atitudes empreendedoras em uma abordagem...
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VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN∕ 1808-8716 Zambon, Costa. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017; 9(gt34):1-14
ATITUDES EMPREENDEDORAS EM UMAABORDAGEM CTS
GT 34 - Interfaces entre ciência, tecnologia e educação
Sueli Aparecida ZambonLuzia Sigoli Fernandes Costa
Resumo: Este trabalho busca perceber, primeiramente por meio de uma pesquisa bibliográfica, ainfluência da educação empreendedora no processo de geração de ações inovadoras na perspectivada abordagem de ensino da Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). A educação voltada à criação deestímulo ao ato de empreender é fator relevante para o sucesso pessoal, profissional e social. Nestaperspectiva pretende-se: 1) Avaliar possível integração entre o projeto pedagógico escolar e osconceitos de empreendedorismo que visam o desenvolvimento de competências empreendedoras emalunos do ensino médio dentro do modelo educacional da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. 2)Propor atividades para capacitar os alunos para uma atitude empreendedora por meio dodesenvolvimento de suas tendências e habilidades, agregando conhecimento e estimulando aautoconfiança, perseverança e autonomia. 3) Propor programas baseados no empreendedorismo como intuito de disseminar a cultura empreendedora nas instituições de ensino básico de forma apropiciar aos alunos práticas que lhes possibilitem vivenciar o empreendedorismo, bem comodesenvolver novas habilidades e ter uma atuação mais reflexiva e inovadora frente aosacontecimentos do dia a dia. 4) Avaliar as contribuições e benefícios sociais de um programa deeducação empreendedora: a) para o município que irá se beneficiar das práticas aprendidas pelosalunos, b) para os programas de empreendedorismo, que potencializam o estímulo dodesenvolvimento e integração entre alunos e comunidade, c) para os professores, que ampliam suacapacidade profissional e social, d) para os alunos que aprendem a traçar seu próprio caminho e teruma atuação reflexiva e inovadora diante dos acontecimentos, e) para a sociedade, pois atitudesempreendedoras podem produzir bem-estar social e soluções para muitos problemas.
Palavras-chave: Educação empreendedora;Empreendedorismo;Atitude empreendedora
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INTRODUÇÃO
O empreendedorismo, suas características, competências e repercussões ainda
constituem objeto de discussão em diferentes áreas. Apesar das tentativas para consolidação
de uma educação que desenvolva indivíduos mais empreendedores, ainda não existem na
literatura, diretrizes objetivas quanto aos temas e competências que devem fazer parte de uma
educação empreendedora. O ato de empreender também pode estar relacionado a uma busca
constante do indivíduo à sua realização profissional e pessoal.
O presente trabalho teve seu inicio em dissertação de mestrado defendida no Programa
de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade da UFSCar, buscando, agora, ser parte
integrante de Tese de doutorado no mesmo Programa, através do fortalecimento de discussões
que possibilitem o avanço nessa área de conhecimento.
Para Dornelas (2012), embora o assunto esteja presente em vários congressos
acadêmicos pelo mundo e haja publicações em revistas científicas importantes na área, a
escolha do empreendedorismo como tema de dissertação de mestrado ou tese de doutorado é
bastante escassa e recente, o que tem contribuído para que sejam poucos os professores com
qualificação específica nesta área.
Ensinar empreendedorismo pressupõe, a princípio, a formação para um futuro
empresário. No entanto, o espírito empreendedor, que já foi impulso para a criação de um
novo empresário, abandona esse universo restrito passando a ter um significado mais
importante, cujas dimensões perpassam os limites dos negócios das empresas para avançar na
cultura pessoal do indivíduo e indicar novas possibilidades.
No escopo dessa pesquisa, a educação empreendedora é melhor definida por Dolabela
(2006),como sendo o estímulo que leva o aluno a se sentir protagonista da sua vida e do seu
futuro, e parte integrante do processo educacional que o leva a criar caminhos, traçando
estratégias e escolhendo processos para transformar seu sonho em realidade.
