ativismo judicial - jurisprudência constitucional e política no stf pós-88

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Ativismo Judicial? Jurisprudência constitucional epolítica no STF pós-88*

Andrei Koerner

 

RES!"

O artigo analisa o debate acadêmico sobre o ativismo judicial. Critica o seu enfoqueno problema da autonomia individual do juiz na tomada de decisão e seu propósitonormativo de definir o modelo apropriado para o Judiciário numa ordemconstitucional democrática. O debate coloca em segundo plano o caráterinstitucionalmente inserido dos tribunais e simplifica as relaçes entre a prática

 judicial e o conte!to pol"tico. #m seguida$ prope um quadro para a análise dasrelaçes entre jurisprudência e pol"tica$ baseado nos conceitos de regimegovernamental e regime jurisprudencial. #nfim$ % apresentada uma análisepreliminar das mudanças no controle da constitucionalidade pelo &'( após )*++.

#alavras-c$ave% ,tivismo judicial- &upremo 'ribunal (ederal- direito e pol"tica-análise pol"tica do pensamento jur"dico.

A&STRA'T

'e article anal/zes te academic debate about judicial activism. 0t criticizes teir

focus on te problem of justices1 individual autonom/ in te decision2ma3ingprocess and teir normative purpose in defining te Judiciar/1s proper role in ademocratic constitutional order. 'e debate reduces te institutional dimension of tribunals and simplifies te relationsips bet4een judiciar/ practice and its politicalconte!t. 'e article proposes a sceme for te anal/sis bet4een judicial decisionsand politics$ based on te concepts of governmental regime and jurisprudentialregime. 'e final section proposes a preliminar/ anal/sis of te canges in te

 judicial revie4 of te &'( after )*++.

Ke()ords% Judicial activism- 5razilian &upreme Court- la4 and politics- politicalanal/sis of juridical tougt.

 

,tivismo judicial % um termo que tem sido utilizado para apreciar as instituiçes eagentes judiciais nas democracias contempor6neas. O termo tem distintasdesignaçes$ como modelo ou programa para a decisão judicial$ atitude oucomportamento dos ju"zes$ ou ainda tendência das decises judiciais em conjunto.'al como o seu oposto$ a contenção judicial$ ele tem sido criticado por sua

ambiguidade$ dificuldades de utilização para analisar e classificar decisesparticulares e carga valorativa. ,s controv%rsias sobre sua utilidade foram

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acompanadas de tentativas de teorização e refinamento conceitual em diversasdisciplinas.

O caráter polêmico do termo 7ativismo judicial7 não impediu seu uso. 8elocontrário$ ele % crescentemente usado desde sua emergência nos #stados 9nidosapós a &egunda :uerra ;undial. #le foi incorporado ao debate brasileiro após )*++$

inicialmente como parte da problemática da judicialização da pol"tica e maisrecentemente nas discusses jur"dicas sobre o &upremo 'ribunal (ederal <&'( =. #mambos os pa"ses$ % usado em sentido cr"tico ou elogioso$ a partir de diversosmarcos intelectuais e posiçes pol"ticas.

O debate versa sobre o papel apropriado do 8oder Judiciário$ o modelo de decisão judicial e o comportamento dos ju"zes$ e tem como foco o problema da autonomiade julgamento do juiz na construção do caso e a tomada de decisão. O enfoque temimplicaçes para a maneira como o problema % pensado e$ assim$ os trabalossobre o ativismo judicial evidenciam uma maneira de pensar o direito nacontemporaneidade. , análise cr"tica do debate serve como ponto de partida parapropor outra perspectiva de análise pol"tica das relaçes entre prática judicial e

pol"tica na ordem constitucional brasileira pós2)*++.

O presente artigo tem o duplo objetivo de discutir a maneira pela qual tem sidoproblematizado o termo 7ativismo judicial7 no 5rasil e nos #stados 9nidos e depropor um quadro para a análise pol"tica do pensamento jur"dico e da prática

 judicial e um esboço de análise sobre a atuação do &'( pós2)*++. 8retendetamb%m contribuir para a cr"tica de abordagens de ciência pol"tica que se apoiamem conceitos e temas de direito constitucional$ e dei!am de abordar as práticas eos processos istóricos efetivos pelos quais seus temas de pesquisa seconstitu"ram.

AT+S!", '"TE./" E J0'A12A./"

,tribui2se a ,rtur &clesinger ter utilizado pela primeira vez o termo 7ativismo judicial7 em )*>?$ num artigo na revista Fortune  $ e$ desde então$ seu uso vemcrescendo. @miec mostrou que o nAmero de ocorrências do termo na produçãoacadêmica e em decises judiciais nos #stados 9nidos passou de poucas unidadesnas d%cadas de )*B e )*D E ordem de centenas nas d%cadas seguintes ). Fo5rasil$ ele % utilizado para apreciar decises do &'( que ampliaram o alcance e oimpacto da jurisdição constitucional e se distanciaram de suas formas consagradasde atuação. O levantamento realizado para este artigo com a palavra2cave

7ativismo judicial7 em revistas eletrGnicas e bases de dados digitais encontrou umadezena de livros e quase cem artigos$ teses e dissertaçes publicadas no 5rasil apartir de H). Fão se prope revisar aqui essa bibliografia$ mas anotar algunspontos comuns e diferenças entre a refle!ão norte2americana e a brasileira$ criticá2la e tirar alguns desdobramentos teóricos.

8ara al%m das diferentes filiaçes disciplinares$ orientaçes teóricas e posiçespol"ticas$ os trabalos apresentam em comum o enfoque$ o par6metro$ a desordem$o risco$ o problema normativo$ o problema de conecimento e o ideal normativoH .

O debate sobre ativismo tem como foco a autonomia dos agentes judiciais noprocesso de tomada de decisão$ no espaço aberto entre os dados jur"dicos e fáticos

de uma situação sob julgamento e a construção do caso para a decisão. #sseespaço parece não suprim"vel desde a cr"tica realista aos modelos positivistas eanal"ticos que propugnavam que a decisão judicial seria determinada de forma

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un"voca pela norma geral$ e o problema % objeto de relevantes trabalos em teoriado direito$ filosofia do direito e filosofia moral. O debate sobre o ativismo incorporaessa discussão e a coloca sob o prisma do papel do 8oder Judiciário$ o modelo dedecisão e o comportamento ou atitude do juiz apropriados a uma ordemconstitucional e democrática.

'oma2se como par6metro uma idealização do governo representativo econstitucional do s%culo I0I com poderes limitados pela separação de poderes e adeclaração de direitos individuais$ e que seria capaz de gerar uma din6micavirtuosa de representação popular e proteção de direitos. O Judiciário teria missãoe forma de atuação claramente definidos a solução de lit"gios concretos e ainterpretação das leis por meio da aplicação da norma geral a cada caso particular.#sse modelo implicaria a contenção dos ju"zes$ uma vez que se supuna quesituaçes de inovação e incerteza seriam raras$ para as quais eram previstosprocedimentos e!cepcionais de decisão. O par6metro % associado a um processocivilizatório no qual uma forma modelar de Constituição teria sido conformada pelaslutas do liberalismo europeu contra o absolutismo monárquico e incorporada Eorganização constitucional do pa"s desde a 0ndependência. O juiz aparece como um

agente civilizador$ institu"do como poder separado para assegurar a realização dodireito ao limitar os e!cessos dos demais poderes do #stado e julgar lit"gios.

