atlas mata atlantica relatorio2005 2008

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  • Fundao SOS Mata Atlntica Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

    ATLAS DOS REMANESCENTES FLORESTAIS DA MATA ATLNTICA PERODO 2005-2008

    RELATRIO PARCIAL

    So Paulo 2009

  • AGRADECIMENTOS

    O Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlntica um amplo trabalho, sistematicamente atualizado h duas dcadas, que conta com o envolvimento de muitas instituies e pessoas que participam e colaboram na sua realizao, para que o pas e a sociedade tenham mais subsdios para atuar em favor da proteo deste bioma, Patrimnio Nacional. A Fundao SOS Mata Atlntica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) manifestam seus profundos agradecimentos ao BANCO BRADESCO e BRADESCO CARTES pelo patrocnio desde 1989 e COLGATE-PALMOLIVE/Sorriso Herbal pelo co-patrocnio desde 2000, que, reconhecendo a importncia, viabilizaram a sua realizao e a sua peridica atualizao. Este Atlas no teria sido possvel sem o esforo dedicado de um nmero significativo de profissionais de diversas reas, cientistas, pesquisadores, ambientalistas e voluntrios, que muito contriburam para o seu aprimoramento ao longo dos anos e de todos aqueles que participam do desenvolvimento desta quinta edio. Agradecimentos especiais Arcplan pela execuo tcnica, Sociedade Nordestina de Ecologia pela cesso de dados do Nordeste, aos rgos e agncias governamentais, entidades ambientalistas, universidades, institutos de pesquisa e empresas, bem como s equipes de trabalho de todas as instituies envolvidas.

  • FUNDAO SOS MATA ATLNTICA MINISTRIO DA CINCIA E TECNOLOGIA Roberto Luiz Leme Klabin Presidente Sergio Machado Rezende Pedro Luiz Barreiros Passos Vice-Presidente INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS - INPE Gilberto Cmara Neto Diretor geral COORDENAO SOS MATA ATLNTICA INPEMrcia Makiko Hirota Coordenao geral Flvio Jorge Ponzoni Coordenao tcnica

    EQUIPE DE TRABALHO E APOIO Mrio Cesar Mantovani, Ana Ligia Scachetti, Olavo Garrido, Luciana Mikami, Lucimara Spina, Andra Herrera, Walter Kudo Maejima EXECUO TCNICA ARCPLAN: Marcos Reis Rosa, Viviane Mazin, Eduardo Reis Rosa, Fernando F. Paternost, Jacqueline Freitas, Natlia Crusco APOIO: COLABORADORES, INSTITUIES E CONSULTORES ASSOCIADOS Paulo Nogueira-Neto, Joo Paulo Ribeiro Capobianco, Ibsen de Gusmo Cmara, Gustavo Martinelli, Conselho Nacional e Comits Estaduais da Reserva da Biosfera da Mata Atlntica. Bahia: Coordenao de Monitoramento Ambiental e Geoprocessamento da Superintendncia de Floresta, Biodiversidade e Unidade de Conservao, Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hdricos - SEMARH, Leonardo Euler Santos e Eduardo Saar Santos. Universidade Federal de Feira de Santana (UEFES), Francisco Haroldo F. Nascimento. Esprito Santo: Instituto de Defesa Agropecuria e Florestal da Secretaria de Estado da Agricultura do Esprito Santo (IDAF), Mario Sartori. Secretaria de Estado para Assuntos do Meio Ambiente do Esprito Santo. Rio de Janeiro: Secretaria do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro, Andr Ilha, Paulo Schiavo e Eduardo Lardosa (INEA), Instituto de Pesquisas Jardim Botnico do Rio de Janeiro - Programa Mata Atlntica (JBRJ), Rejan Rodrigues Guedes-Bruni (JBRJ), Haroldo Cavalcanti Lima (JBRJ), Gustavo Martinelli (JBRJ). Minas Gerais: Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel, Luciano Teixeira de Oliveira e Adauta Cupertino de Oliveira, Conservao Internacional, Luiz Paulo de Souza Pinto e Lcio Bed, Universidade Federal de Feira de Santana (UEFES), Francisco Haroldo F. Nascimento. So Paulo: Eduardo Lus Martins Catharino (Instituto de Botnica do Estado de So Paulo), Ricardo Ribeiro Rodrigues (Esalq-USP) Paran: IBAMA do Paran, Instituto Ambiental do Paran, Tereza Urban (Rede Verde), MST do Paran, Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educao Ambiental (SPVS), Ricardo Miranda de Britez, CREA/PR. Santa Catarina: Ademir Reis, Daniel de Barcellos Falkenberger, Miguel Guerra, Maurcio Sedrez dos Reis, Ademir Roberto Ruschel e Alexandre Mariot (Universidade Federal de Santa Catarina), Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente de Santa Catarina, Fundao do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (Fatma), MST de Santa Catarina. Rio Grande do Sul: Luis Rios de M. Baptista e Jorge Luis Waechter (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). So Paulo, 2009 Fundao SOS Mata Atlntica Rua Manoel da Nbrega, 456 04001-001 So Paulo, SP Tel.: (11) 3055-7898 Fax.: (11) 3885-1680 E-mail: [email protected] http://www.sosma.org.br

    Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE Av. dos Astronautas, 1758 12227-010 - So Jos dos Campos, SP Tel. (11) 3945-6454 Fax. (12) 3945-6460 http://www.inpe.br

  • APRESENTAO O Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlntica fruto de um convnio pioneiro firmado em 1989 entre a Fundao SOS Mata Atlntica, uma organizao no governamental e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), um rgo do Ministrio da Cincia e Tecnologia, originalmente estabelecido para a elaborao do mapeamento do bioma. Desde ento, as duas organizaes trabalham juntas com o objetivo de determinar a distribuio espacial dos remanescentes florestais e ecossistemas associados da Mata Atlntica, monitorar as alteraes da cobertura vegetal e produzir informaes permanentemente aprimoradas e atualizadas do bioma. O primeiro mapeamento, publicado em 1990 com a participao do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA), teve o mrito de ser um trabalho indito sobre a rea original e a distribuio espacial dos remanescentes florestais da Mata Atlntica. Desenvolvido em escala 1:1.000.000, tornou-se uma referncia para pesquisas cientficas relacionadas ao tema e para subsidiar as aes polticas em favor da conservao do bioma. No ano seguinte, a SOS Mata Atlntica e o INPE iniciaram um mapeamento mais detalhado, em escala 1:250.000, em dez Estados brasileiros, da Bahia ao Rio Grande do Sul, identificando reas acima de 40 hectares. Concludo em 1993, o "Atlas dos Remanescentes Florestais e Ecossistemas Associados da Mata Atlntica" monitorou a ao antrpica sobre os remanescentes florestais e nas vegetaes de mangue e de restinga no perodo entre 1985 e 1990. Uma nova atualizao foi lanada em 1998, desta vez cobrindo o perodo de 1990-1995, com anlises mais precisas devido aos aprimoramentos, tais como a digitalizao dos limites das fisionomias vegetais da Mata Atlntica, de algumas Unidades de Conservao (UCs) federais e estaduais e o cruzamento com a malha municipal digital do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), entre outros. Em 2002, a SOS Mata Atlntica e o INPE lanaram os novos dados da situao da Mata Atlntica, cuja atualizao compreendeu o perodo de 1995 a 2000. Esta fase teve como grande inovao a interpretao visual digital na tela do computador de imagens dos satlites TM/Landsat 5 ou 7, em escala 1:50.000, portanto mais precisas e um pouco mais prximas da realidade terrestre, identificando fragmentos florestais, desflorestamentos ou reas em regenerao acima de 10 hectares. At a segunda etapa, s reas acima de 25 hectares eram possveis de serem mapeadas. Alm disso, por orientao de cientistas e membros do Conselho Administrativo da SOS Mata Atlntica, decidiu-se por modificar os critrios de mapeamento, incluindo a identificao de formaes arbreas sucessionais secundrias. Os avanos tecnolgicos na rea da informao, sensoriamento remoto, processamento de imagens de satlites e geoinformao vm contribuindo

  • favoravelmente para a realizao deste Atlas, especialmente para torn-lo mais preciso e detalhado e mais acessvel s pessoas, de forma a possibilitar a criao de um cenrio em que cada cidado pode, ao toque das mos, conhecer a Mata Atlntica de sua cidade, de sua regio, de seu Estado e agir em favor da conservao e restaurao florestal do bioma, meta atingida pelas organizaes promotoras, graas internet, ao criar o Atlas dos Municpios da Mata Atlntica em 2004. A Fundao Mata Atlntica e o INPE tm a grata satisfao de apresentar sociedade a quinta edio do "Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlntica, com dados atualizados, at maio de 2009, em 10 Estados abrangidos pelo bioma (BA, GO, MS, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS). Este relatrio apresenta a metodologia e os resultados quantitativos da situao dos remanescentes da Mata Atlntica desses Estados e os desflorestamentos ocorridos no periodo de 2005-2008, que representam 93% do Bioma Mata Atlntica. Esta fase manteve a escala 1:50.000, passou a identificar reas acima de 3 hectares sobre as imagens dos sensores CCD do satlite sino-brasileiro CBERS-2 (CCD/CBERS-2) e TM/Landsat 5 do ano de 2005 e a atualizao incluiu a utilizao de imagens TM/Landsat 5 de 2008. Este relatrio, bem como as estatsticas e os mapas, imagens, fotos de campo, arquivos em formato vetorial e dados dos remanescentes florestais, por Municpio, Estado, Unidade de Conservao, Bacia Hidrogrfica, Corredor de Biodiversidade e rea prioritria para conservao da biodiversidade esto acessveis nos portais www.sosma.org.br e www.inpe.br . Os dados dos Estados do Cear, Paraba e Rio Grande do Norte, gerados pela Sociedade Nordestina de Ecologia (SNE), anos base 2000 e 2004, tambm esto acessveis no servidor de mapas disponibilizado na INTERNET. Em todas as etapas de sua atualizao, o Atlas contou com a participao, a contribuio e o apoio de diversas instituies, rgos governamentais, entidades ambientalistas, universidades, institutos de pesquisa, empresas, alm de vrios pesquisadores, cientistas e ambientalistas. Entre 1985 e 1990, obteve a participao da Imagem Sensoriamento Remoto e o patrocnio do Banco Bradesco, da Metal Leve e das Indstrias Klabin de Papel e Celulose. De 1990 a 1995, teve a participao da Imagem Sensoriamento Remoto e do Instituto Socioambiental e o patrocnio do Banco Bradesco, da Polibrasil Indstria e Comrcio e co-patrocnio do Fundo Nacional do Meio Ambiente/MMA. De 1995 a 2000, contou com a participao da Fundao de Cincias, Aplicaes e Tecnologia Espaciais (Funcate), da Geoambiente Sensoriamento Remoto, da Nature Geotecnologias e da ArcPlan, com o patrocnio do Banco Bradesco e o co-patrocnio da Colgate-Palmolive/Sorriso Herbal. A quarta edio, do perodo 2000 a 2005, contou com a execuo tcnica da Arcplan e patrocnio do Banco Cartes e co-patrocnio da Colgate-Palmolive/Sorriso Herbal. Essa quinta edio, ainda parcial, do perodo de 2005 a 2008, conta com a execuo tcnica da Arcplan e o patrocnio do Bradesco Cartes e co-patrocnio da Colgate-Palmolive/Sorriso Herbal.

