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Faculdade Anhanguera Polo Acaraú
Serviço Social
Fundamentos Históricos e Teórico – Metodológicos do Serviço Social III
Professora EAD: *
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SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS E OPORTUNIDADES EM FACE AO
MUNDO CONTEMPORÂNEO
Acaraú – CE
Novembro de 2014
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Introdução
O presente artigo visa aprofundar os conhecimentos sobre o Serviço Social, mostrando
como é realizado o trabalho do/a profissional Assistente Social diante da questão social, nos
diversos âmbitos de atuação, assim como, mostrar conceitos que persistem em acompanhar a
profissão ao longo dos anos.
Apresentar a questão do Assistencialismo e Filantropia no contexto histórico e atual do
Serviço Social, uma vez que o Assistencialismo nasceu da escassez de fontes de renda devido
ao surgimento do capitalismo e do crescimento industrial, e que com o decorrer do tempo
tornou-se uma cultura comodista a qual se introduziu na sociedade de tal forma que impede o
cidadão/ã de lutar por sua própria dignidade, desencorajados na maioria das vezes pela falta
de oportunidades e de estudos compatíveis às ofertas de trabalho.
Mostrar que as atividades filantrópicas, por sua vez, suprem as necessidades básicas de
acordo com a capacidade de atuação de cada uma, são merecedoras de todo respeito, pois os
voluntários que nelas atuam trabalham por amor ao próximo e sem essas instituições, muitas
pessoas estariam no completo abandono.
Observa-se por fim que o leque de vagas de empregos para o exercício profissional do
Assistente Social atualmente é amplo, os/as profissionais podem atuar no setor privado, na
área do mercado; no setor público, nas três dimensões do Estado; e no terceiro setor, nas
Instituições Filantrópicas e Religiosas, Organizações Sem Fins Lucrativos (OSFLs) e as
Organizações Não Governamentais (ONGs).
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Importância e reflexões acerca do Serviço Social
Falar sobre a importância do Serviço Social na atualidade é falar também de desafios e
oportunidades no decorrer do exercício profissional, uma vez que o/a Assistente Social
trabalha em meio às múltiplas questões sociais, sendo assim, mediante as condições impostas
pelo sistema capitalista, o/a profissional passa a ser um mediador, e é nessa mediação onde
vemos a enorme importância do Serviço Social.
A lei que regulamenta a profissão coloca que:
Art. 4º Constituem competências do Assistente Social:I - elaborar, programar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares;II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil;III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população;IV - (Vetado);V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos;VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais;VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais;VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo;IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade;X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de Unidade de Serviço Social;XI - realizar estudos sócio-econômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades. (Lei nº 8.662, de 7 de junho de 1993)
A profissão de Assistente Social possui diversas áreas de atuação, o que possibilita a
escolha para melhor execução do trabalho, visando sempre preservar, defender e ampliar os
direitos dos usuários. Um profissional capacitado e consciente busca a justiça social, através
de projetos, programas, ações e Políticas Sociais eficientes, onde haja uma orientação e
possíveis resoluções para as situações enfrentadas pelos indivíduos. O processo de pesquisa e
formulação de projetos é indispensável, uma vez que o objetivo para os resultados é assegurar
a qualidade de vida dos usuários.
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Diante das expressões das questões sociais, o/a profissional Assistente Social faz sua
determinada intervenção quando formula e programa propostas para enfrentar as questões
sociais, propiciando assim a plena cidadania e inserção dos usuários assistidos. A questão
social é definida como o objeto de trabalho do Serviço Social, o que é confirmado nas
palavras de Iamamoto:
Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública, etc. Questão social que sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela resistem, se opõem. É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movido por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade. [...] A questão social, cujas múltiplas expressões são o objeto do trabalho cotidiano do assistente social. (IAMAMOTO, 1997, p.14)
Uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Serviço Social - CFESS traçou o perfil dos
profissionais de Serviço Social no Brasil. No ano da pesquisa, em 2005, foi registrado o
número de 74 mil Assistentes Sociais no país, mostrando o exercício da profissão é liderado
por mulheres, sendo exercida apenas por 3% de homens.
O setor público é o que mais emprega, cerca de 80% dos profissionais, ou seja, o
Assistente Social pode ser considerado um funcionário público, observa-se que esse setor é
uma forte tendência de atuação. As empresas privadas empregavam um total de 10% da
classe; e os profissionais de Serviço Social nas ONGs, representando o terceiro setor,
somavam de 6% até 7%.
