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ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO, SAÚDE E FAMÍLIA: AÇÕES (DES) ARTICULADAS PARA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ RIBEIRO, Luana Leal. Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 227 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO, SAÚDE E FAMÍLIA: AÇÕES (DES) ARTICULADAS PARA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ RIBEIRO, Luana Leal Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro UENF 1 Bolsista CAPES [email protected] RESUMO O tema do presente trabalho surgiu a partir da experiência de estágio na Associação de Proteção e Orientação aos Excepcionais APOE, após a identificação de que a maioria dos jovens que frequentavam o programa possuía baixa ou nenhuma escolaridade. Para tal, foi desenvolvido um Projeto de Intervenção, a fim de modificar essa realidade. Durante a implementação do projeto, que visava à inclusão/permanência de jovens e adultos com deficiência nas escolas, percebeu-se uma variedade de obstáculos que se tornavam dificultadores para a efetivação desse processo de inclusão no âmbito da educação, sendo o laudo médico exigido na matrícula, uma barreira para acesso. Através de entrevistas realizadas com familiares dos jovens da APOE e profissionais do âmbito educacional do município, notou-se a necessidade de maior articulação desses atores para maior viabilidade de inclusão dos alunos no ensino regular e especial. Porém, também foi possível identificar, que esse contato, limita-se no repasse de responsabilização às famílias pela consecução do laudo médico, demonstrando fragilidade na articulação dos setores da saúde e educação do município e perpetuação da oferta de escolarização pautada em um modelo médico de deficiência. Para elucidar essas questões, serão utilizados fragmentos das entrevistas realizadas durante a pesquisa e autores que contemplam essa discussão, através de referências bibliográficas. Palavras-chave: Educação Especial. Modelo médico de deficiência. Família. ABSTRACT The theme of this work came from the internship experience in Protection Association and Guidance for Exceptional - APOE, after identifying that most young people who attended the program had little or no schooling. For such an intervention project was developed in order to change this reality. During project implementation, aimed at the inclusion / permanence of young people and adults with disabilities in schools, it was identified a variety of obstacles that hindered the process of inclusion in education, and the medical report was on of these barriers to access. Through interviews with families and professionals education of the municipality, noted the need for greater articulation of these actors for greater viability of inclusion of students in regular and special education. However, it was also possible to identify that this contact is limited to the transfer to families for getting the medical report, showing weakness in the articulation of the health sector and municipal education, perpetuating the schooling offer guided in a medical model deficiency. To elucidate these issues, the interview fragments held during the research will be used and authors to contemplate this discussion through references. Key-words: Special education. Medical model of disability. Family 1 Orientada por Renata Maldonado da Silva, doutora em Educação pela Universidade Federal Fluminense. Professora Associada do Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais da Universidade Estadual do Norte Fluminense UENF [email protected].

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ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO, SAÚDE E FAMÍLIA: AÇÕES (DES) ARTICULADAS PARA EDUCAÇÃO

ESPECIAL NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ

RIBEIRO, Luana Leal.

Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de

dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4

227

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO, SAÚDE E

FAMÍLIA: AÇÕES (DES) ARTICULADAS PARA EDUCAÇÃO

ESPECIAL NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ

RIBEIRO, Luana Leal

Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais da Universidade

Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – UENF1

Bolsista CAPES

[email protected]

RESUMO

O tema do presente trabalho surgiu a partir da experiência de estágio na Associação de Proteção e

Orientação aos Excepcionais – APOE, após a identificação de que a maioria dos jovens que

frequentavam o programa possuía baixa ou nenhuma escolaridade. Para tal, foi desenvolvido um Projeto

de Intervenção, a fim de modificar essa realidade. Durante a implementação do projeto, que visava à

inclusão/permanência de jovens e adultos com deficiência nas escolas, percebeu-se uma variedade de

obstáculos que se tornavam dificultadores para a efetivação desse processo de inclusão no âmbito da

educação, sendo o laudo médico exigido na matrícula, uma barreira para acesso. Através de entrevistas

realizadas com familiares dos jovens da APOE e profissionais do âmbito educacional do município,

notou-se a necessidade de maior articulação desses atores para maior viabilidade de inclusão dos alunos

no ensino regular e especial. Porém, também foi possível identificar, que esse contato, limita-se no

repasse de responsabilização às famílias pela consecução do laudo médico, demonstrando fragilidade na

articulação dos setores da saúde e educação do município e perpetuação da oferta de escolarização

pautada em um modelo médico de deficiência. Para elucidar essas questões, serão utilizados fragmentos

das entrevistas realizadas durante a pesquisa e autores que contemplam essa discussão, através de

referências bibliográficas.

Palavras-chave: Educação Especial. Modelo médico de deficiência. Família.

ABSTRACT

The theme of this work came from the internship experience in Protection Association and Guidance for

Exceptional - APOE, after identifying that most young people who attended the program had little or no

schooling. For such an intervention project was developed in order to change this reality. During project

implementation, aimed at the inclusion / permanence of young people and adults with disabilities in

schools, it was identified a variety of obstacles that hindered the process of inclusion in education, and

the medical report was on of these barriers to access. Through interviews with families and professionals

education of the municipality, noted the need for greater articulation of these actors for greater viability

of inclusion of students in regular and special education. However, it was also possible to identify that

this contact is limited to the transfer to families for getting the medical report, showing weakness in the

articulation of the health sector and municipal education, perpetuating the schooling offer guided in a

medical model deficiency. To elucidate these issues, the interview fragments held during the research

will be used and authors to contemplate this discussion through references.

