aterro sanitário na legislação ambiental

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Aterros Sanitários Conceito, caracterização, destinação e viabilização dos aterros Conceitualmente, o Aterro Sanitário é um processo utilizado para a disposição de resíduos sólidos no solo, particularmente do lixo domiciliar, que fundamentado em normas operacionais específicas, bem como, baseado e amparado em critérios e métodos de engenharia, permite uma confinação segura, em termos de controle de poluição ambiental e proteção da saúde pública. Neste sentido, o método de codisposição de resíduos industriais não inertes e inertes com resíduos sólidos domiciliares, em aterros sanitários que atendam às exigências legais, técnicas e operacionais dos órgãos de controle de poluição ambiental, tem se mostrado uma alternativa interessante para municípios e empresas industriais que necessitam dar uma destinação final, tecnicamente adequada e economicamente viável, aos resíduos sólidos gerados em regiões industrializadas do país. Um aterro sanitário apto a realizar a codisposição de resíduos sólidos industriais inertes e não inertes com resíduos sólidos domiciliares, caracteriza-se por possuir: Condições hidrológicas favoráveis; Sistema de impermeabilização da base do aterro sanitário (linear); Sistema de drenagem sub-superficial de líquidos percolados; Sistema de drenagem vertical de gases;

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Aterro sanitario

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Page 1: Aterro Sanitário Na Legislação Ambiental

Aterros Sanitários

Conceito, caracterização, destinação e viabilização dos aterros

Conceitualmente, o Aterro Sanitário é um processo utilizado para a disposição

de resíduos sólidos no solo, particularmente do lixo domiciliar, que fundamentado em

normas operacionais específicas, bem como, baseado e amparado em critérios e

métodos de engenharia, permite uma confinação segura, em termos de controle de

poluição ambiental e proteção da saúde pública.

Neste sentido, o método de codisposição de resíduos industriais não inertes e

inertes com resíduos sólidos domiciliares, em aterros sanitários que atendam às

exigências legais, técnicas e operacionais dos órgãos de controle de poluição ambiental,

tem se mostrado uma alternativa interessante para municípios e empresas industriais que

necessitam dar uma destinação final, tecnicamente adequada e economicamente viável,

aos resíduos sólidos gerados em regiões industrializadas do país.

Um aterro sanitário apto a realizar a codisposição de resíduos sólidos industriais

inertes e não inertes com resíduos sólidos domiciliares, caracteriza-se por possuir:

Condições hidrológicas favoráveis;

Sistema de impermeabilização da base do aterro sanitário (linear);

Sistema de drenagem sub-superficial de líquidos percolados;

Sistema de drenagem vertical de gases;

Tratamento de líquidos percolados (água + chorume);

Equipamentos adequados para compactação e cobertura diária dos resíduos

sólidos dispostos na frente da operação, de forma a evitar vetores transmissores

de doenças e reduzir infiltrações de águas pluviais na massa de resíduos, bem

como realizar obras de infra- estrutura necessária;

Controle, pesagem e manifesto de cargo dos resíduos sólidos dispostos;

Análises físico-químicas, ensaios de solubilização e lixiviação de resíduos

sólidos domiciliares, industriais inertes e não inertes, de forma a caracterizar os

resíduos dispostos;

Sistema de drenagem de águas pluviais;

Sistema de monitoramento hidrogeológico de efluentes, águas subterrâneas e

corpos hídricos próximos ao empreendimento;

Page 2: Aterro Sanitário Na Legislação Ambiental

Mão de obra qualificada para administrar, operar e dar manutenção ao

empreendimento;

Este método de codisposição de resíduos sólidos industriais não inertes e inertes

em aterro sanitário tem sido aplicado em alguns municípios do Estado de São Paulo

como Sorocaba, Valinhos, Santo André e Limeira, apresentando bons resultados,

comprovando a viabilidade técnica e permitindo a autonomia financeira e administrativa

do empreendimento.

