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Page 1: Atributos Do Solo e o Impacto Ambiental

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Atributos do Solo e

O Impacto Ambiental

Page 2: Atributos Do Solo e o Impacto Ambiental

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Índice

1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 4

EXERCÍCIO DIRIGIDO: ....................................................................................................... 7

2 - DEFINIÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL ....................................................................... 8

ESTUDO DIRIGIDO:.......................................................................................................... 11

3 - O SOLO COMO UM COMPONENTE DO AMBIENTE ................................................. 12

3.1. Fatores de formação dos solos ............................................................................... 14

3.1.1. Material de Origem ........................................................................................... 14

3.1.2. Clima ................................................................................................................ 17

3.1.3. Organismos ...................................................................................................... 20

3.1.4. Relevo .............................................................................................................. 22

3.1.5. Tempo .............................................................................................................. 25

3.2. Indicadores de impacto ambiental no solo .............................................................. 29

3.2.1. Indicadores Biológicos ...................................................................................... 29

3.2.2. Indicadores Físicos ........................................................................................... 31

3.2.3. Indicadores Químicos ....................................................................................... 34

ESTUDO DIRIGIDO:.......................................................................................................... 35

4 - ELABORAÇÃO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL - EIA E DO RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE – RIMA .............................................. 36

4.1. O Estudo de Impacto Ambiental - EIA ..................................................................... 36

4.1.1. Conteúdo .......................................................................................................... 37

4.1.2. Anexos .............................................................................................................. 50

4.1.3. Coordenação .................................................................................................... 50

4.2. Relatório de Impacto ao Meio Ambiente - Rima ...................................................... 50

ESTUDO DIRIGIDO:.......................................................................................................... 53

5 - IMPACTOS NO SOLO E MEDIDAS MITIGADORAS ................................................... 54

5.1. Solos altamente suscetíveis a erosão ..................................................................... 56

5.2. Mecanismos de erosão do solo ............................................................................... 59

5.3. Perdas de nutrientes por erosão ............................................................................. 62

5.4. Impactos no solo devido a usos múltiplos ............................................................... 63

5.5. A desertificação ....................................................................................................... 64

5.5.1. Histórico e Principais Desertos do Mundo ........................................................ 64

5.5.2. Aspectos Conceituais ....................................................................................... 66

5.5.3. Áreas Desertificadas, em Processo de Desertificação e Potencialmente Desertificáveis no Brasil ............................................................................................. 68

5.5.4. Fatores que Contribuem para o Processo de Desertificação ........................... 73

5.6. Práticas de manejo para conservação e recuperação de solos visando mitigação de impactos ambientais....................................................................................................... 75

5.6.1. Manejo visando a Conservação dos Solos ....................................................... 76

5.6.2. Manejo visando a Recuperação dos Solos ....................................................... 76

ESTUDO DIRIGIDO:.......................................................................................................... 78

6 - ATRIBUTOS DO SOLO E A PREVISÃO DO IMPACTO AMBIENTAL ......................... 79

6.1. RELEVO DOMINANTE ........................................................................................ 79

6.2. Vegetação natural ................................................................................................... 83

6.3. Cobertura vegetal .................................................................................................... 85

6.4. Tipo de Horizonte A ................................................................................................. 87

6.5. Classe de solo ......................................................................................................... 89

ESTUDO DIRIGIDO:.......................................................................................................... 92

7 - RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ............................................................. 93

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7.1. Introdução ............................................................................................................... 93

7.2. Atividades degradadoras ......................................................................................... 94

7.2.1. Agropecuária .................................................................................................... 94

7.2.2. Mineração ......................................................................................................... 95

7.2.3. Construção de Estradas ................................................................................... 96

7.2.4. Barragens Hidrelétricas .................................................................................... 96

7.2.5. Áreas Urbanas .................................................................................................. 96

7.2.6. Indústria ............................................................................................................ 96

7.3. Práticas adotadas na recuperação de áreas mineradas ......................................... 97

7.3.1. Planejamento .................................................................................................... 98

7.3.2. Execução .......................................................................................................... 99

ESTUDO DIRIGIDO:........................................................................................................ 115

8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 116

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1 - INTRODUÇÃO

O estudo do impacto ambiental nos solos, não só pelo seu uso agrícola mas também sobre todos os outros aspectos que envolvem uma alteração de suas condições naturais, tem adquirido importância, na medida em que grandes áreas vão sendo incorporadas no processo produtivo (tanto a nível de produção, propriamente dita, quanto a nível de ampliação de infra estruturas, tais como: aterros, barragens, estradas, conjuntos habitacionais, etc.).

Já no início da utilização dos métodos de produção industrial na agricultura, foi ficando cada vez mais difícil, notadamente ao pequeno agricultor, a manutenção da base econômica de sua propriedade e, com isso, o aspecto ambiental - ecológico foi ficando sempre mais desprezado (EMBRAPA, 1986). Aliado a esse aspecto, a falta de uma política agrícola funcional para o país, incentivou os agricultores a plantar com o mínimo de gasto possível (leia-se aqui, sem muita preocupação com a preservação dos recursos naturais; ou seja, agricultura unicamente exploratória), já que a especulação financeira era mais garantida, não requerendo esforço nenhum do agricultor Esse aspecto pode ser somado ao fato de que as grandes empresas (nacionais e/ou estrangeiras), começaram a investir em agropecuária, como forma de baixar seus tributos, tornando-se com certeza um concorrente potencial nas decisões de mercado, com os quais os pequenos e médios agricultores não podiam concorrer.

A partir do momento em que o país foi forçado a tomar posições definidas em relação a degradação do ambiente, é que começou a surgir uma certa conscientização ambiental. Sendo o solo um componente ambientar da maior importância, o entendimento de como ele interage com o ecossistema é, sem dúvida, uma ferramenta que pode trazer soluções a muitos problemas do ambiente.

Dentro desse contexto, a agricultura, ou seja, a exploração agrícola dos solos, pode ser observada como um componente do ambiente e, porque não dizer, um agroecossistema. Para entender essa colocação, deve-se observar as esferas formadoras dos ecossistemas, de acordo com Resende (1988), como apresentado em esquema na Figura 1.1.

Numa perspectiva mais voltada para o ambiente agrícola, a hidrosfera compõe-se das águas (cursos d’água, oceanos), a atmosfera está representada pela precipitações e radiação solar, a litosfera é composta pelas rochas e sedimentos e a biosfera é representada pelos organismos em geral (plantas e animais, inclusive o homem). A maior ou menor expressão de uma dessas esferas, caracteriza o ecossistema (ex.: Amazônia caracteriza-se pela maior expressão da biosfera e da hidrosfera; o Nordeste pela atmosfera). Sendo assim pode-se inferir que um ecossistema é o produto da interação dessas esferas.

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Figura 1.1. O solo (pedosfera) como “interface” entre litosfera, atmosfera, biosfera e

hidrosfera. Fonte: Resende (1988), modificado.

Na união dessas esferas encontra-se o solo, que é um produto da interação de fatores que são representados por alguns componentes das esferas formadoras dos ecossistemas: o clima (atmosfera e hidrosfera); organismos (biosfera); material de origem (litosfera), sob a ação do tempo, sofrendo também influência da posição no relevo.

O solo, que é um recurso natural, por ocupar essa posição peculiar (Figura 1.1), é um ecossistema, podendo ser denominado, por analogia, de pedosfera, contendo várias ramificações das esferas; pois ele numa visão simplista, é composto por segmentos da atmosfera (25% ar), hidrosfera (25% água), litosfera (45% fração mineral) e da biosfera (5% de matéria orgânica), como pode ser observado na Figura 1.2.

Figura 1.2. Proporção dos segmentos que compõem o solo.

Fonte: Marques Júnior (1993).

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Fazendo um paralelo entre a definição de agricultura de Monteith (1958): “É a exploração da radiação solar possível, através do suprimento de H2O e nutrientes para manter o crescimento das plantas”, e as esferas formadoras dos ecossistemas:

Definição da Esferas formadas Agricultura dos ecossistemas Radiação solar Atmosfera H2O Hidrosfera Nutrientes Litosfera Plantas Biosfera

Pela própria definição observa-se que a agricultura é o resultado da interação das esferas dos ecossistemas atuando na pedosfera e por isso os sistemas agrícolas podem ser considerados como agroecossistemas.

Considerando ainda que o solo é um recurso natural não renovável, perder solo é perder a chance de recuperar o estabelecimento do ecossistema ou manejá-lo satisfatoriamente.

Pelo exposto considera-se então que o estudo do solo na avaliação do impacto ambientar, além de ser exigência da legislação, é de suma importância no que diz respeito ao entendimento global do ambiente.

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EXERCÍCIO DIRIGIDO:

1) Cite 10 atividades que, na sua opinião, irão causar impacto no solo.

2) Entre as atividades que você citou, escolha a que considera mais impactante e liste os impactos advindos de sua implementação.

3) Explique com suas palavras porque os sistemas agrícolas podem ser

considerados como agroecossistemas.

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2 - DEFINIÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL

“Equilíbrio ambiental” sugere completa harmonia entre ecossistemas bem como o discernimento e priorização das atividades humanas a serem implantadas, na medida que se faz a utilização dos recursos naturais.

Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente afetam, (CONAMA, 1990): - a saúde, a segurança e o bem estar da população;

- as atividades sociais e econômicas;

- a biota;

- as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

- a qualidade dos recursos ambientais.

O impacto ambiental surge em decorrência de alguma atividade humana que

origina ações que produzem alterações no meio, em alguns ou todos os fatores, componentes do sistema ambiental. Assim pode-se definir o impacto de qualquer atividade sobre o ambiente, a partir da comparação das alterações que o ambiente atual teria sofrido na ausência e na presença de tal atividade.

De uma maneira geral, as atividades humanas (agricultura, barragens, minerações, etc.) afetam todos os componentes do ambiente, já que os fatores ambientais são interligados, e os limites de ação desses fatores (com raras exceções) são bastante difusos. Por exemplo, a atividade de mineração vai requerer inicialmente a retirada de vegetação, o que implica em impactos diretos sobre a fauna e flora. A partir da retirada da vegetação o solo fica exposto aos efeitos da chuva, acelerando os processos erosivos, que carream sedimentos para os cursos d'água, assoreando-os e/ou eutrofizando-os. Após a retirada da vegetação remove-se o “solum” (horizonte A + B), que tem como conseqüências diretas a alteração da pedoforma, eliminação da fauna do solo (macro e meso) e a alteração da microbiota do solo. A medida que a escavação se aprofunda, maior é a alteração da paisagem e, no caso de "uma tentativa" de recomposição da área, maiores serão os gastos e menores as possibilidades de se conseguir algo semelhante ao estado original. De forma que, se o ambiente é afetado, consequentemente o homem nele inserido também o será, já que os cursos d'água serão atingidos (peixes, dessedentação animal e humana, transporte, etc.).

Mesmo na construção de estradas, edificações, portos, hidrelétricas, aeroportos, atividades agrossilvopastoris, etc., o efeito em cascata que a alteração de um componente ambiental exerce sobre os outros pode ser percebido, apenas com um raciocínio lógico, envolvendo os componentes do ecossistema (Figura 2.1).

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E: Entradas (Energia, CO2, O2, H2O, sustancias minerais).

F: Fotossíntese

H: Escorrimento pelo tronco; queda de folhas

M.O.M: Matéria orgânica morta.

T: Translocação.

A: Absorção.

PT: Processos de transformação no solo.

D: Decompositores

P: Perdas (Calor, CO2, O2, H2O, sustâncias minerais).

Figura 2.1. Componentes do Ecossistema.

Fonte: Salas (1 987).

Infere-se então que os efeitos da alteração do ambiente, quando observados de um contexto abrangente, são significativos, ou seja, a soma de seus efeitos sobre os vários fatores ambientais, tomam grandes proporções.

Os impactos ambientais podem ainda ser positivos ou negativos. E, cabe a quem os analisa, propor medidas que maximizem aqueles de efeitos positivos e minimizem aqueles que apresentem efeitos negativos; sendo esses últimos objeto de grande preocupação. Mais detalhes sobre a avaliação dos impactos ambientais serão vistos no capitulo 4 - Elaboração do Estudo do Impacto Ambiental - deste módulo.

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No Brasil a avaliação de impactos ambientais, apesar de ainda passar por um processo de adequação de metodologias, tem cada vez mais somado experiências, o que, com certeza, tem contribuído para o conhecimento da interrelação dos vários fatores ambientais; bem como no sentido de questionar, e assim, melhorar as metodologias de avaliação de efeitos sobre o ambiente; cabendo ainda lembrar que, muitas vezes, a inevitável modificação no ambiente por interferência humana, poderá gerar também impactos positivos. Entre os estudos de impacto ambiental no Brasil, cita-se alguns, como o caso da Hidrovia Tietê-Paraná; os estudos ambientais das grandes barragens, como a U.H.E Tucuruí, no Pará; a U.H.E Balbina, no Amazonas; a U.H.E. Xingó no Nordeste; os estudos de impactos ambientais causados pela abertura de linhas transmissão para essas mesmas usinas hidrelétricas; os impactos causados pela abertura e/ou asfaltamento de estradas, como no exemplo da BR-364 no trecho Mo Branco - AC a Porto Velho - RO; estudos de impactos da implantação de plataformas de exploração de petróleo no mar, como a Plataforma de Merluza, na Baía de Santos - SP; estudos de impactos ambientais para implantação de grandes projetos agrícolas, como no caso da Jari, no Pará, e da Fazenda Pio Cotia no Estado de Rondônia, etc.

Apesar de na situação atual ainda se conviver com incoerências na relação legislação/fiscalização, tem havido muita evolução na conscientização da necessidade de se mitigar os problemas ambientais advindos da ocupação de áreas sem uma capacidade de sustentação adequada; e, com isso, diminuir, por exemplo, a incoerência de se fazer assentamentos agrícolas em áreas totalmente inaptas para tal uso.

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ESTUDO DIRIGIDO:

1) Como você define o impacto ambiental? 2) Considerando que os fatores ambientais são interligados, pode-se dizer que

uma determinada atividade, por suas ações, provoca alterações no ambiente (impactos), que vão provocar novas alterações, ocorrendo um processo de alteração em cadeia, que na maioria das vezes provoca a degradação da qualidade do ambiente. Exemplifique esse processo com uma atividade que não seja a mineração.

3) Existe conscientização da necessidade da elaboração dos estudos de impacto

ambiental? E na sua opinião, qual a importância da elaboração de tais estudos?

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3 - O SOLO COMO UM COMPONENTE DO AMBIENTE

A evolução do solo deve ser entendida como um mecanismo integrador, na busca do equilíbrio que a camada superficial da litosfera apresenta, quando colocada em contato com a atmosfera, a hidrosfera e a biosfera. O produto desta interação se manifesta ao longo dos processos formadores, cujo resultado morfológico constitui o perfil do solo. À medida que os fatores de formação vão agindo com maior intensidade, a rocha se altera e origina um corpo natural que se diferencia cada vez mais da rocha de origem.

Um fator de formação do solo pode ser definido como um agente, uma força, condição ou "parentesco", ou uma combinação destes, que influencia, ou pode influenciar um material de origem do solo, com o potencial de alterá-lo (Buol et al., 1973).

Os solos não ocorrem por acaso, mas usualmente formam um modelo na paisagem, tão fortemente estabelecido que, no processo de formação, eles se desenvolvem como resultado do interrelacionamento de cinco fatores: material de origem, clima, organismos, relevo e tempo (Fitzpatrick, 1986), como pode ser observado em esquema na Figura 3.1.

Figura 3.1. Diagrama dos fatores de formação dos solos.

Fonte: Buol et al. (1973) modificado.

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Fatores e processos de formação de solos podem ser facilmente distinguidos. Como já comentado previamente (Módulo I. Solos: Origem, Componentes e Organização - Andrade e Souza), os processos que operam no solo (adição, remoção, translocação, transformação), são responsáveis pela formação do solo; enquanto que os fatores, ao contrário, definem o estado do sistema solo. E, de acordo com Birkeland (1984), se houver um conhecimento preciso da combinação dos fatores que descrevem o sistema solo, pode-se predizer as suas propriedades. Dessa forma, uma mudança em um fator poderá mudar o solo resultante.

E, como foi proposto por Jenny (1941), a alteração dos fatores de formação do solo, pode ser entendida de acordo com a equação:

S = f (Mo; Cl; Org; R; T.)

onde,

S = solo f = função de Mo = material de origem Cl = clima Org = organismos R = relevo

T = tempo

Conforme o que foi exposto, o solo pode ser entendido como um corpo que, apesar de não estar vivo, possui vida. Em outras palavras, o solo é a expressão de vários componentes do ambiente, e, na medida em que varia a combinação do grau de alteração dos componentes ambientais (fatores de formação), haverá uma variação na expressão final desses componentes.

De modo simplista, considerando para cada fator ambientar, classes de valores arbitrários, pode-se resolver a equação anterior. Mo = [1 ; 5] Cl = [-3; + 3] Org = [0 ; 20] R = [1 ; 5] T = [1 ;n]

Então, considerando o solo 1 (S1) e o solo 2 (S2) como uma função dos valores arbitrários abaixo, tem-se:

S1 = f [1 + 0 + 4 + 2 + 100] S1 = 107 S2 = f [5 + (-4) + 0 + 1 + 3 ] S2 = 5

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obtendo-se, assim, dois solos, onde os diferentes fatores de formação combinados em graus diferentes, desenvolveram o S1 = 107 que possui combinações diferentes do S2 = 5.

Infere-se então que a quantidade de tipos de solos existentes pode ser muito grande, e que as mudanças vão ocorrendo ao longo do tempo; sendo que sob determinados aspectos as mudanças podem ser muito rápidas, enquanto, em outros, essas mudanças podem demorar muito tempo. Por exemplo: teor de N no solo muito variável;

teor de areia pouco variável.

A titulo de situar cada fator de formação do solo no ambiente, será feita uma retrospectiva das suas principais características.

3.1. Fatores de formação dos solos

A importância relativa dos fatores de formação varia com a situação. Segundo

Birkeland (1984), desde o início da ciência do solo, entretanto, o tipo de rocha foi, geralmente, considerado o mais importante. Em seguida, trabalhos de cientistas russos, principalmente Dokuchaev, consideraram o clima como o mais importante e, muitos esquemas de classificação de solos foram então baseados no clima. Embora, no geral, o clima possa ser o fator de formação mais importante, quando da distribuição de solos no mundo, os outros quatro fatores são igualmente importantes na descrição da variação dos solos na paisagem.

3.1.1. Material de Origem

Material de origem inclui todos os materiais, orgânicos ou minerais, intemperizados

ou não, dos quais os solos são formados. O material de origem pode também ser um solo quando for o caso de mudanças climáticas num solo pré-existente.

O material de origem pode ser definido, conforme Buol et al. (1973), como o estágio de formação do solo no tempo zero, ou seja, é o corpo físico onde, a partir de suas propriedades químicas e minerais, iniciam-se os efeitos de um ou mais dos outros fatores de formação (ambiente e posição na paisagem).

Em geral, quanto mais jovem é o solo, maior sua relação com o material de origem, e, na medida que o processo de intemperização ocorre, vai diminuindo a correlação entre a natureza das rochas e o solo desenvolvido delas, apesar de se observar que, em determinadas condições de ambiente, os atributos de solos bem desenvolvidos (como os latossolos) são bem correlacionados com o material de origem (Marques Jr. et al., 1992). Segundo Fitzpatrick (1986), tipos semelhantes de rochas podem originar solos diferentes, dependendo da natureza dos outros fatores de formação, particularmente o clima. Basalto pode originar solos altamente intemperizados de cor vermelha nos trópicos úmidos (latossolos), ou pode originar solos escuros (vertissolos) em ambiente semi-árido. A melhor correlação é com a textura. Materiais altamente quartzosos tendem a originar solos arenosos, enquanto rochas básicas de sedimentos de granulação fina, tendem a

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originar solos de textura fina. Nos primeiros estágios de formação do solo, a tendência geral é que rochas básicas e calcárias originem solos muito férteis, enquanto, por outro lado, as rochas ácidas originam solos menos férteis.

As propriedades mais importantes dos materiais de origem são as propriedades químicas e mineralógicas, que de acordo com Fitzpatrick (1986), são responsáveis, em grande parte, pelo rumo da formação e o resultado da composição química, física e mineralógica do solo resultante, incluindo minerais secundários produzidos pelo intemperismo. São também importantes a permeabilidade e a área da superfície específica do material de origem, por facilitarem a penetração e/ou contato, com os agentes de intemperismo, acelerando sua decomposição e/ou degradação.

Os materiais de "origem orgânica", os quais são de distribuição mais restrita, são predominantemente compostos por restos inconsolidados e remanescentes de plantas em decomposição.

Na Tabela 3.1, pode-se observar as relações gerais entre o material de origem e alguns atributos do solo.

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Tabela 3.1. Relações gerais entre rocha matriz e alguns atributos dos solos. Símbolos: A - álicos (alta saturação de Al) D - disttróficos (baixa saturação de bases) , M - textura médis (15 a 35% de argila) . R - litossolo, C - cam- bisso lo; PV; PE; TE - Solos com B textural; L - Latossolos.

A - Pedoforma

B - Cor

C - Textura

D - Nutriente

E - Sequências comuns

F - Relações entre algu- mas rochas em termos de diagenese-metamor- fismo (sedimentares, metamórmómicas) e granulometria (ígneas).

Formas suaves (Nãopontiagudas, mes-mo se acidentadas.

Amarela - novoVermelha - velho

Argilosa

Pobres, alidos

LEa

d

CaRa

VermelhoCb / Ka

Argila (silte)

Argilito

Folhelho

Ardósia (sijtico)

Filito

Micaxisto (pobre)

Tabulaar, ruiniforme.Ondulada (dunas), pon-tiagudas (quartizito).

Depende do clima, dre-nagem e cimento.

Arenosa (<15% de ar-gila)Depende do cimento.

LEdm LVdm, AQ

PVm a aPEm e e (raro)

areiaarenito

quartizito

Suave ou acidentada.Afloramentos em for-ma de blocos (grani-tos).

Amarelada

Argilosa e arenosa

pobre

LVade (raro)

granito

riolito

obsidiana

Suave ou acidentada.Afloramentos em for-ma de blocos (rochamassiva).

Vermelha

Argilosa

Rico

TEe

LRe ad

LRd

a

Gabro

diabásico

basalto

Diorito

Andesito

PEPV

OBSERVAÇÕES: - O aplainamento pode horizontalizar a paisagem, independentemente da rocha. - A cor se refere ao horizonte B. O horizonte A é escuro, com grau e espessura variáveis. O excesso de água (falta de oxigênio) tende a favorecer a redução química e retirada do Fe do sistema. Me- nores teores de Fe e clima mais úmido (mesmo sem falta de oxigênio), favorece a formação de goetita dan- do cor amarela (hematita ausente). - Solos mais novos são mais siltosos que solos mais velhos. - Solo de praticamente qualquer rocha pode ser pobre ou rico. os mais velhos, tendendo aos La- tossolos, são mais pobres.

FONTE: Resende (1982).

PedoformaCor

TexturaNutrientes

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3.1.2. Clima

As principais propriedades do solo que se correlacionam com o clima são o

conteúdo de matéria orgânica, conteúdo de argila, natureza da argila e minerais de ferro, cor, vários extratos químicos, presença ou ausência de CaCO3 e outros sais solúveis e a profundidade dos horizontes salinos.

Os dois aspectos do clima mais importantes no controle das propriedades do solo são a umidade e a temperatura. De acordo com Birkeland (1984), a umidade é importante porque a água está envolvida na maioria dos processos físicos, químicos e bioquímicas, que ocorrem no solo, e a quantidade de umidade liberada para a superfície do solo influencia as condições de intemperismo e lixiviação em profundidade (permeabilidade e área da superfície específica do material de origem). A temperatura, por outro lado influencia a taxa dos processos bioquímicas. Jenny (1935), citado pelo mesmo autor, demonstrou o que pode ser derivado em função da temperatura e da umidade em algumas áreas, quando, devido a outros aspectos do fator climático, os demais fatores de formação do solo são considerados constantes.

O clima, segundo Fitzpatrick (1986), é o principal fator que governa o tipo e a taxa de formação do solo, sendo o principal agente determinante da distribuição da vegetação. E, em situação de estresse extremo os dados climáticos da atmosfera, nem sempre refletem a verdadeira situação do clima do solo. Por exemplo, a quantidade de água do solo pode variar consideravelmente dentro de uma distância de poucos metros, desde permanentemente saturado, para seco e com drenagem muito livre, sem no entanto, haver diferença de precipitação entre os dois sítios - um sitio pode estar numa situação de depressão onde a umidade é acumulada, e, o outro, apesar de adjacente, em situação levemente elevada. Em geral, essas diferenças no regime de umidade de dois sítios levam ao desenvolvimento de diferentes solos e comunidades de plantas contrastantes, sendo uma comunidade de habitat seco e outra de habitat encharcado, na depressão. a. Temperatura

As variações na temperatura da atmosfera e do solo são as manifestações mais importantes da energia solar que atingem a superfície da terra, sendo que uma parte é absorvida e convertida em calor para a atmosfera e solo, enquanto o remanescente é refletido de volta.

A quantidade de calor absorvida é influenciada pela cor do solo, sendo que solos escuros que absorvem mais radiação são os mais aquecidos. Uma grande proporção do calor produzido é mantido no solo mas uma parte é perdida para a atmosfera por convecção. Uma quantidade considerável é também perdida por evaporação da umidade dentro da atmosfera, como pode ser observado em esquema na Figura 3.2.

O principal efeito da temperatura em solos é sua influência na taxa de formação, sendo que para cada 10ºC de aumento na temperatura a velocidade das reações químicas aumenta de duas a três vezes (Fitzpatrick, 1986). Segundo o mesmo autor, o

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principal processo do solo, ao qual isto se aplica é o intemperismo de minerais. A taxa de atividade biológica dentro do solo e a quebra da matéria orgânica, são também aumentadas por uma elevação na temperatura (ver Siqueira (1993) - Biologia do Solo); em adição, aumenta também a quantidade de água evaporada.

Figura 3.2. Utilização da radiação solar que atinge a superfície da terra.

Fonte: Fitzpatrick (1986). b. Umidade

A umidade é um parâmetro importante no processo de diferenciação de horizontes do solo. De fato, a solução do solo pode ser considerada como o principal transportador em solos, pela qual íons e pequenas partículas são translocadas de um lugar para outro.

Em condições naturais, a umidade do solo, é derivada da precipitação e/ou derretimento da neve. E, de acordo com Fitzpatrick (1986), parte da água que penetra no solo participa de reações químicas, parte é retida nos poros do solo, e, uma grande parte é perdida por drenagem, por evapotranspiração (processos combinados de evaporação e transpiração) ou é perdida por escorrimento superficial (ver Figura 3.3).

A intensidade da precipitação é muito variável, sendo que as precipitações de média intensidade ou menores, são as de penetração mais eficiente no solo. Chuvas leves penetram no solo ou são perdidas por evaporação, enquanto que chuvas pesadas podem causar acúmulo de umidade na superfície, particularmente em solos argilosos,

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levando ao escorrimento superficial com risco de erosão. A precipitação pode também ser interceptada pela folhagem da vegetação e, por último, ser perdida por evaporação.

Figura 3.3. O ciclo da água sob condições de precipitação.

Fonte: Fitzpatrick (1986)

Em geral, a água se move para dentro do solo após uma chuva, mas ela pode se mover para a superfície, por capilaridade em condições de seca; ou lateralmente, em função do declive do solo. A umidade pode ainda se mover dentro do solo na forma de vapor, mas em menor quantidade.

Segundo Buol et al. (1973), em adição ao pensamento do clima como um fator de formação do solo, os pedologistas têm considerado o clima do solo como uma propriedade. De forma que, tanto a flutuação da temperatura do solo quanto da temperatura anual do ar, são consideradas na caracterização para fins de classificação. De forma similar o conteúdo de água da zona radicular do solum é também usado como critério não diagnóstico, para classificação do solo (ver Resende et al. 1988). É óbvio, entretanto, que esses parâmetros não podem ser medidos com uma simples observação de campo, o que tem sido muito criticado em termos de significado para fins de classificação.

Considerando então que o clima do solo está estritamente relacionado com o clima atmosférico, é lógico usá-lo como caráter do solo, assim também como usar a textura, em mudos casos, como um resultado direto da textura do material de origem.

