:

diafragma e intercostais internos, na inspiração em repouso; já na inspiração forçada,

alem dos músculos já citados, há contração também do ECOM, trapézio (fibras

superiores) e da maioria dos músculos os quais possuem inserção na caixa torácica com

os pontos fixos em outros ossos (ex: peitoral maior, com ponto fixo no úmero etc).

(PRESTO, 2007)

Na inspiração, o volume da cavidade torácica aumenta e o ar é conduzido aos

pulmões. O aumento do volume é dado em parte pela contração do músculo diafragma,

que produz sua decida, e em parte pela ação dos músculos intercostais, que elevam as

costelas, desta forma aumentando a seção transversa do tórax. (WEST,1978)

Os músculos da respiração são músculos esqueléticos. A estrutura e função deles

são idênticas às de outros músculos esqueléticos; isto é, a força de contração aumenta

quando distendidos, e diminui quando mais curtos. Desta forma, a força de contração

dos músculos da respiração eleva-se com o aumento do volume pulmonar. (BERNE,

2004)

Page 18: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

18

2. FISIOLOGIA

2.1. Relações estrutura-função

O pulmão existe para as trocas gasosas. Sua principal função é permitir que o

oxigênio passe do ar ao sangue venoso e que o dióxido de carbono saia. O pulmão

também tem outras funções. Filtra material tóxico da circulação, metaboliza alguns

compostos e atua como um reservatório para o sangue. Mas a sua função cardinal é a de

troca gasosa. (WEST, 1978)

O pulmão tem três funções principais: troca de gases, defesa do organismo e

metabolismo. A função primária baseia-se na troca gasosa, entrada de O2 e saída de

CO2, além da toca gasosa, o pulmão também funciona como uma barreira entre o meio

externo e o meio interno do organismo. E finalmente o pulmão é um órgão metabólico,

que sintetiza e metaboliza diversos compostos. (BERNE, 2004)

2.2. Mecânica ventilatória

A mecânica pulmonar consiste no estudo das propriedades mecânicas do pulmão e

da parede torácica. A mecânica estática corresponde às propriedades mecânicas do

pulmão, cujo volume não varia com tempo. A interação entre o pulmão e a parede

torácica determina o volume pulmonar, que possui papel importante na toca gasosa e no

trabalho respiratório. (BERNE, 2004)

A ventilação adequada depende da capacidade dos pulmões de se expandir

normalmente. A maioria do trabalho respiratório vem da resistência da elasticidade dos

pulmões e da expansão da caixa torácica. Uma alta complacência significa uma maior

facilidade de distensão pulmonar, assim com uma baixa complacência exige mais da

musculatura inspiratória para distender os pulmões. (SILVERTHORN, 2003)

Os pulmões podem ser expandidos e contraídos por dois mecanismos: pelo

movimento de subida e descida do diafragma, que alarga ou encurta a cavidade torácica,

e pela elevação e abaixamento das costelas para aumentar e diminuir o diâmetro ântero-

posterior da cavidade torácica. (GUYTON, 1998)

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A respiração, em repouso, é realizada pela contração e relaxamento alternados do

diafragma e dos músculos intercostais externos. A maior parte da movimentação do ar é

realizada pela ação do diafragma.

2.2.1. Inspiração: Quando o diafragma se contrai, ele abaixa e alonga a

cavidade torácica. A contração dos músculos intercostais externos levanta as costelas na

borda esternal. Essa ação força o esterno para fora, aumentando o diâmetro ântero-

posterior do tórax. Além disso, à medida que as costelas se movem para cima, o

diâmetro lateral do tórax aumenta. (JACOB, 1990)

2.2.2. Expiração: É passiva durante a respiração normal. O pulmão e a parede

torácica são elásticos, e tendem a retornar à sua posição de equilíbrio após a expansão

ativa da inspiração. Os músculos mais importantes da expiração são aqueles da parede

abdominal, incluindo os retos abdominais, músculos oblíquos internos e externos e os

transversos do abdome. Quando esses músculos se contraem, a pressão intra-abdominal

é elevada e o diafragma é empurrado para cima. Eles também se contraem fortemente

durante situações como a tosse. Na expiração ativa, os músculos intercostais internos se

contraem puxando as costelas para baixo e para dentro, diminuindo assim o volume

torácico. (WEST, 1978)

2.2.3. Pressão intapleural: A pressão pleural é a pressão do líquido no espaço

estreito entre as pleuras visceral e parietal. É um vácuo sutil, que significa pressão

levemente negativa. No início da inspiração essa pressão é de aproximadamente -5

centímetros de água, que é a intensidade do vácuo necessário para manter os pulmões

distendidos no seu nível de repouso. Durante a inspiração, a expansão torácica puxa a

superfície dos pulmões com força ainda maior e cria ainda mais pressão negativa,

abaixo da média de cerca de -7,5 centímetros de água. (GUYTON, 1998)

2.3. Volumes e capacidades pulmonares

Todos os volumes pulmonares constituem uma subdivisão da capacidade

pulmonar total (CPT) e são medidos em litros. O volume total de ar expirado, a partir de

uma inspiração máxima até a expiração máxima, é capacidade vital (CV). O volume

residual (VR) consiste no volume de ar que permanece nos pulmões após uma expiração

máxima. Este volume é estabelecido durante as primeiras incursões respiratórias após o

nascimento. A capacidade pulmonar total (CPT) constitui a soma da CV com o VR; isto

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é, o volume total de ar encontrado nos pulmões e inclui o volume de ar capaz de ser

movimentado (CV) e o volume de ar sempre presente no pulmão (VR). (BERNE, 2004)

O volume corrente é o volume de ar inspirado ou expirado em cada respiração

normal; o volume corrente médio durante a respiração em repouso de um adulto é de

aproximadamente de 500 mililitros. O volume que é inspirado além do volume corrente

é denominado volume de reserva inspiratória que em um homem de 70 Kg, é cerca de

3.000 ml, seis vezes maior do que o volume corrente normal. (SILVERTHORN, 2003)

Já o volume de reserva expiratória é a quantidade de ar expirada forçadamente ao

final da expiração do volume corrente normal; normalmente é de 1.100 mililitros. Existe

ainda o volume residual que é o volume de ar que permanece nos pulmões após uma

expiração vigorosa. Este é de aproximadamente 1.200 mililitros. (GUYTON, 1998)

2.4. Ventilação alveolar e trocas gasosas

A importância fundamental do sistema de ventilação pulmonar é a renovação

contínua do ar nas áreas pulmonares de troca gasosas onde o ar está em estreito contato

com o sangue pulmonar. Estas áreas incluem os alvéolos, sacos alveolares, os ductos

alveolares e os bronquíolos respiratórios. (GUYTON, 1998)

A troca gasosa é o encontro de duas circulações: alveolar e capilar pulmonar,

sendo, também, uma janela com o meio exterior. A ventilação alveolar representa o

volume de ar que, por minuto, chega efetivamente aos alvéolos. Subentende-se que

parte do ar inalado é perdida em termos de troca, pois este ar fica retido nos espaços

mortos. (ADER, 2005)

Embora a ventilação e o fluxo sanguíneo pulmonar (perfusão) sejam importantes

componentes na função primária do pulmão, a relação entre ventilação e perfusão

representa o maior determinante da troca gasosa normal. A ventilação alveolar começa

com ar ambiente e este representa uma mistura de gás composto principalmente de

nitrogênio e oxigênio com quantidades mínimas de dióxido de carbono, argônio, e

outros gases inertes. (BERNE, 2004)

Existem duas causas relativamente simples de insuficiência de troca gasosa, são

elas: hipoventilação e “shunt”. Ambas as situações citadas, resultam em hipoxemia, que

é a PO2 anormalmente baixa no sangue arterial. O nível de PO2 alveolar é determinado

por um equilíbrio entre a velocidade de remoção de O2 pelo sangue, e a velocidade de

reposição de O2 pela ventilação alveolar, as causas incluem drogas como a morfina e

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barbitúricos, lesão da parede torácica ou paralisia dos músculos respiratórios e uma alta

resistência à respiração. Já o shunt refere-se ao sangue que atinge o sistema arterial sem

passar através de áreas ventiladas do pulmão. (WEST, 1978)