  • Espera-se que as informaes geradas e os produtos elaborados sejam teis para contribuir ao conhecimento e para subsidiar estratgias e aes polticas de conservao da Mata Atlntica, considerada um dos mais ricos conjuntos de ecossistemas do planeta e um dos mais ameaados de extino.

    Fundao SOS Mata Atlntica Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

  • 1. INTRODUO A Mata Atlntica um complexo e exuberante conjunto de ecossistemas de grande importncia por abrigar uma parcela significativa da diversidade biolgica do Brasil, reconhecida nacional e internacionalmente no meio cientfico. Lamentavelmente, tambm um dos biomas mais ameaados do mundo devido s constantes agresses ou ameaas de destruio dos habitats nas suas variadas tipologias e ecossistemas associados. A Mata Atlntica est distribuda ao longo da costa atlntica do pas, atingindo reas da Argentina e do Paraguai nas regies sudeste e sul. De acordo com o Mapa da rea de Aplicao da Lei n 11.428, de 2006, segundo Decreto n 6.660, de 21 de novembro de 2008, publicado no Dirio Oficial da Unio de 24 de novembro de 2008 (IBGE, 2008), a Mata Atlntica abrangia originalmente 1.315.460 km no territrio brasileiro. Seus limites originais contemplavam reas em 17 Estados, (PI, CE, RN, PE, PB, SE, AL, BA, ES, MG, GO, RJ, MS, SP, PR, SC e RS), o que correspondia a aproximadamente 15% do Brasil. Nessa extensa rea, vive atualmente cerca de 61% da populao brasileira, ou seja, com base no Censo Populacional 2007 do IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica, so mais de 112 milhes de habitantes em 3.222 municpios, que correspondem a 58% dos existentes no Brasil. Destes, 2.594 municpios possuem a totalidade dos seus territrios no bioma e mais 628 municpios esto parcialmente inclusos, conforme dados extrados da malha municipal do IBGE (2005). O alto grau de interferncia na Mata Atlntica conhecido. Desde o incio da colonizao europia, com a ocupao dos primeiros espaos territoriais prximos regio costeira e a explorao do pau-brasil - rvore da qual era extrada uma tintura muito utilizada pela indstria txtil na poca - muita matria-prima passou a ser explorada. Os impactos dos diferentes ciclos de explorao vieram, como o do ouro, o da cana-de-acar e, posteriormente, o do caf. Novos ciclos econmicos, de desenvolvimento e de integrao nacional surgiram e instalou-se de vez um processo de industrializao e, conseqentemente, de urbanizao, com as principais cidades e metrpoles brasileiras assentadas hoje na rea originalmente ocupada pela Mata Atlntica, que fizeram com que sua vegetao natural fosse reduzida drasticamente. A dinmica da destruio foi mais acentuada nas ltimas trs dcadas, resultando em alteraes severas para os ecossistemas pela alta fragmentao do habitat e perda de sua biodiversidade. O resultado atual a perda quase total das florestas originais intactas e a contnua devastao dos remanescentes florestais existentes, que coloca a Mata Atlntica em pssima posio de destaque no mundo: como um dos conjuntos de ecossistemas mais ameaados de extino.

  • Apesar disso, a riqueza em biodiversidade pontual to significativa que o recorde mundial de diversidade botnica para plantas lenhosas foi registrado na Mata Atlntica, com 454 espcies em um nico hectare do sul da Bahia, sem contar as cerca de 20 mil espcies de plantas vasculares, das quais aproximadamente 6 mil restritas ao bioma. As estimativas da fauna da Mata Atlntica tambm surpreendem quando indicam 250 espcies de mamferos (55 deles endmicos, ou seja, que s ocorrem nessa regio), 340 de anfbios (90 endmicos), 1.023 de aves (188 endmicas), 350 de peixes (133 endmicas) e 197 de rpteis (60 endmicos) (MMA/SBF, 2002). Por outro lado, das 633 espcies de animais ameaadas de extino no Brasil, 383 ocorrem nesse bioma. Para destacar sua importncia no cenrio nacional e internacional, trechos significativos deste conjunto de ecossistemas foram reconhecidos como Patrimnio Mundial pela ONU e indicados como Stios Naturais do Patrimnio Mundial e Reserva da Biosfera da Mata Atlntica pela UNESCO (Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura). Alm disso, considerada Patrimnio Nacional na Constituio Federal de 1988. Inmeros so os benefcios, diretos e indiretos, que a Mata Atlntica proporciona aos habitantes que vivem em seus domnios. Para citar alguns, protege e regula o fluxo de mananciais hdricos, que abastecem as principais metrpoles e cidades brasileiras, e controla o clima. Alm disso, garantia de qualidade de vida e bem estar, abriga rica e enorme biodiversidade e preserva um inestimvel patrimnio histrico e vrias comunidades indgenas, caiaras, ribeirinhas e quilombolas, que constituem a genuna identidade cultural do Brasil. Apesar da destruio da Mata Atlntica ter se iniciado j no comeo da colonizao do Brasil, as principais iniciativas para sua proteo surgiram somente a partir da dcada de 1970, perodo em que vrios acontecimentos ocorreram no contexto mundial e novas reflexes contriburam para a consolidao do movimento ecolgico. No Brasil, a partir de meados da dcada de 1980, iniciou-se uma intensa mobilizao da sociedade civil pela preservao da Mata Atlntica. O movimento ambientalista, no entanto, contava com poucas informaes consistentes sobre a rea original, a dimenso e a distribuio espacial, a estrutura e a situao dos remanescentes florestais do bioma. Com o objetivo de suprir essas lacunas, sem o que no seria possvel traar aes efetivas de conservao, a Fundao SOS Mata Atlntica e o INPE, em parceria com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (Ibama), concluram o "Atlas dos Remanescentes Florestais do Domnio da Mata Atlntica" em 1990. Primeiro mapeamento da Mata Atlntica realizado no pas a partir da anlise de imagens de satlite, incluiu, alm das fisionomias florestais, os ecossistemas associados, na escala 1:1.000.000, determinando sua rea original e estabelecendo uma referncia inicial para o desenvolvimento de novos estudos. A escala adotada neste primeiro trabalho apresentou limitaes para avaliaes mais

  • detalhadas, pois algumas unidades de pequena extenso no puderam ser mapeadas e polgonos de remanescentes descontnuos foram agrupados, dando uma sensao de conectividade da paisagem, que no correspondia realidade. Dando continuidade a esta iniciativa, a Fundao SOS Mata Atlntica e o INPE iniciaram um novo mapeamento em 1990, visando obter informaes mais precisas e detalhadas. Denominado Atlas da Evoluo dos Remanescentes Florestais e Ecossistemas Associados no Domnio da Mata Atlntica - Perodo 1985-1990, o trabalho foi concludo em 1993 e permitiu avaliar a dinmica dos remanescentes florestais e de ecossistemas associados da Mata Atlntica em 10 Estados, da Bahia ao Rio Grande do Sul. Foram utilizadas tcnicas de interpretao visual de imagens analgicas TM/Landsat, na escala 1:250.000, levantamentos de campo para checagem e aferio dos dados e anlise dos dados por especialistas. Os dados foram digitalizados e o clculo das reas foi efetuado atravs de um sistema de informao geogrfica. A execuo dos servios de interpretao das imagens, digitalizao e produo dos mapas foi realizada pela Imagem Sensoriamento Remoto S/C Ltda. A concluso dos trabalhos de atualizao foi submetida a pesquisadores e especialistas em Mata Atlntica, conhecedores da situao florestal dos Estados analisados, que emitiram pareceres tcnicos a respeito dos mapeamentos produzidos. Esta etapa resultou na primeira anlise cientfica da degradao recente da Mata Atlntica e subsidiou a definio de reas crticas, ou seja, as mais vulnerveis, sob forte presso antrpica, que exigiam maior ateno nas estratgias para a conservao. Diante dos resultados obtidos, a Fundao SOS Mata Atlntica e o INPE iniciaram uma nova atualizao de dados, analisando a dinmica do bioma entre 1990-1995. Esta etapa abrangeu todos os Estados da fase anterior, com exceo da Bahia, devido falta de imagens de satlite com ndices mnimos de cobertura de nuvens. Nesta etapa, vrios aprimoramentos foram incorporados, graas ao avano tecnolgico, o que permitiu uma melhor visualizao das classes mapeadas e proporcionou, conseqentemente, uma maior confiabilidade dos dados gerados. Alm dos aprimoramentos anteriormente citados, o Instituto Socioambiental, com quem a Fundao SOS Mata Atlntica assinou convnio em 1995, digitalizou os limites das fisionomias vegetais que compem os domnios originais da Mata Atlntica, de acordo com o Decreto 750/03, tendo como base o Mapa de Vegetao do Brasil (IBGE, 1993) e os limites de algumas Unidades de Conservao federais e estaduais. Com base nestes dados, foi possvel avaliar a dinmica da Mata Atlntica de forma mais precisa e localizada, permitindo a definio de polticas de conservao mais objetivas e coerentes com cada situao. Este aperfeioamento permitiu, ainda, que os dados sobre as formaes florestais da Mata Atlntica fossem separados dos dados de outros biomas, principalmente savana e estepe, que na etapa anterior estavam includos no cmputo geral.

  • Em meados de 1999, a SOS Mata Atlntica e o INPE iniciaram a concepo de um novo mapeamento, agora referente ao perodo 1995-2000, no qual foram includas vrias inovaes metodolgicas, fruto do aprimoramento de mquinas e de aplicativos disponveis. Esta fase teve como grande inovao metodolgica a interpretao visual realizada em produtos disponibilizados em formato digital, em tela em computador e esse aperfeioamento incluiu o uso de imagens TM/Landsat 5 ou 7 em formato digital, permitindo ampliar a escala de mapeamento para 1:50.000, portanto mais precisas e um pouco mais prximas da realidade terrestre, identificando fragmentos florestais, desflorestamentos ou reas em regenerao acima de 10 hectares. At a etapa anterior, s reas acima de 25 hectares eram possveis de serem mapeadas. As bases (mapas) temticas geradas anteriormente foram ento georreferenciadas, re-intepretadas e utilizadas como base de interpretao para a gerao de uma nova base, ainda referente aos dados do perodo 1990-1995, mas incluindo dados na escala 1:50.000. Essa nova base temtica foi ento atualizada com dados de imagens referentes ao perodo 1999-2000. Seguiram-se os mesmos procedimentos anteriormente adotados de anlise dos produtos gerados por consultores em cada Estado, levantamentos de campo e sobrevos e a conseqente correo de possveis imperfeies de interpretao, bem como todas as demais etapas de quantificao de temas e anlise dos resultados. No ano de 2001, conforme se dava a finalizao dos trabalhos, novos dados foram publicados para os Estados do Rio de Janeiro, do Paran e de Santa Catarina. Aps a divulgao desses resultados parciais, as instituies decidiram, por orientao de cientistas e membros do Conselho Administrativo da SOS Mata Atlntica, modificar os critrios de mapeamento, incluindo a identificao de formaes arbreas sucessionais secundrias, diferentemente aos mapeamentos anteriores, nos quais considerava-se como Remanescentes Florestais somente as formaes arbreas primrias ou em estgio avanado de regenerao, com padro que sugerisse biomassa compatvel com as formaes primrias e o mnimo sinal de ao antrpica. Fazer com que esse mapeamento da Mata Atlntica se aproximasse do que determina os instrumentos legais especficos para o bioma foi uma deciso importante, j que o Decreto 750/93 e o Projeto de Lei 3285/92 dispem sobre o corte, a explorao e a supresso de vegetao primria ou nos estgios avanado e mdio de regenerao da Mata Atlntica. Essa mudana nos critrios de mapeamento foi importante para aproximar esse Atlas do que estabelece a legislao, identificando alm das formaes primrias, com pouca alterao ou essencialmente recuperadas, as formaes secundrias em estgios mdio e avanado de regenerao. As alteraes foram determinantes para a realizao de uma nova reviso sobre os dados do mapeamento do ano de 1995, na qual foram incorporadas na classe

