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Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP Instituto de Ciências Exatas e Biológicas – ICEB Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Biomas Tropicais ______________________________________________________________________ Dissertação de Mestrado Denny Fernandes Eduardo Atributos funcionais morfológicos e anatômicos foliares de plantas de campo rupestre ferruginoso respondem abundancia? Ouro Preto 2017

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Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP

Instituto de Ciências Exatas e Biológicas – ICEB

Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Biomas Tropicais

______________________________________________________________________

Dissertação de Mestrado

Denny Fernandes Eduardo

Atributos funcionais morfológicos e anatômicos foliares de

plantas de campo rupestre ferruginoso respondem

abundancia?

Ouro Preto 2017

Denny Fernandes Eduardo

Atributos funcionais morfológicos e anatômicos foliares de

plantas de campo rupestre ferruginoso respondem

abundancia?

Dissertação apresentada ao Departamento de

Evolução, Biodiversidade e Meio Ambiente do

Instituto de Ciências Exatas e Biológicas da

Universidade Federal de Ouro Preto como

requisito parcial para obtenção do título de Mestre

em Ecologia de Biomas Tropicais.

Orientador: Dr. Hildeberto Caldas de Sousa

Co-orientadora: Dra. Alessandra Rodrigues Kozovits

Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil

Novembro de 2017

Epígrafe_______________________________________________Eduardo,D,F.2017

When your intelligence has passed out of the dense forest of delusion, you shall become

indiferente to all that has been heard and all that is to be heard

Bragavad Gita As It Is. His Divine Grace A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada

Dedicatória

“Ao meu querido avô Sebastião Eduardo”

Agradecimentos

Agradeço esse trabalho primeiramente ao meu pai, minha mãe e minha irmã que me apoiaram

financeiramente durante as fases mais difíceis no começo do mestrado. E com muito carinho

ao meu avô pelos conselhos na hora certa. Com certeza sem vocês eu não teria conseguido

chegar aonde cheguei.

Quero agradecer a Alaine por me apresentar o lindo Morro São Sebastião onde morei o tempo

todo do meu mestrado.

Aos moradores do sítio, Leonardo, Ricardo, Igor, Alice pela convivência.

Aos ex-moradores da casa verde, Lucas, Arthur e Zito por me acolherem em tempo de

mudança na minha vida.

As Repúblicas Casa Blanca e Jardim zoológico pela recepção e acolhimento em horas

descontraídas.

Aos meus amigos Naaman e Tamires pelos ensinamentos yogis, que foram fundamentais para

eu conseguir-me concentrar para a realização deste trabalho.

Ao Bruno (polegada) pelos ensinamentos sobre taxonomia de plantas, etnobotânica e

medicina caseira. Nunca vou esquecer-me dos nossos rocks, que muitas vezes foram aleatórios

pela maravilhosa cidade de Ouro Preto.

A colega de mestrado Isabela Botelho por me ajudar no laboratório nas contagens dos

estômatos.

Quero agradecer a Marina Beirão, Fernanda, Grazi, Claúdio e professor Marcão pela ajuda

nas análises estatísticas.

Aos meus alunos de iniciação científica, Igor, Yuri, Francis, Julia Celane e em especial

Rafaela Lameira. Sem vocês com certeza este trabalho se tornaria inviável.

A Regislane pelos ensinamentos metodológicos em anatomia vegetal e pelos conselhos.

Ao Claúdio, técnico do laboratório, por me ajudar a me organizar para realizar os

experimentos.

A Deborah, técnica do Herbário, pela leitura da tese e sugestões.

A professora Maria Cristina Messias por me ajudar em um dos momentos de escolhas

importantes que passei na UFOP e me mostrar outros caminhos que eu pude seguir.

Ao meu caro orientador Hidelberto pelo seu carisma, acolhedor amigável. Na maioria dos dias

com um sorriso estampado no rosto e mesmo em dias turbulentos, cantarolando sambas

antigos pelos corredores da Universidade. Além do árduo trabalho, tivemos muitas conversas

descontraídas no laboratório durante os cafezinhos. Temos muitas histórias para contar! Muito

obrigado pelos ensinamentos sobre a vida e botânica. Fez-me mudar o jeito de ver e as plantas

e de gostar ainda mais destes organismos fantásticos.

A minha Co-orientadora Alessandra Kozovits pelo apoio e confiança no meu projeto.

A agência de fomento CAPES pela concessão da bolsa de Mestrado.

Ao NUPEB pela possibilidade de realizar a fotodocumentação.

Ao IEF pela disponibilização da licença para as coletas das plantas.

Ao Programa de Ecologia de Biomas Tropicais, em especial ao secretário Rubens Modesto,

que foi muito receptivo nas horas que mais precisei.

Sumário

Atributos funcionais morfológicos e anatômicos foliares de plantas de campo rupestre

ferruginoso respondem abundância? ........................................................................................ 1

Resumo ........................................................................................................................ 1

Introdução.................................................................................................................... 1

Material e métodos ...................................................................................................... 4

Análises estatísticas ..................................................................................................... 7

Atributos funcionais entre espécies mais e menos abundantes ................................... 7

Atributos funcionais morfológicos e fisiológicos por espécies ................................... 8

Características anatômicas foliares por espécies ......................................................... 9

Analise dos componentes principais ......................................................................... 11

Discussão ................................................................................................................... 12

Atributos funcionais fisiológicos e morfológicos ..................................................... 12

Atributos funcionais anatômicos foliares .................................................................. 20

Atributos funcionais que podem estar relacionados com a absorção e manutenção de

água e diminuição da temperatura foliar ................................................................... 21

Convergência evolutiva de atributos funcionais que podem estar relacionados com a

absorção e manutenção de água e diminuição da temperatura foliar ........................ 22

Densidade e tamanho dos estômatos ......................................................................... 22

Agrupamentos de características funcionais anatômicas e morfológicas das espécies

mais abundantes (PCA) ............................................................................................. 23

Agrupamentos de características funcionais anatômicas e morfológicas das espécies

menos abundantes (PCA) .......................................................................................... 24

Estrutura da comunidade de plantas .......................................................................... 24

Conclusão .................................................................................................................. 24

Referências bibliográficas ......................................................................................... 25

1

____________________________________________________________

Atributos funcionais morfológicos e anatômicos foliares de plantas de

campo rupestre ferruginoso respondem abundância?

Eduardo, D, F ¹, Sousa, H, C², Kozovits, A, R³

Instituto de ciências exatas e biológicas. Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Biomas Tropicais. Universidade Federal de Ouro Preto, Minas

Gerais, Brasil. Correspondência ([email protected])

Resumo: Atributos funcionais foliares são utilizados para um melhor esclarecimento sobre as adaptações que cada

espécie tem em cada ambiente específico, e podem indicar quais características são mais importantes em espécies mais e

menos abundantes em um determinado espaço e tempo. Diferentes histórias de vida das plantas podem ter sucesso em

um mesmo espaço e tempo, podendo selecionar adaptações distintas com relação à economia de água, e sua aquisição e

manutenção pelas folhas. Os campos rupestres ferruginosos são ambientes montanos que ocorrem acima de 900m e

impõem severidade ambiental nas plantas por estresse hídrico devido à marcada estação seca, alta radiação, exposição a

ventos e a ocorrência de solos rasos. É comum a ocorrência de neblina durante o ano todo, e as plantas podem absorver

água pelas folhas quando ocorrem este evento o qual pode influenciar nos níveis de esclerofilia das folhas. Para analisar

as adaptações que as plantas possuem neste tipo de ambiente, foram selecionadas cinco espécies mais abundantes,

