atitudes do consumidor

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Org. Marcelo Neri atitudes dos consumidores e acesso a mercado das microempresas brasileiras

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Page 1: Atitudes do consumidor

O r g . M a r c e l o N e r i

atitudes dos consumidorese acesso a mercado das microempresas brasileiras

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Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae, 2008

Adelmir Santana

Presidente do Conselho Deliberativo Nacional

Paulo Tarciso Okamotto

Diretor-presidente

Carlos Alberto dos Santos

Diretor de Administração e Finanças

Luiz Carlos Barboza

Diretor técnico

Raissa Rossiter

Gerente Unidade de Acesso a Mercados

Centro de Políticas Sociais

Instituto Brasileiro de Economia

Fundação Getulio Vargas

Realização

Marcelo Cortes Neri

Coordenação Técnica

Equipe do CPS

Luisa Carvalhaes Coutinho de Melo

Samanta dos Reis Sacramento

André Luiz Neri

Carolina Marques Bastos

Paloma Madanelo de Carvalho

Ana Lucia Calçada

Roberto Neri (Externo)

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S E T E M B R O D E 2 0 0 8

atitudes dos consumidorese acesso a mercado das microempresas brasileiras

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Atitudes dos consumidores e acesso a mercado

das microempresas brasileiras

Os microempreendedores quando perguntados sobre as principais dificulda-des e desafios de seus negócios elencam no topo de suas percepções aspectos mercadológicos como “a falta de clientes” e “a concorrência” vis-à-vis a ele-mentos de oferta, como acesso a insumos, à tecnologia, aos recursos humanos e administrativos, ou mesmo ao crédito. Essa percepção da importância des-ses elementos está presente no Brasil e em outras partes, entretanto, a maior parte de análises e ações públicas se volta para elementos de oferta e não para as restrições mais prementes percebidas, que são de demanda. Este trabalho aborda a questão do acesso a mercado das microempresas brasileiras tanto da perspectiva de como as empresas percebem e agem sobre os demandantes de seus bens e serviços bem como da forma que estes demandantes agem em relação aos bens e serviços produzidos pelas empresas. Heuristicamente, o foco deste trabalho não é sobre o lado da demanda, ou sobre o lado da oferta de bens e serviços, mas sobre os caminhos entre estas duas dimensões. Como esses encontros e desencontros entre oferta e demanda se dão em ambientes de mercado com características específicas, tratamos de alguns setores de ati-vidade mais relevantes na carteira de projetos do SEBRAE, a saber: turismo, comércio varejista, têxtil e confecções, madeira e móveis, leite e derivados, aqüicultura e pesca, alimentos, petróleo e gás, tecnologia da informação, cou-ro e calçado. Desenvolvemos análise conceitual e empírica das modalidades de acesso a mercados das microempresas brasileiras, sua difusão, seus deter-minantes e seus impactos nesses setores específicos.

Similarmente, a análise é feita em dois níveis. Em primeiro lugar, estudamos como a microempresa chega aos seus consumidores, aí incluindo não só os indivíduos e suas famílias como outras empresas nacionais grandes ou pe-quenas, governos e setor externo. Avaliamos o uso dos instrumentos de apoio microempresarial de cunho mercadológico e de seus impactos sobre o fatura-mento das empresas. Relacionamos variáveis de acesso ao mercado a atributos pessoais dos microempreendedores dos mercados formal e informal, e a outros aspectos da dimensão produtiva e financeira dos negócios de forma a enten-der as sinergias existentes entre diferentes aspectos dos pequenos negócios, associados nessa perspectiva da oferta relativa à demanda. O segundo aspec-to complementar tratado é como o consumidor encara a oferta de produtos e serviços das empresas. Neste caso, a ênfase recai sobre a demanda de pessoas físicas por grupos de bens e serviços. Traçamos o perfil socioeconômico dos consumidores correntes, assim como do conjunto da população. A análise in-clui, portanto, a demanda presente como potencial dos produtos e serviços dos negócios.

Um objetivo complementar deste projeto é processar, reunir e disponibili-zar de maneira amigável um vasto acervo de informações sobre o funciona-mento, as limitações e as potencialidades do acesso ao mercado dos peque-nos produtores, negociantes e empreendedores urbanos, na sua relação com a clientela de seus bens e serviços. Processamos microdados de diversas outras pesquisas domiciliares e de estabelecimentos, como a POF, a Ecinf, a

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PNAD e o Censo Demográfico para captar causas e conseqüências práticas de estratégias de acesso a mercados em alguns setores selecionados. O sítio do projeto permite ao usuário estender os resultados deste relatório − ou outros de interesse − a localidades e segmentos específicos. Também permi-tindo a cada um analisar o acesso aos mercados consumidores desde uma perspectiva e interesses próprios. De maneira geral, o projeto busca contri-buir para o aprimoramento de estratégias de acesso a mercado no mapa das ações de apoio microempresarial.

Palavras-chave

1. A cesso a mercado

2. Consumo

3. Mercado de bens e serviços

4. Apoio microempresarial

5. Vendas

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Sumário

I. Introdução ............................................................................................................. 11

1. Motivação ......................................................................................................................................................122. Objetivos do projeto ..................................................................................................................................133. Plano do relatório ........................................................................................................................................14

II. Metodologia Empírica.......................................................................................... 15

1. Descrição geral .............................................................................................................................................162. Bases de dados .............................................................................................................................................17 Bases utilizadas ............................................................................................................................................18

POF .............................................................................................................................................................18Ecinf ...........................................................................................................................................................19PNAD .........................................................................................................................................................20

Outras bases de dados (passíveis de extensões futuras) ..............................................................213. Técnicas utilizadas .......................................................................................................................................25

Análises univariadas e bivariadas ..........................................................................................................25Análises multivariadas ...............................................................................................................................25

4. Apresentação dos resultados ..................................................................................................................26Sistemas de informação ............................................................................................................................26Simuladores ...................................................................................................................................................26Panoramas ......................................................................................................................................................26

5. Elementos da análise empírica ...............................................................................................................27Taxonomia de efeitos .................................................................................................................................27

III. A Visão do consumidor: teoria............................................................................ 29

1. Fundações teóricas .....................................................................................................................................30 Muitos períodos e o ciclo da vida ..........................................................................................................30 O consumo acompanha a renda? .........................................................................................................31 Perfis do consumo ao longo da vida ....................................................................................................32 O consumo e a taxa de juros ...................................................................................................................332. Motivos de longo prazo ............................................................................................................................34

Ciclo da vida ..................................................................................................................................................34Uma visão complementar .................................................................................................................34

Restrições por liquidez e indivisibilidades..........................................................................................35Precaucional ...........................................................................................................................................36Herança ....................................................................................................................................................37

3. Sumário da literatura .................................................................................................................................38

IV. A Visão do consumidor: evidência empírica ..................................................... 41

1. Visão geral .....................................................................................................................................................422. Mercado corrente ........................................................................................................................................42

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Panorama das despesas ............................................................................................................................42Simulador de despesas ..............................................................................................................................54

3. Panorama das aquisições .........................................................................................................................56

V. A Evolução temporal da renda............................................................................ 61

1. Visão geral ......................................................................................................................................................622. Tendências temporais e mercado potencial .....................................................................................65

VI. O Produtor e o acesso a mercado: a oferta encontra a demanda em setores específicos ............................................................................................................ 71

1. Visão geral ......................................................................................................................................................732. Panorama dos pequenos produtores ..................................................................................................75

Entre setores ..................................................................................................................................................75Por setores ......................................................................................................................................................81

3. Simulador de comercialização................................................................................................................834. Desempenho microempresarial ............................................................................................................85

VII. Mix de marketing: estratégias de acesso a mercados .......................................... 99

1. Visão geral ................................................................................................................................................... 1002. Análise SWOT ............................................................................................................................................. 1013. Mix de marketing ..................................................................................................................................... 102

VIII. Conclusões.......................................................................................................... 103

Referências ................................................................................................................................................................ 105

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Visão esquemática

Visão meso das despesas e produçãoDados setoriais

AlimentosComércioCouro e calçadoLeite e derivadosMadeira e móveisPescaPetróleoTecnologia da informação TêxtilTurismo

AtributosO que? Produtos e serviços

Onde? Locais de compra Como? Forma de pagamento De quem? Empresas ofertantes

Para quem? Demandantes (Empresa, governo, setor externo)

Por que? Motivações Quando? Idade, anos e gerações Quando? Tendências, ciclos e sazonalidades

Site: www.fgv.br/cps/atitudesdoconsumidor

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I. Introdução1

1 Agradecimentos a toda equipe do SEBRAE pelas valiosas direções, debates, sugestões e apoio dados durante o decorrer da pesquisa e em particular a Raissa Rossiter e Unidade de Acesso a Mercados (UAM).

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1. Motivação

Na escolha de um elenco de políticas fomentadoras das atividades empresariais em geral, devemos avaliar a efetividade da restrição de escassez, enfrentada pelos microempresários, em relação aos diversos tipos de recursos. Nesse sentido, estamos mais especificamente interessados na aplicação de estratégias que propiciem melhora do acesso aos mercados consumidores, e conseqüentemente, ao aumento de demanda dos produtos e/ou serviços produzidos. Segundo tabulações com base na Pesquisa de Economia Informal do IBGE/SEBRAE Nacional, que cobrem empresas urbanas com cinco empregados ou menos em 2003, a principal dificuldade para desenvolver algum empreendimento é a falta de clientes em 25,65% dos negócios. A concorrência muito grande − 20,65% − também se destaca entre as dificuldades percebidas pelos pequenos empresários. Essa soma de dificuldades perce-bidas pelo lado da demanda de 46,30% supera a soma de todos os itens relativos a dificul-dades do lado da oferta com 18,32%. Nesse quesito de oferta, uma dificuldade relevante das empresas está relacionada a problemas de infra-estrutura e instalação física (4,13%). Outros elementos de oferta, como baixa qualificação de mão-de-obra e problemas com a fiscalização, permanecem em patamares baixos, com menos de 1% das múltiplas menções. Assim, 19,1% das empresas reportam como principais as dificuldades do lado financeiro com 19,1% das empresas como a falta de capital próprio (12,5%) e a escassez de crédito (6,5%). Apenas 16,1% das microempresas não reportaram dificuldades. Esse conjunto de dados nos leva à conclusão de que existe um problema de financiamento ou de acesso a mercados financeiros, mas de importância relativa inferior à dificuldade encontrada no acesso a mercado de produtos e serviços.

Com vimos, os dados relativos às principais dificuldades percebidas pelos pequenos em-presários indicam a necessidade de implementação de estratégias políticas de demanda direcionadas a esses segmentos. Complementarmente, a receita média das nanoempresas caiu cerca de 20% entre os anos de 1997 e 2003 (de R$ 2.183 para R$ 1.754, mensais a valores constantes de 2003), enquanto que o lucro caiu apenas 7%. A manutenção dos lucros ge-rados deu-se em função do enxugamento dos custos e não pelo aumento do faturamento. Ou seja, parece que as empresas fizeram uma reestruturação produtiva, uma reengenharia silenciosa, melhorando a estrutura de custos, mas as condições de acesso a mercado se deterioraram.

Em suma, os dados da Ecinf demonstram por elementos subjetivos e objetivos que entre os principais problemas apresentados pelos nanoempresários está o acesso a mercados para bens e serviços, enfatizando a relevância de políticas de demanda. Mais forte do que a escassez de oferta de recursos privados, sejam capitais físico sejam humano ou social, é a escassez de demanda por produtos e serviços das microempresas. Nesse sentido, o uni-verso aqui analisado constitui um laboratório privilegiado acerca dos constrangimentos e carências que devem ser combatidos por meio da ação institucional do SEBRAE e de suas interações com outras decisões privadas e públicas. Nesse contexto, a implantação de políticas do lado da oferta, como microcrédito, assistência técnica e treinamento não são suficientes para o bom desempenho microempresarial, se não há um efetivo dire-cionamento ao mercado para absorver os produtos e serviços ofertados nesse segmento. Isso passa pelo conhecimento detalhado do mercado, a analise do público-alvo, a defini-ção de estratégias de acesso e a combinação desses elementos com pesos diferenciados por segmento e empresa visando à abertura e à consolidação de novos mercados. Essas são condições necessárias ao bom andamento dos negócios.

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2. Objetivos do projeto

Este projeto tem como objetivo subsidiar a aplicação de ações de incremento do acesso a mercado de bens e serviços nas atividades microempresariais brasileiras. Enfatizamos a análise das limitações, recursos e atitudes de pequenos empresários no que se refere a seus mercados finais.

Procuramos subsidiar a aplicação de ações de incremento da demanda das atividades microempresariais brasileiras. Ressaltamos na análise as limitações, os recursos e as atitudes de pequenos empresários no que se refere à área de comercialização de bens e serviços desagregados para dez subsetores: turismo, comércio varejista, têxtil e con-fecções, madeira e móveis, leite e derivados, aqüicultura e pesca, alimentos, petróleo e gás, tecnologia da informação, e couro e calçado definidos pelo SEBRAE. Essa es-colha deriva dos segmentos aos quais a instituição recebe tradicionalmente maior de-manda de apoio em conjunção com a oferta de dados e de soluções factíveis. Mapeamos a partir do binômio tipo de atividade/estrutura de vendas a localização geográfica e sociodemográficas da clientela corrente e potencial dos segmentos. O projeto disponi-biliza um acervo detalhado de informações dos diversos fatores que contribuem para o incremento da atividade microempresarial, enfatizando a importância do conheci-mento, da definição correta do público-alvo e da estratégia de difusão. Isso passa pela resposta a algumas perguntas básicas: a primeira é o que comercializar? Já que geral-mente o pequeno empreendedor produz o que gosta, e não o que o mercado quer, mas isso nos remete à questão de como fazer? Qual seria a combinação ótima de elementos mercadológicos? Isso remete a decisões sobre preço, pontos de distribuição e formas de difusão, e o peso de cada uma no conjunto final. A pergunta está também relacionada a quem atender, ou seja, que público-alvo (ou segmento) focar e quando deveria a meta ser perseguida considerando as tendências econômicas e demográficas, sazonalidades ou até mesmo qual estágio do ciclo da vida das pessoas (adolescentes, terceira idade, etc.), deve ser privilegiado nas ações de abertura de novos mercados. A pergunta se-guinte é onde buscar a meta de incremento de demanda. Recorreremos à análise deta-lhada do espaço, no qual heuristicamente a oferta e demanda se encontram, partindo

das localidades geográficas (estados, municípios, região administrativa, etc.) e chegando em outras unida-des físicas (exterior, outros estados, mesmo bairro, etc.), ou virtuais (te-levendas, e-commerce). Finalmente, devemos perguntar por que, isso é, encarar o processo de produção e de compra de bens e serviços como um meio pelos quais firmas e consumi-dores seguem para se chegar ao fim, que é a satisfação final, ou o sonho de consumo que o comprador almeja alcançar.2

2 Porexemplo,algumasdasprincipaisfirmasdetelefoniamóvelqueanteriormentesechamavamdeTelefônicaeATLmudaramosseusnomesparaVivoeClaro,refletindoamudançadeperspectivadademandadoserviçodefimparameiodealcançar.

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De maneira geral, o ponto de partida é a importância estratégica de ações de apoio merca-dológico, a maior dificuldade percebida pelos microempresários do Brasil. Na confecção deste trabalho processamos e reunimos, em primeira mão, diversas bases de microda-dos. Essa base integrada oferece a oportunidade ímpar de estudarmos interações do pro-grama com ações de apoio microempresarial e políticas públicas diversas, em particular programas de transferência de renda, como o programa Bolsa-Família, aposentadorias e pensões. Discutimos a possibilidade de arranjos complementares que visam a melhorar a informação das empresas acerca dos seus clientes potenciais e como conseqüência ex-pandir as vendas.

3. Plano do relatório

Além dessa introdução com os objetivos do projeto como um todo e das conclusões, o trabalho está organizado em quatro capítulos centrais complementados por anexos téc-nicos distribuídos da seguinte forma: no segundo capítulo detalhamos a metodologia empírica adotada ao longo do trabalho, descrevendo cada base de dados e as técnicas econométricas utilizadas. No terceiro capítulo oferecemos uma visão conceitual geral sobre o consumo e o acesso ao mercado, em particular, analisando principais caracterís-ticas e mecanismos utilizados. No capítulo quatro abrimos, a partir da Pesquisa de Or-çamentos Familiares (POF), uma análise do mercado corrente dos setores, combinando atributos pessoais, geográficos e de variáveis ligadas a percepções subjetivas dos indiví-duos. No capítulo cinco traçamos com base na Pesquisa Nacional de Amostras a Domi-cílio (PNAD), as principais tendências da população brasileira, funcionando como um mapeamento do mercado de clientes potenciais, suas famílias e o ambiente social no qual estão inseridos. No sexto capítulo analisamos em detalhe, a partir da Pesquisa Economia Informal (Ecinf), o acesso a mercados pelas microempresas brasileiras com uma série de estatísticas descritivas sobre como a oferta de bens e serviços dos diversos setores de atividade chega aos consumidores e como os microempresários vêem esse trajeto. No sétimo capítulo abordamos os elementos do mix de marketing das empresas.

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II. Metodologia empírica

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1. Descrição geral

A parte empírica da pesquisa consiste no processamento, consolidação, descrição e aná-lise de um conjunto amplo de base de microdados e de informações secundárias, que permitirão identificar quais seriam as principais carências e potenciais dos pequenos ne-gócios no campo das vendas. Essas fontes permitirão analisar o comportamento da clien-tela. Utilizaremos pesquisas específicas sobre micro e pequenas empresas combinadas às pesquisas de orçamentos e de domicílios, combinando elementos de oferta e demanda. Apontaremos ao fim do trabalho diversas outras direções complementares com base em outras pesquisas domiciliares e de estabelecimentos.

O processamento de inúmeras bases de microdados permite conhecer detalhadamente as características e as principais dificuldades que afetam o funcionamento das unida-des produtivas de trabalhadores autônomos e empregadores com até cinco empregados nos domicílios. A vantagem é captar aquelas atividades excluídas, ou que são apenas parcialmente captadas, por pesquisas de estabelecimentos formais e pela rede de arre-cadação tributária oficial. Informações específicas sobre os empreendimentos e formas de atuação serão investigadas, como, por exemplo, a composição/tipo da clientela (in-cluindo órgãos governamentais); localização dos clientes (outros bairros, municípios, estados, países); fixação de preços (se negociam, dados pela concorrência, custos); tipos de vendas (a vista, a prazo); planos futuros; assistência recebida (técnica, jurídica, fi-nanceira); demanda por assistência; apoio à comercialização; utilização de serviços de informática, entre outras.

Pesquisas específicas permitirão analisar a estrutura da demanda por bens e serviços utilizando os domicílios como unidades de análise. Possibilitam um conhecimento de-talhado dos produtos adquiridos em cada unidade de consumo, além de quantidades e preços, possibilitam cálculos da sensibilidade frente a políticas de preço ou cenários externos de evolução de renda. É possível mapear, também, os locais utilizados para aquisição dos produtos (ex: feiras, supermercados, quiosques, entre outros).

Grande acervo de bases de microdados permite a abertura espacial das informações de empresas por tamanho e segmento de atuação e também completam o mapeamento do público-alvo, por meio de diferentes características socioeconômicas. Bases espe-cíficas permitirão captar diferentes indicadores de analise de mercado. Por exemplo, suplementos especiais fornecerão referências sobre acesso a programas de transferên-cia de renda o que pode potencializar o mercado de segmentos de baixa renda. Séries atualizadas de microdados de estabelecimentos formais que possibilitam mapeamento das unidades produtivas (concorrência) com abertura por bairro (e ruas). De maneira geral, propomos realizar levantamentos estatísticos por meio da série de pesquisas realizadas nos últimos dez anos, processadas individualmente e combinadas com ou-tras bases de microdados.3 Essas informações serão tratadas pelas análises bivariadas e multivariadas (i.e., tabulações e regressões), tanto para variáveis contínuas quanto discretas.

3 Épossívelrealizarcombinaçõesdemicrodadosdediferentesbases.Porexemplo,combinar in-formaçõesgeorreferenciadasoriundasdocensodemográficocomadepesquisasorçamentárias(videLanjouweLanjouw(2000).

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O projeto dispõe de sistemas de provisão de informação interativos e amigáveis volta-dos aos gestores dos programas de acesso a mercados e aos empresários, com produtos em linguagem acessível e acompanhados de notas explicativas, tais como simuladores de probabilidades desenvolvidos a partir dos modelos logísticos binomiais e multino-miais e panoramas com informações univariadas e bivariadas, além de mapas e banco de dados disponibilizados na internet, a fim de facilitar a navegação e o entendimento dos usuários. Por exemplo, os exercícios diversos serão didatizados por esquemas e pop ups explicativos. Mostraremos de forma pedagógica e seqüencial as diversas abordagens empíricas que são na verdade extensões do mesmo tipo de análise. O trabalho busca incrementar o uso de informações de acesso a mercado para o desenvolvimento das lo-calidades, ao permitir a cada pessoa analisar a sua realidade a partir de uma perspectiva local.

Visando facilitar o entendimento das metodologias que serão adotadas para a elaboração dos produtos a serem gerados, detalham-se abaixo individualmente as bases de dados, os procedimentos econométricos que serão aplicados e os sistemas de informações. O lei-tor pode voltar para consultar os tópicos abaixo à medida que for transcorrendo a leitura do trabalho ou operação do sítio do projeto.

2. Bases de dados

O conjunto amplo de microdados fornecerá uma análise de performance dos empreen-dimentos, buscando mapear o acesso ao mercado no Brasil, tanto em nível de clientes efetivos quanto de potenciais. Utilizaremos para isso microdados de diversas bases, em particular:

a Ecinf constitui a melhor base de microdados do lado microempresarial e de suas •atitudes em relação à demanda. É uma pesquisa que investiga as características de fun-cionamento das unidades produtivas urbanas de trabalhadores autônomos e emprega-dores com até cinco empregados nos domicílios. Destacamos aqui variáveis com estru-tura do faturamento, dificuldades de acesso a mercado percebidas em face das demais, localização física da clientela, entre outras. A vantagem é captar aquelas atividades excluídas, ou que são apenas parcialmente captadas, por pesquisas de estabelecimen-tos formais e pela rede de arrecadação tributária oficial.

as pesquisas domiciliares tradicionais permitem a análise de um amplo conjunto de •atributos dos consumidores efetivos e potenciais e de suas famílias, além dos atributos dos negócios e dos proprietários dos negócios, explorando as inter-relações entre o lado pessoa física e jurídica do microempresário, o que pode orientar o mapeamento de ações que visam a fomentar o acesso ao mercado. A principal fonte de dados do pre-sente trabalho será a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) cuja finalidade princi-pal será obter a estrutura de consumo da população. A Pesquisa Nacional de Amostras a Domicílio (PNAD) permitirá análises mais atuais da evolução da renda.

Utilizaremos apenas as bases de microdados ressaltadas em itálico no esquema a seguir e procuramos oferecer ao leitor uma visão geral das possibilidades empíricas e de análise oferecidas pelo rico acervo de dados existentes no Brasil.

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Mapa de bases de microdados

Pesquisas domiciliares Pesquisas de estabelecimentos

Mercado consumidor e Performance e estratégia de vendas

mapas sociodemográficos consumidor e empresários informais e formais

POF (48 mil famílias) Ecinf (50 mil unidades)

Orçamentos dos consumidores 2003 Estabelecimentos e proprietários 1997 e 2003

Análise da decisão de gastos de consumo Elementos de estratégias de vendas

Tipos de produtos e pontos de venda Dificuldades e motivações empresariais

PNAD Estabelecimentos formais

Cross-section Anual 1992 a 2005 Pesquisas anuais e mensais comércio e indústria

Atributos do mercado consumidor: Pesquisa anual de serviços

lucro, duração e tamanho de empresa

Mapas estaduais detalhados

Mapeamento Mapeamento

Censo Cadastros de empresas

Mapas municipais detalhados Ministério do Trabalho

Monitoramento Mapeamento e Monitoramento

PME (36 mil domicílios por mês defasagem de 2 meses) Emprego Caged

Mensal com defasagem de 2 meses

De modo geral, o Censo demográfico permite captar informações similares à PNAD, mas com um detalhamento espacial em municípios e dentro deles. Assim como a PME também permitiria trazer informações similares à PNAD, mas restritas as maiores áreas metropolitanas para o ano corrente. Todas as bases supramencionadas têm a virtude de captar a operação da economia informal, o que é particularmente relevante para a análi-se em questão e podem ser complementadas por informações de mapeamento espacial e monitoramento por registros administrativos de estabelecimentos formais.

Bases utilizadas

POF

O objetivo principal da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) é a atualização da cesta bási-ca de consumo e obtenção de novas estruturas de ponderação para os índices de preços. Esses dados podem ser utilizados também para traçar perfis de consumo das famílias pesquisadas e atender a diversos interesses relacionados às áreas de estudos e de planejamento.

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A primeira POF realizada pelo IBGE ocorreu em 1987-1988 e possui a mesma abrangência geográfica da pesquisa realizada em 1995-1996, que compreendeu as Regiões Metropo-litanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Distrito Federal e Município de Goiânia. Em 1996, contou com uma amostra de 16.060 domicílios, nos quais foram obtidas as informações das despesas realizadas durante distintos períodos de referência (sete, trinta, noventa dias ou seis me-ses), cujas informações foram coletadas de outubro de 1995 a setembro de 1996.

Já em 2003, o IBGE voltou a campo e coletou informações de 48.470 domicílios. Além da realização da pesquisa em todo território nacional, a nova POF, que está sendo utiliza-da nesse trabalho, apresentou diferenças importantes em relação às anteriores, como a inclusão de aquisições não-monetárias e opiniões das famílias sobre qualidade de vida. O objetivo do uso da POF no presente estudo é traçar as características e o perfil de consumo individual e familiar dos diferentes itens produzidos por setores aqui tratados (incluindo total de gasto, formas e locais de compra).

Ecinf

Entre as bases externas a serem utilizadas, temos a pesquisa Economia Informal Urbana (Ecinf) criada pelo IBGE a fim de captar informações que permitam conhecer o papel e a dimensão do setor informal na economia brasileira, e que constitui a melhor base dispo-nível de microdados do lado empresarial da economia subterrânea. É uma pesquisa que procura identificar os trabalhadores por conta-própria e pequenos empregadores envolvi-dos em negócios com cinco ou menos pessoas, com 10 anos ou mais de idade, ocupados em atividades não-agrícolas, e moradores em áreas urbanas, nos domicílios em que eles moram e por meio deles, visando investigar as características de funcionamento das uni-dades produtivas. A vantagem é captar aquelas atividades excluídas, ou que são apenas parcialmente captadas, por pesquisas de estabelecimentos formais e pela rede de arreca-dação tributária oficial. A Ecinf permite dar um mergulho no funcionamento da chamada economia subterrânea, que fica tradicionalmente à margem das estatísticas oficiais.

O planejamento desta pesquisa iniciou-se em 1990 com os primeiros resultados dos Cen-sos Econômicos de 1985. Em 1994 foi realizada uma pesquisa piloto no Município do Rio de Janeiro. Porém, a pesquisa somente foi de fato implementada em 1997, abrangendo todos os domicílios situados em áreas urbanas no Brasil. A Ecinf só voltou a ser realizada novamente, então, em 2003, com o apoio do SEBRAE, incluindo informações mais deta-lhadas sobre as características individuais dos proprietários.

Em 1997, a pesquisa coletou dados de 44.711 unidades econômicas distribuídas entre as áreas urbanas de todas as unidades federativas e, em 2003, essa amostra foi de 54.595 domicílios selecionados. Portanto, a Ecinf consiste em uma pesquisa rica em dados e pos-sui uma amostra suficientemente grande para gerar análises e inferências consistentes. Além disso, é importante ressaltar que as pesquisas de 1997 e 2003 foram feitas na mes-ma época do ano, o que elimina o risco de fatores sazonais interferirem no resultado.

A pesquisa adota um recorte urbano, não só metropolitano, mas por outro lado ela deixa de cobrir as atividades não-agrícolas desenvolvidas por moradores de domicílios em áre-as rurais. Tal procedimento é justificado não só pela heterogeneidade apresentada entre os setores rurais e urbanos, como pela característica do negócio e pela própria exigência do trabalho de campo. Parece fazer sentido restringir a Ecinf aos segmentos dos menores produtores urbanos e deixar a análise do seu complemento para outras pesquisas de

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campo, como o Censo Agrícola do IBGE.4 Eles permitem combinar perguntas referentes a estabelecimentos e àquelas relativas às famílias. Permite obter as mais diversas informa-ções sobre os micronegócios e o trabalho dos trabalhadores por conta-própria, tais como tipos de gastos em investimentos, receitas, despesas, lucro médio, capital envolvido, área de atuação, motivo da abertura do negócio, período do ano em que funciona, forma de pagamento aceitas, número de clientes e funcionários, nível de formalização, entre mui-tas outras. Enquanto outro questionário provê dados sobre características das pessoas ocupadas nas microempresas, tais como sexo, idade, nível de instrução, vínculo empre-gatício, ocupação, posição na ocupação, renda familiar, número de pessoas morando com elas no mesmo domicílio, entre outras.

