atia prof cs silva -...

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Pág. Rua Comandante Almiro, 211 - Centro - Feira de Santana-BA (75) 3221.7259 1 Construção (Chico Buarque) Amou daquela vez como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a última E cada filho seu como se fosse o único E atravessou a rua com seu passo tímido Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas Tijolo com tijolo num desenho mágico Seus olhos embotados de cimento e lágrima Sentou pra descansar como se fosse sábado Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Dançou e gargalhou como se ouvisse música E tropeçou no céu como se fosse um bêbado E flutuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego. 01. Quanto ao uso morfológico dos verbos, é acerto dizer que: A) As formas verbais que aparecem no modo indicador de certeza são – todas – irregulares. B) Os verbos conjugados na referência indicadora de dú- vida apresentam uma ação conclusa, acabada. C) Todos os verbos irregulares do texto estão no subjunti- vo. D) A predominância dos verbos no contexto da dúvida mostra uma referência metafórica ao definir o persona- gem da canção. E) As ações habituais do texto impõem uma ideia unilate- ral sobre o personagem. 02. Chegaram o réu e o advogado que criticaram o júri. Con- siderando as questões morfossintáticas, é correto afirmar que: A) Que aparece como conjunção integrante de uma ora- ção com função explicativa. B) O sujeito indeterminado pela desinência verbal é refor- çado na segunda oração. C) Que aparece como pronome relativo e completa o sen- tido do verbo criticar. D) O sujeito composto é substituído por pronome que as- sume a mesma classificação sintática, além de indicar uma ideia restrita entre uma oração e outra. E) Que pode ser substituído sem alterar o sentido por os quais e assume a função de complemento verbal. 03. (Unesp - SP) O esporte é bom pra gente, fortalece o corpo e, além de haver muita saúde, a mente engrandece. Quando estamos correndo, esquecemos de tudo, até das dívidas. 03. As três primeiras orações apresentam respectivamente: A) Sujeito simples, simples e simples. B) Sujeito simples, oculto e inexistente. C) Sujeito simples, simples e inexistente. D) Sujeito simples, oculto e simples. E) Sujeito simples, oculto e oculto. 04. As condições em que vivem os presos, em nossos cárce- res superlotados, deveriam assustar todos os que plane- jam se tornar delinquentes. Mas a criminalidade só vem aumentando, causando medo e perplexidade na popula- ção. Muitas vozes têm se levantado em favor do endure- cimento das penas, da manutenção ou ampliação da Lei dos Crimes Hediondos, da defesa da sociedade contra o crime, enfim, do que se convencionou chamar “doutrina da lei e da ordem”, apostando em tais caminhos como forma de dissuadir novas práticas criminosas. Geralmente valem-se de argumentos retóricos e emo- cionais, raramente escorados em dados de realidade ou em estudos que apontem ser esse o melhor caminho a se- guir. Embora sedutora e aparentemente sintonizada com o sentimento geral de indignação, tal corrente aponta para o caminho errado, para o retorno ao direito penal vingativo e irracional, tão combatido pelo iluminismo jurídico. O coro dessas vozes aumenta exatamente quando o governo aca- ba de encaminhar ao Congresso o anteprojeto do Código Penal, elaborado por renomados juristas, com participação da sociedade organizada, com o objetivo de racionalizar as penas, reservando a privação da liberdade somente aos que cometerem crimes mais graves e, mesmo para esses, tendo sempre em vista mecanismos de reintegração so- cial. Destaca-se o emprego das penas alternativas, como a prestação de serviços à comunidade, a compensação por danos causados, a restrição de direitos etc. Contra a ideia de que o bandido é um facínora que optou por atacar a sociedade, prevalece a noção de que são as vergonhosas condições sociais e econômicas do Brasil que geram a cri- minalidade; enquanto essas não mudarem, não há mágica: os crimes vão continuar aumentando, a despeito do maior rigor nas penas ou da multiplicação dos presídios. Carlos Weiss (professor da USP) O autor do texto mostra-se A) Ratificando o coro das vozes que se levantam em favor da aplicação de penas mais rigorosas. B) Caracterizado com doutrina que se convencionou cha- mar “da lei e da ordem”. C) Paradoxal àqueles que encontram nas causas sociais e econômicas a razão maior das práticas criminosas. D) Avesso à corrente dos que defendem, entre outras me- didas, a ampliação da Lei dos Crimes Hediondos. E) Reverso àqueles que defendem o emprego de leis mais rigorosas. 05. A palavra assinalada no trecho “A jovem é que devia ser sua colaboradora na vida” mantém uma relação equivalen- te com a palavra destacada em: Aluno(a): __________________________________________________________ Data: ___ /____/ 2018 Professor: Celso Silva Turma: Intensivo Assunto: Morfologia, sintaxe e texto

