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ATOS QUE EDIFICAM Dora Tavares

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ATOS QUE EDIFICAM

Dora Tavares

INTRODUÇÃO

Todos nós ouvimos dizer a seguinte frase: ”o mundo só acaba para quem morre”. Ouvi de minha mãe, ainda na infância, essa afirmação. Entendi muito bem e, de pronto, concordei com ela. Realmente, a pessoa morreu, pronto, o mundo findou para si.

Pertenci à religião católica, meu pai era um ardoroso cristão, convicto, devotou grande parte de sua vida à prática dessa religião e nela criou seus filhos, sempre passando exemplos de honestidade, fidelidade a Deus e de como respeitar e ajudar o próximo: os dois foram pessoas caridosas.

Frequentei por vários anos a igreja, muitas vezes, a contragosto, mas, o fato é que, na vida adulta, me afastei e passei anos a fio, sem ir a qualquer igreja. Mas, o que quero salientar nessa introdução é que, nesse tempo de frequência ao templo, dentre inúmeras pregações, nunca ouvi falar da volta de Jesus. Para mim, Cristo morreu na cruz e os vivos e os mortos seriam julgados: uns iriam para o céu e, os condenados, para o “purgatório” ou para o inferno. Isso automaticamente, no instante exato do falecimento.

Sempre temi muito essa ideia de perder a minha alma, mas não sabia como seria o processo de salvação, mas me julgava apta ao purgatório, pois não primava pela excelência, mas não era pessoa ruim que matasse ou roubasse. Nessa maneira primitiva e imprecisa de pensar, atravessei muitos anos da minha vida.

Quando, depois de muitos sofrimentos, pelas voltas que o mundo dá, através de meu esposo, conheci a religião evangélica. Então, tomei conhecimento da volta de Jesus e do que significa ou deveria significar para o mundo. As portas do entendimento foram abertas e pude compreender o que representava o

sacrifício de Cristo na cruz e que a salvação é de graça. Não há obras ou sacrifícios que possamos fazer para conquistá-la, mas isso é assunto para as páginas vindouras.

Sei também que, mesmo entre cristãos evangélicos, há os que preguem que a volta de Jesus será secreta, o que contraria as Escrituras Sagradas, pois “todo olho o verá”: Em Apocalipse 1:7 encontramos: "Eis que vem com as nuvens, e todo o olho O verá, até os mesmos que o transpassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém.”.

"Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem" São Mateus 24:27. "Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória." Jesus virá sobre as nuvens e "todas as tribos da terra se lamentarão", porque O verão de fato.

A volta de Jesus não será uma realidade, já é uma realidade para nós que sabemos que o Senhor não é homem para mentir e que todas as promessas foram e serão cumpridas até o fim.

Visando a preparação para a volta de Jesus, resolvi tomar por base as edificantes passagens dos Atos dos Apóstolos, tentando levar aos leitores o mínimo diante da grande mensagem desse livro, para a honra e glória do nome de Jesus! Que sejamos inspirados pelo Espírito Santo de Deus.

Que o Senhor nos abençoe e nos guarde e nos mantenha em condições de recebê-Lo.

Capítulo I

A ASCENSÃO DE JESUS

Jesus voltou a Pai, ao terceiro dia, conforme profecias messiânicas, desde o Antigo Testamento, principalmente por revelação dos profetas Isaías e Jeremias, e uma citação de Daniel na metade do seu livro, indicando o fim do sistema de sacrifícios nos altares, pela Sua morte de cruz.

Antes de subir aos céus, deixou mandamentos aos discípulos que escolhera, através do Espírito Santo de Deus. Mas esses mandamentos não foram dirigidos, apenas, aos escolhidos do seu tempo, mas para todos nós, para que saibamos qual seja a boa, perfeita e agradável vontade de Deus para nossa vida.

Até a prisão, crucifixão e morte do Filho de Deus, seus discípulos ainda não haviam compreendido o real significado das palavras de seu Mestre e Senhor, e não se inteiraram totalmente da missão do Cristo nesta terra. Sentiam-se decepcionados, por, entrando o terceiro dia, nada acontecer de sobrenatural com aquele que prometera reerguer o templo em três dias.

Mas estavam, felizmente, enganados, completando-se o tempo, Jesus reaparece, vivo, como vivo agora está, transformado, sendo visto por todos, interagindo com eles, como se não houvesse partido, por longos quarenta dias.

Aconselhou a todos a que não se ausentassem de Jerusalém, para que a promessa do Pai se realizasse: ou seja, enviaria o Espírito Santo, e, com Ele, seriam batizados, como de fato o foram.

Jamais haveria honra maior para tais homens, incompletos, falhos como qualquer um de nós, que apenas conheciam o batismo de João, com água, que, nem de longe imaginariam o que significa "renascer da água e do Espírito". Sabiam, sim, que algo de extraordinário estava para acontecer, sem, contudo, poder precisar a dimensão.

Até ali, criam aqueles homens e aguardavam que seu Mestre e Senhor restaurasse o Reino de Deus nesta terra; mas Jesus esclarece que isso aconteceria no tempo de Deus, pois, somente a Ele compete saber os tempos. E não seria um reino neste mundo. Então se comprometeu a lhes enviar a virtude do Espírito Santo, para que se tornassem suas testemunhas por todos os lugares, até os confins da terra. Pessoas essas que se dispõem a pregar o Evangelho, levando muitos à conversão, igualmente em nossos dias.

Após a promessa de enviar o Espírito Santo sobre toda carne, Jesus subiu aos céus, foi ocultado por uma nuvem. Dois homens de branco surgiram ao lado dos discípulos, deixando a todos a maravilhosa promessa de que voltaria, para restaurar o Reino de Deus, no tempo oportuno.

Voltando para Jerusalém, como Cristo ordenara, se juntaram aos demais, ou seja, Pedro, Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, Simão e Judas, de Tiago. Certamente, habitavam no cenáculo apenas esses onze, pois, nesse tempo, Judas Iscariotes, o traidor, se suicidara e Matias ainda seria escolhido para substituí-lo.

Dando continuidade à tarefa que Jesus outorgara, todos os seus seguidores perseveraram em orações e súplicas, com Maria, mãe de Jesus e seus irmãos. Tarefa que todos nós, a exemplo desses, devemos executar, pois somos os discípulos de hoje. A oração é uma arma poderosíssima, pois, nenhum pai resiste a uma súplica de seu amado filho. Com Deus não é diferente! A isso, acrescente-se que se trata de um Pai perfeito, dotado de um amor sem limites!

Era preciso encontrar um substituto para Judas, então Pedro, diante de um ajuntamento de cento e vinte pessoas, falou sobre o cumprimento da profecia davídica, de que haveria um traidor que se perderia. E que, conforme a predição, outro deveria tomar o bispado daquele que se fora. Tal profecia será cumprida totalmente quando da instalação do Reino nesta terra com a volta de Jesus, a qual aguardamos.

Apresentaram-se para a incumbência, dois homens: José, o Justo e Matias, o escolhido. Assim, também nós, devemos, além de aprendermos de Cristo, mirar no exemplo dos apóstolos que não buscaram sua própria vontade, levando-se em conta o julgamento pessoal, mas a vontade de Deus, em suas decisões e escolhas, orando e suplicando pela direção divina.

Muitos oram a Deus, mas somente se sentem atendidos, quando a própria vontade humana é contemplada, se esquecendo de que somente Ele tem a resposta perfeita para nossas petições, mesmo que seja um não, ou agora não! Nem sempre é fácil entender, mas é o caminho correto, que evita maiores sofrimentos e ansiedades.

Se assim procedêssemos, muitos males poderiam ser evitados em nossa vida. Muitas decisões e más escolhas que acarretam trágicas consequências, muitas vezes, pelo resto dos nossos dias, deixariam de acontecer, devido à iluminação e direcionamento do Espírito de Deus.

Cumprindo-se o dia de Pentecostes, como de costume, os discípulos se reuniram no mesmo lugar. De repente, como que um vento forte e impetuoso invade a casa e línguas de fogo pousaram sobre cada um deles, passando, então, a falar noutras línguas, conforme o querer do Espírito.

Interessante é que ali havia gente de todas as nações da terra e cada uma daquelas pessoas ouvia o que era dito em sua própria língua. E o povo se espantava com o que via e ouvia, pois, era algo inusitado para qualquer um. Os mais descrentes chegaram a acusá-los de estarem bêbados, à terceira hora do dia. Por serem galileus, como poderiam falar em línguas estranhas?

Pedro, através do Espírito, retomando a Palavra disse que nada haviam bebido, mas, o que acontecia era apenas o cumprimento da profecia de Joel, e cita a passagem correspondente, ou seja, do livro do mesmo nome:

"E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e filhas profetizarão, os vossos filhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu espírito. E mostrarei prodígios no céu e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumo. O sol se converterá em trevas e a lua em sangue, antes que venha o terrível dia do Senhor. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo..." Joel 2: 28 a 32A.

Claro está para nós hoje, que Pedro usou essa passagem para instruir o povo sobre os últimos dias, fatos que antecederão à volta de Jesus. A contagem regressiva para o maior evento da humanidade se inicia após Jesus subir aos céus, prometendo que voltaria. Tais sinais, a muitos podem perturbar; para nós, os que cremos se revertem em esperança no porvir e em confiança no Deus que é por todos. Para os não salvos, a certeza da volta de Jesus também pode significar uma nova oportunidade de salvação, ao invocar, finalmente, o nome santo de Jesus. Essa oportunidade estará à disposição, até que a porta da graça se feche e tudo seja consumado.

Embora muitos acreditem que o cumprimento dessa promessa esteja demorando, até suplicando para que seja breve, lembremos que, embora nos sintamos salvos, temos de agradecer a Deus por estar sendo bondoso, longânime com muitos que ainda não aceitaram a Verdade, até mesmo dentre os membros de nossa própria família ou de nossa própria casa, que não os queremos perdidos, distantes da graça!

Pedro inicia seu discurso ao povo de Israel, falando da missão de Jesus, de sinais e prodígios realizados e a responsabilidade e comprometimento daquele povo que crucificou o Enviado de Deus. Aquele que foi morto, mas que a morte não prevaleceu contra Ele, conforme predição de Davi.

Davi era ungido do Senhor, mas conheceu a morte, e ainda jaz na sepultura, embora de sua humana natureza, viesse o Rei Supremo, Jesus! Como todos que morreram Nele, o rei e salmista está aguardando a volta do Filho de Deus, quando o despertará para a glória, porque o seu Senhor era realmente aquele que Deus fez Senhor e Cristo de todos e sobre todos nós.

Voltando ao Pentecostes, quanto ao que estavam vendo e vivenciando naquele momento, Pedro acrescenta que, por ter sido exaltado pela destra do Pai, o presente fato significava um cumprimento da promessa que Jesus fizera ao subir, ou seja, o envio do Espírito de Deus. Todos, então, creram. E o mesmo Espírito continua convencendo os chamados de Deus da Justiça, do pecado e do juízo, para honra e glória do Pai celestial.

Assim entendemos que, segundo a mesma Palavra, "Deus não é homem para mentir, nem filho do homem para que se arrependa. Num. 23:19", todas as Suas promessas serão cumpridas, não haverá falhas. Portanto, estejamos atentos, orando e vigiando, buscando levar o Evangelho a toda criatura, para que o maior número possível de pessoas se salve, invocando o Nome que está acima de todo nome.

Naquele lugar, todos se emocionaram com as palavras do Apóstolo Pedro, e queriam saber o que poderiam ou deveriam fazer. Assim, foram por ele orientados a se arrependerem e que se batizassem em nome de Jesus Cristo, para que lhes fossem perdoados os pecados, recebendo, então, o dom do Espírito Santo. Essa graça está à disposição de todos no tempo de hoje e não haverá desculpas para os que não se renderem à ação do Espírito que sopra onde quer e da maneira que o Senhor achar mister fazê-lo.

Esse conselho é válido igualmente para o mundo de hoje, pois, a primeira condição para a salvação é o arrependimento sincero. Sem isso, é impossível conversão, pois inexiste remissão de pecados para os duros de coração, que não sentem e nem reconhecem que transgrediram. Um coração blindado aos apelos do Espírito Santo é um coração perdido.

Lembremos, também, que o batismo sem o arrependimento de nada serve, pois a única água que nos lava e nos liberta de culpas é a que jorra do Espírito, que nos move a sermos melhores a cada dia. Por isso, se morrermos sem o arrependimento e conversão, estaremos perdidos. O mesmo não podemos dizer quanto ao batismo, embora seja importante a simbologia do nascer de novo.

O povo ficou tão tocado com aquela pregação que houve as primeiras conversões naquele lugar: os que ouviam de Pedro a necessidade de mudança de vida e que receberam de boa vontade a Palavra; naquele mesmo dia, agregaram-se quase três mil almas. O Evangelho traz em si o poder de atrair aos que abrem o seu coração às boas novas.

Após o batismo, perseveraram na doutrina dos apóstolos, orando, jejuando, ajudando-se mutuamente, repartindo o pão entre os irmãos. Permaneciam juntos, sem se dispersar, e tudo tinham em comum, como convém aos seguidores de Cristo. Chegavam a vender suas propriedades e fazendas e distribuíam de acordo com a necessidade de cada um. Uma verdadeira lição de fraternidade! Se o mundo assim agisse, não haveria tanta fome de pão e da Palavra, tanta sede espiritual e tanta fome de Deus. Ao contrário, muitos hoje entre os líderes utilizam da pregação para ensinar o caminho para o enriquecimento material, ignorando a riqueza inesgotável que advém do acolhimento sincero e verdadeiro! Isso é prosperidade.

Aqueles cuidavam igualmente de se reunirem todos os dias no templo, em casa partiam o pão e juntos comiam com alegria e singeleza de coração e, dessa forma, todos os dias se acrescentavam pessoas ao grupo para a salvação. O Espírito Santo passeava livremente entre eles, que compartilhavam do mesmo intuito, ou seja, salvação de todos.

Capítulo II

Desde que o homem pecou, a morte se instalou no mundo e também toda a sorte de sofrimentos. A humanidade sofre e, na maioria das vezes, atribui a Deus os motivos de sua infelicidade. Deus planejou um mundo perfeito, sem dores, sem tristezas, sem lágrimas e sem morte. Mas, pela influência do mal, esse mesmo homem, pretendendo a onipotência de Deus resvalou pelos caminhos de perdição.

Nossos atos refletem nossas escolhas e preferências. Na Bíblia Sagrada, os Atos revelam uma escolha com um sentido mais profundo: a opção por Jesus e a preparação para o seu retorno, levando outros a crer e a se arrepender.

O encontro com Cristo é um acontecimento: a conversão, um processo. Não nos tornamos bonzinhos de um para outro instante. Após o encontro, descobrimos em nós caminhos que necessitam ser aperfeiçoados constantemente: “Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Romanos 8:2. Somente Cristo, por sua morte de cruz, pode nos livrar das consequências do pecado.

Trilhamos a estrada da perdição diária, sem Cristo, mas, quando tomados pela santidade do espírito, transporemos, uma a uma, as dificuldades que a vida se nos apresenta, vencendo as tentações e as investidas do mal. Isso não ocorre porque nos tornamos poderosos, mas porque o poder de Deus se instala em nós, a nosso favor.

Assim era Maria, uma pessoa triste. Sentia que fora longe demais em seus erros e que não existia solução para a sua vida, chegando a desejar o fim de sua existência. O mundo a reprovava e Deus a tinha esquecido, devido ao grau de afastamento do seu Criador. Vez por outra, diante dos sofrimentos, chegou a desejar a morte, por qualquer meio.

Lembra-me a mulher samaritana. Como deve ter estranhado o fato de um homem lhe dirigir a Palavra quando era por todos desprezada e amaldiçoada!

Como a mulher de Samaria, sofria em saber que ninguém esperava nada de bom de sua pessoa, pois a muitos decepcionara e magoara, nem sabia em seu íntimo, se queria ou necessitava de algum perdão. Dos poucos sentimentos que lhe sobraram, a indiferença com a vida e com as pessoas, mesmo familiares, parecia prevalecer.