Entre as principais variáveis de interesse da Ecinf para essa pesquisa estão informa-ções específicas sobre os empreendimentos e formas de atuação como composição/tipo da clientela (incluindo órgãos governamentais); localização dos clientes (outros bairros, municípios, estados, países); fixação de preços (se negociam, dados pela concorrência, custos); tipos de vendas (a vista, a prazo); planos futuros; assistência recebida (técni-ca, jurídica, financeira); demanda por assistência; apoio à comercialização; utilização de serviços de informática. Esses atributos foram pesquisados em suplemento especial co-desenhado e financiado pelo SEBRAE e desempenhará papel central neste trabalho. As dimensões de pessoa jurídica da pesquisa incluem ainda elementos como receitas, estrutura de custos, lucratividade, decisões de investimento, cumprimento da legislação, sazonalidades operacionais, duração do negócio, etc.

PNAD

A Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD) é coletada anualmente pelo IBGE desde 1976. A pesquisa abrange todo o Brasil, exceto as áreas rurais de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá, e só não é realizada nos anos em que acontece o Censo Demográfico, como 1980, 1991 e 2000 para evitar sobreposição. A partir de 1992, a PNAD foi reformulada, o questionário foi aumentado e foram realizadas mudanças conceituais, cujos impactos ainda não foram completamente definidos.

Com uma amostra probabilística de cerca de 100 mil famílias, a pesquisa contém in-formações sobre diversas características demográficas e socioeconômicas da população. Especificamente: (i) Características dos domicílios: localização, tipo e estrutura do domi-cílio, número de cômodos e dormitórios, condição de ocupação, acesso a serviços e bens duráveis; (ii) Características dos indivíduos: sexo, idade, religião, cor, raça, nacionalidade e naturalidade; (iii) Características das famílias: composição da família e relação de pa-rentesco; (iv) Características educacionais: alfabetização, escolaridade e nível de instru-ção, espécie de cursos; 5) Características da mão-de-obra: ocupação, posição na ocupa-ção, ramo de atividade, carteira de trabalho, horas trabalhadas, rendimento, contribuição previdenciária, procura de trabalho e trabalho anterior.

O objetivo do uso da PNAD neste estudo é duplo. Em primeiro lugar, permite uma vi-são mais abrangente do perfil dos empresários, incluindo aqueles com mais de cinco empregados que não fazem parte do universo da Ecinf; em segundo, permite analisar a evolução da renda e da composição dos diferentes grupos populacionais.

4 Não são consideradas pessoas ligadas a atividades criminosas, circunscrevendo a análise aoespectrodepráticaseconômicas“socialmenteaceitas”.

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Outras bases de dados (passíveis de extensões futuras)

PME

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) implantou a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) em 1980. A PME é uma pesquisa de periodicidade mensal sobre mão-de-obra e rendimento do trabalho, e inclui as seis principais áreas metropolitanas do Brasil: Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

A PME é uma pesquisa em painel e replica o esquema de amostragem da US Current Po-pulation Survey (CPS), visando a coletar informações do mesmo domicílio por oito vezes durante um período de 16 meses. É realizada em bases rotativas por meio de entrevistas mensais às famílias durante quatro meses consecutivos, retirando-as da amostra durante oito meses e em seguida as entrevistando novamente nos quatro últimos meses. Entre 4.500 a 7.500 famílias são entrevistadas por mês em cada uma das seis áreas metropolita-nas, somando, ao todo, aproximadamente 35.000 famílias. Em agosto de 1988, o tamanho da amostra foi reduzido para aproximadamente 30.000 famílias por mês. O aspecto longi-tudinal da PME – acompanhamento das mesmas pessoas ao longo do tempo – permitiria analisar o risco individual ocupacional e de renda, bem como a probabilidade de cresci-mento e de formalização dos negócios. Desde a implantação da PME, ocorreram modifica-ções na pesquisa, com o objetivo de melhor captar as características da população em idade ativa e sua inserção no sistema produtivo. Os temas tornaram-se mais amplos, englobando os efeitos conjunturais e as transformações do mercado de trabalho. Contudo, as questões gerais de demografia e de trabalho são as mesmas desde fevereiro de 1982.

A disponibilidade de informações mensais construídas a partir da Pesquisa Mensal do Emprego (PME) nos permite trabalhar com médias anuais, o que evita problemas de sazonalidade, além de permitir uma análise detalhada da dinâmica do processo. A prin-cipal restrição da PME, que está na abrangência do conceito de renda utilizado, uma vez que trabalha apenas com a renda proveniente do trabalho, não nos atrapalha tanto, na medida em que a renda do trabalho representa o lucro dos trabalhadores por conta-própria e empregadores.

A PME, assim como a PNAD, permite analisar a evolução da renda e da composição dos grupos populacionais, com a vantagem de realização mensal, tornando-se importante instrumento de monitoramento.

Censo demográfico

O Censo demográfico é uma pesquisa domiciliar que acontece de dez em dez anos e pro-cura entrevistar 10% da população brasileira em todo o território nacional. O Censo deta-lha características pessoais e ocupacionais de todos os membros dos domicílios e possui informações detalhadas sobre fontes de renda, acesso à moradia, serviços públicos e bens duráveis, entre outros. A pesquisa é restrita aos domicílios ocupados e tem como grande vantagem à possibilidade de abertura municipal e infra-municipal das informações.

O Censo permite analisar as tendências de longo prazo da população e da renda. O desenho amostral adotado compreende a seleção sistemática e com eqüiprobabilidade, dentro de cada setor censitário, de uma amostra dos domicílios particulares e das famí-lias ou componentes de grupos conviventes recenseados em domicílios coletivos, com fração amostral constante para setores de um mesmo município. A coleta de dados do

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Censo 2000 foi realizada no período de 1º de agosto a 30 de novembro de 2000, abrangen-do 215.811 setores censitários, que constituem as menores unidades territoriais da base operacional do censo. A operação censitária pesquisou 54.265.618 domicílios nos 5.507 municípios existentes no ano 2000, em todas as 27 Unidades da Federação.

Todas as bases supramencionadas têm a virtude de captar a operação da economia infor-mal, o que é particularmente relevante para a análise em questão.

Estabelecimentos formais

Pesquisa Anual do Comércio (PAC) − principal fonte de dados sobre a estrutura e o funcionamento do setor comercial, a série da PAC teve início em 1988, com o objetivo de fornecer informações anuais sobre o setor de comércio nos períodos intercensitários.

Descrever as características estruturais básicas do segmento empresarial do comércio atacadista e varejista no Brasil e suas transformações no tempo. Apresenta informações econômico-financeiras das empresas de comércio atacadista e varejista do país, abran-gendo, entre outros aspectos, dados sobre receitas, pessoal ocupado, salários, retiradas e outras remunerações, compras, estoques, formas e margem de comercialização.

Dividido em duas partes, apresentam informações do total das empresas comerciais e das empresas com vinte ou mais pessoas ocupadas. Tem como referência a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE 1.0. E o cadastro básico de seleção é o Ca-dastro Central de Empresas – Cempre

Pesquisa mensal de comércio – a partir de janeiro de 2001 apresenta tabelas com séries de indicadores, nominal e de volume, construídos com base na variável receita bruta de revenda, investigada nas empresas cuja receita bruta provenha predominantemente da atividade comercial varejista.

Pesquisa Anual de Serviços (PAS) – a PAS representa a principal fonte de dados sobre a estrutura e o funcionamento dos serviços empresariais não-financeiros, com detalha-mento regional, fornecendo informações relevantes para os planejamentos público e pri-vado.

A pesquisa, cuja série iniciou-se em 1998, apresenta informações sobre a situação econô-mico-financeira das empresas, como receitas, valor bruto da produção, valor adicionado, custos e despesas, pessoal ocupado e gastos com pessoal, entre outras, apresentadas para segmentos selecionados do setor produtor de serviços empresariais não-financeiros do país, com destaque para as empresas com vinte ou mais pessoas ocupadas. Esses seg-mentos abrangem os grupos de atividades ligadas aos serviços prestados às famílias; serviços de informação; serviços prestados às empresas; transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio; atividades imobiliárias e de aluguel de bens móveis e imóveis; serviços de manutenção e reparação; e outros serviços.

Tem como referência a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE 1.0. E o cadastro básico de seleção é o Cadastro Central de Empresas – Cempre

Pesquisa Industrial Anual (PIA) – a pesquisa constitui-se na mais completa fonte de dados estatísticos sobre o setor industrial brasileiro e reúne informações econômico-fi-nanceiras sobre esse setor, abrangendo, entre outros aspectos, dados sobre pessoal ocu-

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pado, salários, retiradas e outras remunerações, receitas, custos e despesas, e valor da produção e da transformação industrial.

A série da PIA teve início em 1966 e apresentou até 1995 resultados em anos intercen-sitários. O desenho da pesquisa leva em conta a concentração da atividade produtiva nos segmentos de maior porte, incluindo na amostra todas as empresas industriais com trinta ou mais pessoas ocupadas.

Tem como referência a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE 1.0. E o cadastro básico de seleção é o Cadastro Central de Empresas – Cempre

Pesquisa industrial mensal – apresenta tabelas com indicadores de curto prazo rela-tivos ao comportamento do emprego, dos salários e do valor da produção, tendo como unidade de coleta os estabelecimentos industriais selecionados por amostragem proba-bilística. Os resultados são divulgados para o Brasil, regiões Nordeste e Sul e os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Mapeamento e monitoramento

O CEE – Os Cadastros de Estabelecimentos e Empregados permitem mapear os empre-endimentos criados em diferentes setores da economia local. O CEE/MTE é formado a partir dos seguintes cadastros: Relação Anual de Informações Sociais (RAIS/MTE), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged/MTE), Cadastro Específico do INSS (CEI/MTE), Sistema Federal de Inspeção do Trabalho (SFIT/MTE), Sistema de Acompanhamento Estatístico e Gerencial do Seguro Desemprego (SAEG/MTE) e Cadas-tro Nacional da Pessoa Jurídica, do Ministério da Fazenda (CNPJ/MF).

O Cempre – Reúne o registro de informações referentes ao total das atividades pratica-das por cada entidade legal e em cada um de seus endereços de atuação. As unidades do cadastro são aquelas formalmente constituídas, inscritas no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ, sendo suas informações organizadas segundo níveis de detalhamento da Classificação Nacional das Atividades Econômicas – CNAE. A atualização é feita a partir de registros administrativos, como a Relação Anual de Informações Sociais – Rais – e das pesquisas anuais do IBGE nas áreas de Indústria, Comércio, Construção e Serviços.

Caged – O Caged nos permite identificar as características da evolução e dos problemas de demanda e oferta de mão-de-obra local. Consiste em um registro permanente de ad-missões e desligamentos de empregados sob o regime da CLT.

Foi criado pelo Governo Federal, por meio da Lei nº 4.923/65, que instituiu o registro permanente de admissões e dispensa de empregados.

Os dados estatísticos são apresentados por setor e subsetor de atividade econômica, em nível geográfico, permitindo que se visualize a movimentação de um município com sua respectiva microrregião ou Unidade da Federação e, em nível setorial.

Por se tratar de registro administrativo, há que se ressaltar a possibilidade de erro nas informações referentes aos municípios menores, onde a orientação aos declarantes é mais precária.

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A Rais – Relação Anual de Informações Sociais é um registro administrativo de âmbito nacional, com periodicidade anual, obrigatória para todos os estabelecimentos, inclusive aqueles sem ocorrência de vínculos empregatícios no exercício, tendo esse tipo de decla-ração à denominação de Rais Negativa.

Criada para fins estatísticos e administrativos, a Rais registra grande quantidade de in-formações necessárias ao processo administrativo (viabilização do pagamento do abo-no salarial, por exemplo) e possibilita, também, tabulações estatísticas de fundamental importância para o acompanhamento e para a caracterização do mercado de trabalho formal. Ao contrário das pesquisas domiciliares, nas quais a coleta tem objetivos especi-ficamente estatísticos, na Rais os produtos estatísticos ocorrem no curso de uma função administrativa.

O universo abrangido atualmente é de aproximadamente 2 milhões de estabelecimentos com vínculos empregatícios, contemplando cerca de 19 milhões de empregos celetistas e 5 milhões de estatutários.

Sistema de contas nacionais

Possuem periodicidade anual e permitem analisar a forma como o setor institucional participa da geração, apropriação, distribuição e uso da renda nacional e da acumulação de ativos não-financeiros, como também evidenciam as relações entre a economia nacio-nal e o resto do mundo.

As informações apresentadas mostram os fluxos de oferta e demanda dos bens e serviços e, também, a geração da renda e do emprego em cada atividade econômica. Oferecem uma visão de conjunto da economia e descrevem os fenômenos essenciais que consti-tuem a vida econômica: produção, consumo e acumulação, fornecendo ainda uma repre-sentação compreensível e simplificada, porém completa, desse conjunto de fenômenos e das suas inter-relações.

Matriz insumo-produto

As matrizes de insumo-produto são elaboradas a partir dos dados das Contas Nacionais do Brasil. As tabelas da matriz de insumo-produto estão classificadas em três grupos:

Recursos e usos de bens e serviços. Neste grupo estão as tabelas, em valor, contendo •as seguintes informações: oferta de bens e serviços, produção as atividades e impor-tações;

Consumo intermediário das atividades, demanda final e componentes do valor adicio-•nado;

Dados para passagem das contas nacionais para a matriz de insumo-produto: compre-•ende as transformações de cada vetor componente da oferta, a preço de consumidor, em uma matriz. Permitem construir uma tabela de insumo-produto, a preço básico, essencial para a preparação da matriz de insumo-produto;

Coeficientes técnicos da matriz de insumo-produto: abrange as tabelas de coeficientes •técnicos da matriz de insumo-produto.

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3. Técnicas utilizadas

Análises univariadas e bivariadas

O objetivo da análise univariadas e bivariadas é traçar um perfil descritivo de diferentes grupos de consumidores, assim como dos empreendedores, formais e informais, e de suas empresas em relação aos principais atributos pessoais, como sexo, raça, idade, esco-laridade, etc, e de variáveis relativas aos estabelecimentos como setor de atividade, local de funcionamento, número de empregados, entre outros.

A análise univariada apenas descreve a extensão ou importância de cada variável, in-formando, por exemplo, qual fração da população tem despesa com turismo, ou qual a porcentagem de pessoas sem instrução na população.

A análise bivariada, por sua vez, envolve o cruzamento de duas variáveis, mostrando como se dá a distribuição de uma variável por cada segmento. Informa-nos, por exem-plo, qual a fração das pessoas que tem condições de moradia ruins e tem despesas com turismo, ou qual o gasto médio dos indivíduos com mais de 70 anos de idade. Entre-tanto, a análise bivariada retrata o papel de cada atributo tomado isoladamente, isso é, desconsiderando-se possíveis e prováveis inter-relações entre as variáveis explicativas. Por exemplo, o fato de que negócios realizados fora do domicílio (oficinas, lojas, etc) apresentam maior faturamento não quer necessariamente dizer que o lugar dos negócios determina o desempenho, uma vez que negócios realizados fora do domicílio em lugar próprio tendem a pertencer a indivíduos mais educados e com maior renda, e possivel-mente são essas variáveis que podem estar determinando o sucesso.

Para uma descrição completa das estatísticas univariadas e bivariadas relativas a este trabalho, basta acessar os diversos panoramas presentes no site da pesquisa.

Análises multivariadas

Já a análise multivariada procurará dar conta dessas inter-relações por meio da análise de regressões de diversas variáveis explicativas tomadas conjuntamente, com o objetivo de se isolar o efeito de cada variável. Continuando o exemplo anterior, a análise multiva-riada nos permite distinguir se o que determina o faturamento é o local do negócio ou outro atributo como educação, mediante comparações de indivíduos iguais em tudo que é observável (escolaridade, renda, etc.), exceto o local de negócios.

A análise multivariada desempenhará um papel fundamental neste estudo permitindo isolar as diversas instâncias de atuação das ações. A análise multivariada consiste no desenho de regressões, que envolve a escolha de uma variável a ser explicada, uma ou mais variáveis explicativas de interesse, e algumas variáveis de controle, apenas para tirar o possível efeito dessas variáveis e nos permitir comparar indivíduos iguais naque-las características em questão. Esses exercícios de regressão nos dirão se existe alguma correlação entre as variáveis explicativas e a variável explicada, se essa correlação é sig-nificativa estatisticamente, se a correlação é positiva ou negativa e sua magnitude.

Depois de determinar quais são as variáveis a serem analisadas nas regressões, surge o desafio de “desenhar as regressões”, ou seja, determinar que fatores testaremos como explicativos das variações dos fatores estudados.

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Para uma descrição completa dos exercícios multivariados realizados neste trabalho bas-ta, acessar os simuladores presentes no site da pesquisa.

Regressão logística

Essa técnica permite analisar as chances de ocorrência de um determinado evento para um indivíduo com iguais atributos, exceto um. Por exemplo, pode-se comparar as chan-ces de indivíduos com o mesmo sexo, idade, anos de estudo, exceto a renda, de possuírem gastos com artigos têxteis. A regressão logística permite estimar as probabilidades de ocorrência de um evento dado a um conjunto de características observáveis.

Regressão de mínimos quadráticos ordinários

Trabalhamos com uma análise da correlação entre renda/despesa por meio de uma re-gressão em variável contínua que permite comparar indivíduos que são iguais em uma série de atributos observáveis menos a variável estudada. Por exemplo, a equação de despesa permite estudar o papel de cada determinante dos níveis consumo de diferentes tipos de indivíduos na economia.

4. Apresentação dos resultados

Sistemas de informação para subsidiar a decisão de gestores

Serão desenvolvidos sistemas de informações, interativos e amigáveis para subsidiar a tomada de decisão de gestores do SEBRAE. Alguns desses instrumentos poderão ser adaptados como material didático para os microempreendedores, como por exemplo:

Simuladores

Um sistema de simuladores de probabilidades foi desenvolvido a partir de modelos mul-tivariados aplicados a variáveis de interesse contínuas (ex: faturamento do negócio) ou discretas (eg. probabilidade de atuar em mercados internacionais) controlado por atribu-tos individuais e geográficos derivados de microdados. Os resultados estimados permi-tem identificar, por exemplo, vários fatores relativos ao acesso a mercados externos e seus impactos. Uma vez encontrados, todos esses fatores são sintetizamos num único indica-tivo de probabilidade. Esse exercício permite aos gestores do programa, de forma amigá-vel e interativa, calcular a probabilidade de um indivíduo, dadas as suas características sociodemográficas, geográficas e econômicas, ter acesso a mercado internacional.

Panoramas

O panorama permite obter uma visão bastante ampla de indicadores diversos cruzados com características gerais da população (demográficas, socioeconômicas e espaciais). Com ele é possível medir, por exemplo, a probabilidade de ter ou não despesas com turis-mo, em diferentes grupos, de forma simples e direta. Esse instrumento otimiza e facilita a consulta, o processamento e a análise dos dados processados neste estudo.

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5. Elementos da análise empírica

O objetivo geral do diagnóstico empírico aqui discutido é subsidiar a aplicação de ações de incremento da inserção de mercado das atividades microempresariais. Em particular, enfatizamos a análise dos recursos de pequenos empresários e empreendemos em estu-do de caso dos microempresários de segmentos selecionados. Constatamos, por exemplo, que mais forte do que a escassez de capacidade de oferta medida por meio da posse de recursos como capital físico, crédito, tecnologia, é a dificuldade de vendas. Nesse sentido o universo aqui analisado constitui um laboratório privilegiado acerca dos constran-gimentos e carências que devem ser combatidos pela ação privada e de suas possíveis interações com políticas públicas.

Na escolha de um elenco de políticas incentivadoras das atividades nanoempresariais, deve avaliar a efetividade da restrição de escassez dos diversos tipos de recursos en-frentada pelos microempresários – aqui estamos mais especificamente interessados na aplicação de políticas de acesso ao mercado.

No caso de políticas nanoempresariais, é fundamental identificar não só o potencial ge-rador da estruturação de um conjunto de ativos e passivos como a taxa de penetração nos mercados finais. Outro elemento fundamental para a determinação do potencial de cres-cimento das unidades é integrar a alocação de recursos pelas famílias para o consumo, para compras por parte de outras firmas, governo e setor externo, e decisões mercadoló-gicas no interior das pequenas firmas. A sobreposição dessas duas facetas implica enten-dimento da estrutura e funcionamento dessas empresas, devendo-se levar em conta as características dos consumidores finais.

Taxonomia de efeitos

Discutimos aqui brevemente como construir uma ligação entre resultados empíricos ge-rados e medidas que busquem a expansão do mercado das empresas assistidas.

DISTRIBUIÇÂO/COMUNICAÇÂO

ACESSO AMERCADO

CONTEXTO

ECONÔMICO

MONITORAMENTODO MERCADO

TIPOS DE AÇÔES

POR ATRIBUTOS DOSCONSUMIDORES

POR SETORES ELOCALIDADES

POR CARACTERíSTICASDO NEGÓCIO

ESFERAS DAS AÇÕES

DEFINIÇÃO DEPREÇOS EPRODUTOS

Diagrama –TIPOS E ESFERAS DE AÇÕES NA ANÁLISE EMPÍRICA

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Geralmente, existem dois grupos de políticas para o aumento das vendas, as estruturais e as operacionais. No grupo de medidas estruturais figuram, por exemplo, as mudanças nos produtos de função de inovações tecnológicas e mercadológicas. Entre as medidas operacionais, encontramos ações na área de comunicação, tais como propaganda. Em ambos os casos, a análise dos fatores correlacionados com o acesso a mercado pode ser de extrema valia na escolha do foco de medidas, sejam elas operacionais ou estruturais.

Em termos relativos à comunicação, a identificação das características dos demandantes pessoas física e/ou jurídica, formais ou informais é fundamental para orientar as ações. A diversidade setorial é fundamental e deve acompanhar a evolução de variáveis tais como pontos de venda, e preços por setor de atividade em diferentes níveis de agre-gação. Além disso, temos também ações regionais, cujo foco está na distribuição espa-cial da demanda reprimida por bens e serviços em nível regional, estadual, municipal e abaixo deste para nortear os esforços de colocação da produção no mercado. O que nos propomos fazer na parte empírica do trabalho é estudar a clientela passada, corrente e potencial das empresas em setores específicos, a fim de subsidiar o direcionamento de estratégias de acesso ao mercado.

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III. A visão do consumidor: teoria

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1. Fundações teóricas

O objetivo é fazer uma breve descrição coerente do comportamento do indivíduo, com base nas suposições usuais de racionalidade humana, podendo contar com uma grande varieda-de de evidências empíricas, incluindo a evidência de comportamentos agregados e de com-portamentos individuais. Os fundamentos teóricos têm sido uma preocupação secundária comparada com a preocupação de agregação dos dados e de prever corretamente usando modelos agregados. Enquanto podemos esperar que o entendimento da racionalidade do consumidor possa nos levar a boas previsões, a procura por fundamentos coerentes pode não ser a forma mais direta de se descobrir regularidades empíricas importantes.

A decisão de quanto consumir em geral é a decisão de se gastar dinheiro agora em opo-sição a retê-lo para financiar consumo futuro, seja para alguma razão específica ou para alguma contingência futura não especificada. Dessa forma, a base apropriada para a teoria do consumo agregado de todos os bens e serviços, vistos de forma conjunta, é a te-oria da escolha intertemporal, que analisa os dilemas (trade-offs) entre o consumo futuro ou presente. A versão mais simples possível dessa abordagem é aquela encontrada nos livros-textos de microeconomia, nos quais o consumidor, morando em um mundo com apenas dois períodos e sem incerteza, escolhe quanto gastar amanhã. É uma elaboração de dois períodos de um ponto básico a partir do qual eu vou adicionando paulatinamen-te um maior nível de complexidade. Mostramos esse material básico e como este pode ser estendido para modelar a decisão de consumo ao longo do ciclo de vida. Esse modelo oferece uma moldura teórica básica para a discussão da decisão de gasto de consumo.

No caso mais simples possível, existe um único agente que tem suas preferências defi-nidas de como consumir nos períodos 1 e 2. Como sempre os gostos são representados por uma função utilidade: u = v(c1, c2), o qual o consumidor maximiza sujeito às opor-tunidades disponíveis. Existe um único ativo, o qual o consumidor possui na quantidade A1. No começo do período1, e que aufere uma taxa de juros r2 nos investimentos feitos entre os períodos 1 e 2. O consumidor pode tomar emprestado ou emprestar o quanto quiser, porém assume-se que o mundo acabaria após o período 2 e que o consumidor não pode estar em débito no final do mundo. Se também nos abstrairmos de heranças e assumirmos que o nosso agente representativo sempre preferirá consumir mais do que menos, então os ativos serão zero no final do período 2. O consumidor também recebe uma renda do trabalho y1 e y2 em cada um dos períodos, separadamente de qualquer fluxo de renda (positivo ou negativo) ganho com o ativo. O acúmulo de ativos evolui de um período para outro de acordo com: A2 = (1 + r2)(A1 + y1 - c1).

Muitos períodos e o ciclo da vida

A idéia básica do modelo do ciclo da vida é lançar mão da idéia de alocação intertem-poral para explicar a trajetória do consumo individual com a idade. A teoria estende-se desde dois períodos, hoje versus amanhã, a um modelo com muitos períodos e idades, com os consumidores escolhendo quanto (e quando) gastar seus recursos durante o seu tempo de vida. No modelo do segundo período, o consumo é financiado pelos bens her-dados e consumidores usam o mercado de capitais para traduzir a trajetória da renda e dos ativos em termos de uma trajetória desejada de consumo. O processo de escolha é governado pelo conjunto das preferências intertemporais, que de uma forma geral, pode ser escrita da seguinte forma: u = V(c1, c2, c3, ..., cT), em que o período de 1 a T correspon-de aos anos de vida do nosso agente representativo, assim cada nível de consumo anual

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é escolhido pelo consumidor, de modo que complete o espaço vazio na função utilidade do ciclo da vida.

As preferências representadas pela função utilidade do ciclo da vida permitem uma ili-mitada relação de complementaridade e substutabilidade entre nível de consumo em diferentes períodos que dificultam a realização de proposições mais gerais a partir da teoria. Iremos discutir vários casos especiais neste relatório, mas irei me debruçar de forma mais extensa sobre o caso de preferências intertemporalmente aditivas (ou forte-mente intertemporalmente separáveis), que tem a seguinte forma: u = v1(c1) + v2(c2) + ...+ vT(cT), em que as funções felicidade v1(c1) são crescentes e côncavas. Com ou sem se-parabilidade, a utilidade é maximizada sujeita à restrição orçamentária ao longo da vida que é a óbvia generalização de (3).Note que estou usando uma taxa real de juros fixa a longo prazo para evitar uma notação um pouco mais complicada com fatores múltiplos descontados, e que, por um momento, estou trabalhando em um ambiente imaginário onde não existe incerteza.

O consumo acompanha a renda?

A evidência do perfil etário do consumo torna difícil de acreditarmos que a relação entre poupança e crescimento seja uma conseqüência do fato de que os jovens poupam agora para não poupar no futuro. Mais importante, o perfil do consumo para diferentes proporções de economias em crescimento não é consistente com as hipóteses básicas de qual consumo, que é determinado pelos recursos totais acumulados ao longo do tempo de vida dos agentes. Mas somente isso não indica que as hipóteses do ciclo de vida devam ser rejeitadas. Entre países, a variação dos gostos pode ser admitida, e outras explicações são buscadas para a relação entre poupança e crescimento. Carroll e Summers (1991) utilizam dados das Pesquisas de Gasto em Consumo nos Estados Unidos de 1960-1 e 1972-3 para desenhar idades-perfil de consumo e renda para cinco grupos educacionais e nove grupos ocupacionais. Os mode-los diferem marcadamente de um grupo para outro, embora, eles estejam muito mais está-veis no decorrer tempo, e cada caso de perfil−consumo está próximo do caso perfil−renda. Aqueles que estão nos grupos educacional ou ocupacional nos quais a renda atinge o topo por volta dos cinqüenta anos têm trajetória do consumo que também atinge o topo tarde, enquanto aqueles com pouca educação e sem trabalho especializado têm perfis de renda e consumo que atingem o topo cedo, que são baixos, ou que caem com a idade. Browning, De-aton e Irish (1985), usando dados britânicos, também acham que os perfis−consumo e renda estão sincronizados no ciclo da vida, ambos para trabalhadores manuais ou não. No Painel de Estudos de Dinâmicas da Renda de Michigan (PSID), Lawrence (1991) encontra que o consumo de alimentos das famílias mais pobres cresce menos rapidamente com a idade do que o consumo de alimentos feito pelas famílias mais ricas, um resultado que ela interpreta mostrando que a taxa de tempo−preferência está relacionada inversamente à renda. Mas as famílias mais pobres e menos educadas também têm suas rendas crescendo menos ra-pidamente, assim, mais uma vez, a evidência é consistente com o consumo seguindo a ren-da no ciclo da vida. Essas descobertas sugerem uma associação muito mais próxima entre consumo e renda, que poderia ser pensada como incompatível com as hipóteses do ciclo da vida. Enquanto está claro que uma relação simples entre consumo e renda não é uma boa alternativa, como o consumo é muito mais suave que a renda, esses resultados sugerem que vale a pena, considerando com cuidado as hipóteses adotadas, relacionar consumo e renda em períodos menores do que o ciclos de vida completos.