Cabe aqui fazer uma referência ao papel que o próprio homem tem como agente modificador do ambiente, especificamente no que diz respeito a retirada e/ou modificação da cobertura vegetal natural. Pensando no efeito sobre o clima, mais especificamente sobre a radiação, a água e temperatura, a ação antrópica é o agente modificador de efeito mais rápido e, até mesmo, mais extenso. E, segundo Resende et al. (1993), o homem

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pode interferir na radiação que chega sobre a terra, com o uso da prática de queimadas muito intensas, antes das chuvas (diminui a transparência da atmosfera); efeito que além de temporário, tem se reduzido pela proibição das queimadas. Mas, a grande influência do homem na qualidade de radiação que atinge a superfície do solo se deve a ausência de cobertura vegetal, deixando o solo exposto, o que, consequentemente, influencia a temperatura do solo. Essa ausência e/ou modificação da cobertura vegetal altera todo o ciclo da água das chuvas; de tal forma que, substituindo a mata por vegetação rasteira, para uma mesma lâmina de água precipitada, há uma redução na água interceptada pela parte aérea e depois evaporada e nas perdas por transpiração, que são maiores nas condições de mata. Assim, como as perdas d'água para atmosfera diminuem nas condições de vegetação rasteira, há uma compensação com o aumento, nesta situação, da água que infiltra e alimenta o lençol freático, e da formação de enxurrada, que dependendo das condições pode formar voçorocas (Resende et al., 1993).

3.1.3. Organismos

Quase todos os organismos que habitam a superfície ou o interior do solo, afetam o

desenvolvimento deste de uma maneira ou outra. Estes organismos englobam plantas superiores, vertebrados, microrganismos e mesofauna. E, de acordo com Birkeland (1984), a influência do fator biótico na pedogênese é difícil de ser controlada, devido a dependência tanto da vegetação e solo, como do clima e da interação vegetação-solo.

As plantas superiores ao estenderem suas raízes dentro do solo agem como amarras (agregantes unindo as partículas de solo) e, portanto, prevenindo a erosão, sendo que as gramíneas são particularmente efetivas neste papel (sistema radicular denso). As raízes podem também crescer dentro das fendas das rochas, forçando sua separação. Quando as plantas morrem e suas raízes se decompõem, elas permitem uma livre circulação da água e do ar nos espaços vazios (Fitzpatrick, 1986).

Uma das principais contribuições das plantas superiores é a adição de matéria orgânica ou “litter” na superfície do solo. A quantidade total adicionada por diferentes comunidades de plantas é mudo variável, mas isto não serve de indicador para a quantidade de solo formado, que depende mais da taxa e tipo de decomposição (ver Siqueira, 1993 - Biologia do Solo).

Em síntese, as plantas extraem água e nutrientes do solo e, sob condições naturais, retomam a maioria dos nutrientes para a superfície na forma de “litter” que se decompõe e os libera, ficando disponíveis para uma reabsorção.

A ação dos vertebrados no processo de formação do solo é devida a alguns poucos mamíferos (incluindo coelhos, tatus, etc.), que ao escavarem tocas profundas no solo causam considerável mistura, muitas vezes, trazendo o sub-solo para a superfície. Um outro aspecto que influencia no processo de formação é o pastejo excessivo, o qual expõe a superfície do solo e, portanto, facilita a erosão,

Os microrganismos predominantes no solo, são as bactérias, fungos, actinomicetos, algas e vírus; sendo sua distribuição determinada em função da presença de alimento, por conseguinte, eles ocorrem em grande número nos horizontes

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superficiais, que têm uma massa prolífica de atividade biológica (Fitzpatrick, 1986). A maioria dos membros requer um ambiente aeróbico e uma temperatura ótima de 25 a 30ºC. Deve-se mencionar que esse ótimo de temperatura ocorre em alguns poucos solos, entretanto, os microrganismos operam também abaixo desse ótimo.

Cabe ainda ressaltar que os microrganismos decompõem a maioria dos compostos de carbono inclusive poluentes. Eles ajudam a reduzir pesticidas, herbicidas e resíduos industriais orgânicos. No início pode haver uma redução na população microbiana do solo, mas gradualmente desenvolvem-se estirpes resistentes (Siqueira, 1993).

Na influência dos organismos na formação do solo, é evidente que um ecossistema consiste tipicamente do complexo mosaico embutido e sobreposto, que reflete no seu interior as limitações do tempo e do material, não somente os atuais, mas também padrões anteriores de distribuição na biota. E, de acordo com Buol et al. (1973), pode-se fazer uma generalização de que um grama de solo pode conter 1 milhão de bactérias, 1 km de hifas de fungo e milhões de células de algas e protozoários. Maiores detalhes das atividades dos microrganismos no solo podem ser obtidos no Módulo Biologia do Solo (Siqueira, 1993).

A mesofauna do solo inclui vermes do solo, nematóides, traças, centopéias, gastrópodes e muitos insetos, particularmente térmitas e formigas. Assim como os microrganismos, sua distribuição é determinada pela distribuição de alimento e, por conseguinte, concentram-se nos primeiros 5 cm de solo, exceção feita às minhocas que penetram em camadas mais profundas. Segundo Fitzpatrick (1986), em geral, a mesofauna requer um ambiente aeróbico e em condições de neutralidade, mas muitos podem viver em condições ácidas ou alcalinas. Segundo esse mesmo autor, a concentração de cada organismo varia muito de lugar para lugar, mas é estimado que sob ótimas condições a biomassa de minhocas é de cerca de 5 kg/ha e de nematóides de cerca de 5 a 20 milhões/m2.

A mesofauna está largamente relacionada com a ingestão e decomposição da matéria orgânica. Muitas minhocas, larvas, centopéias, etc., ingerem matéria mineral e orgânica e como conseqüência produzem material fecal que é uma mistura homogênea dessas duas substâncias. Eles também transportam material de um lugar para outro através de canais que aumentam a drenagem e aeração do solo. Parte da mesofauna, particularmente nematóides, transmitem doenças viróticas ou parasitam culturas importantes, tais como a batata. De acordo com Resende et al. (1993), há uma maior atividade de organismos, como a minhoca, por exemplo, sob capim colonião do que sob mata, provavelmente devido a uma maior concentração e decomposição das raízes finas que predominam nas condições do capim colonião. As galerias deixadas por esses organismos são preenchidas por material vindo da superfície, mais rico em nutrientes e matéria orgânica. Nessas galerias, penetra grande parte das raízes e é por onde ocorre maior infiltração de água, de onde se infere que as raízes estão em contato com um micronutriente não detectável pela análise química de rotina do solo. Portanto, a atividade da fauna pode ter uma importância muito grande nos ecossistemas.

Provavelmente os quatro processos mais importantes embutidos no contexto biótico são: a captura de energia e substâncias através da fotossíntese, o reverso disso (decomposição dos resíduos de plantas), troca de cátions e a formação de complexos

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organo-minerais. O material que a biota mobiliza e circula em um ecossistema tende a ser deportado dentro do solo e reciclado muitas vezes antes de uma eventual perda, tal como fogo na floresta com liberação repentina de nutrientes armazenados. Ciclos de N e Ca são dois exemplos dentre os muitos biociclos na combinação biota-solo.

3.1.4. Relevo

Pode-se dizer que a topografia ou o relevo local, controla a distribuição dos solos

na paisagem, de forma que solos de morfologia e propriedades marcadamente contrastantes podem se unir lateralmente e, ao mesmo tempo, estar em equilíbrio nas condições locais. Muitas das diferenças dos solos que variam com a topografia são devidas a alguma combinação de microclima, pedogênese e processos geológicos superficiais, sendo difícil a ordenação dos seus efeitos para cada distribuição de solo.

As propriedades do solo variam lateralmente sob dois aspectos. O primeiro diz respeito à orientação dos declives afetando o microclima e, consequentemente, influenciando na formação do solo. O segundo diz respeito à porcentagem de declive que afeta as taxas de escorrimento superficial e subsuperficial das águas, além de ser componente de grande importância na determinação do potencial erosivo (Moniz,1980). Em áreas de queda de barreira, as propriedades do solo variam porque as áreas baixas são de acúmulo, devido ao escorrimento de água e sedimentos derivados das áreas mais altas ao redor. As partes baixas podem também ser influenciadas por uma alta lâmina d'água, que pode ter um efeito considerável nos solos de sopé.

Segundo Birkeland (1984), os estudos de uma catena são uma boa mistura da pedologia, geomorfologia, geoquímica e mineralogia, ao menos nos casos mais simples. Tardy et al.(1973), citados pelo mesmo autor, estudaram aspectos de minerais de argila em catenas, em função do clima e sugeriram que minerais de argila com alto conteúdo de sílica usualmente ocorrem nas partes baixas da paisagem. Em seu “transect climático”, o mineral de argila em baixo, nas partes pobremente drenadas da paisagem, em um determinado regime climático, poderá ser também o mineral de argila estável em sítios bem drenados da catena em clima seco (ver Figura 3.4).

A topografia influencia o solo de muitas maneiras. De acordo com Fitzpatrick (1986), a espessura do solum (que exclui o horizonte C), por exemplo, é sempre determinada pela natureza do relevo. Em locais planos ou suavemente ondulados, há uma tendência de que o material permaneça no lugar e que o solo seja espesso. Entretanto, em locais mais declivosos há aumento da erosão resultando em solos pedregosos, rasos. A topografia também influencia a drenagem e a quantidade de água do solo (ver Figura 3.5). Através da paisagem pode-se ver a complexidade do relevo, observando os quatro elementos de uma paisagem (crista, escarpa, fragmentos de rampa, pedimento), como mostrado na Figura 3.6.

As feições topográficas são produzidas por três processos principais: processos tectônicos (perturbações da crosta), erosão e deposição. Inicialmente todas as feições topográficas são produzidas por processos tectônicos, as superfícies são então delineadas por escorrimento da água, geleiras, geadas e ventos, que são os principais agentes de erosão e deposição.

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Figura 3.4. Variação na mineralogia da argila coma posição na vertente em diferentes

climas. Dentro de cada regime de clima, a seta indica a tendência esperada nos clima secos. Fonte: Birkeland (1984).

Figura 3.5. O efeito da topografia na profundidade do solo; diminuindo a inclinação

aumenta a espessura do solo devido a uma maior estabilidade local. Fonte: Fitzpatrick (1986).

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Figura 3.6. Quatro elementos de um modelo de paisagem.

Fonte: Fitzpatrick (1986).

O material removido pelo escorrimento da água é normalmente transportado para os rios para formar depósitos aluviais ou levados para o mar para formar deltas.

De acordo com Buol et al. (1973), a influência direta da topografia nas propriedades do solo somente ocorre dentro de áreas geográficas específicas, sendo comumente relacionadas ao relevo as seguintes propriedades do solo:

- profundidade do solum;

- espessura e conteúdo de matéria orgânica do horizonte A;

- umidade relativa do perfil;

- cor do perfil;

- grau de diferenciação do horizonte A;

- reação do solo;

- conteúdo de sais solúveis;

- tipo e grau de desenvolvimento de horizonte "pan" (endurecido);

- temperatura;

- caráter do material de origem.

As generalizações da interação do relevo com as propriedades do solo são difíceis

devido a interação do relevo com as outras características do ambiente e os outros fatores de formação do solo. Embora, propriedades específicas do solo muitas vezes estejam reconhecidamente relacionadas com o relevo, numa determinada área, estas relações nem sempre podem ser extrapoladas com diferentes clima, material de origem, ambiente biológico ou idade do solo.

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3.1.5. Tempo

A formação do solo é um processo longo e lento, requerendo anos ou milhões de

anos sendo, portanto, muito maior que a vida alcançada por um ser humano e, consequentemente, impossível fazer afirmações categóricas sobre os vários estágios de formação do solo.

De acordo com Buol et al. (1973), o tempo zero de formação do solo é aquele no qual um evento pedologicamente catastrófico é completado, iniciando um novo cicio de desenvolvimento do solo. A "catástrofe" pode ser uma mudança abrupta na topografia, na superfície do solo ou no nível da lâmina de água causado por uma elevação geológica ou inclinação da massa da litosfera; rápida remoção ou retração devido à erosão geológica, ou mesmo devido a atividades humanas que podem chegar a níveis catastróficos para o ambiente (mineração, excessiva mecanização, pastejo intensivo, desmatamento de áreas muito grandes).

De maneira geral a relação do solo com o tempo pode ser discutida com respeito à:

a) relativo estágio de desenvolvimento;

b) idade absoluta de horizontes e perfis;

c) taxa de formação;

d) relação da idade com formas declivosas e planas, associadas com o intemperismo complexo;

e) pesquisa em experimentos e laboratório.

A idade absoluta dos horizontes do solo e dos perfis pode ser obtida pelo método do C14. Entretanto, a nível geral, os solos podem ser agrupados em jovens, imaturos, maduros ou senis, de acordo com a sua identificação e posição na paisagem. Solos jovens são os solos azonais (seqüência de horizontes A - C) e incluem os Entissolos e Inceptissolos. Os solos imaturos incluem, os intrazonais, com desenvolvimento dominado por excesso de água, sais ou carbonatos. Solos maduros ou zonais, são aqueles em equilíbrio com o ambiente, e os solos senis caracterizam-se por acúmulos pedogenéticos de material inerte - sexquióxidos e minerais pesados (Buol et al., 1973).

Alguns horizontes dos solos se desenvolvem antes dos outros, especialmente aqueles da superfície que podem levar apenas poucas décadas para formar depósitos inconsolidados. Horizontes requerendo uma considerável quantidade de rocha intemperizada, podem levar mais que um milhão de anos para se desenvolver. Nas Figuras 3.7 e 3.8 pode-se observar os estágios de formação de um Podzol e um Latossolo, respectivamente.

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Figura 3.7. Estágios de formação de um Podzol.

Fonte: Fitz Patrick (1976), modificado.

Figura 3.8. Estágios de formação de um Latossolo.

Fonte: Fitz Patrick (1976), modificado.

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Pelo que foi visto, pode-se inferir então que os processos de intemperismo, para o

desenvolvimento das feições provenientes do solo, são dependentes do tempo, e, enquanto as propriedades do solo associadas com a matéria orgânica reconstroem o desenvolvimento rapidamente, aquelas associadas com o intemperismo de minerais primários têm uma lenta taxa de desenvolvimento. As rochas mais resistentes tais como as rochas arenosas e ígneas, podem levar vários séculos para apresentarem algum intemperismo, mesmo em clima úmido. Nos climas áridos o intemperismo ocorre em taxas muito mais lentas.

Há em algumas regiões uma razoável correlação entre as ordens de solo e a idade nos depósitos subjacentes e paisagens. Os Oxissolos, por exemplo, requerem longos períodos de tempo para se formar, sendo muitos deles datados do terciário ou início do quaternário. Em contraste, algumas ordens de solo podem se formar num curto espaço de tempo, como os Entissolos, por exemplo, que são tão pouco desenvolvidos que o material pode ser classificado como a ordem menos exposta aos processos de formação do solo (talvez um século seja o tempo requerido). Outros solos, tais como os Histossolos e Vertissolos, requerem tão pouca pedogênese para formação que, sob condições apropriadas, pode ser muito rápida, certamente menos que 1000 anos. Os lnceptissolos podem se formar no mesmo tempo, ou mais lentamente. Ambos Molissolos e Aridissolos, requerem tempo variável para se formar porque incluem tanto o horizonte câmbico quanto o argílico; aqueles com horizonte câmbico podem se formar entre 1000 e 2000 anos, aqueles com horizonte argílico cerca de 10.000 anos ou mais, (Birkeland, 1984). Disto infere-se que os mapas de solos, até o nível de ordem, podem ser usados para sugerir agrupamentos em depósitos ou paisagem com base na idade.

O tempo necessário para atingir o "equilíbrio" varia com as propriedades do solo, com o material de origem, erosão, e em particular com o tipo de perfil de solo que se forma em um ambiente particular. Assim, as propriedades do horizonte A formam-se rapidamente, enquanto a maioria das propriedades do horizonte B formam-se mais lentamente. As variações na taxa de formação de cada tipo de horizonte B é uma função dos processos responsáveis por cada tipo de horizonte B (ver Módulo - Solos: Origem, Componentes e Organização - Andrade e Souza). Considerando que o perfil do solo é a soma total de muitas propriedades do mesmo, um perfil pode ser dito como "equilibrado", somente quando a maioria de suas propriedades diagnosticas atingem o "equilíbrio". Assim, as ordens de solo variam com o tempo necessário para atingir o "equilíbrio". Ver Figura 3.9.

Para atingir um estado de equilíbrio, as diferentes propriedades do solo passam por diferentes processos. Conforme Birkeland (1984), o estado de equilibro para a matéria orgânica do horizonte A, depende do ganho de matéria orgânica indecomposta e da perda de matéria orgânica decomposta. O equilíbrio pode envolver um delicado balanço entre remoção de material superficial por erosão e uma lenta intemperização do perfil em profundidade. Nos horizontes óxicos o estado de equilíbrio pode ser atingido somente quando a maioria dos minerais intemperizáveis tiver sido removida pelo intemperismo.

Da mesma maneira que um solo é constituído de unidades estruturalmente homogêneas (horizontes, agregados, nódulos), separados por descontinuidades; assim também uma paisagem está sob influência de uma estrutura geológica e de um contexto

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morfo-climático no qual ela evoluiu e continua a evoluir. Certos contextos vão acentuar ou atenuar as formas estruturais originais; alguns processos serão mais geradores de formas que outros (fluviais, marinhos, glaciais) bem como certos ambientes climáticos desfavoráveis à vegetação (meio periglacial, desértico ... ), mas, salvo nos casos extremos, onde processos mecânicos são exclusivos, os processos físico-químicos e mecânicos interferem constantemente na morfogênese e pedogênese (Pellerin e Helluin, 1988; Resende et al., 1993).

Figura 3.9. Diagrama esquemático mostrando as variações em tempo para atingir o

estado de equilíbrio (steady state) para (A) várias propriedades do solo e (B) várias ordens de solo. Fonte: Birkeland (1984).

Esta noção de continuum integrando os solos na paisagem enquanto sistema biogeodinâmico complexo, é a conseqüência lógica da tomada em consideração da dinâmica espacial e temporal dos solos, alteritas e formações superficiais da "epiderme da Terra". Ela responde às preocupações dos especialistas das ciências da terra em compreender os vínculos entre os dados do meio natural; levando-os a pesquisar as interdependências entre o que se observa localmente e o clima, a litologia, o relevo (o solo é úmido consideravelmente em função da situação topográfica: centro ou borda do planalto, posição montante, média ou jusante na vertente), a vegetação (o solo e vegetação podendo intervir um sobre o outro em todos os momentos da evolução dos ecossistemas) e as intervenções humanas (Pellerin e Helluin, 1988).

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3.2. Indicadores de impacto ambiental no solo

3.2.1. Indicadores Biológicos

a. % de recobrimento do solo

Pode ser avaliada pelo Sistema Integrado para Análise de Raízes e Coberturas do Solo (SLARCS), desenvolvido pelo CNPDIA/EMBRAPA de São Carlos - SP. A exposição do solo à radiação solar excessiva e ao impacto das gotas de chuva, favorece a desestruturação com posterior desagregação e individualização das partículas, promovendo seu arraste pelo escorrimento superficial das águas de chuva. A cobertura vegetal mantém a terra e a umidade do solo, além do que com a decomposição da parte aérea e do sistema radicular, aumenta a concentração de matéria orgânica promovendo a agregação das partículas; favorecendo a drenagem capilar, evitando assim o escorrimento superficial além de aumentar a concentração de nutrientes no solo. b. Peso seco e composição química da serapilheira

Parâmetro muito importante na comparação de ecossistemas, já que as diferentes coberturas vegetais formam serapilheira em quantidade e de qualidade diferente, implicando em resultado diferente no solo. Após coletar o material vegetal depositado sobre o solo, em área conhecida, esse material é levado para o laboratório para determinação do peso seco (avaliar a produção de serapilheira em diferentes ecossistemas); promover a determinação dos teores da lignina/celulose, relação C/N (inferir tempo de decomposição); macro e micro nutrientes, para avaliar a contribuição da serapilheira na fertilização dos solos. c. Distribuição de raízes no perfil

Também pode ser avaliado pelo Método SLARCS desenvolvido pelo CNPDIA - EMBRAPA de São Carlos - SP, determinando-se a densidade e comprimento das raízes. Esses parâmetros correlacionados com a densidade do solo, distribuição de poros no perfil, umidade gravimétrica, colonização micorrízica, distribuição da mesofauna etc., são bons indicadores da alteração do ambiente. d. Avaliação da população microbiana

Verificar o nível das alterações das populações microbianas nos aspectos qualitativos e quantitativos, através da determinação da colonização micorrízica e bacteriana (%) e da contagem e identificação de esporos e nódulos, em amostras de solo. Calculando índices de diversidade; a freqüência de ocorrência de espécies nos ecossistemas e o coeficiente de similaridade, obter-se-á dados para quantificação das alterações dos ecossistemas em relação aos ecossistemas naturais, ou seja, ter-se-á uma valoração (%) do tamanho do impacto e, se o impacto aumentou ou diminuiu a

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diversidade nos ecossistemas. Importância disso está ligada a absorção de nutrientes e adaptabilidade das espécies. e. Biomassa Microbiana

A biomassa microbiana constitui-se no estádio inicial do carbono dos resíduos em decomposição no solo e, é definida como a parte viva da matéria orgânica o solo, excluindo as raízes de plantas e grandes animais (Siqueira, 1993). Segundo esse mesmo autor, ela representa de 1 a 4% do carbono total do solo, podendo chegar a toneladas por hectare, sendo importante sob três aspectos:

a) formada, em parte, por células vegetativas em plena atividade funcional, capazes de promover alterações no sistema solo, atuando como um catalizador para as transformações da matéria orgânica do solo:

b) considerando a grande quantidade e devido ao fato de ser o maior componente

lábil da matéria orgânica do solo, é um importante reservatório de nutrientes, potencialmente disponíveis para as plantas;

c) é um indicador de grande sensibilidade para avaliar mudanças no solo, sendo

influenciada pelas adubações, métodos de cultivos e condições edafo-climáticas.

f. Caracterização da Mesofauna

A mesofauna inclui vermes do solo, nematóides, traças, centopéias, gastrópodes e muitos insetos, principalmente térmitas e formigas. A importância da mesofauna está relacionada com a ingestão e decomposição da matéria orgânica no solo e, assim como os microrganismos, tem a distribuição no perfil determinada pela distribuição de alimento e, por conseguinte, concentram-se nos primeiros centímetros do solo, exceção feita às minhocas, que penetram em camadas mais profundas. A concentração da mesofauna varia de acordo com o ambiente; por exemplo, em condições de abundante porosidade e boa fertilidade, ela tende a ser maior. Além da sua importância na decomposição da matéria orgânica, a mesofauna está ligada ao transporte de nutrientes (galerias), aeração e umidade do solo. Sua quantificação e qualificação permitirão diagnosticar condições de maiores e menores alterações e, assim, como no caso da população de fungos micorrízicos, permitirá comparar os diferentes ecossistemas quanto à diversidade e similaridade da mesofauna presente.

Os indicadores biológicos podem ainda ser correlacionados com parâmetros físicos e químicos do solo, proporcionando informações adicionais para avaliação dos impactos ambientais.

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3.2.2. Indicadores Físicos

a. Perda de solo por erosão

Para se estimar a perda da camada superficial do solo por erosão e correlacionar com % recobrimento do solo; e assim inferir qual o tipo de cobertura fornece maior proteção contra a erosão. b. Textura

Constitui-se numa das características físicas mais estáveis e assim apresenta grande importância, tanto na identificação dos solos como na predição de seus comportamentos. Portanto a textura, sob a ótica da gênese, morfologia e classificação de solos, é utilizada na detecção de gradiente textural entre horizontes diagnósticos, além de existir forte relação entre textura e material de origem. Sob a ótica do manejo e fertilidade do solo, o conhecimento de textura é importante para a tomada de decisão quanto ao parcelamento da aplicação de adubos e/ou doses de adubação fosfatada e de gesso agrícola.

Em relação à conservação de solo e água, é imprescindível no estabelecimento de práticas de conservacionistas, tanto para definição do tipo de prática adotada, quanto para intensidade das mesmas; já que a classe textural pode servir como estimativa da permeabilidade do solo e da resistência à erosão. c. Densidade de partícula: Dp

A densidade de partícula representa a relação entre a massa de sólidos e o volume de sólidos de um solo. Depende exclusivamente da composição da fração sólida do solo, ou seja, depende tanto da proporção entre matéria orgânica e parte mineral, quanto da constituição mineralógica do solo. Na maioria dos solos minerais a Dp varia de 2,6 a 2,7 g/m3, dependendo da proporção entre óxidos e metais pesados e matéria orgânica (Ferreira, 1993).

Sua determinação é importante para o cálculo da porosidade total do solo (cálculo do tempo de sedimentação), auxiliando na classificação dos solos e ainda em estudos mineralógicos na separação de metais leves e pesados. d. Densidade do solo: Ds

Representa a relação entre a massa de sólidos e o volume total que essa massa ocupa, ou seja, o volume do solo incluindo o espaço ocupado pelo ar e pela água. A Ds reflete o arranjamento das partículas do solo, que por sua vez define as características do sistema poroso, de tal forma que todas as manifestações que influenciarem a disposição das partículas do solo, refletirão diretamente nos valores de densidade do solo, que

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normalmente varia de 0,9 a 1,5 g/m3. Solos com estrutura granular apresentam menores densidades e os solos com estrutura em blocos ou prismas apresentam maiores valores de Ds. Os menores valores de Ds favorecem a retenção de água, crescimento de raízes, trocas gasosas e vida microbiana. De forma que o conhecimento da Ds ajuda na tomada de decisão quanto às práticas de manejo, a serem adotadas, que provocarão menor alteração do ambiente do solo.

Além disso a permeabilidade do solo é inversamente proporcional a Ds, constituindo-se num importante indicador da capacidade de armazenamento de água para as plantas, auxiliando ainda na determinação das práticas de conservação do solo e água. e. Umidade Gravimétrica

Possibilita uma estimativa da capacidade do solo em armazenar água, bem como fazer correlações com a intensidade de vida microbiana e da mesofauna do solo. f. Avaliação da estrutura do solo

"A estrutura do solo é o arranjamento das partículas do solo e do espaço poroso entre elas, incluindo ainda o tamanho, forma e arranjamento dos agregados formados quando as partículas primárias se agrupam, em unidades separáveis" (Marshall, 1962).

Sob o ponto de vista agrícola a estrutura do solo é considerada uma das mais importantes propriedades, sendo fundamental nas relações solo-planta. Quanto mais bem agregado o solo, melhor a distribuição de poros no perfil e, conseqüentemente, melhor a percolação da água e a troca gasosa com a atmosfera. Essa estruturação do solo pode ser alterada em função do manejo inadequado; tanto sob o aspecto físico (mecanização, pastoreio) quanto sob o ponto de vista químico (adubação desbalanceada); além de ser influenciada por mudanças de clima e atividade biológica.

A avaliação de estrutura do solo deve constar de uma quantificação numérica acompanhada de uma verificação da natureza e composição das partículas que a compõem porque, muitas vezes a presença de estruturação semelhante, pode expressar propriedades distintas, se a natureza das partículas coloidais for distinta. Por exemplo, a presença de óxidos de Fe e AI, tende a desorganizar as partículas ao nível microscópico, de forma que um aumento no teor desses constituintes contribui para um aumento na desorganização da estrutura, consequentemente mais próxima de granular.

Ferreira (1988), em sua tese de doutorado, propôs dois modelos para a estruturação de latossolos brasileiros de acordo com sua composição mineralógica. "Quando predomina gibbsita, a distribuição do quartzo em relação ao plasma segue o padrão "agglutinic", ou seja, desenvolvimento de microestrutura com predomínio de poros de empacotamento compostos, modelo que, para latossolo gibbsíticos, resulta no surgimento de estrutura granular. Quando predomina caulinita na fração argila, a distribuição de grãos de quartzo em relação ao plasma é eminentemente "porfirogrânica",

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isto é os grãos estão envoltos num plasma denso, contínuo, com pouca tendência ao desenvolvimento de microestrutura; implicando no surgimento de estrutura em blocos".

O tipo de estrutura influencia na distribuição e tamanho de poros, bem como na velocidade da infiltração da água, na troca gasosa e conseqüências daí advindas (velocidade de decomposição da matéria orgânica; estrutura da população microbiana do solo; distribuição de mesofauna, etc.).