  • Mata as formaes florestais naturais em diferentes estgios, que serviram de base para a avaliao da dinmica desses remanescentes no perodo de 1995-2000. Lanado em 2002, esse Atlas avaliou a superfcie de 10 Estados a totalidade das reas do Bioma Mata Atlntica de Gois, Minas Gerais, Esprito Santo, Rio de Janeiro, So Paulo, Mato Grosso do Sul, Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e reas parciais da Bahia que abrangeram nesta etapa 1.172.700 km2, ou seja, 87% da rea total do Bioma Mata Atlntica. Em 2004, a SOS Mata Atlntica e o INPE lanaram o Atlas dos Municpios da Mata Atlntica, de forma a fornecer instrumentos para o conhecimento, o monitoramento e o controle para atuao local. Desta forma, a partir da identificao e da localizao dos principais remanescentes florestais existentes nos municpios abrangidos pela Mata Atlntica, cada cidado, diferentes setores e instituies pblicas e privadas puderam ter fcil acesso aos mapas por meio da internet e se envolver e atuar em favor da proteo e conservao deste conjunto de ecossistemas. O desenvolvimento da ferramenta de publicao dos mapas na internet foi realizado pela ArcPlan, utilizando tecnologia do MapServer (Universidade de Minnesota), com acesso nos portais www.sosma.org.br e www.inpe.br Em final de 2004, as duas organizaes iniciaram a atualizao dos dados para o perodo de 2000 a 2005. Esta edio tambm foi marcada por aprimoramentos metodolgicos e novamente foram revistos os critrios de mapeamento, dentre os quais se destaca a adoo do aplicativo ArcGis 9.0 que permitiu a visualizao rpida e simplificada do territrio de cada Estado contido no Bioma Mata Atlntica. Isso facilitou e deu maior segurana nos trabalhos de reviso e de articulao da interpretao entre os limites das cartas topogrficas. Quanto aos critrios de mapeamento, foram considerados remanescentes florestais (incluindo as fitofisionomias de mangue e de restinga) os fragmentos cujo padro visvel nas imagens de satlite estivessem relacionados a estgios clmax ou avanados de regenerao. Padres associados visualmente a algum tipo de alterao antrpica foram analisados caso a caso e decises de incluso ou de desconsiderao foram tomadas tambm caso a caso, mediante informaes de campo ou de outras fontes como imagens de alta resoluo espacial disponveis no Google Earth. Dessa forma, o mapeamento de 2000 que j havia sido feito teve de ser refeito para permitir sua atualizao mediante a utilizao das imagens de 2005. Outra modificao significativa em relao s demais atualizaes j realizadas foi a incluso das imagens da cmera CCD do satlite Sino-brasileiro CBERS-2. Um amplo trabalho de campo por equipes especializadas foi mais uma vez realizado em vrias regies crticas. A quarta edio do "Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlntica foi lanada em maio de 2008, apresentando dados atualizados em 13 estados abrangidos pelo bioma (PE, SE, AL, BA, GO, MS, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS),

  • sendo que a avaliao da situao entre o perodo de 2000-2005 foi realizada em 10 estados, da Bahia ao Rio Grande do Sul. Esta fase manteve a escala 1:50.000, passou a identificar reas acima de 3 hectares e o relatrio tcnico, bem como as estatsticas e os mapas, imagens, fotos de campo, arquivos em formato vetorial e dados dos remanescentes florestais, por Municpio, Estado, Unidade de Conservao, Bacia Hidrogrfica, Corredor de Biodiversidade e rea prioritria para conservao da biodiversidade esto acessveis nos portais www.sosma.org.br e www.inpe.br . Os dados dos estados da Paraba, do Rio Grande do Norte e do Cear, gerados pela Sociedade Nordestina de Ecologia, anos base 2002 e 2004, tambm esto acessveis no servidor de mapas. Esta quinta edio apresenta os dados parciais do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlntica entre o perodo 2005-2008. Alguns aprimoramentos foram significativos nesta etapa, a comear pela atualizao dos limites da Mata Atlntica tendo como base o Mapa da rea de Aplicao da Lei n 11.428, de 2006, segundo Decreto n 6.660, de 21 de novembro de 2008, publicado no Dirio Oficial da Unio de 24 de novembro de 2008 (IBGE, 2008). Este relatrio apresenta os dados parciais da metodologia e dos resultados quantitativos da situao dos remanescentes da Mata Atlntica de 10 estados e os desflorestamentos ocorridos no periodo de 2005-2008 da Bahia ao Rio Grande do Sul, na escala 1:50.000, identificando reas acima de 3 hectares. O relatrio tcnico, bem como as estatsticas e os mapas, imagens, fotos de campo, arquivos em formato vetorial e dados dos remanescentes florestais, por Municpio, Estado, Unidade de Conservao, Bacia Hidrogrfica, Corredor de Biodiversidade e rea prioritria para conservao da biodiversidade esto acessveis nos portais www.sosma.org.br e www.inpe.br . Outra mudana foi no servidor de mapas, que passa a contar com licena automtica para acesso aos dados vetoriais para fins de pesquisa. Os dados dos estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe, ano base 2005, bem como os da Paraba, do Rio Grande do Norte e do Cear, gerados pela Sociedade Nordestina de Ecologia, anos base 2002 e 2004, tambm continuam acessveis no servidor de mapas. O Atlas da Mata Atlntica continuar verificando a dinmica das aes antrpicas no bioma com o objetivo de produzir e disponibilizar informaes permanentemente aprimoradas e atualizadas sobre as alteraes nos remanescentes florestais naturais. Alm desses esforos, estudos especficos em alguns trechos do bioma, anlises qualitativas das reas crticas ou potenciais para a conservao da biodiversidade e outros diagnsticos temticos j esto em andamento pela SOS Mata Atlntica e pelo INPE, em parceria com outras instituies e pesquisadores. Os trabalhos envolvem ainda outros esforos de todos que atuam em defesa da Mata Atlntica, especialmente aqueles com foco nos programas para polticas de conservao. Estes programas incluem a busca pelo aprimoramento da legislao e

  • de sua implementao, uma atuao efetiva e fiscalizao eficiente pelos rgos pblicos, aes e campanhas visando envolver a sociedade civil nesse processo, recuperao de reas degradadas por meio da restaurao florestal e, especialmente, o grande desafio de buscar novos negcios e opes sustentveis para o uso econmico dos recursos florestais e naturais da Mata Atlntica e mecanismos e estmulos viveis para incentivar a sua preservao. Espera-se que este produto possibilite reflexes e aes positivas e imediatas e a participao de todos em favor da proteo, restaurao e conservao da Mata Atlntica.

  • 2. METODOLOGIA 2.1. Consideraes gerais O Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlntica uma iniciativa conjunta da Fundao SOS Mata Atlntica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais originada em 1989. O primeiro mapeamento do Bioma Mata Atlntica foi realizado com imagens orbitais do sensor Thematic Mapper, colocado a bordo do satlite Landsat 5 (TM/Landsat 5), disponibilizadas em formato analgico na escala 1:1000000, referentes ao ano de 1985. Essas imagens foram materializadas sob forma de composies coloridas mediante a adoo de filtros coloridos que conferiam aos remanescentes florestais a cor verde. Os resultados desse mapeamento serviram de base para o estabelecimento da Lei 750/93 que definiu a extenso territorial do bioma Mata Atlntica, fundamentando-se na classificao fisionmica da vegetao definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). Seguiu-se um segundo mapeamento com as mesmas imagens de 1985 (o mapeamento anterior foi refeito), mas agora materializadas na escala 1:250.000, mantendo os mesmos critrios na elaborao das composies coloridas (remanescentes em cor verde). O resultado foi importante na retificao do mapeamento anterior devido ampliao da escala. O mapeamento teve ainda como objetivo diagnosticar a interferncia antrpica sobre os fragmentos florestais, atualizando o mapa elaborado com as imagens de 1985 mediante a utilizao de outras imagens, agora referentes ao ano de 1990. Essa foi, portanto, a primeira atualizao do Atlas. Em 1995 foi iniciada a segunda atualizao dos dados do Atlas, valendo-se ainda de imagens em formato analgico, porm adotou-se um segundo tipo de composio colorida, alterando a distribuio dos filtros coloridos de forma a conferir diferentes tonalidades de vermelho aos fragmentos florestais. Essa mudana de critrio permitiu melhor distino dos limites de pequenos polgonos, bem como de descontinuidades em polgonos de grandes dimenses. Aps essa segunda atualizao, vislumbrou-se a possibilidade de utilizar dados em formato digital. Optou-se, portanto, em aproveitar os dados disponveis do mapeamento anterior e complement-los mediante sua manipulao em um sistema de processamento de imagens. De maneira geral, esse aproveitamento no foi total, o que foi dependente da paisagem (montanhosa, plana etc). Como resultado, foi realizado um novo mapeamento para o ano de 1990 e este foi atualizado mediante a utilizao de imagens orbitais de 1995. Todo o procedimento foi conduzido atravs de tcnicas de interpretao visual de imagens em tela de computador. Houve significativo avano no georreferenciamento dos dados cartogrficos. Nessa atualizao foram ainda utilizadas imagens do sensor TM/Landsat 5.