Um caminho é olhar para fatores que condicionam preferências e que estão correlacionados com as rendas do trabalho no ciclo da vida. Filhos são uma possibilidade, e tamanho de

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família e os gastos, que vão juntos tender a atingir o pico no meio ou depois da meia-idade em volta do mesmo tempo que a renda da família atinge o pico. Sendo um tanto mais enfá-tico, as preferências seriam diretamente afetadas pela renda, se renda e estilos de vida vêm com tipos de trabalho particulares. Modelos precaucionais e formação de hábito discutidos iriam da mesma forma reconciliando a teoria com a evidência, desde que ambos tendam a baixar o consumo cedo na vida, quando a renda também é baixa. Taxas de juros teriam uma regra similar, e se os retornos reais são maiores em economias que crescem mais rápi-do, haveria uma explicação parcial do porquê consumo em economias que crescem rápido não mais fortemente favorecem o jovem. Algumas dessas hipóteses têm problema nelas mesmas, e nenhuma tem recurso simples do vínculo direto entre consumo e renda que é característico da evidência empírica disponível. Contudo, mais pesquisa será necessária antes de termos uma evidência mais decisiva que discriminaria claramente essas hipóteses uma da outra, ou de fato coerentemente invalida as hipóteses do ciclo da vida.

Perfis do consumo ao longo da vida

Choques de gostos

Suponha que a variação com idade das funções vt(ct) pode ser capturada escrevendo-se:

v t(ct) = (1 + r) v(ct, zt),

emqueztsãovariáveisqueafetamodesejodeconsumoemdiferentespontosdociclodavida,ouseja,captamudançadegostosestruturademográficadomésticasendotal-vezmaisóbvia.Éataxadepreferêncianotempo.Seavariávelztnãomuda,acondiçãodeprimeiraordemfica:

v (ct,zt) = 1+∂1 + r

uma equação em que se tem um número de implicações.

Primeiro, note o tamanho da “mudança de gostos” zt. Suponha que r = ∂, então o lado direito de (9) é constante. Se existem períodos particulares no ciclo da vida no qual as variáveis zt fazem a utilidade marginal do consumo subir, então, sendo a função utilida-de marginal decrescente no primeiro argumento, o consumo no período deve subir. Essa simples história produz uma razoável explicação para o número de fenômenos do ciclo da vida. Quando existem mais pessoas na família, a utilidade marginal de gasto adicional vai ser alto, então o consumo doméstico ao longo do ciclo da vida teria a mesma forma da estrutura do domicílio ao longo do ciclo de vida, aumentando inicialmente com a idade média do chefe do domicílio e decrescendo depois. Nesse contexto, o baixo consumo dos idosos pode ser atribuído ao fato da utilidade marginal dos gastos serem baixos em ida-des mais avançadas, veja, por exemplo, Börsch-Supan e Stahl (1991). Pode ser também o caso de que o consumo e o lazer sejam substitutos, então, mesmo que estejam corretas as suposições usuais de que horas trabalhadas sejam dadas exogenamente, a utilidade mar-ginal do consumo será alta quando as horas de trabalho forem maiores. Essa é outra razão do consumo ser alto na idade média, veja Thurow (1969) e Heckman (1974).

A segunda implicação de (9) afeta a reação do comportamento do consumo em resposta à taxa de juros real. Note primeiramente que se zt é constante, o consumo irá crescer ou declinar com a idade dependendo de se a taxa de juros real é maior ou menor que a taxa de preferência temporal dos agentes.

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Consumo e a taxa de juros

A maximização da função utilidade sujeita a restrição orçamentária é o problema básico a ser abordado. Dado que essa é a forma usual de análise da demanda do consumidor, a maximização da utilidade sujeita a uma restrição orçamentária linear com parâmetros de preços, podemos conduzir todos os aparatos usuais da teoria de escolha do consumi-dor. Em particular, o fator desconto (1 + r2) é o preço do consumo futuro relativo ao con-sumo presente. Assim os efeitos dos ativos, da renda e dos preços podem ser analisados usando as ferramentas usuais da teoria do consumidor.

Dessa teoria do consumidor frisamos os resultados abaixo para referência futura:

(i) um aumento na taxa de juros r2: (a) barateia o consumo futuro em relação ao preço do consumo corrente, o efeito substituição; (b) permite mais consumo no segundo período, com o mesmo total de recursos e sem cortar o consumo do primeiro período, o efeito renda, e (c) se y2 for positivo, reduz o valor presente da renda do trabalho auferida ao longo do horizonte de planejamento do agente, o efeito riqueza. Os efeitos (a) e (c) agem de modo a cortar o consumo corrente, enquanto (b) trabalha no sentido oposto em vez do consumo total de mercadorias em conjunto com o serviço. Isso mostra que é implausível o efeito substituição, podendo ser muito grande, mas em alguns casos, a direção do efeito do consumo na renda não prejudica a ação da teoria. Por exemplo, isso é o mais simples exercício para mostrar que a direção do efeito da renda sobre o consumo corrente depen-de do tamanho do parâmetro.

O efeito na taxa de juros na poupança tem sido sempre uma questão central de política econômica. A teoria dificilmente sugere uma resposta definitiva a essa questão, de modo que a resposta se torne uma questão empírica.

(ii) Os impactos de aumentos na renda corrente sobre o consumo, agora ou no futuro, dependem de como a renda futura está relacionada com a renda corrente

Conseqüências mais sérias seguem do reconhecimento de que rendas do trabalho não são constantes por toda vida de trabalho. Mesmo em ocupações nos quais existem pouco treinamento, e em que produtividade depende mais da força bruta do que do cérebro. As rendas tipicamente começam em níveis baixos, aumentando com a idade antes de um eventual declínio. Em outras palavras, sempre existem alguns períodos de crescimento de renda no começo do ciclo da vida. Conseqüentemente, se o consumo é constante ao longo da vida, é possível que consumidores jovens queiram “emprestar” e não poupar, no início de suas carreiras, especialmente se eles estão em ocupações nas quais a educa-ção e o treinamento são realizados por longos períodos.

Claro que a taxas de juros positivas, o motivo precaucional, as restrições ao crédito (res-trições por liquidez), ou os efeitos de defasagem de hábitos podem atuar no sentido de reter o consumo corrente, então, pessoas jovens com rendas em formato de U-invertido podem não querer tomar empréstimos, ou não ter como tomar empréstimos. O cresci-mento rápido da população, se mantido, não só aumenta a razão do número de traba-lhadores em relação ao do número de aposentados, como também aumenta a razão do número de crianças em relação ao do número de trabalhadores, assim, o efeito líquido na poupança não é necessariamente positivo, nem existe nenhuma ligação simples entre os efeitos da população e do crescimento de produtividade.

Page 34: Atitudes do consumidor

34

2. Motivos de abstenção do consumo de longo

prazo

Keynes (1936, capítulo 15) refere-se às motivações que levam os indivíduos a demanda-rem moeda. Assim como Keynes destacou os diversos motivos para demandar moeda podemos destacar os diversos motivos de longo prazo que levam os indivíduos à acu-mulação.

Ciclo da vida

Poupar para a aposentadoria advém do desejo individual de manter um padrão estável de consumo ao longo do ciclo da vida. Em função disso, os indivíduos abrem mão de uma parcela de consumo durante a vida ativa para poder estabilizar o padrão de con-sumo na velhice, quando em geral ocorre uma queda no rendimento do trabalho. Há, portanto, uma acumulação até a data da aposentadoria, a partir daí o estoque financeiro começa a ser utilizado para complementar os recebimentos a título de aposentadoria. A versão mais simples do modelo do ciclo da vida é aquela na qual o consumo é constante ao longo da vida, não existe incerteza, a taxa de juros é nula, e a única mudança na renda que ocorre é quando o consumidor se aposenta.

A figura a seguir ilustra esse caso que Modigliani (1986) denominou como a versão sim-plificada (stripped down) do modelo do ciclo da vida. Renda é constante durante L anos de vida de trabalho (L= 40 anos, por exemplo) e igual a uma unidade, e então cai a zero nos R anos de aposentadoria (R=10 anos, por exemplo). Consumo é constante ao nível de L/(L+R) por período ou 80% da renda durante a vida de trabalho, de forma que a pou-pança é de 20% da renda por período R/(R+L), chegando ao máximo de oito vezes a renda imediatamente anterior a aposentadoria.

8

Unidade de

renda 4 Ativos financeiros

Consumo

1 Renda

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50Idade economicamente ativa

Inatividade

Uma visão complementar

A incorporação da possibilidade de endividamento no período inicial do ciclo da vida no esquema simples apresentado por Modigliani na sua Nobel Lecture nos fornece uma visão alternativa da análise do ciclo da vida. O endividamento dos grupos mais jovens pode sinalizar um mecanismo de suavização do consumo e do bem-estar ao longo do ciclo da vida. O que ocorre é que nas etapas iniciais do ciclo da vida, os indivíduos estão

Page 35: Atitudes do consumidor

35

entrando no mercado de trabalho, mas a sua renda geralmente é baixa. Se eles acreditam que irão passar por uma ascensão profissional tentarão utilizar os recursos futuros via endividamento, suavizando seu consumo e sua renda. Há duas possibilidades quanto aos empréstimos no esquema simples de Modigliani de duas formas. Na primeira os jovens conseguem contrair, na segunda eles não conseguem, neste último caso estão restrito por liquidez. Aqui nós dividimos o ciclo da vida em três etapas: os primeiros 10 anos de idade ativa do indivíduo (J), quando a sua renda é baixa (igual a 0,5 unidade monetária), os 30 anos seguintes (L) (período de auge profissional, cuja renda média do indivíduo é 1 unidade monetária) e os 10 últimos anos do ciclo da vida (R), no qual o in-divíduo se aposenta, e utiliza os ativos poupados durante o período anterior. Nesse caso, o consumo médio do indivíduo será 0,7 ((0,5x J +1x L )/ J+L+R). Assim, na fase inicial o consumo dos indivíduos é maior que sua renda e então eles irão contrair empréstimos, acumulando dívida (ativos negativos). Na segunda fase do ciclo, o aumento inicial da renda será para cobrir empréstimo, e só a partir de um certo ponto será possível acumu-lar para a aposentadoria.

No segundo caso, os jovens não conseguem empréstimos. Observamos um caso de res-trição por liquidez, no qual os indivíduos são obrigados a consumirem toda a sua renda (ou seja, 0,5 unidades monetárias). Nesse caso, na etapa inicial, a acumulação será nula. Somente na segunda fase será possível acumular ativos e suavizar o consumo. A partir dessa fase o consumo será igual a 0,75 (L/L+R).

Restrições por liquidez e indivisibilidades

Indivíduos restritos por liquidez são aqueles cujo desejo de consumo está além das dispo-nibilidades líquidas, conforme mostra a ilustração a seguir. De acordo com esta ilustração os consumidores preferem estar no ponto C, onde suavizaria o consumo entre os períodos 1 e 2. No entanto, como sua disponibilidade líquida é inferior ao seu desejo de consumo, a restrição à liquidez impede o financiamento de seu consumo corrente. Assim, o indivíduo consome toda a sua renda, ficando preso a uma solução de canto no ponto A.

C2

Y2 AC

C.I .

DL C1

- C1 e C2 representam o consumo no período 1 e 2 respectivamente

- DL são as disponibilidades líquidas do período 1, ou seja, ativos herdados do passado mais renda corrente (A0 + Y1)

- Y2 é a renda do período 2

- CI é a Curva de indiferença do agente

Page 36: Atitudes do consumidor

36

Normalmente, se esperaria que indivíduos restritos por liquidez não poupassem, já que poupança é vista como o excedente de renda em relação ao consumo. Contudo, alguns dos motivos apresentados para poupar podem ser reforçados pela existência de restri-ção por liquidez. Indivíduos restritos por liquidez seriam induzidos a acumular ativos financeiros como um “buffer-stock” contra incertezas.

Em geral, nos testes empíricos a restrição por liquidez é avaliada pelo montante de ati-vos que os indivíduos dispõem. Segundo Runkle (1991) pessoas com pouco ativo líquido teriam dificuldades em tomar empréstimos e, portanto, estariam restritas por liquidez. Contudo, autores como Deaton (1992) acreditam que a inabilidade de tomar empréstimo não implica inabilidade em poupar, podendo existir boas razões para que consumidores restritos por liquidez acumulem ativos financeiros. Restrições por liquidez poderiam induzir a uma maior acumulação de ativos, de forma contrária à preconizada pelos testes empíricos.

A acumulação para aquisição de bens indivisíveis, representados principalmente por imóveis, resulta do fato que os fluxos de renda mensal tomados individualmente não são suficientes para compra de bens indivisíveis e de alto valor unitário. Essa situação é induzida pela inexistência de mercados de crédito perfeitos, indutores de restrições por liquidez.

Poupar para aquisição de bens é, portanto resultado da interação de dois fatores: in-divisibilidade dos bens e imperfeições no mercado de crédito. Os indivíduos que se apresentam numa situação de autarquia têm que acumular recursos por conta própria, durante alguns períodos até que possam obter o bem indivisível.5 Similarmente, pesso-as que querem começar um novo negócio, freqüentemente são frustradas pela falta de acesso ao mercado de capitais, sendo forçadas à acumulação antecipada.

Precaucional

A demanda por ativos por motivos precaucionais se dá em razão das incertezas do fu-turo, que afetam o bem-estar. Dado que poupança fornece recursos que estarão dispo-níveis no futuro, quando essas incertezas serão resolvidas, a decisão de poupar estaria também relacionada com a natureza e extensão da incerteza.

Além da incerteza, a forma da função utilidade é importante para estabelecer a necessi-dade de poupar pelo motivo precaucional. A convexidade da função utilidade marginal é condição necessária para gerar um motivo precaucional para poupar. A idéia é que em tempos ruins, quando o nível de consumo é baixo, as conseqüências são muito piores do que em tempos bons, quando o nível de consumo é alto. Portanto, a desutilidade marginal de perdas em consumo próximo aos níveis de subsistência é maior do que a utilidade marginal de ganhos em tempos de relativa abundância. Com isso, indivíduos desistirão de alto consumo, quando for possível, a fim de se preparar para possíveis eventualidades. Quanto mais incerta for a renda futura maior é a poupança e menor é o consumo presente.

Um caso que pode ser solucionado explicitamente é o da aversão absoluta ao risco cons-tante.

5 AItáliaéumexemplomuitocitadodeeconomiacomaltastaxasdepoupançaporcausadoracio-namentodecrédito.

Page 37: Atitudes do consumidor

37

Suponha que o consumidor maximize:

max Et [∑ (-1/α) exp (-αCt)/0]

sujeito a

At+1 = (At + Yt - Ct)

E

Yt = Y t-1 + e t e t ~ N(0,)

O consumidor tem aversão a risco absoluto constante, com coeficiente α e vive por T pe-ríodos. A taxa subjetiva descontada é igual à taxa de juros sem risco, e elas são ambas iguais a zero. Renda do trabalho segue um caminho aleatório com inovações normal-mente distribuídas. A suposição importante é de aversão absoluta ao risco constante.

Sendo assim, consumo ótimo satisfaz a seguinte equação de Euler (equação de primeira ordem).

Ct+1 = Ct + (ασ)/2 + et (1)

A poupança seria igual a:

St = - [1/(T-t)]At + (α (T - t -1) σ) /4 (2)

A primeira equação mostra os efeitos de incerteza da renda na inclinação do caminho do consumo (Equação de Euler). Incerteza na renda mais alta e maior prudência levam a uma inclinação mais íngreme da trajetória do consumo ao longo do tempo. A equa-ção (2) dá o nível de poupança como função da riqueza, renda e incerteza. No caso de “equivalência de certezas” a solução seria dada apenas pelo primeiro termo. Prudência é refletida no segundo termo: quanto maior a incerteza, maior o nível da poupança para dados níveis de renda e de riqueza.

Esse motivo também é fortalecido pela existência de restrição a crédito. A possibilida-de de tomar empréstimos em tempos ruins é uma alternativa que transmite segurança. Contudo, se essa alternativa não pode ser utilizada, provisão de poupança deve ser feita para tais eventualidades. Sem acesso a contratos de seguro, os consumidores devem pro-ver recursos com essa finalidade por meio da acumulação adicional.

Herança

Muito do debate corrente sobre comportamento da poupança em países desenvolvidos está centrado na importância relativa dos motivos do ciclo da vida (poupar para finan-ciar o consumo durante a aposentadoria) versus herança (poupar para financiar o consu-mo dos descendentes).

Indivíduos deixam herança por no mínimo três razões:

1. Altruísmo. Há uma preocupação com as próximas gerações, então, poupa-se para suavizar o nível de consumo entre gerações.

Page 38: Atitudes do consumidor

38

2. Controle. O doador deixa bens para compensar seus herdeiros pelos serviços forneci-dos por eles durante a vida do doador.

3. Acidente. Como a maioria dos indivíduos não sabe quando vi morrer, não consegue elaborar um planejamento exato dos recursos que necessitará até o último dia de sua vida. Os indivíduos mantêm sempre com eles uma certa quantia que lhes permite viver mais do que realmente vivem, deixando, portanto, uma certa quantia quando morrem.

Uma importante fonte de incerteza no consumo é a incerteza com relação ao momento da morte do indivíduo. Quanto menor for a expectativa de vida, menor o consumo que será realizado depois da aposentadoria. Sendo assim, quanto poupar para a aposentadoria depende também do grau de incerteza.

Uma visão polar de família “altruística” foi discutida em Barro (1974). Nessa visão, as fa-mílias derivam utilidade não apenas de seu consumo presente, mas também do consumo futuro de seus filhos. Isso significa efetivamente que eles derivam utilidade do consumo de seus descendentes. Kotlikoff e Summers (1981) observaram que uma proporção subs-tancial de poupanças americanas estavam relacionadas a heranças. Outras evidências a favor de presentes entre gerações foram destacados também por White (1978), Mirer (1979), Kurz (1981,1982,1984).

Barro se baseia na hipótese de que os pais deixam heranças para seus filhos porque se preocupam com eles. Bernheim (1985) discute a segunda razão, citada anteriormente, pela qual indivíduos deixam herança, sugere que os pais usam as heranças para contro-lar os filhos. Os pais desejam que os filhos tenham atenção com eles e usam a ameaça de cortar a herança para induzir os filhos a dar-lhes atenção.

Para testar essa “motivação estratégica das heranças” foram examinados dados relativos à freqüência com que os filhos visitam os pais. Verificou-se que quanto mais ricos os pais, mais assíduas as visitas dos filhos. Além disso, só a riqueza que pode ser deixada como herança induzia maior número de visitas. A riqueza que não podia ser deixada, como pensões que cessam com a morte do pensionista, não estimulavam a visita dos filhos. Essas evidências sugerem que pode haver outros motivos para as transferências de riqueza intrageracionais do que o mero altruísmo.

3. Sumário da literatura

A teoria do ciclo da vida de Modigliani é freqüentemente apresentada como a motivação básica para demanda ao longo prazo de ativos financeiros. De acordo com essa teoria a queda da renda no final do ciclo da vida induz à acumulação prévia em forma de pou-pança por parte dos indivíduos com o desejo de manter um padrão estável de consumo ao longo do ciclo da vida.

A incorporação da possibilidade de endividamento no período inicial do ciclo da vida nos fornece uma visão complementar à análise proposta por Modigliani. Nesse período inicial, o desejo de consumo geralmente é maior que a renda, o que induziria a uma de-manda por empréstimos e não por poupança. Se os indivíduos não estiverem restritos

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por liquidez, eles irão financiar o seu consumo corrente e maximizar a suavização do seu consumo ao longo do ciclo da vida, caso contrário, ficarão presos em uma solução de canto, consumindo toda a sua renda durante o período inicial.

Segundo a vasta literatura sobre poupança, além da suavização do consumo ao longo do ciclo da vida, a poupança seria ainda induzida por três fatores principais: a) A poupança para aquisição de bens indivisíveis e de alto valor unitário num contexto de restrição por liquidez; b) Motivos precaucionais, em uma situação de incerteza com relação ao futuro; c) Herança, ou seja, caso em que se poupa para financiar o consumo dos descendentes.

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IV. A visão do consumidor: evidência empírica

Page 42: Atitudes do consumidor

42

1. Visão geral

Tratamos inicialmente das atitudes dos consumidores presentes e potenciais brasilei-ros quanto à demanda de bens e serviços, lançando mão da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). Para isso, apresentamos uma série de estatísticas descritivas sobre a demanda de bens e serviços dos diversos setores de atividade. A análise está organizada da seguinte forma representada pela árvore a seguir:

O panorama de despesas gerado pela POF permite uma meta-análise da demanda. Apre-sentamos as variáveis de gasto dos dez setores do projeto colocados lado a lado para propiciar uma visão comparativa entre eles. Os panoramas permitem cruzar variáveis de demanda, tais como volume e a parcela da população que tem gastos, com as carac-terísticas dos consumidores como sexo, idade, entre outras. Em seguida, apresentamos simuladores com base em modelos de regressão multivariados estimados sobre os mes-mos dados da POF que permitem isolar o impacto de variáveis específicas determinantes de variáveis associadas ao nível de demanda. Em seguida, complementamos a meta-análise setorial com informações desagregadas em diferentes itens que compõem cada um dos setores, além das informações sobre locais e formas de aquisição que podem ser utilizadas no direcionamento de estratégias de acesso a mercado. Ao final dessa parte do lado do consumidor, apresentamos um panorama gerado pela PNAD, que permite analisar a evolução temporal mais recente do poder de compra dos diversos segmentos consumidores.

Vejamos agora o que cada um desses três dispositivos de acesso a dados permitem.

2. Mercado corrente

I. Panorama das despesas

O panorama de meta-análise permite uma visão comparativa dos diferentes setores. Em primeiro lugar, é preciso escolher se queremos realizar uma análise em nível individual ou do conjunto da família. Algumas despesas como têxtil, por exemplo, são observadas para cada pessoa do domicílio, enquanto outras, como móveis são computadas em ca-derneta conjunta para cada domicílio. Quando a despesa é computada em cadernetas individuais apresentamos no quesito de despesa coletiva a soma das despesas de todas as pessoas do domicílio. No caso oposto, quando a despesa é coletiva por natureza, nas

RENDA

EVOLUÇÃOTEMPORAL POPULAÇÃO

PANORAMAINDIVIDUAIS

CONSUMIDOR DESPESAS

SIMULADOR COLETIVAS

Page 43: Atitudes do consumidor

43

despesas individuais rateamos igualmente o valor per capita para cada um dos membros do domicílio. Todas as despesas estão expressas em termos mensais.

O segundo nível de escolha se dá na variável que se quer analisar na qual apresentamos até seis opções: que tem despesa, valor da despesa, razão da despesa no setor/despesa total, razão despesa no setor/renda total e análise vertical.

Em seguida, escolha entre os dois universos: conjunto da população total ou somente as pessoas que têm despesas.

ANÁLISE OPÇÕES POPULAÇÃO

% QUE TEM DESPESA TOTAL

COM DESPESA

INDIVIDUAL VERTICAL

DESPESACOLETIVA

Cada uma dessas combinações pode ser analisada para o conjunto geral da população ou por subgrupos abertos por: i) atributos pessoais do consumidor como sexo, idade, anos de estudo, se freqüenta a escola, a escolaridade por raça, a posição na família; ii) carac-terísticas socioeconômicas como religião, maternidade, classe de renda familiar (A, B, C, D e E); se tem acesso a cartão de crédito, cheque especial e plano de saúde; iii) espaciais como área (metropolitana, urbana não metropolitana e rural), área urbana fragmentada (idêntica a anterior, mas abrindo a metropolitana em capital e periferia; iv) Qualidade percebida de vida, estado entre outros colocados abaixo:

Características Demográficas

PopulaçãoTotal Sexo Anos de Estudo

Freqüenta Escola ouCreche

Escolaridade Raça

Posição na Família

Características Sócio-Econômicas

Religião Condição de Fecundidade Classe (Salário)

Tem Cartão de Crédito Tem Cheque Especial ÉTitular do Plano deSaúde / Seguro -Saúde

Características Espaciais

ÁreaÁrea (Com Área UrbanaFragmentada)

Estado

Avaliação de Condição de Vida

Renda Familiar Quantidade de AlimentosTipo de AlimentoConsumido

Razão de não seAlimentar

Serviço de Água Coleta de Lixo

Iluminação de Rua Drenagem e Escoamento Energia Elétrica

Pouco Espaço Rua / VizinhosBarulhentos

Casa Escura

Telhado com Goteiras Problemas com Umidade Madeiras Deterioradas

Problemas Ambientais Problemas com Violência Condição de Moradia

Atraso no Aluguel /Prestação

Atraso na Água,Eletricidade, Gás, etc...

Atraso na Prestação deBens / Serviços

Page 44: Atitudes do consumidor

44

Características Demográficas

PopulaçãoTotal Sexo Anos de Estudo

Freqüenta Escola ouCreche

Escolaridade Raça

Posição na Família

Características Sócio-Econômicas

Religião Condição de Fecundidade Classe (Salário)

Tem Cartão de Crédito Tem Cheque Especial ÉTitular do Plano deSaúde / Seguro -Saúde

Características Espaciais

ÁreaÁrea (Com Área UrbanaFragmentada)

Estado

Avaliação de Condição de Vida

Renda Familiar Quantidade de AlimentosTipo de AlimentoConsumido

Razão de não seAlimentar

Serviço de Água Coleta de Lixo

Iluminação de Rua Drenagem e Escoamento Energia Elétrica

Pouco Espaço Rua / VizinhosBarulhentos

Casa Escura

Telhado com Goteiras Problemas com Umidade Madeiras Deterioradas

Problemas Ambientais Problemas com Violência Condição de Moradia

Atraso no Aluguel /Prestação

Atraso na Água,Eletricidade, Gás, etc...

Atraso na Prestação deBens / Serviços

Vejamos um exemplo de análise centrada nas seguintes escolhas: despesa média indivi-dual no âmbito da população total.

Análise Individual Opções Despesa

População População Total

A despesa média varia entre R$ 1,46 de peixes e R$ 203,5 do comércio em geral. Repa-rem que na escolha de divisão setorial há sobreposições: o setor de peixes faz parte de alimentação junto com outros grupos e também faz parte das vendas do setor comércio. Quando avaliamos essa despesa em nível familiar ela varia de R$ 5,28 de peixes e R$ 737,3 do comércio em geral.

População

( contagem )

Total 175845964 66,93 20,76 43,56 7,02 47,51 94,41 16,53 97,14 99,99 71,41Alimentação Leite Comércio

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

PopulaçãoTotal

Percentual (% ) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca

Em seguida, analisamos a parcela de consumidores entre os diferentes grupos da popu-lação pelas seguintes escolhas.

Análise Individual Opções % que tem Despesa

População População Total

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Page 45: Atitudes do consumidor

45

De todos os produtos analisados, o tecnológico é o menos consumido, em que apenas 7,02% da população dispõem de acesso. O acesso vai se tornando maior e menos desigual à medida que caminhamos em direção a setores que produzem bens necessários, como no caso do setor alimentos, em que 97,14% da população possuem gasto.

Em seguida, apresentamos um perfil dos consumidores, avaliando quais grupos socioe-conômicos se destacam na aquisição dos diferentes produtos.

Sexo

As principais diferenças são apresentadas nos setores têxtil, couro e turismo, sendo os dois primeiros mais consumidos por mulheres com despesas média mensal de R$ 21,00 e R$ 6,56 (contra R$ 13,67 e R$ 5,00 dos homens), enquanto no último encontramos maior proporção de homens, que gastam em média R$ 11,00 por mês contra R$ 5,43 das mu-lheres. Os demais setores apresentam no máximo 2 p.p. de diferença na proporção de consumidores homens e mulheres.

População

( contagem )

Total 175845964 66,93 20,76 43,56 7,02 47,51 94,41 16,53 97,14 99,99 71,41Alimentação Leite Comércio

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

PopulaçãoTotal

Percentual (% ) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Quando analisamos mulheres gestantes e lactantes, as diferenças entre os sexos são ain-da maiores, principalmente em itens têxteis e móveis nos quais os gastos médios são R$ 31,35 e R$ 8,22 para lactantes (R$ 26,14 e R$ 7,78 para gestantes).