A avaliação da estrutura pode ser feita de forma indireta, por meio da avaliação do comportamento de algumas propriedades físicas do solo, tais como:

- Densidade do solo ou aparente:

Conforme já foi comentado no item d, a Ds é um parâmetro muito relevante na avaliação de alterações no solo e varia de acordo com os seus constituintes. À medida que diminui o teor de matéria orgânica e aumenta o teor de caulinita, há um aumento nos valores de Ds; o que reflete na distribuição de poros por tamanho, na dinâmica da água no perfil e, consequentemente, poderá em casos mais extremos, restringir o desenvolvimento do sistema radicular das plantas mais sensíveis.

- Porosidade total e distribuição de poros por tamanho:

Apesar da porosidade total não ser um bom parâmetro para indicar comportamento em função do manejo, é necessária para o cálculo da distribuição de poros por tamanho, no perfil. A alteração do tamanho dos poros tem implicação direta na velocidade de infiltração da água, trocas gasosas, vida microbiana e crescimento das raízes finas; e, ocorre principalmente em função da excessiva mecanização, uso de máquinas com solo muito úmido ou muito seco e desbalanço das adubações. Estudos em latossolos com diferentes constituições mineralógicas revelaram que a medida que há um aumento no teor de gibbsita (predomina estrutura granular) aumenta-se a quantidade de macroporos. O inverso ocorre para os solos cauliníticos, aumentando a quantidade de caulinita (predomina estrutura em blocos) aumenta quantidade de microporos.

A diminuição do tamanho dos poros em profundidade no perfil, à semelhança dos solos com horizonte B textural, aumenta o risco de erosão, porque a velocidade de infiltração, na camada subsuperficial, diminui provocando o encharcamento e desagregação da camada superficial, com posterior transporte e deposição de sedimentos.

- Condutividade hidráulica do solo saturado:

É também denominada permeabilidade, e é função da distribuição de poros por tamanho, variando diretamente com o conteúdo de macroporos, de forma que entre os latossolos do Brasil, os gibbsíticos apresentam maior condutividade que os cauliníticos, portanto os últimos são mais sujeitos à erosão quando cultivados sob manejo inadequado.

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- Estabilidade de agregados:

"A análise da estabilidade de agregados resume-se na medição da distribuição de agregados, agrupados em classes de diâmetro arbitrárias, e segundo critério variável de estabilidade". Ao analisar a estabilidade dos agregados através do peneiramento em água, observa-se que a facilidade com que a massa de agregados se desfaz reflete o potencial de erodibilidade do solo. Fazendo um paralelo com a constituição mineralógica dos solos, observa-se que os latossolos cauliníticos, embora mais coesos em condições de campo, apresentam relativamente baixa estabilidade de agregados; ao contrário, os latossolos gibbsíticos apresentam agregados mais estáveis em água (Ferreira, 1993).

3.2.3. Indicadores Químicos

a. Macro e micronutrientes do solo

Esses parâmetros dão um indicativo da alteração do ecossistema natural, no que diz respeito à contagem e extração de nutrientes por usos e plantas diferentes, possibilitando ainda “indicar” tipos de manejo que mais alteram o ambiente, em comparação com o solo mantido com a cobertura natural. b. Metais pesados

Quantificar metais pesados no solo para estimar poluição do solo e consequentemente, do lençol freático e dos cursos d’água. c. Carbono orgânico e matéria orgânica

Referencial da atividade microbiana nos diferentes ecossistemas, bem como da influência da cobertura vegetal na produção de matéria orgânica. Correlacionado com composição química da serapilheira, dá um indicativo da velocidade de decomposição da mesma. Pode ser relacionada também com parâmetros físicos do solo e com resistência do solo à erosão.

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ESTUDO DIRIGIDO:

1) Entre os cinco fatores de formação do solo, na sua opinião, qual o de maior

expressão no solo formado? 2) Considerando os fatores de formação dos solos, se variar apenas o material de

origem e os demais fatores forem fixos, você espera encontrar solos diferentes para cada material de origem? Explique.

3) No mesmo raciocínio da questão anterior, variando a posição na paisagem e o

material de origem, o que você espera encontrar em termos de solos? 4) Considerando o mesmo material de origem, o que você espera em termos de

profundidade do solum e fertilidade em uma condição de clima quente e seco e em outra condição com clima frio e úmido?

5) Pensando em terrenos de conservação do ambiente e/ou mitigação de

impactos ambientais, como você pode utilizar o conhecimento do material de origem, do relevo (posição na paisagem) e do clima, para a avaliação dos prováveis impactos que poderão ocorrer a partir da implementação de um determinado empreendimento, como por exemplo, uso intensivo do solo para cultivo de cana-de-açúcar?

6) Os organismos tem um papel importante no desenvolvimento do solo. Como

eles podem ser utilizados em um estudo para avaliação de impactos ambientais?

7) Esquematize um modelo de paisagem indicando posições que refletem

diferentes profundidades do solo e relacione com os aspectos de degradação, ou seja com a possibilidade de perdas por erosão.

8) Como os indicadores de impacto no solo (físicos, químicos e biológicos) podem

ser aplicados aos estudos de avaliação da qualidade ambiental? Sintetize sua idéia em poucas palavras (mínimo cinco e máximo dez linhas).

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4 - ELABORAÇÃO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL - EIA E DO RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE – RIMA

Um impacto ambientar decorre de alguma atividade humana, ou seja, de ações que produzem alterações no meio, em alguns ou todos os fatores componentes do sistema ambientar. Assim, pode-se definir o impacto de um empreendimento sobre o ambiente "atual", como as modificações ocorridas durante e após a implantação do mesmo, bem como as conseqüências dessas alterações.

O estudo do impacto ambientar tem início com a caracterização da situação "atual" dos ecossistemas naturais e antrópicos existentes na área de influência. Em seguida promove-se a identificação e análise da evolução dos prováveis impactos em função dos fatores ambientais modificados a partir da implementação do empreendimento, tanto nos seus aspectos positivos quanto negativos. A partir dessa avaliação é que são então propostas medidas que minimizem os impactos negativos e maximizem os impactos positivos.

4.1. O Estudo de Impacto Ambiental - EIA

O Estudo de Impacto Ambiental - EIA, é um relatório técnico que engloba os

vários componentes do ambiente, portanto abordando aspectos desde a saúde, passando pela educação, infra-estrutura, fauna, flora, qualidade da água e do ar, até geologia e uso potencial do solo. Ou seja, o EIA, na medida do possível, caracteriza a situação atual do ambiente no que diz respeito ao meio físico, meio biótico e meio sócio-econômico (Alvarenga, 1994).

O nível de detalhamento desses estudos deve ser o "maior possível"; entretanto, esse detalhamento depende do tempo disponível para estudos e para implantação do empreendimento; do nível de detalhamento dos dados secundários (dados já existentes na literatura); do tamanho do empreendimento; disponibilidade dos dados existentes; e, como não poderia deixar de ser, na prática, depende do custo do estudo (levantamentos, análises de laboratórios, remuneração dos consultores) o que muitas vezes é limitante para o empreendedor. De forma que o nível de detalhamento, na maior parte das vezes, fica na dependência de um "entendimento" entre as partes: empreendedor, solicitante do estudo e executores do estudo.

Esse tipo de estudo é solicitado pelo órgão ambiental do estado, que fica responsável pela análise dos estudos apresentados pelo executor (na maioria das vezes uma empresa de consultaria ou um consórcio de consultores autônomos credenciados para tal).

O financiamento de tal estudo fica a cargo do empreendedor (que pode ser o próprio governo), que está interessado em implantar o empreendimento que irá causar impactos ao ambiente. Entre esses empreendimentos cita-se a construção de estradas; construção de barragens; mineração de ouro, cassiterita, etc.; exploração de granito;

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grandes projetos agropecuários; implantação de usinas de tratamento de lixo; construção da Linha Vermelha na cidade do Rio de Janeiro (RJ), etc.

A execução do estudo, quando de empreendimento público, fica definida após concorrência pública onde os interessados, para participarem, devem preencher determinados requisitos que são divulgados em editais, pelos jornais ou por carta convite. A equipe que executa o estudo deve ser multidisciplinar e tecnicamente capacitada para abordar os vários aspectos ambientais envolvidos no contexto do empreendimento.

A partir desse estudo multidisciplinar é que se pode então obter os resultados esperados quais sejam: uma melhor qualidade de vida ou em outras palavras, uma utilização racional de todos os recursos ambientais, promovendo maior conforto para a população sem prejuízo dos demais ocupantes do espaço em questão.

4.1.1. Conteúdo

a) Introdução

Nesse item faz-se uma síntese do empreendimento onde são abordados a motivação para tal, bem como uma justificativa técnica, econômica e social do mesmo. Em outras palavras, faz-se uma síntese dos objetivos do empreendimento e sua justificativa em termos de importância no contexto econômico-social do país, da região, do estado, do município. b) Caracterização do Empreendimento

- Identificação do empreendedor, incluindo:

Nome e razão social

Endereço para correspondência

Inscrição estadual e CGC.

- Histórico do empreendimento. - Tecnologias a serem empregadas. - Informações gerais que identifiquem o porte do empreendimento. - Tipos de atividades a serem desenvolvidas. - Localização geográfica proposta para o empreendimento apresentada em mapa

ou croquis, incluindo vias de acesso e a bacia hidrográfica. - Previsão das etapas de implantação do empreendimento.

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- Empreendimento(s) associado(s) e decorrente(s). - Empreendimentos similares em outras localidades, com nome e endereço para

contatos relativos ao EIA/RIMA. - Caracterização propriamente dita.

Apresentar uma caracterização do empreendimento nas fases de planejamento, de implantação, de operação e, quando for o caso, de desativação. Quando a implantação for em etapas ou quando forem previstas expansões, as informações deverão ser detalhadas para cada uma delas.

Também devem ser apresentadas alternativas tecnológicas e/ou locacionais.

A avaliação dos impactos é tanto melhor quanto maior for o detalhamento do empreendimento em todas as suas fases. Sendo assim, todos os detalhes do empreendimento, notadamente, aqueles que implicam em alteração ambientar, deverão ser caracterizados desde o planejamento da obra até a desativação, quando for o caso, prevendo-se inclusive a localização de rejeitos e/ou descartes. c) Caracterização da Área de Influência

Compreende a área geográfica a ser afetada direta ou indiretamente pelas ações do empreendimento que causam impactos.

A área de influência deve ser apresentada em termos de limites geográficos e está dividida em área de influência (também denominada de influência indireta) e área diretamente afetada (ou área de influência direta ou área de incidência de impactos). O limite geográfico da área de influência deve abranger os distintos contornos para as diversas variáveis afetadas. Em muitos casos a delimitação da área de influência, para o meio físico e meio biótico, coincidem com a delimitação da bacia hidrográfica que contém o empreendimento, enquanto que para o meio sócio-econômico extrapola esses limites, como por exemplo, para o caso de uma mineração de ouro em determinado ponto do rio Madeira, que terá seu produto comercializado a muitos quilômetros dali, na capital do estado, Porto Velho (RO). d) Diagnóstico Ambiental da Área sob Influência do Projeto

Deverão ser apresentadas descrição e análise dos fatores ambientais e suas interações, caracterizando a situação ambientar da área de influência, antes da implantação do empreendimento. Esses fatores englobam:

- as variações suscetíveis de sofrer, direta ou indiretamente, efeitos significativos das ações nas fases de planejamento, de implantação, de operação e, quando for o caso, de desativação do empreendimento.

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- as informações cartográficas com a área de influência devidamente caracterizada, em escalas compatíveis com o nível de detalhamento dos fatores ambientais estudados.

Fatores ambientais

Meio Físico

Os itens a serem abordados serão aqueles necessários para a caracterização do meio físico, de acordo com tipo e o porte do empreendimento e segundo as características da região.

Entre os aspectos (fatores) cuja consideração ou detalhamento possam ser necessários incluem-se:

- caracterização do clima e condições meteorológicas da área potencialmente afetada pelo empreendimento;

- caracterização da qualidade do ar da região; - caracterização dos níveis de ruído da região; - caracterização geológica da área potencialmente afetada, bem como sua

caracterização geomorfológica; - caracterização e, quando possível, mapeamento dos solos da área de influência

do empreendimento; - caracterização dos recursos hídricos no que diz respeito à hidrologia superficial;

hidrogeologia; oceanografia física; qualidade das águas; uso da água.

Meio Biótico

Da mesma forma que para o meio físico, os itens aqui abordados serão aqueles que caracterizam o meio biótico de acordo com o tipo e porte do empreendimento e segundo as características da região. Entre os aspectos para os quais o detalhamento pode ser necessário incluem-se:

- caracterização e análise dos ecossistemas terrestres na área de influência do empreendimento

- caracterização e análise dos ecossistemas aquáticos na área de influência do

empreendimento - caracterização e análise dos ecossistemas de transição na área de influência do

empreendimento.

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Em relação ao meio biótico, costuma-se subdividi-lo em vegetação e fauna

(aquática, terrestre, avifauna), numa visão mais macro do ambiente de estudo,

Meio Sócio-econômico

Para a caracterização do meio sócio-econômico, que muitas vezes é também denominado de meio antrópico, também serão abordados os itens necessários para caracterizá-lo de acordo com tipo e o porte do empreendimento e segundo as características da região.

Deve ser apresentada uma caracterização do meio antrópico potencialmente atingido pelo empreendimento, através das informações listadas a seguir, e considerando-se basicamente duas linhas de abordagem descritiva referentes às áreas de influência. Uma que considere aquelas populações existentes na área diretamente afetada pelo empreendimento, outra, que apresente as interrelações próprias do meio antrópico regional e possíveis alterações significativas por efeitos indiretos do empreendimento. Quando procedente, as variáveis, enfocadas no meio antrópico deverão ser apresentadas em séries históricas significativas e representativas, visando a avaliação de sua evolução temporal.

Considera-se de importância para o detalhamento os seguintes aspectos:

- caracterização da dinâmica populacional na área de influência do empreendimento

- caracterização de uso e ocupação do solo, com informações em mapas, na área

de influência do empreendimento - dados sobre a estrutura produtiva e dos serviços (setores de produção, recursos

sócio-econômicos e estrutura fundiária) - caracterização da organização social da área de influência (demografia, saúde,

educação, comunicação, vias de acesso, pavimentação, luz e telefone, água e esgoto)

- caracterização do patrimônio regional da área de influência do empreendimento

sob os aspectos histórico, artístico e natural.

Qualidade Ambiental

Em um quadro sintético, expor as interações dos fatores ambientais físicos, biológicos e sócio-econômicos, indicando os métodos adotados para análise dessas interações, com o objetivo de descrever as interrelações entre os componentes bióticos, abióticos e antrópicos do sistema a ser afetado pelo empreendimento.

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Além do quadro citado, deverão ser identificadas as tendências evolutivas daqueles fatores que forem importantes para caracterizar a interferência do empreendimento. e) Impactos Ambientais e Medidas Mitigadoras

Análise dos impactos ambientais

A análise dos impactos ambientais, também denominada prognóstico, destina-se a apresentação da análise (identificação, valoração e interpretação) dos prováveis impactos nas várias fases do empreendimento (planejamento, implantação, operação, desativação), sobre os meios físico, biótico e antrópico, devendo ser determinados e justificados os horizontes de tempo considerados.

Os impactos serão avaliados nas áreas de estudo definidas para cada um dos fatores estudados, caracterizados no item "diagnóstico" ambientar da área de influência, podendo para efeito de análise, serem considerados como:

- impactos diretos e indiretos - impactos positivos ou negativos - impactos temporários, permanentes ou cíclicos - impactos imediatos, a médio e a longo prazos - impactos reversíveis e irreversíveis - impactos locais, regionais e estratégicos.

A análise dos impactos ambientais inclui, necessariamente, identificação, previsão

de magnitude e interpretação da importância de cada um deles, permitindo uma apreciação abrangente das repercussões do empreendimento sobre o meio ambiente, entendido na sua forma mais ampla.

O resultado dessa análise constituirá um prognóstico da qualidade ambiental da área de influência do empreendimento, nos casos de adoção do projeto e suas alternativas e mesmo nas hipóteses de sua não implementação.

Este item deverá apresentar uma síntese conclusiva dos impactos relevantes de cada fase prevista para o empreendimento (planejamento, implantação, operação e desativação) e, para o caso de acidentes acompanhada da análise (identificação, previsão da magnitude e interpretação) de suas interações. Deve também apresentar uma descrição detalhada dos impactos sobre cada fator ambientar relevante considerada no diagnóstico, quais sejam:

- impactos sobre o meio físico;

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- impactos sobre o meio biótico;

- impactos sobre o meio sócio-econômico.

É necessário mencionar os métodos de identificação de impactos, as técnicas de previsão de magnitude e os critérios adotados para interpretação e análise de suas interações.

Em resumo a avaliação (prognóstico) consiste em identificar e avaliar para poder prevenir as conseqüências danosas decorrentes das interferências nos ecossistemas, e no "homem" neles inseridos.

Esta fase é a mais importante desse estudo, no sentido de que é aqui que se faz uma apreciação dos efeitos do empreendimento sobre o meio ambiente. Portanto, uma visualização conjunta dos fatores ambientais envolvidos é bastante útil nesta fase de estudo, o que pode ser feito através de um quadro denominado matiz referencial de impacto, conforme o exemplo na Tabela 4.1.

Portanto, a partir de uma matriz referencial de impacto já se tem uma idéia das interrelações entre "ações do empreendimento" e os fatores ambientais afetados pelo mesmo. Pode-se também elaborar um fluxograma de ação-impacto, para cada fase do empreendimento mostrando, de uma forma qualitativa, os efeitos do empreendimento sobre o meio.

Da mesma forma apresenta-se, após estudo de todas as ações e de todos seus efeitos relevantes sobre os fatores ambientais, nas várias fases do empreendimento, um quadro de síntese e classificação de impactos, conforme pode ser observado na Tabela 4.2., seguida da descrição detalhada de cada ação e de seu(s) efeito(s), tanto positivos quanto negativos.

Apesar da evolução das metodologias de avaliação de impactos ambientais, no sentido de quantificá-los, cabe ressaltar que muitas vezes na falta de informações quantitativas, os mesmos são classificados muito subjetivamente, o que fica a critério da experiência do técnico responsável, o que não invalida o estudo, apesar de não ser a forma ideal de avaliação.

Essas medidas mitigadoras poderão ser apresentadas na forma de planos e programas de controle ambiental, e é a partir delas que será feita então a monitorização dos impactos ambientais.

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Tabela 4.1. Exemplo de matriz referencial de impacto para uma usina de tratamento de

lixo.

Ações Produção Produção Recicla- Produção Drenagem Contrata- de de gem de de superficial ção de Chorume composto resíduos resíduos do solo mão de obra

Componentes ambientais Meio Biótico: Vegetação

Biota aquática

Fauna alada

Fauna terrestre

Meio Físico: Lençol freático

Recur. hídricos

Qualidade ar

Solo

Relevo

Recur. minerais

Clima

Meio Sócio- Econômico: Renda familiar

Saúde

Educação

Paisagem

Patrim. Hist.

Rec. econôm.

Fonte: ESCRITÓRIO TÉCNICO H. LISBOA DA CUNHA (1991)

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Tabela 4.2. Exemplo de um quadro de síntese e classificação de impactos para uma usina de tratamento de lixo. AÇÃO EFEITO MAGNITUDE MEDIDAS

MITIGADORAS FASE ___________________________ ____________________ ________ ______________ CAUSA CARACTERÍSTICAS IMPACTO INCIDÊNCIA +/- GRAU (Recomendações)

1. Contratação de 76 empregos 1. Aumento da 76 empre- + 2 Manutenção dos equipa- mão de obra diretos renda gados mentos e acessórios de familiar segurança de trabalho. 2. Garantia de 76 empre- + 2 assistência gados médico- hospitalar.

2. Produção do 1200 t/mês 1. Emissão de Usina e + 3 Arborização da área composto odor desa- Conj. Hab. da usina

gradável. A. Freire Elaboração e carti-

2. Diminuição Meio de + 2 lha esclarecendo so- na contami- cultura bre os usos e os be- nação por diminuin- nefícios de reciclar patógenos. do em 70% o lixo, incentivando

3. Diminuição Apenas + 2 a participação da po- do volume 30% de pulação final de lixo resíduo

4. Fonte alter- Produção nativa de a- 1200 de dubação. composto por mês.

3. Produção do Varia de 0,1 a 1. Alteração Córrego da + 3 Providenciar limpeza chorume 8,0 m

3 / dia da biota saudade e freqüente da choru-

aquática Rio Ubera- meira.

2. Poluição ba. Providenciar trata- dos cursos mento do chorume pa- d’água, len- ra eliminação de car- çol freático ga orgânica e patóge- e do solo nos e possibilitar seu uso agrícola.

4. Reciclagem de Corresponde a 1. Diminuição Área do + 1 Elaboração juntamen- resíduos (alu- 8% do volume da atividade lixão te com a Secretaria mínio, plásti- total do lixo de catação de Saúde de carti-

cos, vidro, fer- 2. Diminuição Área do li- lhas esclarecendo os ro papelão, es- da prolife- xão e usi- perigos de contamina- tampa e latas) ração de na ção devido ao manu- vetores e seio impróprio do lixo patógenos.

3. Diminuição 8% do total Organizar visitas e- do volume do lixo ducativas das esco- do lixo. las de 1º e 2º graus à UTI. Uberaba e aos locais de utilização de compostos.

FONTE: ESCRITÓRIO TÉCNICO H. LISBOA DA CUNHA (1991).

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f) Avaliação da Ocorrência de Acidentes

Nesse item deve-se abordar todas as ações do empreendimento potencialmente com possibilidade de causar e/ou favorecer acidentes.

Dependendo da atividade do empreendimento, determinados tipos de acidentes podem ocorrer com maior freqüência, de maneira que, todas as possibilidades deverão ser verificadas; sendo, periodicamente avaliados os métodos usados e os equipamentos de controle de acidentes, bem como o estado de conservação destes.

Deve-se fazer um relatório de quantas pessoas trabalham nos locais de maior periculosidade, de como são treinadas para agir no caso de acidentes e, se os equipamentos usados estão em bom estado de conservação. É bom lembrar que muitas vezes são fornecidos os equipamentos adequados mas os usuários preferem ignorá-los alegando vários motivos, tais como, perda de tato (caso de luvas), calor excessivo (macacões e capacetes), etc.

No caso de se constatar incorreções no uso ou ausências de equipamentos, fazer referência neste item em relação ao local de uso, número de usuários, número de equipamentos, bem como sugerir reuniões de treinamento para todos os empregados envolvidos, tanto de escritório como produção, transporte, etc. g) Monitorização do Impacto Ambiental

Neste item deverão ser apresentados os programas de acompanhamento das evoluções dos impactos ambientais positivos e negativos causados pelo empreendimento, considerando-se as fases do empreendimento (planejamento, implantação, operação e desativação) e quando for o caso, os programas educativos inclusive no que diz respeito a acidentes de trabalho. Poderão ser incluídos:

- indicação e justificativa dos parâmetros selecionados para a avaliação dos impactos sobre cada um dos fatores ambientais considerados;

- indicação e justificativa da rede de amostragem, incluindo seu dimensionamento

e distribuição espacial; - indicação e justificativa dos métodos de coleta de análise de amostras; - indicação e justificativa da periodicidade de amostragem para cada parâmetro,

segundo os diversos fatores ambientais; - indicação e justificativa dos métodos a serem empregados no processamento

das informações levantadas, visando retratar o quadro evolutivo dos impactos ambientais causados pelo empreendimento.

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h) Análise de Custo x Benefício

Na medida do possível apresentar, também dentro do EIA, uma análise do custo total do empreendimento e dos seus beneficies totais.

Normalmente, quando o empreendimento de interesse é do governo, como por exemplo uma hidrelétrica, considera-se que o beneficio, independente de seu valor financeiro, justifica seu custo, que é elevadíssimo.

A análise de custo x beneficio pode ser apresentada também como parte da justificativa técnica-econômica do empreendimento. i) Legislação Ambiental

Para cada tipo de empreendimento ou para cada fator ambienta envolvido, existe uma legislação que tem como objetivo ”proteger”, “preservar” e até mesmo ”recuperar” o ambiente.

De forma que deve-se observar se o que se propõe como empreendimento não está em desacordo com a legislação ambiental.

Deve-se então apresentar neste item uma seqüência das leis que estão envolvidas no contexto do estudo, (resolução do CONAMA, 1990), de tal forma que permita uma análise para esclarecer se o empreendimento proposto está de acordo; quando contrariar a legislação, poderão ser sugeridas alterações para enquadramento na legislação vigente. RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986

Publicado no D.O.U. de 17/2/86.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 48 do Decreto nº 88.351, de 1º de junho de 1983, para efetivo exercício das responsabilidades que lhe são atribuídas pelo artigo 18 do mesmo decreto, e

Considerando a necessidade de se estabelecerem as definições, as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, RESOLVE:

Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

Page 47: Atributos Do Solo e o Impacto Ambiental

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II - as atividades sociais e econômicas;

III - a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V - a qualidade dos recursos ambientais.

Artigo 2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como:

I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;

II - Ferrovias;

III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;

IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso I, artigo 48 do Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66;

V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários;

VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230 Kv;

VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW,desaneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques;

VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);

IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração;

X – Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos;

XI - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10 MW,

XII - Complexo e unidades industriais e agro-industdais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos);

XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;

XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;

XV - Projetos urbanísticos, acima de 100 ha ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes;

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XVI - Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia.

XVII - Projetos Agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha ou menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental.

Artigo 3º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo RIMA, a serem submetidos à aprovação do IBAMA, o licenciamento de atividades que, por lei, seja de competência federal.

Artigo 4º - Os órgãos ambientais competentes e os órgãos setoriais do SISNAMA deverão compatibilizar os processos de licenciamento com as etapas de planejamento e implantação das atividades modificadoras do meio Ambiente, respeitados os critérios e diretrizes estabelecidos por esta Resolução e tendo por base a natureza, o porte e as peculiaridades de cada atividade.

Artigo 5º - O estudo de impacto ambientar, além de atender à legislação, em especial os princípios e objetivos expressos na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, obedecerá às seguintes diretrizes gerais:

I - Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto;

II - Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação da atividade;

III - Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza;

IV – Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade.

Parágrafo único - Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental, o

órgão estadual competente, ou o ISAMA ou, quando couber, o Município, fixará as diretrizes adicionais que, pelas peculiaridades do projeto e características ambientais da área, forem julgadas necessárias, inclusive os prazos para conclusão e análise dos estudos.

Artigo 6º - O estudo de impacto ambientar desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades técnicas:

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I - Diagnóstico ambientar da área de influência do projeto, completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambientar da área, antes da implantação do projeto, considerando:

a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas;

b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as

espécies indicadores da qualidade ambientar, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente;

c) o meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a

sócio-economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.

II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e beneficies sociais.

III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas.

IV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados.

Parágrafo único - Ao determinar a execução do estudo de impacto ambientar, o órgão

estadual competente; ou o IBAMA ou, quando couber, o Município fornecerá as instruções adicionais que se fizerem necessárias, pelas peculiaridades do projeto e características ambientais da área.

Artigo 7º - O estudo de impacto ambientar será realizado por equipe multidisciplinar habilitada, não dependente direta ou indiretamente do proponente do projeto e que será responsável tecnicamente pelos resultados apresentados.

Artigo 8º - Correrão por conta do proponente do projeto todas as despesas e custos referentes à realização do estudo de impacto ambiental, tais como: coleta e aquisição dos dados e informações, trabalhos e inspeções de campo, análises de laboratório, estudos técnicos e científicos e acompanhamento e monitoramento dos impactos, elaboração do RIMA e fornecimento de pelo menos 5 (cinco) cópias.

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j) Conclusão

Após toda uma análise multidisciplinar do empreendimento e seu impacto chega-se a uma conclusão quanto a viabilidade do mesmo. Muitas vezes, quando são oferecidas alternativas pelo empreendedor, pode-se concluir que tal alternativa é mais aconselhável no que diz respeito ao ambiente; ou, quando não são oferecidas alternativas pode-se concluir que o empreendimento da maneira como foi proposto é inviável devido ao “estrago ambiental que poderá causar”. Neste caso os executores do estudo poderão sugerir alternativas. k) Bibliografia

Pode-se apresentar apenas uma listagem na forma de literatura consultada; que podem vir após cada capitulo ou no final do trabalho em conjunto.

