atos - discurso de paulo em lucas

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Discurso de Despedida Paulo aos presbíterosdeÊleso, segundo Atos20,18.35 o texto de Atos 20,18-35, que contém um discurso do apóstoloPauloaospresbíteros de Ëfeso, foi escrito paratocar o coraçãodos leitores e fazê-los chorar, como«desataram em pranto»os que ouviram Paulo fazendo seu discurso deadeus (cf. At 20,37). O texto é claro, comunicativo,comovedor. Apa_ rentemente, umtexto «fácil», quenãoprecisa demuitasexpli_ cações para serentendido. É possível,apesardisso, proporalgumaspistas de leitura que ajudem a descobriroutrosaspectos,profundos,dessedis- curso?É o quevamostentar fazer aqui.Comocaminho esco- lhemoso dacomparaçãocomoutros textos da própria Bíblia. Dessa forma,qualquer leitor, quedisponhadeumaBíbliacom- pleta,poderáseguir o roteiro quevamostraçar. 46 1.Ogêneroliterário: O que é um«discursodeadeus»? Os leitores atentos da Bíblia e os exegetasdescobriram, há algumtempo,queexisteumverdadeiro«gêneroliterário»do discursodeadeusou dedespedida.'«Gêneroliterário» significa um esquema determinado,prefixado,eumconjunto decaracte- rísticasbemdefinidas,que se encontram em todos oscasos em que o «gênero» é utilizado. Em outras palavras,todosos «discursosdedespedida»da Bíbliaobedecemaomesmo esque- mae têm asmesmascaracterísticas.')(Também na literatura judaica da épocahelenista e do chamado«intertestamento» existeomesmo gênero). Quais sãoascaracterísticasdessegênero? Antes detudo, osexegetasachamque os diversos«discur- sos dedespedida»não têminteresse biográfico (nãoinformam sobre o personagemque fala), mas finalidade«parenética»: ou seja,querem«exortar», encorajar, ensinar. a o s leitores. Porisso, mais do que relatar a situação real da épocado personagem que fala, referem-se à situação da épocaemque o livro foi escrito,anosouséculosdepois! , Ostemasou motivos queaparecem no discurso são, geral- mente,os seguintes: ) A constatação de que a morte daquele que fala está próxima;

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discurso de Paulo em Lucas

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Discurso de DespedidaPaulo aos presbíteros de Êleso, segundo Atos 20,18.35o texto de Atos 20,18-35, que contém um discurso do

apóstolo Paulo aos presbíteros de Ëfeso, foi escrito para tocaro coração dos leitores e fazê-los chorar, como «desataram empranto» os que ouviram Paulo fazendo seu discurso de adeus(cf. At 20,37). O texto é claro, comunicativo, comovedor. Apa_rentemente, um texto «fácil», que não precisa de muitas expli_cações para ser entendido.

É possível, apesar disso, propor algumas pistas de leituraque ajudem a descobrir outros aspectos, profundos, desse dis-curso? É o que vamos tentar fazer aqui. Como caminho esco-lhemos o da comparação com outros textos da própria Bíblia.Dessa forma, qualquer leitor, que disponha de uma Bíblia com-pleta, poderá seguir o roteiro que vamos traçar.

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1. O gênero literário: O que é um «discurso de adeus»?Os leitores atentos da Bíblia e os exegetas descobriram,

há algum tempo, que existe um verdadeiro «gênero literário» dodiscurso de adeus ou de despedida. '«Gênero literário» significaum esquema determinado, prefixado, e um conjunto de caracte-rísticas bem definidas, que se encontram em todos os casosem que o «gênero» é utilizado. Em outras palavras, todos os«discursos de despedida» da Bíblia obedecem ao mesmo esque-ma e têm as mesmas características.') (Também na literaturajudaica da época helenista e do chamado «intertestamento»existe o mesmo gênero).

Quais são as características desse gênero?Antes de tudo, os exegetas acham que os diversos «discur-

sos de despedida» não têm interesse biográfico (não informamsobre o personagem que fala), mas finalidade «parenética»:ou seja, querem «exortar», encorajar, ensinar. aos leitores.Por isso, mais do que relatar a situação real da época dopersonagem que fala, referem-se à situação da época em queo livro foi escrito, anos ou séculos depois!