População

( contagem )

Masculino 86471392 59,89 23,15 43,08 7,04 43,39 94 16,84 97,15 99,99 70,49(Feminino Não Gestante e

não Lactante) 85850580 73,59 18,49 43,3 7,13 51,57 94,98 16,15 97,13 100 72,2

Feminino (Gestante) 1487532 78,6 15,21 52,7 5,44 49,82 93,28 17,85 96,7 100 72,95

Feminino (Lactante) 2036459 81,75 17,09 61,55 3,81 53,59 90,27 17,47 97,41 100 75,59

Alimentação Leite ComércioTecnológico Couro Petróleo PescaPercentual (% ) Têxtil Turismo Móvel

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

Condição de Fecundidadde

População

( contagem )

Homem 86471392 59,89 23,15 43,08 7,04 43,39 94 16,84 97,15 99,99 70,49

Mulher 89374572 73,93 18,38 44,03 7 51,6 94,81 16,23 97,13 100 72,32

Leite Comércio

Sexo

Percentual (% ) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

População

( contagem )

Homem 86471392 13,67 10,95 6,11 1,89 5 22,3 1,43 61,76 7,28 203,12

Mulher 89374572 21,06 5,34 6,32 1,73 6,53 20,95 1,48 59,34 7,67 203,86

Leite Comércio

Sexo

Percentual (% ) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação

Panorama dos Setores - Individual - Despesa

População

( contagem )

Masculino 86471392 13,67 10,95 6,11 1,89 5 22,3 1,43 61,76 7,28 203,12Feminino (Não Gestante e

não Lactante) 85850580 20,73 5,41 6,25 1,76 6,56 21,2 1,48 59,85 7,71 205,59

Feminino (Gestante) 1487532 26,14 3,25 7,78 1,45 5,7 18,34 1,71 56,8 7,01 184,09

Feminino (Lactante) 2036459 31,35 3,93 8,22 0,68 6,07 12,25 1,34 39,94 6,64 145,25

Alimentação Leite ComércioTecnológico Couro Petróleo PescaPercentual (% ) Têxtil Turismo Móvel

Panorama dos Setores - Individual - Despesa

Condição de Fecundidadde

Page 46: Atitudes do consumidor

46

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Educação

Conforme já podíamos esperar o consumo aumenta à medida que caminhamos para ní-veis mais altos de educação. Em geral, esse crescimento se dá de forma monotônica, sen-do o setor tecnológico o mais desigual de todos (1,25% contra 28,85% dos que tem até três e mais de 12 anos de estudos, respectivamente). A desigualdade de consumo fica ainda mais evidente quando analisamos as médias de despesas. O gasto médio em tecnologia dos mais educados chega a ser 18 vezes maior. Produtos necessários como alimentos são mais uniformemente distribuídos, mesmo assim os valores gastos são pelo menos duas vezes maior.

Classes de renda

Os resultados por classes de renda evidenciam a desigualdade de consumo da popu-lação brasileira. O setor tecnológico mais uma vez é o que apresenta maior distância entre as classes (0,26% e 35,52%, nas classes E a A, respectivamente). No comércio, em geral essas taxas variam de 57,06% a 81,46% e os gastos médios de R$ 88,55 a R$ 659,67, respectivamente.

População

( contagem )

1 a 3 anos 71954731 58,17 17,74 41,86 1,25 40,73 89,45 18,09 95,75 99,98 63,27

4 a 7 anos 47284809 64,04 17,31 43,42 3,24 45,75 94,9 15,57 97,17 100 71,34

8 a 11 anos 43297218 73,1 22,03 44,68 9,08 51,69 97,29 16,05 98,02 100 76,3

12 anos ou mais 10275713 79,2 35,79 44,85 28,85 57,56 96,41 17,21 97,98 100 77,46

Ignorado 3033492 73,28 30,67 43,8 16,28 52,31 95,36 16,29 96,7 100 72,43

Alimentação Leite ComércioTecnológico Couro Petróleo PescaPercentual (%) Têxtil Turismo Móvel

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

Anos de Estudo

População

( contagem )

1 a 3 anos 71954731 5,19 1,81 4,21 0,6 1,64 12,69 1,33 45,47 5,76 140,89

4 a 7 anos 47284809 13,59 4,25 5,18 0,94 4,78 16,56 1,28 54,4 6,56 174,36

8 a 11 anos 43297218 28,55 10,54 7,98 2,42 9,64 27,51 1,47 71,3 9,01 251,97

12 anos ou mais 10275713 68,97 55,16 17,06 10,88 21,93 77,08 3,05 142,65 16,64 543,21

Ignorado 3033492 33,84 23,11 8,05 4,44 9,44 40,02 1,65 81,35 9,72 300,18

Alimentação Leite ComércioTecnológico Couro Petróleo PescaPercentual (%) Têxtil Turismo Móvel

Panorama dos Setores - Individual - Despesa

Anos de Estudo

População

( contagem )A - Acima de 25 Salários

Mínimos/Mês 8945013 74,65 34,6 45,65 35,52 53,98 97,8 19,92 98,25 100 81,46B - Entre 10 e 25 Salários

Mínimos/Mês 25964307 71,61 26,66 46,91 17,97 50,23 97,45 17,75 98,6 100 76,69C - Entre 4 e 10 Salários

Mínimos/Mês 56076830 68,67 19,47 45,09 4,8 48,8 97,54 15,17 98,23 100 76,45D - Entre 2 e 4 Salários

Mínimos/Mês 48998295 64,27 17,64 42,79 0,72 45,41 94,2 16,3 96,36 100 68,4E - Até 2 salários

Mínimos/Mês 35861520 60,17 17,4 37,54 0,26 43,13 84,12 17,23 94,31 99,97 57,06

Leite Comércio

Classes

Percentual (%) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

Page 47: Atitudes do consumidor

47

Crédito

Tanto a proporção de consumidores quanto o gasto médio é maior entre os que têm algum tipo de crédito. No setor tecnológico chega a ser 12,87 p.p. e 18,8 p.p., maior para quem tem cartão e cheque especial, respectivamente. O gasto médio (R$) varia de 1,8 a 9 vezes maior para quem tem cheque especial nos setores de pesca e turismo.

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Atraso de contas

À exceção do setor tecnológico, a taxa de consumo é maior para os que atrasam suas contas, principalmente, quando analisamos aqueles que atrasam prestação de bens e ser-viços (última linha da tabelas a seguir). Em contrapartida, o gasto médio desse grupo é menor em todos os itens quando comparado à população total.

População

( contagem )A - Acima de 25 Salários

Mínimos/Mês 8945013 58,63 55,1 20,99 10,68 17,5 95,96 4,21 162,45 18,82 659,67B - Entre 10 e 25 Salários

Mínimos/Mês 25964307 31,09 16,5 10,24 4,95 10,44 45,43 1,63 92,44 11,67 345,49C - Entre 4 e 10 Salários

Mínimos/Mês 56076830 17,99 5,66 6,16 1,51 6,14 19,15 1,24 62,26 8,03 205,12D - Entre 2 e 4 Salários

Mínimos/Mês 48998295 10,2 2,6 4,11 0,11 3,51 9,57 1,25 43,03 5,37 127,25E - Até 2 salários

Mínimos/Mês 35861520 6,23 1,63 2,58 0,1 2,01 6,12 1,27 33,21 3,64 88,55

Leite Comércio

Classes

Percentual (%) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação

Panorama dos Setores - Individual - Despesa

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

População

( contagem )

Sim 28076307 76,79 30,63 47,06 17,71 55,44 97,13 17,47 98,08 100 75,85

Não 147769657 64,93 18,75 42,84 4,84 45,89 93,85 16,34 96,95 99,99 70,51

População

( contagem )

Sim -Titular 19398656 75,85 36,06 46,25 23,53 54,48 97,39 15,81 98,07 100 76,95

Não 156446076 65,7 18,64 43,19 4,73 46,54 93,99 16,63 97,01 99,99 70,64

Leite Comércio

Tem Cheque Especial

Percentual (% ) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação

Alimentação Leite Comércio

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

Tecnológico Couro Petróleo PescaPercentual (% ) Têxtil Turismo Móvel

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

Tem Cartão de Crédito

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

População

( contagem )

Sim 28076307 37,26 25,83 11,75 5,44 11,94 46,98 2,02 97,71 11,92 365,27

Não 147769657 13,66 4,73 5,17 1,12 4,6 16,79 1,35 53,47 6,64 172,76

População

( contagem )

Sim -Titular 19398656 46,19 38,55 14,55 7,59 13,92 64,96 2,41 118,88 14,45 456,89

Não 156446076 13,86 4,33 5,18 1,09 4,77 16,24 1,34 53,3 6,62 172,08

Leite Comércio

Tem Cheque Especial

(Percentual %) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação

Alimentação Leite Comércio

Panorama dos Setores - Individual - Despesa

Tecnológico Couro Petróleo PescaPercentual (% ) Têxtil Turismo Móvel

Panorama dos Setores - Individual - Despesa

Tem Cartão de Crédito

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

População

( contagem )

Sim 28076307 37,26 25,83 11,75 5,44 11,94 46,98 2,02 97,71 11,92 365,27

Não 147769657 13,66 4,73 5,17 1,12 4,6 16,79 1,35 53,47 6,64 172,76

População

( contagem )

Sim -Titular 19398656 46,19 38,55 14,55 7,59 13,92 64,96 2,41 118,88 14,45 456,89

Não 156446076 13,86 4,33 5,18 1,09 4,77 16,24 1,34 53,3 6,62 172,08

Leite Comércio

Tem Cheque Especial

(Percentual %) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação

Alimentação Leite Comércio

Panorama dos Setores - Individual - Despesa

Tecnológico Couro Petróleo PescaPercentual (% ) Têxtil Turismo Móvel

Panorama dos Setores - Individual - Despesa

Tem Cartão de Crédito

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

População

( contagem )

Sim 28076307 76,79 30,63 47,06 17,71 55,44 97,13 17,47 98,08 100 75,85

Não 147769657 64,93 18,75 42,84 4,84 45,89 93,85 16,34 96,95 99,99 70,51

População

( contagem )

Sim -Titular 19398656 75,85 36,06 46,25 23,53 54,48 97,39 15,81 98,07 100 76,95

Não 156446076 65,7 18,64 43,19 4,73 46,54 93,99 16,63 97,01 99,99 70,64

Leite Comércio

Tem Cheque Especial

Percentual (% ) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação

Alimentação Leite Comércio

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

Tecnológico Couro Petróleo PescaPercentual (% ) Têxtil Turismo Móvel

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

Tem Cartão de Crédito

Page 48: Atitudes do consumidor

48

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Cor/raça

Segundo os dados da POF, amarelos e brancos são, em geral, os que mais consomem. Essa diferença chega 10 p.p. maior para os brancos em relação aos negros no setor co-mércio como um todo. Em termos de valor médio chega a ser três vezes maior no setor tecnológico.

Posição na família

De acordo com a posição na família, chefes são geralmente os que possuem maiores va-lores médios de gastos mensais, à exceção de produtos como couro e têxtil nos quais o desembolso dos cônjuges é maior. Conforme vimos anteriormente esses setores são mais femininos que os demais.

População

( contagem )

Total 175845964 66,93 20,76 43,56 7,02 47,51 94,41 16,53 97,14 99,99 71,41

Atraso no Aluguel / Prestação 12899873 66,97 19,36 45,95 6,99 48,79 95,87 13,53 96,96 100 73,37Atraso na Água, Eletricidade,

Gás, etc... 78730015 67,07 19,38 44,42 5,16 48,13 95,05 17,07 97,74 100 73,8Atraso na Prestação de Bens

/ Serviços 53218403 68,55 20,58 47,83 5,5 49,78 94,89 17,75 97,92 100 73,58

Turismo Móvel

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

Alimentação Leite ComércioTecnológico Couro Petróleo PescaPercentual (% ) Têxtil

População

( contagem )

Total 175845964 17,42 8,1 6,22 1,81 5,78 21,61 1,46 60,53 7,48 203,5

Atraso no Aluguel / Prestação 12899873 17,3 7,43 7,07 1,92 6,05 20,01 1,6 58,42 7,6 198,52Atraso na Água, Eletricidade,

Gás, etc... 78730015 15,56 5,63 4,96 1,19 5,35 15,89 1,13 52,43 6,42 171,16Atraso na Prestação de Bens

/ Serviços 53218403 16,02 6,39 5,35 1,14 5,52 16,96 1,38 54,39 6,7 180,62

Turismo Móvel

Panorama dos Setores - Individual - Despesa

Alimentação Leite ComércioTecnológico Couro Petróleo PescaPercentual (% ) Têxtil

População

( contagem )

Branca 89800748 68,01 21,65 42,15 10,18 47,6 95,87 13,6 97,34 100 74,98

Preta 12256080 65,47 18,53 42,57 3,74 47,45 93,85 16,09 96,7 99,99 64,97

Amarela 994649 67,05 28,18 34,07 10,71 46,47 97,83 23,43 97,45 100 74,49

Parda 71883102 65,8 19,86 45,8 3,3 47,44 92,54 20,47 96,97 99,99 67,83

Indígena 542947 66,03 17,51 43,52 4,84 48,07 88,13 21,44 96,65 99,76 59,41

Ignorada 368438 51,83 27,28 54,8 2,81 35,67 83,95 23,98 94,48 100 70,1

Leite Comércio

Cor / Raça

Percentual (%) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

População

( contagem )

Branca 89800748 21,4 11,21 7,81 2,75 6,98 29,81 1,35 72,45 9,55 253,09

Preta 12256080 14,3 5,24 4,44 0,92 5,07 12,96 1,17 48,97 5,26 154,25

Amarela 994649 27,13 15,67 10,94 4,71 8,61 48,53 2,68 89,17 7,52 328,98

Parda 71883102 12,92 4,62 4,5 0,74 4,37 12,52 1,6 47,25 5,28 148,51

Indígena 542947 15,54 8,87 2,78 2,26 5,24 14,63 3,72 48,2 5,42 149,76

Ignorada 368438 8,5 5,04 5,36 1,16 3,31 21,68 1,85 71,15 8,15 223,34

Leite Comércio

Cor / Raça

Percentual (%) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação

Panorama dos Setores - Individual - Despesa

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Page 49: Atitudes do consumidor

49

Religião

Conforme podemos ver na tabela a seguir, indivíduos sem religião são em geral os que possuem as menores taxas de consumo. O segundo grupo com mais baixo poder aquisi-tivo é o de evangélicos pentecostais, que mesmo com as altas taxas de acesso nos setores têxtil e couro apresentam o menor gasto médio (em reais) em todos os itens. No extremo oposto, os espiritualistas são aqueles que possuem as maiores taxas e despesa média. O gasto médio do grupo varia de 1,6 a 7,7 vezes maior do que os evangélicos pentecostais nos setores peixe e tecnológico.

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

População

( contagem )

Pessoa de Referência 48534638 62,11 24,83 42,02 6,41 44,58 93,35 15,18 96,15 99,99 68,99

Cônjuge 33730662 74,91 17,01 45,2 6,99 51,82 95,3 16,46 97,26 100 72,61

Filho 74775688 67,36 18,45 43,95 8,38 48,61 94,98 18,18 98,39 100 73,4

Outro Parente 17395683 64,65 17,69 44,85 5,17 44,76 95,18 18,63 97,81 100 73,26

Agregado 895126 70,54 29,42 46,57 11,76 49,16 94,58 18,8 97,96 100 80,21

Pensionista 130836 72,77 48 57,8 11,06 54,67 99,33 9,38 99,29 100 73,84

Empregado Doméstico 360587 100 0 0 0 0 100 0 100 100 100Parente do Empregado

Doméstico 22743 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Alimentação Leite ComércioTecnológico Couro Petróleo PescaPercentual (%) Têxtil Turismo Móvel

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

Posição na Família

População

( contagem )

Pessoa de Referência 48534638 24,88 18,92 8 2,49 8,04 26,05 1,62 72,83 8,85 244,64

Cônjuge 33730662 29,59 6,59 7,13 1,91 8,48 25,62 1,55 64,4 8,13 222,96

Filho 74775688 9,21 2,97 5,07 1,49 3,69 18,58 1,3 53,12 6,64 176,32

Outro Parente 17395683 8,63 2,72 4,37 0,93 3,19 13,77 1,46 49,23 5,94 161,88

Agregado 895126 17,48 12,95 5,29 1,48 7,27 20,86 1,84 70,46 6,98 228,48

Pensionista 130836 32,36 28,68 12,35 7,63 12,84 24,25 1,36 104,47 9,47 335,14

Empregado Doméstico 360587 0 0 8 5,58 0 55,71 1,85 83,82 10,63 375,04Parente do Empregado

Doméstico 22743 0 0 1,47 8,48 0 39,81 0,08 50,35 8,53 293,92

Alimentação Leite ComércioTecnológico Couro Petróleo PescaPercentual (%) Têxtil Turismo Móvel

Panorama dos Setores - Individual - Despesa

Posição na Família

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

População

( contagem )

Sem Religião 9021698 63,07 17,33 42,32 8,42 44,44 94,44 15,4 95,86 100 68,22

Católica 129753910 66,85 21,33 43,49 6,68 47,43 93,75 17,02 97,15 99,99 71,57

Evangélica Pentecostal 21964838 67,06 17,34 44,54 4,21 48,83 96,8 14,87 97,01 99,99 69,74

Evangélica Outra 9475717 69,44 20,91 43,2 9,25 47,52 96,85 14,67 97,74 100 73,94

Espiritualista 2630852 71,15 27,46 46,8 23,46 53,78 94,7 17,54 99,16 100 77,38

Outras 2066136 65,26 19,97 44,51 7,75 43,33 97,73 15,43 96,37 100 69,09

Ignorado 932812 72,29 25,08 33,81 19,81 44,64 98,04 14,79 98,8 100 72,35

Leite Comércio

Religião

Percentual (%) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

População

( contagem )

Sem Religião 9021698 15,65 11,03 6,41 2,46 5,41 22,12 1,3 62,67 7,04 208,68

Católica 129753910 17,29 8,15 6,05 1,71 5,68 21,51 1,53 61,3 7,45 203,36

Evangélica Pentecostal 21964838 14,96 4,5 5,66 1,04 5,24 15,08 1,09 48,39 6,35 162,24

Evangélica Outra 9475717 20,22 7,41 7,25 2,37 6,27 25,68 1,24 61,01 8,75 222,37

Espiritualista 2630852 38,14 21,89 15,71 8,02 13,32 51,38 1,75 103,8 13,92 406,79

Outras 2066136 16,19 8,02 5,24 0,86 5,08 25,92 1,72 58,81 6,94 215,97

Ignorado 932812 27,48 25,77 5,75 6,15 11,07 50,46 2,14 96,02 12,17 351,86

Leite Comércio

Religião

Percentual (%) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação

Panorama dos Setores - Individual - Despesa

Page 50: Atitudes do consumidor

50

Deseconomias urbanas

A POF 2003 apresenta a possibilidade de se captar avaliações subjetivas e qualitativas de condições de moradia e de acesso a serviços públicos por parte dos moradores. Co-meçando com a composição do consumo de habitantes em moradias situadas em áreas com superpopulação e caóticas, os indicadores revelam de maneira bastante robusta que nas estatísticas ligadas à baixa qualidade de vida percebida mediante elementos ligados à aglomeração urbana, como vizinhos barulhentos, problemas com violência e ambientais, estão associados a altas taxas de consumo, assim como a média de gastos.

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Condições privadas de moradia

Efeito contrário de consumo em deseconomias urbanas se dá nas variáveis relativas à percepção de qualidade de moradia, a começar pela avaliação geral dessas condições. Outras variáveis de precariedade percebida nos aspectos privados das moradias, tais como proporção de pessoas morando em casas de telhados com goteiras, em casas com problemas de umidade ou em casas escuras apontam para a mesma direção: sub-representação de consumidores e gasto médio, o que nos parece estar relacio-nado mais à pobreza do que nos itens anteriores, que são representativos das áreas metropolitanas.

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

População

( contagem )

Total 175845964 66,93 20,76 43,56 7,02 47,51 94,41 16,53 97,14 99,99 71,41

Rua / Vizinhos Barulhentos 39482118 68,73 21,82 47,11 8,5 48,55 95,46 18,76 97,91 100 72,94Problemas Ambientais 33319856 67,4 22,15 47,49 9,6 48,04 95,69 18,53 97,67 100 74,78

Problemas com Violência 48532360 67,29 18,84 44,39 8,22 47,74 96,34 17,86 97,47 99,99 71,65

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

Percentual (% ) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação Leite Comércio

População

( contagem )

Total 175845964 17,42 8,1 6,22 1,81 5,78 21,61 1,46 60,53 7,48 203,5

Rua / Vizinhos Barulhentos 39482118 20,46 9,39 7,37 2,4 6,71 23,48 1,54 66,95 8,16 229,68

Problemas Ambientais 33319856 20,65 10,67 7,66 2,56 6,95 24,63 1,48 69,03 8,52 235,86

Problemas com Violência 48532360 17,95 8,27 6,53 2,3 6,21 21,93 1,38 61,25 7,85 212,03

Panorama dos Setores - Individual - Despesa

Percentual (% ) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação Leite Comércio

População

( contagem )

Total 175845964 66,93 20,76 43,56 7,02 47,51 94,41 16,53 97,14 99,99 71,41

Casa Escura 36330510 63,57 19,16 43,59 3,78 45,34 92,67 18,5 96,93 100 67,81

Pouco Espaço 79495445 66,42 19,41 43,92 4,63 47,61 93,7 18,5 97,53 100 70,77

Telhado com Goteiras 64048881 65,59 19,64 43,76 2,55 46,98 92,63 19,03 97,06 100 68,68

Problemas com Umidade 56060363 65,37 18,88 43,92 4,33 46,96 93,24 17,61 97,17 100 69,96

Madeiras Deterioradas 57142293 65,03 19,39 43,2 2,95 46,54 91 19,13 96,88 99,99 68,51

Condição de Moradia - Ruins 26134698 62,65 17,77 40,13 1,49 45,48 89,37 17,62 96,88 99,99 65,03

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

Percentual (%) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação Leite Comércio

Page 51: Atitudes do consumidor

51

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Presença do Estado

Uma parte relevante das condições e das percepções de qualidade de vida se dá na rela-ção do consumo com serviços públicos prestados diretamente pelo Estado, ou daqueles privatizados. Nesse aspecto cabe notar que o setor turismo é o único sobre-representado entre os que não têm acesso a esses serviços. Com relação à despesa média, a percepção de falta de acesso está associada a um baixo poder aquisitivo da população. O gasto médio cai monotonicamente (exceto no setor de pesca) à medida que caminhamos das condições boas à falta de acesso a serviços.

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

População

( contagem )

Total 175845964 17,42 8,1 6,22 1,81 5,78 21,61 1,46 60,53 7,48 203,5

Casa Escura 36330510 11,86 5,04 4,55 0,7 4,13 13,09 1,44 48,21 5,65 150,81

Pouco Espaço 79495445 14,48 5,39 4,67 1,21 4,87 14,58 1,36 51,44 6,19 161,14

Telhado com Goteiras 64048881 11,84 4,25 3,84 0,48 3,98 11,66 1,38 46,41 5,58 138,8

Problemas com Umidade 56060363 12,93 4,99 4,36 0,86 4,46 13,74 1,32 49,18 5,98 153,39

Madeiras Deterioradas 57142293 11,68 4,05 3,57 0,58 4,05 10,65 1,39 46,88 5,48 137,23

Condição de Moradia - Ruins 26134698 9,44 2,8 2,96 0,28 3,4 8,59 1,19 42,07 4,58 115,42

Panorama dos Setores - Individual - Despesa

Percentual (%) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação Leite Comércio

População

( contagem )

Bom 119147369 67,85 20,85 43,43 8,74 47,62 95,94 15,12 97,33 100 73,46

Ruim 25312468 65,75 19,67 45,26 4,69 47,79 95,11 18,1 96,99 100 71,37

NãoTem 28559607 63,71 21,52 43,18 0,98 47,01 86,34 22,62 96,61 99,98 63,43

Bom 123670140 67,65 20,15 43,19 8,59 47,54 96,39 15,22 97,36 100 73,21

Ruim 17422350 65,66 20,84 44,69 5,38 46,75 96,46 18,1 97,1 100 72,38

NãoTem 31928809 64,45 23,67 45,18 0,7 48,13 83,93 22,38 96,35 99,98 64,15

Bom 104951151 67,41 20,35 43,62 8,18 47,27 95,7 15,37 97,35 100 72,72

Ruim 38625948 67,77 20,51 43,39 7,33 48,09 95,73 17,55 97,23 100 72,94

NãoTem 29438364 63,79 23 44,26 1,69 48,02 87,12 20,74 96,37 99,97 65,5

Bom 88438121 67,84 21,01 42,55 9,69 47,59 96,17 14,78 97,49 100 73,98

Ruim 36113576 67,22 19,84 44,67 6,33 48,05 95,38 17,53 97,12 100 73,28

NãoTem 48333925 64,78 21,09 45,16 1,88 47,12 89,84 19,89 96,55 99,98 65,43

Bom 151266858 67,24 20,48 43,5 7,42 47,41 94,9 15,79 97,26 100 72,61

Ruim 12356417 65,26 22,2 45,98 5,99 48,85 94,36 21,6 97 99,97 73,22

NãoTem 9218924 63,02 24,65 42,83 0,13 48,89 84,02 27,14 95,65 99,99 48,88

Serviço de Água

Energia Elétrica

Drenagem e Escoamento

Iluminação de Rua

Coleta de Lixo

Alimentação Leite ComércioTecnológico Couro Petróleo PescaPercentual (%) Têxtil Turismo Móvel

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

Page 52: Atitudes do consumidor

52

População

( contagem )

119147369 19,78 9,57 7,02 2,35 6,59 25,15 1,34 66,16 8,41 227,55

25312468 15,67 6,57 5,67 0,97 5,07 16,65 1,4 52,5 6,23 178,79

28559607 8,83 3,17 3,24 0,21 2,92 10,11 2,04 43,83 4,82 121,27

123670140 19,85 9,42 7,07 2,35 6,61 25,04 1,34 65,7 8,32 227,65

17422350 16,59 7,66 5,74 0,98 5,52 17,05 1,41 54,59 6,35 183,4

31928809 8,18 3,09 3,08 0,11 2,62 9,81 1,99 43,43 4,94 117,46

104951151 19,08 9,11 6,86 2,22 6,35 24,09 1,37 64,68 8,14 221,31

38625948 19,01 8,77 6,55 1,81 6,29 21,99 1,44 59,58 7,39 209,2

29438364 9,12 3,48 3,41 0,27 3 11,19 1,85 46,68 5,35 128,94

88438121 20,64 10,28 7,43 2,66 6,79 27,13 1,37 68,61 8,85 238,42

36113576 18,03 8,41 6,22 1,6 6,3 20,45 1,35 60,14 7,34 204,6

48333925 10,91 3,8 3,95 0,36 3,49 11,74 1,72 45,87 5,16 136,66

151266858 18,25 8,5 6,49 1,94 6,05 22,55 1,34 62,26 7,84 211,1

12356417 15,3 6,94 5,59 1,42 5,18 19,42 1,75 57,86 6,58 190,43

9218924 5,61 2,43 2,27 0,01 1,83 5,55 3,06 34,78 3,14 84,94

Energia Elétrica

Drenagem e Escoamento

Iluminação de Rua

Coleta de Lixo

Alimentação Leite ComércioTecnológico Couro Petróleo PescaTêxtil Turismo Móvel

Panorama dos Setores - Individual - Despesa

Serviço de Água

Bom

Ruim

NãoTem

Bom

Ruim

NãoTem

Bom

Ruim

NãoTem

Bom

Ruim

NãoTem

Bom

Ruim

NãoTem

Percentual (%)

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Tamanho de cidade

Analisamos o perfil do consumo por tamanho de cidade, aí entendida na POF como a divi-são entre capitais, periferia, áreas urbanas não metropolitanas e áreas rurais. As principais diferenças na composição do consumo se dão da seguinte forma: setores têxtil, móveis, couro e comércio como um todo estão mais presentes nas áreas urbanas (não metropolita-nas), o tecnológico nas capitais metropolitanas, enquanto turismo e pesca nas áreas rurais. Em termos de gastos, a capital possui as maiores médias, enquanto as áreas rurais ocupam a posição oposta. Já as áreas urbanas e as periferias possuem padrão similar de despesas.

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Estados

Em relação aos estados, fizemos um ranking dos maiores gastos médios. Os destaques foram:

Distrito Federal: têxtil (R$ 30,19); turismo (R$19,81); couro (R$ 10,67); petróleo (R$ 47,05); •comércio (R$ 299,71).