  • Os primeiros resultados dessa atualizao foram divulgados para os Estados do Rio de Janeiro, de Santa Catarina e do Paran. Diante dos resultados, surgiram questionamentos por parte da comunidade de ambientalistas sobre a legenda adotada nos mapeamentos at ento elaborados. Decidiu-se incluir formaes arbreas em estgios sucessionais secundrios. Essa deciso implicou em uma nova reviso do mapeamento de 1995, visando a comparao desse mapeamento com aquele que seria elaborado para o ano 2000, no qual foram includas imagens do sensor Enhanced Thematic Mapper Plus, colocado a bordo do satlite Landsat 7 (ETM+/Landsat 7). A concluso da atualizao do Atlas para o perodo 1995-2000 foi marcada pela disponibilizao dos dados na Internet. Optou-se por apresentar a base temtica e os dados quantitativos (rea de remanescentes, vegetao de restinga, vegetao de mangue e desflorestamentos) organizados por Estado, por municpio e por unidade de conservao. Assim, qualquer cidado com acesso Internet, passou ser capaz de avaliar a situao da cobertura vegetal do bioma em qualquer um dos nveis mencionados. A ltima verso do Atlas inclui uma nova reviso da base temtica elaborada a partir das imagens TM/Landsat 5 e ETM+/Landsat 7 de 2000 e a atualizao incluiu a utilizao de imagens do sensor CCD do satlite sino-brasileiro CBERS-2 (CCD/CBERS-2). O objetivo deste captulo descrever os principais aspectos metodolgicos adotados na elaborao e na atualizao do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlntica em suas diferentes fases assumidas ao longo do tempo. 2.2 Perodos 1985-1990 e 1990-1995 A primeira verso do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlntica foi elaborada a partir de imagens TM/Landsat 5 de 1985, disponibilizadas na escala 1:500.000 em formato analgico e em forma de composies coloridas que conferiam s formaes vegetais diferentes tonalidades de verde. Essas composies eram interpretadas visualmente mediante a utilizao de folhas de acetado (overlays) colocadas diretamente sobre as imagens e nas quais eram delimitados os limites dos Remanescentes Florestais, da vegetao de Restinga e da vegetao de Mangue. Ao final da etapa de interpetao visual, os overlays oriundos das interpretaes de cada cena (composies coloridas) eram digitalizados e introduzidos em sistema computacional para georreferenciamento e para permitir a quantificao de reas dos temas interpretados. A concluso desse primeiro mapeamento foi materializada sob a forma de uma base temtica na escala de 1:1.000.000, que serviu como fundamento para o

  • estabelecimento da Lei 750/93 que definia os limites e a exteno do bioma Mata Atlntica. Trataremos a seguir dos mapeamentos e atualizaes que se seguiram a esse primeiro mapeamento, os quais experimentaram sussecivos aprimoramentos metodolgicos, incluindo alterao nas escalas de interpretao e de edio final. 2.2.1 Extenso do mapeamento A Figura 1 apresenta a extenso do Bioma Mata Atlntica, conforme preconizado pelo Decreto 750/93 que passou a reger todas as atualizaes do Atlas at o presente momento.

    Figura 1 Extenso do Bioma Mata Atlntica conforme Decreto 750/93.

  • Observa-se, portanto, que o referido domnio inclui diferentes fitofisionomias, as quais foram descritas por IBGE (1993). O Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlntica abrangeu, at o momento, reas em 10 Estados Bahia, Gois, Minas Gerais, Esprito Santo, Rio de Janeiro, So Paulo, Mato Grosso do Sul, Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, totalizando 127.242.000 hectares, ou seja, 94% da rea total do Domnio da Mata Atlntica. Alguns Estados do Nordeste no puderam ser includos nos mapeamentos at ento realizados devido aos elevados ndices de cobertura de nuvens comuns no horrio de passagem dos satlites, cujas imagens dos sensores TM/Landsat 5, ETM+/Landsat 7 e CCD/CBERS-2 tm sido utilizadas. Para o caso do perodo em questo (1980-1985), somente as imagens do sensor TM foram utilizadas, uma vez que o sensor ETM+ somente foi lanado ao espao em 1999 e o CBERS-2 foi lanado em 2003. Nos mapeamentos e nas atualizaes elaboradas foram consideradas como unidade de mapeamento as cartas topogrficas na escala 1:250.000 disponibilizadas pelo mapeamento sistemtico do territrio nacional realizado tanto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) como pela Diretoria de Servio Geogrfico (DSG), segundo a articulao mostrada na Figura 2.

    Figura 2 Articulao das cartas topogrficas na escala 1:250.000 consideradas como unidades de mapeamento.

  • No Apndice A encontra-se a relao das cartas topogrficas e das imagens orbitais do sensor Thematic Mapper (TM) utilizadas, bem como das imagens que cobrem suas respectivas superfcies, as quais foram selecionadas procurando optar por aquelas livres, tanto quanto possvel, de cobertura de nuvens. 2.2.2 Produtos de sensoriamento remoto utilizados O mapeamento temtico dos remanescentes florestais, de vegetao de restinga e de mangue do Domnio da Mata Atlntica, entre 1985 e 1990, abrangeu 10 Estados e utilizou tcnicas de interpretao visual de imagens TM/Landsat 5 disponibilizadas em formato analgico (fotogrfico) nas bandas espectrais TM3B, TM4G e TM5R1, alm de levantamentos de campo e outras informaes disponveis sobre a rea analisada. A disposio dos filtros coloridos em cada imagem de cada uma das bandas espectrais, segundo descrito acima, conferiu s formaes vegetais tonalidades esverdeadas nestas composies. J as imagens referentes ao perodo de 1990 - 1995 foram disponibilizadas sob forma de composies coloridas confeccionadas com as mesmas bandas, porm foi invertido o posicionamento dos filtros coloridos, sendo atribudo o filtro azul para a imagem da banda TM3, o filtro vermelho para a imagem da banda TM4 e finalmente o filtro verde para a imagem da banda TM5. Este procedimento conferiu s formaes vegetais tonalidades avermelhadas, conferindo maior contraste aos fragmentos florestais e permitindo melhor distino visual entre estes a reas ocupadas por culturas agrcolas ou de reflorestamento. Apesar da sutileza da alterao, a extrao das informaes mediante a interpretao visual das imagens foi fortemente alterada em contedo e rapidez, obrigando sucesivas intervenes na base temtica elaborada no perodo anterior, com o objetivo de conferir atualizao a consistncia necessria. 2.2.3 Legenda adotada Considerando o carter de monitoramento dos remanescentes florestais e ecossistemas associados do Domnio da Mata Atlntica, a legenda adotada incluiu: Remanescentes Florestais Desflorestamento Regenerao Florestal (Incremento de vegetao) Remanescentes de Vegetao de Restinga Decremento de Vegetao de Restinga Regenerao de Vegetao de Restinga Remanescentes de Vegetao de Mangue

    1 As letras que seguem a designao das bandas referem-se aos filtros coloridos atribudos a cada uma das imagens. Assim, TM3B significa que o filtro azul foi atribudo imagem da banda 3 do sensor TM, e assim respectivamente.

  • Decremento de Vegetao de Mangue Regenerao de Vegetao de Mangue

    Considerando as diferenas ambientais inerentes extenso geogrfica abrangida pelo mapeamento, alguns temas abrangeram tipologias vegetais especficas em cada Estado. Assim, sero apresentados a seguir os temas e as tipologias a eles relacionados em cada Estado includo no mapeamento. Rio Grande do Sul Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias em estgio avanado de regenerao) de Floresta Ombrfila Densa, Floresta Ombrfila Mista (Floresta de Pinheiros), Floresta Estacional Decidual e Floresta Estacional Semidecidual; Remanescentes de Vegetao de Restinga: refere-se cobertura vegetal tpica de terrenos arenosos da rea litornea, englobando vegetao rasteira, formaes arbustivas e florestais; Remanescentes de Vegetao de Mangue: cobertura vegetal litornea caracterstica de ambientes salobros. Santa Catarina Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias secundrias em estgio avanado de regenerao) de Floresta Ombrfila Mista (Floresta de Pinheiros), Floresta Estacional Decidual, Floresta Ombrfila Densa e a Savana Gramneo-lenhosa; Remanescentes de Vegetao de Restinga: refere-se cobertura vegetal tpica de terrenos arenosos da rea litornea, englobando a Floresta Ombrfila de Terras Baixas, ou Restinga Higrfila; Remanescentes de Vegetao de Mangue: cobertura vegetal litornea caracterstica de ambientes salobros. Paran Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias secundrias em estgio avanado de regenerao) de Floresta Ombrfila Densa, Floresta Ombrfila Mista e Floresta Estacional Semidecidual, assim como as transies entre estas; Remanescentes de Vegetao de Restinga: refere-se cobertura vegetal tpica de terrenos arenosos da rea litornea, englobando formaes arbustivas e florestais. Sua discriminao foi feita com base nos limites visveis de vegetao nas imagens e tambm de acordo com a distribuio espacial dos cordes litorneos arenosos livres de ao antrpica. Foram includas nesta classe as reas de Floresta Ombrfila Densa das terras baixas, ou Restinga Higrfila, conforme mapeamento realizado pelo IPARDES (1989); Remanescentes de Vegetao de Mangue: cobertura vegetal litornea caracterstica de ambientes salobros.

  • So Paulo Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias secundrias em estgio avanado de regenerao) de Floresta Ombrfila Densa, Floresta Ombrfila Mista e Floresta Estacional Semidecidual, assim como as transies entre estas; Remanescentes de Vegetao de Restinga: refere-se cobertura vegetal tpica de terrenos arenosos da rea litornea, englobando formaes arbustivas e florestais. Sua discriminao foi feita com base nos limites visveis de vegetao nas imagens e tambm de acordo com a distribuio espacial dos cordes litorneos arenosos livres de ao antrpica. Foram includas nesta classe as reas de Floresta Ombrfila Densa das terras baixas, ou Restinga Higrfila; Remanescentes de Vegetao de Mangue: cobertura vegetal litornea caracterstica de ambientes salobros. Rio de Janeiro Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias secundrias em estgio avanado de regenerao) de Floresta Ombrfila Densa e Floresta Ombrfila Mista; Remanescentes de Vegetao de Restinga: refere-se cobertura vegetal tpica de terrenos arenosos da rea litornea, englobando formaes arbustivas e florestais. Sua discriminao foi feita com base nos limites visveis de vegetao nas imagens e tambm de acordo com a distribuio espacial dos cordes litorneos arenosos livres de ao antrpica. Foram includas nesta classe as reas de Floresta Ombrfila Densa das terras baixas, ou Restinga Higrfila; Remanescentes de Vegetao de Mangue: cobertura vegetal litornea caracterstica de ambientes salobros. Minas Gerais Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias secundrias em estgio avanado de regenerao) de Floresta Ombrfila Densa, Floresta Ombrfila Aberta, Floresta Ombrfila Mista, Floresta Estacional Decidual e Floresta Estacional Semidecidual. reas de contato entre as formaes mencionadas, matas ciliares e remanescentes incrustados em outras formaes foram tambm includos. Esprito Santo Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias secundrias em estgio avanado de regenerao) de Floresta Ombrfila Densa, Floresta Ombrfila Aberta, Floresta Estacional Decidual e Floresta Estacional Semidecidual. reas de cabruca, que so plantios de cacau sombreados com espcies arbreas das formaes florestais mencionadas foram tambm includas;