8rocessos sociais$ econGmicos e pol"ticos teriam transformado a estrutura social e o#stado. , referência$ em geral$ são processos globais e de longo alcance$ comotransformaçes na sociedade industrial$ a crise do #stado de direito liberal com umaConstituição como sistema de garantias e a passagem$ depois da &egunda :uerra;undial$ ao #stado democrático de direito$ intervencionista e com uma Constituiçãodirigente$ que traduziria uma ordem objetiva de valores ou compromissosconstitucionais e representaria objetivos coletivos a serem realizados pelosgovernantes. Kaveria ainda processos mais recentes$ como a globalização e oneoliberalismo$ e particularidades do pa"s <o intervencionismo estatal$ a

democratização$ o predom"nio do 8oder #!ecutivo$ a Constituição anal"tica=. ,cultura jur"dica teria passado de um suposto positivismo formalista E maiorpermeabilidade aos aspectos valorativos das situaçes$ E inovação nos m%todos detrabalo e E estimativa dos impactos das decises judiciais. #ssas mudanças impor2se2iam como necessidades objetivas$ provocando alteraçes na ordemconstitucional e no Judiciário. , situação atual seria de mal2estar$ dada sua nãoconformidade com o par6metro e a constatação de que os eventos desviantes nãoseriam mais e!ceçes. #sse mal2estar % nomeado como a judicialização da pol"tica$a juridicização ou juridificação das relaçes sociais$ a procedimentalização do direitoetc.

O ativismo judicial indica uma situação2limite$ as fronteiras fluidas$ mas

necessárias$ entre dois mundos distintos$ o da pol"tica e o do direito. ,o ultrapassaressas fronteiras e ingressar num dom"nio que não le % próprio$ o agente judicial Lo juiz$ um tribunal ou o Judiciário como um todo L produziria riscos$ e!trapolariasuas funçes$ distanciar2se2ia de seus quadros de referência e atuaria sob o efeitode influências indesejáveis$ como valores subjetivos$ preferências$ interesses$programas pol"ticos. ,l%m disso$ não teria capacidade de informação e tomada dedecisão$ desnaturaria a atividade t"pica do 8oder Judiciário$ em detrimento dosdemais poderes$ e seria prejudicial E construção conceitual do #stado de direito$requisito para um sistema pol"tico democrático capaz de atender Es e!igências dadignidade umana <Mamos=. O risco pode estar na perda de medida das decises$na falta de justificação ou no desvio da atenção quanto aos problemas de reformapol"tica <5arroso=.

O problema normativo seria o da inadequação do ativismo judicial com aConstituição e a democracia. Confrontado ao par6metro$ o ativismo seria contrário

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E Constituição e ao direito$ pois seria descaracterização da função t"pica do 8oderJudiciário$ com incursão insidiosa sobre o nAcleo essencial de funçesconstitucionalmente atribu"das a outros poderes do #stado. Os ju"zes passariam afazer lei e não mais a interpretá2la$ violariam a separação dos poderes e adelegação constitucional que receberam$ sem serem responsáveis perante osrepresentados e$ ainda$ provocariam a mudança da Constituição sem a alteração do

seu te!to <Mamos=. Ne outra perspectiva$ afirma2se que o problema normativo secoloca em novos termos porque o próprio par6metro tornou2se inadequado. Oativismo seria um desdobramento do dever dos ju"zes de não só interpretar aConstituição$ mas tamb%m torná2la efetiva$ e uma necessidade objetiva decorrenteda camada inoper6ncia dos outros poderes e a omissão patológica do 8oderegislativo <;iarelli e ima=.

5usca2se estabelecer quadros conceituais e instrumentos para identificar ofenGmeno novo$ delinear seus contornos$ tipos$ evolução$ causas e fatoresassociados. #studos jur"dicos procuram definir modelo de decisão no quadro daordem constitucional$ enquanto pesquisas emp"ricas de ciência pol"tica tomam oativismo como fenGmeno comportamental dos ju"zes ou tribunais e o utilizam para

definir açes$ padres e atitudes dos ju"zes. O ativismo não seria mais que umaatitude$ uma escola de interpretar a Constituição de modo a e!pandir seu sentidoe alcance <5arroso=. Ou seria fenGmeno em que$ diante de necessidades novascriadas pela insuficiência$ a inadequação da lei e a inoper6ncia dos outros poderesdo #stado$ o int%rprete se coloca como protagonista <;iarelli e ima=. #lival Mamosprope uma teoria do direito positivista e uma metodologia dogmática paradeterminar o nAcleo conceitual da Constituição$ formular par6metros para aapreciação de decises judiciais e qualificá2las como ativistas.

, superação do problema normativo ocorreria com um novo equil"brio$ no qual oJudiciário seria reconciliado com a ordem constitucional e a democracia. O idealnormativo implica desenvolvimentos teóricos a respeito dos fundamentos$ estrutura

institucional$ procedimentos e objetivos da Constituição$ assim como teorias dainterpretação constitucional. O equil"brio seria reencontrado por novas teoriasautodenominadas neoconstitucionalistas ou pós2positivistas$ que valorizam a forçanormativa da Constituição$ as mudanças na organização do #stado$ definem afunção jurisdicional apropriada para um #stado democrático de direito e aefetivação dos compromissos constitucionais pelos tribunais <;iarelli e ima=. #mcontraposição$ prope2se a renovação do constitucionalismo liberal$ sustentado nasdefiniçes doutrinárias da separação dos poderes$ das funçes t"picas da jurisdiçãoe da interpretação da lei$ e que seja capaz de restaurar o rigor dos modelos dedecisão judicial e comportamento dos ju"zes <Mamos=.

Fa refle!ão norte2americana$ o par6metro % posto na formação constitucional do

pa"s e$ então$ a situação atual se relaciona com ele como continuidade edesdobramento de uma identidade nacional. O juiz aparece como o continuador datradição jur"dica$ com o seu papel de proteger os direitos dos indiv"duos$ aoassegurar o julgamento pelos pares$ o devido processo e a prevalência do commonlaw   . , desordem teria sido provocada por mudanças na cultura jur"dicaP$ naspráticas governamentais a partir do Fe4 Neal> ou nas intençes reformistas dos

 ju"zes. O problema da legitimidade % posto em termos do respeito Es basesdemocráticas da própria Constituição$ dado que seu te!to original e emendasposteriores teriam sido aprovados pelo povoB. O sentido ou a intenção original dariao par6metro para a interpretação da Constituição$ para evitar que$ a t"tulo deinterpretá2la$ os ju"zes violem a vontade do povo que aprovou o te!to e as regrasformais a serem obedecidas para a sua reforma. Nefensores das decises judiciais

retomam argumentos elitistas$ que valorizam o Judiciário como uma inst6nciaformada por omens e!perimentados e prudentes que teriam o papel de limitar ospoderes de representantes eleitos e preservar a Constituição. Os ju"zes seriam uma

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esp%cie de oráculo que forneceria as referências simbólicas para a preservação daidentidade nacionalD. Outros argumentam que a maioria das decises consideradasativistas são aceitas pela sociedade e$ se a Corte adotar a estrita deferência aosdemais poderes$ manteria em vigor leis que violam a Constituição?.