O método de codisposição consiste em misturar resíduos sólidos industriais

classe II e III, com resíduos sólidos domiciliares, de forma a provocar reações físicas,

químicas e biológicas. Os principais fenômenos que ocorrem na massa de resíduos são:

Diluição e dispersão de poluentes;

Degradação de compostos orgânicos;

Precipitação de cátions;

Absorção e adsorção de poluentes.

Além disso, há uma atenuação da poluição na camada de solo existente entre o

fundo do aterro sanitário e o nível mais alto do lençol freático. Essa camada de solo

insaturada atua sobre o fluxo de percolado, acarretando a degradação de compostos

orgânicos, retenção de cátions pelas argilas, dispersão de poluentes, filtragem de sólidos

suspensos e extinção de bactérias e vírus.

Com relação ao sistema de efluentes, foi adotado no Aterro Sanitário de Limeira,

em São Paulo, o processo de recirculação dos líquidos percolados (chorume + água) na

massa de resíduos, através dos drenos de gás. Este processo consiste em inocular

microorganismos na massa de resíduos sólidos, acelerando o processo de degradação e

não havendo, portanto lançamento de efluentes em corpo hídrico. Através de

amostragens e análises concluiu-se que as concentrações de DQO-demanda química de

oxigênio- e metais pesados presentes nos líquidos percolados, não sofreram alterações

significativas, evidenciando-se que o método de codisposição de resíduos sólidos

industriais classe II e III com resíduos sólidos domiciliares, em aterros sanitários que

atendam às exigências técnicas e operacionais dos órgãos de controle de poluição

ambiental é plenamente viável do ponto de vista técnico, ambiental e econômico, sendo

uma alternativa para municípios e indústrias que necessitam dispor seus resíduos sólidos

de forma responsável.

Page 3: Aterro Sanitário Na Legislação Ambiental

Um aterro sanitário bem planejado e igualmente bem operado e fiscalizado

resolverá o problema de destinação dos resíduos sólidos urbanos, porque ele

proporciona uma série de vantagens, tais como:

Protege o meio ambiente, a saúde pública e favorece a segurança e o bem estar

da população;

Elimina os problemas sociais, estéticos. de segurança e sanitários dos despejos

de lixo "a céu aberto";

Pode ser implantado rapidamente;

Pode recuperar terrenos degradados convertendo-os em áreas úteis;

É um processo flexível, podendo adaptar-se ao crescimento da população e ao

incremento da produção de resíduos sólidos;

Possibilita o reaproveitamento futuro do terreno para áreas verdes, para fins

agrícolas ou para áreas de lazer, entre outras.

E possibilita o aproveitamento do biogás, se projetado para essa finalidade.

Planejamento de um aterro sanitário

Um aterro sanitário pressupõe 3 (três) etapas essenciais, tanto para a sua

viabilidade de implantação física quanto para o seu funcionamento adequado.

1º ETAPA- ESTUDO CONCEITUAL: Nesta etapa, a dimensão do porte do

aterro sanitário a ser instalado bem como a sua vida útil determinam o custo econômico

do EPIA/RIMA.

É o momento de se tomar conhecimento do problema, ou seja, a etapa vai

contemplar as informações básicas sobre os resíduos a serem dispostos no aterro a ser

instalado e a projeção de produção sobre todo o período de alcance do projeto. Esses

resíduos sólidos que serão recebidos pelo aterro são todos os resíduos urbanos, exceto

aqueles com potencial patogênico, corrosivo, com reatividade e inflamabilidade e com

capacidade de bioacumulação, pois as características de tais resíduos poderiam provocar

riscos ao meio ambiente e à saúde pública. Uma vez separados, procede-se à pesagem

do lixo coletado, à avaliação dos componentes recicláveis e susceptíveis de

decomposição biológica e dos resíduos inertes e é aferido o peso específico dos resíduos

coletados para fim da redução volumétrica destes resíduos no aterro. Finalmente é feita

a projeção da população urbana a ser atendida pelo projeto do aterro em execução, para

se avaliar ano a ano, a produção futura de resíduos que o aterro comportará. O valor da

Page 4: Aterro Sanitário Na Legislação Ambiental

produção de resíduos per capita, multiplicado pela população, ano a ano, corresponderá

à projeção da produção de resíduos no final do projeto, sendo então, o valor considerado

para o dimensionamento total do aterro e para o estudo ambiental visando os

licenciamentos.