Key-words: Special education. Medical model of disability. Family 1 Orientada por Renata Maldonado da Silva, doutora em Educação pela Universidade Federal Fluminense.

Professora Associada do Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais da Universidade Estadual do Norte

Fluminense – UENF [email protected].

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INTRODUÇÃO

As ações no âmbito da educação especial, no município de Campos dos Goytacazes,

localizado na região norte fluminense do estado do Rio de Janeiro, são realizadas através do

Departamento Multiprofissional-DM vinculado à Secretaria Municipal de Educação, Cultura e

Esportes – SMECE, desde o ano de 2010. Responsável pela elaboração de estratégias e

parcerias entre equipes multiprofissionais visa à garantia do acesso e permanência dos alunos

com necessidades educacionais especiais no ensino regular e especial.

Em pesquisa realizada no ano de 20132 na Associação de Proteção e Orientação aos

Excepcionais – APOE, instituição de caráter filantrópico que possui parte de seus programas

financiados pelo Conselho Municipal de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente

(CMPDCA) e presta serviços assistenciais aos jovens e adultos com deficiência,

especificamente em seu programa “Qualificando-se para Vencer Desafios”, foi possível

perceber que, dos 50 jovens participantes, aproximadamente, 50% tinha evadido a escola

durante o ensino fundamental e, 86% dos que frequentavam na época, encontravam-se em

situação de distorção idade-série. O objetivo do programa era oferecer treinamento e promover

o acompanhamento da inserção e permanência dos indivíduos com deficiência no mercado de

trabalho formal. Para melhor averiguação e tentativa de modificação desse panorama, foi

desenvolvido um projeto de intervenção, implementado em um período de um ano, onde foram

realizadas reuniões com os jovens, familiares e profissionais atuantes na esfera municipal de

educação.

Durante a pesquisa, foi possível perceber divergências entre o discurso dos profissionais

referente à oferta de atendimento educacional especializado no município e as experiências,

majoritariamente frustradas, de inclusão educacional vivenciadas pelos jovens e seus

familiares.

Para efetivação da matrícula dos alunos com deficiência no Atendimento Educacional

Especializado - AEE havia exigência de um laudo médico. Esse laudo deveria ser elaborado, na

maioria dos casos, por um médico da rede municipal de saúde. Porém, como foi ressaltado por

2O presente trabalho faz parte de uma pesquisa iniciada durante a graduação da autora em 2013, sendo essa

temática também contemplada como objeto de estudo a ser investigado durante o período de mestrado no

Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro,

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profissionais do DM, no decorrer da pesquisa realizada, nem sempre essa matrícula era

efetivada, pois os familiares muitas vezes negligenciavam a deficiência de seus entes e não

havia acompanhamento médico desses alunos.

Diante desse fato, o presente trabalho buscará apresentar como a exigência do laudo se

traduz em permanência do modelo médico de deficiência, no âmbito da educação especial, em

detrimento do modelo social e como as famílias são responsabilizadas pela consecução do

laudo e consequentemente, pela efetivação da matrícula de seu ente com deficiência no AEE.

Serão utilizadas referência bibliográficas que reforçam as afirmações elencadas e fragmentos

da pesquisa realizada em 2013 com profissionais do DM no município.

2. EVOLUÇÃO DA ESCOLARIZAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: DO

MODELO MÉDICO AO SOCIAL

A discussão sobre a efetivação do direito à escolarização de pessoas com deficiência é

muito recente em nossa sociedade, com a intensificação dos debates acerca dessa questão,

somente a partir do século XX. Nesse contexto, durante a história, a educação especial foi

desenvolvida como uma forma de escolarização para pessoas que possuíssem um ou mais tipos

de deficiência3 .

Ao longo do tempo, diversas concepções sobre deficiência foram formuladas, de acordo

com o período histórico e contexto social vivenciados na época, o que consequentemente

influenciava as atitudes da sociedade em relação à escolarização das pessoas com deficiência

(PÁDUA, 2005). Segundo Pádua (2005) e Garcia (2011), na antiguidade e período medieval, as

pessoas com deficiência eram vistas como imperfeitas e por isso, consideradas sub-humanas e

recebiam dois tipos de tratamentos bastante distintos, ora rejeitados ou sacrificados os bebês

que nasciam com alguma deficiência, ora protegidos e amparados por uma parcela da

sociedade. Com o advento do Cristianismo, há mudanças na forma como as pessoas percebiam

a deficiência, baseando-se na doutrina cristã, na qual tinha em seu conteúdo, pregações que

onde buscar-se-á em pesquisa aprofundada e atualizada, a delimitação do panorama atual da Educação Especial no

município de Campos dos Goytacazes/RJ. 3 São consideradas pessoas com deficiência, aquelas que possuem impedimentos em longo prazo, de natureza,

física, mental, sensorial, com transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação (BRASIL,

2008).

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estimulavam a caridade, humildade e amor ao próximo, surgindo nessa época, instituições de

caridade voltadas para o atendimento dos pobres e das pessoas com deficiência.

