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Licenciatura em Ciências • USP/Univesp • Módulo 5 1 A TIVIDADES P RESENCIAIS CADERNO DO ALUNO aula 2 PRINCIPAIS DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS E SEUS CONDICIONANTES EM POPULAÇÕES HUMANAS CARACTERIZAÇÃO DAS BACTÉRIAS CAUSADORAS DE DOENÇAS HUMANAS TIPO DE INTEGRAÇÃO: discussão coletiva. CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO: qualidade da produção escrita e da participação em aula. DURAÇÃO: aproximadamente 4 horas. ORIENTAÇÕES PARA A ATIVIDADE: Para esta atividade será descrita a técnica de coloração de Gram. A partir da leitura da técnica, serão propostas atividades e discussão de aspectos descritos no texto. TÉCNICA DE COLORAÇÃO DE GRAM A coloração de Gram é um dos mais importantes métodos de coloração utilizados em laboratórios de micro- biologia e de análises clínicas, sendo quase sempre o primeiro passo para a identificação de bactérias. A técnica tem importância clínica uma vez que muitas das bactérias associadas a infecções são prontamente observadas e caracterizadas como Gram-positivas ou Gram-negativas em esfregaços de material do paciente, pus ou de fluidos orgânicos (urina, fezes, sangue etc). O método consiste em colocar uma amostra do paciente, contendo a bactéria a ser identificada, numa lamina e tratar com um corante primário, o cristal violeta (tem coloração roxa), seguido de tratamento com um fixador, o lugol (iodo). Tanto bactérias Gram-positivas quanto Gram-negativas absorvem de maneira idêntica o corante primário (roxo) e o fixador, adquirindo uma coloração roxa devido à formação de um complexo cristal violeta-iodo, insolúvel, em seus citoplasmas. Após esta primeira etapa, segue-se um tratamento com um solvente orgânico, o etanol-acetona. O solvente dissolve a porção lipídica das membranas externas das bactérias Gram-negativas e o complexo cristal violeta-iodo é removido, descorando as células. Por outro lado, o solvente desidrata as espessas paredes celulares das bactérias Gram- positivas e provoca a contração do peptidoglicano, tornando-as imper- meáveis ao complexo cristal violeta-iodo; o corante primário é retido e as células permanecem coradas de roxo. A retenção ou não do corante primário é, portanto, dependente das propriedades físicas e químicas das paredes celulares bacterianas tais como espessura, densidade, porosidade e integridade, principalmente do peptideoglicano. Em seguida, a amostra é tratada com um corante secundário, a fucsina básica (tem coloração rosa). Ao microscópio, as células Gram-positivas aparecerão coradas em roxo escuro e as Gram-negativas em rosa escuro. Figura 2.1: Figura demonstrativa da técnica de Gram.

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Licenciatura em Ciências • USP/Univesp • Módulo 5

1

AtividAdes PresenciAiscaderno do aluno

aula 2

PRINCIPAIS DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS E SEUS CONDICIONANTES

EM POPULAÇÕES HUMANAScArActerizAção dAs bActériAs cAusAdorAs de doençAs humAnAs

tiPo de integrAção: discussão coletiva.critério de AvAliAção: qualidade da produção escrita e da participação em aula.durAção: aproximadamente 4 horas.

orientAções PArA A AtividAde: Para esta atividade será descrita a técnica de coloração de Gram. A partir da leitura da técnica, serão propostas atividades e discussão de aspectos descritos no texto.

técnicA de colorAção de grAm

A coloração de Gram é um dos mais importantes métodos de coloração utilizados em laboratórios de micro-biologia e de análises clínicas, sendo quase sempre o primeiro passo para a identificação de bactérias. A técnica tem importância clínica uma vez que muitas das bactérias associadas a infecções são prontamente observadas e caracterizadas como Gram-positivas ou Gram-negativas em esfregaços de material do paciente, pus ou de fluidos orgânicos (urina, fezes, sangue etc).

O método consiste em colocar uma amostra do paciente, contendo a bactéria a ser identificada, numa lamina e tratar com um corante primário, o cristal violeta (tem coloração roxa), seguido de tratamento com um fixador, o lugol (iodo). Tanto bactérias Gram-positivas quanto Gram-negativas absorvem de maneira idêntica o corante primário (roxo) e o fixador, adquirindo uma coloração roxa devido à formação de um complexo cristal violeta-iodo, insolúvel, em seus citoplasmas. Após esta primeira etapa, segue-se um tratamento com um solvente orgânico, o etanol-acetona. O solvente dissolve a porção lipídica das membranas externas das bactérias Gram-negativas e o complexo cristal violeta-iodo é removido, descorando as células. Por outro lado, o solvente desidrata as espessas paredes celulares das bactérias Gram-positivas e provoca a contração do peptidoglicano, tornando-as imper-meáveis ao complexo cristal violeta-iodo; o corante primário é retido e as células permanecem coradas de roxo. A retenção ou não do corante primário é, portanto, dependente das propriedades físicas e químicas das paredes celulares bacterianas tais como espessura, densidade, porosidade e integridade, principalmente do peptideoglicano.

Em seguida, a amostra é tratada com um corante secundário, a fucsina básica (tem coloração rosa). Ao microscópio, as células Gram-positivas aparecerão coradas em roxo escuro e as Gram-negativas em rosa escuro.

Figura 2.1: Figura demonstrativa da técnica de Gram.

Licenciatura em Ciências • USP/Univesp • Módulo 5

2Atividades Presenciais • caderno do aluno • aula 2

Atividade 2.1 – Discussão sobre a coloração de Gram

Questão 1Qual a importância clínica da coloração de Gram?

Questão 2Por que as bactérias Gram-positivas são coradas de roxo?

Questão 3Qual coloração é característica da bactéria Gram-negativa e por quê?

Atividade 2.2 – Estudo de casoorientAções PArA A AtividAde: Para esta atividade será lido o relato de um caso de infecção do trato urinário (ITU)

em uma criança menor de 3 anos. A partir da leitura, serão propostas atividades e discussão de aspectos descritos no caso.

A mãe procedente de Marapanim no Pará, leva o paciente MNO, do sexo masculino, 2 anos e 10 meses de idade ao posto de saúde e relata que a criança está há 3 dias com quadro de febre de 38 °C - 39 °C, associado a “dor em baixo ventre”, de forte intensidade e dor ao urinar. Além disso, ela relata também, dois episódios de vomito. A criança nega sintomas respiratórios, aceita parcialmente a dieta e as fezes estão presentes e sem alterações. A hipótese diagnóstica é infecção do trato urinário (ITU). Para confirmação do diagnóstico, o médico solicita uma urocultura (cultura de urina para identificação da presença e do tipo de bactéria). Após a cultura de urina, o material foi encaminhado para a coloração de Gram e a lâmina se mostrou da seguinte forma:

Questão 1Com base na Figura 2.2, identifique o tipo de bactéria que está causando a ITU no caso descrito anteriormente:

a. Coco Gram-positivo;b. Coco Gram-negativo;c. Bacilo Gram-negativo;d. Bacilo Gram-positivo.

Questão 2Sabendo da existência da flora normal e que quando a bactéria invade outros locais estéreis pode ocorrer uma

infecção, responda:• Qual o tipo de infecção é deste caso clínico? • Qual bactéria pode estar causando esta ITU?• De qual local do corpo esta bactéria é considerada constituinte da flora normal?

Figura 2.2: Figura de microscopia ótica de material biológico (urina) corado com a técnica de Gram.