2º ETAPA- ESTUDO BÁSICO: Nesta etapa é feita a seleção e

caracterização do local para o aterro sanitário. Serão informados os elementos do

projeto básico, os sistemas de drenagem de águas pluviais, a produção de chorume e a

sua drenagem, remoção e tratamento, a produção de biogás e seu sistema de drenagem e

destino final, o sistema de impermeabilização superior e inferior do aterro, a definição

das unidades de apoio administrativo, a posição do aterro de emergência e resíduos

especiais e a fixação dos parâmetros do projeto executivo do aterro. Importantíssimo

nesta etapa é a escolha do local para a implantação do aterro, quando na seleção do

terreno, deverá ser considerado o suficiente afastamento das zonas habitadas,

conservando, entretanto, certa proximidade do centro de massa da coleta de resíduos

sólidos.

Deverão ser estudadas as características capazes de controlar os riscos de

contaminação da água, do ar e do solo, com afastamento ideal das áreas de proteção de

mananciais.O local deverá contar com sistema de serviços públicos, tais como redes

elétrica, de água e de telefone, oferecer possibilidade de múltiplos acessos, dispor

aparentemente, no próprio local, de material de cobertura em quantidade e qualidade e

devem ser consideradas, segundo a lei de ocupação do solo, as oportunidades de

desapropriação e facilidades de aquisição do terreno, entre outras.

Isto significa que na escolha do local devem ser atendidas as características

ideais ao:

Meio físico como hidrogenia, direção dos ventos, relevo do terreno, precipitação

pluviométrica, caracterização geológica e geotécnica, umidade relativa;

Meio biótico - como a fauna, a flora e o zoneamento ambiental;

Meio antrópico - como a demografia e estruturas urbanas, econômicas e viárias -

interreferênciais.

O projeto básico consiste, em suma, na concepção inicial do aterro sanitário e

definição dos parâmetros do projeto executivo, consubstanciados em memorial

descritivo. Conforme as peculiaridades locais, os aterros podem ser projetados e

executados por 3 (três) métodos distintos, segundo os parâmetros da engenharia, a

seguir:

Page 5: Aterro Sanitário Na Legislação Ambiental

MÉTODO DA TRINCHEIRA: O método da trincheira é usado em terrenos

planos, onde são feitas escavações no solo, com largura variável entre 10m e 30m e

profundidade aproximada de 3m. O material escavado é estocado, para posterior

utilização como material de cobertura.

MÉTODO DA ÁREA: O método da área é utilizado em zonas baixas,

aonde não existe possibilidade de aproveitamento do solo local, para material de

cobertura.

MÉTODO DA RAMPA: O método da rampa consiste no aterro feito com o

aproveitamento de um talude, natural ou construído, onde o lixo é compactado de

encontro a este talude. O material de cobertura é retirado por escavação feita na própria

frente de trabalho.

Conforme os elementos analisados e o planejamento técnico global chegar-se-á

ao real tipo de aterro que se pretende; se do tipo convencional ou com fins energéticos,

se apenas para recebimento do lixo domiciliar ou ainda do específico para atender aos

resíduos sólidos especiais, como os hospitalares ou tóxicos.

3º ETAPA - PROJETO EXECUTIVO: Esta fase aborda a concepção e a

justificativa do projeto, com o organograma de todos os dimensionamentos e critérios e

a fixação e previsão de todos os passos essenciais e necessários à conclusão do mesmo.