População

( contagem )

Capital 38958299 67,01 18,71 40,81 11,64 46,92 96,83 18,58 97,72 100 73,21Área Metropolitana(não

Capital) 22121815 63,08 14,49 41,96 7,29 43,01 97,95 16,14 97,09 100 70,31Área Urbana não Metropoli-

tana 84765688 68,98 22,24 45,2 6,62 48,95 95,31 14,36 97,13 100 73,35

Área Rural 30000161 63,88 24,97 44,12 0,84 47,96 84,6 20,52 96,31 99,97 63,53

Alimentação Leite ComércioTecnológico Couro Petróleo PescaPercentual (%) Têxtil Turismo Móvel

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

Área (Com Área Urbana Fragmentada)

População

( contagem )

Capital 38958299 22,7 13,74 8,64 3,68 7,75 30,29 1,94 77,3 9,76 270,91

Área Metropolitana(nãoCapital) 22121815 16,81 7,28 6,32 1,77 6,04 22,29 1,18 60,25 8,04 207,4

Área Urbana nãoMetropolitana 84765688 18,24 7,41 6,12 1,54 5,89 21,2 1,13 58,27 7,11 199,56

Área Rural 30000161 8,73 3,35 3,28 0,16 2,68 11,01 1,94 45,35 5,14 124,21

Alimentação Leite ComércioTecnológico Couro Petróleo PescaPercentual (%) Têxtil Turismo Móvel

Panorama dos Setores - Individual - Despesa

Área (Com Área Urbana Fragmentada)

Page 53: Atitudes do consumidor

53

São Paulo: móvel (R$ 8,37); tecnológico (R$ 3,26); •

Rio de Janeiro: alimentação (R$ 83,05); leite (R$ 10,6)•

Amazonas: pesca (R$ 7,59)•

População

( contagem )

Rondônia 1444848 68,59 31,77 47,88 2,3 53,08 95,12 15,83 96,18 100 69,35

Acre 594337 65,23 13,6 45,75 1,32 44,62 95,83 25,15 96,69 99,96 62,59

Amazonas 2999320 67,12 11,34 34,89 3,34 45,7 94,41 51,58 98,19 100 66,68

Roraima 352521 60,74 25,86 48,77 4,41 44,87 95,49 18,49 93,93 99,82 57,68

Pará 6519392 78,54 22,2 59,93 1,99 61,2 95,73 52,48 98,88 100 71,32

Amapá 526436 73,89 10,97 44,86 2,53 54,53 95,39 46,21 99,67 100 75,11

Tocantins 1219562 71,91 33,38 48,02 1,74 52,06 96,49 10,39 94,37 100 66,84

Maranhão 5840712 75,56 24,61 58,73 1,44 56,5 84,67 42,88 98,07 100 62,47

Piauí 2912037 69,82 36,83 57,16 2,39 57,08 85,9 27,73 98,36 100 65,17

Ceará 7710817 67,93 18,18 61,96 3,78 52,02 88,83 25,74 97,94 99,99 72,59

Rio Grande do Norte 2871891 69,77 18,95 43,18 5,14 45,57 91,33 19,35 94,99 100 67,06

Paraíba 3507731 59,68 14,22 44,4 2,5 41,6 88,61 18,78 96,49 99,97 64,19

Pernambuco 8126481 65,87 15,62 48,39 3,11 47,55 89,07 23,63 98,47 100 71,89

Alagoas 2903855 58,68 16,12 35,95 1,57 38,5 90,26 23,81 95,71 99,99 58,48

Sergipe 1861517 59,73 22,64 42,65 3,1 39,92 92,92 25,37 99,2 100 72,4

Bahia 13386807 69,05 28,8 46,83 3,82 50,77 91,69 18,59 98,59 99,99 69,36

Minas Gerais 18455612 67,04 26,79 42,91 6,37 49,64 91,75 8,36 98,06 100 74,52

Espírito Santo 3227991 65,62 21,57 38,68 6,96 45,79 96,09 11,59 94,25 100 65,57

Rio de Janeiro 14808240 62,15 10,32 35 10,16 39,39 97,23 17,86 98 100 69,18

São Paulo 38465675 66,55 19,11 40,58 11,57 46,32 97,75 13,16 97,02 100 73,18

Paraná 9856971 68,95 23,61 41,86 8 47,49 97,88 9,56 96,21 99,97 74,4

Santa Catarina 5570783 65,8 17,49 40,81 8,29 46,77 95,49 8,82 95,58 100 74,2

Rio Grande do Sul 10464035 71,32 25,94 45,27 8,15 48,65 94,72 8,9 97,38 100 78,13

Mato Grosso do Sul 2156367 61,79 18,25 34,93 4,98 43,25 97,48 8,01 91,51 100 67,44

Mato Grosso 2629980 64,88 19,11 39,52 3,02 46,41 96,26 6,02 91,24 100 62,32

Goiás 5262401 62,82 20,22 36,75 3,54 46,02 98,08 5,69 92,64 99,98 69,15

Distrito Federal 2169645 63,66 15,63 37,96 10,62 47,38 98,31 10,63 96,77 100 69,19

Leite Comércio

Estado

Percentual (% ) Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação

Panorama dos Setores - Individual - % que tem Despesa

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

População

( contagem )

1444848 18,55 9,75 5,46 0,72 5,86 18,49 1,35 50,88 5,23 184

594337 12,17 5,22 6,22 0,72 3,63 16,54 3,16 38,39 4,63 148,45

2999320 10,68 6,39 3,46 0,71 3,38 16,6 7,59 42,69 4,1 139,27

352521 14,35 8,31 5,13 1,08 4,18 18,29 1,53 41,73 4,5 158,56

6519392 14,78 3,95 4,3 0,5 4,7 9,01 4,89 46,85 4,37 150,71

526436 16,64 3,5 4,9 0,78 5,11 16,88 4,29 50,73 5,32 174,15

1219562 14,17 6,94 3,66 0,59 4,15 14,71 0,69 42,63 3,92 143,57

5840712 9,3 2,79 3,26 0,31 2,91 7,66 2,72 36,12 3,07 108,9

2912037 10,72 5,27 3,87 0,58 3,65 11,15 1,46 41,1 4,97 130,58

7710817 11,65 4,41 4,77 0,74 4,18 13,07 1,68 43,7 6,27 145,46

2871891 11,42 4,01 3,63 1,03 3,3 14,11 1,46 39,86 6,2 133,55

3507731 9,14 2,64 3,74 0,67 3,1 12,08 1,2 38,37 5,51 118,56

8126481 13,3 3,53 4,52 0,69 4,96 10,8 1,36 52,17 6,83 153,4

2903855 10,49 4,4 3,9 0,44 3,36 11,52 1,5 34,63 4,17 116,4

1861517 11,52 4,92 4,48 0,52 3,34 12,88 1,7 45,04 5,76 147,44

13386807 15,79 7,28 4,57 0,91 5,37 13,38 1,26 54,25 5,38 163,3

18455612 18,47 9,66 5,35 1,62 6,4 18,26 0,65 64,65 7,78 203,2

3227991 20,13 10,19 7,74 1,56 6,09 17,89 1,16 56,54 6,17 202,73

14808240 19,22 9,81 7,48 2,91 6,54 28,02 2,15 83,05 10,6 266,47

38465675 21,2 10,29 8,37 3,26 6,65 29,03 1,09 72,14 9,4 252,12

9856971 19,21 10 7,75 1,57 6,38 29,17 0,8 60,84 7,57 225,87

5570783 18,82 6,85 7,28 1,94 6,66 30,63 0,69 61,64 9,03 222,54

10464035 22,85 10,8 7,3 2,75 7,6 30,55 0,66 75,35 10,11 264,8

2156367 15,67 6,3 5,04 1,19 5,14 21,94 0,68 56,78 6,27 182,72

2629980 16,13 7,35 4,98 0,78 4,58 24,58 0,71 49,13 5,47 176,31

5262401 14,8 7,04 6,79 1,03 5,78 22,58 0,46 47,22 5,47 177,03

2169645 30,19 19,81 7,63 2,81 10,67 47,05 1,3 72,56 8,04 299,71

Leite Comércio

Estado

Têxtil Turismo Móvel Tecnológico Couro Petróleo Pesca Alimentação

Panorama dos Setores - Individual - Despesa

Rondônia

Acre

Amazonas

Roraima

Pará

Amapá

Tocantins

Maranhão

Piauí

Ceará

Rio Grande do Norte

Paraíba

Pernambuco

Alagoas

Sergipe

Bahia

Minas Gerais

Espírito Santo

Rio de Janeiro

São Paulo

Paraná

Santa Catarina

Rio Grande do Sul

Mato Grosso do Sul

Mato Grosso

Goiás

Distrito Federal

Percentual (% )

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Page 54: Atitudes do consumidor

54

II. Simulador de despesas

Ferramenta utilizada para simular as probabilidades de acesso e valores médios dos gastos individuais e coletivos nos diferentes produtos por meio da combinação de seus atributos. Selecione as suas características no formulário a seguir e clique em simular.

Sexo: Masculino Religião: Católica Cor / Raça: Branca

Classe Econômica: B-Entre10e25

Idade: 20-29 Região: Capital Posição

na Família:

Cônjuge UF: RJ Anos de Estudo: 12 ou mais

Os gráficos apresentados mostram, na ordem:

as probabilidades de ter despesas com cada um dos itens (utilizando como base de •calculo a população total)

as probabilidades de ter despesas com cada um dos itens (utilizando como base de •calculo somente a população que tem despesa)

os valores médios gastos•

Uma das barras representa o cenário atual, com o resultado segundo as características selecionadas; e a outra o cenário anterior que apresenta a simulação anterior.

Todos os modelos que estão sendo utilizados podem ser encontrados no anexo (L). Apre-sentamos a seguir os resultados da equação de despesas do setor têxtil, que podem ser

utilizados como base para os demais setores.

Equação log da despesa

Despesa têxtil

Brasil

Estimated Regression CoefficientsParameter Estimate Standard Error t Value Pr > |t|Intercept 1.8614099 0.05972107 31.17 <.0001

Sexo feminino 0.1729057 0.01601701 10.80 <.0001Sexo masculino 0.0000000 0.00000000 . .

fxage 0 a 9 0.0258779 0.06914178 0.37 0.7082fxage 10 a 19 0.3033076 0.04069538 7.45 <.0001fxage 20 a 29 0.5120638 0.03726680 13.74 <.0001fxage 30 a 39 0.4307169 0.03632923 11.86 <.0001fxage 40 a 49 0.2430948 0.03702896 6.56 <.0001fxage 50 a 59 0.1274661 0.03868830 3.29 0.0010fxage 60 a 69 0.1585883 0.04219538 3.76 0.0002

fxage 70 ou mais 0.0000000 0.00000000 . .Fanoest 2_4 a 7 0.1408121 0.01815120 7.76 <.0001

Fanoest 3_8 a 11 0.3852296 0.02010143 19.16 <.0001

Page 55: Atitudes do consumidor

55

Estimated Regression CoefficientsParameter Estimate Standard Error t Value Pr > |t|

Fanoest 4_12 ou mais 0.7511011 0.03309134 22.70 <.0001Fanoest 5_ignorado 0.5893261 0.04805151 12.26 <.0001

Fanoest 9_Sem instrução 0.0000000 0.00000000 . .V0520 1_Branca 0.0944445 0.02875193 3.28 0.0010

V0520 3_Amarela 0.0811215 0.10731598 0.76 0.4497V0520 4_Parda 0.0343150 0.02860497 1.20 0.2303

V0520 5_Indígena 0.0959408 0.10957581 0.88 0.3813V0520 6_Ignorada 0.1623883 0.18578007 0.87 0.3821

V0520 9_Preta 0.0000000 0.00000000 . .V0400 2_Cônjuge -0.0595381 0.02039971 -2.92 0.0035

V0400 3_Filho -0.3139525 0.02282628 -13.75 <.0001V0400 4_Outro parente -0.3071871 0.03104111 -9.90 <.0001

V0400 5_Agregado -0.3054099 0.10304367 -2.96 0.0030V0400 6_Pensionista -0.0425582 0.21430421 -0.20 0.8426

V0400 7_Empregado doméstico -3.4075259 0.04509130 -75.57 <.0001V0400 9_Pessoa de refe[O QUE?] 0.0000000 0.00000000 . .

reli2 Católica -0.0094983 0.03315784 -0.29 0.7745reli2 Espiritualista 0.0088108 0.06533334 0.13 0.8927

reli2 Evangélica outra -0.0368462 0.04349909 -0.85 0.3970reli2 Evangélica Pentecostal -0.0081156 0.03814868 -0.21 0.8315

reli2 Ignorado -0.0428745 0.11477657 -0.37 0.7087reli2 Outras -0.1072587 0.07824818 -1.37 0.1705

reli2 z Sem religião 0.0000000 0.00000000 . .CLASSES A - acima de 25 1.1668447 0.03709210 31.46 <.0001CLASSES B - entre 10 e 2 0.7900083 0.02613559 30.23 <.0001CLASSES C - entre 4 e 1 0.5150033 0.01950572 26.40 <.0001CLASSES D - entre 2 e 4 0.2148322 0.01820504 11.80 <.0001

CLASSES E - até 2 salários 0.0000000 0.00000000 . .REG_DOM 1 - Capital 0.0415156 0.02006513 2.07 0.0385

REG_DOM 2 - Área metropolitana 0.0122039 0.02559255 0.48 0.6335REG_DOM 3 - Área urbana nã[O QUE?] 0.1344923 0.01424642 9.44 <.0001

REG_DOM 4 - Área rural 0.0000000 0.00000000 . .UF AC 0.0748108 0.04119904 1.82 0.0694UF AL 0.0032907 0.03426621 0.10 0.9235UF AM -0.0451664 0.03960607 -1.14 0.2541UF AP 0.2655145 0.04535116 5.85 <.0001UF BA -0.0753347 0.03057296 -2.46 0.0137UF CE -0.1987264 0.02961101 -6.71 <.0001UF DF 0.0415838 0.03889229 1.07 0.2850UF ES 0.0902753 0.03031531 2.98 0.0029UF GO -0.0475678 0.02994402 -1.59 0.1122UF MA -0.0239180 0.03261400 -0.73 0.4633UF MG 0.0055615 0.02764914 0.20 0.8406UF MS 0.1959574 0.02991731 6.55 <.0001UF MT 0.3408179 0.03145205 10.84 <.0001UF PA 0.1104404 0.03508608 3.15 0.0016UF PB -0.1283680 0.03279182 -3.91 <.0001UF PE -0.1386340 0.03195458 -4.34 <.0001UF PI -0.0930186 0.03326666 -2.80 0.0052UF PR 0.1134895 0.02938163 3.86 0.0001UF RJ -0.0789581 0.03554241 -2.22 0.0263UF RN 0.0301881 0.03549817 0.85 0.3951UF RO 0.2022855 0.03723173 5.43 <.0001UF RR 0.2026198 0.04923978 4.11 <.0001UF RS 0.1256890 0.02967492 4.24 <.0001UF SC 0.0173935 0.02977017 0.58 0.5590UF SE -0.0615368 0.03607491 -1.71 0.0880UF TO 0.1290422 0.03757419 3.43 0.0006UF ZSP 0.0000000 0.00000000 . .

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Em primeiro lugar, conforme já apresentado na análise bivariada, a média de despesas das mulheres no setor (0,17) apresenta sinal positivo e estatisticamente diferente de zero a 95% de confiança, quando comparado aos homens que possuem outras características (sexo, educação, etc.) exatamente iguais.

Page 56: Atitudes do consumidor

56

A faixa etária que mais gasta com artigos têxteis possui entre 20 e 29 anos (0,51 maior que a base representada por aqueles com mais de 70 anos). Os brancos são os únicos es-tatisticamente significantes em que 95% possuem gasto maior que os negros. E tomando como base a pessoa de referência, todos os outros grupos possuem despesas controladas com sinal negativo.

O consumo cresce monotonicamente com a educação, (0,75 maior para aqueles com mais de 12 anos de estudo em relação aos analfabetos) e com a renda (1,17 para classe A1).

Em termos espaciais, destacam-se com os maiores índices, as áreas urbanas não metro-politanas (0,13 maior que a rural) e o Estado do Amapá (0,27).

3. Panorama das aquisições

O panorama de aquisições permite analisar de forma detalhada itens específicos em cada setor, assim como a forma e o local de obtenção dos mesmos. Para visualizar essas infor-mações, em primeiro lugar escolha o setor de análise. Algumas despesas como têxtil, por exemplo, são observadas para cada pessoa do domicílio, enquanto outras, como móveis que são computadas em caderneta conjunta para cada domicílio foram rateadas igualmente para cada um dos membros do domicílio. Todas as despesas estão expressas em termos mensais.

Em segundo lugar, escolha o universo de análise: o conjunto da população total ou so-mente as pessoas que têm despesas.

Em seguida, escolhemos se queremos uma abertura das informações por tipo de item (ex: roupas masculinas, femininas, infantis, etc.); forma de aquisição (à vista, a prazo, doação, etc.) ou local de compra (loja de roupas, vendedor ambulante, etc.).

Por fim, escolhemos entre analisar o valor médio de gastos ou a composição horizontal dos mesmos (%).

SETOR TEMA POPULAÇÃO ANÁLISE

TÊXTIL ITEM TOTAL MÉDIA DAS DESPESAS

VAREJO FORMA DE OBTEÇÃO COM DESPESA NO SETOR HORIZONTAL

ALIMENTAÇÃO LOCAL DE OBTENÇÃO

COURO

PETRÓLEO

LEITE

MÓVEIS

PESCA

TECNOLÓGICOITEM

TURISMOFORMA DE OBTEÇÃO

Page 57: Atitudes do consumidor

57

Vejamos um exemplo de análise centrada nas seguintes escolhas:

Têxtil•

População total•

Item•

Despesa média•

Esses tópicos permitem visualizar as despesas médias no setor têxtil desagregado em dife-rentes itens. Mostram que os maiores gastos são com roupas femininas (R$ 6,40 mensais).

População total

Reais mensais

População Roupa masculina

Roupa feminina

Roupa de criança

Armarinho Cama, mesa e banho(contagem)

Total 175.845.964 5,83 6,4 3,36 0,61 1,23

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Em seguida, selecionando a opção local de obtenção no segundo menu de escolha, verifi-camos as despesas médias em cada local de venda. No caso do setor têxtil, grande parte desse valor é gasto em lojas do ramo (R$ 11,02)

População total

Reais mensais

População Loja de roupas

Particular (terceiro)

Vendedor (ambulante)

Loja de departamento

Outros(contagem)

Total 175.845.964 11,02 1,3 1 0,98 3,13

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Por último, selecionando a opção forma de obtenção, percebemos maiores valores gastos em compras à vista (R$ 9,85 contra R$ 5,91 a prazo).

População total

Reais mensais

População Monetária à vista

Monetária a prazo

Doação Retirada do negócio ou produção

Outros

(contagem)

Total 175.845.964 9,85 5,91 1,54 0,1 0,02

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

A seguir, replicamos o mesmo procedimento para cada um dos nove setores restantes. Os resultados encontrados são:

TURISMO: nesse setor são gastos em média R$ 4,86 com transporte e R$ 1,78 em alimen-tação. As compras à vista são bastante expressivas no setor com média R$ 7,24 mensais.

População total

Reais mensais

População Transporte Alimentação Hospedagem Diversão Outros

(contagem) Total 175.845.964 4,86 1,78 0,8 0,31 0,35

Page 58: Atitudes do consumidor

58

População total

Reais mensais

População Monetária à vista

Monetária a prazo

Doação Retirada do negócio ou produção

Outros

(contagem)

Total 175.845.964 7.24 0.70 0.15 0.00 0.00

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

COURO: à semelhança do setor têxtil, gastos com couro e calçados são maiores com itens femininos (R$ 1,45 por mês). Em contrapartida, há maior diversificação em termos de locais de compra, conforme podemos ver na segunda tabela a seguir. O setor vende em média R$ 3,21 à vista contra 2,08 a prazo.

População total

Reais mensais

População

(contagem)

Calçados de ho-mens

Calçados de mulheres

Calçados infantis

Bolsas, cin-tos, cartei-

ras e outros

Outros

Total 175.845.964 1,06 1,45 0,85 0,83 1,58

População total

Reais mensais

População Estabelecimento especializado

Particular (terceiro)

Supermercado Lojas de roupas

Outros(contagem)

Total 175.845.964 0.32 0.30 0.12 0.25 4.80

População total

Reais mensais

População

(contagem)

Monetária à vista Monetária a prazo

Doação Retirada do negócio ou produção

Outros

Total 175.845.964 3.21 2.08 0.47 0.01 0.00

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

PETRÓLEO: em derivados do petróleo, grande parte das despesas se dá com combus-tíveis para automóveis (gasolina e diesel,R$ 58,73 por mês), seguido de gás para uso domiciliar (R$ 21,83). A segunda tabela nos mostra que não existe local de concentração das vendas. E do valor total gasto, 73% é pago à vista (R$ 62).

População total

Reais mensais População

(contagem)

Gás para uso domiciliar

Gás para uso veicular

Gasolina e diesel

Acessórios e manutenção de veículos (despesa

individual)

Outros

Total 175.845.964 21,83 0,79 58,73 0,93 2,61

População total Reais

mensais População(contagem)

Depósito e Distribuidora

em geral

Vendedor am-bulante

Supermercado Mercearia Outros

Total 175845964 7,58 4,16 4,06 2,99 66,1População total

Reais mensais

População Monetária à vista

Monetária a prazo

Doação Retirada do negócio ou produção

Outros

(contagem)

Total 175.845.964 62 21,9 0,73 0,24 0,02

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

LEITE: são gastos por mês R$ 17,50 com leite puro (R$ 13,72 na forma líquida e R$ 3,78 em pó). Dos itens derivados, R$ 2,38 são gastos em leite condensado/iogurte, R$ 4,45 em

Page 59: Atitudes do consumidor

59

manteiga e R$ 4,62 em queijo. As despesas são maiores nos supermercados com R$ 14,28. E do valor total gasto, R$ 25,69 é à vista.

População total

Reais mensais

População Líquido Em pó Condensado/Iogurte Manteiga/outros Queijos

(contagem

Total 175.845.964 13,72 3,78 2,38 4,45 4,62

População total

Reais mensais

População Supermercado Padaria Mercearia Produtor agro-pecuário

Outros

(contagem)

Total 175.845.964 14,26 3,67 1,97 1,64 7,41

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

PEIXE: este setor é dividido em crustáceos (R$ 0,39); peixes (R$ 5,25); moluscos (R$ 0,02); prontos em conserva (R$ 0,63). Diferentemente do setor leite, este não possui grande con-centração de vendas. Por mês, são gastos R$ 4,97 em compras à vista no setor.

População total

Reais mensais

População Crustáceos Peixes Moluscos Outros Prontos em conserva(contagem)

Total 175.845.964 0,39 5,25 0,02 0,02 0,63

População total

Reais mensais

População Supermercado Feira livre Mercadão Vendedor ambulante

Outros(contagem)

Total 175.845.964 1,44 0,83 0,76 0,45 2,83

População total

Reais mensais

População Monetária à vista

Monetária a prazo

Doação Retirada do negócio ou produção

Outros

(contagem)

Total 175.845.964 4,97 0,03 0,24 0,43 0,65

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

MÓVEIS: no setor, 32% e 38% das despesas são com itens para sala e quarto (R$ 2,21 e R$ 2,65, respectivamente). Uma grande parte desse valor é gasta em lojas do ramo (R$ 3,73). Diferente dos demais setores, este concentra uma boa parte do valor recebido em compras a prazo (R$ 4,82 contra R$ 1,66 à vista).

População total

Reais mensais

População Sala Quarto Copa e cozinha

Infantis Outros

(contagem)

Total 175.845.964 2,21 2,65 0,98 0,36 0,79

População total

Reais mensais

População Loja de móveis

Loja de eletrodo-mésticos e utilidades

Particular (terceiros)

Vendedor ambulante

Outros

(contagem)

Total 175.845.964 3,73 1,12 0,6 0,12 1,4

População total

Reais mensais

População(contagem)

Monetária à

vistaMonetária a prazo Doação Retirada do

negócio ou produção

Outros

Total 175.845.964 1,66 4,82 0,41 0,05 0,04

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Page 60: Atitudes do consumidor

60

TECNOLÓGICO: R$ 4,36 são gastos por mês em computadores e acessórios. Grande parte desse valor é gasto em lojas específicas do ramo (R$ 2,38). Do valor total gasto, exis-te equilíbrio entre as compras à vista e a prazo, 47% e 48%, respectivamente.

População total

Reais mensais

População Internet Computadores, componentes e

acessórios

Impressoras Software (jogos e cursos)

CDs, disquetes e outros(contagem)

Total 175.845.964 1,26 4,36 0,39 0,02 0,12

População total

Reais mensais

População Loja de in-formática

Particular (terceiro)

Loja de eletrodoméstico

Supermercado Outros

(contagem)

Total 175.845.964 2,38 0,63 0,75 0,21 2,18

População total

Reais mensais

População Monetária à vista

Monetária a prazo

Doação Retirada do negócio ou produção

Outros

(contagem)

Total 175.845.964 2,91 2,95 0,25 0,00 0,04

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

COMÉRCIO: por fim, analisamos o setor comércio como um todo e percebemos que 32% do valor gasto se traduz em aquisição de alimentos, bebidas e fumo (R$ 329,44 por mês). Os supermercados recolhem 17,4% do valor gasto (R$ 136,78). Do total, R$ 570,35 são pagos à vista contra R$ 162,33 a prazo.

População total

Reais men-sais

População Alimentos, Be-bida e fumo

Têxtil e calçados

Madeira e construção

Tecnológico Outros

(contagem)

Total 175.845.964 329,44 91,39 59,11 6,16 544,63

População total

Reais mensais

População Supermercado Lojas de roupa

Padaria Mercearia Outros

(contagem) Total 175.845.964 136,78 44,62 23,5 28,69 551,41

População total

Reais mensais

População Monetária à vista

Monetária a prazo

Doação Retirada do negócio ou produção

Outros

(contagem)

Total 175.845.964 570,35 162,33 32,86 15,92 3,54

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Page 61: Atitudes do consumidor

61

V. A evolução temporal da renda

Page 62: Atitudes do consumidor

62

1. Visão geral

Começamos neste estágio a traçar as transformações presenciadas pela população brasileira na última década, a partir do processamento e da análise da PNAD. Em razão de sua nature-za anual e nacional, ela nos permite monitorar a evolução de diversos indicadores relevantes, a fim de mapear os atributos pessoais observados no mercado potencial de consumidores que podem ser úteis no desenho de estratégias de acesso a mercados. Analisamos aqui a dis-tribuição e a evolução temporal de atributos sociodemográficos dos brasileiros e sua renda individual e familiar. A seguir um quadro das variáveis disponíveis para análise. Maiores informações sobre o conteúdo de cada uma é possível encontrar na seqüência.

O panorama da PNAD permite analisar a evolução mais recente do poder dos diversos seg-mentos consumidores. Com informações disponíveis desde 1992, fornece a evolução da ren-da e da participação de cada grupo na população brasileira, conforme detalhado a seguir:

Vertical: é a participação de cada grupo socioeconômico na população total. Permite ob-ter a evolução do perfil populacional em cada ano.

Categoria 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Categoria 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005Homem 49,27 49,1 49,16 48,94 49,1 49,1 49,07 48,78 48,86 48,85 48,68 48,72Mulher 50,73 50,9 50,84 51,06 50,9 50,9 50,93 51,22 51,14 51,15 51,32 51,28

Renda Total - Vertical

Sexo

Renda Total - Vertical

População Total

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

POPULAÇÃO ANÁLISE

VERTICAL

POPULAÇÃO

AMOSTRA

RENDA MÉDIATOTAL

RENDA MEDIANATOTAL

RENDA FAMILIAR PER CAPITA - MÉDIA

RENDA FAMILIAR PER CAPITA - MEDIANA

RENDA DOTRABALHO - MÉDIA

RENDA DOTRABALHO - MEDIANA

ANOS DE ESTUDO - MÉDIA

ANOS DE ESTUDO - MEDIANA

Nº DE PESSOAS NO DOMICÍLIO - MÉDIA

Nº DE PESSOAS NO DOMICILIO - MEDIANA

PROPORÇÃO DE POBRES - RENDA DETODAS AS FONTES

PROPORÇÃO DE POBRES - RENDA DOTRABALHO

CONTRIBUÍÇÃO NA POBREZA - RENDA DETODAS AS FONTES

CONTRIBUÍÇÃO NA POBREZA - RENDA DOTRABALHO

BRASIL

Categoria 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Categoria 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005Homem 49,27 49,1 49,16 48,94 49,1 49,1 49,07 48,78 48,86 48,85 48,68 48,72Mulher 50,73 50,9 50,84 51,06 50,9 50,9 50,93 51,22 51,14 51,15 51,32 51,28

Renda Total - Vertical

Sexo

Renda Total - Vertical

População Total

Page 63: Atitudes do consumidor

63

População: número total de pessoas em cada grupo socioeconômico.

Categoria 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005Total 145164773 147340600 151586497 153626035 155408711 157601175 159676951 168706500 171045587 173416412 178053201 180422141

RendaTotal - População

PopulaçãoTotal

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Amostra: número total de entrevistados em cada grupo socioeconômico.

Categoria 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005Total 315249 320043 332238 329389 344423 343288 350622 377141 383813 383445 387758 396286

RendaTotal - Amostra

PopulaçãoTotal

Renda do trabalho: média ou mediana da renda individual do proveniente do trabalho, incluindo trabalhos secundários.

Categoria 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005Total 265,4 279,63 348,98 352,62 353,61 349,81 326,26 330,44 328,62 306,22 314,48 333,85

RendaTotal - Renda doTrabalho Média

PopulaçãoTotal

Renda média total: média ou mediana da renda individual total é a soma do rendimento mensal de trabalho com o proveniente de outras fontes das pessoas de 10 anos ou mais de idade.

Categoria 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005Total 324,66 343,82 426,33 432,71 435,6 442,11 417,02 425,21 425,77 400,4 412,96 440,21

RendaTotal - Renda Média

PopulaçãoTotal

Renda familiar per capita: média ou mediana da renda familiar per capita é a divisão do rendimento mensal familiar pelo número de componentes da família.

Categoria 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005Total 320,05 338,67 420,66 427,34 430,83 437,7 412,92 421,05 422,3 397,76 410,23 437,44

RendaTotal - Renda Familiar per Capital Média

PopulaçãoTotal

Anos de estudo: evolução média e mediana do número total de anos de estudos por cada grupo socioeconômico.