Os mesmos autores completam que na Idade Média, as instituições anteriormente

citadas passaram a ser de responsabilidade dos senhores feudais e as concepções acerca da

deficiência ganharam novas características. Nesse contexto, houve um forte predomínio de

concepções mágicas, místicas e misteriosas sobre a parcela da população que possuía alguma

anomalia, onde estes seriam “provas da ira de Deus” e a deficiência seria o “castigo” a ser

enfrentado pela população.

O período que ficou conhecido como “Renascimento”, foi marcado como uma fase na

qual a sociedade em geral tornou-se mais esclarecida, indicando alguns avanços principalmente

com o advento dos direitos reconhecidos como universais. No mundo europeu cristão,

profundas mudanças ocorreram nos âmbitos cultural e social, destacando-se o reconhecimento

do valor humano, o avanço da ciência e as libertações de dogmas e crenças que marcaram a

Idade Média, onde o homem passou a se perceber como livre dos “poderes naturais” ou da ira

divina. Essas novas concepções, passaram a interferir diretamente no cotidiano das pessoas que

possuíam algum tipo de deficiência, onde estas deixavam de ocupar somente o posto de pobres,

renegados e marginalizados, passando a dispor de melhorias na qualidade de vida através de

atendimentos em lugares específicos para esse público (GARCIA, 2011).

Nessa época, além do avanço social, houve também grande avanço político e no campo

das ciências, onde no âmbito da medicina, a deficiência passou a ser percebida como uma

questão biológica, que deveria ser cuidada pelos médicos, deixando para trás as vinculações a

problemas espirituais. Já o desenvolvimento humano, passou a não ser só concebido pelo viés

biológico, sendo articulado a fatores sociais mais amplos, vinculando, por exemplo, a pessoa

com deficiência à economia, onde nesse campo, era considerada como improdutiva (PÁDUA,

2005).

O início da discussão sobre escolarização de pessoas que possuíam deficiência

aconteceu no século XVI, onde médicos e pedagogos passaram a desconsiderar a concepção de

que essas pessoas eram “ineducáveis”. Porém, nessa época, a institucionalização em asilos e

manicômios das pessoas consideradas “desviantes”, foi um impasse para o acesso à educação,

sendo este, um processo lento na medida em que se ampliaram as oportunidades educacionais

para a população em geral (MENDES, 2006).

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Nos séculos seguintes, houve um movimento em favor da ampliação do conceito de

deficiência, ocorrendo as primeiras tentativas de ofertar educação para pessoas que a possuía,

sendo oferecida no primeiro momento, por médicos que também buscavam conhecer mais e

tratar adequadamente a deficiência. Nesse contexto, surgiram as primeiras classes especiais,

através da concepção que essas pessoas poderiam ser educadas, mas deveriam estar em um

ambiente separado dos alunos “normais”, onde as classes especiais inicialmente tinham

basicamente um caráter muito mais de análise experimental do comportamento do que a da

oferta de educação.

Nesse período que ficou conhecido como “assistencialismo médico-terapêutico”

(PÁDUA, 2005, p. 26), houve o predomínio da ideia que a pessoa com deficiência deveria ser

asilada para sua própria proteção, em instituições filantrópicas ou privadas, com o foco na

abordagem clínica tradicional, somente voltada ao tratamento da anomalia e não nas

potencialidades e consequentemente, sem grandes avanços em relação à escolarização dessas

pessoas.

O aprimoramento da discussão sobre a escolarização de pessoas que possuíam

deficiência aconteceu entre os séculos XIX e XX com o discurso de que deveriam ter uma vida

normal dentro das possibilidades e uma forma de efetivar essa normalidade, seria através da

integração escolar, que incentivava a inserção desse público em escolas que possuíam classe

especial, sendo essas pessoas, ainda excluídas do sistema regular de ensino. Essa integração

desencadeou na efetivação do sistema de Educação Especial dentro das escolas de ensino

regular para os alunos que apresentavam necessidades educativas especiais, onde também

passaram a ter professores de Educação Especial que acompanhavam esses alunos (SANCHES;

TEODORO, 2006).

Já no século XX, as práticas de integração passaram então a admitir a frequência de

crianças com deficiência em classes regulares, sendo uma época que iniciou o processo de

esvaziamento das classes especiais, porém, sem extingui-las. Essas práticas prevaleceram nas

décadas de 1960 e 1970, sendo fundamentadas em um modelo médico de deficiência, no qual a

possibilidade de ingressar em determinado ambiente social ou no sistema educacional regular

estava condicionada à aptidão ou à capacidade de adaptação da pessoa ao ambiente.

Nessa perspectiva de integração, as crianças com deficiências poderiam frequentar as

escolas e classes regulares, desde que fossem capazes de acompanhar o ritmo de aprendizagem

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de seus colegas não deficientes. Acerca dessa afirmação, Mazzotta (2001) nos traz que a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961, reafirmou o direito das pessoas com

deficiência à escolarização e trouxe em seu artigo 88, que para integrá-los na comunidade, sua

educação deveria enquadrar-se no sistema geral de educação, na medida do possível, porém, a

oferta de serviços educacionais especiais não deixaria de existir, para os casos onde os alunos

não conseguissem se integrar à classe regular de ensino.