A literatura, na medida do possível, deverá ser apresentada em ordem alfabética crescente e segundo as normas vigentes de citação de referências bibliográficas.

4.1.2. Anexos

Muitas figuras, quadros, mapas, fotografias, etc., que não são apresentados no

corpo do trabalho são colocados em anexo com as devidas indicações no texto.

A opção de onde colocá-los depende, muitas vezes, do tamanho de forma que o bom senso da equipe de coordenação e montagem final do trabalho é que decide o "lay-out" de apresentação.

4.1.3. Coordenação

Responsabiliza-se pela intermediação entre empreendedor e equipe de elaboração

do estudo. Também é responsável pela uniformização dialética das informações (elaboradas por equipe multidisciplinar), bem como acabamento estético e organizacional do estudo.

4.2. Relatório de Impacto ao Meio Ambiente - Rima

O Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA) é uma síntese do EIA, que deve

ser apresentado de uma forma que seja realmente acessível ao público interessado.

Esse público é, na maioria das vezes, a população afetada pelo empreendimento, ou seja, é um público comum onde a linguagem técnica não é acessível, devendo então ser apresentado em uma linguagem “jornalística”, podendo ser na forma de álbum seriado, filme, relatório em linguagem comum. Normalmente, quanto mais ilustrado com mapas, croquis, fotografias, etc., mais eficiente o resultado.

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Importância

O importante do RIMA é esclarecer o público dos prós e contras que um determinado empreendimento pode proporcionar ao ambiente da área de influência como um todo (inclusive ao homem) bem como a importância da participação da população na tomada de decisões a respeito do empreendimento. Em outras palavras, com base nas conclusões apresentadas pelo RIMA, a população pode aceitar ou não o empreendimento. Legislação

Artigo 9º - O relatório de impacto ambiental - RIMA refletirá as conclusões do estudo de impacto ambientar e conterá, no mínimo: I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas

setoriais, planos e programas governamentais; II - A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificação

para cada um deles, nas fases de construção e operação, a área de influência, as matérias primas e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos e técnicas operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados;

III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico ambiental da área de influência

do projeto; IV - A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da

atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação;

V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as

diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como a hipótese de sua não realização;

VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos

impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado;

VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de

ordem geral).

Parágrafo único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual,

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de modo que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as conseqüências ambientais de sua implementação.

Artigo 10 - O órgão estadual competente, ou o IBAMA ou, quando couber, o Município terá um prazo para se manifestar de forma conclusiva sobre o RIMA apresentado.

Parágrafo único - O prazo a que se refere o caput deste artigo terá o seu termo inicial na data do recebimento pelo órgão estadual competente ou pela SEMA do estudo do impacto ambiental e seu respectivo RIMA.

Artigo 11 - Respeitado o sigilo industrial, sendo solicitado e de interesse o RIMA será acessível ao público. Suas cópias permanecerão à disposição dos interessados, nos centros de documentação ou bibliotecas da SEMA e do órgão estadual de controle ambiental correspondente, inclusive o período de análise técnica. § 1º - Os órgãos públicos que manifestarem interesse, ou tiverem relação direta com o projeto, receberão cópia do RIMA, para conhecimento e manifestação. § 2º - Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental e apresentação do RIMA, o órgão estadual competente ou o IBAMA ou, quando couber o Município, determinará o prazo para recebimento dos comentários a serem feitos pelos órgãos públicos e demais interessados e, sempre que julgar necessário, promoverá a realização de audiência pública para informação sobre o projeto e seus impactos ambientais e discussão do RIMA.

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ESTUDO DIRIGIDO:

1) O detalhamento de um EIA depende de vários aspectos: tempo disponível para elaboração, tamanho da área afetada, disponibilidade de dados secundários, etc. Como a equipe executora deve proceder, no caso de se ter poucos recursos para a execução dos estudos, para não deixar de avaliar realmente o impacto no ambiente?

2) Para fins de treinamento, liste 5 ações e os principais prováveis impactos daí

advindos, para os seguintes empreendimentos: aterro sanitário; usina hidrelétrica; exploração de granito para produção de brita; reflorestamento em área de cerrado; e, implantação de pecuária de corte em área de floresta.

3) Escolha um desses empreendimentos e com base nos impactos listados, faça

um plano para mitigá-los e monitorá-los.

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5 - IMPACTOS NO SOLO E MEDIDAS MITIGADORAS

A contribuição mais importante dos estudos de solos em um meio, foi evidenciar o papel capital do homem na evolução das coberturas pedológicas. A comparação entre zonas não cultivadas e zonas desmatadas, assim como o acompanhamento da evolução dos solos em função das técnicas de desmatamento e das técnicas de cultivo revelam que as rupturas de equilíbrio provocadas por essas mudanças ocasionam, muito rapidamente, grandes modificações morfológicas. É importante ressaltar que a modificação evidente, a erosão, é o resultado de modificações estruturais mais profundas, cujos fatores são múltiplos: compactação durante o desmatamento, modificações totais das atividades biológicas e ressecamentos extremos durante as estações secas. Tudo isto afeta a porosidade do solo em muitas dezenas de centímetros de profundidade, modifica os regimes hídricos, térmicos e biológicos, muda o sentido das circulações de água, e provoca novos arrastamentos da matéria, A modificação das estruturas por sua vez, libera partículas finas que são lixiviadas, a aeração reduzida facilita a solubilização de elementos que são lixiviados e a diminuição da porosidade acelera o desencadeamento da erosão (Ruellan, 1988).

A erosão na superfície do solo, opera sobre os materiais longamente preparados pelos mecanismos pedológicos residuais da pedogênese (Ruellan, 1988). A intensidade dessa erosão depende, ao mesmo tempo, dos tipos de porosidade e da fragilidade das estruturas. É necessário ressaltar ainda, as estreitas relações entre as estruturas da cobertura pedológica e os regimes hidrológicos; o que evidencia uma das contribuições mais significativas da pesquisa pedológica.

De uma maneira geral, a degradação do solo é o resultado de atividades humanas depredadoras e sua interação com o ambiente natural. E, de acordo com Lal e Stewart (1990), os processos de degradação do solo são os mecanismos responsáveis pelo declínio da qualidade do solo e, sem dúvida, do ambiente envolvido neste contexto, existindo três principais tipos de degradação: física, química e biológica e cada tipo tem um diferente processo de degradação do solo, como pode ser observado na Figura 5.1.

A compactação e endurecimento do solo resultam num aumento da densidade, podendo ser o resultado da ação de fatores naturais e/ou artificiais. O endurecimento é problema em solos com argila de baixa atividade e solos que tenham baixo conteúdo de matéria orgânica. Os solos propensos a compactação e endurecimento são suscetíveis a um acelerado escorrimento superficial e erosão.

A erosão da camada superficial do solo por ação do vento e, principalmente, da água, em muitas situações excede a formação do solo em taxas alarmantes. Solos erodidos, usualmente, contém 2 a 5 vezes menos matéria orgânica e fração coloidal que o solo original, causando efeitos severos no local e fora dele.

A redução do conteúdo de matéria orgânica, diminuição da biomassa de carbono e diminuição na atividade e diversidade da fauna do solo são ramificações da degradação biológica. Devido ao prevalecimento de altas temperaturas do solo e do ar, a degradação biológica do solo é mais severa nos trópicos do que na zona temperada. A degradação

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biológica pode também ser causada pelo uso excessivo e indiscriminado de solventes químicos.

Figura 5.1. Tipos e processos de degradação do solo.

Fonte: Lal e Stewart (1990).

A depleção de nutrientes é a maior causa da degradação química. Em adição, a excessiva lixiviação de cátions nos solos com argila de baixa atividade causa uma diminuição no pH do solo e diminuição da saturação de bases. A degradação química é também causada pela presença de alguma toxidez química e desbalanço elementar que prejudica o crescimento das plantas. As causas da degradação dos solos são perturbações antropogênicas relacionadas com pressões sócio-econômicas e crescimento da população (Lal e Stewart, 1990). Alguns dos fatores importantes são o desmatamento, cultivo de terras impróprias, cultivo muito intenso, uso excessivo e indiscriminado de produtos químicos, pastejo excessivo, migração e infraestrutura desenvolvidas em áreas ecologicamente sensíveis, etc.

Um impacto econômico óbvio da degradação do solo está na produtividade agrícola. O suprimento de nutrientes essenciais e água, e a degradação da capacidade e intensidade dos fatores na disponibilidade de água e nutrientes afeta o crescimento das plantas, mas a conseqüência ambienta[ da degradação do solo não tem recebido a ênfase que merece, apesar do reconhecimento do perigo global causado pelo uso de combustível fóssil, a emissão de CO2 e outros gases da degradação da vegetação, até agora ignorados.

A matéria orgânica é a maior reserva ativa do ciclo de carbono global. Entretanto, há poucos dados do tamanho e do retomo relacionado a intensificação dos diversos sistemas de utilização. Uma resposta imediata ao desmatamento, cultivo intensivo, pastejo excessivo, especialmente nos trópicos, é a mineralização da matéria orgânica. Deterioração estrutural e a erosão acelerada que seguem, resultam no transporte de carbono e nutrientes para fora do ecossistema quando esses nutrientes alcançam os rios, lagos e córregos, eles causam poluição e eutrofização (Lal e Stewart, 1990). Sedimentos

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relacionados ao carbono são facilmente enviados à atmosfera como CO2. A avaliação da precisa magnitude do transporte de sedimentos e seu impacto no ambiente global parecem ser os maiores desafios para os cientistas das ciências do solo, hidrológicas e geográficas.

Pelo exposto, pode-se então chegar a um consenso que os impactos no solo, devido ao uso (adequado ou não), devem-se a erosão, que pode ser encarada como o ponto de convergência dos impactos, ou seja, a partir do momento que se despe o solo de sua cobertura vegetal, ele fica exposto aos efeitos das gotas de chuva, principalmente quando o uso, requer remoção da camada superficial.

5.1. Solos altamente suscetíveis a erosão

As medidas para avaliação da capacidade produtiva do solo bem como a

manutenção e o melhoramento desta, só terão efeito se o solo for considerado como parte do ecossistema, envolvendo em particular, observações sobre o clima e a vegetação.

Considerando que a erosão causa perda diferenciada de solo em função de sua variabilidade, as taxas de perda vão depender de sua suscetibilidade à erosão. De forma que os solos podem ser mais ou menos suscetíveis, dependendo da ótica de observação, ou seja, sob o ponto de vista de sua pedogênese (fatores intrínsecos), ou sob o ponto de vista do manejo adotado (fatores extrínsecos). Dentre os fatores intrínsecos do solo que têm influência marcante sobre a erosão destacam-se: pedoforma, textura, estrutura, teor de matéria orgânica, profundidade do solum, material de origem; e, em relação aos fatores extrínsecos cita-se, principalmente: classes de capacidade de uso, as técnicas de preparo e as técnicas de cultivo do solo.

O exame da paisagem de uma região oferece quase sempre um quadro contrastante no que se refere às evidências de erosão que podem ser causadas por atividades do homem, mas também podem ser consideradas como a expressão da topografia geral de uma região que tem sido esculturada ao longo dos anos, sob a ação dos processos erosivos (Resende, 1985). Portanto, no que diz respeito à erosão natural, a velocidade de formação dos solos é equilibrada com a velocidade de destruição, não incorrendo em nenhum desequilíbrio da natureza, de tal forma que no processo de formação do solo, "os agentes formadores agem" em harmonia com a natureza, ou seja, a taxa de pedogênese equivale à taxa de erosão natural. Considera-se assim que a pedogênese e erosão são fenômenos antagônicos e necessários para o desenvolvimento dos solos, ocorrendo em toda a superfície terrestre mesmo sob vegetação exuberante.

De acordo com Resende (1985), nos lugares de declive mais acentuado, a erosão mesmo natural, é mais acentuada, mas a pedogênese também o é, devido a presença de minerais primários facilmente intemperizáveis bem próximos a superfície, onde é intensa a atividade biológica. Desta forma a manutenção de uma cobertura terrosa nessas áreas íngremes fica na dependência de uma erosão igualmente acelerada. Por outro lado, em solos com declives mais suaves, após uma taxa de pedogênese muito acentuada, é provável que todos os minerais primários facilmente intemperizáveis tenham

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desaparecido, tendo-se um solo profundo com taxa de pedogênese muito baixa, mas também com muito pouca erosão (Figura 5.2).

Figura 5.2. As transformações, pedogênese e erosão, são maiores nos solos mais

acidentados. No solo mais plano já envelhecido, tanto a pedogênese quanto a erosão são pouco intensas. Fonte: Resende (1985)

Um exame mais atento da paisagem revela que a erosão tende a ser maior nos terrenos mais declivosos e é mais desigual nos terrenos de conformação côncava, em contraste com os convexos. Isto significa, conforme Resende (1985), que os fundos da grota (côncava) tendem a apresentar uma erosão mais desigual do que as elevações em forma de meia laranja (convexa), como pode ser observado na Figura 5.3. Somando-se a esses aspectos, em relação a textura, a erosão é maior nos solos mais arenosos, mas nem sempre, principalmente quando esses são muito permeáveis. No que diz respeito aos fatores intrínsecos do solo, observa-se que os solos com horizonte A e B profundos (solum) são mais resistentes à erosão, e que considerando dois solos com solum de mesma profundidade, quanto mais profundo o horizonte C, mais suscetível ao voçorocamento. Também o substrato que origina o solo tem efeito marcante nas características do solo, via de regra, possuem vegetação mais exuberante originados de substrato rico e, consequentemente, vão influenciar no potencial erosivo. A estrutura do solo (agregação) é a responsável pela porosidade do solo (infiltração e reserva de água do solo), de forma que todos os agentes agregantes (inclusive a matéria orgânica) têm efeito direto nas propriedades físicas do solo e, portanto, influenciam erodibilidade do solo.

Segundo Cox e Jackson (1948), o termo "solos leves" é comumente usado para referir a solos arenosos que são facilmente trabalhados, enquanto que "solos pesados",

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argilosos, são difíceis de arar e preparar. Esta separação em solos leves ou pesados se refere, de maneira geral, ao uso de implementos agrícolas. Entre esses extremos há uma ampla variedade de solos que possuem conteúdos variáveis de matéria orgânica, o que reflete na capacidade dos mesmos em reter água- e, segundo esses autores, 100 libras de solo arenoso saturado retém 25 libras de água, solo areno-argiloso retém 40 libras, solo muito-argiloso 50 libras e o húmus retém 170 libras de água. Ressalta-se ainda que capacidade de agregação dos solos aumenta no mesmo sentido em que aumentam os teores de argila e matéria orgânica.

Figura 5.3. Carreamento de terra em condições comparáveis, é menor na encosta

côncava e maior na convexa. Fonte: RESENDE (1985)

Outros fatores que influenciam a erosão do solo dizem respeito aos fatores extrínsecos, ou seja, são devidos ao manejo inadequado ou devidos a utilização do solo fora da sua classe de capacidade de uso,

Segundo Lepsch (1991), o uso adequado da terra é o primeiro passo em direção à agricultura correta devendo-se, portanto, empregar cada parcela de terra de acordo com sua capacidade de sustentação e produtividade econômica, de forma que os recursos naturais sejam colocados à disposição do homem para seu melhor uso e beneficio procurando, ao mesmo tempo, preservá-los para as gerações futuras.

A aptidão agrícola das terras é feita calcada nas informações pertinentes às características do ecossistema, nas propriedades físicas, químicas e morfológicas das diferentes classes de solos, visando aferir o grau de desvio de determinadas qualidades básicas das terras (Baruqui et al., 1985). E, conforme Curi et al. (1993), "a aptidão agrícola das terras é a adaptabilidade que as mesmas têm para um tipo específico de utilização agrícola, pressupondo-se um ou mais distintos níveis de manejo".

Sempre que um solo passa a ser manejado para qualquer finalidade ocorrem desequilíbrios nas relações solo-clima-vegetação, promovendo a instabilidade do sistema. Dessa forma, considera-se que o conhecimento do equilíbrio do sistema solo-clima-vegetação, em três dimensões, aumenta a capacidade de Previsão do técnico sobre os sistemas de manejo através do tempo, permitindo assim, a redução dos riscos de degradação do solo e das conseqüências daí advindas (Ministério da Agricultura, 1983).

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Para fins de direcionamento do raciocínio visando evidenciar o solo como um

importante componente do ambiente e, com base no que já foi discutido, considera-se que quando o solo não é altamente suscetível à erosão, devido à fatores intrínsecos à sua constituição, o manejo inadequado ou sua utilização "além" de sua capacidade de uso, podem torná-los altamente suscetíveis à erosão.

Através do conhecimento das características que influenciam na suscetibilidade à erosão e da distribuição da ocorrência dos solos mais erodíveis numa determinada região, torna-se possível a tentativa de prever e avaliar os impactos ambientais numa dada região, bem como, indicar medidas que visem aumentar a resistência do solo ou diminuir as forças do processo erosivo.

5.2. Mecanismos de erosão do solo

Foi decisivo para os estudos de erosão o conceito de que esta é um processo

mecânico, cuja energia necessária vem em grande parte do impacto da queda da gota de chuva e do declive do solo. Segundo Motta (1981), a erosão hídrica se desenvolve basicamente através de dois processos distintos: a redução dos agregados do solo a finas partículas e seu transporte a locais distantes. Em última análise a erosão se constitui, portanto, no processo de desprendimento e arraste acelerado das partículas do solo causado principalmente pela água. De acordo com Bahia et al. (1992), no seu aspecto físico é simplesmente a realização de uma quantidade de trabalho, no desprendimento do material de solo e no seu transporte. O processo de erosão inicia a partir do momento em que as gotas de chuva atingem a superfície do solo e destroem os agregados, e finaliza com as três etapas seguintes (Petrobrás, 1986; Bertoni e Lombardi Neto, 1990; Bahia et al., 1992): - as partículas do solo se soltam; - o material desprendido é transportado; - esse material é depositado

Pode-se então considerar que os mecanismos do processo erosivo são o impacto das gotas de chuva, a desagregação do solo, o transporte e a deposição do material individualizado (partículas desagregadas).

Pelo exposto considera-se então que o impacto das gotas de chuva sobre o solo desprotegido, é o início do processo erosivo. Para Baver et al. (1972), o impacto das gotas de chuva é variável em função do seu tamanho e, conseqüentemente, da velocidade com que as mesmas atingem o solo. No primeiro momento o solo seco absorve os pingos de chuva até que fique úmido e, os pingos seguintes, vão então causando o salpicamento que vai deixando a água turva com o aumento da umidade. Em outras palavras, a queda dos pingos de chuva coloca as partículas do solo em suspensão, primeiramente pela quebra dos agregados ou pela separação das partículas da massa do solo, sendo a água turva o resultado da obstrução dos poros devido ao impacto contínuo

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das gotas que compactam e provocam um selamento do solo, formando uma crosta que reduz a infiltração. Segundo Almeida (1981), considerando que o impacto das gotas de chuva transportam o material desprendido por salpicamento das gotas, também imprimem energia na forma de turbulência, à água de superfície. Em síntese, o encrostamento e/ou selamento da superfície do solo diminui a água que penetra no solo, formando a enxurrada, que ocorre quando a intensidade da chuva que cai é maior que a velocidade de infiltração no solo.

A evidência de que a erosão já se instalou pode ser observada pela turbidez das águas de enxurrada. De acordo com Baver et al. (1972), uma vez que o solo já esteja desagregado pelo impacto das gotas de chuva, começa a outra fase do processo erosivo, que é a fase de transporte.

Considerando que a água que escorre superficialmente é o principal agente de transporte de partículas do solo, a capacidade de transporte imprimida pelas gotas que caem na superfície varia com o tamanho das mesmas e com a velocidade de seu impacto. Portanto, o volume da enxurrada depende da razão infiltração/precipitação, do tempo de duração das chuvas, da posição do solo na paisagem e do comprimento de rampa (Bahia et al., 1992) e pode ser ilustrado como na Figura 5.4 de acordo com Worthen e Aldrich (1967).

Figura 5.4. Diagrama dos fatores determinantes na quantidade de água de chuva que

escorre e que pode produzir erosão. Fonte: Worthen e Aldrich (1967).

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A velocidade da enxurrada relaciona-se, principalmente, com a declividade,

comprimento de rampa e a rugosidade da superfície. Quanto maior a velocidade, maior a capacidade de transportar sedimentos.

A última etapa do processo erosivo é a deposição do material transportado, que tem implicações em vários aspectos do ambiente, sendo responsável pelo assoreamento das partes baixas da paisagem, notadamente, as várzeas, fundos de lagos e dos cursos d'água em geral. Atualmente tem-se observado uma preocupação crescente, principalmente, no que diz respeito à vida útil dos grandes reservatórios de água, que são fonte de energia elétrica para o país, tendo em vista que tais empreendimentos custam à nação grande soma de divisas.

Os materiais do solo depositados pelo movimento da água são geralmente selecionados por peso. As partículas menores e mais leves, são transportadas a maiores distâncias e vão se depositar, nas várzeas, açudes, cursos d'água, etc.; enquanto que as partículas maiores e mais pesadas são depositadas primeiramente nos vales e depressões do terreno (Ministério da Agricultura, 1983; Bahia et al., 1992).

Para Almeida (1981), a deposição de sedimentos grosseiros ou partículas finas originárias de rochas pobres, nos terrenos de aluviões, irá promover sua inutilização do ponto de vista agrícola, sendo nesse caso, o assoreamento maléfico. Se no entanto o material transportado for constituído de partículas de textura e teor de nutrientes que poderão concorrer para a fertilização das terras baixas, o assoreamento passa a ser benéfico. Outros sedimentos continuam sua trajetória e são lançados nas correntes fluviais. Eles são depositados às margens dos rios, por ocasião das cheias, e poderão ser benéficos ou maléficos, como mencionado anteriormente. Outros poderão ser depositados na própria calha do rio contribuindo para a redução da seção de escoamento do mesmo, podendo assim, causar problemas à navegação ou mesmo transbordamento e inundações catastróficas.

Cabe ainda lembrar que os erros cometidos no continente vão se somando e se refletem nas regiões costeiras, que muitas vezes, causam enormes prejuízos, para ecossistemas bastante frágeis, tais como os manguezais, que apesar de frágeis são ricos em espécies que são fonte de renda para a população local. O uso inadequado dos solos dessas regiões causa o assoreamento dos manguezais e o lançamento de enormes quantidades de sedimentos no mar, comprometendo em muito a biodiversidade dessas áreas.

Até o presente momento, um bom plano de aproveitamento da terra só tem sido feito depois que o ambiente já foi gravemente prejudicado pelo homem. E de acordo com Leopold citado por Odum (1971), "o homem não parece estar em condições de compreender um sistema que não tenha sido criado por ele mesmo e, por conseguinte, ao que parece, terá de destruí-lo parcialmente, e reconstruí-lo, antes que compreenda as limitações de uso".

Considerando esses aspectos e com as técnicas de manejo já comprovadamente eficientes, é que se sugere a sua adoção, para fins de recuperação e conservação de sistemas altamente suscetíveis à erosão.

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5.3. Perdas de nutrientes por erosão

A perda de nutrientes por erosão é um fator de grande importância. Baseado na

estimativa de que o Brasil perde anualmente quinhentos milhões de toneladas de terra pela erosão, e supondo-se que nossas terras tenham em média, 0,10% de nitrogênio (N), 0,15% de fósforo (P2O5) e 1,50% de potássio (k2O), resultariam em perdas de mais de oito milhões de toneladas destes nutrientes; além disso quando os nutrientes são erodidos do solo, não somente a produção das culturas é diminuída, como também a qualidade da cultura é afetada (Bertoni e Lombardi Neto, 1990).

Algumas classes de solo são problemáticas no que se refere às perdas de nutrientes por erosão. Os Podzólicos com transição de textura entre os horizontes A e B abrupta, tendem a sofrer perdas mais drásticas de nutrientes com pequeno aumento na declividade. Os Cambissolos, a exemplo dos Podzólicos, devido apresentarem altos teores de silte, pequena espessura do "solum", pobreza química acentuada, e quando localizados em áreas de relevo acidentado, se construem em sistemas muito instáveis. Outros exemplos de classes de solo suscetíveis à erosão, porém de ocorrência muito restrita, são: Regossolos - principalmente os arenosos, situados em relevo mais declivoso; Solonetz-Solodizado - os quais pela compactação e, fatal lenta permeabilidade do horizonte B, causadas pelas elevadas porcentagens de sódio, podem sofrer erosão com facilidade, mesmo situando-se em áreas de pequena declividade (Resende et al., 1988; oliveira et al., 1992).

A pouca profundidade efetiva, a presença de horizonte B nátrico ou horizonte do tipo duripan, pelas suas características altamente favoráveis aos processos erosivos, condicionam aos solos uma classe de suscetibilidade à erosão de alto risco, podendo, mesmo em condições de relevo plano causar a perda total dos horizontes superficiais ou proporcionar o aparecimento de voçorocas (Amaral Filho, 1992).

A erosão se constitui numa das principais causas de diminuição da fertilidade do solo. De acordo com Barrows e Kilmer (1963) as quantidades totais de matéria orgânica e nutrientes removidos de campos altamente produtivos e bem fertilizados podem ser consideravelmente maiores que as quantidades removidas de campos mais pobres em fertilidade, porém nesses últimos mesmo as pequenas perdas podem ser muito prejudiciais.

A intensidade da perda de nutrientes do solo, causada pela erosão, é mais séria do que a motivada pela extração das culturas (Tabela 5.1). Grohmann e Catani (1949) encontraram que a camada de terra erodida era cerca de duas vezes mais rica que o solo original, para os seguintes nutrientes: nitrogênio, potássio, cálcio e matéria orgânica, e cerca de três vezes mais rica em fósforo, sendo que na enxurrada, o elemento encontrado em maior proporção foi o cálcio. Resck et al. (1980) ao estudarem a intensidade de perdas de nutrientes em um Podzólico Vermelho-Amarelo, também verificaram perdas consideráveis dos elementos, sendo o cálcio perdido em maior quantidade, seguido de magnésio, potássio, alumínio e fósforo. As perdas de matéria orgânica constatadas em cerca de 410 kg/ha, representaram uma perda de 0,9% da matéria orgânica existente no solo.

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Tabela 5.1. Nutrientes perdidos pela erosão e retirados pelo algodoeiro.

Formas Erosão Algodoeiro

--------------------------- kg / ha ---------------------------- Matéria Orgânica 780 - Nitrogênio 46,5 13,5 Fósforo 8,0 4,5 Potássio 12,3 6,5 Cálcio 90,2 1,9 Fonte: GROHMANN & CATANI (1949)

5.4. Impactos no solo devido a usos múltiplos

As atividades humanas, de uma maneira geral, têm um efeito drástico na natureza,

sendo esse efeito maior, com o aumento da área direta ou indiretamente atingida. No caso da poluição química do solo por atividades agrícolas, que tanto pode ser devida ao uso excessivo de pesticidas, como também devida à aplicação de doses excessivas de fertilizantes, pode haver um desbalanço de cargas no ambiente, com uma conseqüente alteração da atividade microbiana e demais conseqüências sobre os aspectos físicos do solo, inclusive poluição e/ou eutrofização de mananciais.

O nitrogênio tem sido considerado o principal nutriente com possibilidade de causar problemas ao ambiente, através da lixiviação do nitrato para o lençol freático; havendo limites máximos para a água potável de 50 a 100mg/l, de acordo com as diferentes organizações (Mengel e Kirkby (1987) citados por Raij (1991)). Apesar deste ser um problema muito preocupante nos países do primeiro mundo, onde as adubações nitrogenadas são muito pesadas, no Brasil, desconhece-se o problema, o que provavelmente se deve ao fato das aplicações de nitrogênio aqui serem bastante modestas, na ordem de 20 kg/ha em média, apesar de algumas culturas receberem aplicações pesadas de até centenas de quilos por hectare, onde com certeza ocorre lixiviação de nitratos. Segundo o mesmo autor a lixiviação de nitratos pode também ser devida a mineralização da matéria orgânica; mas, provavelmente, pelo volume de matéria orgânica aplicado ao solo, como adubação ou por incorporação de restos de cultura, não chega a níveis problemáticos; pois no próprio processo de mineralização da matéria orgânica, ocorre a imobilização de NH4

+ e NO3-, pelos microrganismos, que só são

liberados a medida que a decomposição se completa.