A carga horária semanal de trabalho fica entre 30 e 40 horas; a questão do salário é o
que mais preocupa, pois os salários variam muito no Brasil, sem um piso salarial digno há
uma intensa desigualdade em relação à remuneração, sendo assim, a questão salarial é pautada
como um grande desafio na atualidade.
No decorrer da execução do trabalho de Assistente Social, é preciso estar preparado
para enfrentar situações de vulnerabilidade social, observadas em diversas situações como na
saúde, moradia, segurança, alimentação, desemprego, entre outras necessidades; mas é diante
dessas situações que o/a Assistente Social entra em ação, evidenciando os direitos e deveres
que todos nós temos, o trabalho dos profissionais de Serviço Social é definido por Iamamoto:
A atuação profissional do assistente social tem como objeto de trabalho a questão social e suas múltiplas expressões, que se constitui, assim, como matéria-prima de seu trabalho. E o produto desse trabalho é a interferência do mesmo na reprodução
da força de trabalho, influindo, assim, diretamente, na disputa de hegemonia presente na sociedade. (IAMAMOTO, 2006)
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Cabe ao Assistente Social prezar pelo seu exercício profissional, seja em qualquer
âmbito onde ocorre a atuação, é de extrema importância a formação de profissionais
informados e críticos, que assumam o compromisso com o usuário, buscando assim a defesa
dos direitos dos indivíduos.
Serviço Social diante da Filantropia e do Assistencialismo
A Filantropia significa amor à humanidade, presta “assistência” a quem dela precisar,
motivada pela vontade de ajudar os mais necessitados como prática social, com o propósito de
amenizar as carências do próximo, sendo uma ação social sem fins lucrativos.
As atividades filantrópicas consistem no fazer o bem ao próximo, suas ações são
mantidas através de doações em forma de dinheiro, roupas, medicamentos, alimentos,
brinquedos, e utensílios domésticos; são atividades humanitárias que podem ser realizadas em
hospitais, igrejas, comunidades, entre outros. A prática da Filantropia é a mesma da caridade,
termo usado pelos cristãos que se tornou mais expressivo com o desenvolvimento industrial e
a aceleração do modo de produção capitalista, pois aos trabalhadores excluídos do processo
de produção restava-lhes a ajuda da Igreja Católica para a sua subsistência e de seus
familiares.
Durante o decorrer dos anos a Filantropia vem passando por mudanças, adaptando-se
ao contexto atual, com a criação de leis que regularizam as atividades filantrópicas. Para
adquirir reconhecimento junto ao Estado é preciso apresentar os seguintes títulos: Declaração
de Utilidade Pública (federal, estadual ou municipal) e a de Conselho de Entidade Beneficente
de Assistência Social - CEBAS, através do Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS.
As Organizações não governamentais - ONGS, por exemplo, são entidades com ações
filantrópicas, porém não são todas as detentoras do CEBAS.
O Assistencialismo configura-se em ações pontuais que visam assistência momentânea
através de gêneros de primeira necessidade; movidas pelo Poder Público, entidades ou pela
sociedade civil como forma paliativa, ou seja, não transforma a realidade social das camadas
mais vulneráveis e não garante a cidadania, apenas causa certo “alívio” temporário. Os
programas de Assistencialismo do Estado não resolvem os problemas sociais, que na sua
maioria, são gerados pela má utilização dos recursos públicos. As Políticas Sociais são
lembradas apenas em épocas de campanhas eleitorais, caindo no esquecimento logo após a
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posse dos eleitos, sendo assim, na prática do Assistencialismo há dominação, vinculando as
pessoas pelo valor da gratidão.
Os Direitos Civis, Políticos e Sociais devem ser usufruídos por todo cidadão/ã
independente da classe social a qual pertença, programas assistenciais soam como favor e
caridade, tirando o foco da verdadeira obrigação do Estado, que é a de garantir aos
cidadãos/ãs uma vida digna, numa sociedade sem exclusões, e isso não é pedir muito, é
simplesmente o retorno dos impostos pagos pela sociedade em geral, porém o que se vê são
esses recursos sendo usados de outra forma e não para aquilo ao qual deveriam ser utilizados.
Suprir o básico é disfarçar o necessário, é não fornecer o essencial, uma vez que a pobreza
nunca será erradicada de fato se o Poder Público continuar mantendo essa política
conservadora e de interesses do Estado e do Capitalismo, em relação à assistência.