A partir de 1980, surgiram movimentos sociais liderados por entidades de pessoas com

deficiência, na qual propunham uma mudança do modelo médico de deficiência para um

modelo social, com a justificativa de que a própria sociedade criava obstáculos para o

desenvolvimento e inserção social e escolar dessas pessoas, através de ambientes restritivos,

políticas discriminatórias e atitudes preconceituosas. Com esses movimentos, propostas de

práticas inclusivas passaram a ser desenvolvidas com o principal objetivo de eliminar as

barreiras que excluíam as pessoas com deficiência e que as mantinham afastadas das atividades

e instituições sociais. No âmbito educacional, as escolas passaram a ser reestruturadas, tanto no

seu espaço físico que começaram a sofrer alterações para atender as demandas das pessoas com

deficiência física, mas também, foi iniciado um processo de pensar em formas de promover a

aprendizagem das pessoas com deficiência intelectual nas classes regulares (LOURENÇO,

2010).

Nesse sentido, é notável o início das mudanças no âmbito escolar, onde a integração que

promovia somente o compartilhamento do mesmo espaço na sala regular de pessoas com ou

sem deficiência, passou a dar lugar às práticas inclusivas que começaram a considerar a

deficiência como um problema social e institucional, onde essas práticas visavam promover a

transformação da sociedade e das instituições para que essas pessoas pudessem usufruir da

ideia de pertencimento, de fazer parte e de constituir (LIMA, 20064, apud LOURENÇO, 2010,

p. 207).

A partir desse contexto, a inclusão passa a ser entendida como uma reforma radical nas

escolas em termos de currículo, avaliação, pedagogia, baseando-se em um sistema de valores

que faz com que todos se sintam parte daquele processo (MITTLER, 2003). Porém, para o

estabelecimento de práticas inclusivas, deve-se considerar a exclusão, não de forma isolada,

mas como sendo parte das condicionalidades do processo inclusivo, onde se aumenta a

4 LIMA, P. A. Educação inclusiva e igualdade social. São Paulo: Avercamp, 2006.

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participação dos alunos e se diminui a exclusão desses nos processos que permeiam o âmbito

escolar.

São então consolidadas as ideias que eram necessárias a criação de espaços sociais

inclusivos, visando o atendimento dos segmentos com necessidades e/ou características

especiais, porém em uma perspectiva inclusiva. O processo de inclusão trata-se, portanto da

minimização de todo e qualquer tipo de exclusão em arenas educacionais e, para tal, é

necessário elevar ao máximo o nível de participação coletiva e individual, de seus integrantes

(SANTOS; PAULINO, 2008). Um componente dessa participação coletiva, é a família que,

nesse contexto de inclusão escolar, se configura como ator primordial para a efetividade do

processo de inclusão de seus entes com deficiência nas escolas regulares, sendo sua cooperação

nesse processo, decisiva para o sucesso da inclusão.

3. ESCOLARIZAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E A IMPORTÂNCIA DA

PARCERIA FAMÍLIA E ESCOLA

Desde o diagnóstico da existência de algum tipo de deficiência na criança, geralmente a

família passa a se organizar, de forma a adequar-se às necessidades que serão demandadas por

aquela criança. Além do cotidiano permeado por visitas médicas, com ações voltadas à saúde da

pessoa com deficiência, a família também se vê diante de interrogações em relação à

escolarização dessa pessoa. Nesse sentido, a articulação pessoa com deficiência, família e

escola, se torna uma das principais formas de tentativa de uma escolarização que contemplará

os preceitos da educação em uma perspectiva inclusiva, na qual se visa o acesso, permanência e

continuidade nos estudos de pessoas que necessitam estar incluídas na educação regular e

especial, quando esta última for necessária (GLAT, 1996).

Os sentimentos da família sobre a deficiência de seu filho são cíclicos e geralmente

transitam entre aceitação e negação. Passado o período de luto simbólico pela descoberta da

deficiência em seu filho, a família tende a aceitar melhor com o passar dos anos e de acordo

com o desenvolvimento da criança. Porém, em algumas fases, como na adolescência, por

exemplo, comparações com jovens ditos “normais” são inevitáveis, e novamente, a família

pode ser tomada pelo sentimento de negação, ao perceber que seu filho não consegue realizar as

mesmas tarefas que os jovens sem deficiência da mesma idade. Isso pode gerar ou retroceder a

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um processo de superproteção onde os pais deixam de acreditar nas potencialidades e passam a

não ensinar elementos básicos de autocuidado, muitas vezes caindo em ações de infantilização,

sem buscar o desenvolvimento da autonomia pelos seus filhos (SANTOS; PAULINO, 2008).

A questão da inclusão, seja social ou escolar, vai então depender de como a pessoa com

deficiência está incluída em seu contexto familiar, pois se esta pessoa participa das atividades

familiares e comunitárias, tendo uma vida “normal” compatível com sua faixa etária e de

acordo com as suas limitações, a tendência é que esse sujeito passe a ser percebido pela sua

família como sendo “igual aos demais”, o que irá facilitar muito sua inserção nos espaços de

convivência, seu desenvolvimento pessoal e consequentemente, escolar (GLAT, 1996).

Em relação a algumas normativas brasileiras, que tratam da participação da família do

processo de escolarização de seus filhos, podemos citar a Constituição Federal de 1988, que em

seu artigo 205, traz a educação como direito de todos e dever do Estado e da família. Também

temos o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA de 1990, que em seu artigo 55, determina

que “os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede

regular de ensino” (BRASIL, 1990) e ainda, mais especificamente em relação à escolarização

de pessoas com deficiência, temos a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da

Educação Inclusiva, que ressalta como um objetivo em seu item IV, a participação da família e

da comunidade no acesso, na participação e na aprendizagem dos alunos com deficiência.