8esquisas de ciência pol"tica enfocam padres decisórios$ atitudes e

comportamentos$ com o propósito de determinar a e!tensão e o grau de ativismonas decises judiciais$ e assim contribuir para o debate e a decisão pol"tica.&ustentam que suas pesquisas são valorativamente neutras$ mas as dimensesanal"ticas da categoria do ativismo têm como base os atributos formulados pelos

 juristas conservadores. 5radle/ Canon propGs uma estrutura para a análise doativismo judicial que o considerava uma significativa mudança na pol"tica pAblica$provocada por uma decisão da Corte e que teria a sua legitimidade questionadaporque seria percebida como inadequada para as crenças articuladas sobre o papelapropriado da &uprema Corte no sistema pol"tico norte2americano. Caracterizou oativismo como um fenGmeno multidirecional e gradativo$ que não teria relaçãolinear com ideologias pol"ticas ou apreciaçes sobre a correção das decises

 judiciais enquanto tais. O quadro anal"tico permitiria medir as diversas decises da

&uprema Corte$ organizadas segundo temas$ em ordem temporal ou por juiz +.Nonald Jac3son formula um framework for comparative analysis do ativismo comum quadro institucional que supe uma clara divisão entre os campos das pol"ticaspAblicas$ próprios E decisão majoritária$ e da decisão judicial$ para a proteção dedireitos fundamentais. ,s dimenses anal"ticas do ativismo são tomadas dooriginalismo e da deferência dos ju"zes*.

#ssa formulação do problema teve larga repercussão em pol"ticas pAblicas e pol"ticacomparada). O ativismo$ definido como orientação do juiz para contrariar a pol"ticamajoritária$ % uma das condiçes para a emergência da judicialização da pol"tica$que designa processos de mudança no papel e poderes dos ju"zes nas sociedadescontempor6neas)). ,mbos se tornaram centrais no debate e na pesquisa em ciência

pol"tica sobre o Judiciário em outras partes do mundo. Foutro desdobramento$ arefle!ão jur"dica incorporou e disseminou os trabalos de ciência pol"tica$ com o quea judicialização e o ativismo passaram E ordem dos fatos e processos objetivos.

Fa ciência pol"tica brasileira$ as pesquisas sobre o &'( iniciaram2se nos anos )**$quando se debatiam as reformas do Judiciário e do #stado e se criticava o modeloinstitucional. Os tribunais teriam poderes amplos de controle e independênciae!cessiva$ levando ao aumento do nAmero de lit"gios$ a problemas de eficiência eao ativismo dos ju"zes$ que utilizariam seus poderes para bloquear açesgovernamentais voltadas E modernização e racionalização do #stado. O &'( eravisto como e!ercendo um real poder de fiscalização e as açes diretas deinconstitucionalidade <,N0ns= seriam t"picas dos problemas de acesso associados

aos de independência e ineficiência. O desafio seria buscar o contrabalanceamentoou fiscalização desse poder$ de forma a recuperar mecanismos de accountability  ede eficiência do Judiciário)H.

Outra abordagem considerou que ouve a passagem de uma democraciamajoritária$ com a participação centrada em eleiçes e as decises pol"ticas no8arlamento$ em que as normas e os princ"pios constitucionais seriam da ordem degarantias de direitos individuais$ para uma democracia funcional$ com aparticipação ampliada em diversos espaços da sociedade civil e do #stado$ em queas normas constitucionais seriam a formulação de objetivos comuns voltados Epromoção de direitos individuais e coletivos. O maior protagonismo dos tribunaisem relação a temas sociais e pol"ticos seria positivo para a maior efetividade dos

direitos e o fortalecimento da democracia. O &'( viria 7concretizando$progressivamente$ a mutação concebida pelo constituinte de )*++7)P.

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,s teses sobre a judicialização no 5rasil enfrentaram desde cedo evidênciascontrárias$ pois a atuação do &'( não correspondia Es potencialidadesintervencionistas inferidas da letra do te!to constitucional. Os ministros definiramde modo muito restritivo os processos constitucionais criados pela Constituição de)*++ e eram seletivos no uso dos seus poderes)>. ,ssim$ a caracterização do &'(como ativista era discut"vel e se evidenciava a eterogeneidade de suas decises.

Nesde que começaram a ser utilizados$ os termos 7ativismo7 e 7contenção judicial7foram postos em questão. @miec e!aminou os crit%rios que definem o ativismo

 judicial a tendência E invalidação de atos governamentais porinconstitucionalidade- o não respeito aos precedentes- a produção de normas peloJudiciário- o afastamento de m%todos de interpretação aceitos e a tomada dedecisão orientada para os resultados. #le concluiu que não % poss"vel determinaresses crit%rios de modo un"voco porque a acusação de ativismo judicial significariapouco ou nada$ já que o termo tem sentidos distintos e contraditórios)B. Os ju"zesraramente adotavam as má!imas de forma consistente$ seria poss"vel identificar osdois atributos em um Anico voto de um juiz$ em vários votos do mesmo juiz aolongo de sua carreira$ ou classificar um mesmo voto de modos opostos)D.

Outros autores conclu"ram pela rejeição do próprio problema$ pois ele % posto como objetivo de avaliar a atuação da &uprema Corte$ concentra2se em decisesindividuais$ com análises de curta duração$ e visa$ quando muito$ construire!plicaçes das decises judiciais baseadas em opinies e comportamentos. 5aseia2se numa compreensão inadequada e simplificada da din6mica da democracia norte2americana)?. , contenção judicial seria uma fantasia$ pois supe uma respostaAnica para os casos$ por uma esp%cie de aplicação direta da Constituição. ;as oscasos significativos e controversos não têm tal resposta$ pois não á consenso nema respeito de quais serão as bases a partir das quais o debate poderá sercolocado)+. :reen valoriza a função cr"tica dos debates cotidianos sobre o tema$ oque seria sinal de uma atividade coletiva e constante de refle!ão sobre o

Judiciário)*.