, Os temas ou motivos que aparecem no discurso são, geral-mente, os seguintes:

) A constatação de que a morte daquele que fala estápróxima;

4 2) As testemunhas que foram chamadas para ouvir O dispersonagem que fala;curso formam um círculo restrito, de amigos ou íntimos do-3) A exortação se dirige aos descendentes ou aos discípulos;4) Há algumas Profecias; geralmer!te, há previsões pessi-mistas sobre o futuro imediato e previsões otimistas sobre o

futuro mais afastado, distante; na realicde, as profecias sobred ao futuro próximo são urna descrição acontecimentos já...acontecidos, que o autor do livro já coeni5) Há uma justificativa ou defesa daleccoe,r;c1uta daquele que

fala; este faz uma breve apologia da sua prpia vida.•p r e s e n t e s _4_ 6) Finalmente, o que fala abençoa os _ e faz algu-ma prece; pode também haver alguma recomendação final.Na Bíblia, os discursos que apresentam estas característi-cas (pelo menos algumas delas) são:Gn 49: Bênção de Jacó;

Dt 33: Bênção (ou testamento) de Moisés;is 23: Testamento de Josué;1Rs 2,1-10: Testamento de Davi;1Mc 2,49-70: Testamento de Matatias.

Além disso, o mais interessante para uma comparação como discurso de Paulo (At 20,18-35) é o «discurso de despedida»de Samuel (1Sm 12,1-25). Quem não quiser ler todos os outrosdiscursos citados acima, poderá ler este último.

Também no Novo Testamento há «discursos de adeus» ou,ao menos, elementos. O mais famoso é o discurso de Jesusapós a última Ceia, no Evangelho de João (Jo 13-17). Mas,além de At 20,18-35, encontra-se o gênero literário do «dis-curso de despedida» também na segunda carta de Pedro, naprimeira carta a Timóteo (1Tm 4,1-11) e na segunda (2Tm3,1-4,18).

Uma comparação de At 20,18-35 com outros textos doNovo Testamento pode ser feita também através da análisedo vocabulário utilizado. É o que faremos agora, especialmentecom relação aos verbos.

2. Esquema do discurso e arte de escreverAntes de comparar o vocabulário de At 20 com o de outros

livros do NT, queremos em primeiro lugar pôr em relevo Ouso dos verbos no discurso atribuído a Paulo. Isto nos ajudaráa perceber melhor a arte de escrever de Lucas e, ao mesmotempo, indicar-nos-á aqueles vocábulos que têm um especialinteresse. 47

Propomos o seguinte esquema, muito simples, que Per •acompanhar o «movimento» do discurso. Nele distinguimo,nli colunas, os verbos atribuídos às diversas «pessoas»:— Paulo fala em primeira pessoa: eu;

Dirige-se aos presbíteros de Éteso, usando omas, ao mesmo tempo, Lucas (o autor dos Atos) se dirige 4,vóseus leitores, a nós também, e nos apela de forma direta: «VÓS fo»s;Há referências a terceiros (acontecimentos ou Pessoas).ele, eles;, No final, aparece, na boca de Paulo (e na pena deLucas) o «nós»: a primeira pessoa do plural reúne aqui os queno início do discurso, estavam separados: eu (Paulo, Lucas) e'vós (os presbíteros de Éfeso, Os leitores, nós).

O esquema, com base na tradução da «Bíblia de Jerusalemé o seguinte:v. eu (Paulo) vós (presbíteros) ele, eles n ó s18 s a b e i s

entreinão cessei de

portar-me19 servindo20

não dissimuleidevia pregare instruir

21 adjurando

22 acorrentadovousem saber

2324 não considero

leve a bomtermo

(cumpra)recebidar

testemunho25 estou certo

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passeipregando

(conheceis)

não haveisde rever

ocasionaram

(se convertessem)(cressem)

sucederáatestaaguardam

29 sei

30

31

35 mostrei

26 atestoestou puro

27 não meesquiveianunciar

28

33 não desejei34

não cessei deexortar

32 recomendo

sede solícitosapascentar

sede vigilanteslembrando-vos

sabeis

estabeleceuadquiriuintroduzir-se-ãonão pouparãosurgirãofarão discursosarrastar

tem o poderde edificare dar herança

proveram

disse:dar/receber

trabalhandodevemos ajudarlembrando

Em linhas gerais, o esquema acima põe em relevo que odiscurso de Paulo inicia por um apelo à experiência ou aoconhecimento dos ouvintes («sabeis»! — v. 18), que é retomadono v. 34. Entre esses dois extremos, o uso de verbos na segundapessoa do plural se reduz a três casos:

— o indicativo do v. 25: «não haveis de rever»; é a cons-tatação dramática, que desencadeará a emoção dos ouvintes (cf.o v. 38), e que representa o «leit-motiv» do discurso de despe-dida: quem fala, Paulo, está próximo da morte;

o imperativo do v. 28: «sede solícitos», acompanhadode uma explicitação do objetivo visado: «para apascentar»;

o imperativo do v. 31: «sede vigilantes», também acom-panhado de uma advertência: «lembrando-vos. ..»; esses doisimperativos são como que uma síntese das obrigações dos pres-bíteros, que devem ser «guardas» (episcopoi) do rebanho. 49

I )< <a vl 1- ió as >> )d o n assim us ci n ia -s

o maior número de verbos está na primeira pessoa e n-alal()()podia ser diferentemente num discurso-testamento, em que paevoca valores e ideais pelos quais lutou a vida inteira* Ubmcomenta ro mais detalhado de alguns desses verbos, e das ações ue eles exprimem, será feito logo adiante.q No final do discurso, corno vimos, as preocupações deulo ( u igaaçpõeensúldtioms aprierasbseit:ero((stra

(gPeamno« (e<nó»s) », es u j e i t o obrigações eioto devemos ajudar os fracos, lembrando as palavras do Senhor'Jesus» (v. 35a). A apóstolo e o presbítero, assim como Lucas e o cristão de hoje, acima ou além das obrigações específicasde cada um, encontram-se neste dever universal, neste imperativoda caridade fraterna: trabalhar para ajudar os necessitados,imitando o exemplo de Jesus.

Finalmente, os verbos da terceira pessoa evocam diversassituações. Especial relevo tem a última frase (v. 35b), que êuma citação de palavras de Jesus e serve de arremate ao v. 35a'que é a conclusão de Paulo. Outras situações evocadas: as ciladas dos judeus (v. 19), a incerteza do futuro (v. 22), a atuaçãodo Espírito (v. 23.28), cadeias e tribulações (v. 23), o poder deDeus (v. 28.32), as maquinações de homens perversos, «loboscruéis» (v. 29-30). Esta alternância de adversidade e de inter-venções benéficas do poder divino evocam eficazmente o con-texto, em que se realizou a façanha do Apóstolo. A lista terminacom uma palavra de confiança: Deus tem o poder de edificar(a Igreja) e de garantir a herança de Paulo (cf. v. 32)! Overbo do v. 34 («proveram») se refere às mãos de Paulo epode ser considerado como fazendo parte das expressões emque Paulo fala em primeira pessoa.

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3. o vocabulário: os grandes temas da ação missionária de Pauloe da situação da Igreja depois da morte dos Apóstolos

Vamos agora à prometida comparação do vocabulário deAt 20,18-35 com o de outros escritos do NT. Limitar-nos-emosa algumas indicações. O leitor interessado poderá completar apesquisa, com a ajuda de um dicionário Ou de uma concordância.

3.1. Os deveres dos presbíteros são indicados por Pauloatravés de dois imperativos: «sede solícitos» (v. 28) e «sedevigilantes» (v. 31).

«Sede solícitos» vem de uma forma do verbo prosécho, queno NT é usado 24 vezes, dg quais 4 em Lc e 6 em At; ()

P a s t o r(1). Nunca aparece nas cartas autênticas

ado com algo. No Nrré usado especialmente nas advertências a,

das vezes, significa guardar-se ' , ter cu.ds de Paulo (5), Hb (2) Na maior 2pdi

cocmei aqui os falsos profetas(cf. Mt 7,15; 1Tm 1,4; 4,1; Tt 1,14), em At 20, 28 29<g«Sede vigilantes» vem do verbo regoréo», que no NT é- .

usado 22 vezes, das quais 1 em Lc e (1 em At. É freqüente nosoutros Sinóticos (6 vezes em Mt, 6 emMc1)3 e. e no A1Ts 5,6.10, no

- 'I) (3), masaparece também em Paulo, em 1Cor 16,contexto de uma advertência apocalíptica. Também udo no contextoo verbo gregoréo (velar, vigiar) é usado sobretudo tm em Mt e Mccdo chamado «discurso apocalíptico» ( f. Mt 24,42.43; 25,13;26,38.40.41 e paralelos).