É importante lembrar que os alvéolos possuem uma interdependência entre si

devido a existência de ventilação colateral, promovida através da existência dos poros

de Kohn, que são comunicações interalveolares com diâmetro igual a 3 µm, canais de

Lambert, que são conexões broncoalveolares com diâmetro em torno de 30 µm e canais

de Martin que comunicam dois bronquíolos entre si, desta forma os alvéolos

normalmente ventilados, quando distendidos, promovem a abertura das unidades

vizinhas o que permite um melhor enchimento pulmonar. (PRESTO, 2007 e ULTRA,

2008)

As distribuições da ventilação e da perfusão aumentam das partes superiores às

partes inferiores dos pulmões. De um modo geral pode-se descrever três zonas

pulmonares: zona superior, onde a relação ventilação-perfusão é muito elevada porque a

ventilação existe, mas a perfusão é fraca; zona média do pulmão, onde a relação

ventilação-perfusão é ideal; a zona inferior, onde a perfusão é superior à ventilação e a

relação ventilação-perfusão é baixa. (ADER, 2005)

2.5. Controle da ventilação

O controle da ventilação diz respeito à geração e a regulação do ritmo da

respiração pelo centro respiratório localizado no tronco cerebral, e sua modificação

através da chegada de informações a partir dos centros encefálicos superiores e

receptores sistêmicos. O objetivo da respiração é do ponto de vista mecânico diminuir o

trabalho e do ponto de vista fisiológico, manter os gases sanguíneos, especificamente,

regular a PCO2 arterial. (BERNE, 2004)

Os mecanismos neurogênicos que controlam a respiração estão localizados na

substância reticular do bulbo e da ponte. A área do bulbo é geralmente referida como

centro respiratório. As áreas de controle respiratório na ponte são conhecidas como

centros pneumotáxico e apnêustico. O ritmo básico da respiração é estabelecido pelo

centro respiratório bulbar. Contudo, o ritmo normal, automático e alternado –

habitualmente uma fase inspiratória de dois segundos e uma fase expiratória de três

segundos – depende grandemente da ação reguladora de influxos inibitórios ao centro

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22

respiratório partindo dos pulmões à medida que se expandem e a partir do centro

pneumotáxico. (JACOB, 1990)

Além dos mecanismos neurais que operam totalmente no tronco cerebral, os sinais

nervosos reflexos oriundos dos pulmões também ajudam no controle da respiração. Os

mais importantes, localizados nas paredes dos brônquios e bronquíolos, são receptores

de estiramento que transmitem os sinais através dos nervos vagos para o grupo

respiratório dorsal que está localizado no bulbo. Estes sinais afetam a inspiração da

mesma forma que os sinais do centro pneumotáxico. (GUYTON, 1998)

2.6 . Controle químico da respiração

Sobre condições normais, o primeiro regulador da ventilação pulmonar são as

alterações na concentração de dióxido de carbono no sangue, que é acompanhado das

alterações de pH. Nos níveis sanguíneos normais, o oxigênio tem somente um leve

efeito sobre a ventilação. O local primário de ação do dióxido de carbono e íons de

hidrogênio é o centro respiratório no bulbo. Um aumento dessas concentrações causam

o aumento da ventilação e uma queda a deprime. (JACOB, 1990)

Células quimiorreceptoras especializadas (quimiorreceptores periféricos)

localizadas na croça da aorta (corpúsculos aórticos) e na bifurcação das artérias

carótidas interna e externa no pescoço captam a PO2 , a PCO2 e o pH do sangue arterial.

Essa informação é transmitida de volta aos núcleos de integração do impulso no bulbo

através dos nervos cranianos. A informação dos corpúsculos aórticos se dirige para o

sistema nervoso central através do nervo vago. Os quimiorreceptores localizados

imediatamente abaixo da superfície ventrolateral do bulbo, quimiorreceptores centrais,

identificam as mudanças na PCO2/pH do líquido intersticial do tronco cerebral. (LEFF,

1996)

2.7. Controle neural do músculo liso da via aérea

O sistema nervoso autônomo tem um importante papel na regulação e/ou

modulação do calibre das vias aéreas seja em indivíduos normais ou com doença

pulmonar. Além de regular o tônus da musculatura lisa, os nervos autônomos podem

influenciar na secreção de muco pelas glândulas submucosas, no transporte de fluido

Page 23: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

23

através do epitélio alveolar, na permeabilidade e no fluxo sanguíneo da circulação

brônquica, assim como a libertação de mediadores a partir dos mastócito.

Page 24: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

24

3. FISIOPATOLOGIA

A lesão pulmonar aguda a qual dá origem à SARA é caracterizada pela injúria do

endotélio e epitélio pulmonar e, conseqüentemente, com a lesão da membrana alvéolo-

capilar. Existe uma série de mediadores circulantes (humorais ou celulares), que são

acusados de serem os causadores e perpetuadores da síndrome, mas, em geral, sua

patogênese consiste em duas vias: a) os efeitos diretos de uma lesão nas células

pulmonares; e b) uma resposta inflamatória, sistêmica, aguda, que pode incluir

componentes celulares e humorais. A resposta celular envolve neutrófilos,

macrófagos/monócitos e linfócitos, os quais têm um papel importante no processo que

inclui a adesão, a quimiotaxia e a ativação dos leucócitos. (ANTONIAZZI, 1998)

Nesta síndrome existe um processo inflamatório que acarreta aumento da

permeabilidade capilar pulmonar em resposta a uma série de anormalidades clínicas,

radiológicas e fisiológicas. Com um fator de predisposição à SARA já instalado, ocorre

a liberação de mediadores inflamatórios e conseqüente alteração da membrana alvéolo-

capilar. Estes compõem um verdadeiro arsenal tóxico para a membrana celular,

alterando a estrutura secundária das proteínas e lípides, gerando lesão tecidual. Neste

local ocorre a liberação de prostaglandinas e leucotrienos, que ocasionam

broncoconstrição e vasoconstrição. Os últimos ainda estimulam os neutrófilos, que

alteram a membrana alvéolo-capilar, deixando-a mais permeável. (ULTRA, 2008)

Para a função pulmonar normal, há necessidade de alvéolos patentes, intimamente

associados a capilares adequadamente perfundidos. O capilar pulmonar normal

apresenta endotélio seletivamente permeável, onde as proteínas permanecem no

intravascular, enquanto os fluidos atravessam as membranas, como resultado do balanço

entre forças hidrostáticas e gradientes oncóticos. Três mecanismos existem, para

impedir a formação de edema intersticial: Proteínas intravasculares mantêm um

gradiente osmótico favorável à reabsorção de líquido; Os linfáticos intersticiais podem

drenar grande quantidade de líquido para a circulação; Junções intercelulares firmes,

entre as células epiteliais alveolares, previnem o enchimento dos espaços aéreos.

(GALHARDO & MARTINEZ, 2003)

Independente da causa da insuficiência respiratória, a lesão pulmonar parece ser

devido a uma resposta inflamatória e ocorre de uma maneira difusa, heterogênea. O

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25

quadro anatomopatológico depende da fase de evolução. A primeira fase é

denominada exudativa ou secretora: caracterizada por edema intersticial e alveolar, bem

como pela formação de membranas hialinas; ocorre entre 24 e 96 horas; fase

proliferativa: caracterizada pela resolução do edema pulmonar, pela proliferação de

pneumócitos do tipo II, infiltração intersticial por miofibroblastos e deposição de

colágeno; fase fibrótica: ocorre em pacientes com doença prolongada, caracterizada por

alteração da arquitetura pulmonar normal, fibrose difusa e formação de cistos (conforme

ilustrado na Figura 2). (FALCÃO, 2006)

A lesão epitelial alveolar envolve a membrana basal e os pneumócitos tipo I e tipo

II, levando à redução da quantidade e à alteração da funcionalidade do surfactante, com

o conseqüente aumento da tensão superficial alveolar, ocorrência de atelectasias e

redução da complacência pulmonar. (III consenso de Ventilação mecânica na SARA,

2007)

Embora a pressão em cunha usualmente permaneça normal, a resistência vascular

periférica aumentada e algum grau de hipertensão pulmonar extrema é sinal de um

prognóstico muito ruim. A infiltração pulmonar difusa com uma pressão em cunha

normal pode ser observada em outros problemas, como no edema pulmonar relâmpago

e na insuficiência cardíaca parcialmente tratada. (MARINI, 1999)

Dentro das paredes alveolares, os fíbroblastos crescem em número e se dirigem

através das aberturas da membrana basal, em encontro ao exsudato alveolar. Estas

células levam, por deposição de colágeno, a transformações mais permanentes do

parênquima, agravando ainda mais a mecânica ventilatória. Com o avanço dos dias sob

suporte ventilatório mecânico e tratamentos outros, estes paciente, que sobrevive às

fases iniciais da doença, tem seu pulmão muitas vezes totalmente transformado pela

fibrose, característica da terceira fase. Este momento, resultado da perpetuação da

SARA pela sua não reversão, é considerado o estágio final desta síndrome (CRESPO,

1995).