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, análise pol"tica do pensamento jur"dico tem como foco a prática judicial$ que serealiza num espaço formado por três dimenses a institucional$ a do pensamento

 jur"dico e a istórica. , dimensão institucional % a dos arranjos de instituiçespol"ticas inseridos em bases mais amplas de uma formação social. , do pensamento

 jur"dico % o modo pelo qual o agregado jur"dico e as relaçes de poder sãoproblematizados como tema de justiça. O pensamento jur"dico de uma formaçãosocial % constitu"do pelas formas discursivas de sua %poca istórica$ e se articula asistemas mais gerais de pensamento sobre o direito e a outras formas de refle!ãonormativa sobre a e!periência dos sujeitos. , dimensão istórica refere2se aosprocessos que produziram a configuração atual da formação social$ na qual seapresentam como dadas estruturas de ação$ tradição e memória. ,ssim$ a prática

 judicial % uma modalidade de ação institucionalizada que$ numa dada configuraçãoda formação social$ efetua$ programa e reflete os materiais do agregado jur"dico doponto de vista da problemática da justiça.

Como categorias operacionais propem2se as de regime governamental e regime

 jurisprudencial. Megime governamental diz respeito E articulação geral$ realizadapelas instituiçes pol"ticas$ das estrat%gias de poder de uma formação social eindica a maneira pela qual se programa e reflete a direção pol"tica da sociedade e a

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condução dos indiv"duos. Megime jurisprudencial refere2se E maneira pela qual$articulada a um regime governamental$ a prática judicial formula problemas$doutrinas e conceitos num esquema interpretativo e um repertório de soluçes

 jur"dicas. #sse repertório combina soluçes <ou orientaçes jurisprudenciais= queimplicam maior ou menor protagonismo dos tribunais na efetivação de normas

 jur"dicas segundo dom"nios$ situaçes e sujeitos envolvidos. O regime

 jurisprudencial realiza uma esp%cie de gestão diferencial das inconstitucionalidadese ilegalidades de um regime governamental. ,mbos interagem por meio daincorporação ou da reação a alteraçes de um ou outro.

, prática judicial % um e!erc"cio de articulação das lógicas desses dois regimes. Ossujeitos recebem e criticam as modalidades de e!erc"cio do poder$ e atuam parareforçar$ contestar$ mudar ou quebrar os regimes e!istentes. Os processos judiciaisrepresentam oportunidades para a mobilização em vista da redefinição dosproblemas e soluçes jur"dicos$ e as decises dos tribunais em determinadomomento inscrevem e reproduzem o regime jurisprudencial$ testam os seus limitese inovam2no. #las têm implicaçes diversas para os regimes$ no que promovem$facilitam$ bloqueiam certos de seus aspectos e abrem ou não oportunidades de

ação para os sujeitos. ,presentamos a seguir algumas proposiçes sobre asrelaçes entre jurisprudência e pol"tica$ com ilustraçes sobre a Corte Qarren e aCorte Menquist.

 Agentes situados em espaços institucionais distintos têm incentivos paracooperarem. Os legisladores delegam poderes Es cortes por várias razes quandoá questes comple!as$ que só podem ser decididas caso a caso- para ampliar asupervisão judicial sobre a administração pAblica- para evitar impasse$ se a regrafor detalada- para evitar custos da decisão$ dada a divisão no eleitorado ou entregrupos de interesses altamente organizadosH. O presidente da MepAblica o faz parapriorizar a sua agenda$ manter sua coalizão pol"tica e se proteger de ataques daoposição e de outros atores. 9ma Corte amigável ajuda a diminuir os custos da

ação coletiva$ a dissuadir dissidentes e a efetivar compromissos que apresentamcustos eleitorais. &e o presidente tem bases frágeis de sustentação ou visareformar o regime governamental$ ele poderá se aliar ao Judiciário para promoversua agenda e se defender contra invases e desafios de opositoresH).

 A Corte reage de modos diversos aos incentivos, pois tem suas lógicas próprias deação, agendas substantivas e prioridades. ,o se colocarem novas questes E Corte$suas decises passam a ter impacto maior$ a mobilização amplia suas bases deapoio pol"tico e tendem a diminuir os riscos e represálias. 8or%m$ o presidente e oslegisladores mantêm sua capacidade de represália e assim podem confrontardecises ou limitar poderes das cortes. , atuação das cortes envolve$ então$ lógicasde ação distintas$ estratagema dos representantes eleitos e ambição de ju"zes.

Ruando o equil"brio se rompe$ torna2se provável que as decises dos ju"zesencontrarão s%rias resistências e represálias dos representantes.

Historicamente, a agenda das cortes não tem sido autogerada , questão daigualdade racial no pós2guerra pelo presidente 'ruman$ em nome de um fair deal  $visava reforçar o apoio pol"tico aos democratas entre a população negra e oeleitorado progressista do Forte$ e promoveu as pol"ticas pelo Judiciário paracontornar bloqueios no Congresso e no próprio partido. &ua orientação seconcretizou na atuação do Nepartamento de Justiça$ que apoiou entidades depromoção de direitos civis e encorajou ativamente as cortes a resolver disputaspol"ticas e a ampliar o acesso aos processos judiciais$ assim como invalidar leisestaduais segregacionistas nos estados do &ul$ inclusive o caso 5ro4n vs. 5oardHH.

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!ão "# sincronia ou relação causal, mas antes a sua convergência não linear eimperfeita entre realin"amento partid#rio e mudança $urisprudencial Fão severifica um processo cont"nuo de e!pansão de decises da &uprema Corte queproduzem impactos pol"ticos e sociais relevantes. ,s decises configuram ciclossobre temas e questes controvertidas e não á determinação direta e uniformecom a ideologia e orientação dos partidosHP. Fão se verificou apoio automático dos

 ju"zes da &uprema Corte aos partidos nem sequer a respeito de questes cr"ticasem situaçes de realinamento partidário que sucedem eleiçes cr"ticasH>.

% papel pol&tico da 'uprema Corte ( amplo e comple)o, pois ( mobili*ada paradecidir sobre +uestes cr&ticas e suas respostas produ*em impactos imprevistos&uas decises iniciaram ou prolongaram controv%rsias$ com forte impacto sobre aluta partidária e a pol"tica dos estados. , mobilização pol"tica e social desencadeouuma din6mica de fortalecimento do controle da constitucionalidade e a Corte emitiufortes mensagens para alguns atores fazê2loHB .

-ecises $udiciais podem gerar estrat(gias de resistência e contramobili*ação ,resistência e as reaçes Es decises da Corte Qarren foram disseminadas nos

estados do &ul$ que as consideravam abuso de poder$ ao estenderem o dom"nio dosdireitos constitucionais e interferirem na autonomia estadualHD. , campana deFi!on para a presidência em )*D+ elegeu o ativismo da Corte Qarren como alvo eprometeu nomear ju"zes que adotassem a contenção judicial. ;as seus partidáriosprovocaram a &uprema Corte a desempenar um papel ativo na reversão de suasdecises anterioresH?.