  • Remanescentes de Vegetao de Restinga: refere-se cobertura vegetal tpica de terrenos arenosos da rea litornea, englobando formaes arbustivas e florestais. Sua discriminao foi feita com base nos limites visveis de vegetao nas imagens e tambm de acordo com a distribuio espacial dos cordes litorneos arenosos livres de ao antrpica. Foram includas nesta classe as reas de Floresta Ombrfila Densa das terras baixas, ou Restinga Higrfila; Remanescentes de Vegetao de Mangue: cobertura vegetal litornea caracterstica de ambientes salobros. Mato Grosso do Sul Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias secundrias em estgio avanado de regenerao) de Floresta Estacional Decidual e Floresta Estacional Semidecidual. Matas ciliares, remanescentes incrustrados ou limtrofes inseridos em outras formaes. Gois Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias secundrias em estgio avanado de regenerao) de Floresta Estacional Decidual e Floresta Estacional Semidecidual. Matas ciliares, remanescentes incrustrados ou limtrofes inseridos em outras formaes. 2.2.4 Interpretao visual das imagens A extrao de informaes mediante a interpretao visual de imagens orbitais fundamenta-se nos elementos da fotointerpretao, quais sejam, cor, tonalidade, textura, forma, tamanho relativo, contexto e sombra. O sinergismo entre estes elementos, considerando cada um dos itens da legenda adotada no mapeamento, conferir padres que sero perseguidos pelos intrpretes na delimitao de polgonos, que passaro a representar a distribuio espacial (geogrfica) dos itens da legenda, qual seja, a base temtica pretendida. Evidentemente que se trata de uma tarefa com algum grau de subjetivismo. Assim, definiu-se uma estratgia de trabalho que teve como objetivo principal minimizar possveis e esperadas diferenas nos critrios de interpretao quando vrios profissionais participaram dessa etapa do trabalho. Tal estratgia incluiu a adoo de um nico profissional incumbido de revisar todas as interpretaes realizadas por diferentes intrpretes, procurando homogeneizar os critrios adotados. A interpretao propriamente dita foi feita por carta topogrfica (escala 1:250.000) cujos limites eram traados sobre folhas de acetato (papel parcialmente transparente), aqui denominado de overlay 1985-1990. O overlay de cada carta topogrfica era sobreposto s imagens de 1985, seguindo-se a extrao dos limites de polgonos referentes s classes da legenda apresentada. Essa primeira etapa da interpretao era concluda mediante a reviso do contedo do overlay visando homogeneizar os critrios de interpretao e de traado. Seguia-se a superposio do overlay sobre as imagens de 1990 visando identificar a ocorrncia de alteraes

  • antrpicas sobre os remanescentes florestais, vegetao de mangue e vegetao de restinga no perodo 1985-1990. Uma vez concluda a etapa de interpretao visual de imagens, seguiu-se a digitalizao do contedo temtico dos overlays realizada no aplicativo denominado Sistema de Informaes Geogrficas (SGI) desenvolvido pelo INPE, constituindo, portanto um banco de dados digitais que possibilitou a edio de mapas temticos e a quantificao das reas de cada tema do mapeamento. Esta etapa foi realizada atravs do uso de mesas digitalizadoras. Em seguida, era impressa a chamada plotagem da carta, a qual continha alguns elementos da toponmia e todo o contedo temtico originado na interpretao visual de imagens. Essa plotagem era ento comparada com o overlay correspondente atravs de uma auditoria, onde eram feitos acertos de forma a tornar a plotagem uma cpia fiel do overlay. Concluda esta etapa, os overlays e suas respectivas plotagens eram encaminhados para consultores contatados nos Estados, que procediam ento uma auditoria definitiva. As consideraes destes consultores eram ento analisadas e procediam-se as alteraes pertinentes nos overlays e posteriormente nas plotagens. Seguiram-se os clculos das reas dos temas Remanescentes Florestais (RF), Desflorestamento (D), Regenerao de Remanescentes Florestais (GF), Remanescentes de Vegetao de Restinga (VR), Decremento de Remanescentes de Vegetao de Restinga (DVR), Regenerao de Remanescentes de Vegetao de Restinga (GVR), Remanescentes de Vegetao de Mangue (VM), Decremento de Remanescentes de Vegetao de Mangue (DVM) e Regenerao de Remanescentes de Vegetao de Mangue (GVM), para os anos de 1985, 1990 e 1995. A Tabela 1 apresenta um exemplo destes clculos, uma vez que estes foram definidos de forma particular para cada Estado mediante a existncia ou no de classes especficas de mapeamento. Tabela 1 - Descrio dos clculos efetuados para as estimativas de reas dos principais temas do mapeamento.

    Tema 1985 1990 1995 Remanescentes Florestais

    RF90 + D90 RF95 + D95 RF95=RF95 + RF no mapeados + RF mapeada como VR+RF mapeada como VM + Outros mapeados como RF + GF no mapeada

    Desflorestamento D90 + D90 no mapeado

    D95

    Regenerao de Ramanescentes Florestais

    GF90 + GF90 no mapeado

    GF95

    Vegetao de Restinga

    VR90 + DVR90

    VR 95 + DVR 95 VR 95 + VR95 no mapeada+ VR95 mapeada

  • como RF+ VR95 mapeada como VM

    Decremento de Vegetao de Restinga

    DVR95 +DVR95 no mapeado

    DVR95

    Regenerao de Vegetao de Restinga

    GVR90+GVR90 no mapeado

    GVR95

    Vegetao de Mangue

    VM90 + DVM90

    VM95 + DVM95 VM95 + VM no mapeada

    Decremento de Vegetao de Mangue

    DVM90+DVM90 no mapeado

    DVM95

    Regenerao de Vegetao de Mangue

    GVM90+GVM no mapeado

    GVM 95

    Para a atualizao do Atlas referente ao perodo 1990-1995, a alterao das composies coloridas possibilitou melhor discriminao visual entre padres de tonalidade e cor, em relao s composies coloridas utilizadas no mapeamento anterior (1985-1990). Isso permitiu tanto a identificao mais facilitada dos temas da legenda, quanto verificao de possveis equvocos da interpretao realizada no mapeamento anterior. Os principais enganos verificados foram: Remanescentes Florestais no mapeados Reflorestamento considerado Remanescentes Florestais Desflorestamento no mapeado Remanescentes de Vegetao de Restinga no mapeados Reflorestamento considerado Remanescentes de Vegetao de Restinga Decremento de Remanescentes de Vegetao de Restinga no mapeado Remanescentes de Vegetao de Mangue no mapeados Reflorestamento considerado Remanescentes de Vegetao de Mangue Decremento de Remanescentes de Vegetao de Mangue no mapeado

    Remanescentes Florestais mapeados como Remanescentes de Vegetao de Restinga Remanescentes de Vegetao de Restinga mapeados como Remanescentes Florestais Remanescentes de Vegetao de mangue mapeados como Remanescentes Florestais

    Foram ainda includas nesta interpretao as reas referentes aos incrementos e decrementos ocorridos no perodo 1990-1995, nos temas Remanescentes Florestais, Remanescentes de Vegetao de Restinga e Remanescentes de Vegetao de Mangue; as reas de remanescentes de cada um destes trs temas que estavam encobertos por nuvens no mapeamento anterior e finalmente, as intersees de nuvens nos dois perodos de mapeamento, as quais indicaram as

  • reas que no foram mapeadas tanto no mapeamento passado, quanto no mapeamento atual. Assim, durante a interpretao das imagens do perodo 1990-1995, foi considerada a seguinte legenda, denominada legenda de trabalho: Remanescentes Florestais Desflorestamento Regenerao Florestal Remanescentes de Vegetao de Restinga Decremento de Remanescentes de Vegetao de Restinga Regenerao de Vegetao de Restinga Remanescentes de Vegetao de Mangue Decremento de Vegetao de Mangue Regenerao de Vegetao de Mangue Remanescentes Florestais no mapeados Reflorestamento considerado Remanescentes Florestais Desflorestamento no mapeado Remanescentes de Vegetao de Restinga no mapeados Reflorestamento considerado Remanescentes de Vegetao de Restinga Decremento de Remanescentes de Vegetao de Restinga no mapeado Remanescentes de Vegetao de Mangue no mapeados Reflorestamento considerado Remanescentes de Vegetao de Mangue Decremento de Remanescentes de Vegetao de Mangue no mapeado

    Remanescentes Florestais mapeados como Remanescentes de Vegetao de Restinga Remanescentes de Vegetao de Restinga mapeados como Remanescentes Florestais Remanescentes de Vegetao de Mangue mapeados como Remanescentes Florestais

    Foi adotado um critrio de cores para representao grfica destes temas de forma a garantir a distino visual entre os temas identificados. Os contornos dos polgonos representativos de cada tema em questo eram definidos mediante a superposio visual da drenagem e estradas principais existentes nos overlays, com seus homlogos existentes nas imagens correspondentes. Este procedimento foi adotado para garantir um mnimo de exatido cartogrfica na representao dos polgonos cuja dimenso mnima foi estipulada em 4 mm2, correspondendo a uma superfcie no terreno de 25 hectares. Seguiram-se as etapas de verificao e de auditoria, que incluam a observao das articulaes temticas entre overlays de cartas vizinhas, reviso da interpretao por parte dos prprios intrpretes homogeneizao da interpretao. Foram comuns tambm nesse perodo viagens a campo e discusses tcnicas com especialistas em cada Estado incluido no Domnio da Mata Atlntica para resolver dvidas de interpretao.

  • 2.2.5 Exatido de mapeamento Esta etapa teve como objetivo estimar a exatido global da classificao, caracterizado por um valor que expressa, de forma genrica para todo um Estado, o percentual de confiabilidade das cartas. Esse percentual determinado segundo metodologia preconizada por Congalton e Mead (1983), que inclui a verificao de pontos no terreno, cujas coordenadas so definidas mediante a chamada amostragem estratificada sistemtica no alinhada, sugerida por Fitzpatrick-Lins (1981), Rosenfield et al. (1982) e Stehman (1992). Esta tcnica de amostragem apresenta como vantagem a ponderao da rea de cada tema mapeado. Esta metodologia somente foi aplicada para o Estado do Esprito Santo, que teve sobre seu territrio definidos 232 pontos que foram visitados em campo. A equipe de profissionais que realizou este trabalho de campo recebeu orientaes sobre a metodologia a ser empregada na estimativa da exatido de mapeamento, quando foi salientada ainda a importncia da deciso tanto no que se referia localizao do ponto no campo, quanto da identificao correta do tema no qual este estava inserido. Neste sentido, foram contactados consultores do Estado que ajudaram na definio de critrios de reconhecimento dos temas em campo. Neste trabalho de campo foram preenchidas fichas individuais por ponto. Em seguida, foram resgatados das plotagens os temas que haviam sido atribudos a cada um dos pontos amostrados em campo, mediante a aplicao de um programa computacional especialmente desenvolvido que se utilizava das coordenadas destes pontos, para cada carta topogrfica, e listava os temas a que cada um pertencia. Os dados de campo e estes obtidos em cada uma das plotagens, foram organizados sob a forma de uma Matriz de Erro segundo a Tabela 2. Tabela 2 Esquema da Matriz de Erro elaborada a partir dos dados de campo e das plotagens.

    Temas Rem.Florest. Mangue Restinga Outros Rem.Florest.