De modo geral, ocorrem alterações da mecânica pulmonar e na relação ventilação-

perfusão. Embora a disfunção pulmonar à radiografia de tórax seja difusa, ela ocorre de

maneira heterogênea levando a um grave desequilíbrio entre a ventilação-perfusão,

havendo áreas ventiladas e não perfundidas, caracterizando aumento de espaço morto.

Outra característica da SARA é a hipoxemia, que nesses casos é refratária à

administração de O2 suplementar e, mesmo quando utiliza FiO2 = 100%, a PaO2 do

paciente não se altera. (FALCÃO, 2006)

Page 26: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

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Os doentes no qual a insuficiência respiratória prolonga-se por mais de duas

semanas desenvolvem lesão pulmonar crônica, caracterizada microscopicamente por

fibrose pulmonar difusa, obliteração da arquitetura alveolar normal e desenvolvimento

de áreas de enfisema. Esta fase é denominada fase fibrótica (COIMBRA, 2001).

A principal alteração da mecânica respiratória é uma importante redução da

complacência pulmonar provocando um aumento do trabalho respiratório, além da

taquipnéia que funciona como um fator multiplicador. Essas alterações determinam que

25 a 50% do consumo de oxigênio do organismo seja despendido no trabalho

respiratório desses pacientes (KNOBEL, 2004).

É preciso enfatizar ainda que, além das alterações já citadas, o comprometimento

da vascularização pulmonar é um aspecto crucial na SARA, que se estende desde os

estágios iniciais até as fases terminais. Essas lesões incluem alterações trombóticas,

fibroproliferativas e obstrutivas que, a exemplo das lesões parenquimatosas, também se

correlacionam com a fase evolutiva da lesão alveolar difusa.

Na SARA, o “shunt pulmonar” é o principal mecanismo gerador de hipoxemia e

suas principais causas incluem: edema alveolar, trombos na microcirculação,

adesividade celular e microatelectasias. (ANTONIAZZI, 1998)

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4. CAUSAS DA SARA

Os fatores desencadeantes podem definir a SARA como primária ou secundária.

A primeira advém de causas que podem lesar diretamente o epitélio das vias

respiratórias. E a secundária é classificada quando a lesão ocorreu através do endotélio

vascular. Ainda podem ser classificadas como pulmonares e extra-pulmonares.

(ULTRA, 2008)

Há muitos fatores predisponentes ligados ao desenvolvimento de SARA. Entre

eles, há os que lesam diretamente o pulmão e os que levam à lesão por mecanismos

indiretos, através da liberação hematogênica de mediadores inflamatórios, como Sepse

grave, traumatismo importante e aspiração do conteúdo gástrico. (CHEHUEN NETO

ET AL., 2007)

Foram identificados múltiplos fatores de risco no desenvolvimento da SARA. A

síndrome de Sepse parece ser a mais comum, mas existem fatores globais para o seu

desenvolvimento, como idade avançada e fumo são associados aos fatores de risco, já o

consumo de álcool não parece ter nenhuma influência. (KAHDI, 2003)

Injúria indireta

• Síndrome séptica

• Politraumatizado

• Politransfusão

• Choque

• Grandes queimados

• Pancreatite

• “By-pass” cardiopulmonar

• Intoxicação exógena

• Coagulação intravascular,

disseminada

• Excesso de fluidos

Injúria direta

• Aspiração

• Infecção pulmonar, difusa (bacteriana,

viral, pneumocystis e outros)

• Afogamento

• Inalação tóxica

• Contusão pulmonar

• Embolia gordurosa

• Toxicidade pelo oxigênio

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A probabilidade de um paciente desenvolver a síndrome aumenta a medida que um ou

mais fatores de risco estão presentes. Por esta razão, é de fundamental importância

identificar o paciente com o risco de desenvolver a síndrome, pois, quanto mais

precocemente se intervém na causa básica, melhor será o prognóstico. (ANTONIAZZI,

1998)

A Sepse juntamente com a pneumonia de desenvolvimento fora do hospital são as

causas mais comuns da síndrome do desconforto respiratório agudo. Aproximadamente,

um terço dos pacientes hospitalizados, que aspiram conteúdo gástrico,

subseqüentemente, desenvolvem a síndrome, pois aparentemente, o pH baixo, as

enzimas gástricas e as partículas de alimentos contribuem para a lesão pulmonar. A

hemotransfusão de mais de quinze hemoconcentrados também é um fator de risco

importante para o desenvolvimento de SARA, mesmo na ausência de trauma. O quadro

também pode resultar de overdose de várias drogas, incluindo aspirina, cocaína,

opióides, fenotiazídicos e antidepressivos tricíclicos. Reações idiossincrásicas também

podem ocorrer com certas drogas, como quimioterápicos, nitrofurantoína e contraste

radiológico. (GALHARDO, 2003)

Ainda existem distúrbios que podem ser associados à síndrome do desconforto

respiratório agudo. Tais como:

Alterações hematológicas (coagulação intravascular disseminada, transfusão

sanguínea maciça, reações de leucoaglutinação), aspiração (conteúdo gástrico, água

potável ou salgada, hidrocarbonetos), choque (raro no cardiogênico ou embólico;

incomum no hemorrágico puro), distúrbios metabólicos (pancreatite, uremia e diabetes

mellitus parecem contribuir para outros fatores de risco), inalação de toxinas (oxigênio,

fumo, substancias químicas corrosivas como NO2, CL2, NH3, fosgênio), infecção (sepse

por Gram positivo ou Gram negativo, pneumonia bacteriana, viral ou fúngica), reações

ou overdose de substâncias) ácido acetilsalicílico, heroína, plaquenil, propoxifeno,

paraquat), sistema nervoso central (trauma, anoxia, convulsões, pressão intracraniana

aumentada), trauma (embolia gordurosa, contusão pulmonar, by-pass cardiopulmonar).

(CECIL, 1997)

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5. CONSEQÜÊNCIAS DA SARA

A mortalidade da SARA é alta, estimada entre 34% e 60%. Os pacientes que

sobrevivem têm uma permanência prolongada na unidade de terapia intensiva (UTI) e

apresentam significantes limitações funcionais, afetando principalmente a atividade

muscular, que reduzem a qualidade de vida e persistem por, pelo menos, um ano após a

alta hospitalar. (AMATO, 2007)

Na evolução do quadro da SARA, a oxigenação tende a melhorar assim que

ocorrer a resolução do edema pulmonar. Entretanto, mesmo assim, a maior parte dos

pacientes permanece em ventilação mecânica pela persistência da hipoxemia,

necessidade de altos volumes/minutos e baixa complacência pulmonar. Os infiltrados

radiológicos, também, podem tornar-se menos densos, refletindo a resolução do edema

pulmonar, enquanto as marcas intersticiais permanecem. É a fase em que pode ocorrer o

desenvolvimento de enfisema intersticial e de cistos pulmonares. Fibrose pode ocorrer

na fase proliferativa refletindo-se como hipertensão pulmonar e faveolamento, ao exame

radiológico de tórax. (GALHARDO, 2003)

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6. QUADRO-CLÍNICO

A Síndrome da angústia respiratória aguda, no adulto, caracteriza-se por edema

pulmonar resultante do aumento da permeabilidade capilar pulmonar com pressão

hidrostática normal e que se caracteriza radiologicamente pela presença de infiltrado

pulmonar bilateral, o que diferencia do edema pulmonar agudo de origem cardiogênica.