Através desses trechos, torna-se evidente que a inserção dos filhos na rede regular de

ensino não se torna apenas uma escolha, mas sim, se constitui como obrigação, não sendo a

família, passível de decisão somente pelo Atendimento Educacional Especializado ou pela não

escolarização de seus filhos, com ou sem deficiência, onde nesses casos implicaria em violação

de direito fundamental à educação, pois ocorreriam marginalização e privação do convívio

social diversificado (PONTES, 2008).

Porém, essa obrigatoriedade não pode significar repasse de responsabilização da família

para escola, onde esta última fica incumbida das funções de cuidado e socialização das crianças,

devendo essas ações ser desenvolvidas prioritariamente pela família, pois esta pode ser

caracterizada como o primeiro grupo social responsável pela socialização, apreensão dos papéis

sociais e pela formação da identidade social e individual da criança em desenvolvimento,

desempenhando o papel de mediador da criança com a sociedade. Nessa relação, a escola

entraria como um segundo grupo social responsável por essas funções.

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Entretanto, em famílias empobrecidas, que muitas vezes dependem do trabalho para o

sustento de seus entes, esse estímulo ao desenvolvimento social e escolar, pode ser dificultado,

devido à falta de tempo e/ou esclarecimento no que tange o tratamento das pessoas com

deficiência. Quando isso acontece, a família muitas vezes irá buscar nas instituições escolares

geralmente públicas, informações, apoio e orientação sobre como agir em determinadas

situações com o filho que possui deficiência, porém, muitas vezes depara-se com profissionais

despreparados, informações desencontradas, sendo esta uma queixa bastante comum, fazendo

com que a relação família-criança com deficiência-escola, fique cada vez mais dificultada,

gerando insatisfação e descrédito dos pais em relação à escolarização e inclusão de seus filhos

nas classes regulares, o que muitas vezes irá acarretar em exclusão da criança do ambiente

escolar ou opção somente pelo Atendimento Educacional Especializado – A.E.E. através das

classes especiais.

A família pode colaborar de forma muito ativa no desenvolvimento de seu filho com

necessidades educacionais especiais, quando este está inserido na escola. Os pais podem e

devem fornecer informações de quais seriam as melhores formas de comunicação com a

criança, o que poderia facilitar bastante na aproximação entre aluno e escola, sendo essa

parceria de grande valia.

Porém, nem sempre há uma aproximação harmoniosa entre família e escola, em prol do

desenvolvimento da criança com deficiência, apesar desta relação estar prevista em algumas

normativas. Por um lado, têm-se muitos gestores e docentes que reclamam da falta de

participação dos pais na vida escolar, muitas vezes culpabilizando-os pelo baixo desempenho

de seus filhos. Por outro lado, têm-se pais que, muitas vezes, não participam mesmo dos

processos educacionais, uns por desconhecerem seus direitos de participação outros por não

saberem como realizar esse contato, pois já passaram por experiências de tentativa de

aproximação da escola, sem sucesso.

De acordo com Jesus e Aguiar (2012), em se tratando de alunos com deficiência, esse

contato da família com a escola pode ser limitada somente pela responsabilização dos entes pela

consecução do laudo médico para efetivação da matrícula no AEE. A exigência do laudo,

também acaba por limitar a oferta do AEE e não garante que ações inclusivas serão efetivadas,

pois ao considerar o diagnóstico como primordial para nortear ações desenvolvidas no AEE, os

professores continuam sem elementos plausíveis para sua atuação, pois não há, junto ao laudo,

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prescrições no modo de atuar junto à criança com deficiência na educação especial (TARTUCI

et al, 2014).

Com isso, os profissionais do âmbito escolar podem passar a utilizar o laudo médico

como respaldo pelo baixo ou não aprendizado dos alunos com deficiência, (FRANCO, 2012)

prevalecendo as práticas de integração escolar, fundamentadas em um modelo médico de

deficiência, no qual a possibilidade de ingressar em determinado ambiente social ou no sistema

educacional regular estava condicionada à aptidão ou à capacidade de adaptação da pessoa ao

ambiente. Isso, contudo, não implicaria em responsabilidade para a escola no sentido de

promover mudanças para atender um público diversificado, onde a existência da deficiência

poderia ser responsabilizada pelo fracasso escolar do aluno (MAZZOTTA, 2001).

4. RESULTADOS ALCANÇADOS

A Associação de Proteção e Orientação aos Excepcionais – APOE tem como objetivo

principal, possibilitar a participação comunitária de forma ampla, através do oferecimento de

vivências em grupo, onde o educando aprende regras de convívio social, permitindo, assim, sua

socialização, qualificação e inserção no mercado de trabalho. Busca promover o bem estar e

ajustamento social dos indivíduos em todas as idades, sendo essas ações desenvolvidas através

de diversos projetos e programas, na tentativa de facilitação da interação da pessoa com

deficiência e sua família na sociedade, garantindo desta forma o direito de exercer sua

cidadania.