Tibouchina heteromalla, Baccharis reticularia, Diplusodon buxifolius, Periandra mediterranea e Erytroxylum

mirophyllum, e cinco menos abundantes Myrsine squarrosa, Miconia coralina, Eremanthus incanus, Ouratea semiserrata

e Trembleya laniflora, a partir do trabalho de (Arias 2016). E foram analisados a área foliar, área foliar específica, massa

foliar específica, espessura do limbo foliar, espessura da cutícula, espessura da epiderme adaxial, espessura do parênquima

paliçádico, espessura do parênquima lacunoso, espessura da epiderme abaxial, espessura da cutícula abaxial, densidade e

área estomática. As espécies mais abundantes apresentaram áreas foliares reduzidas, maiores valores de área foliar

específica, menores valores de massa foliar específica, menor espessura do limbo foliar, menor espessura da cutícula

adaxial, maiores células epidérmicas na face adaxial, menor espessura do parênquima lacunoso, maior espessura da

epiderme abaxial e menor espessura da cutícula abaxial, maior densidade estomática e também maiores valores de área

estomática. Além disso, T. heteromalla, B. reticularia e D. buxifolius são anfiestomáticas tais características podem

melhorar o desempenho fotossintético, refletindo na maior produtividade e crescimento das plantas mais abundantes. Em

outro contexto, as espécies apresentaram convergência evolutiva em atributos que favorecem a absorção de água e

manutenção nas folhas quando ocorrem eventos de neblina, como pubescência pesada e células mucilaginosas, além de

atributos que podem estar relacionados à diminuição da temperatura da folha, como drusas de oxalato de cálcio. Indicando

que a neblina é um fator muito importante na seleção das espécies que ocorrem nos campos rupestres ferruginosos.

Palavras chave: Atributos funcionais foliares, área foliar específica, massa foliar especifica, anatomia foliar, atributos que

podem estar relacionados com a absorção de água nas folhas.

Introdução

Entender como fatores ambientais

influenciam a distribuição e o funcionamento

das plantas tem sido um dos maiores objetivos

em estudos de ecologia (Grime 1997; McGill

et al. 2006, Craine 2007; Castro 2015). Para

esta finalidade, uma abordagem bastante

utilizada é o estudo das características

ecológicas funcionais das plantas (McGill et

2

al. 2006), muitas vezes representadas por

atributos anatômicos e morfológicos foliares

(Reich et al. 1992, Rozendaal 2006, Viole

2007, Rossatto e Kolb 2013, Hulshof 2013).

Estas características morfológicas

externas e internas, juntamente com atributos

fisiológicos, são fundamentais para o

estabelecimento, crescimento, reprodução e

colonização das espécies em um determinado

ambiente (Diaz 1998; Viole 2007; Rossatto e

Kolb 2013) e podem interferir nos serviços

ecossistêmicos como ciclagem de nutrientes e

sequestro de carbono (Reich et al. 1997,

Cornwell 2008).

Os atributos funcionais presentes

atualmente nas plantas foram selecionados ao

longo do tempo evolutivo em resposta à

variação de inúmeras pressões ambientais

(Gratani 2014), como disponibilidade de

água, luz e nutrientes, temperatura,

herbivoria, competição e outras interações

bióticas e abióticas (Violle 2007). Na mesma

comunidade vegetal, sob a ação dos

condicionantes edafo-climáticos similares,

espécies co-ocorrentes podem diferir bastante

em termos de atributos morfológicos e

anatômicos devido a trade-offs específicos

entre demandas relacionadas à economia de

nutrientes e às características hidráulicas (Li

et al. 2015), e possivelmente à especialização

no uso de recursos (Tilman 2007), mas

também podem convergir em características

funcionais em determinadas situações

ambientais (Ackerly & Cornwell 2007).

Plantas mais abundantes em locais

com forte pressão seletiva possuem traços

funcionais que são capazes de tolerar, resistir

ou evitar a severidade ambiental, utilizar

nichos ecológicos vazios, o que pode evitar a

exclusão competitiva por sobreposição de

nichos (MacArthur 1972). Por outro lado,

plantas mais raras estão mais propensas à

extinção quando ocorrem eventos estocásticos

(Rabinowitz et al. 1986).

Buscando entender como as plantas de

diferentes táxons convergem ou divergem em

suas características funcionais em um

determinado espaço e tempo e como estes

atributos influenciam a distribuição das

espécies, desenvolveu-se este estudo em um

Campo Rupestre Ferruginoso. Estes locais

ocorrem acima de 900 m de altitude, em

ambientes expostos a ventos e à alta irradiação

solar total, incluindo as bandas de ultra-

violeta, com alta taxa de evapotraspiração,

marcante sazonalidade de chuvas,

apresentando manchas de solos distróficos e

rasos, entremeados por afloramentos rochosos

(Giulietti 1987, Rapini et al. 2008). A

vegetação é dominada por espécies herbáceas

e arbustivas, cuja distribuição parece ser

fortemente influenciada pela microtopografia

do relevo, que se reflete em um mosaico de

ambientes edafo-climáticos (Jacobi et al.

2008, Ataíde 2011, Messias et al., 2012;

Messias et al. 2013; Carmo & Jacobi 2013;

Carmo et al. 2016). Tais condições ambientais

e a própria estrutura da vegetação indicam que

3

a disponibilidade de água deve ser um dos

principais fatores limitantes para o

estabelecimento de espécies arbóreas

(Scarano 2002, Jacobi et al. 2007, Sarthou et

al. 2009) e sugerem a presença de atributos

funcionais relacionados à eficiência na

aquisição e na manutenção da água nos

tecidos vegetais (Li et al. 2015).

Certos atributos morfológicos e

anatômicos foliares favorecem a tolerância e

resistência das plantas em ambientes com

déficit hídrico, tais como: paredes celulares

reforçadas, redução dos espaços intercelulares

(De Micco e Aronne 2012, Ackerly e

Cornwell 2007), epiderme mais espessa na

face adaxial (uni- ou pluri-estratificada)

(Turner 1994, Fahn e Cutler 1992), maior

espessura do mesofilo (Rossato e Kolb 2013),

parênquima paliçádico com mais de uma

camada de células, podendo ser encontrado

em ambos os lados da folha (simetria

isobilateral) (Marques 2000 e Raven 2001),

presença de células mucilaginosas, paredes

celulares lignificadas, folhas anfiestomáticas

(Fahn e Cutler 1992, Parkhurst 1978, Moot

1982) estômatos protegidos por tricomas

(Morretes 1969), maior densidade dos

estômatos e menor tamanho das células-

guarda (Beaulieu 2008, Franks et al. 2009,

Drake 2013), folhas com tamanho reduzido

(Gratani 2014), camada de cutícula espessa

(Larcher 2004), menor área foliar específica

(Wrigth et al, 2004). Além dos

atributos foliares relacionados à minimização

da perda de água que caracterizam níveis de

esclerofilia, estudos recentes chamam a

atenção para a importância de atributos

anatômicos que podem facilitar a captação de

água pelas folhas e sua manutenção nos

tecidos, como tricomas, células

mucilaginosas, cristais de oxalato de cálcio,

fibras lignificadas ou gelatinosas, cavidades

secretoras e maior extensão da bainha do feixe

vascular (Souza 2014).