(COIMBRA, 1998)

As manifestações clínicas da doença dependem da sua etiologia, apresentam-se

em geral em algumas horas ou com até dois dias de intervalo após sua desencadeante.

(ANTONIAZZI, 1998)

O quadro clínico inicial apresentado pelos pacientes portadores de SARA pode

apresentar apenas por taquipnéia e alcalose respiratória, sem hipoxemia ou alteração

radiológica. Já com a evolução do quadro para insuficiência respiratória pode ser súbita.

O principal e um dos mais importantes sintomas da SARA é a dispnéia.

(GAMBAROTO, 2006)

Os sinais clínicos apresentados são reflexos da hipoxemia e do edema pulmonar, e

incluem taquicardia, taquipnéia com batimentos das asas do nariz e cianose.

Na SARA, o “shunt pulmonar” é o principal mecanismo gerador de hipoxemia e

suas principais causas incluem: edema alveolar, trombos na microcirculação,

adesividade celular e microatelectasias. Quando o grau de “shunt” é muito elevado, a

hipoxemia é refratária à administração de oxigênio, mesmo em altas concentrações.

Na ausculta pulmonar podemos observar roncos e estertores pulmonares bilaterais

e difusos.

Dentre as alterações funcionais mais importantes, destacam-se a diminuição da

complacência pulmonar (variação de volume pulmonar/pressão), devido ao edema

pulmonar, aos infiltrados inflamatórios e às atelectasias, ou fibrose, que diminuem a

distensibilidade do pulmão. Já capacidade residual funcional está diminuída (é uma

alteração importante na SARA) devido às atelectasias e à exsudação de líquido para

dentro dos espaços alveolares. Outro distúrbio característico da síndrome é o

desequilíbrio da relação ventilação/perfusão, onde existem áreas perfundidas e não

ventiladas, denominadas de “shunt pulmonar”. (OLIVEIRA, 2006)

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Os achados radiológicos variam de acordo com a fase, geralmente a radiografia de

tórax mostra infiltrados pulmonares bilaterais e difusos, na maioria dos casos

assimétricos, sem evidência de cardiomegalia, confirmando o edema pulmonar não

cardiogênico. Inicialmente infiltrado intersticial e posteriormente infiltrado alveolar.

(SCANLAN, 2000)

Estudos em tomografia computadorizada de pacientes com SARA mostraram que

apesar da patologia ser difusa, apresenta uma distribuição heterogênea pelo parênquima

pulmonar (Figura 4). Ainda na tomografia podemos observar imagens do pulmão com

áreas de colapso pulmonar (condensações), tecido pulmonar normal e regiões com

alvéolo hiperdistendidos. Essas observações nos fazem pensar quanto a quantidade de

volume corrente dado ao paciente durante a necessidade de ventilação mecânica uma

vez que implicará o desvio preferencial desse gás para regiões mais complacentes, o que

pode levar à hiperdistensão alveolar e lesão pulmonar das regiões previamente sadias.

(GAMBAROTO, 2006)

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7. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS

A SARA ficou bastante conhecida, porém, não havia critérios bem estabelecidos

para o seu diagnóstico. Em 1988, foi criado um escore de lesão pulmonar com a

finalidade de se diagnosticar e avaliar sua gravidade, levando em conta quatro

parâmetros: radiografia de tórax, hipoxemia através da relação entre a pressão parcial de

oxigênio arterial e a fração inspirada de oxigênio, complacência pulmonar e valor da

pressão positiva ao final da expiração (PEEP).

Apenas em 1994, a American-European Consensus Conference on ARDS

estabeleceu critérios diagnósticos para a SARA, definindo-a como uma “síndrome de

inflamação e aumento da permeabilidade capilar pulmonar associada a uma constelação

de anormalidades clínicas, radiológicas e fisiológicas não causadas por hipertensão

capilar pulmonar, porém podendo coexistir com a mesma”.

Nessa ocasião, também ficou definida para SARA a relação entre a pressão

parcial de oxigênio arterial e a fração inspirada de oxigênio for menor ou igual a 200,

com o quadro de insuficiência respiratória aguda com infiltrado bilateral na radiografia

de tórax, ausência de hipertensão atrial esquerda (pressão capilar pulmonar menor ou

igual a 18 mmHg) e hipoxemia (Figura 5).

Existem várias definições para os critérios clínicos de SARA, ainda não aceitas

uniformemente. Originalmente, a maioria dessas definições incluíam quatro critérios

clínicos básicos, que podemos encontrar como Escore de Murray (Figura 3): 1)

Instalação aguda, ocorre de forma súbita e rápida com grande comprometimento das

trocas gasosas, sendo refratária ao us de O2; 2) Relação PaO2/FiO2 (P/F) menor que 200,

o que representa uma lesão pulmonar com comprometimentos da troca gasosa e a

necessidade para manter uma PaO2 adequada um uso elevado de FiO2; 3) Infiltrado

pulmonar bilateral, podendo ser confundido com outras patologia como pneumonia e

embolia pulmonar, porém, a SARA gera uma hipotransparência difusa no raio-x de

tórax; 4) Pressão capilar pulmonar menor que 18 mmHg, esse valor nos permite realizar

um diagnóstico diferencial com outras patologias, tais como, congestão pulmonar e/ou

edema pulmonar cardiogênico. Considera-se SARA quando o resultado desse escore for

maior que 2,5 e considera-se apenas injuria pulmonar leve à moderada quando o

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33

resultado da soma for entre 0,1 a 2,5 e quando o resultado for zero não há injuria

pulmonar alguma. (PRESTO, 2007)

É importante salientar a diferença entre o edema agudo de pulmão de origem

cardiogênica para o de origem não cardiogênica que é o caso do que ocorre na SARA,

pois há grande dificuldade de diferenciação durante a avaliação inicial do paciente com

insuficiência respiratória aguda (Figura 6). O edema agudo pulmonar causado por

insuficiência cardíaca congestiva se dá devido às pressões hidrostáticas na vasculatura

pulmonar, enquanto que o edema ocorrido na SARA é devido às respostas inflamatórias

pulmonares tento as pressões hidrostáticas mantidas normais. (SCANLAN, 2000)

O diagnostico de SARA tem sido feito ao longo dos anos por meio de escores, que

se caracterizam por serem sensíveis, porém não específicos. Um dos grandes problemas

é que não há muita especificidade desses escores quanto às causas pulmonares deixando

uma margem para diagnostico falso-positivos. Para um melhor controle e conhecimento

da população acometida o ideal é que seja utilizado os escores preditivos de sobrevida

como o APACHE e/ou APACHE II (Figura 7), e de acordo com o último consenso

Americano-Europeu sobre SARA em 1998, também ficou indicado além desses a

utilização de um sistema de estratificação para a classificação da lesão pulmonar aguda,

denominado de GOCA (Figura 8).

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34

8. TRATAMENTOS

Deve-se considerar a SARA como uma doença multissistêmica, onde o volume

intravascular deve ser regulado cuidadosamente, embora a administração excessiva de

líquidos claramente deva ser evitada para minimizar o edema pulmonar e melhorar a

troca gasosa, a restrição severa de líquidos pode comprometer a perfusão intestinal e

renal. (MARINI, 1999)

O manuseio e o tratamento de pacientes com Síndrome de Angústia Respiratória

Aguda (SARA) é um constante desafio para os médicos e toda equipe intensivista que

atua nas unidades de terapia intensiva. Apesar dos importantes avanços tecnológicos nas

últimas décadas, a mortalidade na SARA permanece elevada desde a descrição inicial

da síndrome. Na abordagem terapêutica da SARA, é de fundamental importância

identificar o agente etiológico, pois, com a eliminação da causa, é possível interromper

a história natural da doença. É também fundamental manter um consumo adequado de

O2 pelos tecidos, pois se sabe que a respiração celular depende, de um lado, do

fornecimento de oxigênio aos tecidos periféricos e, de outro, da capacidade dos tecidos

em extrair o O2 ofertado. (ANTONIAZZI ET AL, 1998)

A monitorização não só da função pulmonar, mas também de outros órgãos vitais,

como fígado, rins e aparelho circulatório, se faz importante para auxiliar na recuperação

do paciente e evitar complicações. (FALCÃO, 2006)

8.1. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

8.1.1. Corticóides

O uso precoce rotineiro de corticóides não é justificado, porém, a SARA causada

por uma vasculite, embolia gordurosa ou reações alérgicas diagnosticadas podem ser

uma exceção à regra. Os corticóides também podem auxiliar na resolução do estagio

fibroproliferativo dessa doença, mas não existe um consenso firme sobre esse ponto.