Um dos principais programas implementados na instituição, o Programa Qualificando-se

para Vencer Desafios que auxilia 50 jovens com deficiência a se inserirem no mercado formal

de trabalho, tem como alguns de seus objetivos e atribuições, a promoção de ações que

qualifiquem adolescentes com deficiência para sua inserção no mercado de trabalho formal,

prestando orientações com intuito do desenvolvimento integral do indivíduo com deficiência e

sua autonomia, promovendo, desta forma, uma melhora na qualidade de vida dos mesmos e de

seus familiares.

Durante a convivência com os jovens que se inseriam no Programa, foi possível perceber

o baixo nível de escolaridade entre eles, principalmente entre os jovens que possuíam

deficiência intelectual. A realidade desses jovens estava em acordo com a média nacional em

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relação à escolarização de pessoas com deficiência, pois segundo a Cartilha do Censo 2010 –

Pessoas com Deficiência (2012), as que possuem deficiência intelectual, sendo a maioria no

Programa, são os que apresentam menor taxa de alfabetização. Ainda de acordo com a Cartilha

(2012), a falta ou a baixa escolarização, também interfere fortemente na renda dos

trabalhadores que possuem deficiência.

Diante desse cenário, no ano de 2013, foram implementadas ações juntamente a esses

jovens e seus familiares, fruto de um projeto de intervenção que visava à inclusão dos

participantes do programa da APOE na rede regular de ensino, na tentativa de estar assegurando

e efetivando garantia do direito de todos à educação, através do acesso, permanência e

continuidade de estudos no ensino regular.

Para tal, foi necessário conhecer a relevância do tema “escolarização” para os pais dos

inseridos no Programa de Qualificação, na tentativa de perceber qual a concepção que eles

possuíam sobre escolarização de pessoas com deficiência. Esse primeiro contato, aconteceu de

forma breve no mês de agosto de 2013, sendo a reunião com os pais/responsáveis delimitada

como um procedimento operacional no Projeto de Intervenção.

Após a breve apresentação do objetivo e a metodologia, foram entregues questionários

também já previstos no Projeto, para que pudessem responder, contendo perguntas sobre as

dificuldades encontradas para inserção e/ou permanência dos jovens nas escolas.

A opção pelo instrumento questionário aconteceu pelo fato de já premeditar que os

pais/responsáveis pudessem optar por responder as questões de forma escrita e em outro

momento, onde seria possível enviar preenchidos pelos seus filhos, sendo essa prática já

adotada quando havia necessidade de comunicação e informação entre pais/responsáveis e

profissionais do programa. O questionário se constitui como uma técnica de investigação

através de um conjunto de questões submetidas às pessoas, objetivando informações sobre

determinado assunto, onde são propostos por escrito e o auto aplicados (GIL, 2008).

Foram entregues 33 questionários, onde quem já havia concluído o ensino médio ou

estava cursando, não recebeu, pelo fato desses jovens, a princípio, não serem público-alvo da

intervenção. Foram devolvidos 22 questionários preenchidos, onde foram respondidos que 11

jovens estavam estudando e 11 não estavam. Em relação às dificuldades de manter o jovem na

escola, 8 respostas citaram a dificuldade de aprendizagem, seguidos também de questões

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como falta de estrutura das escolas; aula ser oferecida no período noturno; jovens não ter

paciência para aprender.

Dentre os pais que responderam que os filhos não estavam estudando, informaram

diversos motivos pelo fato, como por exemplo, não ter encontrado escola adequada no período

da manhã; a escola não estimula adequadamente; dificuldade de adaptação e dificuldade de

levar o jovem na escola. Em relação à questão se os pais/responsáveis gostariam que o filho

estudasse, todos os 22 responderam que sim, e ao serem questionados sobre o motivo,

informaram que o filho tem vontade de estudar; o aprendizado é necessário; melhora a

qualificação; filho pode ser independente e filho tem que ser alguém na vida. Com isso, foi

possível conhecer a relevância do tema “escolarização” para os pais dos inseridos no

programa, assim como as dificuldades encontradas para um efetivo acesso e permanência

desses jovens na escola.

A partir desse ponto, era necessário identificar as escolas que ofereciam Atendimento

Educacional Especializado (AEE) no município de Campos dos Goytacazes (RJ) para que

através dessas informações, os pais/responsáveis pudessem estar identificando as

possibilidades de incluírem seus filhos no ensino regular. Para o alcance desse objetivo, foi

feita uma visita à Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes - SMECE e na ocasião,

foi conversado com a coordenadora e a vice do Departamento Multiprofissional.

De acordo com informações coletadas através de entrevista realizada com essas

profissionais, o aluno teria que estar matriculado no ensino regular, e mediante laudo médico,

poderia frequentar o A.E.E. se necessário em regime de contraturno. O professor teria que se

habilitar para atuar na área da educação especial para o atendimento às necessidades

educacionais especiais dos alunos, através de cursos de formação continuada, oferecidos pelo

DM, sendo orientado em relação ao trabalho que deveria ser realizado nesse espaço, devendo

conhecer as patologias dos alunos que frequentam a sala.

O Departamento Multiprofissional, também dispunha de uma equipe de professores

itinerantes, que havia passado por capacitação e atuava na orientação dos professores em

relação às deficiências, através de visitas às escolas, buscando conhecer as necessidades dos

alunos e a efetividade do trabalho realizado tanto na sala de recursos, quanto na sala regular,

registrando essas questões, através de relatórios, orientando os professores das duas

modalidades, em relação ao atendimento do aluno de acordo com a patologia que ele possui,

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para uma melhor adaptação. A partir desses relatórios, seria possível serem preparadas

avaliações para os alunos de acordo com suas necessidades.