Muitos serão os chamados, e poucos os escolhidos, disse Jesus. Mas essa escolha não implica em mérito para nós, pois nada merecemos na condição de pecadores. Não há justos nesta terra, porque fomos destituídos da glória de Deus, pela entronização do pecado, mas, maior que tudo é a misericórdia divina, nos justificando pelo sangue de Jesus. Por isso, Maria foi chamada, foi escolhida e encontrada, como eu e como você e como os discípulos de Jesus. Mateus 22:14e Atos 2:39.

Jamais poderíamos desprezar algo assim… Mais do que sermos chamados, o mais importante é, ao ouvir a Voz, às portas do coração, permitir a entrada de Jesus, para que nele entre e faça a Sua morada. O único modo de Jesus permanecer no coração do homem é manter com Deus uma santa intimidade.

Maria fora convidada algumas vezes a visitar uma igreja, através de várias pessoas, mas sem sucesso. Estava certa de que Deus se afastara, que não mais se importava com seus sofrimentos e descaminhos. Era, apenas, mais uma que se perdera. Quantos hoje ainda estão se sentindo assim, por falta de ouvirem o que o Senhor pode fazer em sua vida e tem para lhes oferecer?

Um dia, sem qualquer motivo aparente, ou por não aguentar tanto sofrimento, consequência de seus pecados, resolveu atender a um convite. Foi com seu amigo à igreja e, discretamente, buscou um banco perto da porta de saída, para

que as pessoas daquela comunidade não a abordassem, ou para que pudesse sair sem alarde, caso não quisesse ficar mais ali.

Quando as atividades daquela noite se iniciaram com um canto de louvor, falando do sofrimento de Cristo pelos pecadores, desatou-se num choro convulsivo e incontrolável. Naquele momento, o encontro com Jesus aconteceu. Sentiu uma paz que jamais experimentara no mundo, uma calma que nem o calmante mais poderoso lhe conseguiu oferecer. E experimentara muitos!

Nova perspectiva de vida se descortinava para ela e um processo de transformação interna se iniciava. Era apenas o começo, ou o recomeço. Recebera Jesus em seu coração, pois tivera um encontro com Ele. Ali começava uma nova trajetória.

A CURA DE UM COXO

Sabemos apenas que ele era coxo. Ignoramos seu nome. Também presumimos que se arrastava pela cidade, tentando vencer as ruas, lutando por sobrevivência, no meio de pessoas preconceituosas, que o julgavam maldito. Cansados de buscar por minguadas esmolas, algumas vezes sentava-se à porta Formosa do Templo para mendigar. Era conhecido, mas não reconhecido como ser humano por muitos. Até os dias de hoje há os que desprezam os menos afortunados física, emocional ou moralmente.

Aquele dia seria especial. Talvez por conhecer a fama dos servos de Deus, Pedro e João, imaginou que sairia menos pobre dali. Estava mais esperançoso. Quem sabe aqueles bondosos homens pudessem fazer algo que ninguém fizera por ele até aquele dia. Que ditosa esperança! Não perderia nada por tentar; se ganhasse algo, quanto seria melhor!

Quando se dirigiu a eles, implorando por ajuda, Pedro se precipitou dizendo que não possu ía prata ou ouro, mas que lhe daria o que tinha, ou seja, o poder de Jesus. Tomando-o pela

mão direita, ordenou-lhe que se levantasse em O nome de Jesus, o Nazareno. E ele obedeceu.

A diferença foi que aquele, antes "pobre coitado", não se limitou a se levantar, agradecer e se despedir. Adentrou o Templo aos pulos, gritando e glorificando o nome de Deus. Atos3. Muitos conseguem a graça e desprezam o abençoador. Vendo seus objetivos atendidos, dão meia volta e se embrenham novamente em sua rotina insípida que, aos poucos, vai-se minando de desesperança, até voltar ao ponto de partida. No caso desse coxo, seu comportamento foi de gratidão.

Comportamos, muitas vezes, como esse coxo, porque achamo-nos calejados pelas mazelas da vida, acomodados no sofrimento, buscando migalhas de Deus, ou nada, quando Ele tem muito mais a nos oferecer, além do pão diário, que também é graça: um espírito renovado, capaz de suportar com coragem e alegria as adversidades.

Esse milagre representava novidade de vida para aquele sofredor, limitado pelas circunstâncias; agora, uma vida reformada pela esperança e gratidão a Deus, fruto da perfeita misericórdia estava ao seu dispor. E ele compreendeu isso.

Como somos agradecidos pelo milagre da salvação, que é o maior de todos eles, seguido da conversão. Pedro apregoou o real sentido do sincero arrependimento, que nos leva à mudança de rota. Por isso, que Jesus afirma que os sinais são para os descrentes. Os que cremos, reconhecemos que não há milagre maior do que a transformação do ser humano, de água para vinho e isso, graças a Deus, vem acontecendo todos os dias.

Em nossa vida, quando percebemos ter errado o caminho, a primeira providência a se tomar é buscar uma via de retorno. Escolher acertar é ainda a mais inteligente das opções, mesmo que isso nos possa colocar na contramão do mundo.

Pedro sabia o que custava pregar as boas novas do Reino, conhecia os sacerdotes, os saduceus e os maiorais do templo que crucificaram Jesus. De antemão, sabia que não seria

fácil. Nada pode ser fácil no tocante à pregação, porque pessoas, mesmo nos dias de hoje, se rebelam contra a Palavra de Deus e até negam a sua existência. Bastam acontecerem problemas e decepções para que busquem por caminhos estranhos, sem salvação e se naufraguem na falsa ilusão de que suas pendências serão resolvidas.

A Palavra eterna fora pregada naquele dia a quase cinco mil homens. A pedra de esquina, que fora rejeitada pelos escribas e fariseus, agora era a pedra principal. Vieram eles a interrogar a Pedro pela cura do homem de sua quase que invalidez. Com determinação e coragem, respondeu que tudo que aconteceu foi obra e mérito de Jesus.

Aqueles homens que o interpelavam, importantes, vendo a intrepidez dos dois apóstolos pregando sobre a ressurreição de Cristo e sobre aquele, por meio do qual, é dada a salvação, se maravilharam. Conheciam-nos como homens ignorantes, iletrados, por isso entenderam que haviam estado com Jesus. Atos 4:13.

Também Maria, a nossa personagem, havia estado com Jesus, foi a conclusão daqueles que a conheciam. Impossível imaginar que uma pessoa tão pessimista, derrotada pela solidão e angústia, se tornara uma pessoa alegre, de bem com a vida, muito embora fossem as mesmas as limitações culturais, financeiras e os mesmos problemas familiares. A diferença é ter estado e permanecido com Jesus.

Muitos dizem ter tido um encontro pessoal com Jesus, mas os seus atos desmentem essa afirmação. Conhecemos os frutos pela árvore e uma árvore verdadeiramente revitalizada, só pode mesmo oferecer frutos sadios, apresentáveis. Isso não passa despercebido aos olhos das pessoas que comentam e se intrigam com esse bom testemunho.

O milagre feito às portas do templo era inegável, um sinal que acompanha aos que creem não poderia ser desmentido, quando o próprio beneficiado acompanhava toda aquela conversação. Os sacerdotes e outros da alta linhagem pediram a

Pedro e a João que não divulgassem o acontecido e que o nome de Jesus nunca mais fosse pronunciado entre o povo. Pedro respondeu-lhes que era melhor obedecer a Deus que aos homens. Deixaram que fossem embora, por temerem o povo que dava glórias ao Deus do céu e da terra. Atos 4:19.

Apesar de conhecer a Palavra, não são poucos os que se entregam a doutrinas de homens, desobedecendo a Deus, deliberadamente. Deus irá cobrar no momento do juízo, de acordo com a luz que cada um recebeu, mas, como aqueles doutores do Templo, muitos preferem ignorar essa luz, sem nenhum temor, tornando-se, por isso, insensatos.

Capítulo III

A INFIDELIDADE DE ANANIAS E SAFIRA

Há em Atos 5, um exemplo de desobediência de um casal, Safira e Ananias. Ambos concordaram em vender a sua propriedade e oferecer a importância obtida para a casa de Deus. Foi uma proposta espontânea, pois ninguém os forçou a nada.

Arrependidos da promessa, resolveram reter parte do valor da propriedade e colocar certa quantia aos pés dos apóstolos, negando-se a cumprir seu voto conforme votaram. Pedro advertiu Ananias, dizendo que satanás enchera seu coração de cobiça e que poderia mentir para os homens, não para Deus. Em seguida, o homem caiu morto por terra. Todos se horrorizaram com o ocorrido. Muitas vezes, tentamos renegociar com o Pai um voto feito, tentamos modificá-lo para atender nossas necessidades e cobiças pessoais, esquecendo que não somos obrigados a prometer. Se o fazemos, temos de cumprir: Ninguém pode escarnecer de Deus.

Na verdade, a propriedade era do casal e ninguém obrigava a que comprometessem qualquer valor para a obra, mas preferiram mentir e reter parte do dinheiro, pois a cobiça falou mais alto. Infelizmente, há muitas maneiras de se mentir para Deus, mesmo que não seja essa a primeira intenção. Quando alguém diz que ama a Deus sobre todas as coisas, mas, no momento de escolher entre servir o mundo ou a Ele, escolhem o mundo. Há os que dizem amar o próximo como a si mesmo, mas quando se sentem incomodados, que se vire quem não é quadrado!

Depois de quase três horas, Safira, esposa de Ananias, chegou, trazendo dentro de si o mesmo coração enganador. Pedro perguntou por quanto havia vendido a propriedade e ela incorreu no mesmo erro. Pedro mostrou a ela os homens que enterraram seu marido e a ela coube o mesmo fim trágico. Triste maneira de morrer, em falta com o Criador, dono de todas as riquezas…

Mesmo hoje, não acontecendo como naquele tempo, o homem paga caro por desobedecer, por tentar enganar a Deus. Moral e espiritualmente, ele vai-se empobrecendo e se perdendo de Deus e chega a não perceber mais a presença da misericórdia em sua vida. Aí se torna realmente um miserável.

A fama dos apóstolos expandiu por todos os lugares. Pessoas acamadas vinham buscar a cura, endemoninhados, atormentados de espírito imundo, eram libertos. Chegou ao ponto de os doentes colocarem sua cama onde Pedro passaria, para que fossem curados ao serem cobertos pela sombra do apóstolo. Os sacerdotes e os saduceus sentiram uma tremenda inveja e resolveram encarcerá-lo. Os anjos do Senhor se apresentaram e retiraram os apóstolos da prisão dizendo: Ide e apresentai-vos no templo, e dizei ao povo todas as palavras desta vida. Atos 5:20.

A nossa vida é Cristo. A salvação e a ressurreição no último dia deve ser uma realidade sempre presente em nosso viver, para que não sejamos surpreendidos, a qualquer tempo. O que também tem atrapalhado o processo da salvação é,

pasmem, a inveja espiritual entre os irmãos de fé! Como aqueles homens poderosos agiram, muitos agem hoje, tentando proibir alguns de pregar, de trabalhar na obra, por se sentirem inferiores, como se Deus estivesse medindo e valorizando pela capacidade de cada um, sem atentar para o coração e as atitudes que dele provém. E quem disse que quem limpa o templo com carinho, distribui folhetos é menos importante para Deus do que quem prega ou dirige a Igreja?

Como não conseguiram prender aqueles apóstolos e eles continuavam ensinando no nome de Jesus, preferiram açoitá-los, a se render à verdadeira Palavra de Deus, a que é dirigida sem acepção de pessoas e que promove, no melhor dos sentidos, pela sua própria natureza, qualquer um que A aceite e se chegue ao reino da graça divina.

CADEIAS QUE SE ROMPERAM

Como dissemos, os saduceus, vendo os sinais e os prodígios revelados nos atos dos apóstolos, sentiram uma forte e incontrolável inveja. Incrivelmente, esse tipo de inveja espiritual sempre existiu entre os crentes e ainda acontecem nas igrejas do mundo moderno, infelizmente.

Basta que dons espirituais se revelem, para que alguns torçam o nariz para aquele irmão que Deus está prosperando naquele momento, e nele procurem algum possível desvio de caráter ou características morais "desabonadoras", visando comprometer a credibilidade daquele servo diante de todos.

São aqueles que estão agindo segundo sua natureza carnal, que ainda não compreenderam que somos ou deveríamos ser instrumentos de edificação do Deus Vivo, talhados para a boa obra, de arrebanhar pessoas a Cristo, com fulcro na salvação.

Não restou opção melhor para os doutores da Lei, naquele momento, a não ser trancafiar os "baderneiros" na prisão. Nada resolveu, pois o Senhor enviou um anjo para abrir as portas do cárcere, livrando-os dos grilhões que os detinham, recomendando a eles que se apresentassem no tempo para relatar tudo o que havia sucedido.

Deus, pelo Seu Santo Espírito, até o presente momento, tem libertado pessoas de suas cadeias morais, emocionais, espirituais, soltando-os dos grilhões do mal e do pecado, trazendo-os para fora de seu cativeiro. Isso porque o Senhor Deus não muda e não é homem para mentir e essa é a promessa para quem ouve Sua voz e lhe abre a porta do coração! O plano de salvação para a humanidade nunca mudou, porque Deus a ama e a quer resgatar para si. É importante estarmos atentos à voz de comando do Senhor, que diz como à porta da sepultura de Lázaro: “Maria, João, venham para fora!”.

Quando voltaram da prisão, os enviados pela liderança reportaram o ocorrido. O capitão do templo e os principais dos sacerdotes se espantaram por não entenderem como aqueles homens puderam se libertar, sendo que nenhuma porta fora aberta e a segurança do cárcere estava preservada. Pessoas destituídas de graça não conseguem compreender o que não é carnal e não discernem sobre o que é espiritual.

O capitão e seus auxiliares, sabendo que aqueles, antes encarcerados pregavam livremente no templo, buscaram-nos, dessa vez sem violência, por temerem a reação do povo.

Desta feita, o sumo sacerdote os advertiu, lembrando-lhes que os tinha proibido de pregar naquele Nome (Jesus), porque aquela nova doutrina se alastrava entre o povo e

que os mesmos tinham a intenção de culpá-los pelo sangue daquele homem morto na cruz. Estavam tão separados da comunhão divina que só preocupavam com a reação humana: Pedro se rebelou contra essa admoestação, dizendo: "Mais importa obedecer a Deus do que aos homens." Atos 5:29. Infelizmente, ainda muitos continuam preocupados em agradar homens.

A lição de Pedro e de seus companheiros deve calar fundo em nossos corações. Quantas não foram as vezes, que deixamos de obedecer a uma determinação divina para agradar a alguém. Por timidez, medo, respeito humano injustificado, nos resvalamos para o campo da desobediência. Como o coração do Pai deve se entristecer com seus filhos rebeldes e ingratos, amados por Ele, mesmo antes da fundação do mundo?

No mundo secular, um filho agrada a seu pai ao demonstrar amor, respeito e consideração, muito mais agradaremos a Deus, ao reconhecer nossa fidelidade, disposição ao serviço e obediência, pois, “obedecer é melhor do que sacrificar e o atender melhor do que a gordura dos carneiros…” 1Sm.15:22.

Pedro, em seu discurso contra os saduceus, responsabilizou-os, abertamente, pelo sangue de Jesus, pelo qual todo o Israel se arrependeria, obtendo-se, assim, remissão de seus pecados. Realmente, não existe perdão de pecados sem arrependimento sincero. Prostrar-se diante de Deus, em atitude de sujeição, comove o coração daquele que ama sem medidas. Querer que Deus nos aceite e nos resgate, sem que arrependamos, sem que abaixemos nossa cabeça em sinal de contrição e nos reconheçamos dependentes de sua misericórdia, é querer o impossível.

