atividadefinal ericson

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PROBLEMA EDUCACIONAL Educação talvez seja um dos temas debatidos com mais frequência, com mais paixão e com menos objetividade. Professores, alunos, funcionários das escolas e pais têm na ponta da língua os problemas do sistema de ensino brasileiro. No entanto, as soluções normalmente não são apontadas e cada parte se exime de suas responsabilidades. Já que os problemas são tão conhecidos de todos, já passou da hora de partirmos para a busca de soluções. Tratarei de expor alguns dos itens mais relevantes por mim considerados. Uma das primeiras iniciativas fundamentais é o aumento dos recursos destinados à área. Os professores precisam ser mais bem remunerados e as escolas melhor estruturadas e aparelhadas. Mas para isso, os sujeitos envolvidos e interessados precisam se organizar para pressionar os governos. Há muitas demandas que precisam ser atendidas pela administração. Como não há dinheiro para tudo, os governos elegem prioridades. É nesse momento que a pressão e a cobrança funcionam como elemento norteador da política.Entretanto, ao contrário do que muitos pensam, um bom orçamento não resolveria o problema educacional no país. Os professores são a alma da educação, e nossos educadores precisam ser melhor preparados para atender às necessidades da sociedade atual. A escola mudou de papel; ela perdeu, a muitos anos, o monopólio da informação. Além da sua função de transmitir conhecimento, a escola hoje é responsável por formar cidadãos com um mínimo de censo crítico, com uma consciência cívica, entendedores do mundo em que eles vivem, capazes de intervir nessa realidade. Em suma, a escola tem que mostrar ao aluno como ele irá usar a informação adquirida e de que forma poderá usá-la. A docência precisa ser formada e precisa atuar sob essa égide. Não haverá mudança significativa se as escolas estiverem com ótimas estruturas física e material e os professores com excelentes salários se esses continuarem a se portar como “guias turísticos”, apenas mostrando aos alunos aquelas informações tidas como “interessantes”, e que muitas vezes nossos jovens não sabem para que servem.O sistema de ensino brasileiro ainda precisa passar por algumas reformas estruturais. E aqui a PEC 74 de 2005, de autoria do senador Cristovam Buarque, merece destaque. A proposta de emenda à Constituição prevê a nacionalização da educação básica. Por que isso é tão importante? Presenciamos atualmente nos municípios uma situação inusitada. As escolas estaduais estão disputando no sentido exato do termo alunos com as escolas municipais. No caso de Alexandria, as escolas do município são mais bem estruturadas e aparelhadas do que as estaduais, mas estas pagam melhor aos professores. No início do ano, são feitos até sorteios com os alunos matriculados, entrega de material, isso às custas dos próprios funcionários dos estabelecimentos de ensinos. Trata-se de uma situação absurda: dois entes da federação, com os mesmos objetivos, integrantes do mesmo sistema, sediados na mesma cidade, em situação de atrito. Passando à União a responsabilidade pela manutenção do ensino básico, esses conflitos desapareceriam.Outro problema que seria resolvido pela PEC é o da diferença substancial das “educações” públicas no Brasil. Temos estados referência em se tratando de educação, com escolas e professores de alto nível, com elevada aprendizagem, ótimo desempenho nas avaliações do MEC, enquanto temos estados com escolas sem prédio próprio, com professores ganhando menos de uma salário mínimo, com péssimos índices de aprendizagem, com alunos que no sexto ano não sabem ler nem escrever. Por que tanta diferença

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PROBLEMA EDUCACIONAL

Educação talvez seja um dos temas debatidos com mais frequência, com mais paixão e com menos objetividade. Professores, alunos, funcionários das escolas e pais têm na ponta da língua os problemas do sistema de ensino brasileiro. No entanto, as soluções normalmente não são apontadas e cada parte se exime de suas responsabilidades. Já que os problemas são tão conhecidos de todos, já passou da hora de partirmos para a busca de soluções. Tratarei de expor alguns dos itens mais relevantes por mim considerados. Uma das primeiras iniciativas fundamentais é o aumento dos recursos destinados à área. Os professores precisam ser mais bem remunerados e as escolas melhor estruturadas e aparelhadas. Mas para isso, os sujeitos envolvidos e interessados precisam se organizar para pressionar os governos. Há muitas demandas que precisam ser atendidas pela administração. Como não há dinheiro para tudo, os governos elegem prioridades. É nesse momento que a pressão e a cobrança funcionam como elemento norteador da política.Entretanto, ao contrário do que muitos pensam, um bom orçamento não resolveria o problema educacional no país. Os professores são a alma da educação, e nossos educadores precisam ser melhor preparados para atender às necessidades da sociedade atual. A escola mudou de papel; ela perdeu, a muitos anos, o monopólio da informação. Além da sua função de transmitir conhecimento, a escola hoje é responsável por formar cidadãos com um mínimo de censo crítico, com uma consciência cívica, entendedores do mundo em que eles vivem, capazes de intervir nessa realidade. Em suma, a escola tem que mostrar ao aluno como ele irá usar a informação adquirida e de que forma poderá usá-la. A docência precisa ser formada e precisa atuar sob essa égide. Não haverá mudança significativa se as escolas estiverem com ótimas estruturas física e material e os professores com excelentes salários se esses continuarem a se portar como “guias turísticos”, apenas mostrando aos alunos aquelas informações tidas como “interessantes”, e que muitas vezes nossos jovens não sabem para que servem.O sistema de ensino brasileiro ainda precisa passar por algumas reformas estruturais. E aqui a PEC 74 de 2005, de autoria do senador Cristovam Buarque, merece destaque. A proposta de emenda à Constituição prevê a nacionalização da educação básica. Por que isso é tão importante? Presenciamos atualmente nos municípios uma situação inusitada. As escolas estaduais estão disputando – no sentido exato do termo – alunos com as escolas municipais. No caso de Alexandria, as escolas do município são mais bem estruturadas e aparelhadas do que as estaduais, mas estas pagam melhor aos professores. No início do ano, são feitos até sorteios com os alunos matriculados, entrega de material, isso às custas dos próprios funcionários dos estabelecimentos de ensinos. Trata-se de uma situação absurda: dois entes da federação, com os mesmos objetivos, integrantes do mesmo sistema, sediados na mesma cidade, em situação de atrito. Passando à União a responsabilidade pela manutenção do ensino básico, esses conflitos desapareceriam.Outro problema que seria resolvido pela PEC é o da diferença substancial das “educações” públicas no Brasil. Temos estados referência em se tratando de educação, com escolas e professores de alto nível, com elevada aprendizagem, ótimo desempenho nas avaliações do MEC, enquanto temos estados com escolas sem prédio próprio, com professores ganhando menos de uma salário mínimo, com péssimos índices de aprendizagem, com alunos que no sexto ano não sabem ler nem escrever. Por que tanta diferença

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em escolas que integram a mesma educação brasileira? Diferença de gestão, de aplicação dos recursos, de formação docente etc. Essas diferenças seriam ao menos minoradas com a federalização do ensino básico.Não estamos dando “receitas” para a educação. Fórmulas, soluções simples e rápidas não existem. Toda mudança é fruto da movimentação, do empenho, da luta, da coragem de enfrentar e novo. E mais, todos os resultados em educação são lentos, mas são extremamente impactantes. Essa histórica desvalorização do ensino precisa ser superada. E os sujeitos responsáveis pela operacionalização dessa mudança são os atores e os beneficiários diretos e indiretos da educação brasileira.