(MARINI, 1999)

Page 35: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

35

Corticóides, antiinflamatórios não-esteróides e prostaglandinas E1 são utilizados

na tentativa de reduzir a lesão aguda pulmonar. Estudos clínico amplos demonstram,

entretanto, que não há qualquer prova conclusiva de que esses grupos de medicamentos

tenham valor benéfico no tratamento da SARA. (PIRES, 2006)

FALCÃO (2006) também diz que o uso de corticóides na SARA é controverso,

pois estudos demonstram que a administração precoce deste, diminui as lesões

pulmonares, porém outros estudos mais recentes mostram que os corticóides não

diminuem a incidência nem o tempo de recuperação da SARA.

Recentemente, STEINBERG e colaboradores em estudo randomizado controlado

não observaram redução de mortalidade associada ao uso de corticosteróides em

pacientes com SARA. Os resultados negativos destes estudos multicêntricos colocaram

novamente grandes questionamentos sobre o uso de corticosteróides em pacientes

graves. (XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA INTENSIVA)

8.1.2. Suporte Nutricional

O suporte nutricional é de grande importância uma vez que o estado nutricional

dos pacientes com SARA pode apresentar-se muitas vezes consumido e assim faz-se

necessário o suporte nutricional nas primeiras 48 a 72 horas, dando-se preferência à via

enteral com o objetivo de preservar a mucosa; a via parenteral é utilizada quando há a

necessidade do intestino permanecer em repouso. (FALCÃO, 2006)

Para MARINI (1999), o suporte nutricional é bastante importante para todos os

pacientes em ventilação mecânica ou imobilizados, para evitar a depleção nutricional do

paciente.

8.1.3. Aporte Hídrico e o uso de Diuréticos

Não raramente, o volume intravascular dos pacientes com SARA está reduzido

por vários motivos entre eles pelo fato do paciente ter recebido diuréticos antes da

suspeita de SARA, o que provoca confusão com edema pulmonar hidrostático, ou

porque o inicio de ventilação com pressão positiva aumenta a pressão intratorácica e

reduz o retorno venoso. Tanto a hipovolemia que pode levar à hipoperfusão tecidual e

desencadear a lesão celular que se persistir pode culminar na disfunção orgânica quanto

a hiper-hidratação que pode piorar a troca gasosa e a complacência pulmonar, são

deletérias ao organismo. (FALCÃO, 2006)

Page 36: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

36

8.1.4. Antibióticos

São freqüentemente os casos de SARA com infecção (infecção nosocomial).

Entretanto, o uso indiscriminado de antibióticos pode levar ao surgimento de cepas

resistentes, de alta virulência. Deste modo, deve-se evitar a administração de drogas

profilaticamente, prescrevendo-as sua utilização especifica para cada tipo de infecção

caso esta surja. (PIRES, 2006)

A infecção é a principal complicação na SARA deve-se a fatores como o uso

prolongado de cateteres intravenosos e sondas, tubos endotraqueais e ventilação

mecânica, além da queda do sistema imune do paciente devido à depleção nutricional.

São usados agentes antimicrobianos para combater a infecção, além de ser fundamental

a manutenção do estado nutricional do paciente. (FALCÃO, 2006)

8.1.5. Heparina

É uma droga utilizada em pacientes portadores de coagulação intravascular

disseminada, porém apresenta efeitos colaterais de sangramento, principalmente se

administrada em pacientes politraumatizados ou recém operados. (PIRES, 2006)

8.1.6. Vasodilatadores

Podem ser úteis simplesmente por provocarem diminuição na pressão

microvascular pulmonar em nível capilar. Porém há como conseqüência a vasodilatação

periférica diferentemente do óxido nitroso. (FALCÃO, 2006)

8.1.7. Sedação e Curarização

Pacientes que se encontram em hipoxemia, geralmente ficam agitados sendo

necessário a sedação, esta tem vantagens principalmente para diminuir o consumo de O2

do paciente agitado e permitir a ciclagem adequada do ventilador mecânico, além do

melhor posicionamento do paciente a fim de tentar promover uma melhor oxigenação.

(PIRES, 2006)

Para uma ventilação mecânica eficiente destes pacientes se faz necessário uma

sedação suficiente para inibir o centro respiratório e manter a adequada sincronia com o

ventilador, principalmente em casos onde ocorre a ventilação com acidose hipercápnica,

Page 37: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

37

às vezes torna-se indicada a curarização, com a paralisação dos músculos respiratórios.

(GAMBAROTO, 2006)

8.1.8. Óxido Nitroso

Recentemente, muita atenção tem sido dada ao papel exercido pelo óxido nítrico

(NO) na SARA. Em 1987, o NO foi reconhecido como importante vasodilatador da

musculatura lisa dos vasos, tendo sido denominado de “endothelium derived relaxing

factor - EDRF”. O NO é sintetizado pelo endotélio vascular a partir da arginina e atua

como vasodilatador local. A inalação de óxido nítrico na SARA melhora as trocas

gasosas e diminui a pressão na artéria pulmonar, tendo, como resultado, um efeito

benéfico sobre a hipoxemia refratária e sobre as desigualdades da relação

ventilação/perfusão. (ANTONIAZZI ET AL, 1998)

O óxido nitroso administrado em baixas concentrações funciona como um

vasodilatador apenas pulmonar, sem qualquer vasodilatação periférica, e ainda causando

uma melhora na relação ventilação perfusão. (KNOBEL, 1997)

A utilização de óxido nitroso administrado por via inalatória, tem demonstrado

aumento da sobrevida dos pacientes portadores de SARA. É uma técnica segura, efetiva

e de fácil utilização. Associada a utilização do decúbito prono tem sido mais eficaz.

(PIRES, 2006)

ULTRA (2008), diz que com a experiência na utilização deste método levou à

consideração dessa técnica como de resgate, observando a melhora da oxigenação, ma

sendo necessário o uso das outras técnicas para manter o benefício.

Os efeitos locais do óxido nitroso sobre a hipertensão pulmonar e,

conseqüentemente, sobre a disfunção ventricular direita, sobre a oxigenação, a

inflamação, o edema e a permeabilidade capilar o tornam atraente para ser utilizado na

SARA. Rossaint et al. publicaram, em 1993, os primeiros relatos dos efeitos do óxido

nitroso na SARA, demonstrando diminuição do shunt intrapulmonar e melhora da

oxigenação arterial em pacientes adultos. (FIORETTO, 2003)

Page 38: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

38

8.2. TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

8.2.1. Suporte Ventilatório

As alterações na fisiologia pulmonar e na mecânica ventilatória, levando a

redução da complacência estática pulmonar e aumento do trabalho respiratório fazem

com que esses pacientes necessitem de suporte ventilatório mecânico, a fim de se tentar

reverter este quadro. A ventilação mecânica é crítica para a maioria dos pacientes com

lesão pulmonar aguda e SARA. O suporte ventilatório está indicado principalmente de

acordo com os níveis de saturação de O2 arterial. (PIRES, 2006)

A administração de O2 através de ventilação mecânica nos pacientes com SARA

busca fornecer uma adequada oxigenação tecidual (reduzindo a hipoxemia arterial) e

eliminação do CO2, busca também reduzir o trabalho ventilatório dando suporte para

recuperação pulmonar, bem como diminuir a demanda do consumo de oxigênio do

organismo. (FALCÃO, 2006)