Quando Pedro se referiu ao Espírito Santo, como sendo testemunha juntamente com eles próprios, foi a gota d’água para aquela gente que os perseguia. Ainda mais que acrescentava que os obedientes O receberiam, o que, na verdade, descartava, naquele momento os seus perseguidores. A

carapuça servira! Como é difícil para aqueles que são dominados pelo orgulho reconhecerem que estão errados!

Entra em cena Gamaliel, fariseu, doutor da Lei, solicitando que os discípulos se afastassem para ter uma conversa reservada com seus líderes, israelitas, sobre como agir, qual seria a estratégia dali por diante, para com os apóstolos. Sabia que precisava agir com a mais fina sabedoria, pois aqueles homens gozavam de credibilidade e prestígio junto do povo. Mais uma vez a preocupação com algo externo predomina sobre a necessidade de amar, respeitar, temer e tremer diante de Deus. Melhor é mesmo obedecer a Deus que agradar a homens, mas isso era impossível para quem não está sob a batuta do Espírito de Deus.

Inicialmente, usou o exemplo de Teudas, que conseguira convencer com suas palavras e obras, cerca de quatrocentas pessoas, levando-as a Cristo, mas fora morto e seus seguidores dispersos. O mesmo acontecera com Judas, o Galileu e seus companheiros. Nada poderia ser mais desanimador do que isso, mostrar como acabavam os que se renderam ao Pai e se imbuíram da obra de levar a boa nova a todos. Para os que permaneciam na carne essas palavras seriam suficientes para desencorajá-los.

Com esses exemplos usava de sabedoria do mundo, pois queria dizer que melhor seria "largar de mão" aqueles homens, diante daquelas mortes e dispersão; mas esclarecia que, se a obra fosse de homens não prosperaria; se fosse de Deus, não poderiam desfazer, para não lutarem contra o próprio Deus. É mais uma “lavada de mãos” dentro da Bíblia, o que significava: “Deixa estar, para ver como é que fica.”.

Diante disso, restou aos saduceus açoitar os discípulos, orientando-os a não pronunciar mais o nome de Jesus. Afastando-se do Conselho, se alegraram por terem sido castigados, afrontados pelo santo nome de Cristo. Que imensa glória para esses homens, por terem sido castigados por amor ao Senhor, à doutrina de Jesus, e ao próximo que eram alcançados

pelas palavras de sabedoria, pelos sinais e pelos prodígios orquestrados pelo Espírito Santo.

Segundo a Palavra de Deus, também nós, devemos nos alegrar e nos regozijar, quando, por amor à Palavra, sofremos injustiças, perseguições e abandonos, por nos mantermos fiéis em estarmos no Caminho. Muitas vezes, convivemos com inimigos dentro de nossa própria casa, mas quem nos sustenta nessa guerra espiritual é Deus. Não foi à toa que Jesus reconheceu que ninguém é profeta em sua terra! Infelizmente os que menos escutam são os nossos parentes, demoram a se converter, quando convertem!

Parecia difícil aos olhos humanos o enfrentamento daquelas situações dos enviados e profetas de Deus, mas, para eles não o era, porque, quem está Nele, que é nosso refúgio e fortaleza, tem as forças redobradas e o socorro está sempre presente nos momentos de angústia e de aflição. Por isso, quem abraça essa missão não pode e não consegue recuar, ou retroceder, porque a Palavra inflama, impulsiona, convida a caminhar e a avançar!

Portanto, mesmo sendo exemplarmente castigados, os seguidores de Cristo jamais desistem de pregar e ensinar, como eles faziam naquele tempo, não somente no templo, mas de casa em casa. Sementes que podem se multiplicar, florescer e gerar muitos frutos, a cem por um.

ESTÊVÃO, O PRIMEIRO MÁRTIR

Para organizar e facilitar a tarefa missionária dos discípulos, os doze apóstolos de Cristo convocaram os demais, para que escolhessem sete varões, dotados de sabedoria, de comportamento irrepreensível, e cheios do Espírito Santo. Esses seriam os primeiros diáconos da igreja cristã.

Dentre os escolhidos, Estevão, um homem que se destacava pela inabalável fé em Deus e, através dele, revelava-se o grande poder divino. Realizava maravilhas e grandes prodígios entre o povo, pois, os sinais dos que creem são sempre manifestos.

Conforme palavras do próprio Cristo, os seus seguidores fariam os mesmos feitos que Ele, e até maiores. Claro que depende da fé de cada um: daquele através de quem a obra é feita, e da fé do que recebe a graça. Embora Cristo seja o Filho de Deus, conseguiu fazer poucos milagres em sua terra, não lhe faltando, para isso, o que é óbvio, fé e confiança total no Seu Pai do céu.

Cristo também repreendeu seus apóstolos na sua falta de fé, pois, mesmo convivendo com Jesus, eram limitados em poder e confiança, por não se abandonarem por inteiro, em Espírito e em Verdade ao Supremo Poder: "Por que temeis, homens de pouca fé?" . Mat. 8:26. Essa frase foi dita por Jesus quando a tempestade e os ventos açoitavam a embarcação, enquanto o Mestre dormitava em paz.

Isso não ocorreu no caso de Estevão, que confiou, não cegamente, mas, com lucidez, no Deus a quem servia, pois, segundo a Palavra, "O justo viverá pela fé." Gl. 3:11. Estevão não apenas viveu, mas morreu por ela. Quantos estariam hoje dispostos a morrer pela fé? Será mesmo que, se a volta de Jesus tardar, encontrará fé na terra? Esse é um cuidado que nosso Pai tem para conosco, para que muitos se salvem. O tempo da volta de Jesus, embora demore para que se salvem outros, também traz o risco de muitas dispersões. Mas o Pai tudo sabe!

O ciúme, a competição e a inveja espiritual infelizmente, sempre estiveram presentes entre pessoas, mesmo entre o povo de Deus, como no tempo de Estevão. Alguns da sinagoga, invejosos da sua sabedoria, ao presenciar vários prodígios, insurgiram-se contra ele.

Para conseguir o intento dos inimigos de Deus foi ele acusado de blasfemar contra Moisés e contra o próprio Deus;

assim, contrataram a dinheiro, falsas testemunhas para depor contra ele e essa mentira prosperou, para alegria de seus opositores.

No dizer de hoje, aquelas pessoas, fizeram a cabeça do povo, até que os maiorais do templo conduziram-no ao Conselho. Lá chegando, algo inesperado aconteceu, pois, os que fixaram nele os olhos, viram o rosto de um anjo. A luz de Deus no rosto do crente sincero, não se pode esconder, pois ela é a diferença. Sentimos alegres quando alguém nos diz: “você é crente não é?” Felizes, não orgulhosos! Se não fizermos a diferença, se não formos fermentos no meio da massa, nosso conhecimento de Deus é parcial e insubsistente, bem como nossa fé.

Em sua defesa, que serviria para agravar sua situação, Estevão discorreu a História Sagrada, começando por Abraão, passando pelos Patriarcas, por José no Egito, por Moisés, pela saga do povo de Deus no deserto, por Salomão na edificação do templo, a fim de mostrar a eles a nua e crua perseguição que sempre sofreram os eleitos de Deus. Isso não serve para desanimar, mas para incentivar na caminhada, pois, a despeito de tudo, todos eles foram sustentados pela força e alcançados pela misericórdia de Deus.

Então, acusou-os, comparando-os aos seus antepassados que resistiram ao Espírito Santo, perseguindo e matando aqueles que anunciavam a vinda do Salvador. Por mais esse motivo, os "juízes" se enfureceram, principalmente por terem sido acusados de descumpridores da Lei de Deus. A Lei para eles estava acima de tudo, acima do próprio Deus que a escreveu. É uma inversão que deve ser evitada, pois nada pode ser superior ao grande EU SOU!

Enquanto os inimigos pensavam em destruí-lo, Estevão volveu o olhar aos céus e viu Jesus assentado à direita de Deus. Como aconteceu na execução de Cristo, fecharam os ouvidos à verdade e os olhos para a verdadeira luz.

Por tudo isso, expulsou-o da cidade e o apedrejaram e depuseram seus vestidos aos pés de Saulo, que ainda não era o Paulo, o Apóstolo de Deus, mas perseguidor de cristãos. “Enquanto era apedrejado, invocava os céus dizendo: Senhor Jesus, recebe o meu espírito.” Que cena maravilhosa aos olhos do Espírito e cruel aos olhos humanos!

Também Cristo, na cruz do calvário, entregou seu espírito ao Pai e pediu que perdoasse seus algozes. Estevão, à beira da morte, à semelhança de Cristo, disse: "Senhor, não lhe imputes este pecado.”.

Assim é a vida e a morte de quem anda, vive e ama como Jesus andou e amou, porque só quem tem Jesus como modelo consegue ser fiel até a morte e nunca renega seu Deus, por mais fortes e dolorosas sejam as circunstâncias. A coroa da vida é para os tais!

FILIPE ENSINA A PALAVRA AO EUNUCO

Maria, aquela a que me referi no princípio desse livro, ouviu a Palavra, recebeu-a em seu coração e se converteu. Não foram poucos os transformados por esse poder curador e renovador, que emana do Espírito: A Palavra tem vida própria e nunca volta vazia, ou seja, sem cumprir o propósito a que se destina.

É necessário evangelizar, é fundamental levar a Verdade aos sedentos, para que outros sejam tocados e venham a Jesus. Maria, como muitos outros, era aperfeiçoada dia a dia. Atitudes e maneiras denotavam ser outra pessoa; testemunhos e escolhas que falavam por si, impressionando a todos que a conheceram antes de receber Jesus como seu suficiente Salvador e Senhor. Os que cremos passamos por esse novo nascimento.

Maria, porém, mesmo se mostrando uma pessoa transformada, melhor, foi proibida de falar de Jesus e de suas

experiências com Ele, dentro de sua própria casa. Impossível para ela esconder os efeitos desse encontro: se tornara mais feliz, mais forte, amorosa e, principalmente, tolerante com aqueles que a atacavam pela causa de Cristo.

Seus familiares achavam que toda aquela situação não passava de "fogo de palha", que "cairia na real", que esse entusiasmo momentâneo iria se declinar; outros, contudo, preferiam ignorar, mesmo sabendo que todos estavam ganhando na convivência com essa nova criatura. É uma cegueira incapaz de discernir o que é melhor ou ideal para quem amamos.

Filipe era também um discípulo cristão. Certo dia, o anjo do Senhor ordenou a ele que descesse pelo caminho que vai de Jerusalém a Gaza. Encontraria com um homem, eunuco, mordomo-mor da Rainha de Candace, responsável por toda a riqueza daquele reino.

O enviado de Deus normalmente é dotado de um espírito fortalecido, é disposto para a obra, é aquele que "lança mão do arado e não olha para trás". Filipe era um servo que não deixava para depois o mandado de Deus, indo onde fosse necessário, sem saber o que iria encontrar pela frente, mesmo que representasse um risco à sua vida. A generosidade e a renúncia são marcantes na vida do crente sincero que não guarda para si o tesouro que encontrou, mas o multiplica e distribui.

Inicialmente, podemos observar que se tratava de uma pessoa importante. O eunuco era, mal comparando, como se fosse um Primeiro Ministro de um governo, porém, não estava contente: perdido, buscava algo mais, não se sentia pleno como pessoa humana, espiritualmente falando e sabia que algo muito necessário lhe faltava. É esse vazio que nos acompanha antes da conversão e nos angustia sobremaneira.

Naquele dia, o eunuco voltava de Jerusalém, onde fora adorar e foi visto por Filipe quando passava por ali. O Espírito também determinou que Filipe se chegasse a ele. Aproximou-se

e o viu lendo o livro de Isaías. Então, perguntou-lhe se entendia o que estava lendo.

Esse fato é interessante, porque, realmente, de nada adianta ler por ler a Palavra, sem buscar entender o significado, o contexto. Muitas vezes, se repete como um papagaio, sem se deter no real sentido. Principalmente para quem orienta, pois, se não compreende e “ensina” é como um cego que pretende conduzir outro cego, não há resultados a se alcançar.

Como muitos poderão ser conduzidos a Cristo, se não há quem os ensine? "Como vou entender, se ninguém me ensinar?". E há tantos que estão sedentos pela Palavra, se encontram destituídos da graça de Deus, porque almejam, mas não se acham merecedores e permanecem na escuridão do pecado. Merecer, ninguém merece, mas a bondade e misericórdia de Deus superam nossa fraqueza e nossos defeitos não são obstáculos para o agir e o mover de Deus.

A passagem que o eunuco lia falava do sacrifício de Jesus, quando levado à morte e todas as circunstâncias que envolviam aquele terrível e temível ato de desamor. Mas ele ansiava por saber mais, queria entender se aquele profeta falava de si mesmo ou de outro.

Aquele homem, bem sucedido na vida, fora adorar em Jerusalém, mas ainda não tivera um encontro pessoal com Jesus. Buscava, nas Escrituras, resposta para seus vazios, suas tribulações de alma, talvez para sua solidão, enfim, o preenchimento de seu coração: o elo entre si e o próprio Deus, pois, "ninguém vem ao Pai senão por mim", disse o próprio Cristo. Jo 14:6.

Em Cristo há liberdade e libertação e é essa a liberdade que o Evangelho nos concede, de alçar voos espirituais, de sermos alcançados e aperfeiçoados pelo Espírito Santo e dEle recebermos os dons para os colocar também a disposição de outros. Não podemos receber uma luz sem iluminar os demais, não conseguimos escondê-la e nem poderíamos, se grande é a vontade de compartilhar.

Descendo os dois ao ribeiro, o eunuco quis algo além: "Eis aqui água; o que impede que eu seja batizado?". Filipe concordou que fosse ele batizado, porque o eunuco cria, do fundo de seu coração, que Jesus realmente é o Filho de Deus e por Ele desejava viver.

Quando saíram da água, Filipe foi arrebatado. O outro, por sua vez, seguiu alegremente seu caminho, não mais como aquele ser incompleto, mas como quem se plenificou no encontro pessoal com o Cristo de Deus.

Filipe foi para Cesareia buscar outros necessitados, ensinando e pregando o Evangelho do Reino a toda a criatura, que também deve ser a principal missão de todos que se rendem aos pés de Jesus. Isso não é um sacrifício, um árduo trabalho, mas um privilégio para o cristão.

Podemos, não apenas por obrigação, mas, por necessidade espiritual, algo em nós que clama por levar a Palavra de Deus àqueles que estão sedentos, carentes, para cumprirmos o mandamento divino. Isso é uma alegria para quem se reconhece como um filho de Deus

Capítulo IV

PEDRO: ENÉIAS E TABITA

Enéias era um homem paralítico que vivia há oito anos numa cama, na cidade de Lida. Pedro aproximando-se, ordenou-lhe que se levantasse, e determinou que Cristo lhe concedesse saúde. Assim foi realizado. Tal fato foi suficiente para que muitos se convertessem a Cristo, não apenas em Lida, mas também em Sarona.

Aquela gente carecia de milagres para se render aos pés de Jesus. Precisava, não apenas de ouvir dizer, mas de

presenciar sinais e prodígios realizados no nome poderoso do Cristo. Embora o Messias tenha dito "Muito mais bem-aventurados os que não viram e creram", Jesus não tenha condenado e nem condene os "tomés" de ontem e de hoje, eles continuam existindo, não crendo para ver, mas necessitando ver para crer.

Em Jope, havia uma discípula chamada Tabita. Menina caridosa, fiel a Deus, conhecida por suas boas obras. A tradução desse nome é Dorcas. Ela se ocupava em confeccionar túnicas e vestidos para as pessoas pobres daquele lugar. Dorcas adoeceu e veio a falecer, o que entristeceu as viúvas e os que dependiam dela.