    Mangue Restinga Outros

    Em cada clula desta matriz so escritos os nmeros de pontos, por tema, que coincidiram com o tema que havia sido interpretado (diagonal da matriz) e os nmeros de pontos que foram confundidos com os demais temas. O tema Outros refere-se a todos os demais temas do mapeamento que no Remanescentes Florestais, Mangue e Restinga. O clculo da Exatido Global de mapeamento foi feito mediante a seguinte equao:

  • Total de pontos da diagonal E = ----------------------------------------- x 100 Total de pontos amostrados O relatrio deste estudo, que contempla o detalhamento da metodologia, incluindo frmulas, tabelas e resultados encontram-se disposio para consultas no acervo da Fundao SOS Mata Atlntica. 2.2.6 Confeco dos mapas temticos Os temas mapeados foram digitalizados utilizando-se de mesa digitalizadora e do Sistema de Informaes Geogrficas - SGI, desenvolvido pelo INPE, constituindo um banco de dados, que possibilitou a edio dos mapas temticos que compunham o Atlas. Informaes adicionais obtidas da carta topogrfica do IBGE, tais como drenagens, rodovias, ferrovias, limites administrativos e cidades tambm foram digitalizadas, de maneira a servir como pontos de referncia para a localizao dos remanescentes. A quantificao da rea coberta pelos diferentes temas avaliados era efetuada automaticamente atravs de funes especficas do SGI. Essas reas eram apresentadas em termos absolutos (hectares) e relativos (%) rea total avaliada dos Estados contemplados neste estudo. 2.3 Perodo 1995-2000 2.3.1 Consideraes gerais A cada atualizao do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlntica procura-se implementar aprimoramentos tecnolgicos e metodolgicos com o objetivo de agilizar todos os procedimentos inerentes ao processo de atualizao em si, bem como garantir maior confiabilidade aos dados divulgados. Na oportunidade de divulgao da atualizao referente ao perodo 1995-2000, foram efetuadas modificaes de escala e de critrios de mapeamento que levaram a uma reviso sobre os dados do mapeamento do perodo 1990 - 1995, que serviram de base para a avaliao da dinmica dos remanescentes no perodo de 1995-2000. Todo o mapeamento ento disponvel do perodo 1990 - 1995 foi refeito para viabilizar sua atualizao mediante anlise dos dados do ano 2000. A escala de mapeamento adotada passou a ser de 1:50.000 em tela de computador, o que permitiu considerar uma rea mnima de mapeamento de 10 hectares. Novos critrios foram definidos para incluir a identificao de formaes arbreas sucessionais secundrias, diferentemente ao que acontecia nos mapeamentos anteriores, nos quais considerava-se como Remanescentes

  • Florestais aquelas formaes arbreas primrias ou em estgio avanado de regenerao, com padro que sugerisse biomassa compatvel com as formaes primrias e com mnimo grau de alterao, ou seja, qualquer sinal de ao antrpica implicava na no delimitao dos polgonos. Essa modificao de critrio de mapeamento foi fruto de uma reflexo por parte de especialistas e de membros do Conselho Administrativo da SOS Mata Atlntica fundamentada nos instrumentos legais especficos para a Mata Atlntica, conforme comentado anteriormente. O Decreto 750/93, em vigor, e o Projeto de Lei 3285/92 dispem sobre o corte, a explorao e a supresso de vegetao primria ou secundria nos estgios avanado e mdio de regenerao da Mata Atlntica. No intuito de aproximar esse mapeamento com o que determina a legislao, foram identificadas como Remanescentes Florestais as formaes arbreas primrias, com pouca alterao ou essencialmente recuperadas, bem como formaes secundrias em estgio mdio e avanado de regenerao, localizadas em rea do Domnio da Mata Atlntica. Alm dessas modificaes, perseguiu-se a concepo de uma base temtica relativamente estvel, tanto no que se refere identificao e delimitao de polgonos, quanto ao posicionamento espacial destes com o objetivo de minimizar possveis inconsistncias nos dados das sucessivas e futuras atualizaes, bem como do tempo gasto nos trabalhos de interpretao e de auditoria. Com a disponibilidade de dados do sensor ETM+ do satlite Landsat 7, estes passaram a ser includos na atualizao 1995-2000, conforme ser apresentado oportunamente. 2.3.2 Legenda adotada Considerando o novo critrio de mapeamento, a legenda de mapeamento passou a incluir as formaes secundrias em diferentes estgios de regenerao, sem, contudo serem identificadas ou discretizadas. Assim, em cada Estado, as descries dos itens passaram a ser: Bahia Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias) de Floresta Ombrfila Densa, Floresta Ombrfila Densa de Terras Baixas, Floresta Ombrfila Aberta, Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional Sub-montana, Floresta Pioneira de Influncia Marinha, Floresta de Influncia Fluvial, Caatinga e Cerrado. reas de cabruca, que so plantios de cacau sombreados com espcies arbreas das formaes florestais mencionadas foram tambm includas; Restinga: refere-se cobertura vegetal tpica de terrenos arenosos da rea litornea, englobando formaes arbustivas e florestais. Sua discriminao foi feita com base nos limites visveis de vegetao nas imagens e tambm de acordo com

  • a distribuio espacial dos cordes litorneos arenosos livres de ao antrpica. Foram includas nesta classe as reas de Floresta Ombrfila Densa das terras baixas, ou Restinga Higrfila; Mangue: cobertura vegetal litornea caracterstica de ambientes salobros. Espirito Santo Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias) de Floresta Ombrfila Densa, Floresta Ombrfila Aberta, Floresta Estacional Decidual e Floresta Estacional Semidecidual. reas de cabruca, que so plantios de cacau sombreados com espcies arbreas das formaes florestais mencionadas foram tambm includas; Restinga: refere-se cobertura vegetal tpica de terrenos arenosos da rea litornea, englobando formaes arbustivas e florestais. Sua discriminao foi feita com base nos limites visveis de vegetao nas imagens e tambm de acordo com a distribuio espacial dos cordes litorneos arenosos livres de ao antrpica. Foram includas nesta classe as reas de Floresta Ombrfila Densa das terras baixas, ou Restinga Higrfila; Mangue: cobertura vegetal litornea caracterstica de ambientes salobros. Gois Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias) de Floresta Estacional Decidual e Floresta Estacional Semidecidual. Matas ciliares, remanescentes incrustrados ou limtrofes inseridos em outras formaes. Mato Grosso do Sul Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias) de Floresta Estacional Decidual e Floresta Estacional Semidecidual. Matas ciliares, remanescentes incrustrados ou limtrofes inseridos em outras formaes. Minas Gerais Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias) de Floresta Ombrfila Densa, Floresta Ombrfila Aberta, Floresta Ombrfila Mista, Floresta Estacional Decidual e Floresta Estacional Semidecidual. reas de contato entre as formaes mencionadas, matas ciliares e remanescentes incrustados em outras formaes foram tambm includos. Paran

  • Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias) de Floresta Ombrfila Densa, Floresta Ombrfila Mista e Floresta Estacional Semidecidual, assim como as transies entre estas; Restinga: refere-se cobertura vegetal tpica de terrenos arenosos da rea litornea, englobando formaes arbustivas e florestais. Sua discriminao foi feita com base nos limites visveis de vegetao nas imagens e tambm de acordo com a distribuio espacial dos cordes litorneos arenosos livres de ao antrpica. Foram includas nesta classe as reas de Floresta Ombrfila Densa das terras baixas, ou Restinga Higrfila, conforme mapeamento realizado pelo IPARDES (1989); Mangue: cobertura vegetal litornea caracterstica de ambientes salobros. Rio de Janeiro Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias) de Floresta Ombrfila Densa e Floresta Ombrfila Mista; Restinga: refere-se cobertura vegetal tpica de terrenos arenosos da rea litornea, englobando formaes arbustivas e florestais. Sua discriminao foi feita com base nos limites visveis de vegetao nas imagens e tambm de acordo com a distribuio espacial dos cordes litorneos arenosos livres de ao antrpica. Foram includas nesta classe as reas de Floresta Ombrfila Densa das terras baixas, ou Restinga Higrfila; Mangue: cobertura vegetal litornea caracterstica de ambientes salobros. Rio Grande do Sul Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias) de Floresta Ombrfila Densa, Floresta Ombrfila Mista (Floresta de Pinheiros), Floresta Estacional Decidual e Floresta Estacional Semidecidual; Restinga: refere-se cobertura vegetal tpica de terrenos arenosos da rea litornea, englobando vegetao rasteira, formaes arbustivas e florestais; Mangue: cobertura vegetal litornea caracterstica de ambientes salobros. Santa Catarina Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias) de Floresta Ombrfila Mista (Floresta de Pinheiros), Floresta Estacional Decidual, Floresta Ombrfila Densa e a Savana Gramneo-lenhosa; Restinga: refere-se cobertura vegetal tpica de terrenos arenosos da rea litornea, englobando a Floresta Ombrfila de Terras Baixas, ou Restinga Higrfila; Mangue: cobertura vegetal litornea caracterstica de ambientes salobros.

  • So Paulo Remanescentes Florestais: formaes florestais (primrias e secundrias) de Floresta Ombrfila Densa, Floresta Ombrfila Mista e Floresta Estacional Semidecidual, assim como as transies entre estas; Restinga: refere-se cobertura vegetal tpica de terrenos arenosos da rea litornea, englobando formaes arbustivas e florestais. Sua discriminao foi feita com base nos limites visveis de vegetao nas imagens e tambm de acordo com a distribuio espacial dos cordes litorneos arenosos livres de ao antrpica. Foram includas nesta classe as reas de Floresta Ombrfila Densa das terras baixas, ou Restinga Higrfila; Mangue: cobertura vegetal litornea caracterstica de ambientes salobros. Na legenda do Atlas foram includos ainda os temas referentes dinmica identificada entre diferentes perodos de mapeamento, ou seja, os Desflorestamentos, Decremento de Restinga, Decremento de Mangue, Incremento de Remanescentes Florestais, Incremento de Restinga e Incremento de Mangue. 2.3.3 Principais etapas da atualizao 1995-2000 A grande diferena da atualizao do Atlas para o perodo 1995-2000 residiu na utilizao de imagens em formato digital, contrapondo o que vinha sendo feito at ento quando imagens em formato analgico eram utilizadas. Tal possibilidade permitiu maior flexibilidade na elaborao das composies coloridas, alterao na escala de interpretao, aprimoramentos no georreferenciamento etc. Apesar de j se dispor de uma base temtica (Atlas) referente ao perodo 1990-1995, decidiu-se por refaz-la para o ano de 1995, agora utilizando os recursos computacionais e os produtos em formato digital. Os itens que seguem descrevem os aspectos principais da metodologia empregada na atualizao do Atlas para o perodo 1995-2000 a partir dos novos recursos e produtos. 2.3.4 Georreferenciamento das imagens Para o georreferenciamento das imagens TM e/ou ETM+, o sistema de projeo utilizado foi o UTM, com datum Sad69 e zonas 23 e 24. O procedimento de georreferenciamento foi efetuado utilizando-se as imagens de 1995 e as cartas relacionadas no Apndice A, bem como cartas nas escalas de 1:50.000 e de 1:100.000, quando disponveis, considerando 30 pontos de controle em mdia. O georreferenciamento foi efetuado com cartas em formato digital ou em formato analgico (papel), este ltimo mediante mesa digitalizadora. Quando da adoo de cartas na escala 1:50.000, o erro mdio foi de 5m, enquanto que para a escala de 1:100.000, esse erro foi de 10m. Para o georreferenciamento das imagens de 2000, foram utilizadas as imagens de 1995 j georreferenciadas, adotando 50 pontos de controle em mdia por cena. O erro mdio admitido foi de 30m.

  • 2.3.5 Interpretao visual imagens de 1995 Uma vez georreferenciadas, as imagens foram visualizadas na tela de computador sob forma de composies coloridas constitudas pelas imagens das bandas TM3, TM4 e TM5, com o filtro azul para a imagem da banda TM3, o filtro vermelho para a imagem da banda TM4 e finalmente, o filtro verde para a imagem da banda TM5, tal qual era feito com as imagens em formato analgico nas atualizaes anteriores. Este procedimento conferiu s formaes vegetais tonalidades avermelhadas, conforme pode ser observado no Figura 3.