H# reversibilidade pol&tica dos modelos e t(cnicas de decisão , partir de )*+D$ aCorte Menquist reorientou a jurisprudência num sentido conservador$ sem adotaros par6metros da contenção judicial. #la passou a limitar poderes do Congresso$ aregulação de atividades econGmicas e as pol"ticas de ação afirmativa$ mas mantevedecises liberais sobre o devido processo substantivo e o aborto. O Nepartamento

de Justiça foi cave para promover essa agenda$ pois abandonou as posiçes jur"dicas que o governo federal sustentava durante d%cadas$ dei!ou de promoverprocessos judiciais para efetivar leis Es quais se opuna e acionou a &uprema Cortepara reverter precedentes contrários Es suas pol"ticasH+. ,ssim$ modelos e t%cnicasde decisão associados aos reformistas liberais tornaram2se recurso para osconservadores.

% conte)to em +ue as cortes estão inseridas ( conformado por investimentos pol&ticos e conflitos interpretativos Fo caso da Corte Qarren$ o Nepartamento deJustiça$ organizaçes de direitos civis e associaçes de juristas atuaram de formaconjugada para mudar a formação e treinamento dos juristas para adotarem novasformas de ação. Os conservadores$ por sua vez$ diante do fracasso em derrubar a

 jurisprudência pró2direitos civis nos anos )*?$ investiram na modificação da7comunidade de int%rpretes7. 8or meio de fundaçes e centros de pesquisa em todoo pa"s$ formou2se uma rede de empreendedores pol"ticos e intelectuais paraintroduzir novas ideias jur"dicas$ realizar manifestaçes pAblicas$ promover alitigação e estabelecer cone!es para apoiar candidatos ao Judiciário. Fos anos)*+$ a agenda conservadora era sustentada por ju"zes dos tribunais federais e da&uprema Corte$ o que assegurava o sucesso de suas iniciativasH*.

H# polivalência t#tica de doutrinas e conceitos $ur&dicos. ,t% o Fe4 Neal$ osconservadores aviam defendido a atuação da &uprema Corte na defesa daliberdade econGmica. Fos anos )*B$ o termo 7ativismo judicial7 referia2se Eatuação do juiz em prol dos direitos civis mais do que o mau uso dos seus

poderesP. Os conservadores criticavam as decises do ponto de vista dos seusresultados$ considerando2as errGneas$ e preservavam o  $udicial review   . ,

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dificuldade contramajoritária$ formulada por ,le!ander 5ic3el$ justificava o controleda constitucionalidade e afirmava a sua e!cepcionalidade$ por contrariar a vontadeatual dos representantes do povoP). Fos anos )*?$ os conservadores passaram autilizar as noçes de 7intenção original dos fundadores7 e de 7sentido original daConstituição7. ,s cr"ticas passaram a enfocar os padres de decisão judicial$apontando2os como manifestaçes de preferências subjetivas dos ju"zes$ quebra de

precedentes e violação do sentido original da Constituição. ,crescentaram a suascr"ticas a falta de capacidade do Judiciário para administrar decises comple!as ealcançar reformas sociaisPH. Fa d%cada de )*+$ foram os juristas e acadêmicosliberais que se apropriaram do termo  $udicial activism para criticar a CorteMenquist$ 7a mais ativista da istória norte2americana7PP. Ocorreu$ então$ odeslocamento dos cr"ticos$ dos esquemas teóricos e do conteAdo das decises

 judiciais qualificadas de ativistas.

 

#"15T'A E JRS#R06'A '"STT'"A1 " &RAS1

#7S-988O caráter lento e gradual da transição democrática permitiu que as liderançaspol"ticas que apoiavam o regime militar pudessem se aliar E frente oposicionista$bloquear mudanças institucionais mais profundas e se insularem em espaços dapol"tica e da administração pAblica. O processo constituinte se deu com um governocontrolado por dissidentes do regime deca"do$ cujo fracasso levou E crise final dodesenvolvimentismo e a inviabilização dos compromissos econGmicos e sociais daConstituição de )*++. , vitória de Collor nas eleiçes de )*+* baseou2se na aliançade liberais2conservadores pela liberalização da economia. Fo conte!to da criseeconGmica e da instabilidade pol"tica do in"cio dos anos )**$ esses gruposconvergiram com parte dos progressistas para fortalecer a capacidade de direção

pol"tica do governo federal e mudar do modelo constitucional no sentido decompatibilizá2lo com as reformas liberalizantes.

O 8lano Meal e as eleiçes de )**> consolidaram a nova aliança que promoveu umregime governamental democrático e liberalizante. #sse regime procuroureconfigurar em profundidade as estrat%gias de poder e as formas de subjetivaçãodos sujeitos pol"ticos. O desenvolvimentismo investia na organização das relaçessociais$ e o governo dos indiv"duos pela sua integração subordinada em arranjoscorporativos estatais.

O novo regime liberalizante investiu na criação de mercados$ substituiu a gestãoestatal pelo monitoramento indireto das relaçes sociais e a racionalidade

substantiva do desenvolvimento nacional pela racionalidade formal dos custos ebenef"cios e promoveu modelos de conduta para os indiv"duos agirem comoempresários de si mesmosP>. #sse regime implicou alteraçes de profundidade note!to constitucional$ legislação e reformas no aparato estatal ao longo da d%cada de)**$ quando a pol"tica foi marcada por uma agenda 7reconstituinte7.

Nurante o regime militar$ foram centralizadas no &'( atribuiçes de controle daconstitucionalidade$ interpretação de leis em tese$ supervisão das decises judiciaise disciplina dos ju"zes. O papel do &'( no controle da constitucionalidade tinacomo ponto cego os atos de e!ceção$ e!clu"dos de qualquer e!ame pelo Judiciário.O monopólio do procurador2geral da MepAblica L um cargo de confiança dopresidente da MepAblica L para o acesso a açes constitucionais originárias no &'(

permitia controlar a agenda e bloquear questes impertinentes. #mbora apenasuma pesquisa detalada possa revelar os contornos de seu e!erc"cio$ ascaracter"sticas gerais parecem ser o regime jurisprudencial do controle da

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constitucionalidade era convergente com o regime governamental autoritário edesenvolvimentista no que se definia sem rigor em conceitos e doutrinas donormativismo sobre o controle formal$ e!ercido com bai!a frequência e intensidade.O &'( reconecia os limites dos atos de e!ceção que le eram e!clu"dos$ realizava ocontrole m"nimo dos atos normativos do presidente da MepAblica e o e!ame maisrigoroso de normas de outros entes constitucionais para determinar sua

conformidade com os arranjos institucionais e objetivos governamentais do regime.8or sua vez$ avia rarefação do controle nos casos de proteção de direitos.

,o longo da transição democrática$ em particular depois da reforma judiciáriaimposta pelo 78acote de ,bril7$ de )*??$ emergem pelo menos três orientaçes depol"tica constitucional em divergência com o regime. Nissidentes do regimeinvestiram numa esp%cie de institucionalismo liberal$ a partir do qual$ em nome do#stado de direito$ visavam restaurar a proteção dos direitos individuais face Espol"ticas governamentais. #m geral$ não contestavam o regime$ cuja origem aviamapoiado e o qual aviam integrado$ mas procuravam limitar suas formas de ação eseus impactos$ por meio de ajustes no regime jurisprudencial. Juristas vinculados Eoposição pol"tica lutavam por um #stado de direito social e democrático$ tendo

como modelos as Constituiçes europeias do pós2&egunda :uerra e oconstitucionalismo comunitarista. 8or fim$ a esquerda defendia a reorganização dopa"s segundo modelos socialistas e participativos.