Pedro se encontrava em Lida, próximo a Jope, por isso, os discípulos enviaram dois homens até a referida cidade, instando a que não se demorassem a chegar. Chegando, Pedro os seguiu até o quarto, onde jazia o corpo da menina, momento em que as viúvas, provavelmente ajudadas por ela, permaneciam. Pedro, entretanto, pediu às mulheres que se retirassem. Em seguida, ajoelhou e orou. Ordenou àquele corpo inerte que se erguesse. Tabita, ou Dorcas, se levantou pela mão do Apóstolo que a apresentou viva para todos os presentes. Pedro ressuscitava como Jesus também ressuscitou!

A fama de Pedro e dos feitos dos discípulos se esparramavam por todo lugar. Diante dos fatos, muita gente se converteu; quanto a Pedro, continuou na cidade, na casa de Simão, o curtidor.

PEDRO E O CENTURIÃO CORNÉLIO

Cornélio era um bom homem, temente a Deus, piedoso, como toda sua casa. Fiel e caridoso, orava continuamente. Vivia em Cesareia, tinha um posto na corte

chamada Italiana. Era um Centurião. Na hierarquia romana, um comandante de uma legião, responsável por liderar, disciplinar e instruir uma centúria (guarnição de 100 homens). Suas ordens teriam de ser prontamente obedecidas: Uma pessoa respeitada e condecorada.

No Antigo Testamento, consta que Josué dissera aos hebreus no deserto, quando se dispuseram a seguir os deuses dos amorreus, que ele, juntamente com sua casa, serviria ao Senhor. Essa frase repercutiu bem entre aquele povo. Haviam se desviado do caminho do Deus vivo para servir aos deuses estranhos, se entregando à idolatria. Era um líder firme de bons testemunhos.

A firmeza e a determinação daquele líder foram decisivas para convencer e levar aquela gente rebelde a se voltar para Deus e se lembrar das beneficências do Pai para com todos, das bênçãos diárias que recebiam durante a peregrinação naquelas paragens áridas rumo à terra prometida.

O centurião Cornélio, assim como Josué, era uma bênção entre os seus e o testemunho de suas vidas era o maior argumento para que outros abandonassem a idolatria e se rendessem ao Deus vivo.

Os líderes precisam, além de seu testemunho de vida, ser firmes em seus propósitos, porque, muitos de seus liderados ainda não se firmaram na Verdade e, como um caniço ao vento, são susceptíveis a dúvidas e a se entregar aos enganos. Cabe à liderança o papel de dirigi-los com sabedoria e autoridade, alicerçados na Palavra e na fé em Deus.

Um anjo de Deus, numa visão, ordenou a Cornélio que enviasse homens a Jope e lá encontrassem Pedro, que estava na casa de Simão, o curtidor, à beira-mar.

Pedro, por sua vez, estava orando no terraço da residência, quando sentiu fome. Aguardava o preparo do alimento, quando sentiu um arrebatamento dos sentidos. Foi assim que avistou descendo do céu, como que um grande vaso, feito um lençol com as pontas amarradas. Estavam em seu bojo

todos os tipos de animais da terra, entre répteis, aves e quadrúpedes.

Uma voz chegou a si dizendo: “Pedro, levanta, mata e come”. Pedro, entretanto, respondeu que não poderia fazê-lo, porque em sua boca jamais havia entrado alguma coisa comum ou imunda. A voz retrucou dizendo que não chamasse comum ou imundo o que Deus purificara. Esse acontecimento repetiu por três vezes, até que o vaso foi recolhido.

Depois disso, os homens enviados pelo centurião estavam à porta, buscando por Simão Pedro. Informado pelo Espírito de Deus, de que devesse acompanhá-los, dirigiu-se aos mesmos e se identificou como sendo a pessoa procurada.

Um daqueles homens se adiantou dizendo por quem foram enviados e que sua missão era ouvir o que Pedro tinha para lhes dizer. Assim, Pedro os recebeu, pernoitaram ali e, no dia seguinte, o apóstolo os acompanhou, juntamente com alguns irmãos de Jope, até Cesareia.

Cornélio os aguardava em Cesareia, junto a ele, convidados, como familiares e amigos mais íntimos. Quando se aproximou de Simão Pedro, o centurião se prostrou a seus pés para adorá-lo, mas ele o levantou dizendo: “Levanta-te que também sou homem.” Atos 10:26.

Nesse momento, me lembro da humildade e prontidão de Neemias, quando se propôs a reerguer os muros de Jerusalém. Um autêntico líder, embora se caracterize por outras virtudes, deve ser humilde. Uma pessoa arrogante jamais se curvará diante de Deus. Assim, não terá a devida condição de executar a obra da maneira que agrade a Ele. A começar que um falso líder jamais impedirá a alguém de se “curvar” diante de si e de seu ego inflamado, mesmo sendo ele fraco e pecador.

Desde que recebera aquela visão, Pedro meditava sobre seu significado, mas, através do Espírito, acabou compreendendo o que Deus queria ensinar. Explicou a Cornélio que, embora sendo ele judeu e, nessa condição, não pudesse aproximar-se de estrangeiros (gentios), Deus lhe havia mostrado

que a nenhum homem considerasse comum ou imundo, nem mesmo os gentios, tão desprezados!

Até aqui constatamos, de maneira clara, que, quando um homem de Deus recebia um comando do céu, um mandamento ou missão, agia prontamente para atender de maneira fiel e correta às instruções do Deus a quem servia. Semelhantemente, devemos agir nos dias atuais, e até que o reino se instale.

Sabemos que, hoje, Deus não nos fala da mesma maneira que outrora. Se permanecermos na Palavra, nos mantivermos em sintonia com a santa vontade do Pai, Ele nos falará ao coração e à mente ou pela Palavra. Quando alguma profecia ou ordenança procede de Deus, não persiste dúvida, porque não é um Deus de confusão. Ele nos fala através da Palavra, instruindo-nos como agir, como falar e a quem e o que buscar.

Quando Jonas recebeu o comando de Deus para ir a Nínive, pregar ao povo que se entregara à corrupção e ao pecado, ele não obedeceu. Talvez, temeroso, escolheu fugir, como se alguém conseguisse fugir do Deus Vivo. Escondido num navio foi para Társis, mas foi encontrado. Deus o redirecionou, e o devolveu a terra, em Nínive, conforme ordenara, inicialmente.

Pedro os encontrou e, conforme instrução divina acompanhou aqueles homens sem contrariar a vontade de Deus, pois, o “eis-me aqui” nos leva ao “ide”: é caminhada, é ministério, é obra, é salvação para muitos!

Pedro quis saber de Cornélio o motivo de tê-lo chamado. Então lhe reportou tudo o que havia acontecido, como o anjo do Senhor o abordou e determinou que enviasse homens a Jope, à casa de Simão, o curtidor, para encontrá-lo. Que o achando, viessem todos juntos a Cesareia para receber instruções divinas sobre o que fazer. Por isso ali estavam.

Através do Espírito Santo, então, Pedro entendeu que Deus não faz mesmo acepção de pessoas para a salvação, que o

homem temente a Deus que obra o que é justo, em qualquer nação é agradável a Ele. Que bem-aventurada verdade!

Enquanto muitas denominações e seitas religiosas se batem e se debatem por questões doutrinárias, em detrimento do próprio Nome de Jesus, fazendo-se inimigos e adversários, Deus demonstra o seu amor e sua justiça para com todos, sem exceção. Mal comparando, é como se torcedores do mesmo time se digladiassem entre si, por alguma razão e isso tem acontecido também hoje!

Em Apocalipse 7:9, João, em uma visão, vislumbra uma incontável multidão, formada por gente de todas as nações, povos, tribos e línguas, com vestes brancas, segurando palmas, diante do trono do Cordeiro: É a paz por Jesus Cristo, o Senhor de todos!

Pedro discursou diante de todos, discorrendo sobre os acontecimentos dos últimos dias, lembrando que a Palavra se iniciou na Galileia, após o batismo de João e percorreu a Judeia. Que Jesus foi ungido por Deus com o Espírito Santo e virtude, mas que, apesar de todo o bem praticado, tais como curar doentes, ressuscitar mortos, livrar de dores, foi pendurado no madeiro e crucificado. Aquele que testificou de Deus, por Ele constituído Juiz de vivos e mortos, ressuscitou e mandou que pregassem ao povo, para levar à salvação aos que cressem, obtendo-se remissão de pecados.

Nesse instante, o Espírito Santo foi derramado sobre judeus e gentios, que começaram a falar em línguas e exaltavam a Deus. Aqueles que eram da circuncisão (judeus) se maravilharam e todos foram batizados, igualmente. Mais uma prova de que Deus não faz acepção de pessoas para a salvação: circuncisão e incircuncisão não eram coisa nenhuma!

Em Jerusalém, entretanto, os da circuncisão não aceitaram o fato de ter Pedro entrado em casa de varões incircuncisos, tendo comido com eles. Pedro, então, falou-lhes da visão do vaso que desceu do céu, da parte de Deus e tudo que Ele lhe falara e o que acontecera em Cesareia, até o momento da

descida do Espírito Santo sobre todos que ali se encontravam, judeus e gentios, sem exceção.

Pedro encerrou seu comentário, dizendo que, naquele momento, lembrou-se do Senhor quando disse que João batizava com água, mas que seria enviado aquele que batizava com o Espírito Santo e acrescentou dizendo que, se Deus deu aos gentios os mesmo dom que aos judeus, “quem era então eu, para que pudesse resistir a Deus?” Atos 11:17.

Após isso, se apaziguaram, glorificaram a Deus, reconhecendo que até aos gentios Ele havia dado o arrependimento para a vida!

HERODES: A PERSEGUIÇÃO

O rei Herodes, também reconhecido como Herodes Agripa por historiadores, não suportava o crescimento do número de cristãos adicionado todos os dias às igrejas. Ainda hoje, e o será sempre, pessoas que se devotam com sinceridade à causa de Deus são perseguidas. Isso não é um desestímulo aos da fé, mas motivo de alegria e regozijo, para os que cremos.

Herodes mandou passar à espada, Tiago, irmão de João. Por ter convencido e agradado a judeus, também mandou prender a Pedro. Este foi encerrado na prisão, ao mesmo tempo em que a Igreja persistia em oração. Segundo a Palavra, a oração de um justo tem muito poder, até mesmo de romper cadeias e libertar oprimidos.

Uma ofuscante luz invadiu a prisão. Um anjo do Senhor tocou nos quadris de Pedro e suas algemas se desprenderam. Naquele momento, ele julgou estar tendo uma visão. A porta de ferro se abriu sozinha e, passando pela guarda, ganhou a rua. Nesse momento, o anjo se apartou dele. Dirigiu-se, em seguida, para a casa de Maria, mãe de João Marcos, onde muitos ainda oravam reunidos.

Uma menina chamada Rode foi atender a porta e se espantou ao ver que era Pedro: voltou correndo e contou a todos a novidade, mas não acreditaram, acharam que poderia ser um anjo. Maravilharam-se quando constataram que era mesmo ele. Naquele momento, era mais fácil acreditar que um anjo estaria à porta do que pensar que Pedro pudesse ter sido liberto de amarras e das cadeias.

Jamais o poder de um rei ou de qualquer outro pode fazer face ao poder de Deus. Não há cadeias, não há limites, não há qualquer obstáculo e dificuldade que possam interromper a obra divina. Quem poderá impedir o agir de Deus? ”Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem impedirá?” (Isaías 43.13). Suas exclusivas virtudes são a onipotência, a onipresença e a onisciência. Não há nada maravilhosamente imenso para Ele!

Herodes justiçou as sentinelas que não conseguiram impedir essa fuga. O rei, em seguida, resolveu passar um tempo em Cesareia. Alguns de Tiro e de Sidom, seus divergentes, se aproximaram de Blasto, camareiro real, tentando uma reconciliação para obter favores do rei, pois suas terras dependiam dele.

Certo dia, Herodes, no tribunal, assentado em seu trono, dirigiu a palavra ao povo, que se envolveu e se maravilhou tanto que começaram a gritar: “É voz de Deus e não de homem” Atos 12:22. No mesmo instante, um anjo o tocou e ele, ferido, expirou devorado por vermes. Não havia outra maneira mais concreta de Deus deter aquele povo de honrar aquele que não era um vaso para honra!

Todo orgulho e prepotência humana serão cobrados. Deus não tolera a presunção, a vaidade exacerbada, o querer ser maior que Ele. Desde os céus, quando Lúcifer, por ser o anjo mais bonito, acreditou poder subir mais alto e sobrepujar a soberania de Deus, se iniciou a sua derrocada. Conosco não será diferente. Vaidade não combina com a obra espiritual, porque o mérito e a glória sempre serão atribuídos a Deus: Ele não os transfere a nada e a ninguém.

Sabemos que os ídolos terrenos possuem pés de barro, por isso, são falhos e neles não podemos confiar. Não há um mortal sequer que não nos decepcione, seja ele quem for. Só Deus se mantém fiel, somente nEle podemos confiar, sem nenhuma sombra de dúvida e não existe outro nem na terra, nem nos céus a quem devamos honrar e glorificar-lhe o Nome.

O historiador judeu, Josefo, do primeiro século, narrou os acontecimentos da morte de Herodes Agripa, sendo impressionante a semelhança com os citados na Bíblia, comprovando a veracidade dos textos sagrados. Não são raros os eventos que a História confirma, mas não precisamos dessa confirmação para crer, porque aceitamos as Sagradas Escrituras pela fé. A fonte segura revelada pela Palavra é Deus que, pelo Espírito Santo iluminou tais mensageiros, ou seja, seus 40 escritores.

Todos tem uma história de vida trágica espiritualmente antes da conversão. Maria, nossa personagem inicial nesses relatos, era e se sentia, desgraçadamente, uma transgressora dos estatutos e leis de Deus. Uma pecadora, afinal!

Como igualmente acontece a muitos, de tanto errar e sofrer as consequências do mal em sua vida, ela se rendeu aos pés de Jesus e foi, por conseguinte, transformada e teve sua vida também modificada. Não existe diferença entre “pecadinho e pecadão”, mas há diferença entre as consequências do pecado, mais graves e menos graves. Os pecados praticados com os corpo tem um peso maior, pois deveria ser o templo do Espírito Santo de Deus.

A partir de agora, nossa Maria sairá de cena, para que continuemos falando, especialmente, do apostolado de Paulo. Não que seja de somenos importância a conversão de Maria, de maneira nenhuma! É que, ela, depois de convertida, continua fazendo a obra, se dedicando à igreja e aos irmãos necessitados de oração e de intercessão.

Maria sou eu, Maria é você, é Pedro, Estevão, são todos os que tivemos um encontro com Cristo e partimos para a missão que se nos impõem a fé e a boa vontade como servos de Deus. Que Deus nos abençoe a todos

II PARTE

Primeiro Capítulo

A CONVERSÃO DE SAULO, UM VASO ESCOLHIDO

Há na literatura bíblica e, em vários testemunhos que nos chegam de maneiras diversas, por diferentes fontes, exemplos maravilhosos de transformação pela obra e graça do Espírito Santo de Deus. Existem aqueles descrentes que

questionam e até duvidam e não confiam que sejam verdadeiros. Pessoas abandonam uma vida inteira de erros e pecados e se tornam verdadeira bênção!

A transformação na vida do judeu Saulo, o de Tarso, é expoente no livro de Atos dos Apóstolos, por muitos atribuído a Lucas. Os apóstolos e quem mais professasse a fé em Jesus eram perseguidos pelos judeus. Entre eles, o principal, Saulo, da cidade de Tarso. E, nesse mister, era fiel aos seus princípios e considerava aqueles como transgressores da Lei de Deus e de sua religião, o Judaísmo.

Impiedoso muitas vezes, continuando sua missão de perseguir, dirigiu-se ao sumo sacerdote, para que lhe entregasse cartas para levar presos os que encontrasse nas sinagogas de Damasco, sendo eles homens ou mesmo mulheres.

Quando se aproximava daquela cidade, veio do céu um clarão e o derrubou por terra, momento em que ele apenas ouviu uma voz que dizia: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" Atos 9:4. Era a conhecida queda do cavalo. Muitos, como Saulo, necessitam cair para se levantarem verdadeiramente.