O fósforo normalmente é considerado o nutriente responsável pela eutrofização de lagos e rios; entretanto, segundo Raij (1991), este elemento, de maneira geral, além de ser o nutriente mais limitante nos solos brasileiros, sua movimentação no perfil (lixiviação) é inexpressiva, notadamente, devido aos processos de fixação a que está sujeito (em pH baixo é fixado por hidróxidos de Fe e AI, em pH elevado é fixado por compostos de Ca).

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Sendo assim, a eutrofização dos rios e lagos se deve provavelmente ao fósforo contido nos esgotos municipais.

A poluição do solo também se dá devido à deposição de efluentes industriais e domésticos, que na maioria das vezes, por não sofrerem pré-tratamento, acabam poluindo o solo e, em conseqüência, atingindo o lençol freático, que contribui para a ampliação desses efeitos negativos. O mesmo ocorre no caso dos depósitos de fixo a céu aberto, que além da poluição atmosférica são responsáveis pela propagação de organismos patogênicos e pela poluição do solo e lençol freático; incorrendo no mesmo efeito da poluição causada por efluentes industriais. No caso dos aterros sanitários os impactos ocorrem desde a fase de implantação (cortes e aterros deixam o solo exposto, favorecendo processos erosivos) até a fase de operação, com a constante deposição de lixo nas valas; entretanto, nesse caso o efeito negativo, é mais facilmente controlado, pois tais empreendimentos devem ter monitoramento constante (Alvarenga, 1994).

Com a crescente tendência de reciclar resíduos urbanos, industriais e agro-industriais, aproveita-se os nutrientes contidos na matéria orgânica e também, recicla-se muitos materiais que, além de serem poluentes em potencial por serem de decomposição muito lenta no solo (plástico, lata, vidro, alumínio, papelão, pano), podem ser reaproveitados em indústrias a preço mais baixo que as matérias primas convencionais. No caso da reciclagem de lixo urbano, a compostagem que é um processo caro, tem seu custo amenizado pela venda dos resíduos inorgânicos (Escritório Técnico H. Lisboa da Cunha, 1991). O uso da vinhaça (efluente de usinas de açúcar), comumente acusado de poluente de cursos d'água (causando eutrofização), pode ser aproveitado como fertilizante potássico, desde que seja aguardado o tempo de fermentação necessário, e que seu uso não seja excessivo. Desta forma, a aplicação da vinhaça pode ter um efeito positivo, no que diz respeito ao fornecimento de potássio, nutriente, normalmente, de baixa disponibilidade, na maioria dos solos brasileiros. Entretanto deve-se ficar atento para os casos em que a vinhaça esteja com excesso de metais pesados, advindos do processo de industrialização.

Outro aspecto da utilização dos solos, que causa degradação ambiental é a queimada que, sem dúvida, destrói a matéria orgânica e a microbiota do solo. Há, ainda, muitos outros exemplos de usos diversos que podem degradar o ambiente, ficando esses como exemplos mais críticos.

5.5. A desertificação

5.5.1. Histórico e Principais Desertos do Mundo

Antigamente os desertos eram considerados fatos ecológicos mais ou menos

estáveis e de superfícies definidas, formados por fatores climáticos. Hoje, segundo Vasconcelos Sobrinho (1982), sabe-se que se trata de um processo dinâmico, em progressão, conduzindo a uma ampliação das áreas desérticas existentes e/ou formação de áreas novas.

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A desertificação, de acordo com Bradyn (1978) citado por Boaventura (1986 a), é o resultado de um somatório de condicionamentos e ações humanas predatórias. De tal modo, que ela ocorre em ecossistemas em condições climáticas restritivas, rigorosas e incertas, onde alternam-se situações favoráveis e desfavoráveis do ponto de vista biológico: mas, que em condições naturais, tem capacidade de se recuperar dos períodos de crise. Entretanto, essas áreas quando submetidas a excessivas pressões por atividades humanas, perdem essa capacidade de auto-regeneração, devido a degradação ambiental.

A desertificação é acompanhada de um rápido declínio na produtividade, principalmente nas zonas áridas e semiáridas do globo, de acordo com o edafólogo soviético Kovda (1977), citado por Souto (1985). A destruição do equilíbrio ecológico leva à profundas transformações na cobertura vegetal e na fauna e, principalmente, à degradação do solo pelo pastoreio excessivo e pela agricultura não sustentada, que são as principais causas do declínio da fertilidade e da desertificação em mudas regiões.

Este fenômeno é mais intenso na África, onde segundo Souto (1985), as terras ao

longo da fronteira meridional do Saara estão se transformando em deserto, numa proporção de mais de 100 mil ha/ano. De forma que, a cada ano os limites do Saara estão se deslocando vários quilômetros para o sul. E, de acordo com Kovda (1977), citado por esse mesmo autor, a desertificação alcançou proporções alarmantes no Sudão, onde a savana está avançando sobre a floresta; a estepe sobre a savana e, o deserto sobre a estepe, de tal modo que a linha de demarcação entre a zona de vegetação e o deserto do sul de Cartum, deslocou-se nos últimos 30 anos, numa proporção média de 5 km/ano.

Por ocasião da conferência de Nairobi em 1977, sobre o problema da desertificação no mundo, foi comprovado que uma terça parte do mundo já é constituída de desertos e, que anualmente, cerca de 50 mil km2 de áreas novas se desertificam (Vasconcelos Sobrinho, 1978 a). E, de acordo com Souto (1985) os dados apresentados na ocasião, revelaram que uma terça parte da superfície da terra é árida e que nos últimos decênios o "progresso" tem intensificado o processo de desertificação colocando em perigo cerca de 14% da população do mundo, que vive em regiões áridas ou secas.

A evidência de que a desertificação é acelerada por ações antrópicas pode ser embasada nas opiniões de Vasconcelos Sobrinho (1978 b), que considera que existe uma corrida, em sentidos antagônicos, entre a explosão demográfica e o desgaste das terras, somando-se os efeitos; pois como conseqüência da própria explosão demográfica, a pressão populacional sobre as áreas já ocupadas, conduz à degradação cada vez mais rápida. A explosão demográfica requer sempre novas terras ao mesmo tempo em que as áreas disponíveis e sua capacidade de produção diminuem rapidamente; existindo assim uma premência na detecção da desertificação para se conseguir contê-la.

Apesar de 1/3 da terra ter vocação natural para se transformar em desertos, os especialistas no assunto concordam que os processos que conduzem extensas áreas semi-áridas ou sub-úmidas às condições de deserto, são mais uma conseqüência de ações predatórias do homem do que de fenômenos naturais (Boaventura, 1986 a).

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Entre os desertos mais conhecidos do mundo cita-se o Saara e o Calaari, na África; os da Arábia, do Turquesão, de Gobi e de Tar, na Ásia, os de Utá, do Colorado e Vale da Morte (Califórnia), na América do Norte; de Atacama (Chile), na América do Sul; o Deserto de Gibson e o Grande Deserto de Vitória, na Austrália. Além desses, existem os chamados desertos frios, localizados nas paragens árticas e antárticas do Canadá, na Groenlândia e na Sibéria Setentrional (Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, vol. 6, 1967).

5.5.2. Aspectos Conceituais

A evolução do pensamento acerca da origem dos desertos foi acompanhada de

uma ampliação na conceituação da desertificação e vocábulos afins que, de acordo com Boaventura (1986), podem ser assim conceituados, Boaventura (1986 b): a. Deserto:

É uma região de clima árido, ou seja, a evaporação potencial excede a precipitação média anual. Seus solos são ressequidos durante a maior parte do ano e apresentam tendência à concentração de sais minerais, podendo ser arenosos, pedregosos, muitos rasos ou cederem lugar a afloramentos rochosos; sua cobertura vegetal é esparsa, com presença exclusiva de plantas possuidoras de dispositivos de captação e/ou retenção de água (xerófilas), e plantas temporárias que só vegetam quando chove; sua fauna é escassa, constituída essencialmente de animais adaptados às características restritivas do meio. b. Desertificação:

É o fenômeno que conduz determinadas áreas a transformarem-se em desertos, ou a eles se assemelharem. Origina-se da pressão intensa de atividades humanas sobre os ecossistemas frágeis, isto é com fraca capacidade de regeneração. c. Processo de Desertificação:

É a atividade predatória que pode conduzir à formação de desertos. Por exemplo, o desmatamento generalizado. d. Área de Desertificação:

É a área onde o fenômeno da desertificação já se manifesta. Pode ocorrer tanto em faixas climáticas semi-áridas, na periferia dos desertos naturais (expansão dos desertos), como em zonas menos secas, a eles não contíguas.

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e. Área Propensa à Desertificação:

É a área onde a fragilidade do ecossistema favorece a instalação de processos de desertificação. f. Deserto Específico:

É a área de desertificação onde já se manifestam, em grau máximo, um ou mais fatores restritivos às manifestações vitais.

Para Vasconcelos Sobrinho (1982), enquanto deserto é um fator ecológico acabado, uma sucessão de fenômenos que alcançam estabilidade final com "climax" deserto; a desertificação é um fenômeno em processamento que pode resultar ou não em deserto,

Segundo a Conferência de Nairobi de 1977, "desertificação é a degradação progressiva dos ecossistemas naturais de uma área, resultante de fatores naturais ou da ação do homem, e geralmente de ambos em conjunto, podendo conduzir à formação de áreas desérticas".

E, de acordo com Vasconcelos Sobrinho (1982), a palavra deserto tem vários significados dependendo do uso, o que explica uma parte da confusão que, muitas vezes, acompanha discussões do problema de desertificação. Desertos podem referir-se a:

1) áreas com precipitação média anual abaixo de uma determinada quantidade (segundo Nimer, citado por esse autor, sob o ponto de vista climatológico, os desertos são regiões com menos de 250 mm de precipitação anual média, ou um pouco mais, embora sempre muito concentrada no tempo, quase 100% em um período de um mês ou até alguns dias);

2) um tipo de vegetação; 3) uma área estéril, do ponto de vista da presença de seres humanos.

Em muitos casos as áreas são facilmente classificadas como desertor sob os 3 pontos de vista, como no caso do Deserto de Saara; em outros, uma área só pode ser considerada como deserto por apenas uma das ótica de visão, como no caso de se considerar a floresta pluvial tropical, como um deserto sob o ponto de vista da presença de seres humanos.

Existem ainda muitas definições de desertificação conforme apresentado por Rodrigues (1986); entre as quais ele cita a conferência da ONU (1977); Dregne (1973); Nimer (1980); Rodrigues (1984); SEMA (1986). Entretanto, numa visão generalizada dos vários estudiosos do tema, pode-se resumir a desertificação como a redução do potencial biológico das terras, e segundo essa conceituação a desertificação é um processo generalizado, extensamente presente nas regiões tropicais.

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5.5.3. Áreas Desertificadas, em Processo de Desertificação e Potencialmente Desertificáveis no Brasil

No Brasil, ao contrário do que se pensa, a desertificação é um fenômeno presente

há muito tempo em várias regiões. Apesar de ainda não existirem os desertos no sentido amplo, em algumas áreas mais criticas ocorrem os desertos específicos, como o caso de toda região semi-árida do nordeste que, de acordo com Vasconcelos Sobrinho (1978 b), está incluída no grande mapa das Nações Unidas sobre Desertificação.

Segundo Souto (1985), apesar dos esforços feitos nos últimos anos pela comunidade científica, pelos governos interessados e por organizações internacionais, com o propósito de sustar a desertificação e despertar a consciência sobre o problema, permanecem consideráveis dúvidas acerca de sua natureza, extensão e sua relação com outros fenômenos.

Hoje, no Brasil, tem-se falado muito em "avaliação de impactos ambientais", que se baseia numa legislação ambientar considerada uma das mais completas do mundo; entretanto a exploração agropecuária das terras só é obrigada a passar por uma avaliação de impactos quando o empreendimento for implantado em áreas maiores que 1000 ha; apesar de se saber que, em conjunto e a longo prazo, são as atividades que têm contribuído em muito para a degradação ambientar, haja vista, as áreas do Paraná e do Rio Grande do Sul, hoje consideradas em franco processo de desertificação, devido ao excessivo e incontrolado uso dos solos, outrora de grande potencial produtivo. O sistema de agricultura predominante no país, se não houver interferência efetiva a nível de governo, na definição de uma política agrícola voltada para o manejo sustentado dos solos, com certeza ampliará as fronteiras de áreas desertificadas; onde o custo para sua recuperação provavelmente ultrapassará aqueles das tomadas de medidas preventivas. Evitar que os desertos surjam deveria se constituir numa das preocupações fundamentais do país. Em 1992, em um Seminário sobre Conservação do Solo, o tema foi discutido por um pesquisador do sul do País, mas os anais do encontro, parece que serão publicados até o final deste ano; de forma que a discussão do tema, atualmente parece bastante esvaziada.

A carta das Nações Unidas sobre a Desertificação, divulgada em 1977, indica a existência, no Brasil, de áreas de proporções significativas, classificadas como áridas e hiper-áridas. Mais recentemente o IBGE divulgou a carta elaborada na escala 1:5.000.000 denominada “Zoneamento Sistemático de Áreas mais Predispostas à Desertificação”, onde foram consideradas somente as variáveis climáticas. Esse trabalho, de acordo com a SEMA (1986), identifica uma vasta área muito sensível à desertificação, com cerca de 2 milhões de km2 dos quais aproximadamente 1 milhão correspondem ao "polígono das secas".

As áreas desertificadas no Brasil, possuem características geoclimáticas e ecológicas que contribuíram para a aceleração do processo, quando foram ocupadas pelo homem. Entre essas características, nota-se que as regiões que possuem ecossistemas frágeis, consequentemente vulneráveis à desertificação (caatingas do nordeste e cerrados do centro-oeste e no caso da vegetação campestre do sul do Brasil). Considerando ainda que o clima é um dos fatores de formação dos solos, os extremos de temperatura normalmente são responsáveis pelo rareamento da vegetação que coincide com as áreas

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de solos originados a partir de material de textura mais grosseira, originando solos com baixa capacidade de armazenamento de umidade e retenção de nutrientes.

Considerando-se, além das variáveis climáticas, outras variáveis tais como, a natureza e textura do solo, declividade e cobertura vegetal, técnicas de manejo e sistemas de uso adotados, obter-se-ia informações capazes de servir como instrumento importante para uma política de ocupação e uso racional das áreas, de acordo com as potencialidades ecológicas e com a capacidade de uso das terras.

A preocupação com o problema da desertificação no Brasil, parece que não evoluiu muito daquela apresentada pelo SEMA (1986), onde foi colocado que: "em virtude de ineficientes pesquisas sistemáticas sobre os processos de desertificação que estariam se verificando em algumas regiões, além da não existência até o momento, de um organismo coordenador das ações voltadas ao tratamento da questão, não é possível apresentar um diagnóstico preciso do fenômeno no Brasil".

Entretanto vamos tentar uma abordagem generalizada das várias regiões do Brasil, de acordo com algumas informações fornecidas pela literatura, que estão desertificadas ou em processo de desertificação:

Semi-Árido:

De acordo com Mendes (1986) o seminário nordestino possui uma área de 1.150.662 km2 que corresponde a 74,30% da superfície do nordeste e a 13,52% da área do Brasil. E, de acordo com o mesmo autor, esta região é maior que a área individual de 32 países, dos 33 que compõem a Europa, pois somente parte da União Soviética que se localiza na Europa é mais extensa que o semi-árido brasileiro. Dispensa comentários, a importância dessa área no contexto das preocupações "governamentais efetivas" em relação a contenção do processo de desertificação.

Bahia:

Os dados apresentados pela SEMA (1986) indicam que 52,5 mil km2, que correspondem a 9,3% da superfície do Estado estão em processo de desertificação. A área localiza-se à margem direita do Rio São Francisco, abrangendo o sertão de Paulo Afonso, além dos tabuleiros de Euclides da Cunha e Jeremoabo. Nessa área localiza-se a Reserva Ecológica do Raso da Catarina. O levantamento realizado identificou áreas onde a vegetação está se tornando escassa e o solo apresenta-se desprotegido com indícios de erosão acelerada. No entanto, a área considerada mais critica corresponde a uma faixa de 5 km de largura, na margem direita do Rio São Francisco, que vai do município de Rodelas até o município de Chorrochó, aproximadamente 300 km de extensão, com vegetação de caatinga baixa e muito rala.

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Pernambuco:

Conforme dados apresentados pela SEMA (1986), cerca de 25 km2, que correspondem a 25% do Estado, cujos vértices coincidem com as cidades de Itacambira e Cabrobó, à margem esquerda do Mo São Francisco, e de Salgueiro e Parnamirim, na BR-232, estão em franca desertificação.

Piauí:

Cerca de 1.241 km2 estão em processo de desertificação acelerada, de acordo com os estudos realizados em 1978 e 1979, apresentados pela SEMA (1986) e Rodrigues et al. (1986). O município de Gilbués, na região de Chapadas do Vale do Gurgéia, foram encontradas evidências de desertificação acelerada. No município de São Pedro do Piauí, os grandes estímulos concedidos à mecanização agrícola sem os necessários cuidados com a conservação e manejo dos solos, intensificaram a erosão hídrica resultando no aparecimento de voçorocas.

Sergipe:

Conforme os estudos realizados pela ADEMA (1981) e apresentados pela SEMA (1986), no Estado do Sergipe cerca de 223 km2 estão em processo de desertificação.

Rio Grande do Norte:

Foram encontrados núcleos de desertificação em toda região do Seridó, representando cerca de 40% do Estado (SEMA, 1986). A utilização intensiva de argila pelas olarias, principalmente nos municípios do Equador, Parelhas, Carnaúba dos Dantas e Acari, acarretaram não só a formação de crateras, mas também a retirada da cobertura vegetal para obtenção de lenha necessária à queima dos fornos. Nas várzeas do Baixo Mossoró e Baixo Apodí, próximos ao mar, na região onde se instalaram as salinas, os teores relativamente altos de sais impediram a penetração das caatingas e dos carnaubais, favorecendo apenas a instalação da vegetação rasteira halófita. A ação antrópica acentua o caráter árido de tais paisagens, conhecidas como "salão" ou "barro branco" (AB'SABER, 1977),

Ceará:

Segundo Veras Júnior (1986) a área em desertificação neste Estado corresponde a um total de 1451 km2 , no município de lrauçuba, integrante da micro-região de Uruburetama.

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Paraíba:

Na Paraíba os maiores riscos de desertificação, segundo Chaves (1986), ocorrem na região semi-árida, onde a utilização irracional do solo e da vegetação vem propiciando a intensificação do processo erosivo, agravado pelas características climáticas (grande potencial erosivo e má distribuição da chuva, altas temperaturas e ventos secos) que agravam a degradação do ambiente. Cerca de 27.750 km 2 (49,2% do Estado), apresentam riscos elevados e muito elevados de erosão, abrangendo em tomo de 68 municípios; e, de acordo com Leprum (1986), calado por este autor, "as zonas mais expostas a maiores riscos de erosão situam-se no embasamento cristalino do Pré-cambriano, onde os solos são rasos ou pouco profundos, pouco permeáveis, bastante instáveis e onde o relevo é côncavo-convexo ondulado, com declividades médias a fortes e muito fortes".

Amazônia:

Ab'Saber (1977), chama atenção para o processo de "savanização" ou degradação verificada em determinadas áreas da Amazônia Oriental, decorrente de desmatamentos indiscriminados, em áreas de condições ecológicas criticas.

Rondônia:

Com o avanço da colonização agrícola que vem incorporando ao processo produtivo, imensas áreas para o cultivo do arroz, soja e outras culturas, há sérios riscos de degradação, haja vista a ocupação indiscriminada de solos fora de sua classe de capacidade de uso e, particularmente, a sublimidade do clima predominante na parte oriental do Estado.

Paraná:

A região noroeste do Paraná, onde ocorre o Arenito Caiuá, submetida a um processo de ocupação agrícola sem as necessárias práticas de manejo e conservação do solo, apresenta problemas acentuados de degradação, notadamente na região onde as florestas foram derrubadas para implantação do café e depois cultivos anuais, numa região que engloba 154 municípios numa área de 7 milhões de ha. O arrastamento médio de solo, conforme diagnosticado pelo IAPAR é de 60 ton/ha/ano (SEMA, 1986).

Mato Grosso do Sul:

Também na região de ocorrência do arenito Caiuá, no sudoeste do Mato Grosso do Sul, na região da Colonização Canarana, com 50 mil ha, apresentam processos avançados de degradação dos solos. Após curtos períodos de atividades agrícolas (3 a 4 anos), utilizando sistemas de exploração, sem considerar a aplicação de técnicas de manejo e conservação do solo e da água, a região apresenta sintomas sérios de desertificação (SEMA, 1986).

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São Paulo:

De acordo com a SEMA (1986), mais de 70% da área cultivada está sob intenso processo de erosão. Em 1984, perdas de solo foram estimadas em 215 milhões ton/ano; incluindo 400 mil toneladas de nutrientes e 1,5 milhões toneladas/ano de fertilizantes. Segundo as estimativas do IAC, a maior incidência ocorre nas culturas anuais, onde dos 3,25 milhões de ha plantados, perdem-se 68,3 milhões/ton/ano (20,9 ton/ha/ano).

Rio Grande do Sul:

Na região da Campanha Rio Grandense, a sudoeste do estado, a desertificação nos municípios de Alegrete, São Francisco de Assis, Santana do Livramento, Rosário do Sul, Uruguaiana, Quaraí, Santiago e Cacequí. Em 1979 o somatório de pequenos núcleos perfazia um total de 3 mil ha de áreas nessas condições. Áreas mais susceptíveis à degradação ocupam 473 mil ha de solos originários de arenitos da Formação Botucatu e outras formações, que podem alcançar rapidamente o estádio de desertificação, se não forem cultivadas segundo a capacidade de uso e as técnicas de conservação e manejo. Estimativas feitas para 1985 previam perdas de solo na casa dos 242,4 milhões ha/ano, ou seja 2% ao ano da área cultivada (SEMA, 1986).

Minas Gerais:

De acordo com levantamentos apresentados por Boumgratz e Boaventura (1986), as áreas propensas à desertificação em Minas Gerais perfazem um total de 12.862 km2, distribuído em 3 áreas:

- Área I: compreende 11.446 km2, englobando as bacias dos rios Abaeté, Borrachudo e lndaiá, localizadas no centro oeste do Estado, sendo os três rios afluentes do São Francisco pela margem esquerda. Os principais municípios incluídos na área são: São Gotardo, São Gonçalo do Abaeté, Serra da Saudade, Santa Rosa da Serra, Matutina, Cedro do Abaeté, Morada Nova de Minas, Biquinhas, Arapuã e Patos de Minas.

- Área II: compreende uma área de 42 km2, na bacia do rio Gorotuba, município

de Francisco Sá, localizada na região centro-norte do Estado (Área Mineira do Nordeste). O rio Gorotuba é afluente da margem direita do rio Verde Grande, sub-afluente do São Francisco também pela margem direita.

- Área III: compreende uma área de 1.375 km2, localizada nas bacias dos Médios

e Baixos São Pedro e São Domingos, no município de Espinosa, localizado na região norte do Estado (Área Mineira do Nordeste). Os dos São Pedro e São Domingos são afluentes pela margem esquerda do Mo Verde Pequeno, sub-afluente do Rio Verde Grande, pela margem direita.

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5.5.4. Fatores que Contribuem para o Processo de Desertificação

De acordo com que foi abordado, parece que o homem é o principal agente da

desertificação, atuando no sentido de ampliá-lo numa velocidade bem maior do que seria o natural, sendo sua ação especificamente ligada ao uso inadequado dos solos e/ou uso dos solos fora da sua capacidade de uso, acelerando os processos de erosão, que culminariam com a desertificação, atingindo assim o grau máximo de degradação ambiental.

De acordo com Charbonneau et al. (1979), o desmatamento, a pressão de pastejo abusiva nas pastagens naturais, estepes e mesmo outras “ervagens” espontâneas ou criadas artificialmente pelo homem, combinadas ou não com o cultivo de solos frágeis, cuja estrutura pedológica não permite a utilização agrícola, favoreceram, se não provocaram a extensão das áreas desérticas.

Entretanto, de acordo com Boaventura (1986 a), o potencial de desertificação, está diretamente relacionado com a capacidade de auto-regeneração do ecossistema; de onde se infere que, por mais predatória que seja a ocupação humana em áreas com alto potencial de regeneração da cobertura vegetal, seria muito difícil atingir-se, nessas áreas, condições de deserto no sentido amplo do termo. Entretanto, poderão se formar desertos específicos, quer seja do ponto de vista florístico ou faunístico, pela rarefação e/ou desaparecimento de espécies, a exemplo do que já ocorreu em vastas extensões do país. Isto sem contar com as restrições à ocupação humana, em diversos graus, que já se constatam em várias regiões, provocadas pela utilização predatória dos recursos hídricos e dos solos.

Considerando, portanto o homem como o principal agente de desertificação, o equacionamento geral do problema deverá ser feito na seguinte linha de raciocínio (Boaventura, 1986 a): avaliar o impacto das atividades humanas sobre a maior gama possível de aspectos climáticos, zonas estas entendidas como uma gradação entre o máximo de aridez e o máximo de umidade climática.

Cabe ainda lembrar que nos países tropicais, além da erosão, os solos estão expostos ao perigo de laterização. De acordo com Charbonneau et al. (1979), imensas superfícies nas índias, no sudeste da Ásia e na África foram esterilizadas por este fenômeno. Quando a floresta primária tropical é destruída pela derrubada total, pelo pastoreio e cultivos abusivos, os efeitos conjuntos da lixiviação e insolação vão transformar a estrutura pedológica dos solos, que pela migração de diversos elementos minerais e alteração das argilas, expostas a freqüentes umedecimentos e secagem, transformam-se em uma "couraça laterítica" irreversível, que é logo posta a descoberto pela erosão, sobre a qual toda vida vegetal está comprometida. A formação de uma crosta laterítica, também conhecida como canga, muito comum em áreas de oxissolos no Brasil, pode ocorrer rapidamente; em alguns anos de uso descontrolado, os solos desflorestados podem estar irremediavelmente perdidos, não só para qualquer tipo de uso agrícola, mas para qualquer tentativa posterior de reflorestamento.

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Os fatores que contribuíram ou que contribuem para o processo de desertificação podem então ser agrupados em fatores naturais e aqueles artificiais (Vasconcelos Sobrinho 1978 a, b e SEMA, 1986). a. Causas Naturais da Desertificação:

São devidos a fatores do clima ou do solo em sua condição natural, ou seja, sem a intervenção do homem:

- baixo índice de pluviosidade; - distribuição irregular das precipitações durante o ano; - temperatura do ar e do solo relativamente elevadas; - baixa umidade relativa do ar; - intensa luminosidade e fotoperiodismo (mais de 3.000 horas de insolação

anualmente); - velocidade e temperatura dos ventos (quentes e secos), com alto poder de

desidratação; - altos índices de transpiração e evapotranspiração; - balanço hídrico deficitário; - solo raso (litólico) de difícil permeabilidade e baixa capacidade de retenção de

água, ou solos profundos de textura mais grosseira (Areias Quartzosas), com baixa capacidade de retenção de água.

Destes fatores resulta uma cobertura vegetal pobre, com elevado índice de permeabilidade à luz do sol e, em conseqüência, elevado poder de reflectância (albedo).

Nesse ecossistema frágil, de equilíbrio ecológico instável, os seres vivos, animais e vegetais, necessitam de profundas adaptações morfológicas e fisiológicas que lhes garantam a sobrevivência. No entanto, essa sobrevivência exerce-se dentro de estreitos limites de máximas e mínimas, de onde se infere que qualquer interferência inamistosa conduzirá ao desmoronamento deste equilíbrio instável, provocando a degradação progressiva do ecossistema e a implantação da desertificação. Esta interferência inamistosa é constituída pela atuação do homem através de práticas de ocupação do solo incompatíveis com o ecossistema ou então são devidos a catástrofes climáticas.

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b. Conseqüências da Desertificação:

São devidas ao mau uso e/ou uso das áreas, além de sua capacidade de suporte e que também contribuem para o processo de desertificação:

- esgotamento da fertilidade dos solos; - assoreamento dos cursos d’água; - ressecamento, compactação e quebra da estrutura dos solos; - diminuição das vazões dos cursos d’água; - abaixamento do lençol freático; - aumento na extensão e ocorrência de veranicos; - diminuição da diversidade da cobertura vegetal e organismos do solo (micro e

mesofauna); - aquecimento da atmosfera; - diminuição da produtividade agrícola; - pastoreio excessivo; - presença da erosão comum (sulcos e voçorocas); - extensas áreas com monoculturas.