    Figura 3 Composio colorida de parte de uma cena no Rio de Janeiro em 1995. Aps o georreferenciamento das imagens referentes ao ano de 1995, iniciou-se a interpretao propriamente dita por equipes de intrpretes contratadas pelas empresas Geoambiente Sensoriamento Remoto e Nature Geotecnologias, executoras da atualizao do Atlas. Observa-se nessa Figura 3 polgonos avermelhados delimitados por uma linha amarela. Esses polgonos referem-se ao tema Remanescente Florestais, assim distribudos em 1995 nessa regio em especfico. A rea total do Domnio da Mata Atlntica foi ento fragmentada em unidades de mapeamento compostas pelas cartas topogrficas na escala 1:250.000 apresentadas no Apndice A e cuja distribuio espacial no territrio nacional j

  • pde ser observada na Figura 2. Cada uma dessas cartas topogrficas deu origem a um banco de dados georreferenciados no qual as imagens orbitais especficas e referentes ao ano de 1995 foram introduzidas e organizadas sob forma de composies coloridas como aquela apresentada nas Figuras 3. Seguiu-se a interpretao visual exatamente nos mesmos moldes adotados na atualizao anterior (1990-1995), incluindo a delimitao de formaes florestais em estgios de regenerao. A Figura 4 apresenta um exemplo de uma frao de um mapa temtico resultante do cumprimento dessa etapa do trabalho referente mesma poro da superfcie terrestre apresentada na Figura 3.

    Figura 4 Mapa temtico resultante da interpretao visual das imagens referentes

    ao ano de 1995.

    Os polgonos em verde representam as reas de Remanescentes Florestais, os em azul representam as reas ocupadas pelo espelho dgua de rios e lagos e os polgonos em vermelho representam as manchas urbanas. Ainda para o ano de 1995, foram atualizados os traados dos seguintes itens da toponmia e limites poltico-administrativos: Rodovia Federal, Rodovia Estadual, Ferrovia, Rio margem dupla, Rio margem simples, Limite estadual, Limite internacional e Limite do Domnio da Mata Atlntica.

  • As reas ocupadas por nuvens foram igualmente delimitadas com o objetivo de registrar as fraes das imagens, e consequentemente das cartas topogrficas, que no foram mapeadas em 1995. Essa informao importante para a atualizao do mapa temtico, pois sobre as reas com nuvens, no possvel registrar alteraes nos polgonos mapeados no perodo seguinte. 2.3.6 Auditoria dos mapas temticos gerados na interpretao visual das imagens de 1995 Cada um dos bancos georreferenciados contendo as imagens, elementos da toponmia atualizados, limites polticos e os mapas temticos oriundos da interpretao visual das imagens de 1995, era avaliado por uma equipe de auditores do INPE composta por dois auditores que trabalhavam muito proximamente, procurando estabelecer critrios nicos de correo e de orientao dos trabalhos de interpretao. Constatada qualquer imperfeio tanto na delimitao quanto na classificao de polgonos, dependendo da extenso das correes que deveriam se seguir, as mesmas poderiam ser efetuadas diretamente pelos auditores do INPE ou os bancos retornavam para as empresas executoras para que estas correes fossem efetuadas convenientemente. Repetia-se esse processo at que o mapa temtico fosse considerado aprovado pelos auditores. 2.3.7 Interpretao visual das imagens de 2000 Os mapas aprovados pela equipe de auditores do INPE eram ento liberados para a etapa seguinte referente interpretao visual de imagens de 2000. Para evitar possveis inconsistncias entre ambas as interpretaes (1995 e 2000), uma cpia digital do mapa temtico elaborado a partir das imagens de 1995 (a verso aprovada) era elaborada e sobreposta s imagens de 2000. Procedia-se a atualizao do mapa temtico, procurando identificar visualmente polgonos referentes a antropismos (corte raso, principalmente) e regenerao de vegetao em reas includas como background em 1995, que foram classificados como incremento de Remanescentes Florestais, ou de Restinga ou de Mangue. A Figura 5 mostra a mesma cena do Rio de Janeiro apresentada na Figura 3, mas agora referente ao ano 2000.

  • Figura 5 Composio colorida de parte de uma cena no Rio de Janeiro em 2000. Uma comparao cuidadosa entre as Figuras 3 e 5 permite observar que aparentemente ambas so muito parecidas, porm nesta ltima surgem polgonos de desflorestamento, conforme pode ser observado na Figura 6.

  • Figura 6 Mapa temtico resultante da interpretao visual das imagens referentes ao ano de 2000.

    Os polgonos assinalados em magenta referem-se ento s reas de Desflorestamentos. Apesar de no constarem na cena apresentada nas Figuras 4 e 6 em 2000, foram tambm delimitados polgonos referentes a Incremento de Vegetao, o que caracterizariam aquelas reas em estgio inicial a mdio de regenerao. 2.3.8 Auditoria dos mapas temticos de 2000 Cada um dos mapas atualizados a partir da interpretao visual das imagens de 2000 era ento encaminhado para a auditoria do INPE. Seguia-se o mesmo procedimento descrito na auditoria dos mapas temticos de 1995, concentrando-se desta vez na identificao correta dos desflorestamentos (em Restinga e Mangue tambm) e das regeneraes de vegetao. 2.3.9 Reviso dos mapas temticos e trabalho de campo Os novos mapas temticos elaborados eram ento encaminhados a especialistas previamente identificados em alguns Estados, que os revisavam, procurando identificar possveis imperfeies/ inconsistncias de interpretao e reas

  • consideradas duvidosas que exigiam aferio no campo. Os levantamentos de campo e sobrevos contemplaram at agora somente reas crticas identificadas nos mapas temticos. Em seguida, os mapas retornavam equipe de intrpretes para proceder as correes necessrias, o que resultava na elaborao dos mapas finais que eram ento encaminhados empresa ArcPlan para determinao dos dados quantitativos e cruzamento de dados. Os trabalhos de campo contriburam para aferio de parte das reas abrangidas pelo Atlas e devero prosseguir nos prximos meses, especialmente para o refinamento dos dados e para subsidiar uma anlise qualitativa dos fragmentos florestais mais representativos. 2.3.10 Obteno de dados quantitativos Para a obteno dos dados quantitativos de cada tema identificado na etapa anterior, eram utilizados os seguintes dados: a) a partir dos limites Poltico-Administrativos dos Estados e Municpios elaborados

    em 1997, com nvel de preciso compatvel com a escala 1:500.000, publicados pelo IBGE Malha Municipal Digital do Brasil IBGE/DGC/DECAR, atualizada com a nova Diviso Municipal do Brasil pela Geoscape Brasil (2001);

    b) limites das fisionomias vegetais do Domnio da Mata Atlntica, tendo como base o Decreto Federal 750/93, com delimitao extrada do Mapa de Vegetao do Brasil elaborado pelo IBGE em 1993, escala 1:5.000.000, digitalizados pelo Instituto Socioambiental em convnio com a Fundao SOS Mata Atlntica e atualizados, quando possvel, com a malha de hidrografia extrada das imagens.

    Para efeito de contabilizao de reas e cruzamento de dados, o trabalho de interpretao dos remanescentes florestais tem como unidade principal os Estados brasileiros, mapeados segundo o corte das Cartas Topogrficas 1:250.000 do IBGE (projeo UTM e datum SAD69). Quando concludos os trabalhos de interpretao e de reviso das cartas temticas geradas de cada Estado, os dados so enviados ArcPlan para prosseguimento do trabalho, que inclui o cruzamento de dados para gerao das informaes estatsticas (rea dos itens da legenda) e a produo cartogrfica final. As cartas 1:250.000 em formato digital foram ento agrupadas por fuso UTM e convertidas para projeo SINUSOIDAL, utilizando como meridiano central o valor de 54o e raio do esferide de referncia de 6.370.997 km. Os fusos em projeo SINUSOIDAL so unidos formando uma base temtica nica para cada Estado. Essa base sobreposta ao limite dos Estados elaborado pelo IBGE (1:500.000) para eliminar as bordas excedentes aos limites, decorrentes da diferena entre as escalas. O resultado dessa superposio foi ento justaposto ao limite do Domnio

  • da Mata Atlntica, com o objetivo de excluir polgonos que foram interpretados fora desse limite. Vale salientar que para o caso dos Estados do Rio de Janeiro, Esprito Santo e Santa Catarina, esse ltimo procedimento no foi aplicado, uma vez que todos os territrios desses Estados fazem parte do Domnio da Mata Atlntica. A base resultante desse ltimo procedimento foi utilizada como referncia para os clculos das reas de Remanescentes Florestais, incremento e decremento de Remanescentes Florestais, de Restinga e de Mangue para todo um Estado. O resultado deste processo foi sobreposto aos mapas de fisionomias vegetais do IBGE e limites municipais, gerando trs novos arquivos que so utilizados para gerao das estatsticas de remanescentes, incremento e decremento de remanescentes, de restinga e de mangue por fisionomia vegetal, municpios e unidades de conservao. O clculo da rea de Remanescentes Florestais considera a somatria da rea de Remanescentes Florestais, mais a somatria da rea de Remanescentes Florestais sob nuvem de 1995, mais a somatria de Remanescentes Florestais sob nuvem de 2000 dos dados interpretados. A mesma lgica se aplica para Restinga e Mangue. Ao final, os resultados obtidos so:

    rea dos itens da legenda por Estado; rea dos itens da legenda por Carta Topogrfica 1:250.000; rea dos itens da legenda por Fisionomia Vegetal; rea dos itens da legenda por Municpio;

    E ainda, so elaborados os seguintes mapas: Mapa Sntese do Estado formato A1 e A3 Mapa Temtico por Carta Topogrfica 1:250.000 formato A1 Mapa Temtico por Municpio formato A4

    2.4 Perodo 2000-2005 A atualizao do Atlas referente ao perodo 2000-2005 tambm foi marcada por aprimoramentos metodolgicos e novamente foram revistos os critrios de mapeamento. Dentre os aprimoramentos metodolgicos destaca-se a adoo do aplicativo ArcGis 9.0 que permitiu a visualizao rpida e simplificada do territrio de cada Estado contido no Domnio da Mata Atlntica. Isso facilitou e deu maior segurana nos trabalhos de reviso e de articulao da interpretao entre os limites das cartas topogrficas. Alm disso, houve sensvel melhoria no georreferenciamento da base temtica, sendo possvel a correo de imperfeies no posicionamento de polgonos. Quanto aos critrios de mapeamento, foram considerados remanescentes florestais (incluindo as fitofisionomias de mangue e de restinga) os fragmentos cujo padro visvel nas imagens de satlite estivessem relacionados a estgios clmax ou