Categoria 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005Total 4,23 4,34 4,08 4,26 4,33 4,51 4,64 4,95 5,14 5,31 5,45 5,59

RendaT otal - Anos de Estudo - Média

PopulaçãoT otal

Número de pessoas no domicílio: evolução média e mediana do número de pessoas re-sidentes no domicílio.

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Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Proporção de pobres todas as fontes: proporção de pessoas com renda familiar per capita proveniente de todas as fontes abaixo da linha de miséria (R$ 109,00 em 2005).

Categoria 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005Total 35,16 35,31 28,79 28,99 28,5 27,18 28,38 27,63 26,72 28,17 25,38 22,77

RendaTotal - Proporção de Pobres

PopulaçãoTotal

Proporção de pobres renda do trabalho: proporção de pessoas com renda familiar per capita proveniente do trabalho abaixo da linha de miséria (R$ 109,00 em 2005).

Categoria 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005Total 44,63 45,19 38,83 38,8 38,77 38,61 40,15 40,1 39,93 42 39,97 37,27

RendaTotal - Proporção de Pobres - 2

PopulaçãoTotal

Contribuição na pobreza: todas as fontes: participação de cada grupo na pobreza total medido pela renda de todas as fontes (linha de R$ 121,00 em 2005 a preços da Grande São Paulo).

Categoria 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005Total 7,6 7,53 7,42 6,53 7,04 7,38 7,7 7,39 7,51 7,85 8,14 8,13

RendaTotal - Contribuição na Pobreza - Renda deTodas as Fontes

PopulaçãoTotal

Contribuição na pobreza: renda do trabalho: participação de cada grupo na pobreza total me-dida pela renda do trabalho (linha de R$ R$ 121,00 em 2005 a preços da Grande São Paulo).

Categoria 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005Total 7,34 7,21 6,95 6,09 6,56 6,7 7,13 6,77 6,93 7,33 7,44 7,27

RendaTotal - Contribuição na Pobreza - Renda doTrabalho

PopulaçãoTotal

Cada uma dessas combinações pode ser analisada para o conjunto geral da população ou por subgrupos abertos por: i) características demográficas como sexo, idade, anos de estudo, raça, a posição na família; ii) características socioeconômicas como maternidade, posição na ocupação; iii) espaciais como local de moradia, área (metropolitana, urbana não metropolitana e rural), estados, conforme detalhado a seguir:

Características Demográficas

População Total Sexo Faixa Etária

Anos de Estudo do chefe Cor ou Raça Posição na Família

Imigração

Características Sócio-Econômicas

Posição na Ocupação Tempo de Empresa Maternidade

Características Espaciais

Tipo de Cidade Local de Moradia Região Geográfica

Estado Região Metropolitana

Page 65: Atitudes do consumidor

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Características Demográficas

População Total Sexo Faixa Etária

Anos de Estudo do chefe Cor ou Raça Posição na Família

Imigração

Características Sócio-Econômicas

Posição na Ocupação Tempo de Empresa Maternidade

Características Espaciais

Tipo de Cidade Local de Moradia Região Geográfica

Estado Região Metropolitana

2. Tendências temporais e mercado potencial

Descrevemos em seguida as principais características de um universo de 180 mil brasi-leiros, segundo a PNAD 2005, comparando também esses dados ao longo do tempo. Para medir o mercado potencial de clientes, escolhemos as seguintes opções no panorama:

Selecione População:Brasil

Análise:Vertical

Selecione População:Brasil

Análise:Renda Média Total

Em termos de tendências temporais da renda média de todas as fontes, observada pela PNAD, esta aumentou 35,6% no período, atingindo em 2005 R$ 420,21, segundo maior nível de toda série.

Renda total - Renda média

População total

Categoria

Total

1992 - R$ 2005 - (R$)

440,21324,66

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Parcela de ocupados

O mercado de trabalho hoje abriga 47,05% da população brasileira, 2,5 p.p. superior ao apresentado em 1992. Durante o período entre 1992 e 2005, a renda média do trabalhador variou 21,27%, enquanto o grupo de desempregados e inativos obteve acréscimos de 54% e 86%, respectivamente.

Page 66: Atitudes do consumidor

66

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

Idade

Variável relevante para desenho de ações voltadas ao incremento do mercado. Quando olhamos os extremos do espectro etário, já percebemos mudança na composição dos brasileiros. Em 1992, 10,64% da população tinha de 0 a 5 anos de idade, patamar supe-rior ao de 2005 (7,88%). Na terceira idade, essas estatísticas se invertem (7,9% em 1992 contra 10% em 2005). Quando levamos em conta todas as faixas etárias, observamos que houve uma ligeira tendência de envelhecimento da população. A população da terceira idade foi a que apresentou maior crescimento relativo (2,06 p.p.) e também a que expe-rimentou os maiores ganhos de renda (42,2%), perdendo apenas para aquelas entre 55 e 60 anos (47,38%).

Renda total − Renda média

Posição na ocupação

Categoria 1992 - R$ 1992 - % 2005 - R$ 2005 - %

Sem emprego 32,66 3,15 50,38 4,92

Inativo 120,26 30,07 223,77 30,98

Empregado agrícola 278,05 3,52 357,53 2,63

Empregado doméstico 212,81 2,56 308,79 3,49

Empregado com carteira 885,83 10,59 879,11 12,96

Empregado sem carteira 412,99 4,22 564,03 5,56

Conta própria 631,28 9,77 729,1 10,15

Empregador 2430,07 1,66 2767,93 2,01

Funcionário público 1090,63 5,15 1322,89 5,12

Não-remunerado 39,98 7,04 110,51 5,13

Ignorado 0 0 0 0

Renda total − Renda médiaFaixa etária

Categoria 1992 - R$ 1992 - % 2005 - R$ 2005 - %0 a 4 10,64 7,885 a 9 11,57 9,16

10 a 14 9,73 11,73 8,79 9,2915 a 19 102,69 9,99 97,68 9,5920 a 24 282,22 8,82 311,4 9,3525 a 29 453,5 8,28 499 8,3730 a 35 598,33 9,06 627,38 936 a 39 696,01 5,25 720,03 5,6740 a 44 729,73 5,69 790,75 6,7745 a 49 747,06 4,36 844,46 5,9650 a 54 657,2 3,65 889,87 5,0155 a 59 610,89 3,06 900,31 3,95

60 ou mais 548,1 7,9 779,55 9,96

Educação

A escolaridade dos brasileiros é um importante fator na determinação da renda. Olhando o extremo inferior do espectro educacional, observamos redução na proporção de anal-fabetos, de 24,02% para 15,21%, enquanto cresce a proporção dos mais educados: aqueles

Page 67: Atitudes do consumidor

67

entre 8 e 11 anos de estudo apresentaram a maior variação (11,79 p.p.) seguidos dos que têm ensino superior (3 p.p.). Com relação aos ganhos de renda, as estatísticas invertem-se, os analfabetos apresentaram maiores ganhos (32,23%), enquanto os que têm entre 8 e 11 anos tiveram sua renda estagnada.

Renda total − Renda médiaAnos de estudo

Categoria 1992 - R$ 1992 - % 2005 - R$ 2005 - %0 136,45 24,02 188,62 15,21

1 a 3 185,07 22,63 223,98 17,074 a 7 284,23 29,2 305,2 29,148 a 11 491,47 17,4 488,22 29,19

12 ou mais 1258,36 6,21 1545,08 9

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Sexo

Analisando diferenças de rendas para o ano de 2005, observamos que a média de renda dos homens (R$ 573,67) é muito mais elevada que a das mulheres (R$ 313,40), mesmo com o aumento substantivo de 75,18% no poder de compra delas. Em termos de distribuição, com aumento de 0,5 p.p., elas continuam sendo maioria em 2005 (51,28% da população total).

Renda total − Renda médiaSexo

Categoria 1992 - R$ 1992 - % 2005 - R$ 2005 - %Homem 474,74 49,27 573,67 48,72Mulher 178,9 50,73 313,4 51,28

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Raça

Quanto à raça, temos que a maioria (50,51%) é branca, seguida por 42,5% de pardos e 6,3% de pretos. Como tendência de longo prazo, observamos aumento na proporção dos ne-gros e dos pardos e redução dos brancos. A renda média dos brancos é de R$ 584,68, con-tra R$ 273,28 dos pardos e R$ 348,38 dos negros. Os amarelos são os que possuem maior poder aquisitivo (R$ 1239,89), mas representam apenas 0,5% dos brasileiros em 2005.

Renda total − Renda médiaCor ou raça

Categoria 1992 - R$ 1992 - % 2005 - R$ 2005 - %Indígena 192,01 0,08 390,66 0,19Branca 428,97 54,03 584,68 50,51

Amarela 984,64 0,43 1239,89 0,48Preta 219,94 5,35 348,38 6,3Parda 191,38 40,12 273,28 42,5

Ignorado 0 0 0 0

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Posição na família

Quanto à posição na família, como já esperado, os chefes possuem maior poder aqui-sitivo (R$ 941 em 2005). Mas o grupo de cônjuge apresenta maior variação de renda do período (75,35%). Verificamos tendência temporal crescente na proporção de brasileiros

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que são chefes da família (4,6 p.p. contra 1.1 p.p. de cônjuges), o que mostra uma redução das uniões que também é acompanhada pela redução dos filhos (-6,08 p.p.).

Renda total − Renda médiaPosição na família

Categoria 1992 - R$ 1992 - % 2005 - R$ 2005 - %Chefe 864,25 26,73 941,02 31,34

Cônjuge 222,26 19,29 389,74 20,39Filho(a) 81,89 48,41 119,1 42,33

Outro parente 195,52 5,09 255,31 5,62Agregado 244,24 0,47 330,32 0,33

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Migração

A PNAD permite-nos analisar a redução do fluxo migratório no Brasil, que pode ser visto pelo aumento na proporção de nativos (1 p.p) ou dos que migraram há mais de 10 anos (1,14 p.p.). Com relação ao poder aquisitivo desses grupos, apesar do crescimento de 42,44%, os nativos ainda são aqueles que possuem a menor renda (R$ 322,51 em 2005). Nesse caso, quanto maior o tempo de migração, maior é a renda apropriada pelo indiví-duo, que chega a R$ 750,84 para aqueles com mais de 10 anos na localidade.

Renda total − Renda médiaImigração

Categoria 1992 - R$ 1992 - % 2005 - R$ 2005 - %Não migrou 226,42 59,04 322,51 60

Menos de 4 anos 346,7 3,83 508,48 2,91De 5 a 9 anos 445,98 3,06 568,76 2,53

Mais de 10 anos 611,51 12,1 750,84 13,88

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Tamanho de cidade

As metrópoles (comparadas às áreas urbanas e rurais) são os lugares que apresentaram o menor crescimento relativo da renda no período entre 1992 e 2005, de 25,7%, refletindo a chamada crise metropolitana vigente (NERI, 2000). Com 31% de crescimento na renda, as áreas urbanas refletem a boa performance de cidades de tamanho médio. Tanto em termos de nível como nas variações ano a ano, a renda urbana segue os padrões daquela observada para o país como um todo. E foi a área que apresentou maior crescimento populacional do período (variação de 5,5 p.p.). Já as áreas rurais, onde vivem 14,66% dos brasileiros, apresentam o maior crescimento de renda no período, 45,16%. Esse padrão foi influenciado por políticas públicas voltadas para o campo, em particular programas de transferência de renda.

Renda total − Renda médiaTipo de cidade

Categoria 1992 - R$ 1992 - % 2005 - R$ 2005 - %Metrópole 463,76 30,66 582,89 31,85

Urbana 320,9 48,01 422,91 53,49Rural 133,15 21,33 193,29 14,66

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

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Estados

Apontamos em primeiro lugar para um aumento de participação das Regiões Norte e Centro-Oeste do país. Em seguida, observando a evolução do poder aquisitivo entre as diferentes localidades, com especial atenção para o Nordeste brasileiro que, em seu con-junto, experimentou os maiores ganhos do período. Em termos estaduais, Piauí e Tocan-tins são os líderes com, respectivamente, 79% e 78% de aumento na renda. No extremo oposto, Roraima foi o único que apresentou queda (-26,5%).

Renda total − Renda médiaEstado

Categoria 1992 - R$ 1992 - % 2005 - R$ 2005 - %Rondônia 299,75 0,48 434,78 0,57

Acre 346,43 0,18 368,57 0,25Amazonas 247,07 1,07 329,67 1,39Roraima 377,44 0,1 277,58 0,18

Pará 234,09 1,84 297,16 2,84Amapá 229,15 0,17 361,37 0,31

Tocantins 165,11 0,65 293,95 0,72Maranhão 110,99 3,44 184,73 3,38

Piauí 130,07 1,79 232,67 1,66Ceará 161,46 4,43 243,91 4,48

Rio Grande do Norte 198,72 1,69 311,16 1,66Paraíba 159,82 2,21 277,15 1,98

Pernambuco 191,83 4,96 268,18 4,66Alagoas 193,09 1,76 207,52 1,67Sergipe 215,98 1,04 285,43 1,09Bahia 185,02 8,31 251,36 7,64

Minas Gerais 290,33 10,96 408,28 10,63Espírito Santo 266,88 1,82 440,97 1,89Rio de Janeiro 469,93 8,89 567 8,52

São Paulo 466,83 22,17 602,4 22,38Paraná 303,53 5,85 509,69 5,68

Santa Catarina 405,82 3,17 564,16 3,24Rio Grande do Sul 433,72 6,36 535,95 6

Mato Grosso do Sul 325,92 1,25 424,65 1,25Mato Grosso 245,81 1,46 406,66 1,55

Goiás 321,61 2,82 432,05 3,11Distrito Federal 552,79 1,11 843,9 1,28

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

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VI. O produtor e o acesso a mercado: a oferta encontra a demanda em setores específicos

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O próximo passo é explorar aspectos gerais de demanda observados pelo produtor. Nes-se sentido, apresentamos com a Ecinf uma ampla visão do acesso a mercados pelas mi-croempresas brasileiras. A composição setorial utilizada como centro de análise se res-tringe à parte produtiva dos diferentes setores, à exceção dos setores comércio e turismo. Algumas estatísticas são pouco representativas, quando desagregadas em nível setorial. No site é possível encontrar o tamanho da amostra em cada setor analisado, assim como uma abordagem alternativa para composição desses setores, incluindo atividades liga-das ao comércio.

A seguir, uma série de estatísticas descritivas sobre a demanda de bens e serviços dos diversos setores de atividade.

1. Visão geral

O primeiro Panorama construído a partir da Ecinf permite uma meta-análise setorial da oferta, isto é, apresentamos análises de participação setorial (composição horizontal), perfil (composição vertical), faturamento, lucro e custo médios dos dez setores tomados lado a lado, a fim de propiciar uma visão comparativa entre eles. O segundo panorama permite um mergulho nos aspectos mais específicos de acesso a mercados em cada um dos dez setores isoladamente. Em terceiro lugar, apresentamos simuladores baseados em modelos de regressão multivariados estimados permitindo isolar o impacto de variáveis específicas determinantes de variáveis associadas ao mercado e a seu desempenho.

ENTRE SETORES

POR SETOR COMERCIALIZAÇÃOPRODUTOR

DESEMPENHO

PNORAMA

SIMULADOR

Antes de detalharmos separadamente cada um dos panoramas, vale ressaltar que as informações estão disponíveis para acesso em dois níveis. No primeiro, o “panorama básico” permite encontrar informações a respeito dos microempresários: características demográficas, socioeconômicas, espaciais; e dos microempreendimentos, conforme lis-tado a seguir:

Características Demográficas

PopulaçãoTotal Sexo Raça

Idade Escolaridade Posi ção no Domicílio

Status Migratório

Características Sócio -Econômicas

Tem OutroTrabalho Posição na Ocupação Tem Sócio

Foi Demitido do ÚltimoEmprego

Características do Micro -Empreendimento

Possui CNPJTem Constitu içãoJurídica Tem Registro

Declara Imposto deRenda

Desenvolve AtividadeFora do Domicílio

Negó cio Desenvolvidoem Loja, Oficina,Escritório, etc

Tem Local Exclusivo Cooperativado ouSindicalizado

Realiza o Controle dasContas do Negócio

Utilização dos Serviçosde Informática (IncluídoDigitalmente)

Contratava Serviços deInformática

Qual o Principal Motivopara não UtilizarServiços de Informáticano seu Negócio

Recebeu nos Últimos 5Anos AlgumTipo deAssistência

Venda de Produtos Tem Clientel a Fixa

Utiliza EquipamentosQuintis de Faturamentopara Brasil

Quintis de Custo paraBrasil

Qu intis de Lucro paraBrasil

Quintis de Faturamentopara Bahia

Quintis de Custo paraBahia

Quintis de Lucro paraBahia

Está Pagando AlgumaDívida

Utilizou, nos Últimos 5Anos, Empréstimo,Crédito ouFinanciamento

Características Espaciais

UF Tipo de Cidade

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Características Demográficas

PopulaçãoTotal Sexo Raça

Idade Escolaridade Posi ção no Domicílio

Status Migratório

Características Sócio -Econômicas

Tem OutroTrabalho Posição na Ocupação Tem Sócio

Foi Demitido do ÚltimoEmprego

Características do Micro -Empreendimento

Possui CNPJTem Constitu içãoJurídica Tem Registro

Declara Imposto deRenda

Desenvolve AtividadeFora do Domicílio

Negó cio Desenvolvidoem Loja, Oficina,Escritório, etc

Tem Local Exclusivo Cooperativado ouSindicalizado

Realiza o Controle dasContas do Negócio

Utilização dos Serviçosde Informática (IncluídoDigitalmente)

Contratava Serviços deInformática

Qual o Principal Motivopara não UtilizarServiços de Informáticano seu Negócio

Recebeu nos Últimos 5Anos AlgumTipo deAssistência

Venda de Produtos Tem Clientel a Fixa

Utiliza EquipamentosQuintis de Faturamentopara Brasil

Quintis de Custo paraBrasil

Qu intis de Lucro paraBrasil

Quintis de Faturamentopara Bahia

Quintis de Custo paraBahia

Quintis de Lucro paraBahia

Está Pagando AlgumaDívida

Utilizou, nos Últimos 5Anos, Empréstimo,Crédito ouFinanciamento

Características Espaciais

UF Tipo de Cidade

Em seguida, o “panorama suplementar”, construído a partir do suplemento especial da pesquisa, permite visualizar informações mais específicas a respeito dos negócios: mi-crofinanças, formalização, informatização, comercialização e assistência.

Micro-Finanças

PopulaçãoTotal

Forma mais freqüente depagamento da(s)matéria(s) - prima(s) e/oumercadoria(s)necessária(s) à atividade

Possui conta corrente emalgum banco

Possui cheque especial emalguma conta corrente

Tem direito à talão decheque em alguma contacorrente

Possui caderneta depoupança em algum banco

Possui algum cartão decrédito

Possui algum tipo deseguro

Possui segur o de vida

Possui previdência privada Possui imóvel / instalaçãodo negócio

Possui saúde / dental

Possui residência Possui outros Principal motivo para nãoter feito seguro

Teve dificuldade em teracesso aos serviçosfinanceiros

Principal dificuldade queteve para ter acesso aosserviços financeiros

Qual o principal meio queutiliza para efetuarpagamentos de todas assuas tarifas, impostos

Quanto tempo,normalmente, leva para selocomover até a agênciabancária mais próxima doseu negócio

Tempo até a agênciabancária mais próxima

Cost umava enviar dinheiropara morador(es) quemorava(m) em outromunicípio até outubro de2003

Principal finalidade deenviar dinheiro paramorador(es) de outrodomicílio

Princip al meio que utilizavapara efetuar essatransação

Região metropolitana

Formalização

Teve dificuldade emregularizar seu negócio

Princip al problema pararegularizar o negócio

Informatização

Utiliza serviços deinformática para odesenvolvimento do seunegócio

Contrata serviços deinformática exclusivamentepara o desenvolvimento doseu negócio

Principal motivo paranão utilizar serviços deinformática no seunegócio

Comercialização

Possui clientes do mesmobairro

Possui clientes de outrosbairros

Possui clientes de outrosmunicípios

Possui clientes de outrosestados

Poss ui clientes de outrospaíses

Não sabe de onde são osclientes

Teve algum tipo de apoio àcomercialização nosúltimos 5 anos

Pagou por a lgum tipo deapoio à comercialização

Principal instituiçãoresponsável pelo apoio àcomercialização recebido

Este apoio àcomercialização teveimpacto positivo nodesempenho d o seunegócio

Por que não teve apoio àcomercialização

AssistênciaTécnica / Capacitação (Avaliação)

Capacitação em gestão éimportante para acondução do seu negócio

Assistência técnica éimportante para a conduçãodo seu negócio

Assistência jurídica éimportante para acondução do seu negócio

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Micro-Finanças

PopulaçãoTotal

Forma mais freqüente depagamento da(s)matéria(s) - prima(s) e/oumercadoria(s)necessária(s) à atividade

Possui conta corrente emalgum banco

Possui cheque especial emalguma conta corrente

Tem direito à talão decheque em alguma contacorrente

Possui caderneta depoupança em algum banco

Possui algum cartão decrédito

Possui algum tipo deseguro

Possui segur o de vida

Possui previdência privada Possui imóvel / instalaçãodo negócio

Possui saúde / dental

Possui residência Possui outros Principal motivo para nãoter feito seguro

Teve dificuldade em teracesso aos serviçosfinanceiros

Principal dificuldade queteve para ter acesso aosserviços financeiros

Qual o principal meio queutiliza para efetuarpagamentos de todas assuas tarifas, impostos

Quanto tempo,normalmente, leva para selocomover até a agênciabancária mais próxima doseu negócio

Tempo até a agênciabancária mais próxima

Cost umava enviar dinheiropara morador(es) quemorava(m) em outromunicípio até outubro de2003

Principal finalidade deenviar dinheiro paramorador(es) de outrodomicílio

Princip al meio que utilizavapara efetuar essatransação

Região metropolitana

Formalização

Teve dificuldade emregularizar seu negócio

Princip al problema pararegularizar o negócio

Informatização

Utiliza serviços deinformática para odesenvolvimento do seunegócio

Contrata serviços deinformática exclusivamentepara o desenvolvimento doseu negócio

Principal motivo paranão utilizar serviços deinformática no seunegócio

Comercialização

Possui clientes do mesmobairro

Possui clientes de outrosbairros

Possui clientes de outrosmunicípios

Possui clientes de outrosestados

Poss ui clientes de outrospaíses

Não sabe de onde são osclientes

Teve algum tipo de apoio àcomercialização nosúltimos 5 anos

Pagou por a lgum tipo deapoio à comercialização

Principal instituiçãoresponsável pelo apoio àcomercialização recebido

Este apoio àcomercialização teveimpacto positivo nodesempenho d o seunegócio

Por que não teve apoio àcomercialização

AssistênciaTécnica / Capacitação (Avaliação)

Capacitação em gestão éimportante para acondução do seu negócio

Assistência técnica éimportante para a conduçãodo seu negócio

Assistência jurídica éimportante para acondução do seu negócio

Assistênci a contábil éimportante para acondução do seu negócio

Apoio à comercialização éimportante para a conduçãodo seu negócio

Formação profissional éimportante para acondução do seu negócio

Crédito é importante paraa condução do seu negócio

AssistênciaTécnica / Capacitação

Teve capacitação em gestãodo seu negócio nos últimos5 anos

Pagou por este tipo decapacitação em gestão doseu negócio (somentequem usou)

Principal instituiçãoresponsável pelacapacitação em gestãorecebida (somente quemrecebeu)

Esta capacitação em gestãoteve impacto positivo nodesempenho do seunegócio

Por que não tevecapacitação em gestão denegócio

Pagou pela assis tênciatécnica (somente quemusou)

Principal instituiçãoresponsável pelaassistência técnica recebida(somente quem recebeu)

Esta assistência técnicateve impacto positivo nodesempenho do seunegócio

Por que não teveassistência técnica

Pagou pela assistênciajurídica (somente quemusou)

Principal instituiç ãoresponsável pelaassistência jurídicarecebida (somente quemrecebeu)

Esta assistência jurídicateve impacto positivo nodesempenho do seunegócio

Por que não teveassistên cia jurídica

Pagou pela assistênciacontábil (somente quemusou)

Principal instituiçãoresponsável pelaassistência contábilrecebida (somente quemrecebeu)

Esta assistência contábilteve impacto positivo nodesempenho do seunegócio

Por que não teveassistência contábil(somente quem usou)

Duração do último c ursode formação profissionalvoltado para a atividade donegócio que freqüentou

Principal local de realizaçãodeste curso de formaçãoprofissional

Tempo que permaneceunesse último curso

Instituição que forneceueste último curso

Principal fonte definanciamento deste últimocurso

Este curso teve impactopos itivo no desempenhodo seu negócio

Por que não fez curso deformação profissionalvoltado para a atividade donegócio

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2. Panorama dos pequenos produtores

I. Entre setores

O panorama de meta-análise permite obter uma visão comparativa do conjunto de seto-res de atividades. Permite visualizar informações tais como participação setorial (com-posição horizontal), perfil (composição vertical), faturamento, lucro e custo médios aber-tos por diferentes grupos populacionais e características dos negócios.

No menu de opções estão disponíveis as seguintes análises:

VERTICAL

HORIZONTAL

FATURAMENTO MÉDIO

LUCRO MÉDIO

CUSTO MÉDIO

A seguir, o que se pode visualizar em cada uma delas:

Vertical: permite uma análise de perfil. Com ele é possível medir a participação de cada grupo de microempresários ou microempresas no setor específico. Por exemplo: saber a proporção de homens que trabalham no setor turismo; ou a proporção de empresas que vendem para o governo no setor alimentação.

Horizontal: permite obter a participação setorial. Com ele é possível medir a distribui-ção relativa dos setores em diferentes grupos de microempresários e microempresas. Por exemplo: entre os homens, qual a proporção de microempresários no setor turismo?; ou entre os que vendem para o governo, qual a participação do setor alimentação?.

Faturamento, lucro e custo: mostra as médias de faturamento, lucro ou custo de cada setor aberto por características dos microempresários e de suas empresas.

Após escolher a análise, é preciso marcar dentre as divisões de características as que deseja visualizar simultaneamente. Vejamos um exemplo de análise no qual a opção escolhida no menu é faturamento médio e nas características População total. As médias variam entre R$ 602,62 de peixes até R$ 3491,23 do turismo, distribuídas da seguinte forma entre os setores:

População Amostra

( contagem ) ( contagem )

Total 10335962 47852 3491,23 2452,46 810,75 1629,99 602,62 2740,47 1627,21 2900,45 1566,65Alimentação Tecnológico Couro

Panorama dos Pequenos Produtores

Faturamento Médio

PopulaçãoTotal

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da POF/IBGE

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Para cada tabela gerada é possível gerar um gráfico com os resultados apresentados. Basta clicar no botão Gráfico no canto inferior direito de cada tabela.

Apresentamos a seguir uma série de estatísticas ligadas à demanda gerada a partir das opções vertical e faturamento médio.

Apoio à comercialização

O setor turismo foi aquele que recebeu maior apoio à comercialização (8,91% no perío-do). Nos demais, a taxa não ultrapassa os 4% do comércio como um todo. Geralmente as empresas não pagam por esse apoio, à exceção do setor turismo; a gratuidade é maior em todos os demais. Mesmo assim, os cursos são em grande parte oferecidos por insti-tuições privadas. No setor têxtil e leite, o apoio do SEBRAE faz-se mais presente (19% e 17% do total recebido).

Teve algum tipo de apoio à comercialização nos últimos 5 anos (%)

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

Sim 8,91 3,97 1,98 3,02 1,42 2,63 1,66 0 1,58

Não 91,09 95,7 97,91 96,98 98,13 97,37 98,13 100 98,42

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Pagou por algum tipo de apoio à comercialização (somente quem usou)

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

Sim 4,45 1,22 0,68 0,33 0,37 0 0,73 0 0,08

Não 4,46 2,74 1,3 2,69 1,04 2,63 0,93 0 1,5

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Principal instituição responsável pelo apoio à comercialização recebido (somente quem recebeu)

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

SEBRAE 0,28 0,34 0,38 0,32 0,24 0 0,23 0 0

Instituições governamentais

0,04 0,42 0,41 0,32 0 0 0,07 0 0,06

Instituições privadas

6,64 2,06 0,4 0,94 0 0 0,61 0 0,93

Organizações não-governamentais

0 0,08 0,19 0,04 0 0 0 0 0

Outras 1,95 1,06 0,61 1,39 1,18 2,63 0,75 0 0,59

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Em seguida, procuramos captar a importância desse apoio no desempenho das empre-sas. Os resultados mostram que o faturamento nos setores turismo e alimentação chega a ser respectivamente, 3 e 2,4 vezes maior para os que receberam assistência. Em menor escala, a relação positiva também pode ser vista em setores como comércio (71% maior), leite (77,25%) e móvel (28,65%). Corroborando esse resultado, perguntamos diretamente ao proprietário do estabelecimento, e a maioria afirma ter tido impacto positivo (pequeno ou expressivo).