Fos anos )**$ os debates entre constitucionalistas assumiram a forma deoposição entre duas correntes por um lado$ os positivistas$ que associava osdissidentes do liberalismo institucional$ os juristas que apoiaram o autoritarismo-por outro$ os comunitaristas$ ou pós2positivistas. #ssa oposição doutrinária tendia acoincidir com apoio e oposição$ respectivamente$ ao regime liberalizante.

Fo governo &arne/ e nos dois mandatos de (ernando Kenrique mantiveram2se no&'( ministros nomeados pelos militares e a maioria dos novos integrantes eram

alinados ao liberalismo institucional. ,ssim$ at% o in"cio do governo ula$ apenastrês ministros L &epAlveda 8ertence$ ;aur"cio Corrêa e Felson Jobim L aviamparticipado ativamente da luta pela democratização.

Outras pesquisas notaram a seletividade e eterogeneidade das decises do'ribunal no per"odoPB. Fo quadro pol"tico do in"cio dos anos )** L de instabilidadepol"tica e crise do desenvolvimentismo L$ o &'( conformou a jurisdiçãoconstitucional de modo a limitar a frequência e o alcance de sua atuação conformeprevista pela Constituinte. ;inistros do antigo regime e os de orientação liberalelaboraram um regime jurisprudencial que concorreu para a estabilizaçãodemocrática e a constituição de um regime liberalizante. Ou seja$ o &'( combinouefetivação e neutralização de regras constitucionais segundo os dom"nios e o seu

sentido estrat%gico para a direção pol"tica do governo federal$ voltado Es reformasliberalizantes do #stado.

,s eleiçes presidenciais de HH resultaram em realinamento partidário$ com aalteração da coalizão no governo. O novo governo estava em oposição ao regimegovernamental e!istente e sua proposta era modificá2lo. Contava com apoio frágilno Congresso$ a presença de elites comprometidas com a coalizão derrotada noaparelo de #stado e poderia enfrentar riscos de invasão de suas prerrogativaspelos opositores. Nada a sua bai!a capacidade de modificar pela via congressual aestrutura jur"dica do regime governamental e!istente$ o novo governo investiu emoutras frentes.

8ara contornar suas dificuldades e reforçar apoios$ o governo ula incentivoumudanças pela via judicial. Com o apoio de juristas progressistas e entidades de

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profisses jur"dicas estatais$ buscou desde logo apro!imar2se das elites jur"dicas epromoveu a formação de consensos$ simbolizados pelos dois pactos republicanos$para a reforma do Judiciário. ,s açes do governo nesse campo continuaram nosanos seguintes$ com mudanças na gestão e procedimentos judiciais$ a promoção$pelo ;inist%rio da Justiça$ de estudos e iniciativas de reformas legislativas e o apoiodo governo a entidades e movimentos de defesa e a promoção de direitos.

,s reformas consolidaram o &'( como jurisdição constitucional concentrada$permitiram maior controle da agenda e a ampliação dos impactos das decises. Ogoverno ula sinalizou a modificação do caráter do &'( $ ao buscar uma composiçãomais plural e engajada E concretização da Constituição. ,os tradicionais crit%rios deescola dos ministros segundo sua origem regional$ carreira jur"dica e o apoio delideranças pol"ticas nacionais relevantes$ somaram2se atributos pessoais ouistórias de vida gênero$ etnia$ atuação ou apoio a movimentos sociais. ,lgunsnomeados eram pró!imos aos partidos de esquerda e movimentos populares$ masoutros eram ju"zes ou juristas profissionais sem atuação pol"tica$ ligados alideranças de partidos de centro ou entidades de representação das profisses

 jur"dicas.

,s perspectivas de bloqueio pelo &'( das pol"ticas do novo governo não eramclaras$ dados a maior fragmentação partidária e o insulamento das profisses

 jur"dicas$ que tornam menos diretos seus v"nculos com partidos e ideologias do quenos #stados 9nidos. ,l%m disso$ as questes emergentes implicariam que ospróprios ministros do &'( redefinissem suas posiçes e se manifestassem de novasmaneiras. Nepois de HP ouve importante renovação do &upremo 'ribunal(ederal$ dada a aposentadoria de vários ministros. ,ssim$ os incentivos e!ternosencontravam renovação interna para facilitar uma nova orientação jurisprudencial.

Fo sentido das reformas processuais e da #menda Constitucional nS >B$ ouveimportantes mudanças no padrão de litigação constitucional. Os instrumentos

utilizados para controle da constitucionalidade tornaram2se mais diversificados$aumentou o nAmero de casos ingressados e julgados$ e aumentou o nAmero de leisfederais invalidadas. , participação nos processos constitucionais foi ampliada edecises relevantes desbloquearam questes controversas na sociedade. ,

 jurisprudência teve impactos mais concretos$ pois o tribunal cuidou desupervisionar a conformidade dos demais entes a elaPD.

#sse novo tribunal$ com ju"zes com outra formação e concepção sobre o papel da justiça constitucional e a interpretação da Constituição$ atuou de formaconvergente com o governo em questes relativas E maior efetividade de direitos epromoção de pol"ticas sociais. , agenda reformista do governo encontravarepercussão na atuação positiva do &'( nesses campos. ,o promover a efetivação

da Constituição$ concretizando os princ"pios da Constituição de )*++ não realizadospor omissão do legislador$ os ministros do &'( reforçaram seus apoios pol"ticos esociais. ,ssim$ conformou2se um novo regime jurisprudencial articulado com oregime governamental promocional do governo ula.

8or%m$ a aliança tina muitos aspectos táticos$ uma vez que governo e elites jur"dicas não compartilavam alianças pol"ticas e posiçes sobre questessubstantivas. 'emas centrais do neoconstitucionalismo$ defendido por juristasprogressistas$ poderiam ser apropriados e reorientados <polivalência=. O 'ribunalpoderia promover sua própria agenda$ objetivos e lógica de atuação$ inovar suaorientação jurisprudencial e investir em outros dom"nios <reversibilidade pol"tica=.

O ponto de maior tensão passou a ser o da moralidade pol"tica. O ConseloFacional de Justiça <CFJ=$ utilizado para o combate E corrupção e ineficiência$

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especialmente dos Judiciários estaduais$ tocava num ponto sens"vel das relaçesentre ju"zes e elites pol"ticas$ que já provocara enfrentamentos anteriores$ como aC80 do Judiciário$ patrocinada pelo senador ,ntGnio Carlos ;agalães. , associaçãode controle e!terno com denAncias da corrupção e nepotismo no Judiciáriofortalecia resistências e reaçes das elites judiciais ao governo e E cApula doJudiciário federal.