Foi questionado sobre se a sala de recursos recebia alunos com mais de 18 anos, pois

esse era o público alvo do programa e consequentemente, do Projeto de Intervenção. A gerente

da educação inclusiva respondeu todos os alunos, independente da idade, poderiam frequentar

o A.E.E., desde que tivessem um laudo médico, porém essa era considerada uma questão

complexa, pois de acordo com a profissional, a maioria das famílias não aceitava o fato do

filho possuir deficiência, não buscando tratamento e acompanhamento nos equipamentos de

saúde, e consequentemente, esses responsáveis não conseguiam o laudo para que a efetivação

da matrícula ocorresse.

Foi solicitado que elas argumentassem mais detalhadamente acerca da importância da

família no processo de escolarização de seu ente com deficiência, já que este era um dos

principais objetivos da pesquisa naquele presente momento. Segundo uma das profissionais, a

família se configurava como primordial nesse processo, por ser o primeiro núcleo que deveria

creditar esperança de que o seu ente poderia se desenvolver, independente da sua deficiência.

Outra profissional destacou que pôde perceber claramente, duas posturas bem distintas acerca

do tratamento da família em relação à deficiência de seu ente. Informou que por um lado,

tem-se uma postura de descrédito total por parte dos familiares acerca da capacidade de

aprendizagem e desenvolvimento do aluno, e por outro, algumas famílias buscam

freneticamente que seu ente seja considerado normal, assim como os outros alunos, o que

segundo a profissional, gera frustação quando o aluno não consegue se desenvolver como os

demais, justamente, pelo fato de seus familiares não entenderem suas limitações.

Ainda sobre esse contato com a família, relataram que há uma orientação para que haja

uma aproximação das famílias com a escola, sendo essa relação também importante para a

identificação das necessidades dos alunos, como por exemplo, dificuldade de locomoção dessas

famílias para levarem os filhos até às escolas.

Ela também ressaltou que o principal problema percebido em relação à sala de recursos,

seria que o atendimento era realizado em contra turno, e que poderia dificultar a frequência

tanto dos jovens quanto das crianças, pelo fato de inúmeras vezes, já ter presenciado pais de

alunos que participavam do A.E.E, reclamando por ter que levar o filho à escola duas vezes por

dia, ou ter que busca-lo em horário diferenciado dos demais por ele frequentar a sala de

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recursos. Complementa sua fala ressaltando que muitos pais não estão preocupados com a

inclusão e que não percebem o filho como uma criança/jovem que precisa de atenção e

cuidados especiais, como por exemplo, ela sabe de casos de pais que ignoram a deficiência do

filho e que por isso, não o leva ao médico, estando a criança vulnerável e em risco de ter um

surto ou algo mais grave por não fazer acompanhamento médico.

Em relação à garantia de locomoção de forma segura e gratuita dos alunos da rede

pública da zona rural, as profissionais foram questionadas sobre a efetivação dessa oferta de

transporte e se ela atendia também alunos com deficiência das áreas rurais. Informaram que

quando o aluno tem dificuldade de locomoção da sua residência na zona rural para a escola na

zona urbana, os familiares poderiam levar essa demanda à unidade escolar e pedir para que

fosse feita uma solicitação de transporte para a unidade. Um laudo médico deveria estar

anexado junto à solicitação, não havendo prioridade de patologia, sendo também necessário

anexar comprovante de residência, e assim, todas as demandas solicitadas, quando

comprovadas as dificuldades, deveriam ser atendidas. Essa solicitação, em um primeiro

momento, iria para o Departamento Multiprofissional, pois a equipe teria que analisar a

necessidade, verificando também as condições do transporte que poderia atender a solicitação e

se este estaria adaptado para determinadas patologias. Após essa análise, a solicitação seria

encaminhada para o setor municipal responsável pela disponibilização do transporte.

Após o levantamento de todas as informações necessárias, foi marcada uma reunião no

mês de novembro de 2013 com os pais/responsáveis para a apresentação da rede escolar

municipal e o seu departamento que lida com a questão da inclusão. A apresentação foi iniciada

com a explicação sobre a EJA, seu público alvo e o significado de distorção idade-série e que na

época, a EJA só era disponibilizada em horário noturno, mas que havia um projeto da

coordenação da EJA municipal que previa a disponibilização dessa modalidade de ensino em

período diurno, sendo essa questão abordada junto às profissionais pelo fato de recorrendo

reclamação dos familiares acerca do horário da oferta dessa modalidade.

Também foi explicitado o significado da sigla A.E.E. e qual a sua função, sendo esse

atendimento também disponibilizado pela SMECE, através do Departamento

Multiprofissional. Foi prosseguido com a disponibilização dos serviços ofertados por esse

Departamento, no qual objetivava a efetiva participação e inclusão dos alunos com deficiência

na rede regular de ensino. Essa parte foi finalizada com a apresentação da relação das escolas

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municipais, que constava na lista entregue, explicando os procedimentos para pré-matrícula dos

alunos na rede municipal de ensino, inclusive, a necessidade do laudo médico.