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Faturamento médio

Teve algum tipo de apoio à comercialização nos últimos 5 anos

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimenta-ção

Tecnológico Couro

Sim 8.634,32 4.480,97 741,78 2.086,08 1.059,71 500 4387,6 0 1.179,16

Não 2.904,34 2.615,04 832,92 1.621,54 597,87 2.801,06 1.798,22 2.900,45 1.605,06

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Este apoio à comercialização teve impacto positivo no desempenho do seu negócio (%)

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

Sim, porém pequeno

4,19 1,79 1,06 0,68 0 2,63 0,22 0 0,11

Sim, expressivo

4 1,98 0,59 2,15 1,42 0 1,07 0 0,74

Não 0,58 0,17 0,33 0,17 0 0 0,35 0 0

Ignorado ou não aplicável

91,23 96,06 98,02 97 98,58 97,37 98,36 100 99,15

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da ECINF/IBGE

Na tabela seguinte estão os motivos apontados por aqueles que não receberam apoio. Apesar da maioria não achar necessário (63,77% no setor couro), grande parte dos pro-prietários ainda desconhece a oferta (34% só no setor móvel). Preço cobrado é o terceiro motivo mais reportado nos setores comércio (4,81%), têxtil (4,44%), móvel (4,22%), ali-mentação (4,86%) e couro (2,79%), enquanto nos setores turismo e leite os serviços não são considerados adequados (8,32% e 5,42%).

Vertical

Por que não teve apoio à comercialização

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

Não achou necessário

44,83 51,7 56,18 50,45 58,26 47,17 52,31 47,77 63,77

O preço cobrado era

alto

6,97 4,81 4,44 4,22 3,09 0 4,86 7,55 2,79

O local da oferta era longe

3,07 1,24 1,56 2,14 0,17 0 0,68 0 0,15

Desconhecia a oferta de apoio à comercialização

27,76 34,89 30,91 35,8 31,08 50,2 34,84 36,21 28,97

Os serviços existentes não

eram adequados

8,32 2,38 3,77 3,89 5,42 0 4,41 8,47 2,74

Ignorado ou não aplicável

9,05 4,97 3,13 3,5 1,98 2,63 2,9 0 1,58

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Vendas e clientela

Em termos de financiamento das vendas, os setores turismo e leite são os menos varia-dos, e a maioria dos empreendimentos só vende à vista (51,45% e 72,37%, respectiva-mente). Ademais, móvel é onde o financiamento se faz mais presente (apenas 29,95% só vendem à vista).

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Quanto mais variada a estrutura de vendas dos negócios, maior é seu faturamento. Nes-se caso, destacam-se os que vendem tanto à vista quanto a prazo, com faturamento pelo menos 13% maior (no setor alimentação como um todo), chegando a duas vezes mais (no setor leite).

Venda de produtos (%)

Categoria Turismo Comér-cio

Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

Só vende à vista

51,45 39,26 40,96 29,95 72,37 44,86 48,25 47,45 37,29

Só vende a prazo

3,57 11,08 12,04 12,32 0,42 13,61 3,33 8,29 23,66

Vende à vista e a prazo

39,77 47,26 44,31 53,03 26,71 41,53 45,29 44,26 36,6

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Faturamento médio

Venda de produtos

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

Só vende à vista

2.536,25 1.485,12 494,12 645,01 372,89 5.234,48 1.524,76 1.458,88 668,15

Só vende a prazo

7.343,27 1.825,82 747,54 1.925,3 600 420 1.116,34 3.119,93 726,06

Vende à vista e a prazo

4.573,96 3.418,13 1.129,67 2.114,95 1.233,78 807,09 1.848,54 4.404,71 3.107,83

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Em termos de composição da clientela, os setores têxtil e couro são os menos variados, 75,8% e 62,97% possuem clientela variada. Em geral, aqueles empreendimentos que têm mais de um cliente são os que possuem maior faturamento, corroborando o maior de-sempenho associado a estruturas de vendas variadas.

Vertical

Tem clientela fixa? (%)

Categoria Turis-mo

Comércio Têxtil Móvel Leite Petró-leo

Alimenta-ção

Tecnológico Couro

Um cliente 1,41 2,32 8,78 1,73 0,71 0 1,69 7,55 15,42

Clientela fixa 11,89 13,15 15,29 5,57 9,32 0 16,34 2,36 21,61

Clientela variada 86,7 84,51 75,8 92,7 89,97 100 81,97 90,09 62,97

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Faturamento médio

Tem clientela fixa?

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

Um cliente 992,15 2.504,7 601,75 2.275,08 37,22 0 1.678,83 3.370 1.079,51

Clientela fixa 3.624,57 3.000,86 601,16 1.571,99 3.445,9 0 948,98 4.700,0 1.178,21

Clientela variada 3.513,56 2.366,1 876,06 1.621,41 312,67 2.740,47 1.761,39 1.707,44 1.819,27

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

O passo seguinte é analisar de onde vem a clientela. Os setores comércio (74,12%), têx-til (69,7%), petróleo (86,39%) e alimentação (82,78%) têm grande parte dos seus clientes residentes no mesmo bairro de funcionamento das atividades. Enquanto os setores mó-vel (com 81,92%), tecnológico (83,04%) e couro (63,01%) estão mais presentes em outros

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bairros, no setor turismo há maior presença de clientes de outros municípios (64,74%). O setor externo é pouco representativo nesses setores, à exceção do setor turismo (15,99%) o que já era esperado, seguido pelo setor couro (7,46%). Em geral, o faturamento cresce à medida que os setores diversificam a composição de sua clientela ao atender a população de localidades mais distantes. O faturamento das empresas que vendem seus produtos para outros estados é pelo menos duas vezes maior nos setores comércio, têxtil, móvel, alimentação e tecnológico.

Vertical

População total

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

Mesmo bairro 31,78 74,12 69,7 61,18 93,41 86,39 82,78 48,5 59,56

Outros bairros 47,3 62,15 65,31 81,92 26,13 31,53 65,5 83,04 63,01

Outros municípios 64,74 23,13 22,2 30,52 7,84 0 14,08 36,61 29,87

Outros estados 47,63 3,52 3,93 4,38 0 0 1,55 3,1 4,92

Outros países 15,99 0,9 0,41 0,71 0 0 0,29 0 7,46

Não sabe 2 1,23 0,94 0,43 2,08 0 0,21 0,98 1,64

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Panorama dos pequenos produtores

Faturamento médio

Possui clientes do mesmo bairro

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimenta-ção Tecnológico Couro

Mesmo bairro 4.377,28 2.545,18 513,68 1.447,8 463,38 2.605,03 1.920,27 4.379,15 1.458,3

Outros bairros 3.957,29 3.039,28 893,85 1.641,5 1.551,5 5.346,61 2.107,27 3.198,69 1.780,8

Outros municípios 3.936,42 4.738,01 2.020,6 2.595,7 4.910,2 0 3.927,58 6.193,06 3.051,8

Outros estados 4.231,81 5.676,77 3.868,6 4.782,7 0 0 3.660,53 35.868,88 4.224,1

Outros países 4.668,07 3.801,92 2.021,9 2.485,9 0 0 7.504,64 0 638,74

Não sabe 3.844,1 4.567,11 1.206,1 1.407,9 174,58 0 707,72 1480 1237,7

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Formalidade

A alta (embora decrescente) informalidade observada no segmento de pequenos produ-tores torna a expansão de políticas de apoio patrocinadas pelo estado um grande desafio no Brasil. Apesar do crescimento da formalidade entre 1997 e 2003, ainda é grande a in-formalidade das nanoempresas. As taxas de formalização nos diferentes itens da tabela abaixo giram em torno de 25,84% a 29,5% no setor turismo e de 1,56% a 2,28% no setor leite – o mais e menos formal, respectivamente.

Vertical

Formalidade

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

CNPJ 39,5 18,06 4,51 9,03 2,28 2,49 8,91 35,1 3,47

Constituição jurídica

39,81 18,26 4,55 9,03 2,28 2,49 9,03 35,1 3,47

Registro de micro

25,84 16,96 4,45 7,79 1,7 2,49 8,01 34,36 2,96

Declara IR 33,77 14,29 3,71 5,39 1,56 2,49 5,3 22,63 3,33

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

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Os dados são consistentes com a idéia de que uma maior formalização propiciaria maior faturamento. A relação entre formalização e faturamento é positiva para cada um dos itens analisados e chega a taxas pelo menos 1,5 vez superior para os que têm CNPJ ou consti-tuição jurídica. Registro de microempresa e declaração de imposto de renda não captam relação positiva com o faturamento em todos os setores. Em turismo, têxtil, leite e couro o faturamento de quem declara imposto de renda é menor do que os que não declaram.

Faturamento médio

Possui CNPJ?

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

Sim 6.311,34 7.322,61 6.605,91 7.118,57 5.001,3 5.700 9.649,5 4.462,75 4.485,25

Não 967.64 3.947,04 1.372,81 0 0 0 1415.36 0 0

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Tem constituição jurídica?

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

Sim 6.270,75 7.283,69 6.549,5 7.118,57 5.001,3 5.700 9.542,43 4.462,75 4.485,25

Não 1.653,06 1.373,25 536,96 1.085,37 500,15 2.665,05 841,8 2.055,49 1.461,76

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Faturamento médio

Tem registro?

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

Sim 5.386,98 6.806,9 6.633,59 7.016,87 6.292 5.700 9.875,19 4.546,76 4.510,03

Não 6.635,61 13.536,02 2.850,01 7.758,66 1.199,9 0 6.928,63 580 4.342,25

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Declara imposto de renda?

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

Sim 5.804,98 7.467,76 4.503,89 8.817,38 4.825,3 5.700 9.942,53 5.775,98 4.313,98

Não 8.877,41 6.652,61 15.570,8 4.599,68 5.383 0 8.972,39 2.080,78 8.725,96

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

À semelhança das estatísticas ligadas à formalização, os setores turismo e leite são aqueles com a maior e menor proporção de filiados a alguma cooperativa, sindicato ou associação de classe (25,76% e 1,42%, respectivamente). Esses dados podem servir como uma proxy de que maior capital social afeta positivamente o faturamento do negócio, que chega a ser dez vezes maior no setor têxtil. A única exceção é o setor couro, em que a relação é inversa.

Cooperativado ou sindicalizado?

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

Sim 25,76 8,75 2,66 4,34 1,42 0 6,54 8,47 2,04

Não 74,24 91,21 97,32 95,66 98,58 100 93,46 91,53 97,96

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Cooperativado ou sindicalizado?

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

Sim 5.478,63 6.868,31 6.965,14 6.029,83 3.716,1 0 6.789,41 2500 680,12

Não 2.801,76 2.029,14 642,51 1.430,54 557,75 2.740,47 1.265,98 2.937,51 1.585,07

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

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Local de atividades

Verificamos nos setores analisados alguma diversidade em relação ao desenvolvimento do negócio fora do domicílio. Setores como têxtil, leite, alimentação e couro possuem maior presença de atividades domiciliares. Nesses setores, respectivamente, 6,06%, 8,67%, 9,69% e 19,79% das atividades são desenvolvidas em loja, oficina ou escritório. O setor leite é o que possui a menor proporção de estabelecimentos com local exclusivo para desenvolvimento das atividades.

Desenvolve atividade fora do domicílio?

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

Fora do domicílio

63,35 61,94 7,41 63,24 10,31 31,1 19,34 79,51 13,64

No domicílio 35,78 25,27 89,44 27,5 85,99 36,19 76,25 9,37 75,86

No domicílio e fora dele

0,87 12,78 3,15 9,26 3,7 32,71 4,41 11,11 10,5

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Negócio desenvolvido em loja, oficina, escritório, etc.?

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimenta-ção

Tec-nológico

Couro

Sim 47,8 23,52 6,06 28,77 8,67 44,71 9,69 49,87 19,79

Não 10,13 48,48 4,01 43,17 5,34 19,1 11,28 40,76 4,19

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Tem local exclusivo?

Categoria Turismo Comér-cio

Têxtil Móvel Leite Petróleo Ali-menta-

ção

Tec-nológico

Couro

Sim 29,52 16,23 29,8 19,87 5,05 22,58 16,48 0 44,03

Não 6,26 9 59,64 7,64 80,94 13,61 59,77 9,37 31,83

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

O local onde as atividades são desenvolvidas também pode determinar o desempenho dos negócios, por causa de impostos, aluguéis e outros fatores que aumentam os custos opera-cionais do microempresário. Atividades desenvolvidas fora do domicílio têm faturamento maior em pelo menos 81%. O mesmo resultado positivo é visto para aqueles empreendi-mentos em que existe local exclusivo para as atividades (pelo menos 89% maior).

II. Por setores

O segundo panorama permite um mergulho nos aspectos mais específicos de acesso a mercados em cada um dos dez setores isoladamente. Essas informações estão disponí-veis por grupos populacionais e características dos negócios.

O primeiro menu de opções refere-se às variáveis específicas relacionadas a acesso a mer-cado e desempenho das empresas. Nele, é possível selecionar quais serão as colunas das tabelas a serem geradas e a explicação de cada uma das colunas no anexo.

O segundo menu de escolha refere-se ao tipo de análise. Seguindo o exemplo ante-rior, divide-se em: vertical (participação de cada grupo socioeconômico); horizontal (participação de cada variável na coluna) e faturamento, lucro e custo (médias por grupos).

Page 82: Atitudes do consumidor

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O terceiro e último menu refere-se ao universo de escolha: se é a população total ou um setor específico.

COLUNAS ANÁLISE SETOR

Quem é sua Clientela ? PopulaçãoTotal

Por que não fez comercialização ?VERTICAL Turismo

Tipo de Vendas

Dificuldades Comércio

Trabalhava por encomenda ou subcontrato HORIZONTALTêxtil

Obtenção de equipamentos e/ou instalações

Fixação dos preços MóvelFATURAMENTO MÉDIO

Instituição que ofereceu o cursoLeite

Desenvolve suas atividades no domicílio ?

Local de desenvolvimento das atividades LUCRO MÉDIO Pesca

Motivo pelo qual trabalha por encomenda ou subcontratoPetróleo

ClientesCUSTO MÉDIO

Perspectivas Alimentício

Associação e sindicalizaçãoTecnológico

Tempo que trabalha,por encomenda ou subcontrato

Venda de produtos para: Couro

Após escolher cada uma das opções anteriores é preciso marcar dentre as divisões de ca-racterísticas as que deseja visualizar simultaneamente. Vejamos um exemplo de análise, no qual as opções escolhidas foram: nas colunas: dificuldades; na análise: horizontal; nos setores: têxtil; e nas características população total. Os resultados mostram que as principais dificuldades apresentadas pelo setor têxtil são: falta de clientes (26,07%), se-guido de problemas de oferta (22,7%).

Para cada tabela gerada é possível produzir um gráfico com os resultados apresentados. Basta clicar no botão Gráfico no canto inferior direito de cada tabela.

Panorama dos pequenos produtores

Horizontal - dificuldades – têxtil

População total

Percentual (%) População

(contagem) Amostra

(contagem)

Principal dificuldade: falta

de clientes

Principal dificuldade:

concorrência

Principal dificuldade:

oferta

Principal dificuldade:

financeiro ou outro motivo

Não teve dificuldades

Total 600.039 2.663 26,07 12,17 22,7 20,26 18,56

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3. Simulador de comercialização

Ferramenta utilizada para simular aspectos gerais de comercialização e demanda, pela combinação de seus atributos e das características do negócio. Para isso, é preciso se-lecionar as características de acordo com os atributos do “indivíduo” e do setor que se deseja analisar. Depois de preencher o formulário, clique em simular.

Os gráficos apresentados mostram as probabilidades diversas ligadas à comercialização e à demanda de acordo com as características inseridas. Uma das barras representa o cenário atual, com o resultado segundo as características selecionadas; a outra, cenário anterior, apresenta a simulação anterior.

Abaixo os modelos que estão sendo utilizados:

Quem é sua clientela?

Por que não fez comercialização?

Tipo de vendas

Dificuldades

Trabalhava por encomenda ou subcontrato

Obtenção de equipamentos e/ou instalações

Fixação dos preços

Instituição que ofereceu o curso

Desenvolve suas atividades no domicílio?

Local de desenvolvimento das atividades

Motivo pelo qual trabalha por encomenda ou subcontrato

Clientes

Perspectivas

Associação e sindicalização

Tempo que trabalha, sem interrupção, por encomenda ou subcontrato

Venda de produtos para:

Sexo: Masculino Quintil: 3º quintil

Raça: Branca e Amarela Setor: Têxtil

Idade: 36 a 45 anos Tipo de região: Metropolitana

Educação: 2º grau completo Estado: São Paulo

Empregador: Conta-própria

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4. Desempenho microempresarial

Construímos um simulador de desempenho que permite simular o desempenho das empresas, mediante a combinação de seus atributos com as características do negócio. Para isso, é preciso selecionar as características de acordo com os atributos do “indi-víduo” e do setor que se deseja analisar. Depois de preencher o formulário, clique em Simular.

Análise de desempenho

Em economia do trabalho, existem poucos testes empíricos mais eficazes do que as cha-madas equações de salários popularizadas por Mincer. Aplicamos aqui um procedimen-to análogo, com exceção do fato de explicarmos o faturamento das atividades ao invés de salários e de utilizarmos dados comportamentais das microempresas e de demanda como variáveis explicativas. Nesse sentido, este exercício é mais bem denominado de equações de faturamento.

Equação minceriana de salários

A equação minceriana de determinação de salários é a base de uma vasta literatura em-pírica em economia do trabalho. O modelo salarial de Jacob Mincer (1974) é o arcabouço utilizado para estimar retornos à educação, retornos à qualidade da educação, retornos à experiência, entre outras variáveis determinantes do salário. Mincer concebeu uma equa-ção para rendimentos que seria dependente de fatores explicativos associados à escolari-dade e à experiência, além de possivelmente outros atributos, como sexo, por exemplo.

É a base da economia da educação em países em desenvolvimento, e sua estimação já motivou centenas de estudos que tentam incorporar diferentes custos educacio-nais, como impostos, mensalidades, custos de oportunidades, material didático, as-sim como a incerteza e a expectativa dos agentes presentes nas decisões, o progresso tecnológico, não-linearidades na escolaridade, etc. Identificando custos de educação e rendimentos do trabalho, viabilizou o cálculo da taxa interna de retorno da educação, que é a taxa de desconto que equaliza o custo e o ganho esperado de se investir em

Sexo: Masculino Fixa os preços negociando com o cliente ou ocliente que determina: Sim

Cor / Raça: Brancos e Amarelos É Filiado Sim

Idade: De 25 a 35 Principal Dificuldades: Falta de clientes ouConcorrência: Sim

Posição naOcupação: Conta-Própria Desenvolve atividades em loja ou escritório: Sim

Escolaridade: 2º Grau Incompleto Vende principalmente para órgãos do governo ououtras instituições: Sim

Região: Região Metropolitana Vende a prazo (só a prazo e a vista e a prazo): Sim

UF: RJ Tem clientes de outros países: Sim

Setor: Turismo Curso de comercialização no SEBRAE: Sim

Vende por encomenda ou subcontratos - motivo devendas (volume ou garantia): Sim

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educação, a taxa de retorno da educação, que deve ser comparada com a taxa de juros de mercado para determinar a quantidade ótima de investimento em capital humano. A equação de Mincer também é usada para analisar a relação entre crescimento e nível de escolaridade de uma sociedade, além dos determinantes da desigualdade.

A equação minceriana incorpora uma equação de preço revelando quanto o mercado de trabalho está disposto a pagar por atributos produtivos como educação e experiên-cia e outros sociodemográficos, o que pode sinalizar a existência de discriminação.

A equação de faturamento apresentada na tabela a seguir consegue explicar 45,65% da variância do faturamento observada entre as unidades de conta próprias e empregadores até cinco empregados entrevistadas no Brasil.

O faturamento médio está distribuído da seguinte forma entre os setores:

Panorama dos pequenos produtores

Faturamento médio

População total

Categoria Turismo Comércio Têxtil Móvel Leite Petróleo Alimentação Tecnológico Couro

Total 3.491,23 2.452,46 810,75 1.629,99 602,62 2.740,47 1.627,21 2.900,45 1.566,65

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Em primeiro lugar, conforme esperado, variáveis sociodemográficas, como sexo masculino (0,75) ou raça branca ou amarela (0,21), apresentam sinal positivo e estatisticamente dife-rente de zero a 95% de confiança. Exemplificando, o faturamento das atividades exercidas por negros apresenta-se inferior em relação às de não-negros, que possuem outras caracte-rísticas não raciais (sexo, educação, etc.) exatamente iguais.

Como sempre, variáveis relacionadas à acumulação de capital humano geral, como idade e educação, exercem um importante papel preditor de variáveis de desempenho do mercado de trabalho, no caso o sucesso microempresarial. O faturamento é crescente até a faixa de 45 a 55 anos, quando começa a cair. Observamos também rendimentos crescentes para a variável educação, isto é, a taxa de retorno da educação sobe à medida que se acumula ano adicional de estudo. Nesse sentido, políticas de reforço do capital humano, geralmente, mostram-se extremamente relevantes para o fomento das atividades microempresariais.

O faturamento controlado dos trabalhadores por conta própria é inferior ao dos empre-gadores (-1,13). Em relação ao associativismo, o coeficiente positivo da variável afiliação à cooperativa indica a importância dessa questão no desempenho microempresarial (0,43). Dessa forma, iniciativas de união de esforços de pequenos produtores apresentam um alto retorno privado. Como exemplo desse tipo de iniciativa temos a Agência do Trabalhador Autônomo (ATA) no município do Rio de Janeiro. Cursos de apoio à comercialização tam-bém impactam de forma positiva o faturamento microempresarial, como no caso dos que tiveram apoio do SEBRAE (0,42).

Analisamos a seguir uma série de variáveis associadas à demanda. Em primeiro lugar, a política financeira do trabalhador por conta própria em relação às vendas indica a existência de uma correlação negativa entre o faturamento e a concessão de financiamento aos clientes do pequeno negócio (-0,1 para quem vende a prazo). Em seguida analisamos o

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tipo de clientela. As evidências mostram relação positiva entre faturamento e vendas para órgãos do governo ou outras instituições (0,23), assim como para aqueles que vendem por encomendas ou subcontratos (0,1). A existência de clientes de outros países apresenta em si uma correlação positiva com o nível de faturamento observado (0,21 maior).

Deve-se ressaltar ainda que a fixação de preços por meio de negociação com os clientes guarda relação negativa com o faturamento auferido (-0,26). O mesmo resultado pode ser observado para aqueles cuja principal dificuldade percebida é a falta de clientes ou con-corrência (-0,11).

A variável relacionada ao local de funcionamento das pequenas empresas parece indicar a conveniência da separação entre moradia e local de trabalho, ou seja, o faturamento é 0,63 maior para aqueles que desenvolvem atividades em loja ou escritório.

Em termos espaciais, Santa Catarina e Goiás são os únicos estados brasileiros que, signifi-cantes a 95%, apresentam faturamento controlado maior que São Paulo.

Em resumo, os resultados aqui discutidos apresentam algumas conclusões básicas, a saber: seguindo uma interpretação causal, variáveis relacionadas às políticas fomentadoras de capital humano geral ou específico, do cooperativismo, de assistência técnica apontariam para um maior nível de sucesso dos por conta própria contemplados por essas iniciativas.

É importante para os nossos objetivos ressaltar a correlação positiva entre faturamento e vendas para órgãos do governo, clientes de outros países e por meio de encomendas ou subcontratos. Em contrapartida, a relação é negativa para vendas a prazo e negociações com os clientes.

Equações mincerianas: principais dificuldades

Entre os principais problemas das equações mincerianas de determinação de salário estão:

Viés de não habilidade não observável: a habilidade afeta positivamente tanto a esco-•laridade quanto o salário. Portanto, na verdade parte do retorno à educação verificada deve-se a uma maior habilidade do indivíduo, que por si só gera aumento de salário, e não à educação propriamente dita. Esse viés vai na direção de uma superestimação dos retornos à educação.Erro de medida: pessoas descrevem sem exatidão sua escolaridade. Como geralmente •elas reportam o nível de escolaridade correto ou acima do correto, arredondando para cima um ano ou um ciclo inteiro, o retorno ficará abaixo do correto. Logo, esse erro vai na direção de uma subestimação dos retornos à educação.

Uma vantagem é que esses dois principais problemas seguem cada um em uma direção, o que faz com que se compensem em alguma medida.

Outros pontos sensíveis a serem destacados sãoEm lugares nos quais indivíduos mais educados trabalham mais que indivíduos me-•nos educados, parte dos diferenciais de salário podem estar refletindo mais horas trabalhadas, e vice-versa.Vários benefícios da escolaridade não são considerados no cálculo desses retornos, •como seu retorno nas dimensões políticas, psicológicas, filosóficas e inúmeras outras não monetárias.

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Tabela

MODELO CONTROLADO DE FATURAMENTO − COMPLETOSEM INTERAÇÃO

Parameter Standard t value Pr > |t| estimate error

Intercept 7.564 0.032 239 <.0001SEXO 0.753 0.011 71 <.0001RAÇA 0.218 0.011 21 <.0001

MENOS_15 -1.781 0.074 -24 <.0001DE15A25 -0.512 0.018 -29 <.0001DE25A35 -0.100 0.013 -8 <.0001DE45A55 0.003 0.003 1 0.2203DE55A65 -0.147 0.017 -9 <.0001MAIS_65 -0.386 0.023 -17 <.0001

SEM_INST -1.047 0.026 -40 <.0001PINCOM -0.675 0.021 -32 <.0001PCOM -0.463 0.023 -20 <.0001

SINCOM -0.442 0.025 -18 <.0001SCOM -0.222 0.021 -10 <.0001

SUPINCOM -0.040 0.032 -1 0.2155regmet -0.015 0.011 -1 0.1818SETTUR 0.387 0.090 4 <.0001SETCOM 0.397 0.012 33 <.0001SETMOV 0.039 0.035 1 0.27SETLEIT -0.900 0.068 -13 <.0001

SETPETRO 0.516 0.520 1 0.3218SETALIM 0.222 0.034 7 <.0001

SETTECNO 0.432 0.285 2 0.1291SETCOURO -0.090 0.062 -1 0.1429

contp -1.130 0.015 -74 <.0001AC -0.160 0.088 -2 0.0697AL -0.338 0.039 -9 <.0001AM -0.084 0.038 -2 0.0281AP 0.017 0.079 0 0.8263BA -0.449 0.021 -22 <.0001CE -0.390 0.026 -15 <.0001DF 0.007 0.050 0 0.8898ES -0.135 0.037 -4 0.0003GO 0.075 0.029 3 0.0104MA -0.238 0.032 -7 <.0001MG -0.318 0.018 -18 <.0001MS -0.024 0.042 -1 0.5628MT 0.142 0.042 3 0.0007PA 0.028 0.027 1 0.2956PB -0.488 0.035 -14 <.0001PE -0.264 0.023 -12 <.0001PI -0.331 0.039 -8 <.0001PR -0.042 0.022 -2 0.0577RJ -0.034 0.019 -2 0.0758RN -0.286 0.042 -7 <.0001RO 0.018 0.055 0 0.7457RR -0.285 0.122 -2 0.0198RS -0.114 0.020 -6 <.0001SC 0.094 0.031 3 0.0027SE -0.234 0.048 -5 <.0001TO -0.211 0.056 -4 0.0002

Fixa os preços negociando com o cliente ou o cliente determina -0.257 0.010 -25 <.0001

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Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

Replicamos o mesmo exercício a fim de captar o desempenho de diferentes variáveis relacionadas à demanda, assim como em cada setor específico. Para isso, interagimos as variáveis e os resultados encontrados:

É filiado 0.433 0.017 26 <.0001A principal dificuldade é falta de clientes ou

concorrência -0.113 0.010 -12 <.0001

Desenvolve atividades em loja ou escritório 0.629 0.013 49 <.0001Vende principalmente para órgãos do gov-

erno ou outras instituições 0.233 0.067 3 0.0005

Vende a prazo (só a prazo e à vista e a prazo) -0.100 0.014 -7 <.0001

Clientes de outros países 0.214 0.120 2 0.074Curso de comercialização no SEBRAE 0.421 0.097 4 <.0001

Vende por encomenda ou subcontratos - motivo de vendas (volume ou garantia) 0.109 0.013 8 <.0001

MODELO CONTROLADO DE FATURAMENTO − COMPLETORESULTADO DA INTERAÇÃO UMA A UMA

Clientes de outros países Curso no SEBRAE Atividades desenvolvidas em lojas

Estimativa Pr > |t| Estimativa Pr > |t| Estimativa Pr > |t|Turismo 0.043 0.943 0.866 0.591 -0.228 0.203

Comércio -0.529 0.693 -0.655 0.045 0.005 0.952Móvel 0.020 0.973 0.306 0.613 0.001 0.993Leite 0.000 . -0.305 0.825 1.214 <.0001

Apicultura 0.000 . 0.000 . 0.000 .Petróleo 0.000 . 0.000 . 0.724 0.488

Alimentação 0.000 . 0.491 0.466 0.453 <.0001Tecnologia 0.000 . 0.000 . -0.348 0.542

Couro 0.000 . 0.000 . -0.371 0.015Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

MODELO CONTROLADO DE FATURAMENTO − COMPLETORESULTADO DA INTERAÇÃO UMA A UMA

Dificuldades − falta clientes

É filiado Fixação de preços − cli-entes

Estimativa Pr > |t| Estimativa Pr > |t| Estimativa Pr > |t|Turismo -0.343 0.056 -0.311 0.127 -0.041 0.830Comércio -0.113 0.001 0.070 0.551 -0.164 <.0001Móvel 0.215 0.002 -0.024 0.884 0.176 0.016Leite -0.158 0.251 -0.065 0.909 0.210 0.542Apicultura 0.000 . 0.000 . 0.000 .Petróleo -0.002 0.999 0.000 . 0.095 0.930Alimentação 0.055 0.456 0.109 0.423 -0.162 0.058Tecnologia -0.569 0.318 0.269 0.793 -0.419 0.475Couro 0.364 0.038 -1.884 <.0001 0.422 0.001

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

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MODELO CONTROLADO DE FATURAMENTO − COMPLETORESULTADO DA INTERAÇÃO UMA A UMA

Vendas por encomendas Vendas para órgãos do governo

Vendas a prazo

Estimativa Pr > |t| Estimativa Pr > |t| Estimativa Pr > |t|

Turismo -0.495 0.054 1.652 0.005 -0.245 0.435Comércio -0.149 <.0001 -0.337 0.626 -0.189 <.0001Móvel -0.057 0.426 0.893 0.107 -0.121 0.203Leite 1.405 <.0001 0.000 . -0.648 0.359Apicultura 0.000 . 0.000 . 0.000 .Petróleo 0.889 0.557 0.000 . 0.552 0.715Alimentação -0.349 <.0001 0.116 0.941 0.258 0.054Tecnologia 0.229 0.823 0.000 . -1.094 0.289Couro -0.553 <.0001 0.000 . 0.119 0.394

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da Ecinf/IBGE

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ANEXO: Explicação das variáveis do panorama

Clientela

Como se compõe sua principal clientela?•

População (contagem)

Amostra (contagem)

Clientela fixa − pessoa física

Clientela fixa − pessoa jurídica

Clientela variável − pessoa física

Clientela variável − pessoa jurídica

Um cliente (empresa)

Um cliente (empresa): considerou-se neste item quando apenas um cliente, em geral uma empresa, compra seus produtos ou utiliza seus serviços.