A Assistência Social no Brasil foi regulamentada como Política Pública através da Lei
Orgânica da Assistência Social, que prevê em seu Art. 1º:
A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. (Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993)
Há quem ainda diga, pense e veja que o/a Assistente Social é aquela pessoa boazinha
com a função de ajudar todo mundo, que atua somente na prática filantrópica, mas o Serviço
Social visa como objetivo a garantia dos direitos e assistência aos indivíduos em situação de
vulnerabilidade. O/A Assistente Social atua como profissional técnico em várias áreas, através
de pesquisas e análises da realidade social, buscando a preservação, defesa e ampliação dos
Direitos Humanos, para assim alcançar a Justiça Social.
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O/A Assistente Social no âmbito dos setores privado e público e do terceiro setor
O mercado de trabalho para os/as profissionais de Serviço Social é considerado estável
e com perspectivas positivas de novas oportunidades, o que possibilita a atuação em diversas
áreas, dentre o setor privado, o setor público e o terceiro setor. Atualmente o avanço e
implantação de Políticas Públicas através do Sistema Único de Assistência Social (SUAS),
ampliou o leque para o exercício profissional dos/as Assistentes Sociais, assim como as vagas
de empregos encontradas nas fundações empresariais, Organizações Sem Fins Lucrativos, nas
ONGs, e Instituições Filantrópicas e Religiosas engajadas na solução das questões sociais.
O setor privado abre espaço para o/a Assistente Social desenvolver seu trabalho, que
se configura basicamente em relação aos serviços sociais oferecidos pelas empresas; como
motivar os trabalhadores para o cumprimento das normas da empresa, garantir os benefícios
oferecidos aos empregados, prezar pela segurança dos funcionários/as, além de assegurar a
saúde ocupacional e a qualidade de vida dos trabalhadores/as. Na área de Recursos Humanos
atualmente há uma grande oferta de emprego para os/as profissionais de Serviço Social; com
pesquisas no espaço empresarial, o/a Assistente Social pode elaborar projetos que visem às
relações interpessoais e a qualidade de vida do empregado daquela empresa, e programar
ações de prevenção de riscos sociais, uma vez que o
Serviço Social, continua sendo responsável pela administração de quase todos os benefícios oferecidos pela empresa (transporte, assistência médica e odontológica). Assim, o que vem ocorrendo é uma ampliação de suas funções, entendidas a partir das estratégias de competitividade adotadas pelas empresas. (ABREO, 2001)
O/A Assistente Social também pode analisar a relação do empregado e empregador,
buscando a resolução de possíveis conflitos. Ações como o acompanhamento nas licenças de
trabalho, as causas do afastamento do funcionário do seu posto de trabalho, também fazem
parte da rotina do/a Assistente Social em empresas, o que remete até mesmo nos princípios da
profissão, onde o trabalho era aliado às indústrias para controlar a classe trabalhadora. Porém
o Serviço Social passa a assumir o compromisso com as lutas da classe contra a exploração
dos trabalhadores/as por aqueles que detêm o capital, na busca de melhores condições de
trabalho. Infelizmente atuando no espaço empresarial, o/a Assistente Social se vê
impossibilitado/a de fazer uma intervenção transformadora, resumindo suas ações em
fiscalizar e controlar os funcionários; o/a profissional encontra contradições, principalmente
quando os seus serviços só são de interesse para a empresa, na questão de garantir o bem estar
dos funcionários para obter mais lucro na produção.
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Esse é um grande desafio para os profissionais da área, pois muitas vezes dentro do
espaço das empresas são encontrados diversos limites para a efetivação do trabalho, mas em
meio a esse campo de contradições é possível o/a profissional de Serviço Social fazer
articulações, para realmente garantir o bem estar dos trabalhadores/as e de suas famílias, com
o atendimento as necessidades e demandas encontradas nessa relação de empresa e
funcionário, pois se de um lado, há os interesses das empresas em ter mão de obra eficaz para
a garantia do lucro, por outro lado, surge uma sociedade que cobra do setor privado, o
compromisso de desenvolvimento social.
No setor público o/a Assistente Social pode trabalhar nos governos municipal,
estadual e federal, devem trabalhar buscando atender as demandas, para garantir aos
indivíduos assistidos os direitos sociais previstos em lei. Em meio a uma sociedade onde
existe uma grande desigualdade social, que em diversos momentos o Estado se omite diante
dos problemas sociais, o/a profissional de Serviço Social tem como objetivo entender os
indivíduos como seres sociais que estão passando por situações que podem ser mudadas,
através de um trabalho conjunto, com responsabilidade e ética, para assim alcançar resultados
eficazes e a justiça social.