Contempla o dimensionamento dos elementos do projeto executivo do aterro, o

dimensionamento de águas pluviais e superficiais, na drenagem e tratamento final do

chorume e do biogás, da especificação dos equipamentos operacionais, de pessoal, de

transporte, fixação de critérios operacionais do aterro sanitário e controle tecnológico,

previsão do futuro uso do local, tipos de monitoramento, estimativas de custos e

cronograma físico-financeiro.

Critérios Operacionais Exigidos:

Primeira etapa - Descarga do lixo ao pé da rampa;

Segunda etapa - Disposição do lixo em camadas de aproximadamente 60 cm de

espessura;

Terceira etapa - Compactação do lixo com trator passando de 3 a 5 vezes sobre

as camadas do lixo disposto na 2º etapa;

Quarta etapa - Cobertura do lixo compactado com terra, operando com o trator

de baixo para cima;

Quinta etapa - Cobertura do lixo compactado com terra, operando com o trator

de baixo para cima;

Page 6: Aterro Sanitário Na Legislação Ambiental

O princípio 16 da Declaração do Rio de Janeiro em l992- a ECO/92, estabelece

que:

"As autoridades nacionais devem esforçar-se para promover a internacionalização

dos custos de proteção ao meio ambiente e o uso de instrumentos econômicos, levando-

se em conta, o conceito de que o poluidor deve, em princípio, assumir o custo da

poluição, tendo em vista o interesse público, sem desvirtuar o comércio e os

investimentos internacionais."

Nesse mesmo diapasão, a antiga Câmara Internacional do Comércio, hoje atual

OMC- Organização Mundial do Comércio salientou a importância da aplicabilidade do

Princípio do Poluidor-Pagador, durante o WICEN II em Roterdã, em 1992, quando foi

introduzido o conceito do passivo ambiental a ser considerado no balanço das atividades

empresariais.

Passivo ambiental refere-se aos danos produzidos pelas atividades comerciais e

industriais ao meio ambiente, com destaque para os resíduos por eles gerados e para a

utilização dos recursos naturais. O que se pressupõe que a prevenção e o uso de

tecnologias limpas nos empreendimentos reduziria esse passivo.

A Resolução CONAMA nº 257/99, vai mais longe quando obriga o fabricante

ou importador a arcar com os custos do tratamento correto dos produtos e quando

também impõe que promovam sua reutilização e reciclagem dentro de 2 (dois) anos, o

que se torna um procedimento fundamental em termos econômicos.

São conhecidas as dificuldades para a destinação adequada dos vários tipos de

resíduos gerados no processo industrial, fato esse que causa grandes prejuízos ao meio

ambiente. Em busca de soluções para a destinação dos resíduos industriais, várias

empresas desenvolvem projetos e concretizam ações. Com criatividade e consciência

ambiental, esses materiais são reciclados e reutilizados, gerando trabalho e renda.

Algumas empresas têm empreendido esforços técnicos e financeiros no sentido de

minimizar os impactos e agressões ao meio ambiente, implantando novas tecnologias de

reciclagem e reutilização, ou realizam pesquisas de matéria prima de origem orgânica,

que se decompõem no meio ambiente, sem causar a contaminação do solo ou dos

recursos hídricos.

Leis ambientais resultam da iniciativa do Poder Público; normas ambientais

decorrem da iniciativa do setor produtivo, a exemplo da ISO 14000. Com base numa

experiência no município mineiro de Uberlândia, verificou-se que uma gestão ambiental

correta e adequada reduz a necessidade de aterro sanitário, pois métodos adequados de

Page 7: Aterro Sanitário Na Legislação Ambiental

gestão podem reduzir significativamente a quantidade de resíduos domiciliares a serem

aterrados e com isso, o aterro municipal poderia ser o único aterro necessário,

resultando numa previsão pragmática, que contempla uma convivência pacífica dos

resíduos domiciliares com os resíduos industriais, no aterro municipal.