Os principais efeitos deletérios que estão relacionados com a ventilação mecânica

durante a SARA, são a toxidade de altas frações inspiradas de oxigênio (FiO2 elevada) e

lesão pulmonar induzida pela própria ventilação mecânica. Sendo essa lesão pulmonar

reduzida se utilizarmos uma estratégia ventilatória diferente da convencional, a

modalidade pressão controlada vem sendo a mais utilizada, pois é a que permite maior

controle do platô e pico de pressão inspiratório. (GAMBAROTO, 2006)

A pressão positiva ao final da expiração (PEEP) deve ser sempre utilizada em

pacientes com LPA/SARA, sendo grau de recomendação A no III consenso brasileiro

de ventilação mecânica, para diminuir o potencial de lesão pulmonar associada ao uso

de concentrações tóxicas de oxigênio inspirado e para evitar o colapso pulmonar ao

final da expiração. Ainda de acordo com o III consenso não existem dados suficientes

para determinar se a ventilação controlada por volume ou por pressão diminui a

morbidade ou mortalidade na SARA, porém a recomendação é que sempre que possível

utilizar o modo ventilatório controlado por pressão, para maior conforto e trabalho

respiratório mínimo, buscando uma ventilação mecânica que promova a proteção

pulmonar (Figura 8). Caso precisar utilizar o modo volume controlado, deve-se preferir

a utilização de onda de fluxo decrescente para uma melhor distribuição do ar inspirado,

gerando menor pressão na via aérea. (AMATO, 2007)

Page 39: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

39

8.2.1.1. Objetivos da Ventilação Mecânica

Um dos principais objetivos da ventilação mecânica na SARA é recrutar unidades

alveolares lesadas e colapsadas tornando-as “funcionantes”, assim se combate o

processo de atelectasia pulmonar. A PEEP ou ainda a geração de autoPEEP são os

recursos disponíveis para o processo de recrutamento alveolar. (FALCÃO, 2006)

Holt indica o recrutamento alveolar para melhorar a oxigenação de pacientes com

hipoxemia refratária.

Fisiologicamente, o uso do recrutamento é reiterado pelo incremento da

ventilação colateral, composta pelos poros de Konh, canis de Lambert e os canais de

Martin, que comunicam dois bronquíolos entre si e desta forma os alvéolos

normalmente ventilados quando distendidos promovem das unidades vizinhas. Outro

fator fisiológico à interdependência elástica auxilia na abertura das áreas colapsadas,

relatos ainda descrevem que a manobra ainda estimula a produção de surfactante e

melhora sua eficiência. (ULTRA, 2008)

8.2.2. Cuidados realizados antes e durante o recrutamento alveolar

Antes de dar início ao recrutamento alveolar é importante observar-mos alguns

cuidados. É de grande importância a monitorização do paciente, devemos realizar a

monitorização ventilatória em especial as pressões utilizadas e a monitorização

hemodinâmica, principalmente a pressão arterial (PA) e a saturação periférica de

oxigênio (SaO2). (PRESTO, 2007)

É importante que o paciente esteja sedado e curarizado, apresentando Ramsay 6

(Figura 9), para que ele não apresente drive respiratório e não inicie um ciclo no

ventilador, a cabeceira deve ficar a 0º para minimizar as diferenças regionais de

ventilação. Outro ponto crucial é o cuidado e a verificação de algum possível vazamento

no circuito, a pressão do cuff deve estar entre 20 e 25 mmHg para evitar fuga aérea, o

que poderia interferir e acabar atrapalhando na realização da manobra, o

posicionamento do tubo orotraqueal deve estar a uma distância aproximada de 1 a 2 cm

da Carina para evitar uma ventilação seletiva. (ULTRA, 2008)

A higiene brônquica deve ser realizada antes do início da manobra para que a

secreção traqueal não impeça a total expansão dos alvéolos.

Page 40: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

40

8.2.3. Recrutamento Alveolar

Temos como indicação o uso da manobra de recrutamento alveolar na fase inicial

da SARA (< 72 horas), em atelectasias, situações de hipoventilação alveolar e após

intervenções associadas com o derecrutamento, incluindo desconexões da ventilação

mecânica e aspiração endotraqueal. (LAPINSKY & MEHTA, 2004)

A utilização da PEEP nos pacientes com SARA é um recurso clássico e bastante

utilizado na ventilação mecânica com a finalidade de impedir o colabamento dos

alvéolos ao fim da expiração. Existe ainda outra forma de represamento de ar nos

alvéolos, que consiste na modalidade ventilatória de pressão controlada com relação I/E

invertida, o que acaba gerando autoPEEP. A utilização de volumes correntes baixos e

PEEP elevada tem como finalidade diminuir a necessidade de FiO2 através da

manutenção das unidades alveolares abertas permitindo a troca gasosa. (FALCÃO,

2006)

Ainda é considerado contraditório na literatura quais os valores de PEEP que

devem ser utilizados nos pacientes com a SARA. (AMATO, 2007)

Devido às inúmeras pesquisas realizadas sobre a manobra de recrutamento

alveolar e visando a obtenção de uma PEEP que realize o recrutamento dos alvéolos

atelectasiados na SARA, autores como Luciano Gattiononi, Salvadore Grasso,

Guillermo Bugedo, L. Puybasset, entre outros, estudaram e realizaram protocolos de

recrutamento alveolar com o uso de PEEP (Figura 9).

Podemos citar alguns desses protocolos como o de Bugedo (2003) que realizou

seus experimentos em 5 pacientes com SARA em ventilação mecânica, a volume

controlado com PEEP inicial de 10 a 14 cmH2O e em 5 pacientes ventilados a pressão

controlada, com PEEP inicial de 10 cmH2O. No primeiro caso, a PEEP era reduzida a

zero e a FiO2 aumentada para manter a saturação a cima de 90%. Em seguida a PEEP

era aumentada em etapas de 5 cmH2O até 30-40 cmH2O. Já no segundo caso a PEEP foi

alterada para 20 e depois 30 cmH2O. Com o auxílio de tomografia computadorizada ele

pôde observar as alterações e ver o resultado que foi no primeiro grupo de aumento do

volume pulmonar e queda significativa da saturação com PEEP em zero. No segundo

grupo foi constatado um aumento do volume pulmonar, PaO2/FiO2 e pressão média na

via aérea quando aumentada a PEEP de 20 para 30 cmH2O.

Já no trabalho realizado por Gattiononi (2001) também se utilizando de 5

pacientes em ventilação mecânica desta vez apenas por pressão controlada e com

pressão de platô entre 30 a 45 cmH2O. A PEEP foi aumentada de 5 em 5 cmH2O até

Page 41: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

41

obter 20 cmH2O, sendo essa PEEP associada à uma pressão de platô de no máximo 30-

45 cmH2O. Tendo também a TC como meio de acompanhamento do recrutamento. Ele

obteve como resultados um recrutamento completo ao nível 4-7 do pulmão com uma PI

de 30 cmH2O e com PI de 35 cmH2O o recrutamento atingiu os níveis de 8-10 da região

pulmonar.

Em 1998, o estudo de um grupo brasileiro, controlado e randomizado em

pacientes com SARA demonstrou que a PEEP titulada 2 cm H20 acima do ponto de

inflexão da curva pressão-volume do sistema respiratório, associada ao uso de baixos

volumes correntes (6 ml/kg) garantia melhor oxigenação, melhor complacência do

sistema respiratório e maior sobrevida aos pacientes quando comparada à titulação da

PEEP pelos níveis de frações inspiradas de oxigênio (FiO2) necessárias e pelas

repercussões hemodinâmicas associadas a volumes correntes de 12 ml/kg. Em 2000, na

tentativa de estudar os efeitos separados do volume corrente e da PEEP, o grupo

americano ARDSnet realizou estudo clínico randomizado e controlado comparando 2

tipos de estratégia ventilatória na SARA de acordo com o volume corrente aplicado:

volume corrente elevado (12 ml/kg) e volume corrente baixo (6 ml/kg), tentando manter

os mesmos níveis de PEEP. Demonstraram impacto positivo na sobrevida nos pacientes

ventilados com volumes correntes mais baixos. O racional desta estratégia consiste na

tentativa de controlar um dos mecanismos geradores de lesão, a hiperdistensão alveolar.