É relevante que o empreendedorismo faça parte da filosofia de vida das pessoas, seja
para o exercício da vida profissional, seja para a construção de projetos de futuro (FILION,
2000).
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Empreender não é apenas ingressar no mercado atuando em negócio próprio, é
também, vislumbrar a possibilidade de ir além, fazer as próprias escolhas, definir novas
perspectivas alinhadas com as tendências profissionais já existentes, vivenciar o velho de uma
nova forma.
Dolabela (2006), afirma que a atividade empresarial é apenas uma das infindáveis
formas de empreender, que o empreendedorismo é abrangente, contempla toda e qualquer
atividade humana e, portando, inclui empreendedores na pesquisa, no governo, no terceiro
setor, nas artes, em qualquer lugar que todos se preparem para empreender na vida.
Filion (2000) afirma que o empreendedorismo deve ser parte integrante da vida das
pessoas, seja para o exercício de uma atividade profissional, seja no que diz respeito à
construção de projetos de futuro. Macêdo et al (2010) definem empreendedorismo como
sendo um conjunto de atividades que proporcionam ao empreendedor ampla liberdade durante
sua ação, que se manifesta quando da ruptura da sua liberdade e estabilidade.
O empreendedor tem a grande responsabilidade de fazer a diferença, influenciar,
intervir, transformar. (FERRARI, 2010).
A atitude empreendedora favorece a interferência criativa e realizadora em busca de
um crescimento pessoal e coletivo, através do desenvolvimento da capacidade intelectual de
solucionar problemas, tomar decisões, ter iniciativa, competências essas cada vez mais
buscadas no âmbito profissional e valorizadas no trabalho.
Os trabalhos em grupo, debates, participação em palestras, despertam características
empreendedoras nos jovens, tais como pensamento crítico, iniciativa, habilidade na resolução
de problemas, estabelecimento de metas, liderança, autoconhecimento, teimosia e
perseverança.
A educação para o empreendedorismo tem a responsabilidade da busca constante por
parâmetros pessoais favoráveis do comportamento, traçando uma análise do perfil
empreendedor do indivíduo com suas características individuais e tendências para atuar
positivamente em situações em constante mudança.
É preciso conhecer as tendências empreendedoras dos alunos tais como: iniciativa,
adaptabilidade, criatividade, facilidade de lidar com a tecnologia, ousadia, para reverter os
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contras da situação: inexperiência, baixa visão de risco, impulsividade, recusa às
metodologias já existentes.
Indivíduos proativos, preparados e com alta necessidade de realização geram
mudanças importantes em suas vidas, estabelecem metas realistas e possíveis, tornam-se
pessoas mais felizes e competitivas.
A relevância da inclusão do tema Empreendedorismo nas séries iniciais pode ser
explicada, no mínimo por evidenciar alguns fortes motivos: ele é responsável pela criação de
empregos, é importante para a inovação tecnológica e para o crescimento de uma região, para
a geração de riqueza, para a solução de problemas sociais e constitui uma importante opção de
carreira para grande parte da população.
Porém, quando a disciplina está presente em alguns cursos é de forma optativa ou
voltada apenas para os negócios, sem foco social ou pela formação da cidadania.
Nos Estados Unidos, a multidisciplinaridade é conveniente para o ensino deempreendedorismo, uma vez que o professor de contabilidade, por exemplo, dedicaalgumas aulas para falar sobre o processo de abertura de novas empresas, o professor demarketing explica como montar campanhas de comunicação com baixo orçamento, oprofessor de direito fala sobre as categorias tributárias de pequenas empresas, e assim pordiante. (BERNARDO, N.R.R et al.).
Recentemente, em Julho/2016, a Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE)
promoveu a leitura do relatório do projeto que muda a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
para prever o estudo do empreendedorismo nos currículos dos ensinos fundamental e médio, e
na educação superior (PLS 772/2015).
Para o autor da proposta, esses conhecimentos não serão úteis apenas para os jovens
que vão se tornar empresários, mas para desenvolver um ensino mais criativo e formar
pessoas com mais iniciativa.