Hoje, o licenciamento ambiental dos aterros sanitários, rege-se pela DN

COPAM 007, mediante estas diretrizes:

Para um AS- Aterro Sanitário de pequeno porte, com capacidade de 3t/dia <

Quantidade Operada < 15t/dia.

É preenchido um FCE- Formulário de Caracterização do Empreendimento- para

se conseguir a concessão da LI- Licença de Instalação no órgão seccional e uma LO-

Licença de Operação na Câmara de Atividades de Infra-Estrutura na FEAM- Fundação

Estadual do Meio Ambiente.

Para um AS de médio porte, com capacidade de 15t/dia < = Quantidade Operada

< = 100t/dia - Faz-se um RCA- Relatório de Controle Ambiental ou EIA- RIMA-

Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental a critério da FEAM.

Para um AS de grande porte com capacidade de Quantidade Operacional > =

100t/dia- Elabora-se um EIA- Estudo de Impacto Ambiental e um RIMA-Relatório de

Impacto Ambiental.

“Raio X” da DN 52 do COPAM , para Aterro Sanitário

Em Minas Gerais, cerca de 20% dos municípios, conforme estatísticas realizadas

em SEMAD/COPAM/CREA, o lixo sequer é coletado e o que é coletado, em sua

maioria é levado sem tratamento aos lixões ou cursos d água. Isso significa dizer que

grandes partes dos municípios mineiros não possuem sistema de tratamento e destinação

final de lixo licenciados pelo COPAM.

A partir desta constatação, a Deliberação Normativa 52 (DN 52), determinou

que os municípios mineiros deverão se mobilizar para acabar com os lixões e

implantarem aterros controlados num primeiro momento, até que tivessem as condições

necessárias para a implantação definitiva dos aterros sanitários, inclusive criando

alternativas adequadas para triagem dos materiais recicláveis, por meio de coleta

seletiva, bem como, para solucionar a questão social da sobrevivência dos catadores de

papel.

Page 8: Aterro Sanitário Na Legislação Ambiental

Neste contexto, a DN 52 em seu art. 1º, convoca os municípios mineiros com

mais de 50 mil habitantes a implementarem o aterro sanitário, segundo a orientação nele

prevista.

ATENÇÃO:

Municípios com Licença de Operação estão excluídos (§ 1º do Art. 1º).

Municípios com processo de licenciamento em tramitação também estão

excluídos, vigorando, porém os prazos previstos ( § 2º do Art. 1º).

Continuando, o art 2º convoca todos os municípios para implementarem o Aterro

Controlado como medida paliativa até que efetivamente se implemente o Aterro

Sanitário como destinação final do lixo.

O Art. 3º, por sua vez, orienta como formar consórcios intermunicipais, visando

à adequação técnica e a minimização dos custos com a implantação do Aterro Sanitário.

Assim, os municípios que não atenderem a determinação do COPAM ficarão

sujeitos às penalidades da legislação ambiental. Serão primeiramente autuados e na

seqüência, penalizados com multa de, no mínimo R$70 mil.

O prazo para o fim dos lixões conforme a DN 52 do COPAM, expirava a 30 de

Julho de 2004, entretanto nesta data, a Câmara de Atividades de Infra Estrutura (CIF) do

Conselho Estadual do Meio Ambiente (COPAM) decidiu prorrogar o prazo para a

execução das medidas listadas no Art. 2º da DN 52.

Neste entender, os municípios que ainda não entregaram a documentação

comprovando a transformação do lixão em aterro controlado serão autuados, tendo

como data limite para cumprir as exigências, o dia 30 de outubro de 2005.

Outra definição é a data de 30 de Abril/2005 para a apresentação do cadastro do

responsável técnico pela supervisão da operação do depósito de lixo. Mas é bom

lembrar, que os municípios inadimplentes com a FEAM, estão sujeitos a autuações com

multas que podem ultrapassar até os R$70mil.