Após explanação, os familiares participantes da pesquisa, informaram que encontravam

muitas dificuldades de acesso aos médicos especializados pela escassez desses profissionais na

rede pública de saúde e pela dificuldade de fechar o diagnóstico correto para que fosse possível

a confecção do laudo e que já tiveram pedido negado referente ao transporte da área rural para

escola na zona urbana, sem devidas explicações, o que ocasionou em abandono escolar por

parte do aluno.

Acerca da disponibilização de cursos de formação continuada para qualificação dos

professores que atuavam na rede municipal, principalmente na sala de recursos, os familiares

também discordaram narrando a dificuldade de aprendizagem como principal agravante para

que os filhos se mantivessem na escola. Relataram situações de descasos de professores do

âmbito educacional com seus entes com deficiência, sendo inclusive desestimulados por esses

profissionais, sob argumentação de que eles não tinham mais nada para aprender na escola,

ocasionando em abandono escolar. Nesses casos, para que seus entes não permanecessem

reclusos em ambiente domiciliar, as instituições filantrópicas voltadas para pessoas com

deficiência, eram procuradas, por serem mais “acolhedoras”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No início do presente trabalho, foram apresentados alguns avanços no que tange o

tratamento dado às pessoas com deficiências em diferentes períodos históricos. É nítida a

evolução do conceito e do tratamento da deficiência, não somente pela área da saúde, mas

também no âmbito escolar, que passa a perceber as pessoas que possuem deficiência, como

seres com possibilidades de aprendizagem, porém que necessitam de mais estímulos do que os

demais alunos, tendo, como consequência disto, a criação do Atendimento Educacional

Especializado.

Apesar desses avanços, foi possível perceber que na prática, nem sempre são efetivadas

ações cujas diretrizes são pautadas na educação que possui um caráter de inclusão, para além da

integração, no qual o aluno é apenas inserido na escola regular. Cabe ressaltar que o principal

ator, para a efetivação de uma educação inclusiva, é a família da criança/jovem que possui

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deficiência e a escola. A família que passa por profundas transformações principalmente nas

últimas décadas, não perde o seu papel de principal cuidador e estimulador da criança desde os

primeiros anos de vida desta, sendo cruciais os estímulos para o desenvolvimento social,

cultural e escolar. A escola por sua vez, assim como a família, também possui o papel de

socialização entre criança e deficiência com as demais e de transmissão de conhecimentos,

carecendo dos profissionais dessa área, constante aperfeiçoamento para que os conteúdos sejam

apreendidos pelos alunos com ou sem deficiência.

Foi demonstrado que a inclusão no âmbito educacional ainda não é efetivada em todas

as unidades escolares, como pôde ser visto nas falas dos familiares que participaram da

pesquisa. Uma das causas pode ser a falta do diálogo entre a família e escola, pois como foi

possível perceber, durante a explanação da experiência empírica realizada, por diversas vezes,

temos argumentos da família contra a escola e dos profissionais da educação contra a família.

Por um lado, a família culpa os profissionais da educação, especificamente na figura dos

professores, pelo fato deles não saberem lidar com um aluno com deficiência na classe regular.

Reclamam também da falta de uma estrutura física escolar adequada para o ensino. Pelo outro

lado, temos profissionais e dirigentes da área de educação que ressaltaram a nula ou baixa

participação da família dos processos de vivências escolares, através de reuniões com os pais,

ou até desleixo em relação aos cuidados médicos de seus membros que possuem deficiência, o

que impede que o aluno se matricule no Atendimento Educacional Especializado,

frequentando somente o ensino regular, porém sem conseguir avançar nos estudos.

Nesse contexto, pode-se afirmar que as narrativas dos profissionais da área da educação,

apontam para a família como um dificultador da efetividade dos estudos de seus entes com

deficiência. Apesar da afirmação que há uma orientação do Departamento Multiprofissional

para que houvesse maior articulação dos profissionais da escola com a família, não foi possível

perceber nas falas, uma ação efetiva que pudesse exemplificar essa relação, deixando claro por

diversas vezes, que à família, caberia à responsabilidade de providenciar atendimento médico

aos seus entes, sem que ao menos houvesse orientação e encaminhamento dos profissionais da

educação para os equipamentos de saúde disponibilizados pelo município.

Apesar de ser uma meta prevista no Plano Municipal de Educação, percebe-se que não

há articulação do âmbito educacional com o da saúde no que tange oferta de atendimento e

acompanhamento médico dos alunos da rede municipal com deficiência. Porém, a

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obrigatoriedade do laudo médico, que vem sendo um empecilho à efetivação da matrícula desse

público na rede regular e especial de ensino, se traduz em permanência do modelo médico de

deficiência, onde há ênfase na descrição apresentada no laudo médico que vai servir como porta

de entrada desses alunos na escola, desconsiderando as suas potencialidades educacionais,

independente da deficiência. Nesse sentido, o laudo médico acaba por configurar-se como um

instrumento que serve como respaldo para que profissionais do âmbito educacional possam

justificar possíveis baixos níveis de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos com

necessidades educacionais especiais, pois até a presente data da pesquisa, não foi possível

identificar a descrição da deficiência presente no laudo, como base para nortear ações a serem

desenvolvidas tanto na sala de recursos, como na sala regular. Portanto, a pesquisa a ser

desenvolvida durante o período de mestrado, buscará compreender a efetiva aplicabilidade que

o laudo médico possui para o direcionamento das ações e práticas pedagógicas desenvolvidas

no ambiente escolar.

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