O texto, se aprovado, pode seguir diretamente para análise da Câmara dos Deputados.
O Projeto de Lei do Senado nº 772, de 2015, de autoria do Senador José Agripino apresenta os
dizeres:
Ementa:Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases daeducação nacional, para incluir o tema do empreendedorismo no currículo da educaçãobásica.Explicação da Ementa:
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Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB), para dispor que os currículos doensino fundamental, anos finais, e do ensino médio incluirão o empreendedorismo comotema transversal. Inclui, ainda, a orientação para o trabalho e para o empreendedorismocomo diretriz dos conteúdos curriculares da educação básica e, por fim, estabelece comofinalidade da educação superior o estímulo ao empreendedorismo e a inovação, visando àconexão entre os conhecimentos técnicos e científicos e o mundo do trabalho e daprodução. (BRASIL,2016).
O autor fala da importância da educação para o empreendedorismo que não tem a
pretensão de transformar crianças em empresários, mas criar uma mentalidade empreendedora
para toda a vida, e é importante para o setor público, o mundo artístico e o voluntariado. Para
ele, o empreendedorismo pode contribuir para os projetos de vida dos estudantes. (BRASIL,
2016).
O artigo 13 da Resolução CNE/CEB nº 4/2010, que define Diretrizes Curriculares
Nacionais Gerais para a Educação Básica, afirma ser o empreendedorismo questão importante
a ser tratada pela escola de forma transversal:
§ 4º A transversalidade é entendida como uma forma de organizar o trabalho didático-pedagógico em que temas e eixos temáticos são integrados às disciplinas e às áreas ditasconvencionais, de forma a estarem presentes em todas elas. § 5º A transversalidade difereda interdisciplinaridade e ambas complementam-se, rejeitando a concepção deconhecimento que toma a realidade como algo estável, pronto e acabado. § 6º Atransversalidade refere-se à dimensão didático-pedagógica, e a interdisciplinaridade, àabordagem epistemológica dos objetos de conhecimento. (BRASIL, 2010, pg. 4).
O empreendedorismo enquanto aprendizado constante também se projeta para além
dos indivíduos e deve estar presente nas pequenas e grandes organizações, nos pequenos e
grandes grupos, nas decisões e nas atitudes.
Filion (2000) exalta a relevância do empreendedorismo, que ele faça parte da filosofia
de vida das pessoas, seja para o exercício da vida profissional, seja para a construção de
projetos de futuro.
O perfil empreendedor transcende os muros da escola, envolve familiares,
comunidades, bem como os funcionários da escola como o diretor, coordenador, supervisor e
professores na busca pelo desafio da inovação.
O ciclo de aprendizagem do empreendedor pode ser realizado através do indivíduo,
que, ao desenvolver o sonho, projeta a imagem do futuro que ele deseja ter, identifica o que é
necessário para isso e então parte para buscar a sua realização.
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Embora exista a concepção de que o empreendedor já nasça com as características
necessárias para empreender com sucesso por se tratar de um ser social influenciado pelo
meio, sua tendência empreendedora pode acontecer por influência familiar, prática ou
formação na área.
Professores e alunos precisam ser agentes de transformação capazes de propor uma
sociedade de ideias democráticas, preocupadas com o bem comum, proporcionando aumento
de oportunidades e diminuição da exclusão social, intelectual e moral.
Urge a necessidade de comprometimento dos governos com um mundo melhor,
estimulando atitudes, talentos e habilidades nos jovens estudantes, que poderão evoluir ou
para um grande negócio que traga benefício ao país, ou para a realização de seus próprios
objetivos e integração na sociedade.
O filme lançado em 2017, “NUNCA ME SONHARAM”, (2017) retrata a triste
realidade de uma educação que precisa ser repensada para o bem do nosso país.