Locais periodicamente sujeitos a

eventos de neblina, como tipicamente

ocorrem nos campos rupestres (Baeta 2012),

podem ter uma fonte adicional de água para a

vegetação, especialmente durante a estação

seca, minimizando o déficit hídrico (Simonin

2009; Eller 2013). Nos campos rupestres

ferruginosos, o déficit hídrico pode ter

selecionado atributos ao longo do processo

evolutivo das espécies para evitar a perda de

água. Concomitantemente, a presença de

neblina deve ter favorecido a seleção de

atributos que favoreçam a captação e

armazenamento de água nos tecidos foliares,

minimizando o déficit hídrico. Seria possível

separar atributos mais importantes para a

realização de cada uma dessas funções? Qual

o conjunto de atributos anatômicos e

morfológicos (para evitar a perda ou aumentar

a captação e manutenção de água na folha) é

dominante na comunidade de plantas dos

campos rupestres ferruginosos? No presente

trabalho, atributos anatômicos e morfológicos

foram mensurados em conjuntos de espécies

4

mais abundantes e mais raras em um

fragmento de campo rupestre ferruginoso,

localizado no município de Ouro Preto, Minas

Gerais. O objetivo deste trabalho foi verificar

a existência de padrões de agrupamentos de

atributos funcionais morfológicos e

anatômicos foliares que possam se relacionar

com a abundância de espécies em uma área de

campo rupestre ferruginoso. Tem-se como

primeira hipótese que as espécies mais

abundantes no Campo Ferruginoso na Serra

da Brígida não divergem muito em

agrupamentos de atributos funcionais

morfológicos e anatômicos das plantas menos

abundantes. A segunda hipótese é que

espécies de diferentes famílias possuem uma

convergência evolutiva adaptativa em

características anatômicas que podem estar

relacionadas com a captação e manutenção da

água pelas folhas como mucilagens, tricomas,

emergências e com a diminuição da

temperatura foliar, como cristais de oxalato de

cálcio e cavidades secretoras.

Material e métodos

A área de campo rupestre ferruginoso estudada

está inserida na Área de Proteção Ambiental

Estadual da Cachoeira das Andorinhas, na serra da

Brígida (20°21’35’’S, 43°30’11’’W), município

de Ouro Preto em Minas Gerais, Quadrilátero

Ferrífero, Brasil. A serra da Brígida possuí uma

área de 138,3ha (UFOP 2001), com amplitude de

altitude entre 1470 a 1500m, e o clima é Cwb,

temperado quente (úmido mesotérmico), segundo

a classificação de Köppen, apresentando estação

chuvosa de outubro a março e seca de abril a

setembro (Alvares et al. 2013). É comum a

ocorrência neblina inclusive na estação seca

(Baeta 2012, Souza 2014). A vegetação local é

composta principalmente de plantas herbáceas e

arbustivas, com alta taxa de endemismo, comum

em afloramentos rochosos nos campos rupestres

ferruginosos (Valim 2012, Messias 2013, Arias

2016).

Coleta dos dados Amostrais

No estudo realizado por Arias (2016) em 115

parcelas de 10x10m², pode ser averiguado que

Tibouchina heteromalla (D. Don) Cogn.

(Melastomataceae) tem 100% de abundância,

seguida por Baccharis reticularia (Vell.) Taub.

(Asteraceae) (98%), Diplusodon buxifolius

(Cham. & Schtdl) DC. (Lythraceae) (96%),

Periandra mediterranea (Vell. Taub.

(Leguminoase) (96%), Erythroxylum

microphyllum A.St.-Hil. (Erytroxylacea) (85%),

compondo o grupo de plantas mais abundantes,

enquanto, Myrsine squarrosa (Mez) M.F.Freitas &

Kin.-Gouv (Primulaceae) (41%), Miconia

corallina Spring (Melastomataceae) (35%),

Eremanthus incanus (Less.) Less. (Asteraceae)

(33%), Ouratea semiserrata (Mart. & Nees) Engl.

(Ochnaceae) (28%) e Trembleya laniflora (D.

Don) Cogn. (Melastomataceae) (23%), compõem

o grupo de espécies menos abundantes. Ao longo

de um transecto de 200m todos indivíduos das

espécies citadas acima foram marcados e sete

indivíduos das espécies mais abundantes e sete das

5

menos abundantes foram sorteadas. Dois ramos

contendo estruturas reprodutivas de cada espécie

foram coletados para a preparação exsicatas e

foram depositadas no Herbário Prof. José Baldini

na Universidade Federal de Ouro Preto.

Área foliar específica e massa foliar específica

Dez folhas de cinco indivíduos de cada espécie

foram coletadas e escaneadas em laboratório em

uma impressora multifuncional HP PSC 15-10,

para mesurar a área foliar, utilizando-se o

programa ImageJ Pro 4.0 (fig. 1). Posteriormente

as folhas foram secadas em uma estufa a 70ºC

durante três dias e pesadas em uma balança de

precisão. A área foliar específica foi determinada

pela razão entre a área e a massa foliar. A massa

foliar específica foi determinada pela razão entre a

massa e a área foliar (Reich 1997).

Anatomia foliar

Lâminas histológicas foram preparadas no

Laboratório de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biodiversidade Evolução e

Ambiente (DEBIO/UFOP) para a caracterização

anatômica das plantas selecionadas. Sete folhas de

sete indivíduos das cinco espécies mais

abundantes e das cinco das mais raras foram

coletadas e fixadas em FAA 50% (Formaldeído a

37- 40%, etanol 50% e ácido acético PA, nas

proporções 5%: 5%: 90% respectivamente),

posteriormente foram submetidas a vácuo durante

48h e preservadas em álcool 70% (Johansen 1940).

Depois foram submetidas a vácuo durante 48h e

preservadas em álcool 70%. Foram feitos cortes

manuais transversais do limbo foliar na porção

mediana, na região da nervura central, e entre a

parte mediana e a margem, utilizando lâmina de

barbear. Os cortes foram corados com azul de astra

e fucsina básica e montados em glicerina a 50%.

Para obter cortes seriados foi utilizado a mesma

metodologia de fixação do material, posterior

desidratação pela série etanolica, e inclusão em

parafina (Kraus & Arduin, 1997) da parte mediana

e entre a parte mediana e a margem foliar. Foram

feitos cortes de 12 µm de espessura em um

micrótono rotativo, os quais foram reidratados e

corados com azul de astra e fucsina básica,

desidratados e montados em balsamo do Canadá.

A fotodocumentação foi realizada

utilizando o programa Leica application suite 4V.3

no Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas na

UFOP (NUPEB). Posteriormente, utilizando o

Software Axio Vision, Zeiss imaging Sistems

(Zeiss 2008), foram feitas 10 medidas, em sete

cortes de sete folhas de cada espécie da espessura

da cutícula e das células da face adaxial da

epiderme, espessura do parênquima paliçádico,

espessura do parênquima lacunoso, espessura das

células da epiderme da face abaxial e da cutícula

da face abaxial. Também foi registrada se o

parênquima lacunoso é organizado de forma

conspícua ou inconspícua, e de características

funcionais que podem estar relacionadas com a

captação de água pelas folhas e diminuição da

temperatura foliar como, presença de tricomas,

emergências, cavidades secretoras, células

mucilaginosas e cristais de oxalato de cálcio.

6

Figura 1: Folhas das espécies mais abundantes: (A) T. heteromalla, (B) B. reticularia, (C) D. buxifolius (D)

P. mediterrânea (E) E. microphyllum e das espécies menos abundantes: (F) M. squarrosa (G) O.

semiserrata (H), E. incanus, (I) M. corallina, (J) T. laniflora ( 1 cm). Visão da face adaxial.

G

0

0

H

0

0

J

0

0

F

0

0

I

B

A

C

0

0

D

0

0

E

Espécies mais abundantes

Espécies menos abundantes

7

Densidade e tamanho dos estômatos

As epidermes de quatro folhas de cada espécie

foram dissociadas pela solução de Jeffey (ácido

nítrico 10% e ácido crômico 10% 1/1 v/v)

(Johansen 1940), lavadas e posteriormente coradas

com Azul de Astra e Fucsina Básica (Kraus &

Arduin, 1997). Após este procedimento as

amostras foram montadas em gelatina glicerinada

de Kaiser 50% (Johansen 1940). Posteriormente

foram feitas microfotografias da face abaxial e

adaxial de cada espécie utilizando o software Leica

application suite 4V.3 no (NUPEB). A densidade

estomática (número de estômatos por unidade e

área) determinada pela média do número de

células estomáticas encontradas em 10 campos de

visualização (0,30 mm² em cada campo de

visualização). Para a contagem foi utilizado o

programa Adobe Photoshop versão 2015. A área

estomática foi medida em micrometros quadrados

utilizando o Software Axio Vision, Zeiss imagin

sistems (Zeiss 2008).