Saulo, atemorizado e atônito, pergunta quem lhe falava, ao que teve como resposta, ser Jesus, a quem perseguia. Buscando saber o que queria, a voz continua dizendo que fosse para Damasco, onde receberia instruções sobre o que fazer. Os que o acompanhavam ouviram a voz, mas não viram ninguém. Paulo também não podia mais ver, cego, foi conduzido àquela cidade, onde permaneceu, três dias sem comer e sem beber.

Nesse lugar, havia um discípulo, Ananias, que foi visitado por Deus em visão, na qual o Senhor ordena que vá à Rua Direita, procure pela casa de Judas, onde encontraria um homem de Tarso, cujo nome era Saulo, que estava orando.

Em contrapartida, Saulo teve uma visão em que um homem chamado Ananias viria até ele, colocaria a mão sobre si e sua visão seria recobrada. Deus trabalha com

perfeição e sem contradições. Resta-nos obedecê-Lo prontamente, sem questionamentos.

Mas Ananias questionou ao Senhor, por um motivo aparentemente justificado, pois, conhecia de ouvir contar os feitos tenebrosos de Saulo, que perseguia os santos em Jerusalém e era muito poderoso junto aos sacerdotes contra aqueles que invocavam o santo nome de Jesus. Não era para menos.

Deus tranquiliza Ananias, dizendo que Saulo era um vaso escolhido, para levar o Seu nome aos gentios, aos reis e aos demais filhos de Israel.

Ananias chegou à casa de Judas, encontrando Saulo, conforme a visão, impôs-lhe a mão, dizendo que tornaria por esse gesto a ver e se encheria do Espírito Santo. Nesse momento, caíram como que escamas dos seus olhos e, recuperando a vista, foi batizado.

Saulo, tão logo se alimentou, juntou-se aos discípulos que estavam em Damasco, e se dirigiu à sinagoga para pregar. Inicia-se, aí, o ministério de Paulo, o de levar Jesus, e a Palavra da salvação para todos de diversas paragens até o dia de hoje.

O milagre da conversão é mesmo dos maiores, proporciona uma reação imediata e instantânea. Quando experimentamos esse encontro com Jesus, sentimos naturalmente dentro de nós uma necessidade muito intensa de falar, de levar a Boa Nova do Evangelho, não importando quem a irá receber, pois não há acepção para se chegar a Deus. Ele nos recebe do jeito que somos, não importando o tanto que transgredimos e como o fizemos.

A vontade não se resume em apenas pregar, mas compartilhar experiências com outros, pelo testemunho, falar de mudança e transformação, levando outros a se envolver com a obra missionária, para que se façam mais discípulos em Cristo.

Verdadeiramente, é impossível receber uma luz e a ocultar; quem se aproxima de um iluminado de Deus, recebe o reflexo dessa luz e o instiga a querer conhecer o que faz a diferença! Algo mais poderoso se apodera do novo converso, mais forte do que ele mesmo. Mas não é tudo: Se recebermos a vida e não nos alimentarmos dessa fonte eterna, fatalmente a luz, por mais forte que seja, vai-se aos poucos desvanecendo, até perder totalmente o seu brilho.

Quando Paulo é reconhecido pelas pessoas, essas se admiravam e não entendiam o que acontecia. Tornou-se irreconhecível aquele homem, quanto ao caráter, antes arrogante e impiedoso, era, agora, uma nova pessoa. Aquela postura e posicionamento a favor de Cristo nada tinham a ver com o velho homem. Aquele que perseguia e prendia os seguidores de Cristo se esforçava no convencimento dos judeus de Damasco de que Jesus era mesmo o Filho de Deus e sobre a mudança que essa aceitação causava no ser humano.

Tudo isso só fez enfurecer os judeus que não aceitaram essas mudanças. Julgaram-no um transgressor do judaísmo e tencionavam matá-lo. Passaram a guardar as portas da cidade, mas seus companheiros o puseram num cesto e, transpondo o muro, o transportaram para fora da cidade. Eles colocavam sua religião em posição superior ao próprio Deus!

Essa situação desconfortável de rejeição é experimentada por grande parte das pessoas quando se convertem. Na maioria das vezes, os desafetos se revelam dentro e, principalmente, de sua própria casa ou entre os da família. Paulo, embora presumivelmente casado, passou a viver só e não é claro para nós nas Escrituras o motivo disso.

Quando Paulo buscava pelos discípulos em Jerusalém, era recebido com temor e muita desconfiança. Pela providência divina, Barnabé conduziu-o à presença desses homens de Deus. Não é difícil entender o porquê desse tratamento. Quem poderia tão facilmente acreditar numa mudança tão profunda e radical daquele que era fiel e acreditava piamente no que fazia.

Não seria mesmo fácil para aquelas pessoas entender a nova realidade. Havia surgido um novo homem, na contramão de suas antigas crenças e preceitos, mas igualmente brilhante! Realmente, Deus escolhera aquele vaso de bênçãos, porque lhe conhecia a firmeza e a intrepidez de caráter.

Ele não se detinha diante de ninguém e não temia qualquer que fosse a situação. Disputava a Palavra com os gregos e espalhava o nome de Jesus e a doutrina cristã, ganhando para Cristo multidões. Edificava as igrejas e as multiplicava, no temor do Senhor, na paz e na comunhão com o Espírito Santo. Tudo isso passando por dificuldades jamais imaginadas!

Estaríamos nós, hoje, dispostos a enfrentar tudo isso? Creio que não, porque muitos se acomodam em dizer que é Cristão, evangélico, sem assumir todo o ônus e responsabilidade que representa essa escolha. Mas, à margem disso, há os que se jogam no Ministério, haja o que houver, custe o que custar, para honra e glória de Deus.

Tudo que acontecera até aquele momento chegou ao conhecimento da Igreja em Jerusalém. Por isso, as lideranças enviaram Barnabé a Antioquia. Chegando, se encantaram com a graça de Deus que abundava naquele lugar, assim, muitos se uniram ao Senhor.

Barnabé foi para Tarso e, encontrando Saulo, o conduziu para Antioquia, Foi nesse lugar que, pela primeira vez, os discípulos de Jesus foram chamados de Cristãos. Até os profetas desceram para lá.

Deus levantou um profeta de nome Ágabo para dizer ao povo que haveria uma grande fome em todo o mundo e os discípulos deveriam mandar que socorressem aos irmãos que habitavam na Judeia. Deus sempre instrui seus servos a se ajudarem uns aos outros, principalmente aos da família da fé. Por isso todos são fartamente abençoados e de nada sentirão falta!

Não existe cristianismo sem ação. A fé nos leva a agir em favor de outrem e esse cristianismo da igreja primitiva não pode ser esquecido. Deve ser praticado pela igreja que se diz de Deus. Somos os apóstolos de hoje, o que não nos concede privilégios, mas responsabilidades. É o que veremos na sequência.

Capítulo II

A MISSÃO DE PAULO

Embora o Livro se intitule ATOS DOS APÓSTOLOS, na verdade, poderíamos com propriedade chamá-lo de Atos do Espírito Santo ou Atos de Jesus. Sim, porque, tanto Pedro, como Paulo, como Barnabé e outros foram instrumentos de Deus para realizar as obras divinas na terra. Jesus, que sempre existiu, continua presente de maneira flagrante em todos os atos praticados nesse livro.

O Apóstolo Paulo que, para honra e glória de Deus, mudou de lado, passando de perseguidor à “luz para os gentios”, é um expoente na formação da Igreja Primitiva. Ser luz para os perdidos deve ser mais que uma causa, uma missão a ser assumida pelos seguidores de Cristo, a verdadeira Luz.

Alguns profetas e doutores da Igreja em Antioquia, que serviam ao Senhor, perseverando no jejum e oração, inspirados

pelo Espírito, impuseram as mãos sobre Barnabé e Paulo e os enviaram a Chipre.

Ao atravessar a Ilha até Pafos, juntamente com João Marcos, encontraram um falso profeta, judeu, denominado Barjesus, que enganava e alienava o povo com mentiras e não tinha parte com Cristo, embora o quisesse demonstrar. Com ele, o Pró-cônsul Sérgio Paulo, que, apesar de representar o paganismo romano, se mostrou interessado na Palavra dos apóstolos.

Como um enganador, o mago quis impedir que Sérgio Paulo conhecesse a mensagem, mas Paulo, iluminado pelo Espírito Santo exclamou: “Ó filho do diabo, cheio de todo engano e de toda malícia, inimigo de toda Justiça, não cessará de perturbar os retos caminhos do Senhor? Atos 13:10.

Desde sua queda, o demônio que veio para matar, roubar e destruir age contra o ser humano para se vingar de Deus. Assim tentou a Cristo, usando palavras das Escrituras, para confundi-Lo, como se isso fosse possível. Usa, costumeiramente, o ser humano para fazê-lo, principalmente se essa arma escolhida demonstre certa postura “piedosa”. Pessoas são usadas, dentro das próprias igrejas, para iludir e destruir a fé de muitos. São agentes da destruição, muitos sem se dar conta de que tem sido agentes do mal.

Paulo determinou que o mago sofresse de uma cegueira temporária. No mesmo instante, aquele homem, além das trevas espirituais, passou a conhecer a escuridão e a deficiência física. Desesperado, estendia a mão, buscando alguém para guiá-lo.

Por sua vez, o Pró Cônsul ficou maravilhado com a doutrina do Senhor e o poder da Palavra sobre o mal. Na verdade, ninguém pode deter a obra, nem perseguições, nem açoites nem mesmo a morte. Estevão morto era um contundente agente de transformação entre o povo e o Evangelho prosperava e, assim chegaria até nós: Maria, eu você e a quem mais o receber e aceitar a Jesus como Salvador!

Enfim, João volta para Jerusalém, Barnabé e Saulo rumam para Perge, em seguida, para Antioquia. Ali, entraram na sinagoga no dia de Sábado e se assentaram. Após a leitura da Lei e dos profetas, conforme o costume, Paulo tomou a Palavra.

Iniciou o Apóstolo sua explanação recordando a vida de escravidão faraônica dos hebreus no Egito e a saga da retirada desse povo daquela terra, comandado por Moisés, rumo à terra de Canaã. Falou sobre a queda de Saul, e da instituição do reinado de Davi, filho de Jessé, raiz de quem viria Jesus, o Salvador. Referiu-se à morte de Cristo, como e por quem fora condenado o Messias e sobre o cumprimento das profecias até aquela data. Ele também comparou o sacrifício de Jesus, que não conheceu corrupção e ressuscitou dos mortos, com a morte de Davi, que, sendo humano, ainda dorme, porque conheceu a corrupção e aguarda a ressurreição no Juízo.

A pregação de Paulo agradou tanto aos gentios que eles pediram a ele que a repetisse no sábado seguinte e assim aconteceu. Naquele dia, a sinagoga esteve repleta de pessoas o que despertou, ainda mais, a inveja dos judeus, que blasfemavam e buscavam contradizer as palavras ensinadas.

Paulo e Barnabé foram enfáticos contra os adversários de Deus, afirmando ter eles rejeitado a vida eterna, por não se sentirem dignos, por isso, como apóstolos, se interessavam pelos gentios, e se voltavam para sua salvação.

Sobrou aos judeus incitarem algumas mulheres contra eles, assim, foram perseguidos e expulsos da cidade, partindo, então, para Icônio, Listra e Derbe. Em Icônio, imediatamente, judeus e gregos se renderam ao Senhor, porém, alguns incrédulos incitaram os gentios que dividiram a cidade: Uns favoráveis aos judeus; outros, aos apóstolos:

“Então disse ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de

fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não

percebeis.” Is. 6:9. Descobriram um motim para apedrejá-los, então foram para Listra e Derbe e ali pregaram abertamente.

Em Listra, Paulo encontrou um coxo de nascença e quando percebeu pelo Espírito, que ele tinha fé suficiente, o curou,

determinando que andasse sobre seus pés e se levantou e andou. O povo, vendo tais maravilhas, gritava que deuses semelhantes a homens vieram até eles e operaram milagres. Chamavam a Barnabé, Júpiter e, Paulo, Mercúrio.

Ao lado de tudo isso, o sacerdote de Júpiter trouxe touros e grinaldas para a entrada do templo para sacrificar. Indignados, os apóstolos rasgaram seus vestidos e repreenderam ao povo, dizendo que eram pessoas comuns, sujeitos às mesmas paixões. Advertiam-nos a se converterem ao Deus Vivo, levando, a multidão a desistir daquele sacrifício. Mesmo assim, alguns de Antioquia e Listra provocaram as pessoas que apedrejaram a Paulo e o arrastaram para fora da cidade, julgando-o morto.

A espiritualidade deles era tão elevada que, ao invés de pensar em desistir, em abandonar aquela causa pela qual sofriam tanto, voltaram para Antioquia e relataram tudo o que Deus havia feito em favor de suas vidas e como foram abertas as portas da fé aos gentios.

CAPÍTULO III

JUDEUS, GENTIOS E A CIRCUNCISÃO

Infelizmente, muitos religiosos cuidam e se preocupam demasiadamente com as formalidades e aspectos exteriores de sua religião, independentemente de qual seja e desprezam o essencial. No cristianismo, muitos igualmente incorrem nesse erro: o perigo é de o seguidor de Cristo se enveredar por doutrinas de homens, levando-o à apostasia. Até mesmo dentro das igrejas, corrermos esse risco. Apenas quem se alicerça na Rocha que é Cristo se mantém firme, sem desviar-se.

Jesus se prestou ao maior e mais doloroso sacrifício a que alguém poderia se submeter, não por gente “seleta”, mas por nós, pecadores. Mesmo assim, os judeus recém-convertidos, insistiam em pregar a circuncisão, para fins de salvação, conforme ensinava a lei de Moisés, desprezando, não levando em conta a misericórdia divina.

Por tudo isso, Paulo e Barnabé, após enfrentá-los, subiram a Jerusalém, para se encontrar com os apóstolos e anciãos. Passaram por Samaria e Fenícia, noticiando a conversão dos gentios, causando muita alegria ao coração de todos.

Diante de tantas contradições, Pedro tomou a palavra dizendo da missão de todos os judeus de levar a Verdade aos gentios. E que, por terem crido, Deus havia dado a cada um o Espírito Santo como dera a eles, não havendo acepção de pessoas. Falou da salvação pela graça, independentemente de circuncisão, pois, nada que possamos fazer pode nos salvar.

A multidão atenta ouvia calada também a Barnabé e Paulo narrar as maravilhas que Deus havia realizado por meio deles:

“E com isto concordam as palavras dos profetas, como está escrito: Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído, levantá-lo-ei das suas ruínas, e tornarei a edificá-lo. Para que o resto dos homens busque ao Senhor, e todos os gentios, sobre os quais o meu nome é invocado, diz o Senhor, que faz todas estas coisas, que são conhecidas desde toda a eternidade.”Atos 15:15 a 18.

Tiago aconselhou a todos que os gentios não deveriam ser molestados e que fossem orientados a abster-se da contaminação dos ídolos, da prostituição, da carne de animais sufocados e do sangue, mas que não se prendessem a outros ensinamentos de Moisés que não mais faziam sentido diante do sacrifício de Cristo.

Para dinamizar o trabalho, os apóstolos e anciãos resolveram eleger varões distintos em missões evangelísticas à Antioquia, acompanhando Paulo e Barnabé. Foram escolhidos Judas e Silas. Eles levaram uma carta aos irmãos daqueles lugares, em que informavam que alguns dentre eles estariam perturbando os gentios com mandamentos desnecessários, impondo-lhes cargas

dispensáveis, devendo se limitar àquelas coisas que permaneceram, que faziam bem em guardar.

Sabemos que, ainda hoje, algumas igrejas insistem em sobrecarregar o povo de Deus com mandamentos e sacrifícios sem fundamentos, com doutrinas terrenas de nenhum valor, com rituais humanos que não honram ao Deus vivo e para nada servem. Por isso, aquela carta agradou a multidão que devia estar se sentindo desconfortável diante de tantas e complexas exigências.