(SILVA, E., 2005)

Em 2003, Lim e Jung realizaram um estudo randomizado com 28 pacientes na

fase precoce da SARA e observaram que os benefícios da oxigenação alcançados por

recrutamento foram parcialmente perdidos logo após o retorno para a PEEP utilizada

inicialmente antes do recrutamento. (GAMBAROTO, 2006)

GRASSO ET AL (2002), analisaram, em pacientes com SARA, o efeito de baixo

PEEP (em torno de 9 cmH2O) e de alto PEEP (ao redor de 16 cmH2O), e no entanto, o

segundo grupo obteve recrutamento alveolar significante e aumento na PaO2/FiO2. Já no

primeiro grupo, o recrutamento foi mínimo e a oxigenação não obteve melhora. Apesar

do recrutamento com PEEP de 16 cmH2O ter sido significante, pode não ter surtido

efeito em todos os alvéolos, mas contribuiu para a melhora da oxigenação destes

pacientes.

Ainda em 2002 GRASSO, também realizou um protocolo e o método utilizado

para acompanhar o recrutamento alveolar foi através de pneumotógrafo, ele utilizou 22

pacientes pré-selecionados e os ventilou a um volume de 6 ml/Kg e com o PEEP de

Page 42: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

42

acordo com o ideal. A manobra de recrutamento foi realizada com uma PI de 40 cmH2O

durante 40 segundos e um tempo inspiratório de 5 segundos. Os resultados obtidos após

a manobra foram: após 20 minutos ocorreu um aumento da PaO2/FiO2, do volume

pulmonar, diminuição da PA, porém todas essas variáveis retornaram ao valor basal

após 20 minutos.

AMATO ET AL (1998) estudaram um protocolo de recrutamento envolvendo

altos valores de CPAP. Utilizando 40 cmH2O de pressão positiva continua (CPAP) por

40 segundos associado a um valor de PEEP setado em 2 cmH2O acima do ponto de

inflexão da curva P-V, em pacientes com SARA, observou um aumento na relação

PaO2/FiO2, complacência do sistema respiratório e aumento da sobrevida dos pacientes

submetidos à manobra.

Vale lembrar que devemos ter cuidado pois existem contra-indicações à realização

da manobra de recrutamento alveolar, entre elas podemos citar: a instabilidade

hemodinâmica, fistulas broncopleurais, pneumotórax não-drenado, DPOC, hipertensão

intracraniana, derrame pleural não-drenado, fibrose pulmonar, agitação psicomotora e

hemoptise. (ULTRA, 2008)

8.2.3.1. Benefícios do Recrutamento Alveolar

Segundo JOHANNIGMAN E MILLER (2003), o recrutamento alveolar abre

unidades alveolares que podem estar colapsadas durante a ventilação com baixo volume

corrente. Após o recrutamento, observaram que a PEEP estabiliza o volume pulmonar e

mantém às trocas gasosas.

LAPINSKY E MEHTA (2004) citam, como benefício a prevenção da saída de

líquido da microvasculatura e disfunção ventricular direita.

Outros benefícios encontrados foram a diminuição da PEEP necessária, realçando

a implementação da estratégia pulmonar protetora com manobras periódicas, melhora

na troca gasosa, diminuição de shunt e do espaço morto, além da melhora na saturação

parcial de oxigênio e restauração de volumes pulmonares. (GAMBAROTO. 2006)

Page 43: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

43

8.2.3.1. Cálculo da PEEP Ideal

Atualmente, o cálculo da PEEP ideal baseia-se na curva pressão versus volume (P

x V), visando encontrar níveis mínimos de pressão que previnam o colapso expiratório

de unidades instáveis, já que o deslocamento do sistema respiratório durante a

ventilação necessita se opor a forças restritivas (Figura 10). O objetivo da realização da

curva P-V seria calcular e monitorar a complacência estática além de determinar os

valores de PEEP que ficam em torno de 2 cmH2O acima do primeiro ponto de inflexão

desta curva, sendo esta a PEEP ideal (Best PEEP). (ULTRA, 2008 e SCANLAN,2000)

Outra forma de calcular a PEEP ideal baseia-se no método modificado de Sutter,

no qual o volume corrente é preestabelecido e mantido constante, entre 6 e 8 ml/Kg e os

valores de PEEP são elevados gradativamente. O nível ideal corresponde à melhor

complacência estática, quando há melhor oxigenação possível sem que haja

hiperinsuflação alveolar excessiva e distúrbio hemodinâmico. (FALCÃO, 2006)

Nos pacientes com SARA, níveis elevados de PEEP estão associados com a

melhoria da oxigenação e redução da fração de shunt, embora a PEEP ideal deva ser

determinada para cada paciente, foi demonstrado em estudos que níveis de PEEP

usualmente se encontravam na faixa de 8 a 15 cmH2O, também foi observado que o

volume corrente deve ser diminuído sempre que a PEEP aumentar para evitar

hiperdistenção alveolar, fique em torno de 4 à 6 mL/kg e ainda como estratégia

ventilatória protetora preconiza-se que o uso da pressão de platô não seja maior que 35

cmH2O, alem de uma freqüência respiratória menor que 30 ciclos/minuto. (SCANLAN,

2000)

Como a grande maioria dos tratamentos, existe o lado pró e contra no uso de

certas terapias e com isso algumas complicações decorrentes da utilização da manobra

de recrutamento alveolar com o uso de PEEP, como por exemplo, barotrauma (podendo

causar pneumotórax e pneumomediastino), volutrauma (gerando hiperdistensão

alveolar), hipotensão arterial (devido a diminuição do retorno venoso causado pelo

aumento da pressão torácica), arritmias cardíacas, hipoventilação causando dessaturação

transitória (segundo Lapinsky e Aubin, 1999), hipoxemia e produção de citocinas

inflamatórias.

Page 44: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

44

8.2.3.2. Conceito open Lung

O conceito open lung tem como finalidade proporcionar um recrutamento alveolar

que evite as forças de recuo elástico de pacientes com SARA, ou seja, o objetivo de

recrutar as unidades alveolares colapsadas e mantê-las abertas. Devemos utilizar a

estratégia ventilatória protetora, com um PEEP

8.2.4. Secreção e Aspiração Traqueal

Embora a SARA freqüentemente seja vista como um problema de lesão

parenquimatosa, o edema das vias aéreas, o broncoespasmo e a retenção de secreção

freqüentemente contribuem para a hipoxemia. As secreções retidas representam um

problema que aumenta a resistência do tubo endotraqueal, risco de infecção, risco de

barotrauma e a má distribuição da ventilação. (MARINI, 1999)

Após a realização da técnica de recrutamento devemos assegurar a não

desconexão do paciente ao ventilador mecânico, para que com isso não haja a perda do

recrutamento já realizado.

Demos ressaltar ainda o cuidado na manobra de aspiração traqueal que é um fator

de derecrutamento alveolar, devendo ser tomada medidas que minimizem esse efeito,

como por exemplo, a utilização de circuito fechado de aspiração como Trake Care

(Figura 11). (ULTRA, 2008)

Page 45: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

45

CONCLUSÃO

A SARA é uma patologia ainda muito estudada e que inspira cuidados

importantes de toda a equipe multidisciplinar tornando-a interdisciplinar principalmente

nas decisões a serem tomadas em prol da melhora desse paciente.

Os diversos estudos propostos pelos autores citados nos mostram o quão ainda é

discutida a melhor maneira de ventilar o paciente durante as fases da SARA. Esse é um

critério de grande importância para a prevenção de lesão pulmonar, sendo a ventilação

mecânica protetora a mais indicada.

Ainda com base nesses estudos, podemos concluir que há controvérsias em

relação aos valores da PEEP e a melhor estratégia ventilatória a ser aplicada, já que o

valor da PEEP, apenas para efeito protetor alveolar é diferente da PEEP para

recrutamento dos alvéolos atelectasiados, ficando estabelecido para o recrutamento a

faixa entre 8 e 15 cmH2O e para PEEP ideal após manobra, deve-se realizar o cálculo

através da curva P-V.

A fisioterapia tem papel importante principalmente na fase inicial do quadro da

SARA que é onde o recrutamento alveolar se mostra mais eficaz, bem como na

prevenção de outras complicações que possam surgir e/ou estarem associadas a essa

patologia.