es explicativasi ç o .Os imperativos são seguidos por propos • -No v. 28 se diz que os presbíteros foram postos como «guar-das» (episcopoi) para «apascentar» (poim ' •amem) o rebanhoEstamos aqui diante de dois termos técnicos doministério daeIgreja primitiva. Eplscopos, de onde vem «bispo», ' um termoque São Paulo usa apenas uma vez, no cabeçalho da carta aosFilipenses (Fl 1,1). Ele se imporá como o termo que indica ospastores da Igreja local só depois do NT, durante o século II.No NT, além de Fl 1,1, aparece poucas vezes (1Tm 3,2; Tt1,7; 1Pd 2,25 e At 20,28), sem ter ainda um sentido estrito eespecífico de bispo. Apascentar também é usado poucas vezes(11) no NT: algumas vezes no sentido próprio, outras emsentido figurado, aplicado à Igreja (apascentar o «rebanho deDeus»: cf. aqui em At 20,28 e jo 21,16; 1Pd 5,2). Pode-secompletar a pesquisa, procurando o termo pastor (poimén), quetambém se aplica aos dirigentes da Igreja em Ei 4,11 e a Cristoem jo 10; Hb 13,20 e 1Pd 2,25. Esse último texto identificapastor e «episcopo». Lido com 1Pd 5,1-4 (que é uma exortaçãoaos presbíteros, para que sejam bons pastores segundo o modelodo «supremo Pastor», Cristo), mostra que At 20,28 usa O mes-mo vocabulário da primeira carta de Pedro.

Podemos 'concluir que a descrição que Lucas faz da res-ponsabilidade e das obrigações dos presbíteros (ou pastores,ou «episcopoi», guardas, supervisores da Igreja) é a mesma queencontramos nos discursos apocalípticos inseridos nos Evange-lhos Sinóticos, nas cartas petrinas, em Hebreus, s nas Cartas ditasPastorais (1 e 2Tm, Tt). Embora alguns desses temas estejamt í p i c o s presentes em Paulo, eles não são _ ' do ensinamento Ou daação do Apóstolo. Refletem, antes, a si _ ,apostólica, aquela que — . t u a ç a o post da Igreia pós-

— -após a morte dos A olos pro

curou fixar a tradição que eles deixaram e apo 51s por escrito,

no contexto deunia nova conjuntura, em que divisões internas ...doutrinas vindas de fora ameaçavam sua lunibdoacdae. deDupaQ preoPauloupações , . - -típicas dessa nova situação são a ameaça dos falsosc queprOetas, , como diz aqui Lucas pelatentam •xarrastar discípulos atrás de si» (a expressão salientaa oposição com O verdadeiro discípulo, aquele que vai «atrásde Jesus»), e o reforço do papel e da autoridade dos pastores(os presbítero «bisP43"):1 monstrar aqui, com todos os deta-s ou

Embora não possamos elhes, a nossa afirmação, estamos convencidos de que as palavrasque Lucas usa em At 20,28.31 não refletem a linguagem e opensamento do Apóstolo Paulo, mas as preocupações do autordos Atos, numa época que podemos situar uns vinte anos apósa morte de Paulo.

3.2. Mas não há nada de Paulo em At 20,18-35? Encon-tramos o vocabulário paulino e referências certas à vida doapóstolo nos trechos em que Paulo fala em primeira pessoa.Pertencem ao vocabulário paulino termos como:

— v. 19: «servindo» (clouldwn), tirado de um verbo usado25 vezes no NT, das quais 13 nas cartas autênticas de Paulo(veja, por exemplo, Rm 12,11);— v. 20: «não dissimulei» (upestailámen); termo raro, queaparece duas vezes em At (aqui e no v. 27) e uma vez em 012,12; em GI, Paulo condena uma atitude tímida de Pedro; Atdiz que Paulo não se esquivou, não fugiu da luta;— ve 20: «pregar» (anangellai) ou anunciar; termo raro(13 vezes no NT, das quais 5 em At) e que Paulo usa duasvezes, uma das quais citando Isaías (Rm 15,21); repetido nov. 27; v. 20: «instruir» (clidcixai); termo bastante usado paraindicar o ensinamento da doutrina cristã; é freqüente em At (16vezes), menos em Paulo, que porém o conhece (cf. Rm 12,7e outros 5 usos);