  • avanados de regenerao. Padres associados visualmente a algum tipo de alterao antrpica foram analisados individualmente e decises de incluso ou de desconsiderao foram tomadas tambm caso a caso, mediante informaes de campo ou de outras fontes como imagens de alta resoluo espacial disponveis no Google Earth. Dessa forma, o mapeamento de 2000 que j havia sido feito, teve de ser refeito para permitir sua atualizao mediante a utilizao das imagens de 2005. Outra modificao significativa em relao s demais atualizaes j realizadas foi a incluso das imagens da cmera CCD do satlite Sino-brasileiro CBERS-2, das quais foram utilizadas as imagens das bandas espectrais CCD2, CCD3 e CCD4, correspondentes s regies do verde, vermelho e infravermelho prximo. Na elaborao das composies coloridas foram adotados os filtros azul, verde e vermelho, respectivamente a cada uma das bandas mencionadas, o que conferiu tambm a tonalidade avermelhada s formaes florestais. Destaque importante dessa atualizao tambm foi o quase ineditismo da identificao de antropismos sobre os remanescentes florestais, vegetao de restinga e de mangue no territrio da Bahia ocasionado pelos elevados ndices de cobertura de nuvens ocorrentes nas atualizaes anteriores. 2.4.1 Interpretao visual de imagens A delimitao dos remanescentes foi realizada atravs da vetorizao de polgonos na escala 1:50.000 sobre as imagens TM/Landsat 5 referentes ao perodo 1999/2000. Uma vez delimitado um determinado polgono, por exemplo, sua confirmao e/ou atualizao de sua situao era feita mediante anlise visual de imagens do sensor CCD do satlite CBERS-2 (CCD/CBERS-2) referentes ao ano de 2005. Caso o polgono completo ou parte dele no apresentasse o padro definido previamente como de remanescente florestal, seus limites eram revistos sobre as imagens TM/Landsat 5, procurando assegurar confiabilidade definio dos limites dos desflorestamentos ento definidos. A preciso do georreferenciamento essencial na interpretao da evoluo da cobertura vegetal ocorrido de 2000 a 2005. As imagens CCD/CBERS-2 de 2005 foram georreferenciadas com base nas cartas topogrficas 1:50.000 ou 1:100.000 do IBGE ou nas imagens do sensor ETM+/Landsat 7 ortorretificadas pela NASA. As imagens TM/Landsat 5 de 2000 foram georreferenciadas com base nas imagens CCD/CBERS-2 de 2005, com um erro mximo mdio de 1 pixel. Dessa forma, quando existia algum deslocamento significativo entre as imagens (mais de 1 pixel das imagens CBERS, ou seja, mais de 20m), o polgono interpretado em 2000 era deslocado para se ajustar s imagens CCD/CBERS-2. S ento, verificava-se se houvera algum decremento da vegetao. A adoo dessa estratgia, trabalhando com a interpretao visual j em formato vetorial, possibilitou maior segurana no resultado final, tendo uma nica base de polgonos com atributos da sua situao no perodo, ou seja:

  • - polgonos com informao de remanescente em 2000, permaneceram como tal em 2005; - polgonos com informao de decremento, eram remanescentes em 2000 e passaram a ser classificados como decremento (desflorestamento) em 2005; - polgonos com informao de incremento, apresentavam padro alterado ou com caractersticas de vegetao sem porte arbreo em 2000 e passaram a apresentar padro de remanescente em 2005. 2.4.1.1 Padro de interpretao de remanescentes florestais. Considerando as limitaes da escala do trabalho e dos sensores remotos utilizados, foi definida uma srie de critrios que orientam o processo de interpretao visual e a resoluo de dvidas. A Figura 7 apresenta duas pores descontinuas de duas cenas j com as delimitaes dos polgonos referentes aos remanescentes florestais que aparecem com padro tonal avermelhado.

    . Figura 7 Remanescentes florestais delimitados em duas imagens descontnuas.

    Considerando a grande extenso territorial intrnseca ao bioma Mata Atlntica, a interpretao das imagens ocorre tambm em regies com terreno movimentado, assim como mostrado na Figura 8 (tambm elaborada com pores de duas cenas no contnuas).

  • . Figura 8 Delimitao de remanescentes florestais em relevo movimentado (cenas

    no contnuas). A Figura 9 ilustra a delimitao de remanescentes florestais em plancies de inundao.

    . Figura 9 Delimitao de remanescentes florestais em plancies de inundao

    (cenas no contnuas). Durante os trabalhos de interpretao das imagens, procurou-se identificar aqueles padres que sugerissem pouca alterao da biomassa, permitindo assim maior confiabilidade sobre o produto final. A Figura 10 ilustra padres (indicados nas setas) que no foram considerados como remanescentes florestais.

  • . Figura 10 Padres indicados pelas setas que no foram considerados como

    remanescentes florestais. Outro critrio importante para excluso de polgonos com padro de remanescentes florestais foi a rea mnima que para a verso atual do Atlas ficou estabelecida em 5 hectares. A Figura 11 apresenta cenas descontnuas com setas indicando polgonos que no foram considerados como remanescentes florestais por apresentarem rea inferior a 5 hectares.

    . Figura 11 Polgonos com padro de remanescentes florestais no delimitados por

    apresentarem rea inferior a 5 hecatres. Alm da rea mnima e da possvel diminuio da biomassa, outro critrio de no delimitao de polgonos de remanescentes florestais foi as dimenses em largura exibidas por alguns polgonos devido s incertezas que implicariam em suas delimitaes, assim como mostrado na Figura 12.

  • . Figura 12 Polgonos de remanescentes florestais no delimitados devido s suas

    dimenses e forma. A identificao dos desflorestamentos evidentemente foi fundamentada na anlise visual de imagens de imagens de 2000 (TM/Landsat 5 ou ETM+/Landsat 7) e de 2005 (CCD/CBERS-2). O alterao de padro tonal ou textural de cobertura vegetal para aquele referente a solo exposto ou de diminuio de fitomassa originou limites de novos polgonos, agora definidos como desflorestamento, conforme pode ser observado nas imagens seqenciais da Figura 13.

  • Figura 13 Exemplos de delimitao de desflorestamentos em diferentes

    paisagens.

  • A seqncia de imagens apresentadas na Figura 13 consta de cenas de 2000 ( esquerda) e de 2005 ( direita). As setas indicam polgonos de desflorestamento cujos limites apenas so identificveis nas imagens de 2005, mediante a alterao do padro de floresta apresentado nas imagens de 2000. 2.4.2 Reviso dos mapas temticos e trabalho de campo Os novos mapas temticos elaborados foram ento encaminhados a especialistas previamente identificados em alguns Estados, que os revisaram, procurando identificar possveis imperfeies/ inconsistncias de interpretao e reas consideradas duvidosas que exigiam aferio no campo. Os levantamentos de campo e sobrevos contemplaram at agora somente reas crticas identificadas nos mapas temticos. Em seguida, os mapas retornaram equipe de intrpretes para proceder as correes necessrias, o que resultou na elaborao dos mapas finais que foram ento encaminhados empresa ArcPlan para determinao dos dados quantitativos e cruzamento de dados. Os trabalhos de campo contriburam para aferio de parte das reas abrangidas pelo Atlas e devero prosseguir nos prximos meses, especialmente para o refinamento dos dados e para subsidiar uma anlise qualitativa dos fragmentos florestais mais representativos. 2.4.3 Obteno de dados quantitativos Para a obteno dos dados quantitativos de cada tema identificado na etapa anterior, foram utilizados os seguintes dados: c) a partir dos limites Poltico-Administrativos dos Estados e Municpios elaborados

    em 1997, com nvel de preciso compatvel com a escala 1:500.000, publicados pelo IBGE Malha Municipal Digital do Brasil IBGE/DGC/DECAR, atualizada com a nova Diviso Municipal do Brasil pela Geoscape Brasil (2001);

    d) limites das fisionomias vegetais do Domnio da Mata Atlntica, tendo como base o Decreto Federal 750/93, com delimitao extrada do Mapa de Vegetao do Brasil elaborado pelo IBGE em 1993, escala 1:5.000.000, digitalizados pelo Instituto Socioambiental em convnio com a Fundao SOS Mata Atlntica e atualizados, quando possvel, com a malha de hidrografia extrada das imagens.

    Para efeito de contabilizao de reas e cruzamento de dados, o trabalho de interpretao dos remanescentes florestais tem como unidade principal os Estados brasileiros, mapeados segundo o corte das Cartas Topogrficas 1:250.000 do IBGE (projeo UTM e datum SAD69). Quando concludos os trabalhos de interpretao e de reviso das cartas temticas geradas de cada Estado, os dados so enviados ArcPlan para prosseguimento do trabalho, que inclui o cruzamento de dados para

  • gerao das informaes estatsticas (rea dos itens da legenda) e a produo cartogrfica final. As cartas 1:250.000 em formato digital foram ento agrupadas por fuso UTM e convertidas para projeo SINUSOIDAL, utilizando como meridiano central o valor de 54o e raio do esferide de referncia de 6.370.997 km. Os fusos em projeo SINUSOIDAL so unidos formando uma base temtica nica para cada Estado. Essa base sobreposta ao limite dos Estados elaborado pelo IBGE (1:500.000) para eliminar as bordas excedentes aos limites, decorrentes da diferena entre as escalas. O resultado dessa superposio foi ento justaposto ao limite do Domnio da Mata Atlntica, com o objetivo de excluir polgonos que foram interpretados fora desse limite. Vale salientar que para o caso dos Estados do Rio de Janeiro, Esprito Santo e Santa Catarina, esse ltimo procedimento no foi aplicado, uma vez que todo o territrio desses Estados fazem parte do Domnio da Mata Atlntica. A base resultante desse ltimo procedimento foi utilizada como referncia para os clculos das reas de Floresta, incremento e decremento de Floresta, Restinga e Mangue para todo um Estado. Espera-se contar, no futuro, com dados oficiais de limites municipais e de fisionomias vegetais em escala maior e com melhor preciso, o que possibilitar o refinamento dos dados estatsticos atuais, atravs da sobreposio dos remanescentes florestais com estes novos dados. O resultado deste processo foi sobreposto aos mapas de fisionomias vegetais e limites municipais, gerando trs novos arquivos que so utilizados para gerao das estatsticas de remanescentes, incremento e decremento de mata, restinga e mangue por fisionomia vegetal, municpios e unidades de conservao. O clculo da rea de Floresta considera a somatria da rea de Floresta, mais a somatria da rea de Floresta sob nuvem de 1995, mais a somatria da Floresta sob nuvem de 2000 dos dados interpretados. A mesma lgica se aplica para Restinga e Mangue. Ao final, os resultados obtidos so:

    rea dos itens da legenda por Estado; rea dos itens da legenda por Carta Topogrfica 1:250.000; rea dos itens da legenda por Fisionomia Vegetal; rea dos itens da legenda por Municpio;

    E ainda, so elaborados os seguintes mapas: Mapa Sntese do Estado formato A1 e A3 Mapa Temtico por Carta Topogrfica 1:250.000 formato A1 Mapa Temtico por Municpio formato A4

    As quantificaes para os dados do territrio do Estado da Bahia levaram em considerao a localizao geogrfica dos polgonos identificados como remanescentes florestais quando esta indicava o domnio de ocorrncia de

  • cabrucas e/ou de reas de transio com vegetao de caatinga; as primeiras na regio sul do Estado, enquanto a segunda localizada em sua poro oeste. As estatsticas foram determinadas de forma a permitir a individualizao dos resultados para cada uma dessas reas. 2.4 Perodo 2005-2008 Visando aproximar o perodo de observao das alteraes da cobertura florestal nativa, a SOS Mata Atlntica e o INPE decidiram atualizar o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlntica a cada 2 anos. Para que a avaliao seja feita de forma consistente s outras aes executadas pela SOS Mata Atlntica, decidiu-se iniciar o monitoramento completo do bioma a partir do ano de 2008, o que significa que os dados ora avaliados so correspondentes a um perodo de 3 anos, e no de 5 anos como nos mapeamentos anteriores. Para esse perodo de 2005 a 2008, optou-se por utilizar a referncia da cobertura vegetal consolidada em