Nova ou velha, a educação tem como função primordial permitir que os jovens sonhem,possam, sem distinção de gênero, raça e, principalmente, classe. Como Darcy Ribeirodefendia, como Cacau Rhoden examina em seu belo documentário. (TORRES, 2017)
Na organização, atitudes empreendedoras são importantes na busca para atingir os
objetivos:
“Para tornar-se empreendedora, uma organização precisa sensibilizar os funcionários daimportância do trabalho de cada um para atingir os objetivos organizacionais. Todos,independentemente de seu nível de conhecimento, podem ser inovadores, desde queestimulados.” (PESSOA E OLIVEIRA, 2006).
REFERENCIAL TEÓRICO
O empreendedorismo e a educação são dois campos de estudo que requerem
desenvolvimento contínuo, pois estão sempre em constante atualização. Ambos auxiliam o
desenvolvimento do raciocínio e da criatividade buscando fazer do indivíduo um ser livre,
autônomo e integrado no seu contexto social. (MOCELLIN et al, 2008).
O grande desafio para ensinar/aprender o empreendedorismo é estabelecer um modelo
que possa ser adaptado às diversas fases do ensino escolar.
Salusse e Andreassi (2016) relatam que o ensino de empreendedorismo não apresenta
ainda uma metodologia que tenha resultados comprovados.
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Para Dornelas (2012), o empreendedorismo pode ser ensinado e aprendido por
qualquer pessoa. Empreender pode envolver a criação e gestão de negócios, ou ainda a busca
da realização dos sonhos, mesmo que estes não estejam relacionados à criação ou manutenção
de novas empresas.
Já Filion (2000) afirma que o empreendedorismo não pode ser ensinado como se
ensinam outras disciplinas e que os sistemas escolares ainda parecem inadaptados diante das
condições atuais do mercado de trabalho e necessitam urgente de medidas que propiciem um
maior desenvolvimento empreendedor.
O modelo educacional brasileiro não se integra com o modelo de educação para
formação de empreendedores, que busca no empreendedor suas origens, perfil profissional e
pessoal, universo de atuação, visão de futuro.
De acordo com Dolabela (2010) p.58,
Exige-se hoje, mesmo para aqueles que vão ser empregados, um alto grau deempreendedorismo. As empresas precisam de colaboradores que, além de dominar atecnologia, conheçam também o negócio, saibam observar os clientes e atender àsnecessidades deles, possam identificar oportunidades e buscar e gerenciar os recursos paraviabilizá-los.
O ensino do empreendedorismo é grande aliado na educação, permitindo a formação
de agentes transformadores que modificam os caminhos incertos e permitem ampliar
fronteiras.
A desigualdade social que afeta nossa juventude, vai de encontro às suas necessidadesnestes tempos em que as tecnologias da comunicação e da informação se defrontam comaltas taxas de desemprego. O aluno do ensino médio é, hoje, sujeito das ações que advêmda revolução do conhecimento. Como pessoa humana, precisa reunir formação ética,autonomia intelectual e pensamento crítico aliados à compreensão dos fundamentos técnicocientíficos dos processos produtivos. O aprendizado contínuo torna-se imprescindível àflexibilidade exigida às nova condições do mundo contemporâneo. (SEBRAE, 2000).
Compete à educação a nobre tarefa de suscitar em todos, segundo as tradições e as
convicções de cada um, no pleno respeito do pluralismo, essa elevação do pensamento e do
espírito até o universal e, inclusive, uma espécie de superação de si mesmo. O que está em
jogo – e a Comissão tem plena consciência das palavras utilizadas – é a sobrevivência da
humanidade. (DELORS, 2010).
Chaves e Parente (2011) afirmam que o ensino de empreendedorismo precisa ter um
envolvimento ativo da escola e dos professores, e que o processo ensino aprendizagem
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aplicado e inovador pode complementar o processo ensino-aprendizagem convencional com
sucesso, contribuindo para a cidadania ativa e integração no mercado de trabalho.
Para Imaginário, S. et al (2014) é necessário e urgente desenvolver e implementar
ações que visem fomentar o empreendedorismo através de projetos centrados no aprender-
fazendo e no uso da imaginação, da criatividade e da inovação.