Análises estatísticas

Para comparar as médias dos parâmetros

funcionais morfológicos externos (área foliar, área

foliar específica, massa foliar específica) e

características funcionais anatômicas (espessura

dos tecidos anatômicos, densidade e tamanho dos

estômatos (variáveis y) entre as categorias

“espécies mais abundantes” e “espécies menos

abundantes” (variáveis x) foram realizados testes-

T para cada uma das variáveis y, separadamente.

Inicialmente, as suposições do teste –t estatístico

foram checadas através do teste de normalidade

(Shapiro-Wilk) das variáveis y e o teste F para

verificar a igualdade de variâncias entre as

amostras de acordo com Verzani (2014). Quando

as variáveis y não atenderam as suposições de

normalidade foi utilizado o teste não paramétrico

de Wilcoxon (Verzani 2014). Quando as mesmas

variáveis y foram comparadas entre cada uma das

espécies foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis

(Sprent e Smeeton 2007), seguido de comparações

múltiplas pelo mínimo teste de diferenças

significativas (MDS), que se ajusta para múltiplos

testes, uma vez que as diferenças potenciais podem

não ser independentes (Siegel e Castellan, 1988).

Para analisar a separação dos agrupamentos de

características funcionais foi utilizado a análise de

componentes principais (PCA) usando a

metodologia de matriz de variância (Gotelli &

Ellison 2004) utilizando o programa R-studio.

Resultados

Atributos funcionais entre espécies mais e menos

abundantes

Quando as espécies foram comparadas entre os

agrupamentos categóricos das espécies mais e

menos abundantes, as mais abundantes

apresentaram menores áreas foliares médias (T=

10,10; P<0,001; fig. 2A). Apesar disso, a área

foliar específica desse grupo foi maior (T= 14,14;

P<0,001; fig 2B) e a massa foliar específica menor

(T=14,51; P<0,001; fig 2C) do que os valores

encontrados em folhas das espécies menos

abundantes.

8

Figura 2. Atributos funcionais foliares de cinco espécies

mais abundantes e cinco menos abundantes em um campo

rupestre ferruginoso localizado na Serra da Brígida, Ouro

Preto, MG, Brasil. (A) Área foliar média, (B) área foliar

específica e (C) massa foliar específica.

Atributos funcionais morfológicos e anatômicos

por espécies

As espécies dos dois agrupamentos de

abundancia apresentaram grande variação em suas

áreas médias foliares, T. heteromalla 31,59±1,87

cm², B. reticularia 2,03±0,84 cm² D. buxifolius

0,56±0,02 cm², P. mediterranea 18,09±1,14 cm²,

E. micropylum 0,88±0,44 cm², M. squarrosa

8,65±0,47 cm², M. coralina 72,71±5,56 cm², E.

incanus 67,89±3,75 cm², O. semiserrata

28,25±2,10 cm² e T. laniflora 4,49±0,44 cm² (fig.

3A).

T. heteromalla apresentou 81,89±3,83

cm²/g de área foliar específica, B. reticularia

99,66±3,19 cm²/g, D. buxifolius 78,84±2,30 cm²/g,

P. mediterranea 72,88±1,55 cm²/g, E. micropylum

88,91±4,23 cm²/g, M. squarrosa 58,84±0,95

cm²/g, M. coralina 46,99±1,79 cm²/g, E. incanus

79,98±4,09b cm²/g, O. semiserrata 54,79±1,04

cm²/g e T.laniflora 41,64±1,51 cm²/g (fig.3B).

T.heteromalla apresentou 0,0131±0,0004

de massa foliar específica, B. reticularia

0,0105±0,0006 g/cm² D. buxifolius 0,133±0,0008

g/cm², P. mediterranea 0,0139±0,0002 g/cm², E.

micropylum 0,013±0,0008 g/cm², M. squarrosa

0,0170±0,000 g/cm², M. coralina 0225±0,0007

g/cm², E. incanus 0,014±0,0007 g/cm², O.

semiserrata 0,018±0,0003 g/cm² e T.laniflora

0,0223±0,0004 g/cm² (fig. 3C).

B

A

C

A

9

Figura 3. (A) Área foliar, (B) área foliar epecífica, (C) massa foliar

específica. Legenda das espécies: (Bac) B.reticularia, , (Dip) D.

buxifolius, (Ere) E. incanus, (Ery) E. microphyllum (Mic) M.

coralina, (Myr) M. squarrosa, (Our) O. semiserrata, (Per) P.

medierranea, (Tib) T. heteromalla e (Trem) T. laniflora.

Histometria entre espécies mais e menos

abundantes

As espécies mais abundantes apresentaram menor

espessura do limbo foliar (T=8,557; P<0,001; fig.

4A) e assim como cutícula na face adaxial menos

espessa (T=11,06; P<0,001; fig. 4). A epiderme na

face adaxial é maior nas espécies mais abundantes

(T=5,60; P<0,001; fig. 4C). O parênquima

paliçádico não tem diferença significativa entre as

espécies mais abundantes e menos abundantes

(T=0,58; P=0,558). O parênquima lacunoso é mais

espesso em espécies menos abundantes (T=9,24;

P<0,001; fig.4 D). A epiderme na face abaxial é

mais espessa nas espécies mais abundantes

(T=6,78; P<0,001; fig. 4 E) e a cutícula na face

abaxial da epiderme é mais espessa nas espécies

menos abundantes (T=3,72; P<0,001; fig. 4F).

Características anatômicas foliares por espécies

As folhas de T. heteromalla apresentaram simetria

dorsiventral, mesofilo compacto, limbo foliar com

espessura intermediária, cutícula na face adaxial

delgada, epiderme na face adaxial com uma

camada de células, parênquima paliçádico com

duas camadas de células bem diferenciadas,

parênquima lacunoso compacto, epiderme na face

abaxial com células baixas e cutícula abaxial

delgada (fig. 5 A). As folhas de B. reticularia

apresentaram simetria isobilateral, limbo foliar

com espessura intermediária, cutícula delgada,

epiderme na face adaxial com uma camada de

células, parênquima paliçádico em ambas faces e

não apresenta parênquima lacunoso, epiderme na

face abaxial com células baixas e cutícula na face

abaxial delgada (fig.5 B). As folhas de D.

buxifolius apresentaram o limbo com espessura

intermediária, com simetria dorsoventral, cutícula

da face adaxial delgada, face adaxial da epiderme

uniestratificada com células altas. O parênquima

paliçádico apresentou uma a duas camadas de

células bem diferenciadas e o parênquima

lacunoso três a quatro camadas de células pouco

diferenciadas apresentando espaços intercelulares

intermediários, células epidérmicas na face abaxial

altas e cutícula abaxial delgada (fig. 5 C). P.

mediterranea apresentou o limbo foliar espesso,

com simetria dorsiventral, com cutícula adaxial

espessa, duas camadas de células epidérmicas na

C

B

B

10

face adaxial, parênquima paliçádico com 3 a 4

camadas de células e o parênquima lacunoso

compacto, epiderme na face abaxial com células

altas, cutícula na face abaxial intermediária (fig.