Page 46: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

46

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Page 50: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

50

ANEXOS

FIGURAS

Figura 1– Apresenta o diagrama dos segmentos broncopulmonares e as variações entre o pulmão direito e o esquerdo.

Page 51: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

51

Figura 2 – Mostra um alvéolo normal sendo comparado com apresentando SARA (acima); Depois mostrando um alvéolo na fase de reparação após a SARA (abaixo).

Figura 3 – Escore de Murray

Page 52: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

52

Figura 4 – Ilustrando a diferença entre fase inicial e tardia da SARA em Raio-x e TC

Figura 5 – Critérios para diagnóstico de LPA e SARA

Figura 6 – Mostrando raio-x que diferencia ICC de SARA

Page 53: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

53

> 7565-7455-6445-54< 44idade (anos)

65320Pontos

b) PONTOS PARA A IDADE

> 7565-7455-6445-54< 44idade (anos)

65320Pontos

b) PONTOS PARA A IDADE

ESCORE APACHE II = A + B + C

Imunocomprometido: Paciente tem reebido terapia que suprime a resistência à infecção, isto é, imunossupressores, quimioterapia, radioterapia, corticóides cronicamente ou recente em altas doses; doença que é suficientemente avançada para suprimir a resistência à infecção, isto é, leucemia, linfoma, AIDS

Renal: Recebendo diálise cronicamente

Respiratória: Doença crônica restritiva, obstrutiva ou vascular resultando em grave restrição ao exercício, isto é, incapaz de subir escadas ou fazer serviços domésticos; hipóxia crônica documentada, hipercapnia, policitemia secundária, hipertensão pulmonar grave (> 40 mmHg); dependência de prótese ventilatória

Cardiovascular: New York Association classe IV

Fígado: Cirrose comprovada por biópsia, hipertensão portal documentada; episódios passados de hemorragia gastrintestinal atribuídos à hipertensão portal; episódios anteriores de insuficiência hepatíca, encefalopatia ou coma

Definições: a insuficiência de órgão ou o estado de imunodepressão deve ser evidente antes da admissão hospitalar e deve obedecer o seguinte critério:

b) Para pacientes de pós-orperatórios eletivos: 2 pontos

a) Para pacientes não-cirúrgicos ou pós-operatórios de emergência: 5 pontos

Se o paciente tem uma história de insuficiência grave de órgãos ou é imunocomprometido; assinale pontos como se segue:

C) PONTOS PARA DOENÇA CRÔNICA

ESCORE APACHE II = A + B + C

Imunocomprometido: Paciente tem reebido terapia que suprime a resistência à infecção, isto é, imunossupressores, quimioterapia, radioterapia, corticóides cronicamente ou recente em altas doses; doença que é suficientemente avançada para suprimir a resistência à infecção, isto é, leucemia, linfoma, AIDS

Renal: Recebendo diálise cronicamente

Respiratória: Doença crônica restritiva, obstrutiva ou vascular resultando em grave restrição ao exercício, isto é, incapaz de subir escadas ou fazer serviços domésticos; hipóxia crônica documentada, hipercapnia, policitemia secundária, hipertensão pulmonar grave (> 40 mmHg); dependência de prótese ventilatória

Cardiovascular: New York Association classe IV

Fígado: Cirrose comprovada por biópsia, hipertensão portal documentada; episódios passados de hemorragia gastrintestinal atribuídos à hipertensão portal; episódios anteriores de insuficiência hepatíca, encefalopatia ou coma

Definições: a insuficiência de órgão ou o estado de imunodepressão deve ser evidente antes da admissão hospitalar e deve obedecer o seguinte critério:

b) Para pacientes de pós-orperatórios eletivos: 2 pontos

a) Para pacientes não-cirúrgicos ou pós-operatórios de emergência: 5 pontos

Se o paciente tem uma história de insuficiência grave de órgãos ou é imunocomprometido; assinale pontos como se segue:

C) PONTOS PARA DOENÇA CRÔNICA

< 1515-17,918-21,922-31,932-40,941-51,9> 52Bicarbonato sérico (mEq/L) (usar se não coletar gasometria)

Total do escore fisiológico agudo

Escala de Glasgow para o coma Escore = (15-escore atual)

< 11-2,93-14,915-19,920-39,9> 40Número de leucócitos

< 2020-29,930-45,946-49,950-50,9> 60Hematócrito (%)

< 0,60,6-1,41,5-1,92-3,4> 3,5Creatinina sérica (mg/dL) dobrar pontos se IRA

< 2,52,5-2,93-3,43,5-5,45,5-5,96-6,9> 7Potássio sérico (mEq/L)

< 110111-119120-129130-149150-154155-159160-179> 180Sódio sérico (mEq/L)

< 7,157,15-7,247,25-7,327,33-7,497,5-7,597,6-7,69> 7,7pH Arterial

< 5555-6061-70>70b) FiO2< 0,5 PaO2

< 200200-349350-499>500a) FiO2 > 0,5 A-aDO2

Oxigenação A-aDO2

< 56-910-1112-2425-3435-49> 50Frequência respiratória irpm (ventilados ou não)

< 3940-5455-6970-109110-139140-179> 180Frequência cardíaca bpm

< 4050-6970-109110-129139-159>160Pressão arterial média mmHg

< 29,930-31,932-33,934-35,936-38,438,5-38,939-40,9> 41Temperatura retal (C)

+4+3+2+10+1+2+3+4Variáveis fisiológicas

a) ESCORE FISIOLÓGICO AGUDO

< 1515-17,918-21,922-31,932-40,941-51,9> 52Bicarbonato sérico (mEq/L) (usar se não coletar gasometria)

Total do escore fisiológico agudo

Escala de Glasgow para o coma Escore = (15-escore atual)

< 11-2,93-14,915-19,920-39,9> 40Número de leucócitos

< 2020-29,930-45,946-49,950-50,9> 60Hematócrito (%)

< 0,60,6-1,41,5-1,92-3,4> 3,5Creatinina sérica (mg/dL) dobrar pontos se IRA

< 2,52,5-2,93-3,43,5-5,45,5-5,96-6,9> 7Potássio sérico (mEq/L)

< 110111-119120-129130-149150-154155-159160-179> 180Sódio sérico (mEq/L)

< 7,157,15-7,247,25-7,327,33-7,497,5-7,597,6-7,69> 7,7pH Arterial

< 5555-6061-70>70b) FiO2< 0,5 PaO2

< 200200-349350-499>500a) FiO2 > 0,5 A-aDO2

Oxigenação A-aDO2

< 56-910-1112-2425-3435-49> 50Frequência respiratória irpm (ventilados ou não)

< 3940-5455-6970-109110-139140-179> 180Frequência cardíaca bpm

< 4050-6970-109110-129139-159>160Pressão arterial média mmHg

< 29,930-31,932-33,934-35,936-38,438,5-38,939-40,9> 41Temperatura retal (C)

+4+3+2+10+1+2+3+4Variáveis fisiológicas

a) ESCORE FISIOLÓGICO AGUDO

Figura 7 – APACHE II

Page 54: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

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Figura 8 – Sistema de estratificação para lesão pulmonar aguda (GOCA)

Figura 9 – Avaliação da sedação (escala de Ramsay)

Figura 10 – Demonstra a comparação entre ventilação mecânica comum e ventilação mecânica protetora.

Page 55: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

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Figura 11 – Tabela com informações dos protocolos de recrutamento alveolar de diversos autores.

Page 56: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

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Figura 12 – Esquema teórico das quatro fases inspiratórias e expiratórias da curva P-V

Figura 13 – Sonda para aspiração em circuito fechado (Trake care).

Figura 14 - Raios-X apresentando SARA por pancreatite

Page 57: atuação fisioterapêutica com a utilização da peep através do

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Figura 15 – Tomografia computadorizada demonstrando um pulmão sem recrutamento e com

recrutamento alveolar

Figura 16 – Cortes tomográficos representando o estudo realizado por GATTIONONI com PEEP de 0, 5, 10 e 20. Podemos observar como houve melhora significativa com a utilização de PEEP

para o recrutamento.

PEEP 0

PEEP 20

PEEP 5

PEEP 10

Com recrutamento Sem recrutamento