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Page 1: ATIA PROF CS SILVA - acessoeducar.com.bracessoeducar.com.br/materias/gramatica/morfolofiasintaxeetexto.pdf · tido do verbo criticar. D) ... Regular, regular, irregular, irregular

Pág.Rua Comandante Almiro, 211 - Centro - Feira de Santana-BA (75) 3221.7259 1

Gramática - Prof. Celso silva

Construção(Chico Buarque)

Amou daquela vez como se fosse a últimaBeijou sua mulher como se fosse a últimaE cada filho seu como se fosse o únicoE atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquinaErgueu no patamar quatro paredes sólidasTijolo com tijolo num desenho mágicoSeus olhos embotados de cimento e lágrima

Sentou pra descansar como se fosse sábadoComeu feijão com arroz como se fosse um príncipeBebeu e soluçou como se fosse um náufragoDançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbadoE flutuou no ar como se fosse um pássaro

E se acabou no chão feito um pacote flácidoAgonizou no meio do passeio públicoMorreu na contramão, atrapalhando o tráfego.

01. Quanto ao uso morfológico dos verbos, é acerto dizer que:

A) As formas verbais que aparecem no modo indicador de certeza são – todas – irregulares.

B) Os verbos conjugados na referência indicadora de dú-vida apresentam uma ação conclusa, acabada.

C) Todos os verbos irregulares do texto estão no subjunti-vo.

D) A predominância dos verbos no contexto da dúvida mostra uma referência metafórica ao definir o persona-gem da canção.

E) As ações habituais do texto impõem uma ideia unilate-ral sobre o personagem.

02. Chegaram o réu e o advogado que criticaram o júri. Con-siderando as questões morfossintáticas, é correto afirmar que:

A) Que aparece como conjunção integrante de uma ora-ção com função explicativa.

B) O sujeito indeterminado pela desinência verbal é refor-çado na segunda oração.

C) Que aparece como pronome relativo e completa o sen-tido do verbo criticar.

D) O sujeito composto é substituído por pronome que as-sume a mesma classificação sintática, além de indicar uma ideia restrita entre uma oração e outra.

E) Que pode ser substituído sem alterar o sentido por os quais e assume a função de complemento verbal.

03. (Unesp - SP) O esporte é bom pra gente, fortalece o corpo e, além de haver muita saúde, a mente engrandece. Quando estamos correndo, esquecemos de tudo, até das dívidas.

03. As três primeiras orações apresentam respectivamente:

A) Sujeito simples, simples e simples. B) Sujeito simples, oculto e inexistente. C) Sujeito simples, simples e inexistente.D) Sujeito simples, oculto e simples. E) Sujeito simples, oculto e oculto.

04. As condições em que vivem os presos, em nossos cárce-res superlotados, deveriam assustar todos os que plane-jam se tornar delinquentes. Mas a criminalidade só vem aumentando, causando medo e perplexidade na popula-ção. Muitas vozes têm se levantado em favor do endure-cimento das penas, da manutenção ou ampliação da Lei dos Crimes Hediondos, da defesa da sociedade contra o crime, enfim, do que se convencionou chamar “doutrina da lei e da ordem”, apostando em tais caminhos como forma de dissuadir novas práticas criminosas.