5D) e fibras esclerênquimáticas. E. microphylum

apresentou o limbo foliar intermediário, com

organização dorsoventral, com cutícula na face

adaxial espessa, a face adaxial da epiderme

apresenta células altas, parênquima paliçádico

com duas camadas de células, parênquima

lacunoso conspícuo, epiderme na face abaxial com

células altas e cutícula na face abaxial delgada (fig.

5 E). O limbo foliar de M. squarrosa é

dorsoventral espesso com cutícula adaxial espessa,

epiderme adaxial uni-estratificada com

intermediária, parênquima paliçádico com duas

camadas de células, parênquima lacunoso com

espaços intercelulares conspícuos, epiderme

abaxial com células baixas e cutícula na face

abaxial espessa (fig. 6 A). O limbo de M. coralina

é espesso com simetria dorsoventral, a cutícula

adaxial espessa, epiderme adaxial com células

baixas, parênquima paliçádico com três a quatro

camadas de células e parênquima lacunoso

compacto, epiderme abaxial com células baixas e

a cutícula abaxial delgada e bainha

esclerenquimática que se estende em ambas as

faces da epiderme (fig. 6 B). O limbo foliar de O.

semiserrata é espesso com simetria dorsoventral,

cutícula adaxial espessa, epiderme adaxial com

células altas, parênquima paliçádico com duas

camadas de células, parênquima lacunoso

conspícuo, epiderme com células baixas, bainha

esclerenquimática que se estende entre a face

abaxial e adaxial da folha (fig. 6 C). O limbo foliar

de E. incanus é intermediário com simetria

dorsiventral, cutícula adaxial delgada, epiderme

adaxial com células baixas, parênquima paliçádico

com duas camadas de células bem diferenciadas,

parênquima lacunoso com três a quatro camadas

de células, epiderme abaxial uni-estratificada com

células epidérmicas baixas, cutícula abaxial

delgada e apresenta bainha parenquimática que se

estende em ambas as faces da epiderme (fig. 6 D).

O limbo foliar de T. laniflora é intermediário, com

cutícula da epiderme adaxial espessa, parênquima

paliçádico com três a quatro camadas, parênquima

lacunoso compacto, epiderme abaxial com células

baixas e cutícula abaxial delgada (fig. 6 E).

Atributos funcionais que podem estar

relacionados com a captação de água pela folha

T. heteromalla apresentou idioblastos com cristais

de oxalato de cálcio na epiderme adaxial (fig. 7.1)

e também na base de emergências, em ambos os

lados das folhas (fig. 7.2), onde também foi

possível encontrar células mucilaginosas (fig. 7.3).

B.reticularia apresenta cavidades secretoras (fig.

7.4) e tricomas (fig. 7.5). Em D. buxifolius pode

ser encontrado tricomas unicelulares tectores com

parede espessa e ápice agudo (fig.8.6), células

mucilaginosas (fig. 7.7) e cristais de oxalato de

cálcio (fig. 7.9). P. mediterranea apresenta bainha

esclerenquimática, células mucilaginosas (fig.

7.10) e tricomas (fig. 7.11), E. microphylum

apresenta células mucilaginosas (fig. 7.12). M.

squarrosa apresenta células mucilaginosas ao

11

longo da epiderme na face adaxial, cavidades

secretoras (fig.8.1) e tricomas glandulares sésseis

(fig. 8.2). M. coralina apresenta tricomas tectores

estrelados com paredes espessadas (fig. 8.3-4) e

idioblastos com drusas de oxalato de cálcio (fig.

8.5). E. incanus apresenta tricomas glandulares na

face adaxial com o pedículo curto (fig. 8.6)

agrupamentos de esclerênquima (8.7) e

emergências na face abaxial (8.8). Em O.

semiserrata podem ser encontrados tricomas

glandulares (fig. 8.9) e drusas de oxalato de cálcio

(fig. 8.10) e células mucilaginosas (fig. 9.11).

T.laniflora apresenta tricomas em ambas faces da

epiderme (fig. 8.12).

Convergência de atributos funcionais que podem

estar relacionados com a captação de água pela

folha

90% apresentaram tricomas, 80% células

mucilaginosas, 60% cristais de oxalato de cálcio e

20% apresentaram cavidades secretoras.

Disposição dos estômatos

As folhas de T. heteromalla são

anfiestomáticas apresentando estômatos no

mesmo alinhamento das demais células da

epiderme (fig.5A). B. reticularia apresenta folhas

anfiestomáticas no mesmo alinhamento das

demais células da epiderme (fig. 5B). As folhas de

D. buxifolius são anfiestomáticas e são nivelados

com as demais células epidérmicas (fig. 5C). As

folhas de P. mediterrânea são hipoestomáticas

apresentando estômatos em criptas (fig. 5D). As

folhas de E. microphylum são hipoestomáticas e os

estômatos são alinhados às demais células da

epiderme apresentando câmaras subestomáticas

conspícuas (fig. 5E). As folhas de M. squarrosa

são hipoestomáticas e os estômatos são dispostos

na mesma altura das demais células (fig. 6A). As

folhas de M. coralina são hipoestomáticas e os

estômatos são dispostos levemente nivelados em

relação com as demais células epidérmicas,

apresentando câmaras inconspícuas (fig. 6B). As

folhas de E. incanus são hipoestomáticas e os

estômatos são dispostos no mesmo nível das

demais células epidérmicas e apresentam câmaras

sub-estomáticas conspícuas (fig. 6C). As folhas de

O. semiserrata são hipoestomáticas e os estômatos

são alinhados ás demais células da epiderme (fig.

6D). As folhas de T. laniflora são hipoestomáticas

e os estômatos são encontrados em criptas (fig.

6E).

Densidade e tamanho dos estômatos

As espécies mais abundantes apresentaram

maiores densidades estomáticas (T= -3.287;

P=0.00106; fig. 9A), valores muito influenciados

(fig. 9C e 10) e apresentaram menores áreas

estomáticas (T= -3,258; P=0.00122; fig. 9B).

Analise dos componentes principais

A análise multivariada mostrou que o eixo PC1

explica 27% do dos dados de espessura foliar,

cutícula adaxial, parênquima lacunoso e massa

foliar específica e o eixo PC2 explica 24% dos

dados de área foliar, área estomática e cutícula

adaxial. As espécies mais abundantes

apresentaram os agrupamentos de atributos

funcionais como, área foliar específica, área

estomática, parênquima paliçádico, epiderme

12

adaxial, epiderme abaxial. Enquanto as espécies

menos abundantes apresentaram agrupamentos de

cutícula abaxial, espessura foliar, parênquima

lacunoso, cutícula adaxial, massa foliar específica,

densidade estomática e área foliar. Apesar das

plantas mais e menos abundantes apresentarem

dois agrupamentos de atributos funcionais as

espécies T. heteromalla, E, microphyllum, E .

incanus, P. mediterranea e M. squarrosa, foram

plotadas em uma área de intersecção entre os

agrupamentos (figura 11).

Discussão

Atributos funcionais morfológicos

As folhas são muito variáveis entre

espécies diferentes, podendo variar mesmo na

mesma espécie e até no mesmo indivíduo, como

resposta a diferentes intensidades luminosas

incidentes sobre a superfície foliar (Rossato 2013).

Quando as plantas são submetidas à alta

intensidade luminosa, uma estratégia adaptativa

morfológica para a diminuição da perda de água

por convecção entre a superfície foliar e o meio,

por transpiração, é a presença de folhas com áreas

reduzidas (Salisboury 2013, De Micco e Aronne

2012), o que é considerado um atributo funcional

xeromórfico. Como os campos rupestres

ferruginosos impõem uma alta demanda

evaporativa nas folhas pela exposição a ventos

fortes e alta radiação solar (Giulietti 1987, Rapini

et al, 2008), esperava-se que as plantas mais

abundantes, no presente estudo, apresentassem

áreas foliares menores quando comparadas com

espécies menos abundantes. Apesar das plantas

mais abundantes apresentaram folhas com áreas

significativamente menores, não necessariamente

todas apresentaram folhas reduzidas, T.

heteromalla (31,59±1,8cm²), e P. mediterranea

(18,09±1,14cm²), indicando que outros atributos

adaptativos para esse tipo de ambiente são

importantes para estas espécies.