Das contradições da legislação ambiental

As maiores partes das nossas empresas já estavam funcionando há muito tempo,

quando da promulgação da Lei Ambiental e em especial, a chamada indústria pesada.

Várias delas encontravam-se razoavelmente adaptadas aos padrões formais de emissão e

destinação de resíduos, porém tecnologicamente defasadas.

Page 9: Aterro Sanitário Na Legislação Ambiental

Outras, ao tempo da edição da lei, surpreendidas pela fiscalização, buscavam

atender às exigências do licenciamento ambiental e nesse sentido, viam-se submetidas

ao jogo de paciência imposto pela demorada e burocratizada ação dos órgãos

ambientais, e por outro lado, pelo aperto no orçamento. A grande maioria das empresas

está tentando adequar o "timing" das mudanças e adaptações ambientalmente corretas

ao seu cronograma financeiro. Certo é que, com algumas exceções, as empresas não

objetivam uma atividade ilícita para as suas atividades. Seu objetivo principal é

produzir, não poluir.

Contudo, as distorções de comportamento das empresas resultam do

desaparelhamento dos órgãos ambientais, que desde o advento da lei ambiental, como

até os dias de hoje, se mostram incapazes de responder à demanda de licenciamentos em

prazos e condições razoáveis, tanto técnica quanto economicamente falando.

Assim é imperativo que a mudança que se pretende para salvaguardar os

impactos ao meio ambiente, através das mudanças e do comportamento correto de

nossas empresas, encontre uma contrapartida por parte da Administração Pública

Ambiental, que torne injustificável a atitude dos empresários e administradores em

pendência com o licenciamento de suas atividades. As agências ambientais deveriam se

tornar mais ágeis e eficazes e enxugar o seu patrimônio normativo, para desburocratizar

o processo decisório de licenciamento.

Através da DN 52, o COPAM convocou os municípios mineiros com mais de

50.000 habitantes a formalizar o processo de aterros sanitários junto à FEAM. Da

mesma forma, os municípios com menos de 50.000 habitantes deverão adotar medidas

para minimizar os impactos ambientais de seus lixões.

O prazo para esse cumprimento legal foi ampliado pela DN 56-COPAM, que

determinou a todos os municípios mineiros, a obrigação de minimizar os impactos

ambientais nas áreas de destinação final do lixo, até que seja implantado, através do

respectivo licenciamento, o sistema adequado de disposição final de lixo urbano, de

origem domiciliar, comercial e pública.

As prefeituras que ainda não têm aterro sanitário, tiveram prazo até dezembro de

2005 para formalizarem na FEAM, o processo de Licença de Operação.

Foi divulgada pela FEAM, uma recomendação para as cidades que ainda não

têm aterro sanitário:

Page 10: Aterro Sanitário Na Legislação Ambiental

O lixo deve estar disposto em local com boas condições de acesso e que esteja

localizado a pelo menos 300m de curso de água e a 500m de núcleos

populacionais.

O local deve estar também longe de margens de estradas, de erosões e de áreas

de preservação permanente.

Deve possuir sistema de drenagem pluvial em todo o terreno, de modo a

minimizar a entrada de água de chuva na massa aterrada.

O lixo deve estar compactado ou ser recoberto por terra ou entulho, no mínimo,

3 (três) vezes por semana. O local deve ser isolado com cerca, complementada

por arbustos ou árvores que contribuam para dificultar o acesso de pessoas e

animais.

A catação deve ser proibida.

Legislação aplicável aos Aterros Sanitários

Norma Técnica da ABNT - Associação de Normas Técnicas - NBR

Nº8419/03/84: Regula a apresentação de aterros sanitários sólidos urbanos.

Lei Orgânica do Município de BH - 21/03/90 (art. 151): Preferenciou o

acondicionamento coletivo de resíduos.

Portaria 82/2000 - Fixa norma para acondicionamento e armazenagem de

resíduos sólidos (separa resíduos biológicos de resíduos comuns).