Judas, Silas, Barnabé e Paulo permaneceram juntos daquela gente por um período de tempo, finalmente, Judas voltou para os apóstolos e Silas permaneceu ali por mais um tempo.

Depois de permanecer em Antioquia, Paulo resolveu revisitar as cidades por onde havia passado, para ver como os crentes estavam. Barnabé concordou, contanto que levassem com eles João Marcos. Paulo não aceitou a ideia, porque João Marcos se separara deles em Panfília, não tendo, assim, participado daquela obra. Não havendo acordo, Barnabé tomou a João Marcos, seguindo para Chipre; Paulo e Silas para a Silícia e Síria, para confirmar as igrejas, conforme planejara.

Chegando a Derbe, encontrou Timóteo, filho de uma crente judia, de pai grego. Paulo quis levá-lo consigo, para isso o circuncidou para não afrontar os judeus que se encontravam ali. Como os judeus, agia como os tais para não escandalizá-los, assim como também Jesus fez quando pagou o tributo com a moeda na boca do peixe, pelo mesmo motivo.

Os decretos estabelecidos pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém para serem observados eram entregues nas igrejas e assim cresciam em número e se confirmavam na fé. O Espírito Santo os impediu de pregar a palavra na Ásia e Biltínia, assim, desceram para Troas.

Observamos em várias passagens, como esses servos de Deus estavam atentos às determinações do Espírito de Deus. Eles faziam segundo eram orientados e dirigidos por Ele e, com isso, se desviavam do que não precisariam enfrentar e iam de encontro a tudo que agregasse almas aos projetos de Deus. Hoje, também precisamos

aceitar a direção do Espírito Santo em nossa vida, para que tudo nos vá bem e cumpramos a carreira honrosa e fielmente. Cumprir a carreira significa mantermo-nos salvos e levar a Cristo o maior número de almas que possível.

Por meio deste mesmo Espírito, Paulo teve uma visão, na qual um varão da Macedônia lhe rogou fosse até lá, obedecendo, como sempre, sem questionar. Foram os apóstolos para Samotracia, Nápoles e Filipos, onde permaneceram alguns dias. No sábado, quando falavam às mulheres que se ajuntaram, observaram dentre elas, Lídia, uma vendedora de púrpura, que servia a Deus. Sendo batizada, ela e sua casa, rogou-lhes que entrassem em sua casa. Atenderam a seu convite. Que alegria para aquela serva de Deus!

Aconteceu, também, que uma jovem que tinha espírito de adivinhação os encontrou. Ela dava grande lucro a seus senhores. Por vários dias, a moça clamava, dizendo: “Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo.” Paulo determinou em nome de Jesus a saída desse espírito e, no mesmo instante, a deixou. Vemos que o próprio espírito do engano reconhece e declara quem é Deus e quem são os Seus servos.

Seus senhores, irados, prenderam Paulo e Silas e os levaram à presença dos magistrados. Estes os acusaram de perturbar a ordem, expondo o povo a costumes ilícitos, por serem romanos. Tiveram suas vestes rasgadas, açoitaram-nos e os encerraram na prisão, recomendando aos carcereiros que os guardassem em segurança.

Além de presos, tiveram os pés presos num tronco. Perto da meia-noite, quando Paulo e Silas cantavam hinos, veio um terremoto, que sacudiu as dependências do cárcere, abrindo todas as portas, libertando os detentos de suas algemas. O carcereiro ficou apavorado com o acontecido, quis se matar com a espada, temendo uma fuga em massa. Paulo advertiu-o para que não fizesse tal coisa, pois todas permaneciam ali. Notamos aqui a alegria de Paulo cantando hinos de louvores a Deus, num momento de sofrimento e dor, porque tudo fazia para a honra e glória do Pai celestial.

Analisando esses fatos, reconhecemos a perfeição da obra de Deus: Em qualquer prisão, em qualquer parte do mundo, se os

reclusos vislumbrassem uma oportunidade de fuga como aquela, pelo menos os mais ousados aproveitariam para evadir-se. Nesse caso, foi tão assombroso e inusitado que se sentiram paralisados, talvez de temor.

Tremendo, ainda, o carcereiro se prostrou diante dos apóstolos e lhes perguntou o que deveria fazer para ser salvo. “E eles disseram: crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa.” Atos 16:31. Pregaram, a seguir, a palavra de Deus aos seus familiares, sendo não apenas o carcereiro, mas os demais, batizados.

Na manhã seguinte, os magistrados enviaram para libertar Paulo e Silas da prisão. Quando o carcereiro chegou para atender o comando, Paulo se recusou a ser liberto, quis que essas autoridades, pessoalmente, viessem soltá-los. A intenção de Paulo era intimidá-los, uma vez que sofreram açoites sem que fossem julgados e condenados, tendo sido lançado desse jeito na prisão, sendo eles cidadãos romanos.

Ouvindo isso, eles temeram por si mesmos, foram até os apóstolos e suplicaram para que eles deixassem a cidade, sem alarde, temendo as consequências. Saindo daquele lugar, foram para casa de Lídia, onde os irmãos reunidos os confortaram antes da partida.

PAULO EM TESSALÔNICA

Em Tessalônica, Paulo discutiu com os judeus as Escrituras, por três sábados seguidos. Explicava aos presentes sobre a necessidade da morte e ressurreição de Jesus, o Cristo. Chegou a convencer alguns homens e mulheres, além de uma grande multidão de religiosos gregos. Muitos demonstravam ser de dura cerviz, ouviam, mas não escutavam com o coração.

Muitos judeus, sendo apenas religiosos, cumpridores da lei de Moisés, embora conhecessem profundamente as Escrituras, eram insubmissos a Deus e não abriam seu coração à luz do Espírito Santo. Por isso, por não terem discernimento da verdade, não reconhecerem que Jesus era o Cristo anunciado pelos profetas, principalmente por

Isaías. Esses são aqueles invejosos espirituais que se sentem superiores aos demais, sendo, na verdade, cegos, nus e tolos.

Esses homens, então, alvoroçaram a cidade contra Paulo e Silas, assaltando a casa de Jason, tentando tirá-los do meio do povo. Não os encontrando naquela casa, levaram-no no lugar deles, à presença dos magistrados, sob as mesmas acusações de desobediência a César, por anunciar a outro rei, Jesus! Após algumas explicações, foi liberado, ao passo que Paulo e Silas foram enviados para Bereia.

Lá foi diferente: todos receberam a palavra de Deus com alegria, examinavam cuidadosamente as Escrituras, assim, muitos creram, inclusive mulheres gregas da classe nobre e alguns homens.

O comportamento dos bereanos é um exemplo que serve para todos até hoje. Aplicavam-se no receber a palavra, estudavam para verificar se eram verdadeiros os ensinamentos recebidos. Se assim procedermos, fazemos bem, lendo diariamente a Bíblia, estudando e comparando as passagens, entendendo o contexto histórico dos fatos, principalmente pedindo a luz do Espírito Santo para compreendermos o teor da mensagem.

Infelizmente, os desgarrados de Tessalônica, ao saber que pregavam em Bereia, foram até lá e subverteram o povo contra os apóstolos. Os irmãos aconselharam a Paulo que fosse para o mar, mas Silas e Timóteo resolveram ficar.

Desde o surgimento das igrejas primitivas até os nossos dias, há um ataque dos inimigos de Deus, tentando destruir a obra, portanto, há que se vigiar e orar e pedir a presença do Espírito Santo para que a fé seja renovada e aumentada, para fazer face à artilharia do mal.

PAULO EM ATENAS: DISCURSO NO AREÓPAGO

Paulo aguardava Silas e Timóteo em Atenas. Viu que essa cidade se entregara à idolatria, desagradando profundamente ao Deus vivo. Discutia com os judeus e religiosos na sinagoga e todos os dias na praça com aqueles que se apresentavam.

Paulo, um recente converso, discutia com os experientes da Igreja, aqueles que conheciam a fundo as Escrituras, mas que passavam longe do real conhecimento de Deus. Conhecer a letra apenas não basta, há que se conhecer em essência! Há muitos cristãos que se arvoram, até mesmo se orgulham do tempo que tem de convertidos, ou que nasceram em berço evangélico, mas isso não é nada se, na prática, a fidelidade a Deus não for confirmada pelas atitudes.

“Pregai o Evangelho o tempo todo, se necessário, use palavras.” Essa frase que alguns atribuem a São Francisco de Assis, não significa que fomos dispensados da missão de pregar o Evangelho conforme Cristo determinou, mas que, quem ensina que o faça com sinceridade, sem hipocrisia, para que suas atitudes não desmascarem seu instrutor e coloquem em xeque, diante dos incrédulos, a veracidade de tais ensinamentos. Implica que, na realidade, ninguém prega com palavras o tempo todo, por isso, as atitudes são uma forma de pregação, mesmo sem precisar falar, todo o tempo.

Desnecessário é conhecer sem praticar o que se sabe, sem se submeter à vontade do Pai, distante da luz do Espírito. Não temos o direito de entristecer o Espírito Santo, pois Ele deve ser a Estrela-guia de nossa vida. Quando essa iluminação nos falta, não temos condições de discernir as coisas do alto: alguns filósofos epicureus e estoicos se referiam a Paulo como um paroleiro (falador, mentiroso), pregador de deuses estranhos, apenas porque pregava a Jesus e a Ressurreição. Por isso, conduziram-no ao areópago, para que se explicasse.

No areópago Paulo surpreendeu os judeus. No santuário, havia altares de honra a vários deuses, entre os quais um em que estava escrito “Ao deus desconhecido”. Paulo então explicou aos presentes que aquele desconhecido, honrado naquele lugar, era o verdadeiro Deus. Que o deus anunciado ali era o mesmo que criou céus e terra e

tudo o que existe. O mesmo que não habita em templos construídos por mãos humanas, que não é servido por mãos de homens, sendo O que dá vida e respiração aos seres vivos:

“Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando o pudessem achar, ainda que não esteja longe de cada um de nós. Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também alguns dos vossos poetas disseram, pois somos também sua geração.” Atos 17:27 e 28.

O apóstolo combate, na oportunidade, as imagens de escultura feitas por mãos humanas, frutos da imaginação de artistas que moldam o ouro, a prata e a pedra. Exorta a todos a se arrependerem, ensinando que Deus não leva em conta o tempo da ignorância. E que Deus um dia julgará o mundo, através daquele que ressuscitou dos mortos. Incrível é saber que há pessoas ainda no engano, se curvando aos deuses que nada fazem ou fizeram por nós e acreditando que serão ouvidos por eles.

Ao ouvir falar em ressurreição, alguns descrentes escarneceram dele, outros, como Dionísio e Damaris, ouviram e creram. Ainda hoje, pessoas desconhecem as profecias bíblicas e fatos semelhantes se repetem. Não são poucos os que não creem na volta de Jesus e no juízo final. Vivem a vida, como se nem fossem morrer e se encontram em trevas, embora a Palavra esteja sendo pregada diuturnamente, através de muitos veículos. Todos os dias, graças a Deus, através da pregação do Evangelho, têm surgido muitos Dionísios e diversas Damaris, para honra e glória de Nosso Senhor Jesus Cristo.

PAULO EM CORINTO, ÉFESO E A VOLTA PARA JERUSALÉM

O imperador Cláudio ordenou que os judeus deixassem Roma, entre os quais Áquila e Priscila. Paulo os encontrou e se juntou a eles. Tinham o mesmo ofício de Paulo, construíam tendas, por isso, passaram a trabalhar juntos e, aos sábados, pregava na sinagoga, convertendo judeus e também os gregos.

Paulo era um construtor de tendas como dissemos, o que muito ajudou no sustento pessoal e de seu Ministério. É importante termos um ofício, um salário digno e colocarmos à disposição da obra. Muitas pessoas, infelizmente, observam a missão como um meio de vida, de ganhar bem mais que o seu sustento. Não é errado tirar o sustento do altar, mas não como um objetivo exclusivo de lucrar, mercadejando, assim, a Palavra de Deus.

“Vós mesmos sabeis que estas mãos serviram para o que me era necessário a mim e aos que estavam comigo.” Atos 20:34. “Porque vós recordais, irmãos, do nosso labor e fadiga; e de como, noite e dia labutando para não vivermos à custa de nenhum de vós, vos proclamamos o evangelho de Deus.” I Tessalonicenses 02:9. “Nem jamais comemos pão à custa de outrem; pelo contrário, em labor e fadiga, de noite e de dia trabalhamos, a fim de não sermos pesados a nenhum de vós.” 2 Tessalonicenses 03:8.

Quando Silas e Timóteo desceram da Macedônia, Paulo testificava aos judeus que Jesus era o Cristo. Mas o povo indócil resistia e blasfemava. Não foi à toa que Paulo sacudiu os vestidos em sinal de desistência, informando que partiria para os gentios, não se sentindo responsável espiritualmente por eles, estando, portanto, limpo. Entretanto, muitos entre os coríntios, converteram e foram batizados, como Tito Justo e Crispo.

Certo dia, o Senhor, através de uma visão, disse a Paulo que não se calasse, que era com ele, livrando-o e o protegendo do mal, porque tinha povo Seu naquela cidade. Isso porque Ele conhece quem é Seu e cuida para que não se perca.

Refletindo sobre essa passagem, também nós, em nossa missão de evangelizar, não podemos nos calar, mas pregar a Palavra de Deus a toda criatura, pelos meios de que dispusermos, pelos veículos que se nos ofereçam, não negligenciando ninguém. Ainda há muito povo de Deus para ser alcançado, aqui, algures e alhures e nosso compromisso é de realizar a obra, ainda que pareça a muitos insignificante. Pensando assim, Paulo ficou um ano e meio naquele lugar, partindo em seguida a ganhar almas noutras paragens.

Mas os ânimos não se acalmaram para o Apóstolo, porque ele foi levado ao tribunal, sendo Gálio Pro Cônsul de Acaia, acusado de persuadir pessoas a servirem a Deus contra a lei de Gálio, porém, este se isentou de julgar o apóstolo, “lavando as mãos”, dizendo se tratar de palavras, nomes e lei e que se entendessem entre si, expulsando a todos do recinto. Sóstenes, o principal da Sinagoga, foi atacado e ferido, mas Gálio se manteve neutro na situação.

Depois de passar por Éfeso, chegou a Cesareia, subindo para Jerusalém, onde saudou a igreja, descendo para Antioquia, passando pela Galácia e Frígia, confirmando a todos os discípulos.

Paulo, como todos nós, era fortalecido por Deus, mantendo-se incansável. Percorria os lugares, vencia as dificuldades e obstáculos, cumpria sua carreira, pela fé. Diferentemente, muitos de nós, hoje, numa situação bem mais tranquila, deixamos de pregar até mesmo para os mais próximos, os membros de nossa família que necessitam ser alcançados; ou mesmo para os vizinhos, amigos e para os da mesma cidade, por acomodação e falta de comprometimento e de compromisso com a obra de Deus. E pensamos que estamos servindo a Ele, apenas por ocupar cargos na igreja, ou pela frequência ao templo.

***

Certo judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, eloquente no falar, homem instruído, conhecedor das Escrituras, era um servo fervoroso, embora conhecendo apenas o batismo de João. Esse homem passou a falar ousadamente na Sinagoga, motivo pelo qual, Áquila e Priscila o levaram consigo e lhe ensinaram o verdadeiro Caminho até Deus. Pretendia ir a Acaia, então, os irmãos escreveram aos discípulos de lá, pedindo que o recebessem. Lá chegando, Apolo passou a pregar com eloquência que Jesus era mesmo o Cristo.