A área foliar específica em geral apresenta

relação positiva com a taxa fotossintética,

produtividade primária e crescimento das plantas

(Reich 1997, Cornelissen et. al 2003) e portanto,

altos valores são em geral encontrados em plantas

pioneiras, com altas capacidades iniciais de

ocupação de espaço. Por exemplo, no estudo de

Boeger e Wisniewski (2003), Brachiaria

decumbens apresentou valores de AFE entre 241,3

cm²/g e 294,7 cm²/g e Arachis pintoi entre 218,9

cm²/g e 319,9 cm²/g. Os valores de AFE também

podem mudar na mesma espécie quando as folhas

são submetidas a diferentes intensidades solares,

por exemplo, em locais úmidos com moderado

défice hídrico Tabebuia heptaphyilla apresentou

234,51 cm²/g em locais sombreados e quando

submetidas a alta radiação solar 80,55 cm²/g

(Siebeneichler et. al 2008). Em florestas montanas

foi registrado 109,10 cm²/g de AFE (Boeger

2009). Já em ambientes esclerofilos, podem ser

encontrados valores médios próximos de 80 cm²/g

(Tuner e Tan 1995). Em florestas decíduas e

brevidecíduas, e em sempre verdes podem ser

encontrados valores próximos a 60,3 cm²/g,

indicando que nestes ambientes as espécies

apresentam crescimento lento (Araújo 2007).

13

Figura 4. Comparação entre histometria foliar de agrupamentos de cinco espécies mais abundantes e cinco

menos abundantes em um Campo Rupestre Ferruginoso localizado no município de Ouro Preto, MG,

Brasil. (A) Limbo foliar, (B) cutícula na face adaxial, (C) epiderme adaxial, (D) parênquima lacunoso, (E)

epiderme abaxial, (F) cutícula na face abaxial.

A

S

h

a

p

i

r

o

-

W

i

l

k

D

S

h

a

p

i

r

o

-

W

i

l

k

B

S

h

a

p

i

r

o

-

W

i

l

k

C

S

h

a

p

i

r

o

-

W

i

l

k

E

S

h

a

p

i

r

o

-

W

i

l

k

F

S

h

a

p

i

r

o

-

W

i

l

k

14

Figura 5. Cortes transversais anatômicos do limbo foliar de cinco espécies mais abundantes de um Campo

Rupestre Ferriginoso no Quadrilátero Ferrífero. (A) Tibouchina heteromalla, (B) Baccharis reticularia,

(C) Diplusodum buxifolius, (D) Periandra mediterranea,(E) Erythroxyllum microphylum. Detalhe na

disposição dos (ES) estômatos e presença de (CE) cripta estomática.

A

S

h

a

p

i

r

o

-

W

i

l

k

E

S

h

a

p

i

r

o

-

W

i

l

k

C

S

h

a

p

i

r

o

-

W

i

l

k

ES

D

S

h

a

p

i

r

o

-

W

i

l

k

B

S

h

a

p

i

r

o

-

W

i

l

k

PL

ES

ES

CE

ES

ES

ES

ES

15

Figura 6. Cortes transversais anatômicos de cinco espécies menos abundantes de um Campo Rupestre

Ferriginoso no Quadrilátero Ferrífero. (A) Myrsine squarrosa, (B) Miconia coralina, (C) Eremanthus

incanus, (D) Ouratea semiserrata,(E) Trembleya laniflora. Detalhe na disposição dos (ES) estômatos e

(CSE) câmara sub-estomática.

A

S

h

a

p

i

r

o

-

W

i

l

k

B

S

h

a

p

i

r

o

-

W

i

l

k

C

S

h

a

p

i

r

o

-

W

i

l

k

D

S

h

a

p

i

r

o

-

W

i

l

k

E

S

h

a

p

i

r

o

-

W

i

l

k

ES

ES

ES ES

CSE

CSE

16

Figura 7. Atributos anatômicos foliares funcionais das espécies mais abundantes que podem estar

relacionados com a diminuição da temperatura foliar e absorção de água pelas folhas. (1-3) T. heteromalla,

(4-5) B.reticularia, (6-9) D. buxifolius, (10-11) P. mediterranea, (12) E. microphylum. Legenda: (CR)

cristais de oxalato de cálcio, (CM) células mucilaginosas, (TR) tricomas, (CS) cavidade secretora (BE)

bainha esclerenquimática.

CR

E

CR

1

c

2

CR

TR

CS

TR TR

CM TR

CM

MC

MC

TR

3

4

c

7 8

10 11 12

9

6

BE

5

5

c

17

Figura 8. Atributos anatômicos foliares funcionais das espécies mais abundantes que podem estar

relacionados com a diminuição da temperatura foliar, absorção de água pelas folhas e proteção. (1-2) M.

ESC

TEP

TR

TR

CS CS

TGS

G

CR

TEP

TEP

ES

TR

TR

CR

MC

TR

CR

TR

1 2 3

4 5 6 TR

7 8 9

10 11 12

13 14 15

MC

18

squarrosa, (3-5) M. coralina, (6-8) E. incanus,(9-11) O. semiserrata, (12-15) T. laniflora. Legendas:

(CS) cavidade secretora, (TEP) tricoma estrelado pluricelular, (TGS) tricoma glândular séssil (ES)

esclerênquima (CR) cristais de oxalato de cálcio, (TR) tricomas.

Tabela 1: Atributos funcionais anatômicos que podem estar relacionados com a absorção de água e

diminuição da temperatura foliar de 10 espécies em um Campo Rupestre Ferruginoso na Serra da Brígida,

Ouro Preto, Brasil. (+) Presença (-) ausência de atributo funcional.

Figura 9. (A) Densidade estomática e (B) área estomática entre espécies mais e menos abundantes. Em um

Campo Rupestre Ferruginoso na Serra da Brígida, Ouro Preto, Brasil.

Espécies Drusas de oxalato de cálcio Cavidade secretora

Células

mucilaginosas Tricomas Emergências

T.heteromalla + - + + +

B. reticularia - + + + -

D. buxifolius + - + + -

P. medietarranea - - + + +

E. microphyllum - - + - -

M. squarrosa - + + + -

M. coralina + - + + +

E. incanus + - - + +

O. semiserrata + - + + -

T. laniflora + - - + +

A

B

c

B

19

Figura 10. Análise dos componentes principais (PCA). (LT) Espessura foliar, (ADC) cutícula adaxial,

(ADE) epiderme adaxial, (PP) parênquima paliçádico, (SP) parênquima lacunoso, (ABE) epiderme abaxial,

(ABC) cutícula abaxial, (LA) área foliar, (SLA) área foliar específica, (LMA) massa foliar específica, (SD)

densidade estomática, (SA) área estomática. T = T. heteromalla, B = B. reticularia, D = D. buxifolius, P =

P. mediterranea, Y = E. microphyllum, MY = M. squarrosa, MI = M. coralina, E = E. incanus, O = O.

semiserrata, TR = T. laniflora. As espécies mais abundantes se encontram dentro do polígono azul e as

espécies menos abundantes no polígono verde. Números diferentes indicam réplicas de cada espécie.