Enquanto não há interferência humana, mantêm-se o equilíbrio entre a flora, a fauna e o meio, mas, quando o homem ocupa as áreas, derruba a cobertura vegetal e quebra um dos elos da cadeia de condicionantes do equilíbrio, provoca a ruptura do complexo e, conseqüentemente, a degradação do ambiente.

5.6. Práticas de manejo para conservação e recuperação de solos visando mitigação de impactos ambientais

Para fins de desenvolvimento de raciocínio considera-se aqui, que o manejo para

conservação tem como objeto aquelas áreas, nas quais, o potencial produtivo ainda não foi subtraído no seu todo; e o manejo para recuperação, visa aquelas áreas onde o uso inadequado tornou-as improdutivas, de tal maneira que sua conservação não faz sentido da forma em que se encontram, sendo necessário antes recuperá-los e, posteriormente, conservá-los.

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5.6.1. Manejo visando a Conservação dos Solos

Considerando então áreas que podem ser conservadas ou que se prestam para

conservação, todas aquelas onde o uso não causou, em termos de erosão, grandes perdas de material, provocando voçorocamentos e/ou desbarrancamentos, enquadram-se neste contexto, todas as classes de solos. Dessa maneira, aquelas áreas que tem capacidade para o cultivo agrícola (tendo em vista que a agricultura é uma das explorações que mais trabalha o solo), devem ser manejados considerando todas as práticas conservacionistas, notadamente, aquelas que tem o uso mais restritivo, apesar de poderem ser usadas para exploração mecanizada (Lepsch, 1991).

As práticas de manejo que visam a conservação dos solos sob os aspectos físicos, muitas vezes, são coincidentes com aquelas que visam a conservação dos solos sob os aspectos químicos e biológicos. Em primeiro lugar deve-se pensar nas técnicas de manejo que evitem a desagregação do solo, que é o ponto inicial do processo erosivo, o que, basicamente, seria o controle preventivo da erosão. De acordo com o Ministério da Agricultura (1983), a técnica consiste basicamente na implantação de práticas conservacionistas através do manejo adequado do solo e das culturas, de forma a impedir o impacto das gotas de chuva diretamente sobre a superfície do solo. Dentre as diversas alternativas destacam-se a implantação das culturas segundo a capacidade de uso do solo; a preservação de matas nativas (e/ou reflorestamentos); manutenção do "stand" ideal de plantas; rotação de culturas e consórcio; cobertura morta; adubação verde; e, quebra ventos.

Num outro estágio deve-se pensar em técnicas que facilitem a infiltração da água no solo, ou seja, técnicas que melhorem a sua estrutura e evitem a compactação. Cita-se entre essas técnicas o manejo da matéria orgânica, plantio direto, a sub-solagem, rotação e consórcio.

E, por último, pensar nas técnicas de manejo que visem a diminuição da velocidade de escoamento da água e, conseqüentemente, que impeçam o carreamento de material do solo. Além das técnicas citadas anteriormente, acrescenta-se as práticas mecânicas de controle de erosão.

O detalhamento das práticas de manejo que visam a conservação dos solos podem ser vistas no Módulo: Conservação de Solos - Bahia e Ribeiro (1994).

5.6.2. Manejo visando a Recuperação dos Solos

Recuperação dos solos diz respeito a qualquer tipo de reconstituição do substrato

(solo) para fins agrícolas ou conservacionistas. Não deve ser considerado apenas o mau uso ou seu uso como áreas de empréstimo, pois também as áreas garimpadas, margens de estrada, áreas super pastejadas e outras, necessitam ser recuperadas. Assim, quando se fala em recuperar solos considera-se aquelas áreas em que o uso as colocou em um estado de degradação tal que, a fixação da vegetação é muito lenta e muitas vezes impedida, devido ao acelerado processo erosivo a que estão sujeitas, e assim a sua re-utilização fica na dependência de uma reabilitação e/ou recuperação prévia.

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Pode-se definir essa reabilitação como sendo o conjunto de atividades que tem por objetivo recompor a paisagem e, consequentemente, diminuir o impacto ambiental.

Esta recuperação deve obedecer a um plano previamente estabelecido e que irá criar condições para o uso racional da área. Segundo Dias (1983), o sistema de reabilitação é específico para cada local e deve levar em consideração fatores diversos como localização, clima, topografia, estabilidade do terreno (solo e sub-solo), controle da água, condições do solo e vegetação.

O termo recuperação engloba todas as atividades que permitam o desenvolvimento de vegetação ou que permitam qualquer outra utilização racional do local alterado. Neste caso, um aspecto fundamental é o conhecimento do solo ou substrato, onde essa recuperação tem que ser conduzida. Os procedimentos específicos na recuperação de áreas degradadas dependem, essencialmente, das propriedades físicas, químicas e mineralógicas do solo ou do substrato, que deverá apresentar condições para o desenvolvimento das plantas.

Dentre os vários tipos de áreas degradadas, maiores atenções devem ser dadas àquelas originadas pela retirada da cobertura vegetal (principalmente florestal), tanto para exploração da floresta em si como para outros usos, tais como agricultura intensiva, pastagens, mineração e urbanização, abordando o processo básico da degradação das terras e enfatizando os caminhos da recuperação. Conforme Jesus (1992), a visão holística para interpretação das causas da degradação ambientar e as opções de recuperação, considerando as necessidades sociais, econômicas e ecológicas, é o primeiro passo para se atingir o sucesso na recuperação de áreas degradadas.

Na maioria das vezes as condições de restauração não são viáveis, visto que uma grande quantidade de material já não se encontra à disposição (voçorocas, áreas de empréstimo, mineração, etc.). Resulta assim a opção de se tomar medidas de recuperação e reabilitação. Entretanto, muitas vezes, tem-se uma indefinição quanto ao futuro uso e ocupação da área, tornando-se, as medidas de recuperação, mais apropriadas.

Nos casos de áreas de empréstimo, mineração ou grandes voçorocas, a recuperação e/ou reabilitação das áreas é bastante onerosa devendo, na medida do possível, ser acompanhada de planejamento baseado nas características do solo.

Os detalhes dos passos para a recuperação de áreas degradadas estão descritos no Capitulo 7, onde propõe-se uma seqüência de atividades a serem implementadas em áreas degradadas, baseada em experiências locais em áreas de empréstimo como no caso do convênio ESAUCEMIG/FAEPE segundo Davide, (1993); e para recuperação de áreas mineradas, segundo Moraes (1990), Dias (1982) e Martos et al. (1992), entre outros.

Independentemente do fim a que se destina a área, a primeira preocupação deve ser no sentido de dar condições para o desenvolvimento de uma nova cobertura vegetal, com espécies de ocorrência local e, na medida do possível, tentar recompor a paisagem natural nos aspectos relativos ao relevo e drenagem.

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ESTUDO DIRIGIDO:

1) Sintetize o processo de degradação do solo. 2) Considerando a erosão como o resultado da degradação do solo; explique

como todos os solos podem ser considerados altamente suscetíveis à erosão. 3) Com base nos mecanismos de erosão do solo, faça uma proposta de medidas

(práticas de manejo) visando a conservação do ambiente, para cada fase do processo erosivo.

4) O que você entende por impactos no solo devido à usos múltiplos? Quais são

os usos múltiplos que provocam impactos no solo? Faça uma síntese explicando os impactos de cada atividade considerada como uso múltiplo.

5) Conceitue: deserto, desertificação, processo de desertificação, área de

desertificação, área propensa à desertificação, deserto específico. 6) Quais são os fatores que contribuem para o processo de desertificação? 7) Propõe-se instalar um determinado empreendimento agrícola numa área

propensa a desertificação; considerando as causas naturais da desertificação, quais são os aspectos que devem ser levantados, para verificação da magnitude dos prováveis impactos advindos do empreendimento?

8) Quais são as principais conseqüências da desertificação? Faça uma

abordagem sucinta no resultado ambiental de áreas desertificadas e na dificuldade da recuperação da produtividade das mesmas.

9) Diferencie práticas de manejo que visam a conservação dos solos daquelas

que visam a recuperação dos solos.

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6 - ATRIBUTOS DO SOLO E A PREVISÃO DO IMPACTO AMBIENTAL

O solo constitui-se num fator essencial para a produção de alimentos e matéria-prima. E com a crescente demanda desta exigência, juntamente com a crise energética, a busca por alternativas agrícolas para minimizar e/ou solucionar esta questão passou a intensificar cada vez mais o uso do solo, ocorrendo como conseqüência o seu desgaste e empobrecimento acelerado. Atualmente, os países mais desenvolvidos se voltam para a questão ambiental dando fundamental importância à preservação dos recursos naturais, com grande destaque para a recuperação e conservação do solo. No Brasil, o desgaste do solo por atividades altamente empobrecedoras dos recursos naturais renováveis como a mineração e, sobretudo, o avanço dos processos erosivos nas terras agricultáveis, como nos estados do Sul e Sudeste, coloca em evidência a necessidade de se unir as forças para combater o fantasma da erosão.

O uso intenso das terras exploradas com culturas (anuais e perenes), pastagens e reflorestamentos ressalta a necessidade de se manter uma exploração racional a fim de se preservar o potencial produtivo dessas terras, assegurando o sucesso do empreendimento.

Neste contexto, o uso de atributos do solo identificadores de diferentes ambientes é uma ferramenta fundamental para direcionar práticas que reduzam o depauperamento a níveis toleráveis. Os mapas pedológicos contêm uma gama de informações básicas que, se devidamente exploradas, dão subsídios para uma exploração racional da terra. No entanto, tais informações nem sempre são de fácil acesso ao usuário, exigindo deste um conhecimento básico que lhe permita extrair todas as informações de interesse. Resende e Rezende (1983) sugerem, para melhor compreensão do mapa de solos, dividir o nome da classe principal de trás para a frente, ou seja, o relevo dominante; vegetação natural; a cobertura vegetal; o tipo de horizonte A e o nome do solo propriamente dito. Contudo, em se tratando de estratificação de ambientes com vistas aos impactos causados pelo uso do solo, há necessidade de se considerar outros atributos como cor, estrutura, tipo de horizonte C, mineralogia, etc., isto é, estratificar também o tipo de solo, sobretudo, os latossolos.

A seguir, é apresentado um detalhamento dos atributos identificadores dos ambientes.

6.1. RELEVO DOMINANTE

De acordo com Oliveira et ai. (1992), o termo relevo refere-se às formas do terreno

que compõe a paisagem. Pelo relevo, pode-se inferir sobre a dinâmica da água no perfil do solo pelas variações de infiltração e escorrimento superficial, os quais agem modificando o clima dos solos e, consequentemente sobre sua vida (ver Figura 3.3). Desta forma, solos mais declivosos apresentam-se mais secos que solos de relevo mais suave, mostrando diferenças significativas quanto a profundidade, tipo de vegetação (que varia também de acordo com a exposição à ação solar), tipo de uso e suscetibilidade à erosão. Logicamente, o relevo é um indicativo da possibilidade de impacto. Entretanto,

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uma análise mais detalhada do ambiente requer não o conhecimento do atributo do solo separadamente mas, as interações entre eles. Conforme Resende e Rezende (1983) o relevo analisado juntamente com a fase de vegetação original traz muitas informações importantes. Estes autores mencionam, por exemplo, o fato de ocorrência de relevo plano com vegetação de cerrado como indicativo de solo profundo. Uma exceção é observada quando se tem uma deficiência hídrica acentuada. O simples fato de um solo plano ser raso deixa claro a presença de algo que está impedindo o aprofundamento do perfil (ou é a deficiência hídrica ou o lençol freático elevado que está retardando a pedogênese, segundo esses autores).

Da mesma maneira, o relevo pode ser analisado juntamente com a cobertura vegetal, tipo de horizonte A (verificar presença de cascalho, calhaus e matações), tipo de solo, etc.

Além das informações fornecidas pelas interações entre os atributos, o relevo por si só fornece dados importantes, como por exemplo, quanto ao uso de implementos agrícolas e perda por erosão. A Figura 6.1 mostra a relação entre as classes de declive e o uso de implementos agrícolas, contudo, há variações de uso pelo relevo em função do tipo de solo. Quanto as perdas por erosão é mostrada na Figura 6.2 uma relação de perdas de solo em função do grau de declive e do comprimento de rampa (denominados de fator topográfico por alguns autores). Esta relação de perdas é muito importante em áreas com pastagem onde a queima periódica proporciona lavagem e arrasto de grande quantidade de cinzas, solo e sementes e em áreas de solo desnudo degradados por qualquer atividade antrópica (principalmente mineração, margens de rodovias e reservatórios, etc.). O efeito do comprimento de rampa sobre as perdas por erosão, apresentado por Bertoni et al. (1972) citados por Castro (1987) na Tabela 6.1, é bastante esclarecedor. Na referida Tabela, numa rampa de 50 m, os primeiros 25 m perdem 13,9 t/ha e os últimos 25 m, 25,9 t/ha, ou seja, quase o dobro. Já com a água da chuva observa-se uma tendência inversa. Isso não quer dizer que o comprimento de rampa seja mais ou menos importante que o declive. Ambos devem ser considerados em conjunto, pois, à medida que o caminho percorrido vai aumentando, não somente as águas vão-se avolumando proporcionalmente, como também a sua velocidade de escoamento. Em conseqüência, há aumento da erosão. Tabela 6.1. Efeito do comprimento de rampa nas perdas de solo e água por erosão com

1300 mm de chuva e declive de 6,5 e 7,5%.

Compri- Média 1º s 2º s 3º s 4º s % de mento t/ha 25 m 25 m 25 m 25 m Água da de Rampa de solo t/ha t/ha t/ha t/ha Chuva (m)

25 13,9 13,9 - - - 13,6 50 19,9 13,9 25,9 - - 10,7 75 26,2 13,9 25,9 38,8 - - 100 32,5 13,9 25,9 38,8 51,4 2,6 Fonte: Bertoni et al. (1972), citados em CASTRO (1987)

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Figura 6.1. Relação entre classes de declive e uso de implementos agrícolas.

Fonte: Modificado de West, segundo Curtis et al. (1965) a Almeida (1979), citados por Resende e Rezende (1983).

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Figura 6.2. Perdas por erosão do solo com declive S, e comprimento de rampa L, em

relação ao solo de referências (S = 4,5% e L = 30 m). Quando, por exemplo, o solo tem declive igual 10%, S = 10% e 1 = 30,0 m, as perdas por erosão aumentam cêrca de três vezes à do solo com S = 4,5%. Fonte: Stocking (1981), citado em Resende (1983).

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6.2. Vegetação natural

A vegetação natural ou original auxilia na interpretação das características do solo

e, por conseguinte, na previsão do impacto ambientar causado pela atividade antrópica. É um indicativo do clima do solo e, numa macroescala, segundo Resende et al. (1988), pode ser usada para obter informações sobre o mesmo. De acordo com esses autores (Tabela 6.2), há um aumento do déficit hídrico na direção de uma vegetação hidrófila para a caducifólia. Em sentido oposto, logicamente, aumenta a deficiência temporária de oxigênio. A queima de uma floresta será mais difícil em direção a vegetação hidrófila, entretanto, nas fases per úmida, perenifólia e parte da subperenifólia, culturas que necessitam de um período seco para maturação podem apresentar problemas. Os campos são muito relacionados com muita falta de oxigênio, falta de água ou de nutrientes, associada a altos teores de alumínio trocável.

Resende e Rezende (1983) mencionam que no caso da floresta, o fato de ser tropical ou subtropical dá indicações sobre o regime térmico. Neste caso, na floresta tropical, em geral, a temperatura é mais alta e há menor variação. Já na subtropical as temperaturas são mais baixas com maiores variações durante o ano.

Com referência aos tipos de vegetação original mencionado nos mapas pedológicos, o ambiente das florestas, cerrados, campos, caatinga, restingas e até mesmo a presença de carnaúba, praias e dunas, manguezais e vegetação rupestre são bastante específicos indicando ambientes peculiares, de maneira geral. Resende et ai. (1988) relacionam ainda as fases de vegetação com fertilidade do solo e deficiência de oxigênio (Tabela 6.3).

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Tabela 6.2. Formas de vegetação empregadas para colocar em fases as classes de solos.

Florestas

Equato- rial Tropical Subtro- pical Cerradão Tropical Cerrado Equato- rial Tropical Campos Equato- riais Tropicais Subtropi- cais

Hidrófila Higrófila Per úmida

Pereni fólia

(1) (2)

Subpere- nifólia (1) (2)

Subca- ducifólia

(1)

Caduci- fólia

(3)

(3)

(3)

(3)

(3)

(2)

(2)

(2)

Cerrado: vereda equatorial, vereda tropical, campo cerrado equatorial, campo cerrado tropical Campos: hidrófilo de surgente, pampas e xerófilo Caatinga: de várzea, do pantanal, hipoxerófila, hiperxerófila Restinga: arbustiva e campo, hidrófila, não hidrófila Outras: manguezal, praias e dunas, ciliar de carnaúba, rupestre e halófilas

Exemplo: floresta equatorial subperenifólia dicótilo - palmácea (1) acrescentar dicótilo-palmácea (babaçual), quando foro caso (2) distinguir altimontana (o), quando foro caso (3) de várzeas, quando foro caso

Fonte: EMBRAPA/SNLCS, citado por Resende (1982)

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Tabela 6.3. Interpretação de características morfológicas e ambientais (vegetação)

pertinentes à fertilidade ou a características mais diretamente relacionadas à fertilidade do solo.

Condição Interpretação

Floresta perenifólia Altos teores de matéria orgânica; distróficos; podem ser cauliní- (cotas elevadas) ticos ou até gibbsíticos - as partes mais elevadas do Brasil

Sudeste. Floresta subperenifólia Altos teores de matéria orgânica, distróficos (os

eutróficos são bem vermelhos) e cauliníticos. Floresta subcaducifólia Menores teores de matéria orgânica. Tendem a ser

eutróficos com mais freqüência. Floresta caducifólia Apenas os amarelados é que tendem a ser distróficos.

Existem alguns vermelhos também distróficos. Caatinga Apenas os amarelados e muito arenosos é que são

distróficos. Cerrado Em todas as suas modalidades tendem a ser álicos. Só (Cerradão a campo limpo) são eutróficos quando há uma deficiência de água

acentuada, geralmente por uma combinarão de clima não muito úmido e solos rasos.

Os teores de AJ tendem a crescer do cerradão ao campo limpo nas áreas em que a deficiência hídrica não é muito pronunciada (Triângulo Mineiro, por exemplo); numa boa parte dos Gerais do Norte de Minas e Sudoeste da Bahia, estas diferenças tendem a desaparecer.

Fonte: Resende et al. (1988)

6.3. Cobertura vegetal

A cobertura vegetal, a exemplo da natural ou original, é ótima indicadora dos

problemas ambientais. A distinção entre estes dois tipos é feita, considerando-se que a natural é aquela que originou após a formação do solo, enquanto que a cobertura vegetal é uma indicadora da condição atual do solo. Esta última situação é clara onde áreas antes ocupadas por mata foram desmatadas e substituídas por outra vegetação, como acontece com freqüência na região do Vale do Rio Doce, onde após o desmatamento foi semeado o capim colonião. Dada a alta fertilidade natural destes solos o colonião se alastrou com facilidade. No entanto, com o superpastejo e as freqüentes queimadas e chuvas

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torrenciais o solo foi se degradando gradativamente e o capim colonião foi, aos poucos, sendo substituído por gramíneas menos exigentes, como o capim gordura. Enfatizando este fato é mostrado abaixo (Figura 6.3) a "escada descendente feliz" ou "escada da ilusão" apresentada por Corsi (1988) no Simpósio sobre Manejo da Pastagem. Nesta escada, quanto menos exigente a gramínea mais baixa é sua localização (compare capim colonião com grama batatais, por exemplo). Reforçando esta seqüência, Resende et al. (1988) interpretam os ambientes de pastagens e culturas, ressaltando que o agricultor que não utiliza adubos escolhe intuitivamente áreas que tendem a ser mais férteis para as culturas (Tabela 6.4).

Em áreas marginais a reservatórios ou submetidas ao acúmulo de água, a vegetação original pode ser substituída por taboa ou por vegetação de brejo, características de áreas com deficiência de oxigênio. De acordo com Baruqui (1982), na Zona da Mata de Minas Gerais o capim gordura é a forrageira dominante, contudo, o capim jaraguá tende a ocupar com facilidade, as poucas manchas de solos menos distróficos e de coloração mais avermelhada, geralmente solos com B textura]. Na região de Janaúba (MG), o colonião predomina, mas o jaraguá ocupa áreas de solos com drenagem mais deficiente, argila mais ativa e nível de fertilidade maior (Viçosa, 1969).

Colonião, Napier Pangola

Brachiaria decumbens Brachiaria humidícola Andopogon Grama Batatais (gramão) Rebrota de Barba de Bode, Rabo de Burro, Sapé Figura 6.3. Escada descendente feliz ou escada da ilusão.

Fonte: CORSI (1988).

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Tabela 6.4. Interpretação de características morfológicas e ambientais (uso) pertinentes à

fertilidade ou a características mais diretamente relacionadas à fertilidade do solo.

Condição Interpretação

Pastagem de Solos distróficos, cauliníticos (geralmente) ou gibbsíticos; alta Capim Gordura* relação macroporos/microporos e altos teores de matéria

orgânica. Áreas normalmente não queimadas; perdas pequenas de K por erosão.

Capim Jaraguá Solo geralmente eutrófico, caulinítico; pode ter poucos

macroporos; teores de matéria orgânica variáveis, mas podem ser elevados. Em geral, grande exportação de K pela erosão, após a queima.

Capim Colonião Nas pastagens usadas mais intensamente, o solo é eutrófico

se o relevo for acidentado, podendo ser epieutrófico se o relevo for plano e o solo pouco permeável (tabuleiros costeiros, por exemplo).

Capim Sapé Solos distróficos, mas excepcionalmente pode ocorrer em solo

eutrófico. Abacaxi Muitos macroporos, teores relativamente baixos de Ca. Culturas anuais Ecossistemas menos distróficos, quando não se usam adubos (milho, feijão) e corretivos. * Segundo Morais, existem ecotipos tolerantes à deficiência de oxigênio.

Fonte: Resende et al. (1989)

6.4. Tipo de Horizonte A

Com referência a ocorrência de impacto ambientar, o tipo de horizonte A merece

destaque comparando-se os extremos, ou seja, A fraco com A chernozêmico, proeminente ou turfoso. Já o horizonte A moderado, por constituir-se num tipo de horizonte considerado refugo (quando não é encaixado em nenhum outro por qualquer requisito, cai no A moderado) é bastante amplo podendo ser variável desde próximo ao A fraco até ao A proeminente ou chernozêmico (ver EMBRAPA/SNLCS, 1988). Contudo, de maneira geral, Resende e Rezende (1983) comparam os tipos de horizonte A com espessura, teor de matéria orgânica e condição de drenagem (Tabela 6.5).

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Tabela 6.5. Tipos de Horizonte A em seqüência geral do aumento do teor de matéria orgânica e espessura.

_______________________Tipo de Horizonte A______________________

Fraco - moderado - chernozêmico - proeminente - turfoso

Espessura e teor de matéria orgânica aumentam

Semi- Subtropical Drenagem árido de altitude deficiente

Fonte: Resende e Rezende (1983)

Em comparação entre os horizontes superficial e subsuperficial, as variações de saturação por bases e por alumínio são também um indicativo da possibilidade ser maior ou menor, a ocorrência de impacto. Essas variações são mostradas na Tabela 6.6 e Figura 6.4. Ao se plantar determinada espécie sensível à toxidez de alumínio nas quatro situações mostradas na Figura 6.4, espera-se um comportamento diferente da cultura em

cada ambiente. No ambiente (1), solo epiálico-endoeutrófico com A > 0 há uma deficiência de água pronunciada, podendo limitar a produtividade das culturas quando ocorrer veranico. Tabela 6.6. Variação da saturação de bases e de alumínio nos horizontes A e B e

especificações correspondentes.

HORIZONTE ESPECIFICAÇÃO

A B a a Álico a d Epiálico, endodistrófico a e Epiálico, endoeutrófico d a Epidistrófico, endoálico d d Distrófico d e Epidistrófico, endoeutrófico e a Epieutrófico, endoálico e d Epieutrófíco, endodistrófico e e Eutrófico a = álico; d = distrófico; e = eutrófico Fonte: Resende e Rezende (1983)

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Figura 6.4. Esquema ilustrando relacionamento entre solos epiálicos-endoeutróficos e

epieutróficos - endoálicos e raízes de plantas sensíveis ao alumínio, sob duas condições de deficiência d'água: pronunciada (1) e (2) e nula (3) e (4). Fonte: Resende e Rezende (1983)

No ambiente (2), solo epieutrófico - endoálico com A > O a limitação é maior porque as raízes não encontram impedimento no horizonte superficial, porém não conseguem penetrar no subsuperficial e atingir a água disponível (não há água disponível

suficiente onde há nutrientes). No ambiente (3), solo epiálico - endoeutrófico com A = O, a situação é bem diferente daquela da situação (1). Embora o horizonte subsuperficial não tenha impedimento à penetração radicular, não havendo deficiência de água, as raízes não penetram muito no solo. É um ambiente não muito favorável para grande parte das

culturas. No ambiente (4), solo epieutrófico-endoálico com A = O, ao contrário do que aconteceu com o ambiente (3), a presença de raízes na parte mais fértil, bem provida de água favorece a maioria das culturas.

6.5. Classe de solo

Numa legenda do mapa pedológico, a parte principal da classe de solo vem

destacada por letras maiúsculas, ressaltando o maior teor de informações.

Conforme Oliveira et al. (1992), a distinção de solos é verificada mediante comparação da natureza da individualização de cada qual, expressa pela modalidade do perfil: isso implica na identificação dos conjuntos de atributos próprios dos horizontes integrantes de cada solo. O grupamento dos atributos escolhidos como critério diagnóstico para distinção dos solos têm significativa importância quanto a sua natureza e comportamento, influindo portanto, na magnitude do impacto causado pelo uso.

A simples distinção do tipo de solo é suficiente para se fazer uma inferência da possibilidade de uso racional do solo sem, contudo, reduzir seu potencial produtivo ou aumentar seu depauperamento. A identificação do horizonte diagnóstico subsuperficial (B

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latossólico, B textural, etc.) sugere medidas de controle da erosão através da adoção de certas práticas agrícolas e contribui para a preservação dos recursos naturais. Isto porque nos SDIOS onde há horizonte B, a identificação do solo, feda nas seções de controle, refere-se ao solum (horizontes A + B), enquanto naqueles que não o possuem, é geralmente considerado o horizonte C, ou em outros casos, na ausência deste, ao horizonte A. Portanto, ao referir-se por exemplo, a um latossolo ou podzólico, aluvial ou solo litólico, o pedólogo conhecedor das características de cada um, pode prever, de forma geral, a possibilidade de degradação.

Os latossolos têm geralmente profundidades maiores que os demais, ocupam posições mais estáveis da paisagem, enquanto os solos litólicos, quase sempre associados aos afloramentos de rocha, ocupam posições mais instáveis (relevo acidentado). Já os solos com B textural constituem um grupo intermediário entre estes dois extremos. Merecem maiores cuidados aqueles com B textural em que o horizonte superficial é de textura média ou arenosa.

Comparando-se as três principais classes de solos do Brasil, nos latossolos a estrutura dos horizontes A e B é semelhante, dando como conseqüência, melhores condições físicas para penetração do sistema radicular. Nos cambissolos e nos solos com B textura[, a diferença de estrutura causa adensamento do horizonte subsuperficial limitando a penetração das raízes. Os podzólicos são de fertilidade natural maior que os latossolos e, em Minas Gerais vários trabalhos têm mostrado que os cambissolos são de fertilidade natural inferior aos latossolos (os cambissolos mineiros tem, na maioria, como material de origem, a mica xisto - grupo Bambuí).