Portaria 83/2000 - Aprova técnica de procedimento do uso do abrigo externo de

armazenagem de resíduos sólidos em edificações e estabelecimentos de saúde.

Lei 2.968/78 - Impõe a obrigatoriedade do abrigo para acondicionar os resíduos

sólidos.

Constituição Federal/88 - Art. 175 par. 1º- Resolução CONAMA 283/2001-

Art.3º par. 1º: Impõe a devolução ao fabricante, dos remédios com data de

validade vencida.

Resolução RDC Nº 33/2003 da ANVISA: Classifica os resíduos sólidos na

saúde em 05 grupos.

- Resolução CONAMA Nº 05/93: Classifica os resíduos sólidos da área da saúde

em 04 grupos.

Resolução CONAMA 283/2001: Manteve a classificação da Resolução

CONAMA Nº 05/93- Belo Horizonte adota esta classificação.

Page 11: Aterro Sanitário Na Legislação Ambiental

Deliberação Normativa COPAM Nº 007/94: Estabelece prazo para os

municípios instalarem o aterro sanitário para o seu lixo.

Resolução CONAMA Nº 257/99: Define regras para o resíduo de pilhas e

baterias.

Código Florestal.

Termo de Ajustamento de Conduta: atuação do Ministério Público

Trata o § 6 do Art. 5° da Lei 7.347, corroborando com o Art. 113 do Código de

Defesa do Consumidor, do Termo de Ajustamento de Conduta - TAC, instituto pelo

qual os órgãos públicos competentes para ajuizarem a Ação Civil Pública, poderão

cobrar dos interessados, o ajustamento de sua conduta às exigências legalmente

previstas, em um termo próprio para esse mister, estipulando que, havendo

descumprimento de seu teor, imputar-se-á ao promitente, sanções, cuja previsão,

constem do próprio termo.

Sua natureza jurídica é de título executivo extrajudicial, mas não quer significar

transigência no cumprimento de obrigações legais, vez não se admitir ao Ministério

Público fazer concessões quando se deparar com interesses sociais e individuais

indisponíveis.

Destarte, é o TAC uma transação entre o infrator, causador do dano ambiental e

o Ministério Público, geralmente convencionado antes do ajuizamento da Ação Popular,

sem a intervenção do Judiciário. Logo, o TAC não transita em julgado, vez que nele não

se faz presente a homologação judicial, de sorte a não inviabilizar qualquer outro

legitimado, este por seu turno ausente da negociação, propor a Ação Civil Pública.

Logo, deve ser o TAC pautado principalmente pela publicidade, pilar do Direito

Administrativo e conseqüentemente do Direito Ambiental.

Em meados de setembro do último ano a FEAM (Fundação Estadual do Meio

Ambiente) participou da confecção do TAC entre a Ferrovia Centro Atlântica, empresa

de propriedade da Cia. Vale do Rio Doce e o Ministério Público do Estado de Minas

Gerais, o qual versava sobre a reparação dos danos causados ao meio ambiente e a

população, decorrentes do descarrilamento de 18 vagões que transportavam rejeitos

perigosos, transitando no município de Uberaba; fato que acabou por contaminar o

Córrego Alegria, cujas águas correm naquela região.

Page 12: Aterro Sanitário Na Legislação Ambiental

No acordo celebrado, a empresa basicamente deverá recuperar toda a área

afetada pelo acidente, mediante a implantação e realização de um projeto com o custo

estimado em R$ 4,5 milhões, bem como, a realização de obras e aquisição de bens de

utilidade pública local, somando o valor de R$ 12,5 milhões. E ainda, se comprometeu a

apoiar a SEMAD (Secretaria Estadual do Meio Ambiente) na criação e estruturação do

Núcleo de Atendimento a Emergências Ambientais.

Já a Prefeitura Municipal deverá elaborar e executar um plano de manejo da

APA (área de proteção ambiental) da Bacia do Rio Uberaba.