20

Das dez espécies estudadas, as cinco mais

abundantes apresentaram área foliar específica

entre 72,88 cm²/g e 99,66 cm²/g, enquanto entre as

espécies menos abundantes o maior valor

encontrado foi em E. incanus (79,98 cm²/g) e as

outras entre 41,99 cm²/g e 58,84 cm²/g. Quando

foram comparadas entre os grupos mais e menos

abundantes, as espécies mais abundantes

apresentaram maiores valores de AFE

significativamente, o que deve estar relacionado

com uma maior produtividade, crescimento e

abundância dessas plantas (Reich 1997,

Cornelissen et. al 2003).

A massa foliar específica (MFE) é um

atributo que indica a dureza e níveis de esclerofilia

das folhas, apresentando altos valores em espécies

submetidas a stress hídrico consideradas como

economizadoras de água e nutrientes (Cornelissen

2003). Tem uma relação positiva com a radiação

solar (Ogaia e Peñuelas 2007) e inversamente

proporcional com a disponibilidade de água no

solo (De La Riva et. al 2016), precipitação (Ogaia

e Peñuelas 2007) e taxa fotossintética (Reich

1997), repercutindo na baixa produtividade e taxa

de crescimento lento (Rossatto 2013; Reich 2014).

Assim, seria esperado que nos campos rupestres

ferruginosos as plantas de uma forma geral

apresentassem altos níveis de MFE (Silveira et al.

2015), devido à baixa disponibilidade de água no

solo. De um modo geral as espécies arbóreas

apresentam amplitudes de MFE entre 30 e 330 g/

m−2 (Poorter et. al 2009, De La Riva et. al 2016).

Valores mais altos são encontrados em plantas

mais tolerantes a baixa disponibilidade de água no

ambiente. Por exemplo, plantas sempre verdes,

que possuem crescimento lento, apresentem

maiores valores de MFE do que espécies decíduas

(De La Riva et. al 2016).

Neste estudo, as cinco espécies mais

abundantes apresentaram valores de MFE entre

(105 e 139 g/ m−2), assim é possível indicar que as

espécies mais abundantes investem menos em

características funcionais relacionadas com

proteção, economia de água e nutrientes, quando

comparadas com as espécies menos abundantes

que apresentaram MFE entre (141 e 185 g/ m−2).

Portanto as espécies menos abundantes foram

consideradas como “economizadoras”, e as

espécies mais abundantes investem mais em

atributos funcionais relacionados com

características hidráulicas, como por exemplo, alta

densidade estomática (Salisboury 2013; Li et al,

2015).

Atributos anatômicos foliares funcionais

A presença de folhas mais espessas

também é considerada uma característica

adaptativa para ambientes sujeitos a períodos com

pouca água disponível, pela possibilidade de

aumentar a assimilação de CO² por unidade de área

e proteção contra a falta de água excessiva

(Rossato 2013). O aumento da espessura foliar

pode ser resultado do aumento de camadas de

parênquima paliçádico acarretando em uma maior

quantidade de cloroplastos por unidade de área,

repercutindo em uma maior taxa fotossintética

(Oguchi et al. 2005), o que poderia também

21

acarretar em vantagens competitivas nos campos

ferruginosos. No entanto, as variáveis categóricas

entre as espécies menos e mais abundantes não

apresentaram diferenças significativas na

espessura do parênquima paliçádico. Esse

resultado da maior espessura foliar em espécies

menos abundantes foi influenciado pela maior

espessura da cutícula e das células epidérmicas, na

face adaxial, além do parênquima lacunoso.

A maior espessura da cutícula, juntamente

com a camada de cera epicuticular, é descrita na

literatura como uma característica para evitar a

perda de água excessiva (Pyykko 1966, Fahn &

Cutler 1992, Larcher 2004), além de prevenir

contra a exposição excessiva a raios UV, quando

as folhas estão submetidas a altas intensidades

solares (Pyykko 1966). Também, a presença de

células epidérmicas espessas ou epiderme

pluriestratificada pode funcionar como

armazenadoras de água (Fahn & Cutler 1992). No

presente estudo a maioria das espécies apresentou

epiderme uni-estratificada, podendo ser

encontrado epiderme pluri-estratficada somente

em P. mediterranea e E. microphyllum, que fazem

parte das plantas mais abundantes. Além disso as

espécies mais abundantes também apresentaram

folhas com maiores espessuras das células

epidérmicas.

O parênquima lacunoso é menos espesso

nas espécies mais abundantes, característica que

pode estar relacionada com a regulação osmótica

da folha. Por outro lado, diminui a distância entre

os estômatos e o parênquima paliçádico em

espécies hipoestomáticas e com simetria

dorsiventral, o que também pode influenciar no

aumento da taxa fotossintética e da difusão de

gases (Lambers 1998), repercutindo na maior

produtividade dessas espécies.

Atributos funcionais que podem estar

relacionados com a absorção e manutenção de

água e diminuição da temperatura foliar

Tricomas e emergências influenciam na

difusão do vapor de água na superfície das folhas,

evitando a transpiração excessiva quando estas

estão submetidas a ventos e radiação UV (Woolley

1964), e também podem facilitar a absorção de

água pelas folhas, podendo aprisionar pequenas

gotículas de água da atmosfera, quando ocorrem

eventos de neblina. E consequentemente, por

diferença de potencial hídrico entre a atmosfera e

o interior das folhas, a água é absorvida (Johnson

1975).

Outros estudos mostraram que os Campos

Rupestres Ferruginosos apresentam solos

distróficos e elevadas concentrações de Fe e Al

(Machado 2011) o que pode ser prejudicial para

plantas que não possuem estratégias para evitar a

absorção desses elementos pelas raízes ou

acumulá-los em células especializadas nas folhas

(Hartwig et. al 2007, Duc et. al 2008). Algumas

plantas são acumuladoras de Al mas, não

necessariamente, a capacidade de acumulação de

Al está relacionada com a abundancia das plantas

do presente estudo (Arias 2016). Um dos atributos

funcionais que podem servir para destoxicação

destes metais é a presença de drusas de oxalato de

cálcio (Franceschi & Nakata 2005). Além disso,

22

esses cristais podem refratar a luz incidente sobre

a superfície foliar como um prisma, diminuindo a

temperatura da folha e, consequentemente, a taxa

de transpiração (Franceschi & Nakata 2005),

podendo trazer vantagens para espécies como

Tibouchina heteromalla e Diplusodon buxifolius,

que fazem parte do grupo de plantas mais

abundantes. Contudo, Miconia coralina, também

apresenta grande quantidade desses cristais e faz

parte das plantas menos abundantes.

Segundo Hafez (1952) ductos secretores,

também chamados de canais secretores, também

podem reduzir a difusão de vapor de água na

transpiração, mas esta função não é muito bem

descrita na literatura. Com outro viés, a alta

radiação solar pode influenciar na produção de

óleos essências secretados por cavidades e ductos

secretores (Budel 2012), o que pode resultar em

menores taxas de herbivoria (Rodriguez 2011). Os

indivíduos de Baccharis reticularia (Asteraceae)

possuem ductos secretores e Myrsine squarrosa

(Primulaceae) possui cavidades secretoras em suas

folhas. E a ocorrência dessas estruturas parecem

estar bem fixadas filogeneticamente tanto nas

Asteraceae (Pagni & Masini 1999, Trombin 2017)

quanto nas Primulaceae (Luna et al. 2014). Sendo

uma estratégia muito importante para estas plantas

no campo rupestre ferruginoso.

Células mucilaginosas são muito

importantes na economia de água nas folhas, pois

as mucilagens são polissacarídeos hidrofílicos

com capacidade de retenção de a água (Fahn

1992), podendo também favorecer a absorção e

manutenção da água na planta quando acontecem

eventos de neblina (Westyhoff 2009, Souza 2014).