Passando a refletir sobre essa realidade, imaginemos se Áquila e Priscila tivessem ignorado a Apolo, por ainda não conhecer a Cristo, julgando-o um caso perdido? Pela ação e mover do Espírito, aquele casal compreendeu que aquele judeu valoroso poderia ser um vaso de bênçãos para levar Jesus a outros, convertendo-os ao verdadeiro Caminho de salvação. Assim como fomos conduzidos a

Cristo, temos também o dever e o privilégio de a outros levar a converter-se e a serem transformados, para honra e glória de nosso Deus, não desistindo de ninguém, por nenhuma motivação.

Ninguém é um caso perdido para Deus. Pode até ser que a pessoa seja sincera, conhecedora das Sagradas Escrituras, mas ainda não tenha tido um encontro pessoal com o Salvador, para ser redimensionada e renovada. Muitas vezes precisamos ousar, sem qualquer timidez, firmes nas promessas de Deus de nos guiar e nos suportar em qualquer situação.

PAULO EM ÉFESO

Após percorrer as regiões superiores, Paulo chega a Éfeso e, nesse lugar, encontra doze dos discípulos. Quis saber deles se haviam recebido o Espírito Santo quando creram, mas, na verdade, informaram que nem sabia que Ele existia. A partir desse comentário, Paulo entra dizendo que eles foram batizados no batismo de João, o batismo do arrependimento e da promessa de que viria o Cristo. Os que ouviram essas palavras foram por Paulo batizados em O nome de Jesus, receberam a unção do Espírito Santo, falaram em línguas e profetizaram.

Por três meses permaneceu ali, pregando ousadamente, persuadindo a todos da existência do Reino de Deus, mas, os rebeldes, aqueles que não aceitam o pleno conhecimento da verdade pela dureza de coração se rebelaram contra o Caminho (Jesus) diante da multidão. Paulo separou os discípulos e com eles, durante dois anos, debatiam os ensinamentos na casa de Tirano, tanto para judeus como para os gregos.

Observando a trajetória cristã de Paulo, constatamos que nada servia de entrave, de obstáculo à obra de pregação do apóstolo, mas, com autoridade e determinação, e com a iluminação do Santo Espírito, transpunha os impedimentos, se firmava na obra da fé, sem retroceder e sem esmorecer. Assim, se torna um exemplo de

dedicação e destemor que, só os imbuídos do Espírito podem experimentar.

Paulo alcançara um grau tão elevado em sua espiritualidade que, através de suas mãos, coisas extraordinárias aconteciam, ao ponto de seus lenços e lençois serem levados aos enfermos, os quais ficavam curados apenas com o contato com tais peças. Sem contar que recebiam libertação de espíritos imundos.

***

Ceva era um judeu. Ocupava o prestigioso cargo de Principal dos Sacerdotes. Tal homem tinha sete filhos que se intitulavam “exorcistas ambulante”. Tentavam invocar o nome de Jesus sobre os espíritos malignos dizendo: “Esconjuro-vos por Jesus a quem Paulo prega.” Mas o espírito respondia que conhecia Jesus e sabia quem Paulo era, mas que não sabia quem eram eles. Será que o demônio sabe quem você é? Ele lhe conhece e sabe que você é um filho verdadeiro de Deus? O demônio é astuto e sabe a quem servimos.

Muitos cristãos incorrem nesse erro de querer enfrentar o mal, sem usar devidamente o Nome de Jesus que está acima de todo nome, sem qualquer autoridade que o Espírito concede ao que crê. O demônio está sempre a postos, ansioso por nos envergonhar e o faz sem dó e piedade. Ele não é bobo, está muito vivo, conhece a Jesus e o poder de Deus muito mais do que supomos. Mas Deus é mais!

No caso dos filhos de Ceva, os exorcistas ambulantes, além de não expulsarem o mal do possesso numa ocasião, este investiu contra eles com força superior, maligna, deixando-os nus e feridos. Não temos o direito de desafiar a Deus, e não é salutar desafiar a Satanás., pois o tinhoso sabe se estamos firmes na presença de Deus, se não estamos, pode pregar uma peça desagradável em quem com ele bulir.

Essa é mais uma diferença do caráter de Deus que jamais envergonha seus filhos, pelo contrário, os honra no devido tempo e tem o melhor para todos; a principal característica de Satanás é humilhar e desonrar o ser humano, até a Pedro tencionou cirandar quando ainda não se havia convertido!

O nome de Jesus era engrandecido no dia a dia de judeus e gregos e aqueles que criam confessavam e divulgavam os feitos do Salvador. Também os que praticavam artes mágicas se apresentaram e queimavam em praça pública os seus livros.

Sucedeu que Demétrio, um ourives da prata que fazia nichos para a deusa Diana (que dava muito lucro aos artífices), juntou-se com outros do mesmo ofício para falar-lhes que Paulo convencia uma grande multidão, dizendo que os deuses a que serviam não eram verdadeiros. E que o templo dessa divindade corria o risco de destruição, por ter essa profissão caído em descrédito. Por isso, resolveram clamar dizendo que Diana era a grande deusa dos Efésios.

Uma grande confusão ocorreu nessa cidade e os companheiros de Paulo não permitiram que interviesse, nem que fosse ao teatro, de onde os seus companheiros de viagem, Gaio e Aristarco, foram arrebatados. Muitos entre a multidão nem sabiam por que protestavam, pois era geral a confusão. Alexandre quis falar ao povo, mas, quando reconheceram que era judeu, começou a gritar a favor de Diana, por um período de quase duas horas.

Para despedir o ajuntamento, um escrivão da cidade falou ao povo dizendo que aqueles homens, os do Caminho, não ofendiam a deusa Diana, a grande dos Efésios e que Demétrio e os ourives deveriam decidir suas questões pessoais entre si e que havia audiências para isso. Que não havia razão para aquela confusão. Assim cessou o alvoroço.

Paulo continuava seu ministério por vários lugares, onde permanecia o tempo necessário, enfrentando toda sorte de dificuldades. Um dia, estando no cenáculo, um rapaz chamado Êutico, assentado numa janela, caiu do terceiro andar, vindo a morrer, tendo dormido durante a longa explanação de Paulo. O Apóstolo inclinou-se sobre ele, abraçou e noticiou que ainda vivia, para consolo de todos que ali se encontravam. Passando por vários lugares, Paulo resolveu seguir adiante de Éfeso, pois determinara passar o dia de Pentecostes em Jerusalém.

Paulo manda buscar alguns dos anciãos de Éfeso, onde pregou e ensinou por três anos e faz-lhes um memorável discurso. O livro de

Atos, como um todo, trata dos feitos dos apóstolos e servos, da trajetória da igreja, em registros valiosos, dignos de serem observados e imitados.

Paulo inicia dizendo de sua humildade no serviço de Deus e na clareza de suas atitudes e ações que por todos era conhecida. E que o serviço apostólico é difícil, tendo-lhe custado lágrimas, sacrifícios e riscos. Demonstra estar ciente de que cumpria sua carreira com legitimidade, nada deixando de ensinar que fosse útil para todos. Servia a Deus, levando a fé em Cristo a judeus e gregos, pois não deve existir acepção para a salvação, convertendo-os ao Caminho, sendo este o centro de sua pregação.

Paulo se diz abatido, mas não destruído, sabendo que o Espírito o acompanha de cidade em cidade, anunciando que passaria por prisões, ciladas e sacrifícios, mas preparado pelo poder de Deus para o enfrentamento de qualquer dessas situações. Sabemos que o preço de um ministério bem sucedido não é a glorificação do homem, mas levar à humanidade ao conhecimento da graça salvadora e restauradora de Deus.

Segundo Paulo, a obra tem de ser feita com alegria, apesar de tudo, negando-se a si mesmo, com desprendimento de caráter, sem temores e lamentações. O apóstolo se diz ciente de que tem cumprido bem o seu papel, nada deixando para trás, quanto aos conselhos contidos nos Evangelhos, cumprindo com excelência o seu dever de cristão.

Paulo se despede do povo, que não veria mais o seu rosto, alertando sobre os que viriam após ele, verdadeiros lobos roubadores, falsos líderes, falsos pastores, que não cuidam de seu rebanho, mas o exploram, mercenários que usam para negócio as ovelhas e, que, por isso, vigiassem! Alerta que dentre aqueles servos (isso vale para hoje), irmãos apóstatas, insubmissos e oportunistas se ergueriam para contaminar o rebanho de Deus.

Paulo se diz limpo do sangue de todos, porque ninguém poderia dizer que não conhecia a verdade, pois nada procurou ocultar sobre o que Deus lhe permitia instruir sobre o Reino, ou seja,

conversão e arrependimento sincero e o poder de Deus para dar a verdadeira herança aos santificados.

Paulo relembra que não necessitou dos bens de outros, porque suas próprias mãos proveram as suas próprias necessidades e dos que andavam consigo. Trabalhava para auxiliar enfermos, cumprindo as palavras do Mestre de que “mais bem aventurada coisa é dar do que receber.” Atos 20:35.

Difícil é não compararmos com a presente realidade, onde, pela facilidade de se estabelecer igrejas, o que por um lado é bom, há um favorecimento em que pessoas oportunistas façam uso do ministério apostólico para grandeza e proveito próprio, dando mau testemunho e afastando outros da fé.

Encerrando essas palavras, ajoelhou-se e orou com eles, que o abraçaram, porém, muito tristes pelas palavras de despedida que anunciara de que não mais veriam seu rosto. Em seguida, acompanharam-no até o navio.

A PRISÃO DE PAULO NO TEMPLO

O navio em que Paulo embarcara chegou a Tiro para ser descarregado. Nessa oportunidade, encontrou discípulos que, inspirados pelo Espírito de Deus, aconselharam-no a não subir a Jerusalém. Os que cremos em Deus e procuramos viver nos seus caminhos, somos alertados do perigo, pois, Deus usa pessoas para profetizar, livrando a todos do mal. Somos convencidos pelo mesmo Espírito para discernir o que vem de Deus ou o que é um simples palpite humano.

Paulo resolveu permanecer ali por alguns dias, depois saiu da cidade acompanhado por todos, inclusive mulheres e crianças. Ajoelharam-se e oraram na praia, após se saudarem uns aos outros. Embarcou, em seguida, com seus companheiros para Cesareia, onde se dirigiram para a casa de Filipe, o evangelista, o qual tinha quatro filhas profetizas.

Passados alguns dias, chegou à Judeia, onde encontrou Ágabo. Tal profeta tomou de uma cinta, atou suas próprias mãos e pés e disse que o dono daquela cinta, ou seja, Paulo, daquela maneira seria ligado pelos judeus em Jerusalém. Diante dessa previsão, todos os companheiros tencionaram impedir sua viagem, ao mesmo tempo em que choravam. Para surpresa geral, repreendeu-os dizendo que estava disposto a não apenas ser amarrado, mas a morrer pelo nome de Jesus.

Quando o servo de Deus é sincero, desconsidera os obstáculos e as demais dificuldades para se fazer a obra: não há perseguição que o detenha, não existe distância que o separe de seu objetivo, tudo enfrenta para fazer a perfeita vontade de Deus. Se Paulo não fosse comprometido com a obra, daria meia volta e se desviaria de Jerusalém, para salvar sua pele dos castigos ou até mesmo da morte. Quando Pedro sugeriu a Cristo que se desviasse de sua missão, ou seja, morrer pelos pecadores, a resposta de Jesus foi áspera: “Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim dos homens.” Mat. 16:23.

Pelo testemunho de firmeza diante de Deus e compromisso, todos se acalmaram, reconheceram que deveria seguir em frente, sem detença, porque essa era a vontade divina para aquele momento.

Então, subiram para Jerusalém, levando consigo um discípulo antigo chamado Mnason, com o qual se hospedaram. No dia seguinte, Paulo veio à casa de Tiago, seguido pelos anciãos. Saudou os presentes e lhes contou detalhadamente o que Deus fizera em seu ministério, entre os gentios. Àquela altura, incontáveis judeus, zeladores da lei, haviam se convertido a Cristo.

Erroneamente, alguns entre eles afirmavam que Paulo incentivava aqueles religiosos a abandonar a lei de Moisés, também a não circuncidar e, em contrapartida, aos gentios conversos, que havia escrito que apenas se guardassem de sacrificar a ídolos, do sangue, da carne de animais sufocados e da prostituição, estando mal diante de ambos os grupos.

Diante dessa polêmica, Paulo foi orientado a que se juntasse a quatro varões que fizeram votos, que rapassem suas cabeças e se

santificassem com eles, para informar a todos que se enganaram, que Paulo guardava fielmente a lei.

Tendo ouvido o conselho, no dia seguinte, entrou no templo, depois de santificados, ficando ali até entregar a oferta por cada um deles, ou seja, por sete dias. Estando por terminar esse tempo, os judeus da Ásia alvoroçaram o povo, que lançou mão dele, dizendo que ensinava contra a lei, e contra o templo, introduzindo os gregos que profanaram aquele lugar.

O que também comprometia a credibilidade de Paulo, na visão dos judeus, foi ter visto o apóstolo em companhia de Trófimo de Éfeso, um gentio, espalhando-se a falsa notícia de tê-lo introduzido no templo, assim o arrastaram para fora e fecharam as portas.

Procuravam matar a Paulo, mas, informando ao Tribuno da Corte, que havia confusão em Jerusalém, tomou consigo soldados e centuriões, correndo para lá. Vendo-o, pararam de ferir Paulo. O Tribuno, (homem com funções administrativas e poderes militares), o prendeu, atou-o a duas cadeias, perguntando quem era ele e o que havia feito de mal.

A multidão estava dividida, por isso, aquele homem achou por bem encaminhar Paulo à fortaleza, mas o povo se mostrava violento, clamando por sua morte. Quando Paulo ia entrar no recinto, protegido pelos seus condutores, perguntou ao Tribuno se podia falar alguma coisa em sua defesa. Perguntou-lhe se sabia o grego e se não era ele aquele egípcio que levou ao deserto quatro mil salteadores. Informou-lhe que era judeu de Tarso, recebendo, assim, permissão para falar ao povo.

O DISCURSO DE PAULO

Houve profundo silêncio, quando Paulo iniciou sua defesa em hebraico. Estava no alto de uma escadaria perto do templo. Confirmou ser judeu, nascido em Tarso, criado aos pés de Gamaliel (fariseu respeitado e estimado), zelador de Deus e instruído na lei. Lembrou ter perseguido Jesus até a morte, pondo homens e mulheres nas prisões. Que levava cartas

que pedia ao sumo sacerdote, para as sinagogas, autorizando-o a levar presos os seguidores da seita Cristã.

Referiu-se ao seu encontro com Jesus, quando se dirigia a Damasco para levar as cartas, a seu arrebatamento, conversão e sobre o medo que sentiu, por ter perseguido os cristãos e consentido com a morte de Estevão, pois as vestes do mártir foram lançadas a seus pés. Por esse motivo, foi enviado aos gentios.

Em nada resolveu sua explanação, pois começaram a clamar por sua morte, razão por que o Tribuno mandou que o levassem para a fortaleza, que o açoitassem até saber por que clamavam contra sua vida.

Quando o centurião o amarrava com as correias, Paulo lhe perguntou se era lícito açoitar um cidadão romano sem julgamento. O homem levou essa informação ao Tribuno, que, em seguida veio confirmar isso junto a Paulo. Por ter dito que era mesmo um cidadão romano, o tribuno quis desdenhar, dizendo que ele também era um cidadão romano, tendo adquirido esse direito por uma boa soma em dinheiro. Paulo redarguiu dizendo que o era de nascimento. Assim, se afastaram dele com medo, pois o tinham amarrado, ilegalmente.

Com a finalidade de descobrir os motivos das acusações, Paulo foi apresentado no Sinédrio, diante dos principais sacerdotes.

Olhando para os sacerdotes, Paulo afirma estar com a consciência tranquila diante de Deus, o que bastou para que o Sumo Sacerdote, Ananias, autorizasse aos que estavam por perto, atingi-lo na boca. Paulo atacou:

“Deus te ferirá, parede branqueada: tu estás aqui sentado para julgar-me conforme a lei e contra a lei me mandas ferir?”At. 23:3. Diante da acusação de ter o Apóstolo ofendido o sumo sacerdote, Paulo disse que não sabia que ele ocupava esse cargo, pois jamais falaria contra ele, sendo um príncipe do povo.