Entretanto, é entre os solos com B latossólico que estão as maiores variações em decorrência do ambiente de formação (geralmente a simples posição do solo na topossequência é um indicador da mineralogia do solo). Neste aspecto, observa-se variações mercantes dos diversos latossolos quanto ao seu comportamento químico e físico, sobretudo, no que se refere a adsorção de P e possibilidade de erosão (alguns são mais favoráveis a erosão laminar, outros aos sulcos e voçorocas), em função das diferentes proporções de caulinita, gibbsita, goethita e hematita (segundo Resende e Franzmeier (1982) estes constituem os principais minerais da fração argila dos latossolos brasileiros). Resende (1976) e Curi e Franzmeier (1984), concluíram que nestes latossolos, quando sob cerrado, a hematita tende a estar associada à gibbsita refletindo, basicamente, uma concentração relativamente alta de Fe em solução, enquanto a goethita tende a se encontrar associada à caulinita em condições de maior regime de umidade e matéria orgânica.

Trabalhando com três solos da região de ltumbiara (GO), Curi (1983) e Souza (1985) encontraram comportamento diferenciado entre eles, os quais ocupavam, respectivamente, as posições de topo (Latossolo Roxo distrófico), mediana da encosta (Latossolo Variação Una de coloração pela escala de Munsell correspondente a 5 YR 3/4, evidenciando maiores teores de hematita e gibbsita) e sopé (Latossolo Variação Una - 10 YR 3/4, com teores mais elevados de goethita e caulinita, porém sem hematita. Segundo Resende (1982) a adição de 1% de hematita fina (pulverizada) é suficiente para mudar a coloração do solo de 10 YR para 5,0 YR. As variações relativas à adsorção de P refletem no desenvolvimento das plantas que, por outro lado, contribui para uma cobertura vegetal

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de pior qualidade, podendo favorecer os processos de degradação do solo. Infere-se à goethita a maior influência sobre a adsorção de P.

Referindo-se à caulinita e gibbsita, tem-se que estes são os constituintes que governam a parte física do solo. Então, quem define a porosidade do solo é o tipo de argila (mineralogia) e não a quantidade desta. Uma argila gibbsítica é mais porosa, enquanto que a caulinítica define melhor uma estrutura em blocos. Portanto, quanto maior o teor de caulinita, mais adensado é o solo, ou seja, à medida que a % de caulinita aumenta, aumenta também a densidade aparente do solo. Também a condutividade hidráulica é influenciada pelo teor de caulinita, a qual é reduzida com o aumento desta. A erodibilidade do solo, que é dada pelo diâmetro médio geométrico (estabilidade de agregados) é reduzida com o aumento de caulinita.

Os elevados teores de ferro (hematita e goethita) e de alumínio (gibbsita) favorecem a estrutura granular, responsável pela pouca coesão entre as partículas em todo o perfil (quanto maior o teor destes óxidos mais solto é o solo - aspecto poeirento, pó de café. Compare um Latossolo Amarelo - baixo teor de Fe e AI, com um Latossolo Roxo, elevados teores). A explicação para a maior dureza e coesão dos latossolos mais amarelados em relação aos avermelhados ou roxos é devido ao ambiente de formação. Os primeiros têm menor anisotropria, ou seja, uma condição mais úmida organiza melhor as partículas de argila formando uma massa mais compacta (predomina a goethita e a caulinita). Por outro lado, a condição de menor umidade e matéria orgânica que favorece a formação da hematita (solos avermelhados ou roxos) proporciona deposições irregulares de óxidos de Fe e AI ao redor dos grânulos, dando um aspecto mais granular e permeável. Nestes, mesmo em relevos com pequenos declives, a erosão em sulcos progride rapidamente, juntamente com a tendência ao encrostamento. Neste caso, a permeabilidade pode ser reduzida, tanto pelo impacto das gotas de chuva como pela formação de camadas pouco permeáveis pelo uso de máquinas agrícolas. Nos solos mais amarelados há maior tendência de ocorrer erosão laminar. No entanto, independente destes aspectos, o uso de implementos agrícolas deve ser feito com cautela, uma vez que o teor de areia fina ou muito fina governa a possibilidade de compactação. Quanto maior seu teor, maior a disponibilidade de água, contudo, mais fácil é a compactação, devendo-se alertar para o manejo de solos ricos em material com esta granulometria,

Pelo exposto, pode-se concluir que o conhecimento detalhado das características e/ou propriedades dos solos é fundamental para o planejamento do uso visando manter seu potencial produtivo e preservar os recursos naturais.

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ESTUDO DIRIGIDO:

1) Explique de forma sucinta como, a partir de um Mapa de Solos, o nome das classes principais de solos, funcionam como ferramentas para estratificação de ambientes?

Obs.: Use a topossequência com as seguintes classes de solos considerando do topo do morro até a várzea: Re - Litossolo eutrófico A moderado textura média relevo escarpado fase floresta subtropical subperenifolia. TRe - Terra Roxa Estruturada eutrófica A proeminente textura argilosa relevo ondulado fase floresta subtropical subperenifolia. LRd - Latossolo Roxo distrófico A proeminente textura muito argilosa relevo suave ondulado fase cerrado. HG - Glei Húmico álico A húmico textura argilosa relevo plano fase campo hidrófilo. Sugestão: Analise profundidade, drenagem, infiltração, resistência a erosão, etc.

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7 - RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

7.1. Introdução

O conceito de área degradada é bastante amplo e envolve qualquer tipo de

degradação ou de poluição do ambiente, inclusive a contaminação do lençol freático. Depende, portanto, do aspecto a enfocar. De acordo com Williams et al. (1990), a degradação de uma área ocorre quando a vegetação nativa e a fauna forem destruídas, removidas ou expulsas; a camada fértil do solo for perdida, removida ou enterrada; e, a qualidade e regime de vazão do sistema hídrico for alterado. A degradação ambiental ocorre quando há perda de adaptação às características físicas, químicas e biológicas e é inviabilizado o desenvolvimento sócio-econômico.

Em um sentido mais específico, Grainger (1988) define como terras degradadas aquelas quando a modificação ou remoção substancial da composição e/ou estrutura de sua cobertura vegetativa e/ou quando o conseqüente esgotamento da fertilidade do solo pela agricultura tem prejudicado a estabilidade da ecologia e economia local e/ou regional. Jesus (1992) enfatiza que o problema envolvendo áreas degradadas torna-se mais complexo ao se diferenciar os vários tipos de degradação que podem ocorrer em virtude das atividades antrópicas no uso inadequado dos recursos naturais, e ao se considerar que o poder de alteração do homem aumentou exponencialmente nos últimos 50 anos, sem que houvesse uma conscientização equivalente das conseqüências que este "poder" acarreta.

Felizmente, porém, com o aumento da população e a necessidade crescente da disponibilidade de alimentos o tema "Recuperação de Áreas Degradadas", sob qualquer forma de uso, passou a ser uma preocupação a nível mundial. O Brasil é hoje um país para o qual os olhos do mundo inteiro se voltam quando se fala em meio ambiente, havendo também uma conscientização de que os efeitos deletérios da degradação ambiental têm que ser minimizados. Contudo, há também uma conscientização científica de que a defesa desses postulados não pode constituir-se num entrave ao desenvolvimento.

No contexto da recuperação de áreas degradadas há dois aspectos a considerar, quais sejam: a recuperação de áreas já degradadas por qualquer atividade antrópica, nas quais não houve preocupação e/ou exigência legal dos órgãos competentes quanto a sua recuperação e, áreas onde a atividade envolvida já prevê sua recomposição (conforme a Constituição Brasileira, promulgada em 5 de outubro de 1988, referindo-se as áreas de mineração). A Lei 6938, de 31 de agosto de 1981, modificada pela Lei 7804, de 20 de julho de 1989, já previa a recuperação de sítios degradados no seu artigo segundo. O Poder Executivo Federal, através do Decreto 97.632, de 10 de abril de 1989, regulamentou a Lei 6938, no que se refere à recuperação de áreas degradadas pela atividade mineraria. Segundo o referido decreto, os novos empreendimentos no setor mineral deverão apresentar ao órgão ambientar competente um Estudo de Impacto Ambiental / Relatório de Impacto ao Meio Ambiente - EIA / RIMA, juntamente com o Plano de Recuperação da área degradada - PRAD - pela atividade de mineração. No caso dos

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empreendimentos já existentes não submetidos anteriormente a esta exigência, foi dado um prazo de seis meses para que fossem apresentados seus Planos de Recuperação.

Embora os termos Recuperação, Recomposição, Reabilitação e Restauração sejam sinônimos, no enfoque de áreas degradadas alguns autores fazem distinção entre eles. Martos et al., (1992), mencionam que segundo Box (citado no Relatório nº 26.943, vol. I e II do IPT) as medidas adotadas podem assumir caráter de "restauração" caso haja a reprodução das condições exatas do local antes de sofrer uma determinada intervenção. A idéia de "recuperação" está relacionada aos trabalhos a serem realizados em uma área degradada, que objetiva restabelecer as condições ambientais, tornando-as semelhantes às condições anteriores à alteração. Já a "reabilitação" diz respeito à idéia de uso e ocupação do solo, de forma compatível com as condições estéticas circunvizinhas.

Neste aspecto, Dias (1982) define reabilitação como sendo o conjunto de atividades que tem por objetivo recompor a paisagem que foi perturbada pela atividade mineraria. Há vários objetivos opcionais, segundo Magnuson et al. citado por Carpanezzi et al. (1990), que orientam a recuperação de um ecossistema alterado: Restauração à sua condição original; Reabilitação pela restauração de algumas características originais mais apreciadas; ou criação de um ecossistema novo, totalmente distinto do original, com características desejáveis.

De qualquer forma, a recuperação de uma determinada área tem muito a ver com a atividade que a tomou degradada bem como com o uso futuro do solo. No entanto, independente deste fato, o primeiro passo será dar nova vida ao solo, devolvendo-lhe ou dando-lhe nova condição de sustentar eficientemente as plantas que comporão sua cobertura vegetal, ou seja, restabelecendo suas características físicas, químicas e biológicas. Assim sendo, a seguir serão descritas as operações básicas da recuperação de áreas degradadas, devendo-se alterá-las sempre que for necessário para garantir o sucesso da operação.

7.2. Atividades degradadoras

De maneira geral, as atividades causadoras da degradação das áreas são:

agropecuária, mineração, construção de estradas, barragens hidrelétricas, urbanização e industrialização.

7.2.1. Agropecuária

A agropecuária degrada o solo quando:

- áreas de cultivos e pastagens são abandonadas devido a uma queda na

produtividade. É freqüente, principalmente, na região dos Cerrados, Floresta Amazônica e Mata Atlântica. Na região dos Cerrados e Floresta Amazônica, o abandono ocorre devido à baixa fertilidade natural dos solos, geralmente. Na região da Mata Atlântica, embora grande parte dos solos sejam de fertilidade

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natural de média a alta, o relevo favorece a erosão e, muitas vezes, contribui para o abandono;

- se destroe matas ciliares para atividades agropecuárias (formação de pastagens

ou de áreas de cultivos sem risco de inundação ou por falta de outra área disponível), ou utiliza indiscriminadamente os agrotóxicos, os quais, além da contaminação direta dos produtos agrícolas (quando não se observa o período de carência) polui cursos d'água e lençol freático;

- se adota um sistema de drenagem inadequado que provoca assoreamentos e

erosão; - se implanta monoculturas por períodos prolongados, esgotando

demasiadamente os solos; - se adota práticas de manejo de forma errada, como a aração no sentido da

declividade, ou sem curvas de nível, ou sem nenhum tipo de prática conservacionista;

- se desmata sem controle e sem reposição, ficando as áreas desprovidas de

cobertura vegetal; - se usa a vegetação nativa como extrativismo (produção de carvão) sem um

plano de recuperação das áreas; - se tem a queimada como uma solução para a melhoria das pastagens e das

culturas. Essa prática, a curto prazo, pode até ser favorável, contudo, repetidamente ou sem se tomar os devidos cuidados, se constitui numa das grandes causas da degradação e depauperamento dos solos.

7.2.2. Mineração

A mineração, pelas suas peculiaridades, é uma das atividades que mais degrada o

solo num espaço de tempo muito curto. Tanto a mineração à céu aberto ou subterrânea requer grandes áreas como depósitos de estéreis e/ou rejeitos. Algumas atividades mineradoras, além de estéreis e rejeitos, geram outros poluentes que são os subprodutos ou produtos intermediários utilizados durante a fase de beneficiamento. Por exemplo pode-se citar a mineração da bauxita, onde, para separar a sílica do alumínio é empregada grande quantidade de soda. Esta soda tem que ser armazenada em locais próprios formando depósitos extensos. A mineração de aluvião degrada pelo desmonte hidráulico, pela dragagem ou pela garimpagem, alterando os cursos d'água e causando assoreamentos. Após a mineração o beneficiamento do minério degrada o ambiente através dos depósitos de rejeitos e sólidos em suspensão lançados nos cursos d'água. Além destes tipos de mineração, a exploração de pedreiras, cascalheiras e areiais necessitam de áreas de apoio para depósitos e circulação. Estas, pelo intenso tráfego são muito compactadas.

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7.2.3. Construção de Estradas

As estradas (rodovias e ferrovias) exigem cortes, aterros e áreas de empréstimo

que muitas vezes não são conservados ou recuperados. Como conseqüência, ocorrem deslizamentos de terras, desmoronamentos e voçorocamentos nas margens e proximidades dos cursos d'água.

7.2.4. Barragens Hidrelétricas

Nas barragens hidrelétricas a erosão se inicia com o barramento, quando áreas de

empréstimo, bota-fora e de apoio são deixadas sem o uso de medidas de controle dos processos erosivos. Após enchimento do lago, é comum a erosão por solapamento, em muitas áreas do entorno do reservatório provocada pelo embate das ondas ou pela oscilação da lâmina d'água em locais com solos suscetíveis e desprotegidos.

7.2.5. Áreas Urbanas

Nas áreas urbanas, a degradação ocorre com a abertura de loteamentos,

destruição da vegetação ciliar, aterros sanitários e lixões, drenagem inadequada das águas superficiais, crescimento desordenado da área urbana e pelo traçado urbanístico em desacordo com a topografia.

7.2.6. Indústria

A indústria degrada pela localização inadequada (locais não apropriados para sua

instalação) ou pela sua concentração em áreas limitadas; pelo abandono de áreas terraplenadas sem recuperação; pelos depósitos de rejeitos sólidos ou líquidos; pela poluição atmosférica (a exemplo do que acontece em Cubatão); e, pelo lançamento de poluentes líquidos nos cursos d'água eliminando matas ciliares, pântanos e mangues.

As atividades que degradam o ambiente são muitas e a intensidade de degradação é muito variável. Qualquer que seja a situação, uma área após explorada, tem que ser, obrigatoriamente, recuperada, no mínimo, a ponto de favorecer o crescimento e estabelecimento de uma cobertura vegetal suficiente para impedir que a erosão comece a atuar.

Portanto, a recuperação será o retomo da situação da degradação a uma forma e utilização de acordo com um plano pré-estabelecido para o uso do solo. Implica em que uma condição estável será obtida em conformidade com os valores estéticos e sociais da circunvizinhança.

Segundo Barth (1989), a recuperação não é um evento que ocorre em uma época determinada, mas um processo que se inicia antes do empreendimento e termina muito depois deste ter-se completado.

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7.3. Práticas adotadas na recuperação de áreas mineradas

Nas áreas a serem degradadas pela mineração, as operações, desde o

planejamento, são direcionadas de modo a minimizar o custo e o tempo da recuperação. Todavia, em áreas onde não se prevê a recuperação, pela falta de planejamento, o processo é mais caro, mais demorado e mais complexo. Esta situação acontece não somente com a mineração mas também na agropecuária. Ao se explorar extrativamente os recursos naturais o agricultor ou pecuarista estará dando oportunidade à instalação de processos erosivos ou depauperamento dos solos. A seqüência de operações e práticas é diferente para os dois casos, conforme é mostrada no fluxograma a seguir (Figura 7.1).

Figura 7.1. Fluxograma das atividades de recuperação de áreas degradadas pela

mineração de bauxita. Fonte: Williams et al. (1990) modificado

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De uma maneira geral, a recuperação de áreas degradadas pode ser dividida em duas fases: planejamento e execução. As etapas que compõem a recuperação de áreas degradadas devem ser realizadas de uma forma cronológica para permitir a autorealização do processo de recuperação.

7.3.1. Planejamento

É a fase mais importante em qualquer atividade, bem como no processo de

recuperação de áreas degradadas. É desta fase que depende o sucesso da exploração e sua reabilitação. Nela, são definidos os objetivos, o uso futuro e um plano de recuperação da área. Ela permite identificar problemas, delinear procedimentos, desenvolver cronogramas de execução e apontar alternativas durante todo o processo. Na fase de planejamento, são realizados levantamentos básicos com o objetivo de se obter informações necessárias à análise dos impactos e para o planejamento da recuperação. Estas informações são obtidas através de estudos de geologia, geomorfologia, pedologia, hidrologia, vegetação, fauna, qualidade da água, recursos paisagísticos e estéticos e fatores sócio-econômicos.

Definição dos Objetivos

Os objetivos da recuperação são definidos conforme o destino que se pretende dar à área. Varia para cada caso e conforme a situação.

Definição do Uso Futuro da Área

Após recuperada, a área deverá ser utilizada para outro fim, dependendo de vários fatores como: atividades exercidas nas redondezas, proximidade de núcleos urbanos, facilidade de acesso, nível cultural da vizinhança e dos freqüentadores, além do uso original da área. De maneira generalizada, o uso futuro do solo pode ser: conservação da vida selvagem (reserva); reflorestamento comercial; lavoura; pastoreio; piscicultura; urbanismo; área industrial e recreação / áreas de fazer / turismo.

Qualquer que seja o uso futuro do solo deve-se levar em consideração sua capacidade de uso e sua aptidão agrícola.

Plano de Recuperação

Permite identificar áreas problemáticas, áreas apropriadas para empréstimo, depósitos de rejeitos e estéreis. Após realização de levantamentos básicos que compõem o diagnóstico da área, é elaborado o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) contendo medidas mitigadoras que incluem o Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) e o Plano de Controle Ambiental (PCA). Após o EIA deve ser elaborado e apresentado ao

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órgão ambientar competente o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA) - ver Capitulo 4.

7.3.2. Execução

Compreende o conjunto de ações que complementam o programa de recuperação

da área. É a fase em que as etapas que constituem o plano de recuperação são colocadas em prática.

Esta fase requer uma equipe multidisciplinar trabalhando sinergisticamente com objetivos comuns. No entanto, é extremamente necessário um perfeito entendimento entre os membros da equipe.

A execução da recuperação engloba algumas etapas da fase de planejamento (pesquisa, sondagens, etc.), da mineração propriamente dita e do beneficiamento do minério, além de outras etapas que visam conservar o solo, prepará-lo para plantio, revegetação, uso futuro e monitoramento após implantação da cobertura vegetal.

Obras de Drenagem da Área a ser Lavrada

São obras que visam evitar que águas superficiais pluviométricas e de mananciais, entrem em contato com a mina e, posteriormente, contaminem os cursos d'água e as terras baixas durante a operação da mina. Estas obras visam ainda evitar ao máximo a ocorrência de processos erosivos e assoreamentos. Englobam a construção de valetas, canaletas, calhas, escadas, tubulações e bueiros. Essas obras "complementares" são obras de engenharia que visam o controle da sedimentação e da água ácida nos cursos d'água, preservando e minimizando os impactos nos recursos hídricos. Segundo Griffith (1980) as obras para controle da sedimentação englobam, dentre outras:

- instalação de represas ou escavações de lagoas para facilitar a deposição do sedimento das lavras;

- modificar o mínimo possível a área e a recuperação das áreas já conturbadas; - implantar, progressivamente, os trabalhos de gradagem e revestimento; - evitar a colocação dos restos das escavações nos cursos d'água; - evitara modificação do feito original dos cursos d'água; - evitar que a drenagem de estradas de acesso atinjam os cursos d'água, bem

como, a enxurrada da área superior aquela disturbada; - construir terraços ou banquetes que diminuam a velocidade de sedimentação

antes que estas atinjam os cursos d'água; e, - instalar barreiras para facilidade do controle da sedimentação.

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A água proveniente das áreas mineradas freqüentemente são ácidas, exigindo

obras que evitem que estas águas poluam os cursos d'água. Segundo Griffith (1980), estas obras englobam:

- desvio dos cursos d'água ou outra água superficial antes que chegue ao local minerado;

- avaliação do material geológico a ser trabalhado antes da mineração, tratando-

se com cuidado os materiais que contribuam para a acidez; e, - construção de represas ou lagoas especiais para o tratamento químico da água,

visando neutralizara acidez.

Estas obras de drenagem, além dos beneficies citados acima, favorecem o processo de recuperação por evitar que camadas de solo sejam arrastadas dos arredores da área minerada uma vez que esta se encontra sem vegetação.

Remoção da Cobertura Vegetal

É a retirada da vegetação da área a ser minerada. É uma operação que tem que ser realizada, pois o minério encontra-se abaixo da superfície do solo. Desta forma, uma maneira de reduzir os custos da recuperação é retirar todo o material de valor comercial. O que sobrou, entretanto, não deve ser queimado, pois poderá ser utilizado ou como fonte energética nas operações de beneficiamento ou ser convertido em cobertura morta para posterior aplicação na revegetação (Griffith et al. 1990). É recomendável que, no processo de retirada da vegetação se retire apenas o necessário procurando assim, reduzir a degradação. Em áreas de pastagem ou com vegetação rasteira, a retirada da vegetação deve ser feita juntamente com a camada superficial do solo. Quando se for usar a serapilheira como prática de revegetação esta deve ser retirada antes de se ratear a vegetação. Se esta não for usada imediatamente poderá ser armazenada por um período curto de tempo. No entanto, para se utilizar todo o beneficio da serapilheira, esta deve ser retirada e aplicada imediatamente na área a ser recuperada (pode ser utilizada em outra frente de lavra para recuperá-la).

Remoção da Camada e/ou Horizonte Superficial do Solo e Estocagem

Esta operação deve ser feita após a retirada da cobertura vegetal. Para a abertura da cava para a mineração, todo o solo acima tem que ser retirado. Esta camada de solo muitas vezes constitui o horizonte A, ou parte dele e/ou o horizonte B ou parte deste.

A camada superficial do solo (horizonte A), na maioria das vezes é mais rica em matéria orgânica, macro e mesofauna e nutrientes e deve ser retirada isoladamente e armazenada para uso posterior na revegetação. A camada abaixo desta, com menor teor de matéria orgânica deve também ser armazenada para uso posterior no reafeiçoamento da superfície após a mineração. A camada mais rica não deve ser armazenada por um período superior a dois anos e as pilhas não devem ter mais que 1,50 m de altura.

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Na abertura da cava para mineração é recomendável se retirar as camadas (ou

horizontes) obedecendo-se sua ordem para facilitar a reposição destas.

Sempre que for possível, a camada mais rica deve ser usada tão logo seja retirada. Havendo necessidade de estocagem, Williams et al. (1990) fazem algumas considerações, tais como:

- evitar a contaminação da superfície ainda não removida por lavagens e serviços de manutenção de veículos e maquinários (trocas de óleo) e trânsito sobre a área;

- identificar a espessura da camada superficial do solo que deve ser aproveitada; - evitar a mistura das camadas durante a remoção destas, evitando-se

comprometer a qualidade da camada superficial do solo; - ter o cuidado de não misturar camadas superficiais alteradas (oficinas, depósitos

de minérios, rejeitos, etc.) com camadas não alteradas. Estas camadas alteradas poderão ser utilizadas em outros locais em função do grau de modificação da qualidade original;

- evitar a compactação das pilhas da camada de solo estocado; - evitar ao máximo, alterar as características do solo removido. Um revolvimento

periódico do solo estocado promove uma aeração maior, favorecendo a preservação da atividade biológica;

- pode-se proceder uma cobertura das pilhas por vegetação morta, serapilheira ou

pelo plantio de gramíneas e/ou leguminosas para se evitar a lixiviação e insolação, propiciando também a manutenção das características, atividade biológica e umidade do solo;

- preparar previamente os locais das pilhas, fazendo-se obras de drenagem e

proteção. Com isso, evita-se perdas de solo e nutrientes por erosão e lixiviação.

Lavra do Minério

As operações de lavra causam grandes impactos ao ambiente desde a fase de pesquisa até o término de todo o processo. No entanto, durante a lavra propriamente dita, esses impactos estão principalmente relacionados com a compactação do solo tanto no local quanto nos arredores, devido as operações minerarias e manobras de máquinas e veículos que retiram e transportam o minério.

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Deposição de Estéreis e Rejeitos

De acordo com Williams et al. (1990), estéril é uma substância natural (solo, subsolo, rocha) não aproveitável economicamente, que ocorre em camadas (horizontais ou inclinadas), corpos irregulares - ambos encaixando o minério, ou intimamente ligado a ele. E, rejeito, é uma substância não econômica, separada do minério por beneficiamento e que pode estar na forma de fragmentos ou partículas secas, ou em via aquosa.

Assim sendo, o estéril consiste, na maioria das vezes, de materiais diversos como camada superior de subsolo, rochas decompostas ou em decomposição, ou rochas sãs. Dentro do possível, o estéril deverá ser colocado no depósito na mesma seqüência do jazimento. Contudo, ambos, nem rejeito nem estéril podem ser lançados diretamente nos cursos d'água. Quando necessário o tratamento, após tratados podem ser usados para preenchimento do corte de lavra. Quando não é possível usá-los para preencher a cava, deverão ser depositados, conforme sua natureza, em áreas próprias tomando-se cuidados especiais, sobretudo, no que se refere à recuperação (revegetação), à contaminação atmosférica e/ou do lençol freático ou dos cursos d'água. Uma outra situação é quando o rejeito é gerado distante do local da escavação. Neste caso, este material deverá ser depositado também de forma a não contribuir com a degradação e/ou poluição ambiental, conforme definido na fase de planejamento. Desta forma, existem dois tipos de depósitos: a seco e, em bacias confinadas.

Recomposição Topográfica e Paisagística

É uma operação realizada após o término da mineração de uma área. Tem como objetivo, devolver uma composição estética harmoniosa e agradável para a percepção humana, ou seja, recuperar a topografia e a paisagem originais desfiguradas pelas atividades minerarias. São obras de terraplenagem onde se pretende aproximar ao máximo da conformação original. Para se evitar a erosão estas obras visam dar estabilidade ao solo e aos taludes, controlar a erosão, aspectos paisagísticos e estéticos e o uso do solo pré-definido.

A recomposição paisagística tem o mesmo objetivo da recomposição topográfica, ou seja, preservar as paisagens de destaque, esconder certas alterações, abrigar a mina ou os depósitos de estéril, estruturas e outras modificações da paisagem. Enfim, visa complementar a paisagem natural, eliminar toda infra-estrutura desfigurante da paisagem, além de manter a exuberância da vegetação, usando espécies e técnicas adequadas que sustentem o verde e o desenvolvimento das plantas (Williams et al., 1990).

Preparo do Solo para Revegetação

São operações que devem ser realizadas para dar ao solo minerado e remoldado, condições mínimas para germinação e desenvolvimento das plantas. Engloba operações que visam melhorar as condições químicas e físicas do solo e controle da erosão. Estas envolvem: recolocação da camada de solo estocado; obras de drenagem; descompactação; e, correção da fertilidade do solo.

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Em se tratando de recuperação de área degradada, o ponto de partida é formar um substrato capaz de garantir o sucesso da revegetação. Portanto, as operações a serem realizadas tem o objetivo de dar, ao solo degradado, condições para receber e sustentar as plantas, ou seja, enriquecer a base (solo) a fim de que se tenha condição de germinação, crescimento e manutenção de espécies.

- Recolocação da camada de solo estocado

É uma operação que deve ser realizada após a recomposição topográfica, recobrindo-se toda a superfície, inclusive taludes, com uma camada regular de solo obedecendo a topografia. A recolocação de uma camada de solo mais fértil (aquela que estava armazenada) visa acelerar o processo microbiológico do solo, uma vez que esta contém consideráveis teores de nutrientes, matéria orgânica e microrganismos.

Esta operação pode anteceder as obras de drenagem, quando for possível executá-la na estação seca. No entanto, em qualquer situação, deve-se minimizar a movimentação de equipamentos e máquinas para evitar aumento da compactação. Caso seja necessário, pode-se adicionar outros componentes como o composto orgânico e/ou a serapilheira.

- Obras de drenagem

Uma parte da rede de drenagem é construída antes do decapeamento do terreno para lavra. A outra parte da rede de drenagem é construída após o término da mineração e início do processo de recuperação propriamente dito, ou seja, quando todas as operações são voltadas para a recuperação da área.