Mendes (2007) entende que a importância na educação para o empreendedorismo não
é a preocupação em tornar os educandos empreendedores, mas apresentar as ferramentas
necessárias para alguém se tornar empreendedor.
OBJETIVO
A tese encontra-se em desenvolvimento, no entanto, como objetivo geral espera-se
propor procedimentos que permitam incluir o tema empreendedorismo no currículo da
educação básica, preferencialmente no ensino médio onde se constatou uma lacuna bastante
acentuada no desenvolvimento de atitudes empreendedoras nos alunos.
Programas baseados no ensino de empreendedorismo visam disseminar a cultura
empreendedora nas instituições de ensino médio de forma a propiciar aos alunos práticas que
lhes possibilitem vivenciar o empreendedorismo, bem como desenvolver novas habilidades e
ter uma atuação mais reflexiva e inovadora frente aos acontecimentos do dia a dia.
METODOLOGIA
A partir de amostras que serão selecionadas de um universo de alunos do ensino médio
que já tem contato com ensino de empreendedorismo, mediante entrevistas e observação em
sala de aula, é possível traçar um panorama do que tem sido o aprendizado e o que pode ser
melhorado.
As respostas às entrevistas possibilitarão conhecer o perfil do aluno, suas origens,
perfil empreendedor, universo, visão de futuro, desafios e pensar esses fatores à luz da
conjuntura estrutural do país e ao modelo educacional brasileiro.
Uma abordagem qualitativa trará insights significativos e possibilitará uma
comparação entre que o vem sendo aplicado em termos de ensino de empreendedorismo e o
que poderá ser acrescentado para aperfeiçoar o aprendizado.
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Importante acrescentar que órgãos voltados para o ensino de empreendedorismo, como
o SEBRAE, serão parte relevante do universo estudado e trarão importante apoio tecnológico
a essa proposta.
A educação empreendedora proposta pelo SEBRAE para o ensino fundamental incentivaos alunos a buscar o autoconhecimento, novas aprendizagens, além do espírito decoletividade. A ideia é a de que a educação deve atuar como transformadora desse sujeito eincentivá-lo à quebra de paradigmas e ao desenvolvimento das habilidades e doscomportamentos empreendedores. (SEBRAE/SP)
A pesquisa teórica, com análise dos trabalhos existentes até o momento voltados para
o empreendedorismo aplicado no ensino médio, aliada a uma pesquisa empírica a fim de se
verificar a assimilação dos resultados das aulas de empreendedorismo, fornecerão importantes
subsídios na avaliação dos resultados, se foram satisfatórios tanto para os professores quanto
para os alunos envolvidos.
A pesquisa empírica lida com processos de interação e face-a-face, isto é, o pesquisador nãopode elaborar a pesquisa em “laboratório” ou em uma biblioteca – isolado e apenas comlivros à sua volta. Nesta modalidade da elaboração do conhecimento, o pesquisador precisa“ir ao campo”, isto é, o pesquisador precisa inserir-se no espaço social coberto pelapesquisa; necessita estar com pessoas e presenciar as relações sociais que os sujeitos-pesquisados vivem. É uma modalidade de pesquisa que se faz em presença. (MEKSENAS,2002).
A metodologia Bardin (1977) possibilita uma análise documental, estudo dos dados
quantitativos e qualitativos, buscando a integração dos mesmos, associando-se o estudo dos
trabalhos encontrados sobre o assunto. A análise do conteúdo possibilita identificar dados
como o perfil, escolaridade, o nível de interesse no assunto, o foco das atividades e as
expectativas dos alunos e professores em relação ao futuro.
A análise do conteúdo é considerada uma técnica para o tratamento de dados que visa
identificar o que está sendo dito a respeito de determinado tema.
A análise do conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações. Não se tratade um instrumento, mas de um leque de apetrechos; ou, com maior rigor, será um únicoinstrumento, mas marcado por uma grande disparidade de formas e adaptável a um campode aplicação muito vasto: as comunicações. (BARDIN, 1977, p.31)
Com uma abordagem acentuadamente humanista, a metodologia elege como tema
central não o enriquecimento pessoal, mas a preparação do indivíduo para participar
ativamente da construção do desenvolvimento social, com vistas à melhoria de vida da
população e eliminação da exclusão social. (DOLABELA, 2003).