Inspirado por Deus, Paulo se declara fariseu, filho de fariseu e que estava sendo julgado por crer na esperança e ressurreição dos mortos, apontando, assim um contra censo, vez que os fariseus presentes

acreditavam em anjo, espírito e ressurreição; ao passo que os saduceus, também presentes, não criam em nada dessas coisas.

Outro não poderia ser o resultado, pois, “encurralados”, os fariseus tiveram que julgar Paulo inocente, crendo que algum anjo ou espírito havia lhe falado e que não poderiam resistir a Deus.

A polêmica gerada ali criou uma grande confusão, a ponto de o tribuno temer que o despedaçassem, por isso mandou que os soldados o tirassem dali e o levassem para a fortaleza. Na mesma noite, Deus falou a Paulo que deveria testificá-lo em Roma, como havia feito em Jerusalém.

CONSPIRAÇÃO DOS JUDEUS CONTRA PAULO

Mais de quarenta judeus juraram que não comeriam, nem beberiam, até que matassem Paulo, sob pena de maldição. Planejaram atraí-lo, dizendo que queriam saber mais detalhes de seus negócios. O filho da irmã de Paulo, porém, escutou o plano maligno, entrou na fortaleza e contou o que ouvira.

Paulo chamou um dos centuriões e lhe pediu que levasse o rapaz ao tribuno, porque tinha algo a comunicar. Isto feito, chegou a ele e contou tudo que sabia e sobre o jejum daqueles que tencionavam acabar com a vida do apóstolo. O tribuno despediu o rapaz, aconselhando-o a não dizer que contara aquilo. Foram providenciados de madrugada duzentos soldados e setenta de cavalo e duzentos lanceiros para irem a Cesareia. Também que fossem aparelhadas cavalgaduras para que Paulo fosse levado salvo ao presidente Félix.

Todas essas ordens foram dadas pelo tribuno Cláudio Lísias, que comandava as tropas romanas em Jerusalém. Era ele o mesmo que informou que comprara cidadania romana, provavelmente era grego. Tal homem mandou uma carta a seu superior, Félix, colocando-o a par da situação do condenado. Recebendo a correspondência, perguntou-lhe de que província era e, sabendo que da Cilícia, prometeu ouvi-lo quando viessem também seus acusadores e mandou que o guardassem no pretório de Herodes.

Uma delegação liderada pelo sumo sacerdote Ananias, acompanhado de um orador chamado Tértulo, desceu a Cesareia para apresentar a acusação contra Paulo, de natureza política e religiosa. Para os judeus, ele era “uma peste”, que criava confusões e divisões entre o povo e era o principal da seita dos nazarenos. Por falta de provas, a queixa de que Paulo introduzira um gentio no templo foi modificada, mas, num tribunal romano, o que mais pesava era a acusação de ser um tumultuador e sedioso. Pertencer àquela “seita” tinha também um valor moral, pois indicava pessoas de má fama, pois, dentro do Império Romano, era considerada seita infiel e ilegal, daí o cunho político do julgamento, até mais que religioso.

Paulo se negou, em sua defesa, ser um agitador, estar perturbando a paz em Jerusalém, apenas tendo se dirigido ali para adorar, levar ao povo esmolas e ofertas, nunca subvertendo a ordem junto ao povo, quer no templo, nas sinagogas ou em qualquer outro lugar. Concordou com as acusações em parte, quanto a participar do “caminho”, mas que esse era o verdadeiro judaísmo, sendo mais fiel do que todos os que o acusavam. Que o que chamavam “seita” não era uma nova religião, porque adorava o Deus de seus antepassados. Que, por acreditar na ressurreição de justos e injustos, foi rejeitado pelos saduceus e que não contrariava a religião dos fariseus, em tudo sendo fiel.

Paulo passa a se referir aos judeus que vieram da Ásia para acusá-lo, dizendo que seria melhor que estivessem presentes naquele momento, para dizer o que tinham contra ele, pois apenas clamou que estava sendo julgado acerca da ressurreição dos mortos. Ouvindo isso, Félix adiou o julgamento, para esperar a chegada do comandante, Cláudio Lísias, que estava em Jerusalém.

Provavelmente, concedeu o adiamento, por haver contradições entre o que diziam os acusadores e o detento e, por ter-se convencido de que aquele homem não cometera crime algum da alçada daquele tribunal, reconheceu a inocência de Paulo da maioria dos motivos que os acusadores o incriminavam. Isso é notório, pelo fato de ter mandado que o centurião o tratasse com brandura e que a ninguém proibissem de servi-lo ou de vir a encontrar-se com ele: liberdade, mesmo em custódia.

Provavelmente, Félix tinha algum conhecimento do movimento cristão, por já ter vivido na Palestina e ser sua mulher, Drusila, judia. Tanto

que chamou novamente a Paulo, e, juntamente com Drusila, o ouviu acerca da fé em Cristo. Algo mais o impelia a buscar mais conhecimento. Agora, a situação era diferente: Era Félix diante de Paulo. Após ouvi-lo, mandou que se retirasse e que o chamaria numa próxima oportunidade. Várias vezes mandou-o chamar e falava com ele, esperando que Paulo comprasse com dinheiro a sua própria liberdade.

O governo de Félix chegou ao final e o sucessor foi Pórcio Festo, mas, querendo agradar aos judeus, Félix permitiu que Paulo ficasse preso até o final de seu governo, ou seja, por dois anos.

PAULO PERANTE FESTO

O sumo sacerdote e os principais dos judeus compareceram perante Festo, governador da província romana da Judeia, rogando que trouxessem Paulo a Jerusalém para armarem ciladas para matá-lo. Festo respondeu-lhes que o apóstolo se encontrava em Cesareia, que partiria brevemente e os que dentre eles tivessem poder que descessem consigo até lá e que pessoalmente o acusariam.

Passados dez dias, voltando para Cesareia, Festo ordenou que trouxessem Paulo ao tribunal. Os judeus que se encontravam em Jerusalém trouxeram ao governador, toda sorte de graves acusações contra Paulo, sem provas. Explicou-lhes que não havia pecado contra a lei, nem contra o templo, nem contra César. E que se praticara algo digno de morte, não recusaria morrer e se nada fez de grave, apelaria para César, por ser um cidadão romano.

Festo, contudo, não perdeu a chance de agradar aos judeus, perguntando a Paulo se queria ser julgado em Jerusalém, mas ele respondeu que, por nada ter feito de mal contra os judeus, queria ser julgado perante o tribunal de César. Assim, foi feito.

O governador então relatou toda a situação de Paulo, dizendo que nele não via culpa, buscando conhecer a opinião do rei Agripa que quis ver o prisioneiro e falar com ele. No dia seguinte, Agripa, Berenice e Festo mandaram chamá-lo.

A ele foi concedido o direito de fazer a sua própria defesa: “Tens permissão de pleitear a tua causa.” Atos 26:1. Foi então encaminhado ao grande salão onde Festo se dirigiu ao rei, afirmando se tratar de um homem que os judeus queriam morto, mas que nele não achava grande culpa. Assim sendo, não tinha o que comunicar, quando o enviasse a César. Assim, esperava que, naquela oportunidade, algo pudesse ser acrescentado, que justificasse o envio.

Não ficou difícil traçar um paralelo entre o procedimento de Pilatos, diante de Jesus e, de Festo, diante de Paulo. Em suma, não vendo do que acusar os prisioneiros, lavam as mãos como se isentassem de culpa, ou da injustiça prestes a ser praticada, mesmo as cometendo.

Paulo pediu ao rei que, por ele conhecer todos os costumes e questões que há entre os judeus, que o ouvisse com paciência. Lembrou que era um fariseu, que todos conheciam sua vida em Jerusalém, que estava sendo acusado e julgado pela esperança da promessa feita por Deus no tocante à ressurreição dos mortos.

Discorreu, também, sua carreira de membro do Sinédrio, contra Cristo e os cristãos, perseguindo-os, castigando-os nas Sinagogas, obrigando-os a blasfemar até o dia em que foi arrebatado na estrada para Damasco, quando teve um encontro real com Jesus. Falou que, a partir de sua conversão e da nova prática, passou a ser perseguido pelos judeus, que tencionavam matá-lo.

Paulo se concentrou na ideia de que nada pregou diferente do que Moisés e os profetas disseram que aconteceria: Cristo deveria padecer e anunciar a salvação aos gentios. Festo julgou que delirava, pois era pesado demais para o rei ouvir e compreender as afirmações do apóstolo. Questionou Paulo se o rei cria nos profetas, afirmando que sabia que acreditava. Agripa ironizou dizendo que quase o convencera a ser um cristão! Paulo, no ensejo, expressou seu desejo de que gostaria que não somente ele, mas que todos que o ouviam se tornassem como ele próprio.

Depois de ouvir tudo, o rei, sua mulher, Berenice e o presidente Festo se retiraram, comentando entre si que Paulo nada fizera que merecesse punição. Agripa chegou a dizer a Festo que se ele não tivesse apelado para César, poderia ser solto. Mas isso não aconteceu, porque realmente apelara.

PAULO É MANDADO PARA ITÁLIA: O NAUFRÁGIO

Paulo foi entregue juntamente com outros presos, a um centurião, Júlio, da corte. Embarcou num navio rumo a costa de Ásia, indo também junto, Aristarco de Tessalônica e os demais detentos. Sendo os ventos contrários, atravessaram o mar e chegaram a Mirra, na Lícia. Naquele lugar, encontraram um navio de Alexandria que iria para Itália, assim, o centurião que o tratava humanamente, fez a todos entrar na embarcação.

Como os ventos insistiam em ser contrários, tornando-se perigosa a navegação, Paulo admoestou a todos que correriam riscos, bem como a carga que levavam, mas o centurião acreditava mais no mestre e no piloto do que em Paulo. Resolveram, então, dali partir para Fênix, quando os ventos pareceram mais calmos.

Aconteceu que deu um pé de vento, chamado euro-aquilão e o navio foi arrebatado. Houve uma forte tempestade, levando-os a aliviar o navio do peso, no dia seguinte. Notamos nessa passagem que Paulo era iluminado por Deus e usava essa iluminação em prol de outras pessoas, querendo-lhes o bem. Mas, com os olhos da carne é muito difícil, por que não dizer, impossível, o convencimento. Paulo estava certo mais uma vez, porque Deus era com ele.

Aconteceu nova tempestade e a esperança de se salvarem pereceu naqueles homens. Paulo lembrou-lhes que deveriam tê-lo ouvido e que agora novamente os admoestava a que se animassem pois nenhum deles se perderia, conforme um anjo de Deus a quem servia lhe falou, dizendo que deveria se apresentar a César e que todos o que com ele navegavam seriam salvos. Também disse que deveriam se dirigir a uma ilha.

Depois de muitos dias, os marinheiros suspeitaram que estivessem próximos da terra e lançaram o prumo e quatro âncoras, esperando em segurança o nascer do dia. Como alguns marinheiros tentassem fugir dos demais, Paulo os advertiu que, sem aqueles não haveria salvação para ninguém.

Havia quatorze dias que nada provaram e Paulo aconselhou que comessem e que nenhum cabelo cairia de suas cabeças. Isso porque era total a confiança de Paulo nas promessas de Deus. E essa confiança que sentimos em Deus, devemos, com paciência e carinho, compartilhar com outros que ainda não conhecem o verdadeiro Deus e não experimentaram o Seu doce amor e completa segurança.

As duzentas e setenta e seis almas se refizeram com a comida, por fim, lançaram o trigo no mar. Tendo avistado uma praia, dirigiram para ela, onde encalharam o navio, deixando-o imóvel, mas a popa se abria com a força das águas. A ideia dos soldados era matar os presos e escaparem a nado. O centurião, querendo poupar a Paulo, disse aos outros que primeiro se lançassem ao mar e se salvassem. Agarrados a tábuas e às coisas do navio se salvaram. Vale dizer que não foram as instruções que os salvaram, mas a vontade de Deus de que todos sobrevivessem que inspirou o centurião nessa decisão.

FINAL: PAULO EM MALTA

Souberam que a ilha se chamava Malta. Os bárbaros que habitavam ali usaram de humanidade com todos, acendendo uma fogueira, por causa da chuva e do frio. Deus, muitas vezes, usa pessoas que nos surpreendem para nos beneficiar, a fim de cumprir Sua vontade para nossa vida. É só observarmos para ver que isso é real e frequente. Só se reconhece, entretanto, com os olhos da fé.

Paulo, ao colocar alguns ramos no fogo, foi ofendido na mão por uma cobra que tentava fugir do calor. Os bárbaros, ao observar aquele animal dependurado em sua mão, afirmaram que aquele homem era um homicida que escapou do mar, mas que a justiça não o deixaria com vida. Paulo sacudiu a mão e jogou a serpente no fogo. Como com o passar do tempo, nada aconteceu com ele, nenhum inchaço ou sequela. Mudaram o pensamento e passaram a vê-lo como um deus.

Próximo dali havia umas propriedades que pertenciam a Públio, Principal da ilha, que os recebeu e os hospedou por três dias. O pai de Públio estava de cama com febres e disenteria. Havendo orado, o apóstolo

impôs as mãos sobre ele e o curou. Importante orar, antes de qualquer solicitação e se dirigir a Deus com intimidade e respeito. Mantermos com Deus uma convivência diária é importante para que nossas orações sejam acolhidas e atendidas pelo nosso Pai. Para muitos, o nome de Deus é pronto-socorro, pois só é chamado nos momentos de apuros.

Diante desses fatos, todos os enfermos daquele lugar buscaram a cura através de Paulo e, ficando satisfeitos com a graça recebida, proveram a todos daquilo que necessitavam. Três meses depois, partiram num navio para Alexandria que invernara naquela ilha, chegando e ficando três dias em Siracusa. Depois ficaram sete dias em Puteóli e se dirigiram, em seguida, a Roma.

Em Roma, os presos foram entregues ao General dos exércitos, mas a Paulo foi permitido morar sozinho sob a vigilância de um soldado. Convocou os principais dos judeus e narrou-lhes tudo o que acontecera até aquele dia e como não conseguiu ser liberto por ter apelado a César. Disse que, pela esperança de Israel se encontrava naquela cadeia.

Os judeus disseram que nada de mal receberam contra Paulo da Judeia, mas que aquela seita era combatida em todos os lugares, e que queriam ouvir o que tinha a dizer. Marcaram um dia em que todos se reuniriam na pousada onde Paulo se encontrava, onde lhes declarou o reino de Deus, e procurava convencê-los à fé em Jesus, tanto dentro da lei de Moisés, como através dos profetas, que não se contradiziam. Reunidos permaneceram de manhã até à tarde.

Como sempre aconteceu e acontece, uns criam e outros não, discordando-se uns dos outros. Paulo os alertou dizendo que bem falara o profeta Isaías aos seus pais: “... Vai a este povo e dize: De ouvido ouvireis, e de maneira nenhuma entendereis; e de maneira nenhuma percebereis. Porquanto o coração deste povo está endurecido, e com os ouvidos ouviram pesadamente, e fecharam os olhos, para que nunca com os olhos vejam, nem com ouvidos ouçam, nem do coração entendam, e se convertam e eu os cure.” Atos 28:26 e 27.

Paulo reforça que a salvação de Deus seria, como de fato o foi, enviada aos gentios, e que eles a ouviriam. Então houve grande contenda entre os judeus, pois Cristo não veio para trazer a paz, mas espada, que divide, que corta e separa, uns para o lado direito e outros para a esquerda.

Paulo ficou dois anos naquela casa alugada e recebia todos que o procuravam, pregava o reino de Deus, com liberdade, sem detença e impedimento, como deve fazer todos que anunciam a Palavra da parte de Deus! Amém… Amém e Amém!

Fim