As obras de drenagem são obras que devem ser feitas na área minerada para impedir que as águas superficiais escoem livremente sobre o terreno remoldado e arraste a camada superficial do solo. Além de provocar a erosão, a falta destas obras pode causar assoreamento dos cursos d'água e de terras baixas e desmoronamento de taludes. Portanto, são obras de engenharia e/ou de drenagem que tem o objetivo de desviar as águas fluviais. Incluem valetas, canaletas, calhas, escadas, tubulações, bueiros e bacias de sedimentação. Sempre que estas obras apresentarem declividade com risco de erosão, elas devem ser revestidas por um material estável ou serem revegetadas.

É mudo importante o controle da erosão nos trabalhos de recuperação para se obter melhores resultados. As práticas são dependentes da declividade do terreno, do tipo de solo e do clima, principalmente. Em terrenos com declividades maiores que 20%, pode-se construir bancadas (terraços em patamar), sempre que tipo de solo oferecer risco de erosão, no entanto, pode-se dispensar esta prática quando o solo for resistente. Em áreas com declives menores que 20% pode-se construir terraços em camalhões, os quais, conforme o tipo de solo, devem ser locados em nível ou com baixo gradiente (1-2%) para permitir o escoamento das águas de chuva até o sistema de drenagem, construídos de acordo com as práticas de conservação do solo (Bertoni e Lombardi Neto, 1990). As mesmas considerações feitas para as obras de drenagem na área a ser lavrada devem ser adotadas nesta fase. Embora seja uma prática eficiente no controle da erosão, o uso de terraços em patamar ou em camalhões altera a paisagem original. O

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remodelamento do terreno acompanhando as formas originais pode ser um risco. Em locais onde as chuvas são regulares e bem distribuídas, esse remodelamento pode funcionar eficientemente. Entretanto, em outras áreas onde há um período seco pronunciado (4-5 meses/ano) e as primeiras chuvas são torrenciais, o remodelamento apenas pode ser catastrófico, favorecendo o arraste de grande quantidade de solo. Portanto, na escolha da forma de remodelagem da superfície, todos esses aspectos devem ser minuciosamente considerados, optando-se pela(s) prática(s) mais eficiente(s). Muitas vezes há necessidade de associar mais de uma prática para maior eficiência.

- Descompactação

É uma prática que deve ser realizada após o recobrimento da área com a camada de solo estocada, visando romper as camadas compactadas do sub-solo. Para que a descompactação seja eficiente, deve-se identificar o grau e a profundidade da camada compactada. Para tal, deve-se fazer uma análise das características físicas do solo e do sub-solo. Uma alternativa mais prática, porém menos precisa, é o uso do penetrômetro. ara medições mais precisas deve-se usar o cilindro de Uhland. A determinação do grau de compactação através do uso do penetrômetro não é uma boa medida, uma vez que, é muito dependente das condições do solo no instante da medição, sobretudo quanto ao teor de umidade. No entanto, as determinações físicas como a densidade do solo e a porosidade são mais realísticas na identificação da compactação do solo.

Uma vez determinada a profundidade da camada compactada, o próximo passo é o uso de práticas corretas para se atingir e romper esta camada. Tais práticas podem ser mecânicas ou culturais conforme Bertoni e Lombardi Neto (1990), ou seja:

a) Práticas mecânicas

São práticas que aumentam a capacidade de infiltração de água e de ar no solo. Em condições normais, a subsolagem é a melhor prática comparada à aração ou escarificação rasa, para atingir profundidades maiores. A presença de oxigênio é fundamental ao metabolismo da planta, resultando em um aumento de volume explorado pelas raízes.

A descompactação, quando necessária, poderá ser feita com subsolador ou com escarificador, dependendo da profundidade da camada compactada (rasa = escarificador; profunda = subsolador).

A subsolagem deve ser feita com equipamentos corretos e à profundidade suficiente para romper a camada compactada. Deve-se ter cuidados especiais na subsolagem, ou na descompactação tais como:

- nas áreas onde já se colocou a camada de solo estocado, evitar que na descompactação ocorra mistura ou inversão de camadas. Isto prejudica a qualidade da camada superficial;

- fazer a subsolagem em curvas de nível ou com pequeno gradiente para evitar a

formação de depósito de água;

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- dimensionar o espaçamento adequado das subsolagens; - realizar a subsolagem com solo seco para se ter melhor resultado. Caso

contrário há aumento da compactação.

b) Práticas culturais

São práticas que se referem ao manejo do solo interado ao desenvolvimento da vegetação. A camada compactada é rompida através do uso de espécies vegetais com sistema radicular profundo capaz de quebrar estas camadas; espécies com diferentes características de desenvolvimento; e espécies vegetais com grande densidade radicular para aumentar a porosidade do solo.

Outra maneira de favorecer o rompimento da camada compactada é a incorporação de matéria orgânica que propicie a redução da densidade do solo, ou através do uso de adubação verde, aumentando a nitrogenação do solo.

A compactação resulta em significantes alterações na vegetação e nas propriedades físicas do solo. Um solo compactado tem baixa capacidade de infiltração e distribuição da água, menor porosidade e redução das trocas gasosas entre o solo e a atmosfera, ocasionando o impedimento da ação capilar da água e o aumento da erosão laminar superficial. Também as raízes tem seu desenvolvimento prejudicado. Vários pesquisadores tem demonstrado o efeito da compactação do solo sobre o desenvolvimento das plantas. Dentre estes, Smeitzer et al., (1986) enfatizam a sobrevivência de populações microbianas em um solo submetido à compactação. No tratamento testemunha (sem compactação) os pesquisadores encontraram abundante população de fungos, bactérias, nematóides e artrópodes. No entanto, Fusarium sp foram isolados nos tratamentos onde não foi aplicado mulch ou no tratamento testemunha. Nos tratamentos onde a compactação foi aplicada por dois anos foram verificadas diferenças na população microbiana, entretanto, essas diferenças não foram observadas cinco anos após a compactação. Este fato deixa clara a idéia de que há uma adaptação dos microrganismos ao ambiente inóspito (compactação), contudo, há necessidade de algum tempo para que isto ocorra. Numa área suscetível à erosão, tal adaptação não chega a acontecer e ocorre, portanto, a degradação do solo. Donnely e Shane (1986), verificaram que houve aumento da densidade do solo, da resistência à penetração de raízes, da umidade da superfície do solo e da temperatura do solo com a compactação. Em conseqüência, houve decréscimo na capacidade de infiltração e no crescimento radial das espécies Acir robrum e Quercus velutina. Contudo, aplicação de mulch minimizou os efeitos da compactação. Torna-se evidente, portanto, a necessidade da descompactação do solo.

- Correção da Fertilidade do Solo

Após a mineração, o reafeiçoamento do terreno devolve ao local um amontoado de terra, composto de subsolo, estéril e fragmentos de rocha. Portanto, não constitui, um solo nem oferece condições para germinação, manutenção e desenvolvimento das plantas. Por ser um material deficiente em nutrientes e, muitas vezes, contendo elementos tóxicos às plantas, antes da revegetação da área há necessidade de se proceder uma correção da fertilidade do "solo". Embora tenha sido adicionada uma camada de solo "fértil" que

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encontrava-se estocada para tal, o material que encontra-se abaixo desta não dispõe de condições satisfatórias para sustentação da vegetação.

É importante se fazer análises químicas das áreas para se conhecer os potenciais e as limitações. Com os resultados de laboratório, deve-se avaliar e definir os níveis de correção da fertilidade (pH, macro e micronutrientes, matéria orgânica) e adubações de manutenção. Além destas análises, é recomendável se fazer análises químicas periódicas para um monitoramento da fertilidade do solo e do desenvolvimento das plantas.

O preparo das áreas é efetuado com a correção da acidez do solo, utilizando-se de preferência, calcário dolomítico e com a aplicação de fertilizantes fosfatados, sempre observando as recomendações da 4a aproximação (CFSMG, 1990). Estes insumos deverão ser aplicados nas áreas a serem recuperadas, segundo as recomendações baseadas nas análises de solo, sendo sua incorporação feita por ocasião da sub-solagem das áreas. A adubação da cova para o plantio consiste de uma mistura de esterco de curral curtido, adubo formulado, calcário e terra.

No caso de não se ter material para recobrir o solo, e pela experiência do convênio UFLA/CEMIG/FAEPE, recomenda-se, no primeiro ano, o preparo da área (substrato de latossolo) com uma subsolagem; sulcamento e abertura de covas, sendo a adubação feita na cova com 150 g de calcário dolomítico; 10 litros de esterco de curral; 100 g de superfosfato simples; 200 g de fosfato natural; 20 g de cloreto de potássio (Davide, 1993). Esse material deverá ser bem misturado com um pouco de terra no fundo da cova, antes do plantio. No segundo ano, recomenda-se fazer uma adubação de cobertura com nitrogênio. Em áreas de solos pobres, com cobertura vegetal pouco diversificada e muito reduzida, fazer calagem a lanço seguida de incorporação através de gradagem leve (grade aberta) antes da subsolagem. A quantidade de calcário será determinada pela análise química do solo de cada área.

Revegetação

A revegetação de uma área degradada é o objetivo de um programa de recuperação. Contudo, as atividades mineradoras, bem como qualquer outro processo de degradação, eliminam a vegetação original e dificultam o revestimento vegetal. Além disso, a topografia e o solo ficam de tal modo conturbados, que qualquer tentativa de restabelecimento da cobertura vegetal deve ser precedida de um preparo da área, a fim de controlar a ação das enxurradas e da erosão.

O revestimento vegetal de locais degradados diminui substancialmente os impactos provocados pela degradação sobre os recursos hídricos, edáficos e visuais da área. De acordo com Williams et al. (1990), a revegetação é a principal prática para se obter a formação de um novo solo, controlar a erosão, evitar a poluição das águas e, se for escolhida a manutenção da vida selvagem como uso futuro do solo, promover o retorno dessa vida. Além do mais, a revegetação deve sempre promover o retorno da mata natural, através do plantio de espécies nativas e colocação de serapilheira na superfície do solo.

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A implantação de espécies nativas (arbóreas) e as plantas nascidas da serapilheira podem não dar o impacto visual rápido das espécies exóticas, porém, ecologicamente, é a melhor prática. O uso da serapilheira geralmente dá uma cobertura mais rápida e densa ao solo, devido ao banco de sementes existente nela. Todavia, em algumas situações como nos taludes, por exemplo, esta prática não é mais eficiente, devendo-se preferir o plantio por hidrossemeadura. Cabe ressaltar que, para a recuperação de áreas degradadas deve-se considerar os conceitos de sucessão ecológica.

A maior dificuldade na recuperação de superfícies degradadas é a modificação radical do ambiente. Entretanto, segundo Jesus (1992), tal modificação pode também tornar-se um fator positivo, caso se parta do princípio de que, a restauração não é a melhor solução. Havendo total alteração do meio, sua "nova" moldagem pode ter por base as necessidades e exigências específicas da população próxima ou do manejo da macro-paisagem.

A revegetação engloba duas etapas: preparo do solo e implantação da vegetação. O preparo do solo envolve todas as operações desenvolvidas desde a fase de planejamento até a fase imediatamente anterior a esta. Nas fases até a lavra e beneficiamento do minério, embora diretamente não se esteja preparando o terreno para o plantio da vegetação, indiretamente todas as operações visam proteger o solo contra a ação dos processos erosivos e/ou favorecer o processo de preparo posterior, uma vez que todas as ações são direcionadas para a recuperação do solo.

A prática de revegetação envolve: uma seleção de espécies vegetais; e, semeadura e plantio.

a) Seleção de espécies vegetais

Na escolha de espécies para o restabelecimento artificial da vegetação devem ser observados alguns critérios específicos como.- a influência da planta sobre a fertilidade do solo; a sua utilidade como abrigo e alimento para a fauna; seu efeito estético; a compatibilidade das espécies (plantar vegetação de vários estratos, como por exemplo, herbáceas + arbóreas, gramíneas + arbóreas, arbóreas + arbustivas, etc.), (Jesus, 1992; Martos et al., 1992). O ideal é implantar uma mistura de espécies de rápido crescimento com outras de crescimento mais lento. O plantio homogêneo de espécies somente é recomendável quando se pretende um reflorestamento comercial. A escolha de espécies para recuperação deve ser feita tendo em vista os objetivos a curto e longo prazos, as condições químicas e físicas dos locais de implantação, o clima, a viabilidade de sementes, a taxa e a forma de crescimento, a compatibilidade com outras espécies a serem implantadas, o retorno da vida silvestre (fauna) e outras condições do local. Em resumo, deve-se fazer uma criteriosa seleção de espécies mais adaptadas e adequadas, bem como dos tratos culturais a serem executados nessas áreas (Williams et al., 1990).

As opções para implantação da vegetação são: espécies herbáceas, espécies arbustivas/arbóreas e gramíneas.

Quando se for usar espécies herbáceas para a revegetação, deve-se ter o cuidado para não implantar espécies potencialmente invasoras que possam criar problemas nas propriedades vizinhas e/ou no equilíbrio ecológico da região. Deve-se ainda, levar em

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consideração o uso futuro do solo (o principal determinante da escolha da(s) espécie(s) a implantar), as características do solo, o clima, a tradição agrícola da região, etc.

Deve-se selecionar espécies com sistema radicular profundo e, se possível, estoloníferas a fim de possibilitar um entrelaçamento superficial ou subsuperficial visando melhor controlar a erosão. Sempre que for conveniente, deve-se optar por uma mistura de gramíneas e leguminosas (estas fixam nitrogênio favorecendo o crescimento das plantas). Como o objetivo da revegetação é implantar uma cobertura vegetal permanente no solo e, que proporcione uma proteção eficiente contra atuação dos processos erosivos, deve-se plantar as espécies herbáceas nas áreas onde se pretende implantar espécies arbóreas ou naquelas áreas onde o uso futuro do solo seja a manutenção da vida silvestre (reserva ecológica). As herbáceas, por serem de crescimento mais rápido, dão ao solo uma eficiente cobertura e, consequentemente uma boa proteção contra a erosão até que as espécies arbóreas se desenvolvam satisfatoriamente. Neste aspecto, é extremamente importante se fazer uma seleção de espécies para evitar a implantação daquelas muito agressivas e de porte alto que possam abalar as mudas. Espécies altamente sujeitas a incêndios também devem ser evitadas. Um outro aspecto importante é a época de germinação das espécies utilizadas. Diferentes períodos de germinação numa mesma área tem a vantagem de promover uma cobertura inicial rápida na espera daquelas de germinação mais demorada. Apresenta, ainda, a vantagem de diluir os efeitos das pragas que poderiam atacar determinadas espécies enquanto outras não seriam atacadas, além de se conseguir um visual heterogêneo, muitas vezes benéfico para a estética da paisagem.

Quando se for usar espécies arbustivas/arbóreas o ideal é a implantação de uma vegetação próxima aquela original da área. Contudo, onde já não existe a vegetação nativa há algum tempo, tem-se a opção da implantação de espécies exóticas adaptadas à área (neste caso trata-se de florestamento e não de reflorestamento). Entretanto, nas áreas antes cobertas por vegetação nativa recomenda-se a implantação apenas de espécies nativas, salvo as situações onde se prevê para uso futuro, o plantio comercial (eucalipto, pinus, etc.). Ao se usar espécies nativas, deve-se promover uma seleção de espécies de forma que se tenha uma percentagem maior (50 – 60%) de espécies de rápido crescimento (pioneiras), uma percentagem de 40 - 30% de espécies de crescimento intermediário (secundárias iniciais e tardias) e cerca de 10% de espécies de crescimento lento (clímax). Dentre estas espécies, selecionar algumas frutíferas e melíferas, para favorecem a polinização e a disseminação entre as espécies por pássaros e insetos, respectivamente.

Tomando-se como exemplo a experiência do convênio CEMIG/UFLA/FAEPE (Davide, 1993) a combinação das espécies que foram utilizadas na represa de Camargos (Itutinga-MG), de acordo com o grupo ecológico a que pertencem, constituiu de 50% de espécies pioneiras, 40% de espécies secundárias (30% de secundárias iniciais e 10% de tardias) e, 10% de espécies clímax, conforme Tabela 7.1.

No uso de espécies exóticas, ou de nativas de outras regiões, para manutenção da vida selvagem, devem ser escolhidas espécies que não prejudiquem a formação de sub-bosque, de serapilheira, ou de outras plantas herbáceas e arbustivas.

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Tabela 7.1. Sugestão de distribuição das espécies por grupos ecológicos em número de mudas por hectare.

GRUPO ECOLÓGICO ESPÉCIE NÚMERO DE MUDAS

Pioneiras (50%) Candiúva (35%) 778 Capixingui (10%) 222 Jurubeba-de-árvore (5%) 111 Secundárias Iniciais Cinamomo 95 Casca de arroz 95 (30%) Bracatinga 95 Angico amarelo 95 Guapuruvu 95 Fedegoso 95 Cassia verrugosa 95 Secundárias Tardias Angico vermelho 111 (10%) Jacarandá mineiro 111 Clímax (10%) Peroba rosa (2,5%) 56 Jatobá (2,5%) 56 óleo bálsamo (2,5%) 56 lpê (2,5%) 56 Fonte: DAVIDE, (1993)

b) Semeadura e Plantio

A implantação da cobertura vegetal pode ser feita através de semeadura, no caso do uso da serapilheira ou espécies gramíneas ou herbáceas, ou plantio de mudas como no caso de espécies arbustivas ou arbóreas.

De acordo com Williams et al. (1990), a serapilheira é o material solto na superfície da mata ou capoeira naturais, composto de folhas e pequenos galhos em decomposição e repleto de microrganismos, insetos e sementes de plantas herbáceas, arbustivas e arbóreas. É o verdadeiro banco genético de tudo que ocorre no ambiente natural. Seu uso na revegetação protegerá a superfície do solo dos raios solares, conservará a umidade do solo, fornecerá micro e mesofauna do solo e sementes de plantas que vem juntamente com a serapilheira coletada, criará condições para o desenvolvimento das plantas e fauna contida nelas, bem como o retorno da macrofauna.

Sua coleta deve ser feita com rastejo (nunca cavando o solo), juntando o material solto na superfície do solo. Deve ser feita na época das chuvas nas áreas próximas a área a ser recuperada, no máximo um dia antes da sua colocação. É recomendável que a coleta da serapilheira seja feita em cerca de 1 m2 a cada 25 m2 ou em filas de 1 m de largura espaçadas de 10m. A área desnuda deve ser recoberta com serapilheira vizinha. O uso da serapilheira na revegetação de áreas degradadas deve ser feito espalhando-a

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manualmente na superfície do terreno (após devidamente preparado), sem a incorporação ao solo, na época das chuvas e no mesmo dia, ou no máximo, no dia posterior à sua coleta na mata. Sua aplicação sobre a superfície do solo, em áreas onde se vai plantar mudas, deve ser feita após o plantio das mesmas.

Na literatura, muitos trabalhos enfatizam a importância da serapilheira na recuperação de áreas degradadas. Em uma floresta de Araucaria angustifolia em São Mateus do Sul (PR), Britez et al. (1992) encontraram uma produção total de serapilheira em torno de 6.500 kg/ha /ano sendo que a maior deposição ocorreu no período da primavera. Foram depositados ao solo florestal pela serapilheira, cerca de 90 kg/ha de N; 60 kg/ha de Ca; 30 kg/ha de K; 16 kg/ha de Mg e 6 kg/ha de P. Na localidade de Lapa (PR), Koehler e Reissmann (1992) encontraram quantidades inferiores numa avaliação de 15 anos. Foram depositados, aproximadamente, 4.600 kg/ha de serapilheira e os macronutrientes foram depositados na seguinte ordem: Cu > N > Mg > K > P. Em Ponta Grossa (PR), numa floresta de Pinus taeda, Koehler et al. (1990) encontraram quantidades depositadas de serapilheira variando de 6.700 a 8.400 kg/ha sendo a maior quantidade depositada no outono. Quantidades aproximadas a estas (cerca de 7.200 kg/ ha), foram encontradas por Teixeira et al., (1992) na Reserva Biológica do Instituto de Botânica, São Paulo, em uma Floresta Pluvial Atlântica.

Esses dados ressaltam a importância da serapilheira na ciclagem de nutrientes em uma mata. Servem, ainda, como indicativo do efeito benéfico da serapilheira em áreas a serem revegetadas. A produção de serapilheira constitui a principal via de transferência de materiais produzidos e elementos minerais da vegetação para o solo. À medida que a floresta atinge a maturidade, a demanda nutricional vai sendo suprida cada vez mais pela ciclagem solo-planta-solo, assegurando, desta forma, a contínua produtividade desde que, outros fatores limitantes não sejam mais importantes. Isso explica a exuberância de algumas matas (principalmente na região Amazônica) em solos extremamente pobres, onde a mata uma vez retirada, deixa um "quase deserto".

O processo de semeadura de espécies rasteiras ou herbáceas pode ser feito à lanço ou por hidrossemeadura, dependendo da declividade do terreno. Em áreas pouco declivosas, a semeadura pode ser feita à lanço (manual ou mecânica) ou em linha. Quando realizada à lanço é recomendável se fazer a cobertura rasa das sementes. Antes da semeadura, deve-se fazer a escarificação das sementes, quando necessário e, no caso das leguminosas fazer a inoculação. A semeadura deve sempre ser realizada no período das chuvas.

Em áreas muito declivosas, deve-se realizar a hidrossemeadura ou o plantio de mudas, estolões ou placas.

A hidrossemeadura é o recobrimento, por via aquo-pastosa, de uma área descoberta com sementes de espécies herbáceas ou gramíneas e outros materiais que induzem a fixação e crescimento das sementes, e a retenção da umidade. É aplicada por maquinário apropriado, consistindo de um tanque com pás agitadoras num eixo horizontal e moto-bomba para a aplicação de seguinte mistura: corretivo do pH do solo (calcário, gesso agrícola ou cal); adubação química/orgânica, celulose ou papelão picado para conservar a umidade; adesivo específico para fixar a semente e celulose; e, sementes de

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gramíneas e leguminosas, colocadas por último para diminuir sua queda por atrição mecânica.

Espécies arbustivas e arbóreas podem ser plantadas também por meio de semeadura direta. Nesse caso, deve-se fazer uma mistura de espécies arbustivas e arbóreas nativas, que devem ser espalhadas manualmente e cobertas levemente usando o rastejo ou em pequenas covas (1 ou 2 cm). Esta operação deve ser realizada sempre antes da aplicação da serapilheira e antes do plantio por hidrossemeadura, quando forem feitas na mesma área. Entretanto, seja por plantio direto ou hidrossemeadura, quando necessário deve-se fazer a quebra da dormência para antecipar a germinação. Os métodos mais comuns são: abrasão mecânica, cotação em areia, fervura ou imersão em ácido sulfúrico concentrado.

O mais comum é se fazer o plantio de espécies arbustivas e arbóreas através de mudas. Todavia, para a implantação de reflorestamentos (plantio de espécies antes existentes) a disponibilidade de mudas de espécies nativas constitui-se num grave problema. Geralmente há necessidade da implantação de um viveiro próprio, o que certamente exigirá uma coleta de sementes nas matas e/ou capoeiras dos arredores. Com o auxilio de um mateiro conhecedor das matas da região, deve-se coletar, além das sementes, material botânico que servirá para a identificação das espécies provenientes das árvores matrizes; a coleta deverá ser feita a cada um ou dois meses, levando-se em consideração que em uma mata que contenha uma diversidade boa de espécies, há uma produção de sementes durante o ano inteiro.

Uma vez produzidas as mudas, estas devem ser plantadas em covas. Deve-se optar por mudas pequenas (até 20 ou 30 cm), porém, quando o tamanho da semente permitir as mudas devem ser feitas em tubetes. O plantio não deve ser alinhado para não dar a idéia de arborização, devendo-se distribuir as mudas ao acaso, sempre espaçadas de acordo com as espécies utilizadas, com a topografia do terreno e com o uso futuro da área. As dimensões da cova também vão depender da espécie utilizada, do tamanho e tipo da muda, das condições físicas e químicas do solo e da topografia. Para controle da erosão pode-se fazer antes do coveamento, sulcos em nível.

Quando se usar espécies exóticas, ou nativas de outras regiões, ou quando o uso futuro do solo for para manutenção da vida selvagem, os espaçamentos devem ser maiores que 3 x 3 m para não causar total sombreamento e reduzir a deposição de acículas (Williams et al.,1990).

Alguns pesquisadores sugerem dispor as mudas no campo em quincôncio, sendo que, cada muda de espécie secundária ou clímax se posicionará no centro de um quadrado composto por quatro mudas de espécies pioneiras, observando-se o espaçamento indicado, como mostra as Figuras 7.2 e 7.3.

Cabe ressaltar que, o esquema de plantio em quincôncio não dá uma idéia de mata natural e sim de arborização. Além do mais, a percentagem de espécies pioneiras é maior (cerca de 67% contra 50-60% citado anteriormente). Contudo, é um esquema onde a área é melhor aproveitada e a distribuição das mudas por grupo ecológico é facilitada. Portanto sempre que possível deve-se utilizar espécies nativas da região e espaçamento ao acaso.

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P - - - P - - - P - - - P - - - P - - - P - - - P - - - P

C - - - SI - - - ST - - - SI - - - C - - - SI - - - ST - - - SI - - - C

P - - - P - - - P - - - P - - - P - - - P - - - P - - - P

declividade do terreno

Onde: P representa espécies pioneiras; C espécies clímax; SI secundárias iniciais e ST secundárias tardias.

Figura 7.2. Disposição das mudas no campo segundo modelo proposto por vários

pesquisadores. Fonte: Davide (1993)

Por ocasião do plantio deve-se tomar alguns cuidados como não colocar o adubo mineral em contato com a raiz, retirar a embalagem para o plantio, não dobrar as pontas das raízes, não enterrar demasiadamente a muda ou colocá-la pouco profunda, e quando necessário, amarrar as mudas altas a estacas para evitar quebra ou tombamento com o vento. Além destes cuidados, realizar o plantio no período das chuvas (irrigar quando necessário), colocar na cova uma boa mistura de adubo orgânico, mineral, solo e corretivo da acidez, combater formigas cortadeiras, fazer bacias de captação de água ao redor das mudas (coroamento) e, fazer aceiros para evitar fogo.

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Figura 7.3. Modelo teórico de plantio baseado em dados de campo com onze meses de

idade. Fonte: Davide (1993).

Monitoramento

A área minerada revegetada exige uma constante vigilância ou monitoramento do empreendedor quanto a instalação e desenvolvimento da vegetação para manutenção e êxito da revegetação, uma vez que nem todas as mudas plantadas pegam ou se desenvolvem satisfatoriamente, havendo necessidade de substitutas. Há também necessidade de monitorar a parte nutricional, observando-se o aparecimento de sintomas de deficiência ou de toxidez, fazendo-se a correção em tempo; controlar o ataque de pragas e doenças e, manter o reafeiçoamento de terraços e obras de drenagem, evitando a instalação e evolução de processos erosivos.

A correção dos sintomas de deficiência deve ser feita embasada em resultados de análises do solo do local a ser corrigido. O ideal é se retirar amostras do solo e da planta com e sem sintomas de deficiências ou de toxidez para se estabelecer uma comparação

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dos níveis nutricionais e estabelecer parâmetros mais seguros de correção. Deve-se ainda manter o coroamento das mudas para se evitar a competição em luz, água e nutrientes.

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ESTUDO DIRIGIDO:

1) Dentre as várias atividades degradadoras do ambiente, na sua opinião, qual é a que causa mais impacto? Justifique sua resposta.

2) Qual (ou quais) o (s) principal (is) fator (es) que é (são) decisivo (s) na escolha

das espécies ou do tipo de vegetação que devem ser utilizadas na recomposição vegetal de uma área degradada (por qualquer atividade degradadora). Comente sua resposta.

3) Na seleção de espécies florestais para recuperação de uma área degradada

(pela mineração, por exemplo) quais os pontos principais a serem considerados.

4) Como você justifica a importância do grupo ecológico das espécies num

programa de revegetação de áreas degradadas. 5) Qual a diferença entre o plantio de espécies florestais com espaçamento

definido e alinhadas e o plantio com espaçamento aleatório. Qual você usaria e porquê?

6) Quais os pontos comuns e quais os divergentes entre as práticas

conservacionistas e aquelas para recuperação de áreas degradadas, considerando-se que dentre as etapas ou fases de um progresso de recuperação, muitas vezes são utilizadas práticas conservacionistas.

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8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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