Geralmente valem-se de argumentos retóricos e emo-cionais, raramente escorados em dados de realidade ou em estudos que apontem ser esse o melhor caminho a se-guir. Embora sedutora e aparentemente sintonizada com o sentimento geral de indignação, tal corrente aponta para o caminho errado, para o retorno ao direito penal vingativo e irracional, tão combatido pelo iluminismo jurídico. O coro dessas vozes aumenta exatamente quando o governo aca-ba de encaminhar ao Congresso o anteprojeto do Código Penal, elaborado por renomados juristas, com participação da sociedade organizada, com o objetivo de racionalizar as penas, reservando a privação da liberdade somente aos que cometerem crimes mais graves e, mesmo para esses, tendo sempre em vista mecanismos de reintegração so-cial. Destaca-se o emprego das penas alternativas, como a prestação de serviços à comunidade, a compensação por danos causados, a restrição de direitos etc. Contra a ideia de que o bandido é um facínora que optou por atacar a sociedade, prevalece a noção de que são as vergonhosas condições sociais e econômicas do Brasil que geram a cri-minalidade; enquanto essas não mudarem, não há mágica: os crimes vão continuar aumentando, a despeito do maior rigor nas penas ou da multiplicação dos presídios.

Carlos Weiss (professor da USP)

O autor do texto mostra-se

A) Ratificando o coro das vozes que se levantam em favor da aplicação de penas mais rigorosas.

B) Caracterizado com doutrina que se convencionou cha-mar “da lei e da ordem”.

C) Paradoxal àqueles que encontram nas causas sociais e econômicas a razão maior das práticas criminosas.

D) Avesso à corrente dos que defendem, entre outras me-didas, a ampliação da Lei dos Crimes Hediondos.

E) Reverso àqueles que defendem o emprego de leis mais rigorosas.

05. A palavra assinalada no trecho “A jovem é que devia ser sua colaboradora na vida” mantém uma relação equivalen-te com a palavra destacada em:

Aluno(a): __________________________________________________________ Data: ___ /____/ 2018Professor: Celso Silva Turma: Intensivo Assunto: Morfologia, sintaxe e texto

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veiculadas, traduzindo-as segundo seus próprios valo-res. “A síntese e as conclusões que um telespectador vai realizar depois de assistir a um telejornal não podem ser antecipadas por ninguém; nem por quem produziu o telejornal, nem por quem assistiu ao mesmo tempo que aquele telespectador”, inferiu Carlos Eduardo.

(Adaptado – texto)06. O autor do texto:

A) acredita que a mídia controla e manipula todos os cidadãos, independentemente de sua condição so-cioeconômica e cultural.

B) mostra o poder absoluto da mídia de deturpar a re-alidade dos fatos, tornando os cidadãos alienados e passivos.

C) mostra ao leitor que a mídia tem total poder de influen-ciar o seu público, principalmente pelas redes sociais.

D) prova a tese de que a mídia influencia – mas não so-zinha - os leitores, respaldando-se em importantes estudiosos da cultura de massa e histórica.

E) sustenta a ideia de que a mídia é um dos motores – entre outros aquém ou não - que direta ou indire-tamente também influem no que é mister ou não, verossímil ou não aos olhos da sociedade.

07. “Chegaríamos no horário se não fosse aquele problema.”- O primeiro verbo indica:A) Uma forma futura incerta. B) Uma ação cancelada, já que o fato não ocorrerá mais. C) Ação anterior à outra. D) Ação inacabada. E) Ação confirmada e acabada.

08. “Fi-lo porque qui - lo”. A famosa frase de Dom Pedro I está gramaticalmente incorreta. O certo seria:

A) Fiz-o porque quis-o B) Fiz-lo porque quis-lo. C) Eu o fiz porque o quis. D) Fi-lo porque o quis.E) Eu o fiz porque qui-lo.

09. Seguindo os modelos:

“Chamou – se o médico”. “O médico foi chamado.”. “Compraram – se móveis.” “Móveis foram comprados.” Em “Foi-se o silêncio”, tem-se:

A) O silêncio foi levado. D) O silêncio foi. B) O silêncio tem sido. E) O silêncio se foi. C) O silêncio foi ido.