Esse tipo de célula foi observado, em ambas as

faces da epiderme de todas as cinco espécies mais

abundantes. Como elas também foram encontradas

em três espécies do grupo das menos abundantes,

e em outras estudadas por Souza (2014) na mesma

área de estudo. E acredita-se que esse seja também

um caractere adaptativo importante em plantas de

campos ferruginosos.

Convergência evolutiva de atributos funcionais

que podem estar relacionados com a absorção e

manutenção de água e diminuição da temperatura

foliar

No campo rupestre ferruginoso onde foi

realizado este estudo, é comum a ocorrência de

eventos de neblina inclusive na estação seca

(Valim 2012, Souza 2014), funcionando como

uma segunda via de captação de água,

influenciando na seleção de plantas que possuem

características funcionais anatômicas que podem

facilitar a captação e manutenção da água nas

folhas. Assim, das 10 espécies estudadas, 90%

apresentaram tricomas, 80% células

mucilaginosas, 60% cristais de oxalato de cálcio,

50% emergências e 20% cavidades secretoras.

Densidade e tamanho dos estômatos

Alta densidade estomática por unidade de

área e com menores áreas estomáticas também são

consideradas como um atributo funcional

anatômico hidráulico xeromórfico (Beaulieu 2008,

Franks et al. 2009, Drake 2013), potencializar as

trocas gasosas e aumentar a velocidade da abertura

23

dos estômatos quando há disponibilidade de água

e velocidade de fechamento em situações de déficit

hídrico (Raven 2014). As espécies mais

abundantes deste estudo apresentaram maior

densidade estomática e menores áreas estomáticas

(fig. 9, A-B), indicando ser um dos atributos que

podem estar relacionado com a maior abundancia

deste grupo de plantas.

Outra caraterística que aumenta a taxa de

assimilação de CO² quando há disponibilidade de

água no ambiente é a presença de estômatos em

ambas as faces da epiderme (folhas

anfiestomáticas) (Parkhurst 1978, Moot 1982), e

também é considerada como xeromórfica (Bertsch

1969). As três espécies mais abundantes T.

heteromalla, B. reticularia e D. buxifolius

apresentaram folhas anfiestomáticas o que pode

ser relacionado com a maior produtividade destas

plantas. B. reticularia além de apresentar

anfiestomia suas folhas são isobilaterais o que

também aumenta o desempenho fotossintético

(Pykko 1966), também podendo repercutir na

maior abundancia dessa espécie.

Agrupamentos de características funcionais

anatômicas e morfológicas das espécies mais

abundantes (PCA)

As espécies mais abundantes apresentaram

maior espessura das células da epiderme tanto na

face adaxial quanto abaxial, maior área foliar

específica e maior densidade estomática e menores

áreas estomáticas D. buxifolius e E. microphylum

possuem cutícula delgada, o que parece ser

compensado pela espessura da epiderme e pela

redução da área foliar.

T. heteromalla, que é a espécie mais

abundante, possui folhas grandes e cutícula

delgada, o que pode ser compensado pela maior

espessura das células epidérmicas e densa

pubescência principalmente na face adaxial. Essas

características refratam e refletem o excesso de

radiação, evitam o superaquecimento da folha,

reduzem a taxa de transpiração (Pikko 1966,

Rozendaal 2006, Rossato 2013) e também podem

favorecer a absorção de água pelas folhas (Souza

2014). Outros atributos que podem estar

relacionados com a maior abundância desta

espécie é a alta densidade estomática (Beaulieu

2008, Franks et al. 2009, Drake 2013), o que

aumenta a assimilação de CO² e o reduzido

tamanho dos estômatos, o que permite rápida

abertura e fechamento dessas estruturas (Raven

2014). Estas características, juntamente com altos

valores de área foliar específica, possibilitam alta

taxa fotossintética e produtividade primária destas

plantas refletindo na taxa de crescimento rápido e

abundância destas plantas (Reich et. al 2014). Por

outro lado, B. reticularia, que é a segunda espécie

mais abundante, possui folhas pequenas

anfistomáticas com simetria dorsiventral

apresentando parênquima paliçádico espesso e

altos valores de área foliar específica, (Parkhust,

1978, Mott 1982, Reich et. al 1999, Reich et. al

2014) o que pode, também repercutir na

produtividade destas plantas, podendo compensar

a baixa densidade estomática e a presença de

estômatos grandes (1903±179,31µm²) (Raven

2014).

24

Agrupamentos de características funcionais

anatômicas e morfológicas das espécies menos

abundantes (PCA)

Espécies menos abundantes apresentaram

agrupamentos de atributos funcionais com maiores

valores de espessura foliar, cutícula adaxial,

cutícula abaxial, parênquima lacunoso, massa

foliar específica e área foliar (figura 10). T.

laniflora e M. coralina apresentaram maiores

valores de massa foliar específica indicando que

estas plantas investem em proteção e conservação

de nutrientes, assim este agrupamento de espécies

foi considerado como economizadoras de água (Li

et al. 2015).

Estrutura da comunidade de plantas

Características funcionais anatômicas e

fisiológicas adaptativas das plantas são

determinantes da abundância de cada espécie

(Cornwell 2010; Rossatto 2013). Apesar de ter a

possibilidade de separar alguns agrupamentos de

características funcionais entre espécies mais e

menos abundantes, cada espécie possuem

estratégias diferentes para tolerar ou evitar as

adversidades impostas pelo Campo Rupestre

Ferruginoso do presente estudo, podendo ser

similares ou divergentes entre as espécies. As

diferentes estratégias das plantas entre maior

produtividade e investir menos na proteção e

crescer rapidamente ou investir mais em proteção

e apresentar desenvolvimento lento, está

fortemente ligado às histórias de vida particulares

de cada espécie.

Espécies mais abundantes no presente

estudo estão mais ligadas a características

funcionais que favorecem maiores taxas

fotossintéticas (características hidráulicas) (Li et

al. 2015). Aumentando a produtividade, as plantas

aumentam a possibilidade de crescerem mais

rápido e propagarem mais do que outras, as

tornando mais abundantes e assim, mesmo que

sejam poucos indivíduos que consigam suportar a

pressão ambiental imposta pelo campo rupestre

ferruginoso, estes poucos conseguem crescer e

ocupar novamente estes locais rapidamente.

As plantas menos abundantes são

economizadoras de nutrientes e principalmente

água (Li et al. 2015). Podendo tolerar as pressões

ambientais nestes locais mesmo depois de eventos

estocásticos como fogo e chuvas de granizo.

Também é importante ressaltar que indivíduos de

uma mesma espécie podem apresentar atributos

funcionais diferentes em situações ambientais

diferentes, podendo se aclimatar e mudar sua taxa

fotossintética (Zhou 2016). Assim, as

características funcionais descritas no presente

trabalho podem mudar no futuro evolutivo devido

a outras pressões ambientais futuras como as

mudanças climáticas (Tian 2016).

Conclusão

Cada espécie possuí estratégias diferentes para a

mesma pressão imposta pelo campo rupestre

ferruginoso. As plantas mais e menos abundantes

no presente estudo apresentaram 51 % (resultados

da PCA) de variações em atributos relacionados à

tolerância para ambientes xeromórficos e taxa

fotossintética. Por outro lado, todas as plantas

25

apresentaram uma convergência evolutiva entre

atributos relacionados à absorção de água pelas

folhas. Assim, a neblina foi considerada muito

importante nos graus de xeromorfísmo das plantas.

A abundância das espécies no atual momento

evolutivo está relacionada com características

funcionais que proporcionam maior produtividade

das plantas mais abundantes, o que pode ser

indicado pelos valores de área foliar específica,

anfiestomia, alta densidade estomática. E as

plantas menos abundantes foram consideradas

com tolerantes e economizadoras, repercutindo na

menor taxa de crescimento e abundancia destas

plantas.

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