,s denAncias de compra de votos e de práticas clientel"sticas envolvendo a basealiada do governo$ em HB$ representaram uma oportunidade para a oposiçãopol"tica promover a moralidade na pol"tica no debate pAblico e no Judiciário$ comotentativa de tornar o tema questão cr"tica das eleiçes de HD. ,s denAnciasesfriaram as relaçes do governo ula com movimentos c"vicos que$ aliados a elites

 jur"dicas$ tanto progressistas como reativas$ investiram em espaços institucionaisdo Judiciário$ e reforçaram a mobilização pelo combate E corrupção$ pela %tica napol"tica$ ou por eleiçes limpas.

, mobilização levou E aprovação da ei da (ica impa$ uma t"pica lei E qual osparlamentares não poderiam se opor sem altos custos eleitorais e que foi redigida

com delegaçes amplas para o Judiciário implementá2la. , orientação jurisprudencial e!istente nesse dom"nio limitaria o impacto das novas regras. ,t% oin"cio dos anos H$ o &'( adotava uma postura autorrestritiva em continuidadecom o papel do Judiciário$ desde a Mevolução de )*P$ de garantir as condiçespara a competição pol"tica e organizar o processo eleitoral. ;as$ a partir de HH$ o&'( e o '&# passaram a tomar decises que tiveram impactos substantivos sobreas eleiçes. ,bria2se espaço para se redefinir o papel do Judiciário na competiçãopol"tica$ e a mobilização passou a visar a promoção de valores substantivos pelasdecises judiciais. (ormaram2se$ então$ novos pontos de tensão na jurisprudênciado 'ribunal sobre questes cr"ticas nas relaçes entre governo e oposição. Ocombate E corrupção passou das regras de competição pol"tica e a administraçãopAblica para incidir sobre prerrogativas parlamentares e atribuiçes do Congresso.

,ssim$ no in"cio do governo ula construiu2se uma convergência de regimegovernamental e regime jurisprudencial em sentido progressista$ voltado amodificar as relaçes de poder da formação social. ;as parece aver tenses nessarelação$ pois com a orientação jurisprudencial mais recente o &'( se coloca nopapel de guardião e promotor das virtudes republicanas$ redefine seu modo deatuação no regime governamental$ contrariando lideranças pol"ticas$ não só dogoverno$ mas da oposição. ,s t%cnicas e os modelos de decisão utilizados pelo &'(em sentido progressista poderão ser revertidos em outras direçes. O próprioprotagonismo do 'ribunal poderá perder sustentação pol"tica e se desencadear umadin6mica de conflitos e represálias entre ministros e l"deres pol"ticos.

'"'1S/"

O problema do ativismo % demasiadamente simplificador da prática judicial$ porcolocar em segundo plano o caráter institucional$ pol"tica e socialmente inserido dostribunais. Mefere2se a processos objetivos$ mas não se esclarece a maneira pelaqual eles incidem sobre a ordem constitucional. Os agentes istóricos são colados aidentidades institucionais e que les são atribu"das$ ju"zes ou pol"ticos$ separados econtrapostos. #nfim$ não tematiza as práticas e os processos efetivos pelos quais oproblema se constituiu istoricamente.

Fo cerne do problema está a manifestação de uma preocupação cr"tica com asrelaçes entre direito e democracia contempor6neos. &em a possibilidade de buscar

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um fundamento transcendente ou o ato inaugural do povo soberano$ nem encontrara determinação do direito na tradição$ na estrutura imanente da sociedade ou nasqualidades formais da ordem jur"dica$ o debate tem focado sua atenção no gapentre normas jur"dicas$ construção do caso e a elaboração da decisão$ tratando2ocomo tema da subjetividade do juiz.

8ropGs2se neste artigo um quadro que combina três dimenses L institucional$ daprática jur"dica e istórica e os conceitos de regime governamental e regime

 jurisprudencial. (oi apresentada uma análise esquemática das relaçes entrepol"tica e jurisprudência após )*++$ indicando2se as suas convergências e tenses.

O que tem sido camado ativismo no 5rasil resulta de uma aliança entre apresidência da MepAblica e elites jur"dicas a partir de HH$ voltada a promover aspol"ticas do novo governo e a configurar um novo regime governamental. Com aaliança modificaram2se as formas de atuação do 'ribunal$ foram reforçadas suasbases de apoio$ mas tamb%m provocaram reaçes e resistências$ e aumentou oinvestimento pela oposição pol"tica e elites jur"dicas divergentes em questescr"ticas para o governo. , din6mica mais recente tem acentuado as tenses entre

os regimes governamental e jurisprudencial$ os conflitos entre ju"zes e governo.;as o novo papel assumido pelo &'( tamb%m entra em divergência com a oposiçãoe suas bases conservadoras$ que tenderão a resistir a esse novo padrão deatuação. ,s fontes democráticas do poder pol"tico serão capazes de impulsionarmovimentos que superem essas tenses e bloqueios.

 

Mecebido para publicação em )+ de juno de H)P.

 

,FNM#0 @O#MF#M % professor do Nepartamento de Ciência 8ol"tica doifcT9nicamp$ coordenador do :rupo de 8esquisas em Nireito e 8ol"tica doCeipocTifcT9nicamp$ pesquisador do Cedec e do inctT0neu.

 

UVW #ste artigo apresenta resultados da pesquisa 8ensamento Jur"dico$ NecisãoJudicial e 8rocesso 8ol"tico uma ,nálise 8ol"tica do Controle da Constitucionalidadenos ,nos Foventa$ realizada no CeipocTifcT9nicamp <ttpsTT444.e2science.unicamp.brTgpdT=$ e das atividades do :rupo de 8esquisas sobre NireitosKumanos do 0nstituto Facional de #studos sobre os #stados 9nidos <ineu2inct=$ comfinanciamento do cnpq$ (apesp e (aepe!T9nicamp. ,gradeço a Cell/ Coo3 0natomi ea :ustavo Meis de ,raAjo pelo apoio no levantamento de informaçes.U)W @miec$ @eenan. 7Origin and current meanings of 1judicial activism17. California.aw /eview $ vol. *H$ nS B$ out. H>$ pp. )>>)2 U in3s W??.UHW 8ara limitar o nAmero de referências$ foram selecionadas três obras que adotam

abordagens e argumentos distintos sobre o tema. Mamos$ #lival. Ativismo $udicial, par0metros dogm#ticos. &ão 8aulo &araiva$ U in3s W H)- 5arroso$ u"s M.7Judicialização$ ativismo judicial e legitimidade democrática7. /evista 12A/F,

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Cadernos 3em#ticos4 'emin#rio !acional sobre 5ustiça Constitucional $ dez. H)$pp. P+*2 U in3s W>D- ;iarelli$ ;a/ra ;. e ima$ Mog%rio ;.  Ativismo $udicial e a efetivação de direitos no 'upremo 3ribunal Federal . 8orto ,legre &ergio,ntonio (abris$ U in3s W H)H.UPW Qolfe$ Cristoper. 5udicial activism4 bulwark of freedom or precarious scurity6 8l/mout Mo4man X ittlefield$ )**?$ pp. H e )*. U in3s W