10. Sempre te quis bem, mas você resolveu o contrário. Quando eu reouver sua confiança, dar-te-ei meu amor. Os verbos no exemplo classificam- se respectivamente como:

A) Regular, regular, irregular, irregular B) Regular, regular, irregular, abundante C) Irregular, regular, irregular, irregular D) Irregular, regular, irregular, defectivo E) Irregular, regular, defectivo, irregular

Gabarito

01. D02. D03. B04. E05. C

A) Um dia, viu que sairia. B) sempre sou se iria conseguir ou não. C) ao olhar para ela, ele se foi embora para nunca mais voltar. D) ele, que sempre fez, deixou de fazer.E) vai, levante-se.

Questões 06 e 07

A mídia realmente tem o poder de manipular as pessoas?

Francisco Fernandes Ladeira

À primeira vista, a resposta para a pergunta que intitula este artigo parece simples e óbvia: sim, a mídia é um poderoso ins-trumento de manipulação. A ideia de que o frágil cidadão comum é impotente frente aos gigantescos e poderosos conglomerados da comunicação é bastante atrativa intelectualmente. Influentes nomes, como Adorno e Horkheimer, os primeiros pensadores a realizar análises mais sistemáticas sobre o tema, concluíram que os meios de comunicação em larga escala moldavam e direcio-navam as opiniões de seus receptores. Segundo eles, o rádio torna todos os ouvintes iguais ao sujeitá-los, autoritariamente, aos idênticos programas das várias estações. No livro Televisão e Consciência de Classe, Sarah Chucid Da Viá afirma que o ví-deo apresenta um conjunto de imagens trabalhadas, cuja apre-ensão é momentânea, de forma a persuadir rápida e transitoria-mente o grande público. Por sua vez, o psicólogo social Gustav Le Bon considerava que, nas massas, o indivíduo deixava de ser ele próprio para ser um autômato sem vontade e os juízos acei-tos pelas multidões seriam sempre impostos e nunca discutidos.

Assim, fomentou-se a concepção de que a mídia seria ca-paz de manipular incondicionalmente uma audiência submis-sa, passiva e acrítica.

Todavia, como bons cidadãos céticos, devemos duvidar (ou ao menos manter certa ressalva) de proposições ime-diatistas e aparentemente fáceis. As relações entre mídia e público são demasiadamente complexas, vão muito além de uma simples análise behaviorista de estímulo/resposta. As mensagens transmitidas pelos grandes veículos de comunica-ção não são recebidas automaticamente e da mesma maneira por todos os indivíduos. Na maioria das vezes, o discurso mi-diático perde seu significado original na controversa relação emissor/receptor. Cada indivíduo está envolto em uma “bolha ideológica”, apanágio de seu próprio processo de individua-ção, que condiciona sua maneira de interpretar e agir sobre o mundo. Todos nós, ao entramos em contato com o mundo exterior, construímos representações sobre a realidade.

Cada um de nós forma juízos de valor a respeito dos vários âmbitos do real, seus personagens, acontecimentos e fenô-menos e, consequentemente, acreditamos que esses juízos correspondem à “verdade”. [...]

[...] A mídia é apenas um, entre vários quadros ou grupos de referência, aos quais um indivíduo recorre como argumen-to para formular suas opiniões. Nesse sentido, competem com os veículos de comunicação como quadros ou grupos de referência fatores subjetivos/psicológicos (história familiar, trajetória pessoal, predisposição intelectual), o contexto so-cial (renda, sexo, idade, grau de instrução, etnia, religião) e o ambiente informacional (associação comunitária, trabalho, igreja). “Os vários tipos de receptor situam-se numa comple-xa rede de referências em que a comunicação interpessoal e a midiática se completam e modificam”, afirmou a cientista social Alessandra Aldé em seu livro A construção da política: democracia, cidadania e meios de comunicação de massa. Evidentemente, o peso de cada quadro de referência tende a variar de acordo com a realidade individual. Seguindo essa linha de raciocínio, no original estudo Muito Além do Jardim Botânico, Carlos Eduardo Lins da Silva constatou como te-lespectadores do Jornal Nacional acionam seus mecanismos de defesa, individuais ou coletivos, para filtrar as informações

06. E07. B08. D09. E10. E