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A pesquisa qualitativa exploratória fará compreensão em profundidade dos perfis
empreendedores, estudando de forma geral o comportamento humano e as tendências
empreendedoras.
A coleta de dados ocorrerá por meio de aplicação de questionário e observação das
opiniões e atitudes dos personagens envolvidos.
É parte importante da pesquisa avaliar, através de observação, entrevistas e
questionários:
-o perfil do professor e sua visão em relação às disciplinas ministradas, avaliando o
comportamento dos alunos e sua motivação;
-o autoconhecimento e as necessidades dos alunos e a importância dos espaços sociais
para a formação das atitudes e do comportamento, suas necessidades e seus valores;
-a compreensão do comportamento professor/aluno e as influências do meio;
-a visão dos professores no ensino do empreendedorismo, considerando os métodos
tradicionais;
-as tendências dos alunos à postura criativa.
RESULTADOS PARCIAIS
Relatos observados na literatura confirmam que a educação empreendedora ainda não
tem um currículo estabelecido. (ZAMBON, 2013). Surgem então as questões: quais temas
fazem parte da educação empreendedora? Quais comportamentos devem ser desenvolvidos?
Quais temas e comportamentos devem ser desenvolvidos no ensino fundamental; quais no
ensino médio, e quais no ensino superior?
Considerando-se este cenário, na tentativa de buscar uma melhor compreensão quanto
aos temas e competências que compõem a Educação Empreendedora, foram elencados temas
mais frequentes encontrados em pesquisas aplicadas nos diversos segmentos da educação. A
proposta partiu da observação de experiências representativas da educação empreendedora,
sistematizando as informações, identificando e comparando eventuais tendências por
modalidade de ensino - ensino fundamental, médio e superior.
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Os resultados obtidos (Zambon, 2014), indicam que o Ensino Fundamental tem foco
acentuado no Comportamento Empreendedor. No Ensino Médio, há uma tendência menos
acentuada no Comportamento Empreendedor. No Ensino Superior, há um equilíbrio de
prioridades entre comportamento empreendedor e negócios nas experiências brasileiras. Nas
experiências no ensino euperior realizadas no exterior, o foco é muito forte no comportamento
empreendedor.
Com base na análise dos resultados da pesquisa, propõe-se a criação de um modelo
que possibilite integrar empreendedorismo e competências empreendedoras para o
enriquecimento do aprendizado do aluno de ensino médio, preparando-o para o mercado de
trabalho e para a vida.
CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
Este trabalho considera pesquisas do mestrado em ensino de empreendedorismo e está,
agora, reiniciando o trabalho em curso de doutorado, nesse campo ainda tão pouco conhecido.
O foco é o ensino médio, pois se entende haver lacunas profundas neste nível de
ensino que tornam o dia a dia escolar menos interessante ocasionando a evasão de grande
parte dos estudantes.
Até o momento, temos apenas que o ensino de empreendedorismo no Brasil não tem
tido o avanço esperado, principalmente no ensino médio, a princípio por ainda não serem
conhecidas técnicas eficientes para o aprendizado.
É importante ressaltar que, com todo o aparato moderno e sofisticado das mídias e das
tecnologias da informação pode-se ter esperança de contabilizar importantes avanços no
ensino e aprendizado de empreendedorismo.
Expresso aqui a certeza de poder contribuir na identificação e novas formas de se
ensinar e aprender empreendedorismo no ensino médio, esse segmento tão marcado pela
inexistência de motivação, falta de qualidade, desinteresse e desigualdades.
Espera-se conseguir, com esta proposta, um rompimento do velho modelo existente
fazendo com que o aprendizado perpasse os limites da escola e se transforme em ferramenta
que desenvolva comportamentos empreendedores em profissionais de sucesso tornando-as
pessoas mais felizes e realizadas.
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