A atuação acontece nas áreas de saúde, em hospitais e centros de saúde; de habitação,
em serviços municipais voltados a programas habitacionais; de educação, em serviços de
apoio a educação, como ações culturais e programas de bolsas de estudo; no atendimento a
dependentes químicos, com programas que visem à recuperação e prevenção do uso de
entorpecentes; no sistema prisional e de previdência social. Trabalho voltado à assistência
social aos idosos, pessoas com deficiência, crianças e adolescentes; atuar na gestão de
Políticas Públicas e Sociais; na Seguridade Social; no espaço Jurídico-social; na Justiça, em
Varas da família e da infância e juventude acompanhando, por exemplo, processos de adoção.
O Sistema Único de Assistência Social - SUAS ao ser instalado a partir de 2005
significou certa evolução nas Políticas Públicas, municipalizou as ações nessa área com novos
locais de atendimento nos municípios, o que ampliou o mercado de trabalho para os/as
Assistentes Sociais. Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento e Combate a Fome -
MDS, houve a criação de 5.142 Centros de Referência de Assistência Social - CRAS e 1.434
Centros de Referência Especializados, empregando no mínimo dois Assistentes Sociais em
cada centro. Os Núcleos de Atendimento à Família - NAF e os Centros de Atenção
Psicossocial - CAPS registraram aumento nas demandas, resultando em uma significativa
ampliação desses espaços de atendimento; destaque para os CAPS que passaram por um
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processo de transformação em relação às internações em sanatórios, mudando os
atendimentos aos doentes mentais. O campo da saúde e das políticas de assistência social são
os que mais dão oportunidades, mas há necessidade de contratação de Assistentes Sociais para
trabalharem nos institutos de Previdência Social e no Poder Judiciário.
A Política de Assistência Social é dever do Estado e direito do cidadão, uma vez que é
reconhecida como Política Pública e regulamentada em 1993 pela Lei Orgânica da
Assistência Social - LOAS. Para atuação no SUAS é exigido a qualificação do profissional de
Serviço Social, mas só isso não basta, pois as condições de trabalho interferem no exercício
profissional eficiente, o/a Assistente Social precisa de um local adequado e recursos para
efetivar sua intervenção segundo as demandas existentes, e o usuário também precisa ser
atendido em lugares apropriados, pois segundo Mioto:
As demandas que chegam às instituições por indivíduos, grupos ou famílias, são reveladoras de processos de sujeição à exploração, de desigualdades nas suas mais variadas expressões, ou toda sorte de iniquidades sociais. Seu objetivo é contribuir na formação de consciência crítica realizada na interação usuário/assistente social/instituições à medida que são criadas as condições para que os usuários elaborem sua própria concepção de mundo, realizando-se como sujeitos no processo de construção da sua história, da história dos serviços e das instituições e da história da sociedade. (MIOTO, 2007, p.32)
O terceiro setor aparece como um novo espaço para o exercício profissional dos/as
Assistentes Sociais. As Organizações Sem Fins Lucrativos - OSFLs e Organizações Não
Governamentais - ONGs oferecem oportunidades diversificadas, na maioria dessas
organizações é prestada a assistência somente a determinadas questões sociais. As Instituições
Filantrópicas, os Movimentos Sociais, as Associações Comunitárias, e as Instituições de
Caridade Religiosas, compõem o quadro do terceiro setor. Nos espaços das organizações do
terceiro setor o/a profissional de Serviço Social se depara com o trabalho em conjunto com
voluntários, ou até mesmo o próprio profissional se dedica ao voluntariado.
As ONGs se popularizaram entre os anos de 1970 e 1980, primeiramente com
objetivo de apoiar os movimentos sociais, uma vez que o país estava sob a ditadura militar.
Hoje em dia as ONGs vão desde o atendimento as famílias em situações de vulnerabilidade,
distribuições de cestas básicas, oferecendo qualificação profissional, auxilio escolar para
crianças e jovens, prática de esportes e ações culturais, assistência para gestantes, acolhem
mulheres que sofreram violência, luta pelos direitos dos povos indígenas, assistência aos
portadores de deficiência física e mental, acolhem moradores de rua, até serviços ligados a
saúde, ou seja, as diversas ONGs existentes fazem seus trabalhos sempre com um foco.