Clientela fixa: considerou-se neste item quando vários clientes, pessoas ou empresas, em geral as mesmas, compram seus produtos ou utiliza seus serviços.

Clientela variada: considerou-se neste item, quando vários clientes, pessoas ou empre-sas, normalmente variados, compram seus produtos ou utilizam seus serviços.

Fixação dos preços•

Qual a principal forma que utilizada para fixar o preço de seus produtos ou serviços?

Esta variável investigou a principal forma adotada pelo informante para fixar seus pre-ços.

Identificou-se dentre as alternativas a seguir aquela que melhor se enquadrava segundo a resposta do informante.

População (contagem)

Amostra (contagem)

Preço das outras empresas

Custos de produção mais

uma parcela fixa

Negocia com o cliente ou o

cliente determina

O preço é tabelado pelo

fabricante ou pelo governo

Outra forma

Preço das outras empresas concorrentes: quando o informante avalia os preços no mer-cado para fixar seus próprios preços.

Custos de produção mais uma parcela fixa: quando o informante leva em conta o total dos custos da produção, tais como matéria-prima, salários pagos, etc. e acrescenta um valor ou percentual.

Negocia com o cliente•

O cliente determina: quando, por algum motivo, é o próprio cliente que determina o preço (principalmente no caso de subcontratação).

O preço é tabelado pelo fabricante ou pelo governo.

Outro fator.

Page 91: Atitudes do consumidor

91

Associação e sindicalização•

População (contagem)

Amostra (contagem)

É filiado − motivo:

comercialização

É filiado − motivo:

outros

Não é filiado, mas já pensou

− motivo: comercialização

Não é filiado, mas já pensou − motivo:

outros

Não é filiado

É filiado a algum sindicato ou órgão de classe associado à sua atividade?

Esta variável investigou se para exercer a atividade o negócio era filiado a algum sindica-to ou órgão de classe. Em se tratando de negócio por conta própria, chama-se a atenção para o fato de que se o informante era filiado, o negócio também era filiado automatica-mente.

Já pensou em fazer associação ou cooperativa com outros produtores ou prestadores de serviços?

Para quem não era filiado a algum sindicato ou órgão de classe, esta variável investigou se o proprietário já pensou em fazer associação ou cooperativa com outros produtores ou prestadores de serviços.

Qual o principal motivo que o levou a filiar-se (ou pensar em) a sindicato, associação ou cooperativa?

Esta variável investigou o principal motivo que levou o dono do negócio a se filiar ou a pensar em se filiar a algum sindicato, associação ou cooperativa, tais como:

Comercializar a produção

Outros motivos:

Comprar matérias-primas e/ou mercadorias.

Facilitar o acesso ao crédito.

Para melhor defender seus interesses.

Exigência legal para exercer a profissão.

Outro.

Dificuldades•

Quais as principais dificuldades que afetaram o desenvolvimento do negócio no período de 01/11/2002 a 31/10/2003. Registre a dificuldade considerada a mais importante.

População (contagem)

Amostra (contagem)

Principal dificuldade: falta

de clientes

Principal dificuldade:

concorrência

Principal dificuldade: oferta

Principal dificuldade:

financeiro ou outro motivo

Não teve dificuldades

Não teve dificuldade; falta de clientes; falta de crédito; baixo lucro; abastecimento de água ou de energia elétrica; problemas com a fiscalização e/ou regularização do negócio; falta de mão-de-obra qualificada; escassez ou má qualidade das matérias-primas; rotati-vidade da mão-de-obra; concorrência muito grande; falta de instalações adequadas; falta de capital próprio; necessidade de treinamento gerencial; outras.

Page 92: Atitudes do consumidor

92

Desempenho•

Qual a alternativa que melhor retrata o desempenho do seu negócio no período entre 01/11/2002 e 31/10/2003?

População (contagem)

Amostra (contagem)

Aumento da capacidade produtiva

Redução da capacidade produtiva

Diversificação das atividades

Redução das atividades

Outros

Houve aumento no número de pessoas ocupadas.

Houve redução no número de pessoas ocupadas.

Houve aumento da capacidade produtiva (equipamentos, instalações).

Houve redução da capacidade produtiva (equipamentos, instalações).

Houve diversificação das atividades.

Houve redução da atividade.

Houve ampliação da jornada de trabalho.

Houve redução do número de horas trabalhadas.

Permaneceu igual.

Perspectivas•

Planos para o futuro do negócio:

Registrou-se dentre as alternativas aquela que melhor se enquadrava à resposta do pro-

prietário e assinalou-se apenas uma das opções:

População (contagem)

Amostra (contagem)

Aumentar o negócio

Continuar no mesmo nível

Mudar de atividade e continuar

independente

Abandonar a atividade e

procurar emprego

Não sabe ou outra

Aumentar o negócio.

Continuar o negócio no mesmo nível.

Mudar de atividade e continuar independente.

Abandonar a atividade e procurar emprego.

Não Sabe.

Outra.

Desenvolve atividades no domicílio•

No domicílio tem local exclusivo para a atividade

No domicílio não tem local exclusivo para a

atividadeFora do domicílio No domicílio e fora dele Ignorado

Em que local desenvolve esta atividade?

Esta variável investigou se o informante desenvolvia a atividade relativa ao negócio no próprio domicílio ou fora do domicílio.

Page 93: Atitudes do consumidor

93

No domicílio em que reside: para a pessoa que trabalhava na unidade domiciliar em que residia.

Fora do domicílio em que reside: para a pessoa que trabalhava fora de seu domicílio, seja em outro domicílio (do sócio ou de clientes), seja em loja, oficina, fábrica, escola, es-critório, galpão, ou ainda em veículo automotor ou em via ou área pública.

No domicílio e fora dele.

Tem local destinado exclusivamente ao desempenho da atividade?

Esta variável destinou-se à pessoa que trabalhava no próprio domicílio, e seu objetivo é captar se existe no domicílio algum local destinado exclusivamente ao desempenho da atividade.

Sim: para a pessoa que tinha em sua residência um cômodo exclusivo para o desenvol-vimento de seu negócio. Considerou-se, também, aqueles que têm uma estrutura usada exclusivamente para desenvolver a atividade, ou seja, localizada no mesmo terreno do domicílio.

Não: para a pessoa que desenvolvia as atividades relativas ao seu negócio em um cômo-do que também é utilizado para outras atividades domiciliares.

Local de desenvolvimento das atividades•

População (contagem)

Amostra (contagem)

Loja, oficina ou escritório

Domicílio do sócio

Veículo automotor Via pública Domicílio do cliente, local

designado por ele ou outro local

Este negócio é desenvolvido em:

Esta variável destinou-se à pessoa que desenvolvia atividades fora de seu domicílio. Seu objetivo é, primeiramente, captar se o empreendimento era estabelecido em local apro-priado, destinado à administração, ao gerenciamento ou à execução do trabalho. Visa, também, identificar o local em que a pessoa exercia o trabalho quando o empreendimen-to não tinha estabelecimento em local apropriado.

Loja, oficina, escritório, etc.: para uma pessoa ocupada, ainda que exercendo função ex-terna, em empreendimento estabelecido em local apropriado, destinado à administração, ao gerenciamento ou à execução do trabalho (loja, oficina, fábrica, escritório, consultório, escola, galpão, etc.). Não se incluiu neste código a pessoa que trabalhava em banca de jornal ou quiosques.

No domicílio do cliente ou local por ele designado: para a pessoa que prestava serviços no domicílio de seus clientes ou, ainda, para a pessoa que trabalhava em local designado pelo cliente ou freguês, ou onde encontrava seus clientes ou fregueses, excluindo via ou área pública. Não foram consideradas as pessoas que exercem função externa de um empreendimento estabelecido em local apropriado, nos dois casos.

Page 94: Atitudes do consumidor

94

No domicílio do sócio

Em veículo automotor: para a pessoa que trabalhava em qualquer veículo automotor (automóvel, caminhão, embarcação a motor, avião, motocicleta, etc.) sem estar exercendo função externa de um empreendimento com estabelecimento em local apropriado.

Em via ou área pública: para a pessoa que trabalhava em via ou área pública (ruas, praças, praias, etc.) sem estar exercendo função externa de um empreendimento com estabelecimen-to em local apropriado. Foram incluídos bancas de jornal, quiosques, barracas de camelô.

Outros: para a pessoa que trabalhava em empreendimento que não se enquadrava nas condições anteriores.

Aquisição de equipamentos e/ou instalações•

População (contagem)

Amostra (contagem)

Empresa pequena Empresa grande Comprou de

particular ImportouDoação,

construiu, adaptou ou outra

Como obteve ou comprou a maioria dos equipamentos e/ou instalações?

Identificou-se dentre as alternativas a seguir aquela que melhor se enquadrou segundo a resposta do informante. Para os informantes que compravam ou obtinham os equipamen-tos por mais de uma alternativa, considerou-se aquela utilizada mais freqüentemente.

Comprou de pequena empresa: se adquiriu os equipamentos de empresas semelhantes a sua em ter-mos de tamanho.

Comprou de empresa grande.

Comprou de particular: no caso de ter adquirido diretamente de pessoa física.

Importou.

Construiu/adaptou.

Doação.

Outra condição.

Vende seus produtos ou serviços principalmente para:

Esta variável investigou qual o tipo de cliente mais freqüente e foi registrada apenas uma alternativa.

População (contagem)

Amostra (contagem) Pessoas Empresas

grandesEmpresas pequenas

Órgãos do governo e outras

instituiçõesIgnorado

Pessoas: no sentido de serem consumidores finais.

Empresas grandes: qualquer tipo de empresa com mais de cinco pessoas trabalhando como emprega-das.

Empresas pequenas: são aquelas que contam com até cinco pessoas trabalhando como empregadas.

Órgãos do governo e outras instituições.

Page 95: Atitudes do consumidor

95

Normalmente suas vendas são:•

Esta variável investigou a forma de vendas efetuadas pelo proprietário do negócio.

População (contagem)

Amostra (contagem) Só à vista Só a prazo À vista e a prazo Outra forma Ignorado

Só à vista: foi marcada a alternativa quando o prazo para recebimento era menor ou igual a 15 dias.

Só a prazo: foi marcada a alternativa quando o prazo para recebimento era maior que 15 dias.

À vista e a prazo.

Outra forma.

De onde são seus clientes•

População (contagem)

Amostra (contagem)

Clientes do mesmo bairro

Clientes de outros bairros

Clientes de outros municípios

Clientes de outros estados

Clientes de outros países

Localização dos clientes

Esta variável investigou a proximidade da clientela e a capacidade de comercialização do negócio. Pretendeu-se obter informações não somente da maioria da clientela, mas de todas as possibilidades de comercialização do empreendimento. Mesmo que a maioria da clientela fosse local, foi importante saber se o proprietário também exportava parte de sua produção:

Do mesmo bairro; De outros bairros; De outros municípios; De outros estados; De outros países; Não sabe.

Instituição responsável pelo apoio à comercialização•

População (contagem)

Amostra (contagem) SEBRAE Instituições

governamentaisInstituições

privadasOrganizações não-governamentais Outras

De novembro de 1998 a outubro de 2003, teve algum tipo de apoio à comercialização?

O proprietário informou se recebeu, ou não, algum tipo de apoio à comercialização de seu(s) produto(s) ou serviços, tais como ajuda para desenvolver canais de comercializa-ção, divulgação do produto, organização em feiras, compra de mercadorias e matéria-prima.

Pagou por algum tipo de apoio à comercialização?

Esta variável investigou se o proprietário pagou para ter algum tipo de apoio à comer-cialização.

Page 96: Atitudes do consumidor

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Qual foi a principal instituição responsável pelo apoio à comercialização recebido?

Esta variável investigou a principal instituição responsável pelo apoio recebido à comer-cialização.

SEBRAE.

Instituições governamentais.

Instituições privadas.

Organizações não-governamentais (ONGS).

Outras.

Por que não teve apoio à comercialização?•

População (contagem)

Amostra (contagem)

Não achou necessário

O preço cobrado era alto

O local da oferta era longe

Desconhecia a oferta de apoio à comercialização

Os serviços existentes não

eram adequados

Esta variável investigou o principal motivo declarado pelo proprietário.

Não achou necessário.

O preço cobrado era alto.

O local da oferta era longe.

Desconhecia a oferta de apoio à comercialização.

Os serviços existentes não eram adequados.

Trabalhava, em outubro, por encomenda ou subcontrato?•

População (contagem)

Amostra (contagem) Não

Sim, exclusivamente, por encomenda ou

subcontrato

Sim, principalmente, por encomenda ou subcontrato

Sim, parcialmente,

por encomenda ou subcontrato

Ignorado

Seu objetivo é investigar até que ponto as pequenas empresas industriais se integram ao processo produtivo de outras empresas (grandes ou pequenas), o que vai indicar se elas têm autonomia ou não.

Denomina-se trabalho por encomenda ou subcontrato aquele em que a produção é desti-nada, exclusivamente, a atender determinados clientes, seguindo especificações bem de-finidas, ou seja, os produtos/mercadorias já estão comprometidos para os clientes antes mesmo de serem fabricados.

Não: nunca trabalhou ou não trabalhou no mês de outubro por encomenda ou subcon-trato.

Sim, exclusivamente, por encomenda ou subcontrato: se toda a produção é feita por encomenda.

Sim, principalmente, por encomenda ou subcontrato: se a maior parte da produção é feita por encomenda, porém existe uma parcela autônoma.

Sim, parcialmente, por encomenda ou subcontrato: quando há produção por encomen-da, porém ela não é tão importante no total.

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Tempo que trabalha, sem interrupção, por encomenda ou subcontrato•

População (contagem)

Amostra (contagem)

Não trabalha por encomenda ou

subcontratoMenos de 1 ano Entre 1 e 5 anos Entre 5 e 10 anos Mais de 10 anos

Número de anos (em 31/10/2003) que trabalhava sem interrupção, por encomenda ou subcontratação:

Se estes trabalhos eram irregulares ou esporádicos, considerou-se como data provável a do primeiro pedido.

Caso o tempo fosse menor que um ano, no campo anos registraram-se dois zeros (00).

Motivo pelo qual trabalha por encomenda ou subcontrato•

População (contagem)

Amostra (contagem)

Não trabalha por encomenda ou subcontrato

Volume ou garantia de

vendas

Assistência técnica, acesso a tecnologia ou facilidades

bancárias e de acesso a crédito

Padronização dos produtos ou baixo custo de capitais

Melhor preço/ outros motivos

Qual o principal motivo de trabalhar por encomenda ou subcontrato?

Volume de vendas (ou de serviços): quando for considerado que a vantagem decorre do fato de conseguir produzir e vender maior quantidade de produtos do que venderia de outra forma no mercado.

Garantia de vendas (ou de trabalho): quando a vantagem for a garantia de que toda a produção é vendida.

Padronização do produto (ou serviço): quando a vantagem decorrer de fazer produtos padronizados pelo cliente.

Baixos custos de capital: quando o cliente fornece ou cede máquinas e equipamentos.

Assistência técnica: quando o cliente presta algum tipo de assistência técnica ao produtor.

Facilidades bancárias e de crédito.

Acesso à tecnologia: quando o cliente facilita o acesso do produtor a novas formas de produzir.

Melhor preço: quando o cliente paga preço mais elevado que aquele que o produtor con-seguiria vendendo no mercado.

Outro: qualquer outro motivo não mencionado anteriormente.

Conclusão

A realização de análises proporcionadas pela inovadora pesquisa do setor informal, feita pelo IBGE sob os auspícios do SEBRAE, apresenta um potencial a ser apropriado no dese-nho e na implantação de ações que visam à conquista de acesso a mercado.

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VII. Mix de marketing: estratégias de acesso a mercados

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10

0

O plano de marketing traduz o detalhamento das condições mercadológicas num proces-so decisório que leva em conta a análise de oportunidades, ameaças, forças e fraquezas (SWOT) para subsetores, localidades e conjunturas de cunho mercadológico específicas. Essa parte é dependente dos resultados das três etapas descritas anteriormente combi-nando com a análise de marketing mix, também conhecido como os quatro Ps de marke-ting: produto; preço; praça (distribuição); e promoção.

Produto:• compreende a descrição dos atributos.

Preço:• trata-se do estabelecimento de hipóteses para a negociação com clientes nas compras.

Praça:• caracteriza a rede de distribuição dos produtos e serviços.

Promoção:• delineia os principais pontos a serem considerados na publicidade e nas campanhas de venda dos produtos e serviços.

1. Visão geral

Muitas microempresas têm fracassado por não devotarem a atenção necessária ao lado mercadológico do negócio. O proprietário de um pequeno negócio deve ter uma orien-tação mercadológica se deseja obter sucesso em sua atividade. Essa orientação mercado-lógica compreende empenhar-se em trazer satisfação a seu cliente e obter o máximo de lucratividade, os dois principais objetivos a longo prazo de qualquer negócio. O proprie-tário de uma microempresa deve entender que quando se fala em marketing longenecker se descreve o marketing de uma microempresa como “aquelas atividades que se relacionam diretamente à identificação do potencial do mercado-alvo preparando, comunicando e entregando um pacote de satisfação a este mercado”.

O planejamento e a implementação de um marketing orientado para a demanda, também chamado de processo de planejamento de marketing, é visto por McDonald como “um processo lógico e seqüencial de atividades que direciona para os objetivos mercadológicos e o planejamento de como atingi-los”. O resultado do bem-sucedido planejamento merca-dológico, é um plano escrito que cobre todos os elementos do processo de marketing.

Pesquisas demonstram que as microempresas não dão especial atenção ao planejamento estratégico de marketing. A maioria dos proprietários de microempresas baseia suas de-cisões em intuição ou sentimento instintivo, que também são importantes nas decisões mercadológicas, mas sem dúvida o fator mais importante são os fatos. Quanto mais informações uma empresa obtiver, em melhor posição estará para compreender seu mer-cado, clientes e competidores. A maneira mais usada de obter-se essas informações é por meio da pesquisa de mercado.

Segundo Machado “um dos segredos de sucesso na pesquisa de mercado é julgar cuida-dosamente quais as informações necessárias e ir buscá-las”.

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1

2. Análise SWOT

Faz-se necessária uma análise do ambiente que cerca o negócio, compreendendo uma avaliação do ambiente interno para determinar as forças e as fraquezas e uma avalia-ção do ambiente externo para determinar as oportunidades e as ameaças do merca-do (SWOT). A análise microambiental inicia-se com o planejamento e a formulação da missão total do negócio, objetivos e cultura da empresa, continuando com a análise do produto. O ambiente externo do negócio consiste no mercado e no macroambiente. Os competidores, os mercados e os fornecedores são também analisados, bem como os am-bientes social, econômico, político, físico e tecnológico.

Para essa fase, tem sido usado com sucesso o sistema de brainstorming, com a participa-ção de todos os elementos participantes da empreitada.

O próximo passo no processo do planejamento estratégico de marketing é a integração dos resultados da análise ambiental em um plano escrito de marketing. Isso demanda a formulação de uma missão, objetivos de marketing e estratégia de marketing.

A estratégia de marketing descreve as maneiras singulares com que o plano de negócios pretende atingir os objetivos mercadológicos. Tal estratégia consiste largamente em três componentes:

segmentação do mercado, para selecionar os alvos do mercado;•

posicionar o negócio em relação à concorrência, para posicionar os produtos e/ou •serviços da maneira mais efetiva;

planejar e coordenar as quatro áreas de tomada de decisões, ou seja: produto, preço, •distribuição e comunicações mercadológicas, também conhecidas como marketing mix.

A segmentação do mercado permite dividir o mercado heterogêneo em pequenos sub-mercados homogêneos. Isso permite desenvolver um específico marketing mix para cada segmento de mercado, ou seja, em um nível ótimo de satisfação da necessidade do mer-cado. Quatro fatores são usados para segmentar o mercado consumidor, especificamen-te o geográfico, o demográfico, o do estilo de vida e o comportamental. O objetivo final da segmentação de mercado é identificar mercados onde a empresa possa competir. Os segmentos identificados são chamados de mercados-alvos da empresa. De acordo com Machado, “uma microempresa tem três opções ou caminhos para tratar com seu merca-do-alvo: marketing de massa, marketing de multissegmentos ou marketing do caminho da concentração ou nicho. Tanto Machado quanto Washer afirmam que a concentração ou nicho é a melhor opção para as microempresas. Essa maneira permite a especialização e uma melhor utilização dos parcos recursos da microempresa.

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2

3.

Após ter selecionado o mercado-alvo, a microempresa deve tentar posicionar-se de ma-neira a que o mercado a distinga como melhor que a concorrência. O principal propósito do posicionamento é persuadir os clientes de que seu produto ou serviço específico irá ajudá-lo a obter a satisfação almejada. A microempresa deverá decidir cuidadosamente como irá obter essa vantagem competitiva, porque o posicionamento é a base e o direcio-namento do marketing mix. Também cria um foco de atenção para o proprietário e para os empregados no sentido do que a empresa está tentando alcançar no mercado.

Quando a microempresa já está posicionada no mercado, é tempo de desenvolver o ma-rketing mix, ou seja, decidir qual a composição mais efetiva das quatro componentes da estratégia mercadológica, nominalmente o produto, o preço, a distribuição e as comu-nicações mercadológicas. De acordo com o que Hannagan cita em Terblanche: “Uma efetiva estratégia mercadológica irá ‘soldar’ as quatro variáveis juntas para satisfazer a necessidade do cliente. Idealmente, isso terá um efeito sinérgico, que fará que o efeito composto seja maior que a soma das partes”.

Na microempresa, decisões concernentes ao produto ou serviço são extremamente impor-tantes para o bom gerenciamento do negócio. Essas decisões auxiliam no alcance dos objeti-vos: satisfazer as necessidades do mercado-alvo e atingir os objetivos da própria empresa.

Determinar o preço é um elemento crucial do marketing mix, já que as implicações do lucro afetam o sucesso de qualquer empresa a longo prazo. Muitos fatores afetam a de-cisão sobre a determinação do preço, como custo, concorrência, tipo de produto ou ser-viço, imagem, oferta e procura e fatores ambientais, como legislação, impostos e taxas cambiais. Outras decisões na determinação do preço incluem diferentes maneiras de determinar o preço, descontos e créditos.

Distribuição concerne em encontrar o melhor ponto de venda para o consumidor receber o produto e/ou o serviço que a microempresa oferece. Distribuição, segundo Machado, “é estabelecer um sistema que leve o produto onde o consumidor quer comprá-lo”. A empresa tem de decidir qual canal de distribuição irá utilizar, sendo considerado canal de distribuição um sistema de pessoas e organizações que fazem o produto ou serviço chegar ao consumidor (Hutt; Stull). Essas pessoas ou organizações são chamadas de intermediários ou atravessadores. As decisões sobre distribuição implicam decidir se utilizam o canal de distribuição direta ou indireta e onde a empresa deve se localizar.

As comunicações mercadológicas envolvem de todos os métodos utilizados pela micro-empresa para comunicar-se com seu mercado-alvo, incluindo anúncios, promoções de vendas, publicidade e contatos para vendas. Todos esses métodos são utilizados para criar uma certa imagem do negócio. O objetivo principal da comunicação mercadológica é informar, persuadir e lembrar o mercado-alvo do negócio, produto ou serviço. A micro-empresa tem de escolher os métodos efetivos de comunicação e como eles serão medidos ou aferidos.

O proprietário de uma microempresa deverá levar em consideração todas as informa-ções anteriormente citadas na formulação da estratégia de marketing ou planejamento mercadológico. Para garantir a efetividade, o plano mercadológico deverá ser reavaliado periodicamente para garantir o sucesso, pois é sempre melhor ser proativo do que reati-vo no mercado.

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3

VIII. Conclusão

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10

4

Este projeto tem como objetivo subsidiar a aplicação de ações de incremento do acesso a mercado de bens e serviços nas atividades microempresariais brasileiras. Enfatiza-mos a análise das limitações, dos recursos e das atitudes de pequenos empresários no que se refere a seus mercados finais. A expansão de ações de apoio de acesso a mercado representa grande desafio para uma instituição como o SEBRAE. Há de se fazer uma opção sobre a melhor forma de realizar esse esforço, uma vez que um apoio diferencia-do no acesso a mercados no varejo implicaria aumentar ainda mais a capilaridade da oferta na rede de serviços da instituição. Desenvolvemos aqui um sistema de informa-ções, modelos de análises e marco conceitual, propiciando ao SEBRAE insumos para incorporar no desenho e na implementação de estratégias de expansão mercadológica de seus clientes. O primeiro elemento é a elaboração de um relatório aplicado ao país como um todo e na comparação geral entre o conjunto de setores específicos como guia prático para a aplicação de sistema de informações disponibilizado. O segundo elemento é um sítio na internet que permite a generalização das análises a um amplo conjunto de usuários de forma interativa e amigável. Os produtos disponibilizados estão em linguagem acessível e acompanhados de notas explicativas a fim de facilitar a navegação e o entendimento dos usuários. Abordamos de forma pedagógica e se-qüencial os diversos exercícios empíricos que são na verdade extensões do mesmo tipo de análise. Os exercícios empíricos, que vão desde análises bivariadas até a análise de diferenças baseadas em regressões com controles e variáveis interativas, são didatiza-dos por meio da realização de simuladores e panoramas com vídeos pedagógicos e pop ups explicativos no sítio do projeto complementados com anexos técnicos e caixas de texto amigáveis.

Esse conjunto de instrumentos propicia a incorporação de conteúdo conceitual e em-pírico nas decisões tomadas, respeitando as especificidades dos negócios individu-ais, as localidades e os segmentos de mercado em questão, mas ao mesmo tempo uniformizando, pelo menos em parte, o tratamento empírico dado. O resultado final é, mediante análises quantitativas e qualitativas do mercado efetivo e potencial de bens e serviços, propiciar ações que permitam ao SEBRAE orientar os produtores no sentido de deles aproveitarem as oportunidades de mercado disponíveis. É necessá-rio aprofundar o conhecimento da figura principal da microempresa: o proprietário. Na gama de segmentos estudados, pode-se empiricamente pinçar diversos perfis de proprietários. No segmento turismo, por exemplo, vai-se do proprietário de uma loja de turismo, que além ter curso superior deve falar mais de um idioma, ao proprietá-rio de alguns veículos de transporte de turistas, que só cursou o primeiro grau e cuja ênfase profissional é a mecânica. Na gama dos dez segmentos estudados, a maioria dos proprietários de microempresas é de produtores e artesãos que estão dando certo e que começam a expandir seus negócios. Temos de dar a esses proprietários as fer-ramentas para o desenvolvimento da microempresa, e creio que a melhor ferramenta que se pode oferecer, segundo a opinião deles mesmos, é a melhoria do acesso a mercados consumidores.

Com os cruzamentos estatísticos apontamos “o caminho das pedras” no mercado, e com o marketing “vestimos a armadura” do conhecimento técnico mais moderno para o microempresário encontrar seu nicho no mercado. O trajeto passa por um maior conhecimento do mercado, melhor definição do público-alvo a ser atingido e das estratégias adotadas a fim de levar seus produtos e serviços até onde eles não costumam ir.

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