U>W Nonald Koro4itz$ ,le!ander 5ic3el e 8ilip @urland em @ec3$ 'omas. 3"e most activist 'upreme Court in "istory4 t"e road to modern $udicial conservatism.Cicago 'e 9niversit/ of Cicago 8ress$ H>$ pp. )>2 U in3s W).UBW 5erger$ Maoul. 7overnment by 5udiciary . Cambridge$ ;, Karvard 9niversit/8ress$ U in3s W )*??.UDW ;iller$ ,. 70n defense of judicial activism7. 0n Kalpern$ &. e amb. C. <orgs. = 'upreme Court activism and restraint  . e!ington e!ington 5oo3s$ )*+H$ pp. )D?2  U in3s WH.U?W Moosevelt 000$ @. 3"e myt" of $udicial activism4 making sense of 'upreme Court decisions . Yale Yale 9niversit/ 8ress$ HD$ p. U in3s W )?>- indquist$ &. e(. Cross. 2easuring $udicial activism  O!ford O!ford 9niversit/ 8ress$ H*$  U in3s W p. HB.

U+W Canon$ 5. 7, frame4or3 for te judicial activism7. 0n Kalpern e amb$ op. cit.$pp. P+B2>)*. U in3s WU*W Jac3son$ N. 7Original intent$ strict construction and judicial revie4 a frame4or3for comparative anal/sis7. 0n Jac3son$ N. e 'ate$ C. Feal <orgs.=. Comparative

 $udicial review and public policy  Qestport :reen4ood$ )**H$ pp. )?*2  U in3s W**- indquist e Cross$ op. cit.- Yung$ C. M. 7(le!ing judicial muscle anempirical stud/ of judicial activism in te (ederal Courts7. !ort"western 8niversity .aw /eview $ vol. )B$ nS )$ pp. )2D$ U in3s W H).U)W 'ate$ C. F. 7Comparative judicial revie4 and public polic/ concepts andovervie47. 0n Jac3son e 'ate$ op. cit.$ pp. P2 U in3s W)B- Kolland$ @.  5udicial activism in comparative perspective Fova Yor3 &t. ;artin$ U in3s W )**).U))W 8roposto como tema de um seminário internacional em )**H$ publicado em

uma revista <9nternational :olitical 'cience /eview $ nS )B<H=$ abr. )**>= e$ emseguida$ em livro <'ate$ C. F. e Zallinder$ '. 3"e global e)pansion of 5udicial :ower .Fova Yor3 Fe4 Yor3 9niversit/ 8ress$ U in3s W )**B=.U)HW 8rillaman$ Qilliam C. 3"e $udiciary and democratic decay in .atin America4declining confidence in t"e rule of law  Qesport 8raeger$ H$ pp. ?B2  U in3s W))- &antiso$ Carlos. 7#conomic reform and judicial governance in5razil balancing independence 4it accountabilit/7. 0n :loppen$ &iri$ :argarella$Moberto$ &3aar$ #. <orgs.=. -emocrati*ation and t"e 5udiciary4 t"e accountability function of courts in new democracies ondres (ran3 Cass$ H>$ pp. )D)2  U in3s W+.U)PW Zianna$ u"s Qernec3 e outros A $udiciali*ação da pol&tica e das relaçessociais no ;rasil  Mio de Janeiro Mevan$ U in3s W )***.U)>W Carvalo$ #rnani. /evisão Abstrata da legislação e $udiciali*ação da pol&tica no;rasil &ão 8aulo tese de doutorado$ Nepartamento de Ciência 8ol"tica$ fflcTusp$  U in3s W HB- 8aceco$ Cristina C. % 'upremo 3ribunal Federal e a reformado 1stado4 uma an#lise das Açes -iretas de 9nconstitucionalidade $ulgadas no

 primeiro mandato de Fernando Henri+ue Cardoso <=>>?@=>>B Campinas tese dedoutorado$ Nepartamento de Ciência 8ol"tica$ 9nicamp$ U in3s W HD.U)BW @miec$ op. cit.$ p. )>??.U)DW Kalpern e amb$ op. cit.U)?W (riedman$ 5. 7'e birt of an academic obsession te istor/ of tecontermajoritarian difficult/7. ale .aw 5ournal $ vol. ))H$ nS H$ pp. )BP2HB*$ HH<pp. )BD2 U in3s WD?=.U)+W Moosevelt 000$ op. cit.$ pp. D- )B2H)$ P*.U)*W :reen$ Craig. ,n intellectual istor/ of judicial activism7. 1mory .aw 5ournal $

vol. B+$ nS B$ pp. ))*B2HDP$ H* <p. )HD e )HHH=. U in3s WUHW ovell$ :eorge. .egislative deferrals 'tatutory ambiguity, 5udicial :ower, and 

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of legal policy   . Fova Yor3 ;. #. &arpe$ )**H$ pp. >2D- )H2 U in3s W?).UHPW Caldeira$ :regor/ ,. e ;cCrone$ Nonald. 7Of time and judicial activism astud/ of te 9& &upreme Court <)+2)*?P=7. 0n Kalpern e amb$ op. cit.$ pp.)P2H+$ )HH2 U in3s WP.UH>W :ates$ Jon. 3"e 'upreme Court and partisan realignement4 a macro and microlevel perspective. 5oulder Qestvie4$ )**H$ pp. )PP2>$ )D)2 U in3s W+B.

UHBW ;cCann$ ;icael. 78oder Judiciário e mobilização do direito uma perspectivados 1usuários17. /evista 12A/F, Cadernos 3em#ticos4 'emin#rio !acional sobre

 5ustiça Constitucional   $ nAmero especial$ dez. H)$ pp. )?B2 U in3s W*D.UHDW 5ic3el$ ,le!ander. 3"e least dangerous branc"4 t"e 'upreme Court at t"e bar of politics  Fe4 Kaven Yale 9niversit/ 8ress$ )*+D U)*DHW$ pp. HBD2

  U in3s W?.UH?W Cemerins3/$ #r4in. 3"e conservative assault on t"e Constitution . Fova Yor3&imon X &custer$ H)$ pp. )D2?- @ec3$ op. cit.$ pp. )+- )>P- )BD2  U in3s W?.UH+W Cla/ton$ op. cit.$ pp. >2D$ )H2?).UH*W 'eles$ &tepen ;. 3"e rise of conservative legal movement4 t"e battle for control of t"e law . 8rinceton 8rinceton 9niversit/ 8ress$ H+$ pp. )?*$ HH2  U in3s W)$ H?*.UPW @miec$ op. cit.$ p. )>B)UP)W 5ic3el$ op. cit.$ pp. )D2?$ H?- indquist e Cross$ op. cit.$ p. HH.UPHW 'eles$ op. cit.$ pp. )?*$ HH2)$ H?*- @ec3$ op. cit.$ pp. )>2).UPPW Cemerins3/$ op. cit.$ pp. )D2?- @ec3$ op. cit.$ pp. )+$ )>P$ )BD2?.

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