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Na análise do terceiro setor ligado ao Serviço Social, observa-se um paradoxo onde as
organizações ligadas ao terceiro setor são consideradas pelo trabalho desenvolvido, uma vez
que o Estado não atende as demandas das questões sociais como deveria, sendo assim, a
condição de “dar conta” dessas demandas são destinadas as organizações sem vínculo com o
Estado, provindas da sociedade civil. Em contra partida o trabalho oferecido por essas
organizações são questionados por conta do caráter filantrópico, a questão da “ajuda” em
primeiro lugar, deixando de lado a luta pelos direitos do cidadão, e do trabalho voluntário,
uma vez que “a questão social se enfrenta com teoria e não com trabalho voluntário”
(VASCONCELOS, 2008).
A chamada terceirização do/a Assistente Social acontece pelo grande número de
contratações nessas organizações, porém há também a instabilidade com as demissões; outro
problema são os baixos salários, que fazem o/a profissional atuar em mais de um emprego. A
iniciativa de voluntários faz com que as organizações e instituições deixem de lado os/as
profissionais de Serviço Social, as ONGs, por exemplo, começaram a contratar mais
Assistentes Sociais a partir dos anos 1990, sendo que “esse aumento é marcado pelo inicio
das ações dos governos neoliberais no Brasil, o que confirma as mudanças regressivas do
Estado em relação às intervenções sociais” (ANDRADE, 2006, p. 124).
A atuação em meio às organizações e instituições do terceiro setor exige dos/as
profissionais de Serviço Social competências técnica, teórica e política, para assim romper
com a questão da “caridade” e iniciar ações transformadoras; criatividade diante das situações
enfrentadas, uma vez que não se dispõem de recursos suficientes; e planejar ações que
atendam as demandas dos indivíduos assistidos.
Atualmente, em 2013, foi registrado no Encontro Nacional do Conjunto
CFESS/CRESS no mês de setembro, um total de 135.545 Assistentes Sociais, representando
um aumento considerável no número de profissionais, como mostra os dados regionais e de
cada estado brasileiro na tabela a seguir.
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Tabela referente ao número de profissionais inscritos/as e ativos/as nos CRESS em 2013:
REGIÃO ESTADO CRESSASSISTENTES
SOCIAIS
Sul
Rio Grande do Sul 10ª região - RS 6.673
Paraná 11ª região - PR 6.601
Santa Catarina 12ª região - SC 4.360
Sudeste
Minas Gerais 6ª região - MG 14.342
Rio de Janeiro 7ª região - RJ 14.210
São Paulo 9ª região - SP 28.548
Espírito Santo 17ª região - ES 4.332
Centro Oeste
Distrito Federal 8ª região - DF 1.438
Goiás 19ª região - GO 2.658
Mato Grosso 20ª região - MT 2.486
Mato Grosso do Sul 21ª região - MS 2.480
Norte
Pará 1ª região - PA 4.677
Amazonas - Roraima 15ª região – AM/RR 4.816
Rondônia - Acre 23ª região – RO/AC 2.282
Amapá 24ª região - AP 690
Tocantins 25ª região - TO 2.004
Nordeste
Maranhão 2ª região - MA 2.948
Ceará 3ª região - CE 3.779
Pernambuco 4ª região - PE 3.966
Bahia 5ª região - BA 8.600
Paraíba 13ª região - PB 2.863
Rio Grande do Norte 14ª região - RN 3.390
Alagoas 16ª região - AL 3.257
Sergipe 18ª região - SE 2.086
Piauí 22ª região - PI 2.059
O/A Assistente Social no trabalho direcionado aos Idosos
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O envelhecimento é ao ser humano tão natural quanto nascer e crescer, mas na
sociedade capitalista na qual vivemos onde o idoso é visto como um ser inútil, incapaz e
improdutivo, e não sendo mais tão bem aceito e respeitado pela sociedade, ele/a começa a
viver seu momento de exclusão.
Para que se enfrente essa realidade com respeito e dignidade, sendo a profissão do
Serviço Social propositiva, pois trabalha com valores postos no Projeto Ético Político
Profissional, como a equidade, justiça social, garantia de direitos, autonomia e emancipação, é
buscado o apoio do/a profissional do Serviço Social, onde trabalhará para que transforme
esses valores impostos pela sociedade, passando a ver o/a idoso/a como uma pessoa de
direitos, e que tem sim, seu espaço conquistado e garantido na sociedade.