v. 25: «pregar» (kerússon); termo freqüente no NT (61vezes), inclusive em Paulo (16 vezes); típico para indicar apregação missionária, o «kerygma»;

v. 31: «exortar» (nouthetôn); nos Atos só aparece aqui;no resto do NT, só aparece (7 vezes) em escritos paulinosdêutero-pautinos; um bom exemplo: 1Cor 4,14 (no sentido de«admoestar»);

v. 35: «trabalhando» (koplônias)• em At, só apareceaqui; Paulo o usa ao menos 9 vezes, para indicar seu trabalho,seja manual (1Cor 4,12), seja apostólico (1Cor 15,10), Ou otrabalho de seus colaboradores no apostolado (Rui 16,6.12)•52

Em suma, temos aqui um bom resumo da ação missionáriade Paulo, de seu trabalho de apóstolo concentrado especialmente na evangelização, no anúncio ou pregação do Evangelho,realizado em espírito de serviço ao Senhor e na fadiga de umtrabalho cotidiano.

De outro lado não faltam vocábulos típicos de Lucas, quese misturam e se alternam com os de Paulo, mostrando que oautor dos Atos reescreveu em sua própria linguagem muitas dasvicissitudes do apóstolo. Exemplos:, v. 18: «entrei» (epében); verbo nunca usado por Pauloe quase exclusivo de At (5 vezes);

diamartyrein (adjurar, testemunhar) : é usado nos versi-culos 21, 23 e 24; em At aparece g vezes e em Paulo só uma;cf. também martyromai no v. 26;

v. 22: «vou» (poreuomai); verbo muito querido porLucas; das 153 ocorrências do NT, quase 60% são de Lucas (50em Lc e 37 nos At); Paulo o usa raramente (5 vezes) •v. 22: «sucederá» (sunantesonta); termo raro, 2 vezesem At, 4 no resto do NT, nunca em Paulo;v. 24: «leve a termo», «cumpra» (teleiôsai); verbo fre-

qüente nos escritos joaninos e em Hb; em At aparece apenasaqui; em Paulo, só uma vez;— ve 31: «não cessei» (epausámen); termo querido porLucas (6 em At, 3 em Lc) e não usado por Paulo da mesmaforma;

— v. 32: «recomendo» (paratithemai); freqüente em Lucas(9 vezes em Lc + At) ; apenas uma vez em Paulo;

— v. 34: «proveram» (uperétesan); termo usado só em At(3 vezes);v. 35: «mostrei» (upédeixa); aparece 6 vezes no NT,nunca em Paulo, 3 em Lc, 2 em At; •

v. 35: «ajudar» (antilambánesthat); só 3 vezes: 1 emAt, I em Lc, 1 em limm.

Interrompemos aqui a pesquisa, que poderia continuar coma análise do resto do vocabulário e com um estudo maisaprofundado dos temas evocados pelo discurso de Paulo em At20,18-35.

À luz dela, poder-se-ia discutir também a tradução do texto,seja a da «Bíblia de Jerusalém» que utilizamos, seja de umaoutra possível tradução mais adequada. Como sublinha O colegaJosé Luiz Gonzaga Prado, uma boa tradução exige necessaria-53

mente a adequação ao público a que se destina. De nossa parteneste pequeno estudo, mostramos a necessidade de >não só o término «ad quem» da tradução (os destinatáriorsa\rmas também O término «a quo» (o texto original). ter mostrado que o texto original pode ser compre Esperam--ctJ)a partir do seu esquema literário e da comparaçãoendido mellIdo seu voccibulário com o resto do NT. Esta compreensão será útil todpara não a.

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para os tradutores, mas também — e mais aindaaquele que quiser fazer de At 20,18-35 o ponto de partida desua reflexão sobre a missão da Igreja. Alberto AntoniazZi

Caixa Postal 41730000 Belo Horizonte, MG

NOTA: Para o § 19 deste estudo nos valemos de notas do prof: P.iu_sTragan OSB. Para o aprofundamento do estudo sugerimos, como ins_lru_._mento de trabalho, o Dicionário Internacional de Teologia do Novo 1 e-s..tamento _ (Edições Vida Nova São Paulo 1981-1984 4 vol.), uçaod, edição inglesa dirigida por' Colin Brow'n baseada' no Th.Espanola dei NT (ed. Mundo Hispano 1976). B e g r i f f .

scitrad._exikon_ zum NT de L. Coenen e Outros e La' Nueva Concordancia Gre54