O/A Assistente Social tem como compromisso profissional, lutar contra essa lógica
capitalista, através de um aparato teórico-metodológico, ético-político, técnico-operativo,
específicos da profissão, que vão dar bases na operacionalização das ações que venham
atender aos referidos ideais. No âmbito da Política do Idoso o/a profissional do Serviço Social
deve usar técnicas para aplicar ações de inclusão que atinjam todas as áreas de vivência como
a prevenção no que diz respeito à saúde, lazer, melhores condições de habitação, saneamento,
alfabetização, entretenimento, vínculos familiares.
O trabalho do/a Assistente Social é pautado no atendimento dessa população, para a
garantia dos direitos previstos no Estatuto do Idoso, o Art. 2º mostra que:
O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2013)
Diante das demandas encontradas atualmente, vê-se a necessidade de basear-se
no Estatuto do Idoso e nos Direitos Humanos para planejar Políticas Publicas que atendam as
necessidades dos idosos, cuidado prioritário aos idosos, é um assunto que deve ser pautado
para a construção dessas políticas, para que se possam alcançar resultados positivos. O idoso
tem que ganhar de todos a visibilidade, a condição de sujeitos visíveis possibilita maior
efetivação das políticas.
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Tendo uma tarefa essencial referente à família e à sociedade, o Serviço Social define
considerações e reflexões sobre a questão do/a idoso/a, fundamentado numa visão
transformadora e crítica, e assim despertar o cuidado e o respeito pelo nosso próprio futuro,
pois a velhice é inerente e inevitável ao ser humano. Reconhecer o/a idoso/a como um
cidadão/ã e orientar conscientizando a sociedade sobre o seu verdadeiro papel, garantindo seu
lugar. Neste âmbito o Serviço Social tem a incumbência de resgatar a dignidade do/a idoso/a,
promovendo e interagindo-o com outras pessoas, principalmente com a sua família.
O Serviço Social vem acompanhando o desenvolvimento do homem enquanto ser
social, visto que ele é segundo Roque Laraia (2000, p.46) “resultado do meio cultural em que
foi socializado. Ele é herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete conhecimento e
a experiência adquirida pelas inúmeras gerações que o antecedem”.
Conclusão
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Concluiu-se que com o curso de Serviço Social há o acesso a uma ampla
aprendizagem, pois a grade curricular do curso inclui várias disciplinas como Filosofia,
Sociologia, Psicologia Social, Antropologia, Direito, Economia, Política, e Fundamentos
Históricos e Teórico-Metodológico do Serviço Social, entre outras disciplinas que são de
extrema importância para a formação de um profissional crítico e responsável para com
aquele trabalho que irá executar. Os estágios supervisionados permitem conhecer de fato o
dia-a-dia da profissão escolhida, sendo assim no atendimento aos usuários surgem iniciativas
de intervenção nas realidades apresentadas, sem faltar com o objetivo de transformação
social. São nesses cenários acadêmicos e posteriormente no exercício da profissão que se
vivencia os desafios e oportunidades do Serviço Social no mundo contemporâneo.
Não são os programas assistenciais que resolveram os problemas sociais no Brasil,
apenas permitem que as pessoas em situação de vulnerabilidade tornem-se dependentes desses
programas, perdendo a diretriz do que realmente é importante para a conquista de uma vida
digna. Esses programas, por exemplo, deveriam ser convertidos em cursos de capacitação
qualificados, de ensino público capaz de direcionar os estudantes ao mercado de trabalho, a
assistência deve ser mantida a quem realmente esteja em situação de vulnerabilidade visando
a transformação social do indivíduo assistido, pois introduzido pelo governo o
Assistencialismo nega a constitucionalidade das Políticas Sociais. São ações paliativas com o
efeito de amenizar, de desvincular o olhar crítico da sociedade como um todo, um dia não
haverá tapetes suficientes para se ocultar tanta sujeira, e o resultado de tudo isso, será vivido e
vivenciado pela mesma sociedade que se cala motivados por interesses próprios, sejam esses,
a ganância capitalista ou o comodismo cultural.
Para resolver as questões sociais é necessário cumprimento real das Políticas Sociais,
se o Serviço Social pudesse de fato exercer o seu trabalho com o comprometimento do Estado
em cumprir as Políticas Sociais, o grande passo para a verdadeira democracia estaria dado.
A palavra desafio define o trabalho do/a Assistente Social nos ambitos dos setores
Privado, Público e Terceiro Setor, cada qual com suas “vantagens” e “desvantagens”, mas
sempre desafiando os profissionais no processo de reflexão, pois é preciso conhecer de fato a
realidade social para as possíveis práticas de intervenções, e não colocar em risco a qualidade
e resultados dos serviços prestados e tão pouco a alienação profissional.
Referências
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